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PERFIL DO INADIMPLENTE

E DAS DÍVIDAS NO BRASIL


Agosto 2016
PERFIL DO INADIMPLENTE

56,3% 43,7% 64,1% 92,2% 58,8%


Possuem São da Possuem o segundo grau
Mulheres Homens
25 a 49 anos Classe C/D/E completo ou incompleto

Ocupação profissional:
15,9% 21,9% 71,4%
Funcionários de empresas
33,9% privadas, incluindo estagiários
Se definem como Destes estão Estão com o
atualmente nesta condição nome sujo pela 28,4% Autônomos
desempregadas há um ano primeira vez

PERFIL DA DÍVIDA

Principais compromissos Principais compromissos


financeiros em dia: financeiros em atraso:
Empréstimos em
Aluguel 94,9% banco ou financeira 89,6%
Plano Parcelas a pagar As dívidas com maior
de saúde 91,8% de cartão de loja 83,9% tempo de atraso são do
cheque especial, com
Parcelas a pagar no
Condomínio 91,3% cartão de crédito 74,9% 21,7 meses
em média
Produtos e serviços comprados responsáveis pela dívida em
atraso no cartão de crédito, cartão de loja, cheque ou carnê:

O valor total da
Roupas Calçados Eletrodomésticos dívida é de
45,0% 25,8% 17,4% R$ 3.543,60,
em média
CAPACIDADE E PRETENSÃO DE PAGAR A DÍVIDA

Contas com maior capacidade e intenção de


pagamento total nos próximos três meses:

29,2% 25,0%
Telefone Financiamento de automóvel

Dificuldades para
Cortes para economizar realizar o pagamento:
e pagar as dívidas em atraso:
Lazer 46,6% 38,7%
Economizar e deixar de comprar coisas 46,5%
Vestuário e calçados 36,2% que são fundamentais/básicas Garantem não
ter condições de
Alimentação fora de casa 34,5% pagar as dívidas
34,1% em atraso nos
Supermercado 20,7% O valor da dívida próximos três
é muito superior meses
aos ganhos
Contas mais citadas dentre aquelas que
o entrevistado diz não ter como pagar:
Empréstimo em
56,2% banco ou financeira 54,1% Cheque especial

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46,5% dos inadimplentes não têm condições financeiras de
quitar as contas em atraso nos próximos 3 meses. Valor médio
da dívida caiu 39,3% em relação a 2015

Perda do emprego, compras feitas sem planejamento, diminuição da renda, valores que superam a capacidade
de pagamento. O estudo ‘Perfil do Inadimplente e das dívidas’, conduzido pelo SPC Brasil e Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), investiga em profundidade o processo de endividamento do
consumidor, mapeando o perfil demográfico dos inadimplentes e das contas em atraso e identificando a
reincidência de registros em entidades de proteção ao crédito.

Além disso, o estudo busca compreender os motivos que impossibilitaram a quitação da dívida e qual é
a intenção do consumidor em relação ao pagamento dos compromissos assumidos. A análise da situação
financeira atual dos inadimplentes é feita de forma comparativa, considerando também os anos de 2014 e
2015.

A pesquisa foi realizada junto a consumidores das 27 capitais brasileiras, com mais de 18 anos, de ambos os
sexos, pertencentes a todas as classes sociais e que possuem ao menos uma conta vencida há mais de 90 dias.

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1. PERFIL DO INADIMPLENTE

Aumenta significativamente o percentual de pessoas com o


nome sujo pela primeira vez; 16% dos inadimplentes estão
desempregados atualmente

O estudo revela que 56,3% dos inadimplentes são do sexo feminino e 43,7% são do sexo masculino, sem
alterações em relação aos dois anos anteriores. A maioria (64,1%) pertence à faixa etária de 25 a 49 anos,
com queda de 4,9 pontos percentuais em relação a 2015.

Assim como no ano passado, nove entre 10 entrevistados (92,2%) pertencem à Classe C/D/E, e praticamente
seis em cada dez (58,8%) possuem o segundo grau completo ou incompleto. Vale acrescentar que houve
diminuição de 9,4 pontos percentuais na proporção de inadimplentes com o primeiro grau completo:
passando de 27,8% em 2015 para 18,4% em 2016.

No que se refere à ocupação profissional, a pesquisa mostra que a maior parte dos entrevistados corresponde
a funcionários de empresas privadas, incluindo estagiários (33,9%), seguidos dos autônomos (28,4%). 15,9%
das pessoas se definiram como atualmente desempregadas, encontrando-se nesta condição há 9,4 meses,
em média, sendo que um em cada cinco entrevistados (21,9%) está desempregado há um ano e 21,9% entre
3 e 6 meses.

Quanto ao número de vezes em que os entrevistados já estiveram negativados, observa-se que aumentou
significativamente o percentual de pessoas com o nome sujo pela primeira vez em relação ao ano passado
(71,4% em 2016, contra 48,2% em 2015), sobretudo entre os homens (77,2%, contra 67,0% entre as mulheres).

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2. PERFIL DA DÍVIDA

Pagamento de despesas básicas com aluguel, plano de saúde e


condomínio são os mais citados. Dívidas bancárias apresentam
quase 2 anos pendentes de pagamento

O percentual de inadimplentes com contas a pagar em 2016 é menor na comparação com os dois anos
anteriores. Ainda assim, ele parece estar pressionado por dívidas que superam sua capacidade de pagamento.

A pesquisa mostra que os COMPROMISSOS FINANCEIROS EXISTENTES


compromissos financeiros que
os inadimplentes mais disseram RU (por item) 2014 2015 2016

possuir, atualmente, são a conta de Conta de água/luz 74,7% 65,0% 57,6%


água/luz (57,6%, aumentando para Parcelas a pagar do cartão de loja 61,2% 55,2% 47,5%
83,3% entre os mais velhos), as Conta de telefone (fixo ou celular) 57,0% 50,7% 41,9%

parcelas a pagar do cartão de loja Parcelas a pagar no cartão de crédito 70,0% 57,0% 40,4%

(47,5%, aumentando para 53,1% TV por assinatura/ Internet - - 32,9%


Empréstimo em banco ou financeira 22,3% 33,3% 27,1%
entre as mulheres e 48,6% na
Aluguel 30,4% 25,3% 22,8%
Classe C/D/E), a conta de telefone
Financiamento de automóvel (carro, moto) 22,1% 10,0% 12,8%
fixo ou celular (41,9%, aumentando
Plano de saúde 20,7% 18,2% 12,1%
para 70,0% entre os mais velhos) e
Crediário/carnês - - 10,6%
as parcelas a pagar no cartão de
Cheque especial 23,4% 14,5% 10,6%
crédito (40,4%). Em todos esses Escola ou faculdade 12,2% 15,7% 9,1%
casos, percebe-se uma tendência Condomínio 9,5% 13,7% 7,7%
de queda nos percentuais de Empréstimo com parentes e/ou amigos 13,5% 16,0% 7,3%
compromissos financeiros em Crédito Consignado 9,4% 12,7% 5,6%
relação a 2014 e 2015. Financiamento de casa própria 8,6% 6,7% 5,5%
Parcelas a pagar em cheques pré-datados - - 3,3%

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Quando perguntado a respeito dos compromisso que possuem e que estão em dia, os mais citados pelos
inadimplentes são o aluguel (94,9%), o plano de saúde (91,8%) e o condomínio (91,3%), seguidos do
plano de TV por assinatura (87,9%) e a da conta de água/luz (85,6%). Já as contas em atraso mais citadas
correspondem aos empréstimos em banco ou financeira (89,6%), as parcelas a pagar de cartão de loja
(83,9%), as parcelas a pagar no cartão de crédito (74,9%) e crediário/carnê (68,7%).

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a iminência de corte de serviços de necessidade
básica quando há atraso no pagamento pode ser um motivo para que essas contas tenham menor percentual
de atraso em relação às dívidas bancárias. “A pessoa não tem como pagar tudo; então, elege prioridades como
o aluguel e o plano de saúde, por exemplo. Já o pagamento das contas relacionadas ao crédito bancário, por
terem, em geral valores mais altos e por conta do momento econômico desfavorável, pode ser adiado. Além
disso, os juros dessas despesas são os mais altos, contribuindo para aumentar drasticamente o valor total da
dívida do consumidor”. Além da maior dificuldade do consumidor em arcar até mesmo com as contas básicas
em meio à crise econômica, as empresas que prestam esses serviços (água, luz, plano de saúde) mostram
mais disposição em negativar os inadimplentes, como forma de acelerar o recebimento dos compromissos
em atraso. “Tem sido mais comum que essas empresas negativem o CPF do residente antes de realizar o corte
no fornecimento ou a interrupção do serviço prestado”, afirma Marcela.

COMPROMISSOS FINANCEIROS EM DIA X COMPROMISSOS FINANCEIROS EM ATRASO

RU (por item) 2014 2015 2016 RU (por item) 2014 2015 2016

Aluguel 89,1% 90,8% 94,9% Empréstimo em


83,3% 86,5% 89,6%
Plano de saúde 94,5% 91,7% 91,8% banco ou financeira
Condomínio 74,3% 81,7% 91,3% Parcelas a pagar
79,6% 86,7% 83,9%
do cartão de loja
TV por assinatura/
- - 87,9% Parcelas a pagar no
internet
cartão de crédito
Conta de água e luz 85,0% 84,9% 85,6% 81,5% 84,1% 74,9%
(independente do
Conta de telefone que foi comprado)
78,9% 70,7% 81,0%
(fixo ou celular) Crediário/carnês - - 68,7%
Financiamento Parcelas a pagar em
65,6% 67,5% 75,8% - - 65,0%
de casa própria cheques pré-datados
Escola ou faculdade 74,3% 62,8% 70,9% Cheque especial 74,7% 82,8% 57,8%
Crédito consignado 58,5% 40,8% 50,0% Empréstimo com
68,5% 65,6% 52,3%
Financiamento parentes e/ou amigos
de automóvel 57,2% 40,0% 48,1% Financiamento
(carro, moto) de automóvel 42,8% 60,0% 51,9%
Empréstimo com (carro, moto)
31,5% 34,4% 47,7%
parentes e/ou amigos Crédito consignado 41,5% 59,2% 50,0%
Cheque especial 25,3% 17,2% 42,2% Escola ou faculdade 25,7% 37,2% 29,1%
Parcelas a pagar em Financiamento
- - 35,0% 34,4% 32,5% 24,2%
cheques pré-datados de casa própria
Crediário/carnês - - 31,3% Conta de telefone
21,1% 29,3% 19,0%
Parcelas a pagar (fixo ou celular)
no cartão de crédito Conta de água e luz 15,0% 15,1% 14,4%
18,5% 15,9% 25,1%
(independente do
que foi comprado) TV por assinatura/
- - 12,1%
internet
Parcelas a pagar
20,4% 13,3% 16,1% Condomínio 25,7% 18,3% 8,7%
do cartão de loja
Plano de saúde 5,5% 8,3% 8,2%
Empréstimo em
16,7% 13,5% 10,4% Aluguel 10,9% 9,2% 5,1%
banco ou financeira

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Quanto aos produtos e serviços
comprados responsáveis pela
dívida que levou à inadimplência, a
pesquisa indica que os mais citados
são as roupas (45,0%, aumentando
para 50,6% entre as mulheres e
57,7% entre os desempregados),
os calçados (25,8%, aumentando
para 29,8% entre as mulheres)
e os eletrodomésticos (17,4%).
11% não se lembram os produtos
comprados.

PRODUTOS/SERVIÇOS QUE GERARAM A INADIMPLÊNCIA

RM (Principais citações) Geral

Roupas 45,0%

Calçados 25,8%

Eletrodomésticos (geladeira, fogão, cafeteira, etc.) 17,4%

Eletrônicos (TV, DVD, aparelho de som, mp3, câmera digital, etc.) 16,2%

Celular/ Smartphone 15,5%

Móveis para casa 9,1%

Acessórios (cintos, bolsas, bijuterias etc) 8,2%

Perfumes/cosméticos 7,5%

Alimentação/supermercado 7,1%

Computador/Notebook/ Tablet 4,8%

Viagens 2,7%

Salão de beleza 2,7%

Jogos, brinquedos em geral 1,4%

Nunca compro nada parcelado 2,3%

Não sei/não me lembro 11,0%

Percebe-se ainda que quase todos os compromissos


financeiros em atraso encontram-se nesta situação há
Quase todos os compromissos mais de um ano. Vale destacar o longo período no caso
financeiros em atraso
do empréstimo em banco ou financeira (21,3 meses em
encontram-se nesta situação
média) e do cheque especial (21,7 meses). A única exceção
há mais de um ano
neste quadro é a conta de água e luz, com atraso de 7,0
meses, em média.

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A diminuição do valor
total da dívida dos
inadimplentes não é
reflexo de uma possível
melhora na capacidade
de pagamento dos
consumidores. A recessão,
o desemprego e inflação
enfraquecem o poder de
compra das pessoas

Dívida média do inadimplente é de R$ 3.544. Perda do emprego


e queda da renda são os principais motivos alegados para deixar
de pagar as contas atrasadas

O valor total da dívida dos inadimplentes chega a R$ 3.543,60, em média, o que representa queda de 33,9%
em relação ao ano passado. Entre os entrevistados das classes A/B e com idade entre 35 e 64 anos esta dívida
ainda é maior, R$ 5.633,95 e R$ 4.176,29 respectivamente.

Como explica a economista-chefe do SPC Brasil Marcela Kawauti, a diminuição do valor total da dívida dos
inadimplentes não é, necessariamente, reflexo de uma possível melhora na capacidade de pagamento dos
consumidores: “O que ocorre é que a recessão, o desemprego e os efeitos da inflação enfraquecem o poder
de compra das pessoas. Ao mesmo tempo, o acesso ao crédito se torna mais restrito, pois os concedentes
exigem maiores garantias dos tomadores. Portanto, a dívida menor pode ser um sinal de que está mais
difícil conseguir dinheiro emprestado para comprar. Consequentemente, cai o endividamento, ao menos
temporariamente”.

Considerando os diversos tipos de contas em atraso, a pesquisa mostra que os maiores valores financeiros
pendentes correspondem ao financiamento de automóvel (média de R$ 5.834,10), ao empréstimo em
banco ou financeira (R$ 4.403,30) e ao cheque especial (R$ 3.136,80).

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Quanto aos principais motivos alegados para deixar de pagar as cotas atrasadas, percebe-se que a perda
do emprego ainda é o fator de maior impacto: 28,2%, aumentando para 33,1% entre os homens e 29,4% na
Classe C/D/E. Em seguida são mencionados a diminuição da renda (14,8%, contra 10,5% em 2015), a falta de
controle financeiro/ falta de planejamento no orçamento (9,6%, contra 21,0% em 2015) e o empréstimo do
nome para compras feitas por terceiros (9,3%, aumentando para 30,0% entre os mais velhos).

De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, ainda que o desemprego possa estar
relacionado a fatores que fujam ao controle do consumidor, o maior problema é não estar preparado para
enfrentar esses momentos: “Naturalmente, as pessoas que não costumam constituir reserva financeira para
imprevistos vão sofrer mais com a perda do emprego. Vale lembrar que não importa o tamanho da renda,
o importante é saber guardar uma parte todos os meses, pois essa atitude pode fazer a diferença nas horas
difíceis”.

Além disso, percebe-se que certos hábitos de consumo também favorecem a inadimplência: dentre os 9,6%
que alegaram falta de controle financeiro/ falta de planejamento no orçamento somados aos 4,0% que
conseguiram crédito fácil e gastaram mais do que podiam, a pesquisa indica que o principal motivo que
gerou a dívida em atraso está relacionado às compras feitas por impulso: 31,7% dos entrevistados justificam
dizendo que quiseram aproveitar uma promoção e compraram sem avaliar meu orçamento, enquanto
29,3% não negociaram bem no momento da compra e 12,2% argumentam que quando estão ansiosos (as)
com alguma coisa, costumam comprar mais que o necessário para se sentirem bem.

No momento em que a dívida foi gerada, a maior parte dos entrevistados (50,0%) garante não ter enfrentado
nenhum problema que pudesse ter contribuído para estourar as finanças. Entretanto, um em cada dez
inadimplentes ouvidos (10,1%) citou a ansiedade, enquanto 8,8% falaram em insatisfação/problemas no
trabalho e a mesma proporção o emocional abalado por causa de problemas financeiros (8,8%, aumentando
para 11,2% entre as mulheres).

Principais motivos alegados


para deixar de pagar as contas
atrasadas:
Perda do emprego 28,2%
Diminuição da renda 14,8%
Falta de controle
financeiro/falta de
planejamento no
9,6%
orçamento
Empréstimo do nome
para compras feitas 9,3%
por terceiros

Principal motivo que gerou


a dívida em atraso por
descontrole financeiro:
Quiseram aproveitar
uma promoção e
31,7% comparam sem avaliar
o orçamento

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3. CAPACIDADE E PRETENSÃO DE PAGAR A DÍVIDA

46,5% dos inadimplentes não terão condições de pagar as


dívidas atrasadas nos próximos 3 meses

A pesquisa indica que a inadimplência num curto prazo, é um problema de difícil solução. 46,5% dos
inadimplentes garantem não ter condições de pagar as dívidas em atraso nos próximos três meses, enquanto
7,9% afirmam poder pagar (total ou parcialmente), mas não pretendem fazê-lo.

Ao mesmo tempo, apenas uma em cada cinco pessoas ouvidas (20,6%) diz reunir condições de honrar
integralmente, nos próximos três meses, os compromissos atrasados. Além disso, à medida que aumenta o
valor da dívida, cresce também o percentual daqueles que dizem não poder pagar - chegando a 75,2% entre
os que devem acima de R$ 5.000,00.

No que diz respeito às contas com maior propensão ao pagamento total por parte do inadimplente, observa-
se que o consumidor demonstra maior intenção e capacidade de pagar as contas de telefone e financiamento
de automóvel: 29,2% e 25,0%, respectivamente, têm condições e pretendem quitar integralmente esses
débitos nos próximos três meses; em contrapartida, o empréstimo em banco ou financeira (56,2%), o cheque
especial (54,1%) e crediário/carnê (52,3%) são as contas mais citadas dentre aquelas que o entrevistado diz
não ter como pagar.

COMPROMISSO EM ATRASO X CAPACIDADE E PRETENSÃO DE PAGAMENTO


Parcelas Parcelas a Conta de
Financiamento Empréstimo Conta
Cheque a pagar Crediário/ pagar no telefone
RU de automóvel em banco ou de água
especial do cartão carnês cartão de (fixo ou
(carro, moto) financeira e luz
de loja crédito celular)
Sim, totalmente e irei pagar as
25,0% 16,2% 9,6% 18,8% 20,5% 18,1% 10,0% 29,2%
dívidas nos próximos 3 meses
Sim, totalmente, mas não tenho
5,0% 8,1% 6,8% 2,9% 2,3% 3,8% 2,0% 8,3%
intenção em pagar as dívidas
Sim, parcialmente e irei pagar parte
17,5% 18,9% 26,0% 24,6% 22,7% 23,6% 44,0% 25,0%
das dívidas nos próximos 3 meses
Sim, parcialmente, mas não tenho
2,5% 2,7% 1,4% 4,2% 2,3% 5,5% 6,0% 2,1%
intenção em pagar as dívidas
Não tem condições de quitar 50,0% 54,1% 56,2% 49,6% 52,3% 48,9% 38,0% 35,4%

10
Na hora de realizar o acerto com o credor, o acordo entre as duas partes, parcelando o débito, continua a ser
o meio preferido pelos inadimplentes que pretendem quitar a dívida integral ou parcialmente (47,3%, contra
37,2%, com crescimento de 10 p.p. na comparação a 2015), mas também são mencionados os bicos para
geração de renda extra (22,9%, contra 9,3% em 2015) e cortes nos custos para economizar (21,1%, contra
10,9% em 2015). Vale destacar o crescimento no percentual daqueles que pretendem forçar a pessoa para
quem emprestaram dinheiro/ nome a pagar (7,3%, contra 1,6% em 2015), bem como dos que utilizarão o
13º salário (6,9%, contra 3,4% em 2015).

MEIOS PREFERIDOS PELOS INADIMPLENTES QUE PRETENDEM


QUITAR A DÍVIDA INTEGRAL OU PARCIALMENTE

Acordo entre as duas Bicos para geração Cortes nos custos


partes, parcelando o débito de renda extra para economizar

47,3% 22,9% 21,1%

Considerando os inadimplentes que pretendem economizar para pagar os compromissos atrasados (21,1%),
observa-se que os cortes no consumo serão feitos principalmente no segmento de lazer (46,6%), seguido por
vestuário e calçados (36,2%), alimentação fora de casa (34,5%) e supermercado (20,7%). Por outro lado,
apenas 5,2% citaram a economia com a compra de produtos de beleza, contra 23,0% em 2015.

11
Em média, os entrevistados acreditam que todas as dívidas em
atraso serão pagas em 11,7 meses, sendo que 9,5% da amostra Em média, os
admitem levar de um a dois anos para fazê-lo. Quanto maior entrevistados acreditam
o montante devido, maior o prazo estipulado para a quitação, que todas as dívidas em
ultrapassando o período de três anos para aqueles que devem, atraso serão pagas em
em média, R$ 6.754,85. 11,7 meses

TEMPO QUE ACREDITA QUE IRÁ QUITAR TODAS AS DÍVIDAS EM ATRASO


X VALOR MÉDIO DA DÍVIDA

6.754,85

5.411,67

3.543,60 3.504,96
2.697,93
2.097,26
1.391,75

2016 Até 3 meses De 3 a 6 meses De 6 meses De 1 a 2 anos De 2 a 3 anos Mais de 3 anos


a 1 ano

Média

E quanto às dificuldades para realizar o


pagamento? A pesquisa mostra que a maior
delas é economizar e deixar de comprar
coisas que são fundamentais/básicas (38,7%,
contra 21,0% em 2015), principalmente entre
os homens (44,5%). Além desses, três em
cada quatro consumidores inadimplentes
ouvidos (34,1%) garantem que o valor da
dívida é muito superior aos ganhos e eles não
têm de onde tirar o dinheiro, aumentando
para 37,8% entre as mulheres.

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4. EXPECTATIVAS PARA O FUTURO

Para 61% dos inadimplentes a situação financeira piorou na


comparação com 2015, mas 52% acreditam que ela irá melhorar
nos próximos 6 meses

Qual é, na visão dos brasileiros inadimplentes, a real condição financeira em que se encontram, quando
comparada ao cenário do ano passado? Para seis em cada dez pessoas ouvidas (61,2%), a situação piorou –
seja em razão do endividamento (24,4%, contra 14,0% em 2015), seja por que estão desempregadas (16,4%)
ou a renda diminuiu (20,9%).

Em contrapartida, apenas 15,1% acreditam que a situação melhorou, devido ao aumento da renda (6,0%,
contra 14,0% em 2015) ou ao fato de que se sentem mais seguros no emprego (9,1%, contra 16,0% em 2015).

Finalmente, pensando nos próximos seis meses, percebe-se que predomina o otimismo entre os
inadimplentes ouvidos na pesquisa: 52,3% imaginam que sua situação financeira irá melhorar, enquanto
24,1% acreditam que não haverá alterações e apenas 5,8% esperam uma piora. Vale mencionar que um em
cada cinco entrevistados não sabe dizer como estará a situação daqui a seis meses (17,8%).

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5. CONTEXTO ECONÔMICO ATUAL PEDE
REFLEXÃO POR PARTE DO CONSUMIDOR

Não se pode deixar de notar que os consumidores mais vulneráveis, em termos de renda, são aqueles que
enfrentam maiores problemas com as dívidas em atraso. A situação se torna ainda mais preocupante quando
se analisa o cenário econômico atual, caracterizado pelo achatamento do poder de compra, pela inflação
elevada e pela aceleração dos níveis de desemprego.

Ao mesmo tempo, a entrada de milhões de brasileiros no mercado de consumo, nos últimos 20 anos, constitui
certamente um fato positivo, pelo acesso a produtos e serviços que antes não estavam ao alcance da maioria
da população, sobretudo por meio do crédito: financiamentos, crediários e cartões são instrumentos que, de
fato, transformam sonhos de consumo em algo viável.

Além disso, a bancarização e o contexto de estabilidade econômica também contribuíram para formar
novas massas de consumidores no país. Porém, percebe-se que muitas dessas pessoas parecem adotar
padrões de compra incompatíveis com sua realidade financeira, ocasionando o descontrole do orçamento e,
frequentemente, a inadimplência.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, alerta que o momento econômico do país pede especial
atenção aos hábitos de consumo recentemente adquiridos: “Roupas, calçados e eletrodomésticos estão
entre os itens mais citados como responsáveis pela dívida que levou à inadimplência, o que indica certo
desequilíbrio por parte do consumidor. Embora alguns destes itens possam ser considerados de primeira
necessidade, chegar à inadimplência por causa disso sugere que houve exagero ou falta de planejamento nas
compras”.

Para muitos brasileiros, é um desafio frear o ímpeto de ir às compras e agir racionalmente, pois o consumo
está conectado à sensação de pertencimento, de inclusão e de maior qualidade de vida. Essas são conquistas
das quais ninguém quer abrir mão. Por outro lado, é preciso considerar que a queda no poder de compra,
neste momento, é generalizada, sem distinção de classe social. Todos, portanto, devem adotar cautela extra
na gestão do orçamento mensal, a fim de evitar desequilíbrios e problemas financeiros.

14
6. CONCLUSÕES

PERFIL DO INADIMPLENTE
»» 56,3% dos consumidores inadimplentes são do sexo feminino e 43,7% são do sexo masculino. 64,1%
pertencem à faixa etária de 25 a 49 anos.

»» 92,2% são da Classe C/D/E e 58,8% possuem o segundo grau completo ou incompleto.

»» Ocupação profissional: 33,9% são funcionários de empresas privadas, incluindo estagiários e 28,4%
autônomos. 15,9% se definem como atualmente desempregadas, 21,9% destes estão nesta condição há
um ano.

»» 71,4% estão com o nome sujo pela primeira vez (contra 48,2% em 2015), principalmente os homens
(77,2%).

PERFIL DA DÍVIDA
»» Os principais compromissos financeiros que os inadimplentes admitem ter são a conta de água/luz
(57,6%), as parcelas a pagar do cartão de loja (47,5%), a conta de telefone fixo ou celular (41,9%) e as
parcelas a pagar no cartão de crédito (40,4%). Em todos esses casos, percebe-se uma tendência de queda
nos percentuais de compromissos financeiros em relação a 2014 e 2015.

»» Dentre aqueles que estão em dia, os mais citados são o aluguel (94,9%), o plano de saúde (91,8%) e o
condomínio (91,3%), seguidos do plano de TV por assinatura (87,9%) e a da conta de água/luz (85,6%).

»» As principais contas em atraso correspondem aos empréstimos em banco ou financeira (89,6%), as


parcelas a pagar de cartão de loja (83,9%), as parcelas a pagar no cartão de crédito (74,9%) e crediário/
carnê (68,7%).

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»» Produtos e serviços comprados responsáveis pela dívida em atraso no cartão de crédito, cartão de loja,
cheque ou carnê: roupas (45,0%), calçados (25,8%) e eletrodomésticos (17,4%).

»» Quase todos os compromissos financeiros em atraso encontram-se nesta situação há mais de um ano,
com média de 16,6 meses. Destaque para o empréstimo em banco ou financeira (21,3 meses em média)
e o cheque especial (21,7 meses). A única exceção é a conta de água e luz, com atraso de 7,0 meses, em
média.

»» O valor total da dívida dos inadimplentes é de R$ 3.543,60, em média, com queda de 39,3% em relação
a 2015.

»» Considerando os tipos de contas em atraso, os maiores valores financeiros correspondem ao financiamento


de automóvel (média de R$ 5.834,10), o empréstimo em banco ou financeira (R$ 4.403,30) e o cheque
especial (R$ 3.136,80).

»» Principais motivos alegados para deixar de pagar as contas atrasadas: perda do emprego (28,2%),
diminuição da renda (14,8%), falta de controle financeiro/ falta de planejamento no orçamento (9,6%) e
empréstimo do nome para compras feitas por terceiros (9,3%).

»» Dentre os que alegaram falta de controle financeiro/ falta de planejamento no orçamento ou crédito
fácil, os principais motivos para a dívida em atraso são: 31,7% quiseram aproveitar uma promoção e
compraram sem avaliar o orçamento; 29,3% não negociaram bem no momento da compra e 12,2%
argumentam que quando estão ansiosos (as) com alguma coisa, costumam comprar mais que o
necessário para se sentirem bem.

»» No momento em que a dívida foi gerada, 50,0% garantem não ter enfrentado nenhum problema
que pudesse ter contribuído para estourar as finanças. 10,1% citaram a ansiedade; 8,8% falaram em
insatisfação/problemas no trabalho e 8,8% mencionaram o emocional abalado por causa de problemas
financeiros.

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CAPACIDADE E PRETENSÃO DE PAGAR A DÍVIDA
»» 46,5% garantem não ter condições de pagar as dívidas em atraso nos próximos três meses, enquanto
7,9% afirmam poder pagar (total ou parcialmente), mas não pretendem fazê-lo.

»» 20,6% dizem reunir condições de honrar integralmente, nos próximos três meses, os compromissos
atrasados. À medida que aumenta o valor da dívida, cresce o percentual daqueles que dizem não poder
pagar - chegando a 75,2% entre os que devem R$ 5.000,00 ou mais.

»» Contas com maior capacidade e intenção de pagamento total nos próximos três meses: telefone (29,2%)
e financiamento de automóvel: (25,0).

»» O empréstimo em banco ou financeira (56,2%) e o cheque especial (54,1%) são as contas mais citadas
dentre aquelas que o entrevistado diz não ter como pagar.

»» Meios preferidos dos inadimplentes que pretendem pagar a dívida (parcial ou integralmente) para realizar
o acerto com o credor: acordo entre as duas partes, parcelando o débito, (47,3%), bicos para geração de
renda extra (22,9%) e cortes nos custos para economizar (21,1%).

»» Cortes para economizar e pagar as dívidas em atraso: lazer (46,6%), vestuário e calçados (36,2%),
alimentação fora de casa (34,5%) e supermercado (20,7%).

»» Em média, todas as dívidas em atraso serão pagas em 11,7 meses. Quanto maior o montante devido,
maior o prazo estipulado para a quitação, ultrapassando o período de três anos para aqueles que devem,
em média, R$ 6.754,85.

»» Dificuldades para realizar o pagamento: economizar e deixar de comprar coisas que são fundamentais/
básicas (38,7%); o valor da dívida é muito superior aos ganhos e eles não têm de onde tirar o dinheiro
(34,1%).

EXPECTATIVAS PARA O FUTURO


»» 61,2% acreditam que a situação piorou em 2016 em
relação a 2015 – seja em razão do endividamento
(24,4%), seja por que estão desempregadas (16,4%)
ou a renda diminuiu (20,4%).

»» Apenas 15,1% acreditam que a situação melhorou,


devido ao aumento da renda (6,0%) ou ao fato de
que se sentem mais seguros no emprego (9,1%).

»» Pensando nos próximos seis meses: 52,3% imaginam


que sua situação financeira irá melhorar, enquanto
24,1% acreditam que não haverá alterações e 5,8%
esperam uma piora. 17,8% não sabem dizer como
estará a situação daqui a seis meses.

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7. METODOLOGIA

Público-alvo: Consumidores com dívidas em atraso há mais de 90 dias, de todas as regiões brasileiras,
homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas.

Método de coleta: pesquisa realizada pessoalmente em ponto de fluxo.

Tamanho amostral da Pesquisa: 602 casos, gerando margem de erro no geral de 4.0 p.p para um
intervalo de confiança a 95%.

Data de coleta dos dados: 17 de junho a 13 de julho de 2016.

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