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2014
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 2
Sumário
Sumário..........................................................................................................................................2
Introdução...................................................................................................................................4
Características Estáticas Ideais de Semicondutores de Potência................................................4
Diodo......................................................................................................................................5
SCR........................................................................................................................................5
BJT Bipolar Junction Transistor............................................................................................6
MOSFETS Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistors.........................................7
IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor................................................................................7
GTO – Gate Turn-off Thyristor..............................................................................................8
Combinação típica de Semicondutores..................................................................................9
Solução de Circuitos Com Semicondutores de Potência Idéias...............................................12
Exemplo 1.............................................................................................................................12
Exemplo2..............................................................................................................................14
Exemplo 3.............................................................................................................................18
Exemplo 4.............................................................................................................................23
Exemplo 5.............................................................................................................................32
Exemplo 6.............................................................................................................................40
Exemplo: Conversor Buck-Boost........................................................................................48
Valor Médio..............................................................................................................................68
Exemplo.: Calculo da tensão média de um retificador de meia onda..................................68
Valor Eficaz..............................................................................................................................69
Exemplo.: Calculo da corrente eficaz em um retificador de entrada meia-onda.................69
Distorção harmônica total........................................................................................................70
Exemplo: Calculo da THD para uma dada forma de onda...................................................71
Fator de Potência......................................................................................................................71
1.2.5. Fator de Deslocamento...................................................................................................72
Fator de Utilização...................................................................................................................72
Rendimento..............................................................................................................................72
Fator de Desequilíbrio..............................................................................................................73
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 3
Ondulação ou Ripple................................................................................................................74
Fator de Crista..........................................................................................................................75
Exercício...............................................................................................................................75
Características dos Semicondutores de Potência......................................................................77
Diodos..................................................................................................................................80
MOSFETS............................................................................................................................91
Transistor de Junção Bipolar - BJT......................................................................................99
Insulated Gate Bipolar Transistor (IGBT)..........................................................................103
Tiristores (SCR, GTO, MCT)............................................................................................112
EXEMPLO DE CÁLCULO DE PERDAS........................................................................128
Magnéticos.................................................................................................................................138
Conceitos Básicos...................................................................................................................138
Lei de Faraday....................................................................................................................139
Lei de Lenz.........................................................................................................................140
Lei de Ampère....................................................................................................................141
Materiais Magnéticos.........................................................................................................142
Circuitos Magnéticos..........................................................................................................153
Perdas em Dispositivos Magnéticos.......................................................................................162
Perdas no Ferro...................................................................................................................162
Perdas no Cobre..................................................................................................................165
Projeto de Indutores e Transformadores.................................................................................170
Projeto de Indutores............................................................................................................171
Projeto de Transformadores................................................................................................184
Exemplo - Indutor..................................................................................................................188
Projeto de Indutor - AeAw – Núcleo E-E..............................................................................189
Projeto de Indutor - Al – Núcleo Toroidal...........................................................................192
1.4.5. Referências..................................................................................................................198
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 4
Introdução
características importante nesse processamento. A diferença entre a energia que entra no sistema
e a que sai geralmente é transformada em calor. Mesmo que, o custo da energia desperdiçada
gere preocupação, a remoção dessa energia cria transtornos tanto durante o projeto quanto na
sua utilização. Atualmente conversores estáticos utilizados para transformar a energia elétrica de
uma forma para outra, apresentam eficiência entre 85% e 99% dependendo da aplicação da
faixa de potência. Essa eficiência elevada é obtida utilizando semicondutores de potência, que
apresentam uma queda de tensão próxima de zero quando em condução, e uma corrente
região de operação no plano tensão corrente ( plano v-i ) são apresentados a seguir:
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 5
Diodo
determinado pela tensão ou pela corrente do circuito onde ele esta conectado, e não por qualquer
ação que possamos tomar. O diodo entra em condução quando a tensão vak torna-se positiva. Ele
permanece em condução desde que a corrente iD, que é governada pelo circuito onde o diodo
estiver inserido, for positiva. Quando a corrente torna-se negativa o diodo bloqueia-se
iD
+
iD
A K vAK
_ _
+ 0 +
vAK
_
(a) (b)
SCR
controlado. No seu estado bloqueado, ele pode suportar tensões tanto positivas quanto
negativas. O SCR pode mudar de estado de condução com aplicação de um pulso de corrente na
porta (gate) quando a tensão vak for positiva. Uma vez em condução, ele continua em condução
mesmo que corrente de gate seja removida. Neste estado o SCR comporta-se como um diodo.
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Somente quando a corrente ia, que é governada pelo circuito externo, torna-se negativa é que o
A
iA iA On-state (Pulso em iG )
+ vAK
iG
vAK
G 0
_
K
(a) (b)
BJT ideal é mostrada na figure abaixo. O BJT pode conduzir corrente somente em uma direção,
e quando em estado bloqueado suporta somente tensões positivas, ou seja, ic>0 e vCE >0. Quando
uma corrente de base é aplicada a base o BJT, este passa a conduzir. Com a remoção da corrente
C iC
iB iC
+
vCE On
B _
+ Off vCE
vBE _ E 0
(a) (b)
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estática de um MOSFET ideal é mostrada na figura abaixo. O MOSFET pode conduzir corrente
somente em uma direção, e quando em estado bloqueado, suporta somente tensões positivas, ou
seja, id>0 e vDS>0. Quando uma tensão adequada é aplicada entre os termais da porta e fonte,
vGS, o MOSFET entra em condução. Com a remoção da tensão vGS o MOSFET volta ao estado
bloqueado.
iD D
iD
+
vDS On
G _
+ Off vDS
vGS _ S 0
(a) (b)
conduzir corrente somente em uma direção, e quando em estado bloqueado, geralmente somente
suporta somente tensões positivas, ou seja id>0 e vce>0. Os RB-IGBT, do inglês Reverse
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 8
Blocking, possuem a capacidade de bloquear tensões positivas e negativas mas inda não
atingiram maturidade no mercado. Quando uma tensão adequada é aplicada entre os termais
da porta e fonte, vge, o IGBT entra em condução. Com a remoção da tensão vge o IGBT volta ao
estado bloqueado.
iC C iC
On
+
G vCE Off vCE
+ _
0
vGE
_
E
(a) (b)
Figura 0.5 (a) Símbolo e (b) Característica ideal de um RB-IGBT.
iA
iA A
On
+ Off vAK
v
G _ AK 0
iG
K
(a) (b)
Figura 0.6 (a) Símbolo e (b) Característica ideal de um IGBT.
Tiristores em antiparalelo
i
+
i
+
v v
_
0 +
_
_
(a) (b)
Tiristores com diodo em Antiparalelo
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+
i
+
v v
_
0 +
_
_
(a) (b)
BJT com Diodo em Antiparalelo
i i
+
iB On
v Off v
0
_
(a) (b)
i i
+
On
v v
Off
_ 0
_ +
(a) (b)
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i i
+
On
Off v
v 0
(a) (b)
v Off v
0
_
(a) (b)
i +
i
On
v
Off v
0
_
(a) (b)
potência (interruptores), vamos agora, através de exemplos, investigar o impacto do uso desses
capacitores indutores.
Figura 0.7 Retificador de meia onda não controlado com carga resistiva
vak = 0 V
iD = v / R
vR = v
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vak = v
iD = 0
vR = 0
1... (b)
Figura 0.8 Retificador de meia onda não controlado com carga resistiva
Exemplo2
Tabela II
TABELA II
v= 311 sin(t)
R=10
=377 rad/s
vB= 100 V
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Figura 0.10 Retificador de meia onda não controlado com resistiva e fonte de
tensão
Etapa 1 . Duração 1 <t< 2: Em t=1 a tensão sobre o diodo, vak, torna-se
TABELA III
vak = 0 V
iD =(v-vB )/ R
vcarga =v
O ângulo 1 pode ser obtido a partir do instante que a tensão sobre o diodo
torna-se zero
dv
v = 311sin(t ) t = = vB = 100 V com >0
1
dt
logo
100
1 = a sin( ) = 19.47o
311
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 17
Por outro lado ângulos 2 pode ser obtido do instante que a corrente sobre o
311sin(t ) t = - vB diD
iD = 2
= 0 com <0
R dt
logo
100
1 = a sin( ) = 109.47 o
311
torna-se negativa, devido a v torna-se menor que vB, levando o diodo entrar em
etapa são:
TABELA III
vak = v-vB
iD =0
vcarga = vB
(a) (b)
Figura 0.11 Retificador de meia onda não controlado com carga resistiva e
fonte de tensão
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 18
Exemplo 3
onde , v = V sin(t )
diodo.
di
v = V sin(t ) = Ri + L
dt
V 1 � �R � 2
L - t �
R
i (t ) = �1 + � � sin( t - arctan( )) + e L �
L 2
�R �� �L � R �
1 + � �� �
�L �
1... (b)
Figura 0.14 Etapas de operação do retificador de meia onda não controlado
com carga RL . (a) Etapa 1 , (b) Etapa 2
O final dessa etapa ocorre em t= 1 quando a corrente torna-se zero. Logo
V 1 � �R � 2
L - t �
R
i (t ) = 0 = �1 + � � sin( t - arctan( )) + e L �
L 2
�R �� �L � R �
1+ � � � �
�L � t =1
� �R � 2
L R
- 1
�
0 = �1 + � �sin(1 - arctan( )) + e L �
� �L � R �
� �
seja
�R �
a=� �
�L �
logo
� 1 �
0 = �1 + ( a ) sin(1 - arctan( )) + e -a1 �
2
� a �
320
306
292
278
264
180
1 250
236
222
208
194
180
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
a
Figura 0.15 Ângulo que corresponde ao final da Etapa 1 em função
�R �
a=� �
do parâmetro �L �
Pode der observado que na medida que a carga torna-se mais indutiva a � 0
b.
do circuito
(a)
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 22
(b)
(b) Tensão na Carga / 10 , e corrente de carga. (c) Tensão sobre diodo vak /10
e corrente no diodo.
Exemplo 4
Figura 0.18 Topo: Tensão da Rede; Meio: Pulsos para gerar a corrente de
gate do Tiristor 1. Baixo: Pulsos para gerar a corrente de gate do Tiristor 2.
possivelmente essa hipótese poderá ser violada, vamos chamar desse modo de
di
v = V sin(t ) = L + Ri
dt
com
i (t ) t =a = 0
t �
= t - a .
O final dessa etapa pode ser obtido solucionando a equação acima para
t �= 1� ) = 0 , ou seja
com i(t �
1�
Figura 0.21 Final dadEtapa
� � 1, , emd � 0 do ângulo de disparo dos tiristores a,
função
R
d=
para o parâmetro L entre zero e infinito. Curva salientada d = 0.562
Note que se 1 for maior que 180º a hipótese inicial que a corrente no indutor
�
V
i (t ) = sin(t - f)
R + (L) 2
2
sendo
L
f = arctan( )
R
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1
0 < a < arctan( )
partir das equações que do Modo 2. Ou seja, sempre que d
10
9
8
7 Modo 1
6
dc k 5
4
3
2
Modo 2
1
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
180
a k
Exemplo 5
0 .27.
funcionamento do circuito.
=10 V, o MOSFET conduz e o diodo é bloqueado, uma vez que vin >0. O
1.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 35
ciclo de operação, o circuito possui mais uma etapa de operação onde nem o
na Figura 0 .29. Note que essa etapa dura até t = , que é o instante que a
di vin - vout
0=L + vout com i ( dT ) = dT
dt L
.
A solução da equação acima é:
vout
i (t ) = - (t - dT ) + i( dT ) válida para dT �t �
L
O instante que a corrente zera pode ser determinado a partir da equação acima
vout
0=- ( - dT ) + i( dT )
L
que resulta em
vin
= dT
vout .
Etapa 3: Duração < t < T. O circuito equivalente dessa etapa é mostrado na
Figura 0 .30. Nesta etapa as correntes no circuito são nulas. A tensão sobre o
entrada e saída.
Para assegurar que a corrente seja zero no início de cada ciclo, hipótese
inicial, a seguinte desigualdade deve ser satisfeita:
o resulta na seguinte equação para
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vin
dT �T ou
vout
v
d � out
vin
As principais formas de onda do circuito são apresentadas a seguir.
Figura 0.31 Formas de ondas do circuito da Figura 0 .26. Topo: vgs , Baixo: vak e
i.
T=10s.
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Figura 0.32 Formas de ondas do circuito da Figura 0 .26. Topo: vgs , Baixo: vds e
id do MOSFET.
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Figura 0.33 Formas de ondas do circuito da Figura 0 .26. Topo: vgs , Baixo: vds e
vout
d>
Finalmente a Figura 0 .33 mostra o circuito operanto com vin . Pode-se
observar que a corrente no indutor não é zero no início de cada período, e esta é
Exemplo 6
corrente nula. Aqui este conversor será utilizado para exemplificar a solução
condução do IGBT, no instante que a tensão gate–emissor vai para 10V, inicia a
Etapa 1: Duração 0 < t < 1. O circuito equivalente dessa etapa é mostrado
di
vin = L com i(0) = 0
dt
e
vc = 0
Etapa 2: Duração 1< t < 2. O circuito equivalente dessa etapa é mostrado
na Figura 0 .37 e as equações que governam a operação do circuito podem
ser obtidas aplicando a LKT no circuito equivalente, ou seja:
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 44
di
vin = L + vc com i (1 ) = I
dt
e
dvc
C =i-I válidas para 1 �t �2
dt
= t - 1
t� =i-I
e i�
di�
vin = L + vc (0) = 0
com i �
dt �
e
dvc
C = i� �2 - 1
válidas para 0 �t �
dt �
V
(t ) =
i�� sin(t �
) onde
L
1
=
LC
logo
V
i(t ) = sin((t - 1 )) + I para 1 >t > 2
L para
Esta etapa dura até o instante que a corrente no indutor, depois de se tornar
V
0= sin((2 - 1 )) + I
L
1 -LI
2 = (2 + arcsin( )) +1
V
A tensão do capacitor para esta etapa pode ser obtida a partir da integração da
vc (t ) = vin (1 - cos((t - 1 ))
.
Etapa 3: Duração 2< t < 3. Nesta a corrente de carga descarrega o capacitor
I
vc (t ) = - (t - 2 ) + vc ( 2 ) para 2 �t �3
C
Esta etapa termina em t=3 quando a tensão no capacitor passa por zero e
Etapa 4: Duração 3< t < T. Nesta etapa a tensão sobre o capacitor e a corrente
no indutor são nulas. Esta etapa dura até o intante que a tensão gate-emissor do
IGBT for novamente para nível alto, 10 V, caracterizando assim, o início de uma
Quanto a duração do pulso de tensão entre gate e emissor do IGBT, Ton, este
deve ser tal que garanta que no momento do bloqueio do IGBT a corrente esteja
onde o ângulo resultante da “função arcsin deve estar no quarto quadrante com
corrente de saída e a mínima tensão da fonte. Assim a duração Ton deve ser
6.5
6.15
5.8
5.45
5.1
2 k
4.75
13 k
4.4
4.05
3.7
3.35
3
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
ak
LI
a=
Figura 0.40 .Variação dos 3 e 2 em de vin
Conversor Buck
v0 ≤ vi
v0
=D→ em CCM
vi
Conversor Boost
v0 ≥ vi
v0 1
= → emCCM
v i 1−D
Conversor Buck-boost
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Características:
Permitem que a tensão de saída seja maior ou menor que a tensão de entrada,
dependendo da razão cíclica D.
Pode operar tanto em modo de condução contínua (CCM) como em modo de condução
descontínua (DCM).
Com i L ( 0 )=0 A .
A tensão no indutor é:
d i L (t)
v L ( t )=v i =L∙
dt
Assim a corrente no indutor é:
t
1 vi
i L ( t )= ∙∫ v L dt = ∙t
L 0 L
A corrente máxima ocorre em t=DT s
v i ∙ DT
iL ( t )= →a corrente cresce linearmente
L
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−v 0 v ∙ DT
iL ( t )= ( t−DT ) + i
L L
−v 0 v ∙ DT
iL ( t )= ( D1 ∙T ) + i
L L
A corrente no indutor decresce linearmente até zero e a energia se transfere para a carga.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 52
2
v 0 ∙(1−D min ) ∙ T
Í 0 B=
2∙ Lmin
A resistência normalizada é:
T 1
R LB ∙ =
2 Lmin (1−D min )2
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 56
v i ∙ DT
iL =
max
L
Da equação que descreve a descarga do indutor:
v 0 ∙ D1 ∙ T
iL − =0
max
L
v i ∙ D ∙T v 0 ∙ D1 ∙ T
− =0
L L
v i ∙ D−v 0 ∙ D 1=0
vi ∙ D
D 1=
v0
2 2
v D ∙T
Í 0= i
2∙L ∙I0
v 0 v i ∙ D2 ∙ T
=
vi 2 L ∙ Í 0
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 57
A tensão de saída não depende somente da razão cíclica, mas também do valor do indutor, da
tensão de entrada e da corrente de saída.
Com i L ( 0 ) ≠ 0 A .
Nesta etapa, a tensão sobre o indutor é:
d i L (t)
v L ( t )=v i =L∙
dt
A tensão no diodo é:
v d =−(v i+ v 0 )
→ A corrente possui uma valor médio DC e uma parcela que varia em função da razão cíclica,
das tensões de entrada e de saída do indutor.
−v 0 v ∙ DT
iL ( t )= ( t−DT ) + i +i L (0)
L L
−v 0 v ∙ DT
iL ( t )= ( D1 ∙T ) + i +i L (0)
L L
→No final desse período, a corrente do indutor não se extingue, mas fica com um valor
i L ( t )=i L ( 0 ) (em regime permanente).
Assim:
−¿
+¿=A ¿
A¿
D∙ T ∙ v i =(1−D) T ∙ v 0
i L ( t )=I L + I L (t )
ripple
Como o Í L ( t )=0
ripple
e a corrente média no indutor é a soma das correntes médias de
entrada e saída,
I L =I i + I 0
como as potências de entrada e saída são iguais.
v0
v i I i =v 0 I 0 , onde I 0=
R
Conclusões:
O conversor Buck-boost pode elevar ou baixar a tensão de saída;
Em modo de condução contínua (CCM), a tensão de saída depende somente do fator:
v0 D
=
v i 1−D
e independe da carga;
Se a carga for reduzida tal que o conversor opere em modo de condução descontínua
(DCM), a relação D/1−D não é mais válida. Se a razão cíclica for mantida
constante, a tensão de saída pode atingir altos valores.
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Exercício:
Seja um conversor Buck-Boost, operando em regime permanente, cujos parâmetros são:
L=50μH, Vi=12V, D=0.6, P0=36W, e fs=200KHz. Os elementos são assumidos ideais.
Solução:
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 63
v 20
P0=
R0
182
R0=
36
R0=9 Ω
A corrente média na carga é:
v 0 18
I 0= =
R0 9
I 0=2 A
A corrente média no indutor é a soma das correntes médias da fonte e do diodo.
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A média da parcela com ripple é nula em um período T. A corrente média do indutor é a soma
das correntes médias da entrada e da carga.
I L =I i + I 0
Como as potências de entrada e saída são iguais
v0
v i ∙ I i=v 0 ∙ I 0 , onde I 0=
R
Assim:
v0 v0 v0 D v
I L= ∙ + =
v i R R 1−D (
+1 ∙ 0
R )
1
I L= ∙I
1−D 0
0.72
i L ( t )=5+ =5.36 A
max
2
0.72
i L ( t )=5− =4.64 A
min
2
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c) Calcular o valor crítico de carga P 0 quando a corrente média no indutor atingir a metade do
valor de ∆ I L max
, o conversor buck-boost entra em CCM. Sabe-se que P0=V 0 ∙ I 0 .
∆IL v ∙ D ∙T
I L= = i
max
2 2∙ L
v 20 182
R0= =
P0 2.592
R0=125 Ω → Limite CCM/DCM
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d) Lmin para que o conversor entre em DCM com potência nominal de 5W (existem 3 formas,
D, L, P0).
2
18
R0= =64.8 Ω
5
(1−D) v 0 ∙ v i ∙ D ∙T
P0=
2∙ Lmin
(1−0.6)∙18 ∙ 12∙ 0.6
Lmin =
2 ∙5 ∙ 200 ∙103
Lmin =25.92 μH
e) 9 V ≤ v i ≤ 15V
Para cada entrada a tensão de saída deve ser de:
v 0 =18V
Para isso deve-se ajustar a razão cíclica D.
Calcular o valor de Lmin que manterá o conversor em CCM para P 0=5W mesmo que
v i varie. Lmin é um critério de projeto.
Para v i =9 V :
min
v0 D
=
vi
min
1−D
v 0 ( 1−D ) =v i ⋅ D min
v 0 =(v 0+ v i ) ⋅ D min
v
(¿ ¿ 0+ vi ) min
v
D= 0
¿
18
D=
(18+ 9)
D=0.6667 → 240 °
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Para v i =15 V
max
18
D=
(18+ 15)
D=0.5454 → 196.36 °
A indutância mínima deve ser calculada para todos os casos, pois quando D diminui, vi
aumenta.
(1−D) v 0 ∙ v i ∙ D∙ T
Lmin =
2 ∙ P0
(1−D) v 20 ⋅ D ⋅T v i (1−D) v 20 ⋅ D ⋅T (1−D)
Lmin = ⋅ = ⋅
2⋅ P0 v0 2 ⋅ P0 D
2 2
(1−D) ⋅ v 0 ⋅T
Lmin =
2⋅ P 0
Para v i=9 V
(1−2/3)2 ⋅18 2
Lmin =
2⋅5 ⋅200 ⋅103
Lmin =18 μH
Para v i=15 V
18 2
(1− ) ⋅182
18+15
Lmin =
2 ⋅5 ⋅200 ⋅103
Lmin =33.471 μH
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 69
Dada uma função periódica f(t)=f(t+T), onde T é o período em que a função se repete,
(constante), tem-se que seu valor médio é dado por:
t +T
1
f avg =
T �f (t )dt
t 101\* MERGEFORMAT (.)
Para formas de onda senoidais, favg = 0.
Dado o retificador meia onda do Exemplo 1 da Seção 1.1.5, determine o valor médio da
tensão de saída:
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 70
Figura 0.41
Resolução:
t +T 2
1 1
voavg =
T �
t
f (t )dt =
2 �
0
vo (t ) d t
2
1 � �
voavg = �
�
2 �
0
220 2 sin( t ) d t + �
0 d t �
�
311 �
� 311
voavg = - cos ( t ) = ( 1 + 1)
2 �� 0 � 2
�
voavg = 99V
Valor Eficaz
Dada uma função periódica f(t)=f(t+T), onde T é o período em que a função se repete,
(constante), tem-se que seu valor eficaz é dado por:
t +T
1
= �f (t )dt
2
f rms
T t 202\* MERGEFORMAT (.)
fp
f rms =
Para formas de onda senoidais, 2 , onde fp é o valor de pico da senóide.
Para o produto de duas funções vrms e irms, prms = vrms irms
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 71
onda
Dado o retificador meia onda do Exemplo 1 da Seção 1.1.5, determine o valor médio da
tensão de saída:
� I , 0 �t <
i (t ) = �
� 0 , �t < 2
Figura 0.42
Resolução:
t +T 2
1 1 2
= � f (t )dt =
2 �
i (t )d t
2
f rms
T t 0
3
1 � 2 �
f rms = �
�
2 �
0
I d t + �
0 d t �
�
1 2 1 2
f rms = I t = I ( - 0)
2 0 2
I
f rms =
2
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 72
c+2 L
1 �k x �
bk =
L �f ( x)sin �
c �L
�dx,
�
k = 1, 2,...
�a �
fk = arctan � k �
ck = ak + bk 2 2
�bk �.
e
A distorção harmônica desta função pode ser escrita por:
�1 � �
THD f ( % ) = � �c 2
100%
�
�c1 k
�
� k =2 � 606\* MERGEFORMAT (.)
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 73
�1 � �
THDV ( % ) = � � V 2
k �100%
�V1 �
� k =2 � 707\* MERGEFORMAT (.)
�1 � �
THDI ( % ) = � � I 2
100
k �
�I1 �
� k =2 � 808\* MERGEFORMAT (.)
Figura 0.43
Resolução:
c1 = 4
�
�
c3 = 4 / 3
�
f ( x) � � �1 �4 �
�1 � �4 � �4 ��
� 2 2 2
c5 = 4 / 5 THD f ( % ) = �
�
� �c1 � ck
2
100%
�
�
= �
�4 �
�
� � � � ��
+ +
3 � �5 � �7 ��
100%
c7 = 4 / 7
� � k =2 � � �
THD f ( % ) = 41, 41%
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 74
Fator de Potência
O fator de potência entre duas função periódicas de mesmo período v(t)=v(t+T) e
i(t)=i(t+T) é definido como a razão entre a potência ativa, dada em W, e a potência aparente,
dada em VA, ou seja
P
FP =
S 10010\* MERGEFORMAT (.)
onde P é a potência ativa, S é a potência parente.
Alternativamente, o fator de potência pode ser calculado com a combinação do fator de
deslocamento e da distorção harmônica total, ou seja,
1
FP = DF
1 + THD 2 11011\* MERGEFORMAT (.)
onde
θ1 e φ1 são os ângulos de deslocamento da tensão e da corrente com relação a um dado
ângulo de referência. Essa medida é realizada no lado CA de um conversor e é freqüentemente
confundida com o fator de potência, pois esta se confunde com o fator de potência para funções
senoidais.
Fator de Utilização
É uma medida comumente empregada em transformadores para se obter o índice de
utilização do mesmo. É dado por:
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 75
t +T
1
pavg T �v(t )i(t )dt
TUF = = t
Rendimento
É uma figura de mérito que nos permite comparar a eficiência de conversores estáticos
na conversão de energia elétrica de uma forma para outra. Sua relação é dada por:
pout
h=
pin 14014\* MERGEFORMAT (.)
onde Pin é a potência ativa de entrada e Pout e potência ativa de saída do conversor,
respectivamente. Caso a potência ativa seja periódica com período T, então
1 T
Pin = ∫ p (t )dt
T 0 in
onde
Fator de Desequilíbrio
O fator de desequilíbrio de corrente (ou tensão) pode ser definido, como o máximo desvio
da média das correntes (ou tensões) trifásicas, divididos pela média das tensões ou correntes das
três fases, expressadas em percentual, conforme mostra a seguir:
�i frms - iavg �
Desq ( % ) = � max
�100%
� iavg �
� � 15015\* MERGEFORMAT
(.)
Desequilíbrios de corrente (ou tensão) podem também ser definidos fazendo-se usando
da teoria de componentes simétricos, onde a taxa entre componente de seqüências negativas ou
zero em relação a componente da seqüência positiva pode ser especificada como percentual de
desequilíbrio, conforme mostrado a seguir:
�componente de seq. negativa �
Deseq _N ( % ) = � 100%
�
�componente de seq. positiva � 16016\*
MERGEFORMAT (.)
� componente de seq. zero �
Deseq _0 ( % ) = � 100%
�
�componente de seq. positiva � 17017\*
MERGEFORMAT (.)
É comum a existência de desequilíbrios de percentuais entre 0 e 2% nas tensões da rede.
Desequilíbrios de tensão maiores que 5 % são considerados como desequilíbrios severos.
Um exemplo de desequilíbrio é mostrado na figura a seguir, onde considerou-se que em
um sistema trifásico a tensão nominal rms seja de 127 V por cada fase, porém a fase b apresenta
amplitude de tensão rms de 125 V, logo o desequilíbrio percentual é de 2 %.
200
va(t) vb(t) vc(t)
100
Tensão (V)
-100
-200
0 3,3 6,6 10 13,3 16,6
Tempo (ms)
Figura 0.44. Desequilíbrio de tensão em um sistema trifásico.
Ondulação ou Ripple
Fator de Crista
É definido como a razão de corrente (ou tensão) máxima ou de pico pela corrente (ou
tensão) eficaz de um dado circuito, como é apresentado na seguinte equação:
Vp
CF =
Vrms 20020\* MERGEFORMAT (.)
Para uma dada senóide a relação entre o valor de pico e rms deve ser 2 . O fator de
�2�
CCF ( % ) = � 100%
�CF �
�
� � 21021\* MERGEFORMAT (.)
A potência corrigida se calcula mediante o produto do fator de correção de capacidade
pela potência nominal do equipamento por:
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 78
kVAcorrig = kVAnomCCF
22022\* MERGEFORMAT (.)
Por exemplo uma carga não linear cujo valor de pico de corrente de fase seja I f= 10 A, e
o valor eficaz desta corrente seja Irms=6,5 A, tem-se que o CF=1,53 e CCF=92,16%. Um
transformador cuja potência nominal é de 10 kVA, considerado pelo fabricante para alimentação
de cargas lineares, só poderia operar com uma potência de 9,216 kVA, devido aos harmônicos
presentes na carga.
Exercício
Figura 0.45
Figura 0.46
Considerar que:
i) corrente na carga em regime permanente, mostrada em detalhe, seja aproximada por uma
constante;
frequência de operação.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 80
O maior desafio no projeto de semicondutores de potência é obter altas tensões de bloqueio com
baixas quedas diretas quanto em condução. Outro desafio é que aqueles dispositivos
semicondutores que apresentam altas tensões de bloqueio com baixas quedas diretas resultam
tempos de comutação significativos. A tensão máxima de bloqueio de uma junção p-n e a sua
região de depleção são uma função do grau de dopagem. Para obter altas tensões de bloqueio é
necessário reduzir a dopagem, e assim aumentar a resistividade. Por outro lado, essa região de
alta resistividade contribui significativamente para resistência de condução do diapositivo.
Assim dispositivos de alta tensão apresentam maiores resistências de condução do que
dispositivos de baixa tensão. Em dispositivos de portadores majoritários, por exemplo, os
MOSFETS e os diodos Schottky, esse efeito é responsável pela dependência da queda direta ou
sua resistência de condução com a tensão máxima de bloqueio. Por outro lado, e dispositivos de
portadores minoritários, diodo de difusão, BJT , IGBT, SCR,GTO e MCT outro fenômeno
chamado de modulação de condutividade ocorre. Quando um dispositivo de portadores
minoritários encontra-se em condução portadores minoritários são injetados na região de baixa
dopagem através da junção que está diretamente polarizada. A elevada concentração de
portadores minoritários na região de alta resistividade reduz a resistência aparente da junção p-n
durante a condução. Devido a esse fenômeno os dispositivos de portadores minoritários
apresentam uma menor resistência se comprado com os dispositivos de portadores majoritários.
Deve ser salientado, que a vantagem dos dispositivos de portadores minoritários de reduzir a
resistência de condução traz junto a desvantagem de aumentar os tempos de comutação. O
estado de condução de qualquer semicondutor é controlado pela presença ou ausência de
algumas cargas dentro do dispositivo, e os tempos de entrada em condução e bloqueio são uma
função do tempo necessário para colocar ou remover essas cargas. A quantidade total de cargas
que controlam o estado de condução de dispositivos de portadores minoritários é muito maior
que as cargas necessárias para controlar um dispositivo equivalente de portadores majoritários.
Apesar dos mecanismos de inserção e remoção das cargas de controle dos diferentes
dispositivos, (BJT, IGBT, MOSFET, DIODO, etc.) serem diferentes, é verdade que, devido à
maior quantidade de carga dos dispositivos de portadores minoritários, esses apresentam tempos
de comutação significativamente maiores que os dispositivos de portadores majoritários. Com
uma consequência dispositivos de portadores majoritários são usualmente utilizados em
aplicações de baixas tensões e alta frequência, dispositivos de portadores minoritários em altas
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 82
Diodos
Características Principais
É um dispositivo não-controlado (comuta somente espontaneamente);
Não são facilmente operados em paralelo, devido aos seus coeficientes térmicos de
condução serem negativos. Ou seja, quanto maior temperatura menor a queda direta.
Pode conduzir reversamente durante um tempo trr, que é especificado pelo fabricante.
Observa-se que existe uma tensão máxima reversa de bloqueio Vrated, a partir da qual o diodo
seja, quando outro dispositivo desvia de maneira muito rápida a sua corrente, aparecem
reversa (trr) e a carga armazenada na junção (Qrr) estão relacionadas diretamente com as perdas
As perdas em diodos podem ser obtidas, de forma aproximada, com base na figura do
onde f é a frequência de comutação do diodo, em Hz, e IF, VF, IR, VR, tb, VR, IREC, Erec são obtidos
do data-sheet do fabricante.
diodes ou standard recovery diodes. São os diodos que foram desenvolvidos para operar em
baixas frequências, geralmente menor que 1kHz. Os diodos de uso geral possuem baixa queda
em condução, desta forma estes diodos estão aptos para operar até vários kV de tensão e kA de
micro-segundos), estes dispositivos não são indicados para operarem em altas frequências.
Diodos rápidos possuem tempos de recuperação trr da ordem de, no máximo, poucos
evido à sua elevada derivada e ao fato de, neste momento, o diodo já estar desligado, é
uma fonte importante de sobretensões produzidas por indutâncias parasitas associadas aos
componentes por onde circula tal corrente. A fim de minimizar este fenômeno foram
Os diodos rápidos são dispositivos projetados para o uso em aplicações envolvendo alta
frequência, onde um pequeno tempo de recuperação é necessário. Em elevados níveis de
potência, os diodos rápidos possuem trr de poucos microssegundos ou até ns, além disso, esta
classe de diodo possui baixa queda em condução direta.
Diodos ultrarrápidos resultam de aprimoramentos nos diodos rápidos. São semelhantes aos
diodos rápidos em termos de queda em condução, porém possuem menor tempo de recuperação.
Como recuperação ocorre de forma suave, é possível reduzir ou mesmo eliminar o uso de
snubbers na maioria das aplicações. Sendo um dispositivo de portadores minoritários, sua queda
em condução é pequena, de tal forma que pode ser aplicado em altas tensões de bloqueio. É
muito empregado em fontes chaveadas de alta frequência de alta eficiência, nos quais se
comutações:
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 87
Diodo Schottky
Diodos Schottky de silício são formados através de uma junção metal semicondutor
resultando na condução por portadores majoritários. Diodos Schottky são usados quando é
necessária uma queda de condução direta pequena em circuitos com baixa tensão de saída e
devido a condução por portadores majoritários não há cargas para recuperar durante a transição
de condução para bloqueio resultando em baixos tempos de comutação, podendo assim ser
operado em altas frequências, tipicamente de 200 kHz a 2 MHz, sem comprometer as perdas por
comutação.
Diodos Schottky de baixa tensão, menor que 100V, possuem queda de tensão em
condução muito baixa, tipicamente de 0,3V. Como desvantagens pode-se citar que as correntes
de fuga reversas dos diodos Schottky de silício são altas se comparáveis aos diodos por junção
PN. Note que, diferentemente dos diodos convencionais (mostrado em uma figura anterior),
assim que a corrente se inverte a tensão começa a crescer, o que indica que esse dispositivo não
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 88
possui portadores minoritários. No passado as aplicações dos diodos do tipo Schottky eram
principalmente em fontes de baixa tensão, nas quais as quedas sobre os retificadores são
significativas. Em resumo, as duas características do diodo Schottky que fazem ele forte
chaveadas é a sua queda direta baixa e ausência de recuperação reversa devido a portadores
perdas de comutação. Talvez não menos importante, são as oscilações de tensão quando do
bloqueio que são menores se comparadas com aquelas dos diodos de junção PN, fazendo com
queda de tensão menor dos diodos Schottky, se comparadas com as dos diodos de Junção PN,
diode ou SiC, começaram as ser disponibilizado no mercado com tensões de bloqueio de 300 V
1700V com corrente de fuga bem inferiores que diodos Schottky de silício e possibilitando
Isto faz os diodos Schottky de SiC forte candidatos para aplicações como frontes ininterruptas
baixa tensão.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 89
Fonte: www.ixys.com/l499.pdf
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 92
Fonte:
Diodo
Schottky
de
Carbeto
de Silício.
(www.cree.c
om)
Aplicações
A tabela a seguir mostra uma comparação das tecnologias de diodos apresentadas.
Observa-se uma grande diferença entre as características dos diodos, principalmente em relação
são muito mais caros, e só devem ser considerados em projeto quando estritamente necessários.
600 2x
Obs.: Os componentes exemplos são todos da International Rectifier (www.irf.com) e (www.cree.com)
MOSFETS
A corrente flui verticalmente através de “silicon wafer”. A conexão do dreno metalizada é feita
na parte de baixo do CI, enquanto a metalização da fonte é o da porta (Gate) é na parte superior.
Em condições normais de operação, com vds0 ambos a junção p_n e p_n- são polarizados
reversamente. Na Figura 2 a tensão dreno para fonte aparece através da região de depleção na
junção p_n-. A região n- é fracamente dopada, com uma espessura tal que a tensão desejada de
bloqueio máxima é alcançada.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 95
A Figura 3 abaixo ilustra a operação no estado de condução, com uma tensão de gate-
source suficientemente grande. Um canal se forma no substrato da região do tipo p abaixo do
gate.
canal +
A corrente de dreno circula através do canal n-, pela região n, e sai pelo contato do
source.
A resistência Ron que caracteriza o MOSFET em condução é a soma da resistência da
região n-, do canal, e dos contatos de dreno e source. Na medida em que a tensão de bloqueio
do MOSFET aumenta a resistência RON do canal n- se torna dominante. Como não existem
portadores minoritários para causar a “modulação de condutividade” a resistência Ron aumenta
significativamente na medida em que a tensão de bloqueio atinge algumas centenas de volts.
A junção p_n- é chamada de “body diode”, essa junção forma um diodo em paralelo com
o MOSFET. Esse diodo é polarizado diretamente quando a tensão vds se torna negativa. Esse
diodo é capaz de conduzir a corrente nominal do MOSFET. Entretanto geralmente o MOSFET
não é otimizado com relação os tempos de recuperação desse diodo. As grandes correntes que
fluem durante a recuperação do diodo podem causar danos no componente. Deve ser ressaltado
que alguns fabricantes produzem MOSFET com “Body diode” com baixos tempos de
recuperação.
A característica estática típica de um MOSFET é mostrada abaixo.
Quando a tensão vgs é menor que uma tensão de threshold Vth, o dispositivo opera no
estado bloqueado. Um valor típico de Vth é 3V. Quando a tensão vgs é maior que 6 a 7 volts o
dispositivo opera no estado de condução. Valores típicos da tensão de gate são 12 a 15 V para
minimizar as perdas de condução.
Em condução a tensão do MOSFET, vds é proporcional a corrente de dreno. O MOSFET
é capaz de conduzir corrente de pico que excedem o valor médio da corrente e a natureza da
característica estática é modificada em altos níveis de corrente.
MOSFET de potência que operam com tensão gate-source de 5V também são
disponíveis. Alguns MOSFET de potência do tipo P também são disponíveis, mas eles são
pouco usados devido a sua performance inferior se comparados com os do tipo N.
A resistência de condução Ron e a queda de tensão de condução possuem coeficientes de
temperatura positivos. Devido a essa propriedade é relativamente fácil colocar dispositivos
MOSFET em paralelo.Os MOSFETs de alta corrente são dispositivos disponíveis contendo
vários CI’s conectados em paralelo.
As principais capacitâncias do MOSFET são ilustradas na Figura 5 abaixo. Esse modelo
é suficiente para um estudo qualitativo do comportamento como interruptor.
Assim como nos diodos os transistores MOSFET de Carbeto de Silício também apresentam
características promissoras
http://rohmfs.rohm.com/en/products/databook/datasheet/discrete/sic/power_module/bsm180d12
p2c101.pdf
Microsemi Corp. has introduced a family of SiC MOSFETs. The 1,200-V APT40SM120B (80 mΩ, 40
A), APT40SM120J (80 mΩ, 40 A), APT50SM120B (50 mΩ, 50 A), and APT50SM120J (50 mΩ, 50
A) SiC MOSFETs have been made available in TO-247 and SOT-227 packages.
n- ,que normalmente apresenta uma resistividade elevada, reduza a sua baixa resistência devido
ao efeito modulação de condutividade “condutivity modulation”. Entre a região de bloqueio e
condução existe a região ativa, onde a junção p-n é diretamente polarizada e a junção pn- é
reversamente polarizada.
Quando o BJT opera na região ativa, a corrente de coletor é proporcional aos portadores
minoritários na base, a qual é proporcional (em equilíbrio) a corrente de base. Existe uma quarta
região conhecida como quase-saturação, ocorrendo entre a região ativa e de saturação.
O transistor opera bloqueado no intervalo 1 com a junção base emissor reversamente polarizada
. A entrada em condução inicia no intervalo 2, quando a tensão da fonte comuta para um valor
positivo, ou seja vs(t)=Vs2. Uma corrente positiva é suprida pela fonte vs para a base do BJT. Essa
corrente primeiro carrega as capacitâncias associadas a região de depleção das junções pn e pn-
que estão reversamente polarizadas. No final do intervalo 2 a tensão base-emissor excede zero
suficientemente para a junção base-emissor se tornar diretamente polarizada. A duração do
intervalo 2 é chamado de “turn-on delay time”. Durante o intervalo 3 os portadores minoritários
são injetados através da junção base-emissor do emissor para a região da base. A corrente de
coletor é proporcional a carga na região base. Então durante o intervalo 3 a corrente de coletor
aumenta. Uma vez que o transistor esta acionando uma carga resistiva, a tensão de coletor
decresce nesse intervalo. Isso reduz a tensão através da junção base-coletor e também reduz a
região de depleção. Aumentando Ib1 (pela redução RB ou incrementando Vs2) é possível aumentar
ambos as variações de portadores minoritários da base e a carga da capacitância da região de
depleção. Assim, aumentando Ib1 é possível reduzir os tempos de entrada em condução. Próximo
do fim do intervalo 3, a junção pn- se torna diretamente polarizada. Os portadores minoritários
são então injetados na região n-, reduzindo efetivamente a resistividade. Dependendo da
geometria e da magnitude da corrente de base, a tensão de “calda” pode ser observada na
medida em que a resistência aparente da região n- é reduzida pelo efeito de modulação da
condutividade. O BJT atinge o equilíbrio no começo do intervalo 5, com “resistência ON”
baixa, e com uma substancial quantidade de portadores minoritários nas regiões n- e p. Nesse
intervalo as cargas minoritárias excedem a quantidade necessária para suportar a condução na
região ativa da corrente de coletor.
O bloqueio é iniciado no intervalo 6, quando a tensão da fonte retorna para –Vs1. A
tensão base-emissor permanece diretamente polarizada uma vez que os portadores minoritários
estão na sua vizinhança. A corrente de coletor circulará enquanto existir portadores minoritários
em excesso para suportar a condução na região ativa. A corrente de base –I b2. negativa remove
os portadores minoritários armazenados na junção. Esse intervalo termina quando o excesso de
portadores minoritários são removidos. A duração desse intervalo é chamado de tempo de
estocagem ou “Storage Time”. Durante o intervalo 7 o BJT opera na região ativa. A corrente de
coletor é proporcional a carga armazenada. A recombinação e a corrente de base negativa
continuam a reduzir os portadores minoritários da base, e a corrente de coletor diminui. No final
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 104
A corrente acima é uma corrente de base ideal. A corrente I b1 é alta, tal que a carga é inserida
rapidamente na base, e assim há uma redução dos tempos de entrada em condução. Existe um
compromisso existe entre a amplitude corrente de equilíbrio de condução IBon e Storage Time. A
fim de que a queda de condução seja pequena IBon deve ser grande mas assim há um aumento
excessivamente o excesso de portadores minoritários o que aumenta tempo de estocagem.
A corrente Ib2 é grande em magnitude tal que as cargas armazenadas possam ser
removidas rapidamente e os tempos de estocagem e desligamento sejam minimizados. Ainda,
os valores de Ib1 e Ib2 devem ser limitados para evitar falha no componente.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 105
coletor
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 107
Vamos considerar que a tensão vce é positiva e a tensão entre gate de emissor é nula, assim não
circula corrente do emissor para o coletor (desprezando-se a corrente de fuga). Quando a tensão
entre gate e emissor é feita positiva, elétrons são atraídos para a região abaixo do oxido silício
(isolante) até o momento que ocorre a inversão a polaridade de p para n deste região. Esta
inversão estabelece um canal um n da camada n+ para a n-. Os elétrons injetados a partir do
emissor pela camada n+ para n- baixam o potencial desta região e polarizam diretamente a
junção p+ n- do lado do coletor. Assim buracos são injetados na camada n- reduzindo a
resistência aparente desta camada ( conductivity modulation ) e como consequência queda direta
do IGBT em condução. Está é a razão que faz com que os IGBTs possuam quedas diretas
menores que os MOSFETs.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 108
O preço pago por reduzir a tensão do IGBT é o aumento dos tempos de comutação,
especialmente os tempos de desligamentos. O IGBT no desligamento apresenta uma corrente de
calda “current tailing”.
O MOSFET pode ser desligado rapidamente, removendo as cargas do gate. Isto faz com
que a corrente i1 vá para zero.
Entretanto a corrente i2 continua a circular até que os portadores minoritários presentes
na região n- sejam removidos. Uma vez que não existe maneira de remover esses portadores,
eles decaem lentamente por recombinação. Então i2 decai com a recombinação dos portadores
minoritários o que resulta em uma corrente de calda pode ser observada. A duração da corrente
de calda pode ser reduzida pela introdução de centros de recombinação na região n- com o preço
pago de aumentar a resistência ON. O ganho de corrente pnp pode também ser minimizado
causando i1 ser maior que i2. Mesmo assim os tempos de comutação do IGBT são
significativamente maiores que os dos MOSFET, com tempos de bloqueio da ordem de 0,5 s a
5 s. Hoje as frequências típicas de conversores com IGBT são de 1 a 30 kHz. A remoção de
cargas armazenadas pode ser melhorada pela adição de uma camada n+, Buffer layer na Figura
14, que atua como uma fonte para o excesso de buracos, portadores minoritários. Esta camada
n+ possui um tempo de vida dos portadores em excesso muito menor o que resulta maior taxa
de recombinação. Assim, o resultante gradiente da densidade de buracos na região de difusão
causa uma maior fluxo de buracos na direção da camada n+ , e como consequência uma redução
no tempo de remoção dos buracos e da corrente de calda do IGBT. Os IGBTs com esta camada
n+ são denominados de Punch-Through, PT-IGBT, enquanto os sem esta camada n+ de Non
Punch-Through ,NPT- IGBT como ilustrado na Fig. 14 e 15.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 109
Figura 14. (a) Non Punch Through (NPT) IGBT (b) Punch Through (PT) IGBT
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 110
Figura 15. (a) Non Punch Through (NPT) IGBT (b) Punch Through (PT) IGBT
Finalmente, em condução o IGBT pode ser modelado por um circuito com mostrado na
Fig.4, onde os valores de R e V são obtidos a partir do catalogo do fabricante, veja Fig. 13
abaixo.
O SCR pode entrar em condução quando a tensão aplica vAK for positiva. Uma corrente
de gate positiva iG faz com que o transistor Q1 entre em condução, isso supre corrente para o
transistor Q2 que entre em condução. A conexão da base e do coletor dos transistores Q1 e Q2
constituem um laço de realimentação positiva. Desde que o produto dos ganhos dos dois
transistores seja maior que um, 1, então, a corrente dos transistores irá aumentar
regenerativamente. Em condução, a corrente do anodo é limitada pelo circuito externo e ambos
os transistores operam saturados. Portadores minoritários são injetados nas quatro regiões, e
como resultado do efeito da modulação por condutividade leva a quedas diretas muito baixas.
Em condução o SCR pode ser modelado como uma fonte de tensão série com uma resistência
RON. Independentemente da corrente de gate, o SCR se mantém em condução. Ele não pode se
bloquear a menos que uma corrente negativa de anodo seja aplicada.
No caso de conversores comutados pela rede, o bloqueio do SCR é feito pela tensão de
entrada. Em conversores com comutação forçada um circuito de comutação externo força a
inversão de corrente no SCR.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 117
Os SCRs usualmente apresentam uma área relativamente grande, sem uma inter-
digitação do gate e do catodo. Elementos parasitas surgem da grande área do SCR e levam a
algumas limitações. Durante a entrada em condução a taxa de crescimento da corrente de anodo
deve ser limitada em um valor seguro, caso contrário focos de corrente podem ocorrer que
levam a formação de pontos quentes, hot spots, os quais podem levar a queima do dispositivo. A
forma rudimentar na qual a estrutura do gate e do catodo são arranjados no SCR impede que
seja possível levar o SCR ao bloqueio através de uma corrente de gate negativa.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 119
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 120
O GTO, Gate Turn-Off Thyristors, é um dispositivo moderno que pode ser desligado
pelo gate. O gate e do catodo são amplamente interdigitados, de forma que toda a junção gate-
catodo pode ser reversamente polarizada durante a transição de bloqueio.
O ganho de desligamento do GTO é a razão entre a corrente negativa de gate para catado
e a corrente necessária para levar o dispositivo ao bloqueio. Valores típicos de ganho são de 2 a
5. Isto significa que várias centenas de ampares de corrente de gate negativa são necessários
para bloquear um GTO de 1000 A.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 121
Outro dispositivo moderno da família dos tiristores é o MCT, MOS Controlled Thyristor.
Este é um dispositivo recente, onde MOSFETs são integrados formando um SCR altamente
interdigitados, permitindo controlar a entrada em condução e o bloqueio. Da mesma forma que
o MOSFET e o IGBT, o MCT é um dispositivo de um único quadrante no plano vak x ia. No
MCT a entrada em condução e o bloqueio são controlados pela tensão entre gate e anodo, não
pela corrente entre gate e catodo como no SCR e GTO. A seção transversal de um MCT contém
MOSFET é mostrado na figura abaixo.
Na entrada em condução do MCT, a tensão gate para anodo é levada para um valor negativo.
Isto polariza diretamente o canal p do MOSFET Q3, polarizando diretamente a junção base-
emissor de Q1.
O transistor Q1 polariza diretamente o Q2 que se mantém em condução. Para levar o
MCT ao bloqueio, a tensão gate para anodo deve ser levada para um valor positivo. Isto polariza
diretamente o MOSFET de canal n, Q4, que por sua vez polariza reversamente a junção base-
emissor do BJT Q2 levando ao estado bloqueado. É importante que a resistência do MOSFET
seja pequena o suficiente de forma a influenciar a corrente de catodo. Isto estabelece a máxima
corrente controlável de condução, ou seja, a máxima corrente que pode ser bloqueada pelo gate.
Um MCT de tensão elevada apresenta tensão direta inferior e maior densidade de
corrente que o IGBT para mesma tensão e área de semicondutor. Entretanto, os tempos de
comutação são maiores. Como o GTO, o MCT pode conduzir correntes elevadas, mas a máxima
corrente que pode ser interrompida pelo gate é limitada. Para obter transições ao bloqueio
confiáveis, circuitos de proteção (snubbers) devem ser utilizados. O MCT ainda é um
dispositivo semicondutor emergente, sendo que gerações futuras de MCT poderão apresentar
características mais satisfatórias.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 128
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 129
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 130
Como o conversor opera em CCM, em regime permanente, temos a razão cíclica será:
E2 400
d= = =0,5
E1 800
e a corrente média de saída será:
T
1
iL =
AV
∫ i (t )dt= 10
T 0 L
kW
400V
=25 A
Δ I =25 ∙ 0,3=7,5 A
7,5
I m=25− =21,25 A
2
7,5
I M =25+ =28,75 A
2
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 132
1
Neste caso a frequência de operação é constante, ou seja f = , então como
T
di
v L =L
dt
ou ainda
ΔI
400=L
ΔT
7,5
400=L
d ∙T
L 200
=L ∙ f = =26,667
T 7,5
26,67
L= =2,67 mH
10 k
26,67
L= =13,33 mH
2k
2
Pcond =r CO ∙ I C IGBT RMS
+V ¿ ∙ I C IGBT AV
{
E 1−E 2
i C ( t ) = I m+ ∙ t , para 0<t <dT
L
0, para dT <t <T
I
2 dT
(¿ ¿ m∙ t|t=0 +
dT E 1−E 2 ∙ t
L 2 |
t =0
)=21,25 ∙0,5+
7,5 ∙0,5
2
=12,5 A
1
IC = ¿
IGBT AV
T
√
T
1 2
IC IGBT RMS
= ∫
T 0
i C ( t ) dt
dT
2 I ∆ I ∙t ∆ I 2 ∙ t 2
IC IGBT RMS
2 1
= ∫ I 2m + m
T 0 dT ( +
( dT )
2
dt
)
2
2 2 ∆I ∙d
IC =I ∙d + I m ∆ I ∙ d +
m
IGBT RMS
3
IC IGBT RMS
=17,74 A
A partir dos dados calculados e do catálogo podemos estimar as perdas de condução no IGBT.
2
Pcond=15 m ∙17,74 + 0,85∙ 12,5=15,34 W .
Neste caso onde d=0,5 as correntes média e eficaz no diodo são idênticas as do IGBT, ou
seja, I DIODO =12,5 A ;
AV
I DIODO =17,74 A .
RMS
Do catálogo do fabricante temos que
V FO =1,2V e r F=11m Ω , então as perdas de condução no diodo são:
2
Pcond =I DIODO RMS
∙ r F + I DIDO ∙V FO
AV
PERDAS DE COMUTAÇÃO
Pcomut =f ∙ ( E on + Eoff ) .
A partir do gráfico acima é possível encontrar Eon para I m=21,25 A com sendo
aproximadamente 6mJ para 600V, e o Eoff com I M =28,75 A é aproximadamente 6 mJ.
Então, assumindo que as energias dissipadas nas comutações aumentam linearmente com a
tensão do barramento CC, tem-se
6 ∙800
Eon|I ≈ =8 mJ
m
=21,25
600
6 ∙800
Eoff |I ≈ =8 mJ
m
=28,75
600
{
Pcomut =f ∙ E rr = 10 kHz .6 mJ=60 W
2 kHz ∙ 6 mJ=12 W
Podemos então calcular as perdas totais no IGBT e no diodo para frequências de 10kHz
e 2kHz, isto é
PTOTAL=Pcond + P comut
PTOTAL = IGBT
{
f =10 kHz , P TOTAL=160+15,34=175,34 W
f =2 kHz , PTOTAL=32+15,34=47,34 W
PTOTAL DIODO
{
= f =10 kHz , PTOTAL=60+18,46=78,46 W
f =2 kHz , PTOTAL=12+18,46=30,46 W
47,34 oC
175,34 W
78,46W 37,66 oC
case será T CASE =120−47,34=72,66 ℃ . Por outro lado a temperatura da junção do diodo
será 72,66+37,66=110,32oC. Para uma temperatura ambiente máxima de 40 oC a resistência
térmica entre case e o ambiente, que está diretamente associada a resistência térmica do
dissipador e da pasta térmica utilizada deverá ser:
72,66 ℃−40 ℃
RCA ≤ ≤ 0,13 ℃/W
73,46 W + 175,34 W
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 139
Para uma ventilação forçada de 6m/s, a resistência térmica por comprimento do perfil
FNT-020 é de aproximadamente 0.26 oC/W/4’’. Assim um dissipador FNT-020 de 21 cm e
ventilação forçada de 6 m/s manterá as temperaturas de junções próxima dos limites definidos.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 140
Vamos agora fazer o cálculo térmico para a frequência de operação de 2kHz. Seja a
temperatura do diodo T IGBT =90 ℃ , logo a temperatura no case será
T CASE =90−0,27.47,3=77,29 ℃ . Por outro lado, a temperatura na junção do diodo será
77,29+0,48.30,46=91,85oC. Para uma temperatura de ambiente máxima de 40 oC a resistência
térmica entre case e o ambiente, que está diretamente associada a resistência térmica do
dissipador deverá ser:
77,29 ℃−40 ℃
RCA ≤ ≤ 0,479 ℃/W
47,3 W +30,46 W
Oscilações Térmicas
Como exemplo a figura acima mostra a contribuição dos subsistemas para a falhas de
turbinas eólica. Pode-se notar que os conversores estáticos contribuem com uma parcela
significativa neste levantamento realizado pelo NREL. Como resultado, visando reduzir os
custos de operação e manutenção, os projetistas devem buscar alcançar um MTBF dos
dispositivos e módulos de eletrônicos de potência que atendam as expectativas do projeto em
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 142
perfil da missão associado à aplicação em questão pode-se obter os ciclos de potência e então
uma estimativa da vida útil de um determinado dispositivo semicondutor de potência [4,5] .O
modelo de falha de Coffin-Manson juntamente método de contagem de ciclos Rain_Flow
Algoritm podem ser usados para estimar a vida útil dada um perfil de missão.
[4] U. Scheuermann and R. Schmidt, “A new lifetime model for advanced power
modules with sintered chips and optimized Al wire bonds,” in Proc. PCIM Eur., May
2013, pp. 810–817.
[5] K. Ma, M. Liserre, F. Blaabjerg, and T. Kerekes, “Thermal loading and lifetime
estimation for power device considering mission profiles in wind power converter,”
IEEE Trans. Power Electron., vol. 30, no. 2, pp. 590–602, Feb. 2015.
Magnéticos
Conceitos Básicos
Algumas das principais grandezas elétricas e magnéticas com suas respectivas unidades
são apresentadas na tabela abaixo. Estas grandezas vetoriais ou escalares serão utilizadas ao
longo deste capítulo e são fundamentais para a compreensão dos fenômenos e para o projeto dos
magnéticos. Quanto as grandezas estas serão expressas segundo o Sistema Internacional de
unidades - SI. Quando uma grandeza for expressa no sistema CGS, a unidade correspondente
será mencionada no texto.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 145
= � B �dA ,
superfície S
onde dA é um vetor com direção normal a superfície. Para uma densidade de fluxo magnético
uniforme têm-se:
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 146
= B Ac .
onde B é a intensidade do vetor densidade de fluxo magnético B.
Lei de Faraday
A lei de Faraday relaciona a tensão induzida (força eletromotriz) em uma espira com a
variação de fluxo passando no interior dessa espira, isto é,
d
v( t) = .
dt
Para uma bobina com N espiras,
d
v( t) = N .
dt
Lei de Lenz
A tensão induzida pela variação de fluxo (t) possui uma polaridade que tende a gerar
uma corrente elétrica que produzirá um fluxo magnético ’(t) que se opõem a variação do fluxo
(t). A Figura 4.2 mostra uma espira em curto submetida a uma variação de fluxo magnético
(t).
Lei de Ampère
∮ H⋅dL=I
Esta lei relaciona a corrente em um enrolamento com a força magnetomotriz e o campo
magnético H. A força magnetomotriz em um caminho fechado é igual à corrente que passa no
interior desse caminho. Seja como exemplo o núcleo magnético de caminho magnético fechado
lm e com uma espira conduzindo uma corrente i(t) através do centro da janela, como ilustrado
na Figura 4.3.
Alinhamento magnético:
- Materiais magnéticos moles (soft): são materiais com baixo magnetismo remanente e
possuem a curva de magnetização estreita (aço silício, ferrites);
- Materiais magnéticos duros (hard): possuem um alto magnetismo remanente e a curva
de magnetização larga (imãs).
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 149
- Diamagnético onde a permeabilidade relativa µr < 1 (água, madeira, gases inertes, cobre,
ouro, silício,);
- Paramagnético onde a permeabilidade relativa µr > 1 (platina, alumínio, oxigênio,
sódio);
- Ferromagnético onde a permeabilidade relativa µr >> 1 (ferro, cobalto, níquel, ligas);
- Ferrimagnético onde a permeabilidade relativa µr >> 1 (ferrites);
- Antiferromagnético onde a permeabilidade relativa µr = µ0 (cromo, magnésio);
- Superparamagnético onde a permeabilidade relativa µr > 1 (fitas de gravação).
A Figura 4.4 ilustra a curva BxH ou curva de magnetização típica de uma liga de aço-silício
quando sujeita a uma excitação senoidal em regime permanente.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 150
Aço Silício
Materiais Amorfos
Os materiais amorfos são constituídos pela combinação entre os elementos: Fe, Si, Co,
Cu. O ferro é geralmente o material predominante. Material amorfo é a designação dada à
materiais que não possuem ordenação espacial a longa distância (em termos atómicos), como os
sólidos regulares. É geralmente aceito como o oposto de estrutura cristalina. Logo, estes
materiais não podem ser considerados sólidos. Estes podem ser rígidos, no entanto, não
possuem estrutura de uma substância sólida. Geralmente, materiais amorfos apresentam uma
alta resistividade com altos níveis de saturação, o que justifica o seu uso em aplicações de
alta frequência com núcleos reduzidos. No entanto, materiais amorfos têm um custo elevado
devido ao seu processo de fabricação. Metais amorfos são produzidos utilizando uma tecnologia
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 153
de solidificação rápida, onde o metal fundido é vazado em tiras finas sólidas por arrefecimento a
uma taxa elevada de temperatura tipicamente da ordem de um milhão ° C / segundo.
Ferrites
Ferrites são materiais cerâmicos compostos por óxidos de ferro misturados com outros
materiais (níquel, zinco, magnésio). Devido a sua estrutura atômica, estes materiais possuem
uma alta resistividade e permeabilidade. Contudo, operam com baixos níveis de saturação
aumentando o tamanho do núcleo necessário quando comparados com os núcleos de pó de
ferro. Apesar disso, são materiais de baixo custo e de amplo uso para altas frequências
(>10kHz).
Figura 4.12 – Variação da permeabilidade magnética com relação a uma corrente CC. (Fonte: www.mag-inc.com)
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 157
Figura 4.13 – Redução abrupta da permeabilidade magnética de um núcleo de ferrite com entreferro.
(Fonte: www.mag-inc.com)
O uso do entreferro reduz significativamente a dependência de um elemento magnético
com a permeabilidade do núcleo, como mostra a Figura 4.13. Contudo, nota-se uma queda
abrupta da permeabilidade em uma região com pequena variação da intensidade de campo
magnético (de corrente). Esta característica é indesejável, pois pode comprometer a operação do
sistema que contém este elemento, por exemplo, um conversor estático durante regimes
transitórios.
versus beneficio versus perdas é o Kool Mµ. Salienta-se que os dados comparativos são da
Magnetics. O quadro completo comparativo entre os núcleos de pó comercializados pela
Magnetics é apresentado na Figura 4.16.
(b)
Figura 4.16. Comparação de matérias magnéticos. Microlite é um material amorfo. Fonte: www.hilltech.com
Circuitos Magnéticos
Para a solução de circuito com elementos magnéticos mais complexos é útil obter um
circuito magnético a parâmetros concentrados, pois este circuito equivalente pode ser
solucionado por analogia com circuitos elétricos. Vamos considerar o elemento magnético
mostrado abaixo:
�= H l .
Substituindo a relação entre densidade de fluxo magnético e intensidade de campo
magnético na equação acima, a força magnetomotriz pode ser expressa por:
B
�= l.
Considerando a relação entre densidade de fluxo magnético e o fluxo magnético, a força
magnetomotriz pode ser expressa como uma função do fluxo magnético,
l
�= l= .
Ac Ac
Analisando a equação acima é possível definir a grandeza escalar Relutância Â, como
mostrada na figura acima. Portanto, a equação resultante é expressa por,
�= � .
A equação anterior é análoga a lei de Ohm e estabelece que o fluxo magnético através de
um elemento é proporcional a força magnetomotriz. A constante de proporcionalidade é a
relutância e a simbologia usual está ilustrada na figura abaixo.
(ii) Como a relutância do entreferro geralmente é maior que a do núcleo, é possível obter
valores de indutância que são pouco dependentes da permeabilidade do núcleo, mas são
dependentes da permeabilidade do ar que pode ser considerada constante;
(iii) Ainda, com a introdução do entreferro a corrente de saturação é bem superior, como
pode ser observado na figura abaixo.
Para um transformador real a relutância do núcleo é diferente de zero, então a tensão induzida
no enrolamento primário pode ser relacionada com corrente pela seguinte forma:
n2
2
d (i1 + i2 )
n n1
v1 = 1
.
� dt
Definindo a indutância de magnetização,
n 21
LM =
ℜ ,
e a corrente de magnetização,
n1
i M =i1 + i2
n2
tem-se,
diM
v1 = LM .
dt
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 166
Observe que,
�di1 �
v1 � �
� L L12 ��dt �
� �= �11 � � ,
v2 � �
� L12 L22 �
��di2 �
�
�dt ��
não apresenta a relação de espira de uma forma explicita mas expressa uma função de grandezas
elétricas. Essa equação pode ser usada para obter a relação de espiras efetiva, determinada por:
L22
ne = ,
L11
e o coeficiente de acoplamento
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 168
L12
k= .
L11 L22
Perdas no Ferro
Vamos agora expressar essa energia em função da característica B-H. Substituindo B(t) por v(t)
usando a lei de Faraday, e substituindo a intensidade de campo magnético H(t) usando a lei de
Ampère, obtendo-se:
� dB ( t ) �
�H ( t ) lm �
W= � c dt ��
�
one ciclo �
nA �
� n �
�dt
W = Ac lm �HdB.
one ciclo
Note que o termo Aclm é o volume do núcleo, enquanto a integral é a área no interior do laço B-
H. Portanto, a energia dissipada em calor é igual ao produto do volume do núcleo com a área do
laço da curva B-H.
Para uma operação cíclica, as perdas por histerese PH podem ser obtidas da energia
perdida por ciclo multiplicada pela frequência f, ou seja.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 169
PH = f Ac lm �HdB.
one ciclo
Observa-se na equação anterior que as perdas por histerese são diretamente proporcionais a
frequência de excitação.
Como discutindo na seção anterior, os núcleos magnéticos são ligas ferro que
infelizmente são bons condutores elétricos. Como resultado campos magnéticos variantes no
tempo causam uma circulação de corrente no núcleo. Como no exemplo ilustrado na figura
abaixo.
Perdas no Cobre
Pc = I rms
2
RCC
,
lb
RCC = r ,
A
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 172
Correntes induzidas que produzem perdas no núcleo também produzem perdas no cobre
devido a correntes induzidas nos enrolamentos. Estas correntes podem resultar em um aumento
significativo das perdas nos enrolamentos levando a valores bem superiores ao previsto com a
resistência CC. Os mecanismos de perdas por correntes induzidas no cobre de indutores e
transformadores são chamados de Efeito Pelicular (Skin effect) e Efeito de Proximidade
(Proximity effect). Esses fenômenos são mais predominantes em transformadores e indutores
com enrolamentos de múltiplos condutores e múltiplas camadas encontrados em conversores
estáticos que operam em alta frequência.
Efeito Pelicular
A Figura 4.28 ilustra a corrente alternada i(t) fluindo através de um condutor arbitrário.
Essa corrente induz um fluxo magnético (t), cujas linhas de fluxo passam por um caminho
circular como mostrado na figura. De acordo com a lei de Lenz o fluxo CA induz uma corrente
que flui de maneira a se opor ao fluxo CA. É possível observar na figura que as correntes
induzidas reduzem a densidade da corrente no centro do condutor e aumentam próximo da
superfície. A distribuição de corrente no condutor pode ser encontrada pela solução das
equações de Maxwell. Para uma corrente senoidal de frequência f, o resultado é que a densidade
de corrente decai exponencialmente na direção interna do condutor, como é ilustrado na figura
abaixo.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 173
ρ
δ= ,
πμf
onde é a permeabilidade do material e r a resistividade do material. Para o cobre a 100oC :
7, 5
δ= cm
f
P = i 2 RCA .
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 174
Efeito de Proximidade
Um condutor que pelo qual circula uma corrente alternada i(t) induz perdas nos
condutores adjacentes por um fenômeno chamado de Efeito de Proximidade. A Figura 4.30
ilustra este fenômeno.
Vamos considerar uma espira, condutor 1, por onde circula uma corrente senoidal de
alta frequência que resulta em uma profundidade de penetração, d, de corrente muito menor que
a espessura h do condutor. Ainda, vamos considerar uma outra espira paralela a primeira,
condutor 2, encontre-se aberta, de forma que a corrente líquida sobre ela é nula. Note que
mesmo que a corrente total no condutor 2 seja zero é possível que a corrente i(t) induza corrente
no condutor 2. Na Figura 4.30 a corrente i(t) circulando no condutor 1 gera um fluxo
magnético (t) no espaço entre os condutores. De acordo com a lei de Lenz
uma corrente é induzida no condutor adjacente que tende a se opor ao fluxo CA.
A Figura 4.31 ilustra o efeito de proximidade em um transformador. O enrolamento
primário consiste da conexão em série de camadas de cobre possuído uma espessura h muito
maior que a profundidade de penetração, d, por onde circula uma corrente i(t). O enrolamento
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 175
Por outro lado o efeito de proximidade induz uma corrente na superfície da segunda
camada do enrolamento primário, a qual gera um fluxo magnético que se opõe ao gerado pela
corrente da primeira camada. Se os condutores são próximos, e se h >> d, a corrente induzida
será igual e oposta a corrente i(t), como ilustrado na Figura 4.31. Então uma corrente –i(t)
circula no lado esquerdo da superfície da segunda camada. Uma vez que as camadas 1 e 2 estão
conectadas em série elas devem conduzir a mesma corrente total i(t). Como resultado uma
corrente 2i(t) deve circular no lado direito da superfície. A corrente fluindo na superfície
esquerda da segunda camada possui a mesma magnitude da corrente da primeira camada, então
resulta nas mesmas perdas no cobre, ou seja, P1. A corrente na superfície direita da segunda
camada possui uma magnitude 2i(t). Então as perdas no cobre no lado direito da segunda
camada serão 4P1. Logo, as perdas totais na segunda camada serão de 5P1. De forma análoga
pode-se concluir que as perdas totais na terceira camada serão 13 vezes superiores do que as da
primeira camada.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 176
Pm = I 2 MRCC .
Assim, o efeito de proximidade aumenta as perdas no cobre por um fator de
P 1h
FR = = (2 M 2 + 1).
PCC 3d
Projeto de Indutores
Geralmente os indutores são projetados para evitar a saturação. Desta forma, o projeto
deve restringir a operação do mesmo na porção linear da curva no plano B-H. Desta forma
podemos afirmar que:
DH DI DB
= = .
H max I p Bmax
como pode ser observado na Figura 4.33, onde mostra a curva B-H quando o conversor opera
em CCM e DCM.
Uma vez que a frequência da ondulação de corrente é conhecida, a escolha de densidade
de fluxo máxima deve ser menor que a densidade de fluxo de saturação do material considerado.
Assim, uma estimativa para a amplitude da ondulação na densidade de fluxo pode ser
determinada por:
DI �Bmax
DB = .
Ip
A lei de Ampère aplicada no indutor mostrado na Figura 4.33 pode ser expressa por:
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 181
∮ H⋅dL= NI =Hl=ℑ ,
e a tensão nos terminais do indutor pode ser determinada por
d D di Di
v( t) = N �N v( t) = L �L
dt Dt , ou dt Dt .
L . ΔI
N=
ΔB. Ae ,
Por outro lado, a máxima densidade de corrente nos condutores é determinada por:
N�
I eficaz
J max =
AW
Considerando o fator de utilização da janela na equação acima, e substituindo a equação
resultante na equação anterior do número de espiras, obtém-se:
J max � AW � kw L� I pico
=
I eficaz Bmax � Ae
L�
I pico �
I eficaz
Ae AW = 104 [cm 4 ]
Bmax �
J max �
kw ,
onde a densidade de corrente Jmax é expressa em A/cm².
Uma vez determinado o produto das áreas, deve-se procurar um núcleo compatível nos
fabricantes. Alguns fabricantes fornecem este produto de áreas nos catálogos ou sites. Apesar
disto, o projetista pode calcular este valor visto que todos os fabricantes disponibilizam as
dimensões básicas do núcleo. A Figura 4.35 mostra um catálogo da Magnetics para núcleo do
tipo E onde a seta indica o produto das áreas.
Uma vez escolhido o núcleo, por exemplo, da Figura 4.36, utiliza-se a área efetiva da seção
transversal do núcleo na equação anterior,
L�
I pico
N=
Bmax �
Ae ,
0 �Ae
N2 �
lg = .
L
Indutores do tipo E-E o entreferro podem ser distribuídos de duas formas como mostra a
Figura 4.37.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 184
μ0 μr A e
Al=
le .
Consequentemente, a indutância pode ser determinada por,
L = Al N 2 .
Ao observarmos a equação acima, fica claro que uma vez estabelecido a indutância e dado um
Al , o número de espiras necessário é imediato e direto. Idealmente e em muitas referências, um
indutor é projetado utilizando a equação acima. No entanto, na prática a indutância irá alterar
devido à variação da permeabilidade magnética em função da corrente de excitação e da
temperatura de operação. Além disso, que critério utilizar para escolher o melhor Al ? Em que
ponto da curva B-H o indutor irá operar? Através do método visto anteriormente é possível
responder estas perguntas.
Alguns núcleos possuem intrinsecamente entreferros distribuídos, por exemplo. Iron
Powder. Assim, a indutância específica fornecida pelo fabricante leva em consideração esses
entreferros e pode ser uma alternativa para projetar um indutor. Em seguida, serão mostradas
duas abordagens. A primeira utiliza a energia armazenada no indutor para determinar o Al
necessário para o projeto do indutor. A outra é a metodologia recomendada pelo fabricante de
núcleos Magnetics.
A máxima energia no indutor pode ser quantificada por:
1
W= I pico 2 ,
L�
2
E das leis de Maxwell temos que em um meio linear,
1 B 2�v
W= � B�Hdv = max e .
2v 0 �
2� e
Pc = I rms
2
RCC
Nlespira
RCC = r .
ncond Scond
DB
B pk = .
2
O fabricante informa qual dos dois deve ser utilizado.
Método Magnetics
I eficaz 2
L�
através da equação . Por exemplo, o gráfico mostrado na figura abaixo é utilizado para
a estimativa de um núcleo de Kool Mµ. O gráfico foi desenvolvido considerando a variação da
indutância específica em até 50% e um fator de utilização da janela de 40%.
Procedimento:
I eficaz 2
L�
- Calcular ;
- Escolher o núcleo correspondente no gráfico, Figura 4.42;
- Calcular o número de espiras utilizando o Al mínimo inicial:
L
N= .
Al
- As perdas e a elevação de temperatura podem ser determinadas pelo mesmo método descrito
anteriormente.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 191
Projeto de Transformadores
Figura 4.45 – Excursão da densidade de fluxo magnético em um conversor Forward com enrolamento terciário.
Por outro lado, a variação da densidade de fluxo magnético correspondente é dada por:
Df = Ae �
DB.
Lembrando que o DB depende do conversor. Por exemplo, elemento magnético que opera na
curva B-H no primeiro quadrante, excursiona DB no intervalo de condução, e magnéticos de
conversores que resultam na operação no primeiro e terceiro quadrante do pano B-H,
excursionam DB/2.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 194
RTc = 23 ( Ae Aw )
-0.37
.
Exemplo - Indutor
Especificações
Tensão de Entrada 24V Indutância 150H
Tensão de Saída 12V Frequência 50kHz
48
Potência de Saída Ondulação da Tensão de Saída 0.12V
W
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 196
0.8
Ondulação da Corrente Capacitância de Saída 16,67F
A
Corrente Eficaz (RMS) 4A Jmax 400A/cm²
0 �
N2 � Ae -2
lg = 10 = 0.08cm.
�
L
Para a determinação da bitola do condutor foi considerado o efeito pelicular. Onde a
profundidade de penetração da corrente no condutor é determinada por:
7.5
d= = 0.034cm
f .
Como o valor recomendado de seção não deve ser superior a duas vezes o valor da
profundidade de penetração da corrente. Definiu-se a seção como:
fcond = 2 �
d = 0.068cm .
O fio escolhido dada a seção calculada acima é o AWG 21.
Com base na corrente eficaz no indutor, a área necessária de cobre é dada por:
I eficaz
Acond = = 0.01cm 2
J max .
Consequentemente, o número de condutores paralelos é determinado por:
Acond
ncond = = 2.754 �3
( 0,5 �
fcond )
2
.
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 198
Para o projeto do indutor toroidal são tomadas como base as equações da seção 1.4.3.1
do método da Magnetics, das especificações mostradas na Tabela 4.6 e ainda definindo o
material magnético como sendo o Kool Mµ.
I pico 2 = 2, 904 mHA².
L�
:
Estimativa do núcleo
1ª Interação
O número de espiras é determinado por:
L
N1 = = 65,503 �66 espiras.
Al min
Figura 4.55 – Densidade de perdas volumétricas no núcleo de Kool Mµ. (Fonte: www.mag-inc.com/)
A densidade de perda volumétrica do núcleo pode ser determinada graficamente pela
Figura 4.55 ou através da equação mostrada na mesma figura. Lembrando que a densidade de
ELC 1032 – Fundamentos de Eletrônica de Potência_______________________________ 204
Exercício:
1.4.5. Referências
Leitura Complementar
[7] P. L. Dowell, “Effects of eddy currents in transformer windings,” Proc.Inst. Elect. Eng., vol. 113, no. 8,
pp. 1387–1394, Aug. 1966.
[8] P. S. Venkatraman, “Winding eddy current losses in switch mode power transformers due to rectangular
wave currents,” in Proceedings of Powercon11. Dallas, TX: Power Concepts, Inc., 1984, pp. 1–11.
[9] B. Carsten, “High frequency conductor losses in switchmode magnetics,” Proc. HPFC, pp. 155–176, May
1986.
[10] William Gerard Hurley, “Optimizing the AC Resistance of Multilayer Transformer Windings with
Arbitrary Current Waveforms” , IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 15, No. 2, March 2000.