A situação agrícola da Coréia do Norte

Woon-Keun Kim Research Director, Center for North Korea Agriculture, Korea Rural Economic
Institute 4-102, Hoigi-Dong, Dongdaemun-Ku, Seoul 130-710, Korea

Resumo
A recente escassez de comida na Coréia do Norte é resultado de um desastre climático, alguns
problemas com as fazendas coletiva, e as dificuldades econômicas que começaram no início
dos anos 1990s. Como as dificuldades econômicas resultaram em uma falta de energia e
matérias-primas como fertilizantes e químicos agrícolas, a produção agrícola diminuiu. A
situação piorou ainda mais por causa do clima frio, indundações e secas que ocorreram
frequentemente desde 1993. Portanto, a situação da comida na Coréia do Norte está agora em
um estado de dificuldades. Recentemente algumas mudanças políticas estão apresentando
resultados encorajadores.

Sistema de posse de terra escala, particularmente para usar

Na Coréia do Norte, a maior parte das
decisões econômicas são feitas pelo
governo centralizado, na forma tanto de
planos econômicos quanto de instruções
específicas. As políticas agrícolas tem sindo
intimamente ligadas com as metas
naconais de uma série de planos
econômicos formulados pelo governo.
Todas as decisões com relação aos
objetivos da produção, a distribuição
desses produtos, a alocação da entrada,
preços e o marketing foram feitas de
acordo com esses planos. Um dos
primeiros atos do governo Norte Coreano
após ele ser estabelecido em 1946 foi uma
reforma agrária. Sob o Ato da Reforma
Agrária, aproximadamente 54% de toda a
terra cultivada sob propriedade privada foi
confiscada. Toda propriedade mantida
sobre arrendamento constante ou acima
de 5 ha (12.3 acres) também foi confiscada.
Por volta de Agosto de 1958 todo
camponês individual tinha sido reabsorvido
em coletivos recentemente criados.
Imediatamente depois da realização da
coletivização, um grande programa foi
lançado para expandir a escala de cultivo.
O governo considerou que o tamanho
predominante dos coletivos era muito
pequeno para realizar economias de
maquinário de fazenda. A mecanização das
fazendas era considerada como uma das
mais poderosas formas de transformar o
cultivo tradicional em um sistema
moderno. Todos os coletivos, que até
então tinham sido baseados na unidade
tradicional de povoação, foram fundida
para fazer um único coletivo em cada Ri (a
menor unidade administrativa, equivalente
a um distrito). Como um resultado, o
número de coletivos caiu de mais de 50000
para apenas 4000, enquanto seu tamanho
médio expandiu para aproximadamente
500 ha, cada contendo por volta de 300
agregados familiares. Hoje, o tamanho
médio de uma fazenda na Coréia do Norte
é de 466 ha (1151 acres). Cada fazenda é
operada por um número de 80 a 300
famílias fazendeiras.
Fazendas cooperativas são responsáveis
por 90% da terra cultivada e da produção
agrícola, e fazendas estatais são
responsáveis pelos outros 10%. Fazendas
estatais são fazendas modelo operadas
como empreendimentos industriais. Elas
são geralmente maiores e mais altamente
mecanizadas que as coletivas, e também
são gerenciadas mais eficientemente. O
gerenciamento das fazendas coletivas está
nas mãos de comitês de gestão
compreendidos por especialistas
agricultores e técnicos. O comitê
estabelece cotas de produção, aloca
recursos, determina e paga salários,
monitora crédito e direciona o uso de
sementes, tratores e fertilizantes. As
fazendas coletivas também desenvolveram
o método de gerenciamento Chongsan-ni,
um modo de orientação especializando e in
loco que requer os comitês de
gerenciamento para ajudar os fazendeiros
a aprimorar a produção através de
incentivo e outros encorajamentos.
Junto à expansão de fazendas em unidades
maiores, instituições não-agrícolas como
clínicas de saúde, escolas primárias, jardins
de infância, e refeitórios comunitários
foram estabelecidos em cada fazenda
cooperativa. Fazendeiros individuais
receberam pequenas áreas de plantio para
que cultivem para si mesmos. O tamanho
dessas áreas é limitado a 30-50 pyong
(100-170m2), dependendo no tamanho da
família. É permitido aos fazendeiros o
plantio de vegetais, árvores frutíferas e
outras colheitas lucrativas, além da criação
de aves, porcos e abelhas, ambos tanto
para consumo doméstico quanto para
venda em mercados de fazendeiros.
Política agrícola
As políticas agrícolas da Coréia do Norte
são direcionadas para resolver o problema
da falta de alimentos através das “quatro
melhorias” em tecnologia agrícola:
irrigação, mecanização das fazendas,
eletrificação rural, e químicos agrícolas.
O governo também tem realizado um
número de projetos de recuperação para
aumentar a área de terra arável. Foi dada
prioridade à melhoria da infraestrutura
agrícola, especialmente na expansão das
instalações de irrigação, terraceamento e
drenagem de novas terras aráveis. A fim de
se tornar auto-suficiente em fertilizantes, a
Coréia do Norte construiu novas fábricas
de fertilizante. A pesquisa agrícola e os
serviços de orientação foram expandidos
para melhorar a tecnologia agrícola,
particularmente a aplicação de fertilizantes
e pesticidas. Um programa foi iniciado para
substituir a produção de cereais diversos
(painço italiano, sorgo, etc.) por milho. A
área de terra arável destinada ao milho
aumentou de 10% em 1953 para 35-40%
nos anos 1990s.
As estratégias de desenvolvimento da
agricultura nos anos 1970s e 1980s tinham
o amplo objetivo do desenvolvimento
equilibrado da agricultura e da indústria.
Algumas características do Plano de Seis-
Anos (1971-76) e o segundo Plano de Sete-
Anos (1978-84) eram:
 Melhoria das condições de vida
rural e da infraestrutura;
 Expansão da produção de grãos de
alimento para atingir a auto-
suficiência;
 Desenvolvimento de recursos para
a água e a terra para proteger os
fazendeiros de mudanças
climáticas desfavoráveis;
 Aceleração da mecanização das
fazendas para liberar os
trabalhadores de trabalhos
manuais pesados.
Os objetivos específicos eram:
 Produção annual de 10 milhões de
toneladas de grãos;
 100% de irrigação de plantações
não-arroz nos planaltos;
 Recuperação de 150.000 ha de
terras em declive por
assentamento;
 Distribuição de tratores para

atingir 10 tratores para cada 100 ha;
 Aplicação de 2 toneladas de
fertilizante por ha;
  Produção de 900.000 toneladas de
carne por ano;
 Produção de 1.5 milhões de
toneladas de frutas.
Para impulsionar a produção agrícola, a
Coréia do Norte desenvolveu as “áreas de
produção especializada” para milho,
pecuária, frutas e alguns cultivos industriais
selecionados. Forneceram apoio intensivo,
tanto financeiro quanto técnico, para as
fazendas estatais e coletivas localizadas
nessas regiões designadas. A pesquisa
tinha ênfase em em variedades
melhoradas de milho e soja, como parte de
um esforço para encorajar o cultivo duplo.
Apesr de todos esses esforços para
aumentar a produção agrícola, a taxa de
crescimento não foi tão grande quanto
esperada. A fim de resolver esse problema,
a Coréia do Norte tem se empenhado em
aumentar a área de terra arável desde os
anos 1980s.
Entretanto, os danos de desastres naturais
recentes foram exacerbados pelo sobreuso
da terra. As enchentes de 1995 causaram
deslizamentos de terra largamente
difundidos sobre os terrenos construidos
por esses programas em todo o país.
Naquele ano 300.000 ha foram inundados.
Mesmo depois que as enchentes
retrocederam, 100.000 ha foram deixados
cobertos por areia e cascalho. Isso explica
o por que da terra arável diminuiu
bruscamente nos últimos anos. As políticas
agrícolas atuais na Coréia do Norte
enfatizam a melhoria da infraestrutura
agrícola, aumentoda produção de batata,
expansão do sistema de plantio duplo,
melhorias nas sementes e ajustes na posse
da terra. Sob a nova liderança de Kim Jong-
Il, houveram expectativas de mudanças na
política agrícola. Entretanto, a Coréia do
Norte decidiu que não haveriam
mudanças, mas ao invés um fortalecimento
do sistema econômico socialista
centralizado. Foi declarado que o
gerenciamento cooperativo seria
gradualmente transformado em um
sistema de gestão estatal. Extensão e
administração nas áreas rurais iriam
ajustar-se aos princípios e métodos da Tése
sobre Agricultura de 1964 por Kim Il-Sung.
A Coréia do Norte está agora melhorando
sua produção agricular ao promover a
diversificação de cultura, e suplementar os
químicos agrícolas com métodos de cultivo
orgânico. Sob Kim Il-Sung, o milho se
tornou o mais importante cultivo de
planalto em toda a Coréia do Norte. Essa
política não levou inteiramente em
consideração as amplas variações em solo
e clima em áreas montanhosas, onde antes
de 1945 muitas espécies e variedades de
plantas tinham sido cultivadas.
Em alguns casos, administradores agrícolas
e especialistas superzelosos tentaram
agradar Kim Il-Sung ao recomendar plantio
de extremamente alta-densidade e
aplicações pesadas de fertilizantes
químicos para um número bem limitado de
variedades e híbridos das duas plantas
principais, arroz e milho. O programa atual
de diversificação é uma grande melhoria
em relação ao sistema de cultura uniforme
baseado em milho que prevalecia sobre a
maior parte da Coréia do Norte. O
programa atual de diversificação do
cultura, que começou em 1999, tem como
objetivo aumentar a produção de batata
ou por plantio duplo ou pela substituição
de segundas colheitas de milho por batata
após a colheita de pequenos grãos
(especialmente cevada e trigo). Essa ênfase
na produção de batata para maior
segurança alimentícia é uma mudança
significativa na política. A diversificação
não significa que a batata foi escolhida
como a principal plantação de planalto. O
milho ainda é a principal, junto com o
arroz. Entretanto, essa mudança de política
reflete a boa vontade dos líderes de
adicionar uma terceira planta principal
para o já inteiramente implementado
sistema de cultivo duplo de pequenos
grãos. Além disso, isso demonstra maior
autonomia para as fazendas cooperativas,
que são agora permitidos escolher o que
vão plantar. Outra coisa é a transformação
da agricultura química em agricultura
orgânica. A Coréia do Norte acentua que é
essencial evitar mais acidificação do solo
causado pela aplicação excessiva de
fertilizantes químicos.
Terra disponível
A area total da Coréia do Norte é de 12
milhões de ha. Disso, 75% é acidentado ou
montanhoso. O restante 1.96 milhões de
ha (16.3%) é arável, com 320 mil ha sendo
para culturas perenes como amora e
frutas. A área de terra arável por pessoa
em 1999 era apenas 0.091 ha. Dois terços
da terra arávelem encontrada nas
províncias ocidentais (Pyongan Norte,
Pyongan Sul, Hwanghae Norte e Hwanghae
Sul) enquanto as três províncias defronte
ao Mar Amarelo contém 60% dos arrozais
da nação. Um quarto da terra arável está
contida nas três províncias da região
oriental (Hamgyong Norte, Hamgyong Sul,
e Kangwon). A região interior (as províncias
de Chagang e Ryanggang) é montanhosa,
seca e fria, mas rica em recursos florestais.
População fazendeira
De acordo com dados da Organização das
Nações Unidas para a Agricultura, a
população total da Coréia do Norte em
1997 era 22.8 milhões, dos quais 29.6%
estão envolvidos na produção agrícola.
Essa porcentagem é muito menor do que
em 1965, quando 40.8% da população era
agrária. O trabalho agrícola conta como
40% da força de trabalho na Coréia do
Norte, o que é maior que os 11% da Coréia
do Sul. A baixa produtividade do trabalho
no Norte é resultado do uso de mão de
obra externa como estudantes e soldados
pelo país para plantar e colher. O maior
problema é que, como na Coréia do Sul, a
idade média dos fazendeiros em tempo
integral é relativamente alta.
Irrigação e drenagem
A convervação da água é muito
importante, especialmente em regiões
onde se planta arroz. A Coréia do Norte
tem um slogan: “A irrigação é o sangue
vital da agricultura e sem irrigação, não há
aumento na produtividade.” Desde que a
Coréia do Norte tem de 70-80% de sua
precipitação total anual nos dois meses de
verão de Julho e Agosto, a água deve ser
armazenada para minizar a falta de água
para as plantações durante o resto do ano.
Por essa razão, a Coréia do Norte tem
enfatizado a irrigação desde o seu primeiro
plano de desenvolvimento em 1957-60. O
sistema de irrigação se extendeu até
mesmo para áreas montanhosas.
Relatórios demonstraram que quase 100%
das plantações de arroz eram irrigados e
60% das plantações de planalto.
Investimentos substanciais foram feitos
para reservatórios, canais e estações de
bombeamento. Como parte de sua rede de
irrigação, a Coréia do Norte construiu
80.000 lagos artificiais, 1700 reservatórios,
25.210 estações de bombeamento,
124.000 instalações de águas subterrâneas
e 40.000 km de calhas. Projetos de
irrigação na costa oeste para áreas de
plantio de arroz estabeleceram um longo
canal de 100 km, com túneis de 40 km e
fossos de 60 km de comprimeto. Foi
relatado que em tudo menos 300.000 ha
de terra irrigada, a água deve ser
bombeada de rios, geralmente de uma
altura considerável. Entretanto, hoje em
dia há algumas dúvidas se o sistema ainda
é inteiramente funcional. Muitas bacias
hidrográficas em áreas montanhosas foram
danificadas e algumas instalações de
irrigação foram destruidas por enchentes.
Fertiltilizante
Em 1947, A Coréia do Norte pode produzir
300.000 toneladas de fertilizantes
químicos. Entretanto, algumas fábricas
foram destruídas durante a Guerra da
Coréia, depois da qual a Coréia do Norte
teve que importar fertilizantes da União
Soviética.
Um decreto de 1961 promoveu a produção
e o uso de fertilizantes químicos. Como um
resultado desse decreto, a produção
doméstica de fertilizantes aumentou.
A Coréia do Norte produziu 300.000
toneladas em 1970, 460.000 toneladas em
1975 e 850.000 toneladas em 1990. É
estimado que a Coréia do Norte tenha uma
capacidade de produção de 3.5 milhões de
toneladas (2 milhões de toneladas de
fertilizante azotado e 1.5 milhões de
fertilizante de fósforo). O objetivo do
Terceiro Plano de Sete Anos (1985-1992)
era de aumentar a taxa de aplicação para
uma média de 2.5 toneladas/ha. O
aumento no uso de fertilizantes químicos
foi uma das principais razões do aumento
constante da produção de grãos na Coréia
do Norte durantes os anos 1980s.
Porém, as recentes dificuldades
econômicas levaram a um declínio tanto no
uso de fertilizantes quanto na produção de
grãos. O Ministro da Agricultura da Coréia
do Norte está pedindo a fazendeiros para
que produzam adubo dos resíduos das
colheitas e esterco de curral, mas de
acordo com dados do Departamento de
Agricultura dos EUA, o Banco Mundial e a
Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura, a produção de
fertilizante tem diminúido desde 1990. De
acordo com o Ministro da Agricultura da
Coréia do Norte, em 1997 a Coréia do
Norte usou 600.000 toneladas de
fertilizantes de nitrogênio. Nas áreas
orientais de produção de arroz, as taxas de
aplicação média são de 300-400 kg/ha. Em
campos elevados em áreas montanhosas,
as taxas de aplicação são de 200-250
kg/ha. Essas taxas são muito menores do
que aquelas dos anos 1980s, onde 600-800
kg/ha de fertilizantes químicos foram
aplicados.
O mais sério problema da indústria de
fertilizantes da Coréia do Norte é uma falta
de equilíbrio nos nutrientes aplicados. O
nitrogênio é usado em demasia, enquanto
muito do fertilizante de fósforo é
disponível apenas através de importações.
Uréia e amônio são produzidos em nível o
suficiente para atender à demanda.
Ultimamente, foram feitos esforços para
introduzir culturas que requerem pouco
fertilizante químico mas ainda assim geram máquinas em operação tem diminuído
uma produção rasoável. O uso de desde 1994, devido à falta de combustível
fertilizantes microbianos está sendo e peças sobressalentes como resultado da
expandido, para reduzir a dependência dos crise econômica.
adubos químicos, enquanto a terra arável
tem recebido uma correção de solo de Abastecimento de sementes e
ricos depósitos aluviais dos rios para controle de pragas
reabastecer o topo do solo. Sessenta
fábricas de produção especializadas foram
postas em operação para produzir
batéricas que aumentem a fertilidade do
solo, usando tecnologia que requer apenas
um pequeno uso de energia.

Maquinário
A produção de sementes na Coréia do
A Coréia do Norte iniciou um programa Norte é responsabilidade do Ministro da
para mecanizar as fazendas em 1960. A Agricultura. Pesquisa, cruzamento de
ênfase no desenvolvimento de maquinário plantas e desenvolvimento de linhas puras
de multi-propósito, inicialmente para as são realizados pela Acadêmia de Ciências
planícies e mais tarde para áreas Agrícolas. O desenvolvimento de
montanhosas. Por causa das características variedades de alto rendimento tem sido
topográficas, grandes tratores eram usados muito importante na evoluçãoda produção
nos terrenos mais baixos enquanto moderna de comida na Coréia do Norte,
máquinas menores eram usadas nas assim como no resto do mundo.
montanhosas. Podemos esperar um
Variedades anãs de alta produtividade e
aumento futuro no número de tratores,
resistentes a doenças foram desenvolvidas
desde que altos custos de oportunidade
e fornecidas aos agricultores. A qualidade
estão envolvidos na manutenção ou
das sementes no Norte é excelente, apesar
expansão do fornecimento de animais de
do fato não ser reconhecido no exterior.
tração. Além disso, máquinas podem ser
Porém, a Coréia do Norte tem limitações
usadas para uma variedade de trabalhos,
climáticas. O período de crescimento livre
enquanto animais são geralmente usados
de gelo é pequeno, e o clima é muito frio
apenas para um. Entretanto, o tamanho
para a produção de arroz. Portanto,
médio dos campos é muito pequeno para
cientistas Norte Coreanos tem
tratores de 25-35 cv. Para tratores desse
desenvolvido variedades apropriadas ao
tamanho serem usados eficientemente, o
clima e altitude locais. O clima da Coréia do
tamanho médio das plantações precisa
Norte opõe-se à cultura dupla de arroz na
aumentar cerca de dois terços de um
maioria das áreas, assim métodos
hectare. A mecanização das fazendas tem
diferentes tiveram de ser idealizados para
mostrado muito progresso desde os anos
aumentar a produtividade. Um método é o
1970s. O número de tratores, um indicador
uso de mudas estratificadas. Fazendeiros
da mecanização, aumento de 9.000 em
plantam mudas de arroz em leitos secos
1960 para 75.000 em 1997. Similarmente,
protegido, permitindo que eles comecem a
o número de tratores para cada 100 há
plantar seu arroz antes da temporada
aumentou de 11 em 1970 para 37 em
normal.
1997. A mecanização teve grande
contribuição na produção de grãos na
Coréia do Norte. Todavia, o número de
A densidade de planta por hectare é
comparativamente alta, com 420.000-
480.000 plantas de arroz/ha e 70.000-
80.000 plantas de milho/ha. A taxa de
semeadura também é relativamente alta,
variando de 120 a 150 kg/ha para arroz
transplantado e 40-50 kg/ha para milho.
Considerando a qualidade da semente e
levando em conta perdas e refugo, essas
taxas são típicas da maior parte dos países
do Sudeste Asiático. As variedades
dominantes e sua produtividade são
mostradas na Tabela 2. Qual variedade os
fazendeiros plantarão é determinada pela
altitude da plantação e o número de dias
livres de gelo. A Coréia do Norte vem
concentrando recentemente na produção
de sementes híbridas de primeira geração.
O governo reconhece que plantas crescidas
dessas sementes tem alta produtividade e
são resistentes, então são capazes de
sobreviver em clima ruim. Sementes
híbridas de milho, soja e abóbora foram
produzidas em 1998. O milho híbrido tem o
dobro da safra da semente convencional, e
pode ser plantando até a 2.000 m de
altitude. Culturas de soja híbrida podem
ser colhidas duas vezes ao ano, enquanto
abóboras híbridas constantemente pesam
100 kg. Em arrozais, o gorgulho do arroz é
potencialmente a mais séria peste
afetando a produção. A peste foi
inicialmente identificada em 1988, e tem
danificado o arroz periodicamente desde
então. O dano mais sério ocorreu em 1992,
reduzindo a produção em 20%. Desde
então, os problemas tem sido muito
menores. A Coréia do Norte tem
dependido em importações para os
pesticidas necessários. É assumido que a
diminuição nos químicos importados
devido à crise depois de 1992 teve algum
efeito na produção.
Pesquisa e Extensão
O sistema Norte Coreano de pesquisa e
extensão agrícola é organizado para
disseminar a tecnologia moderna de cima
para baixo. O sistema é modelado de
acordo com aquele encontrado na antiga
União Soviética. Agricultura na Coréia do
Norte é baseada no princípio de “crescer as
culturas certas, no solo certo e na época
certa” e enfatiza o Juche. O método
agrícola do Juche é visto como um método
científico para a agricultura projetado para
melhor satisfazer as características da
Coréia do Norte e seu sistema coletivo. O
governo Norte Coreano tem expandido o
uso de fertilizantes químicos em larga
escala. A Coréia do Norte pôde adotar
muitas novas variedades, novas
tecnologias, maquinário agrícola avançado
e fertilizantes químicos nos últimos 50
anos. A Acadêmia de Ciências Agrícolas
(ACA), estabelecida em 1952, tem três
departamentos de gerenciamento, 36
laboratórios e 14 segmentos. Também tem
sete fazendas de pesquisa, cinco das quais
são para culturas especiais, um para gado e
um para culturas genéricas. É o instituto
primário para pesquisa agrícola na Coréia
do Norte, e emprega 2.900 cientistas mais
equipe técnica. A ACA conduz pesquisa e
também trabalho com cooperativas
agrícolas para realizar demonstrações de
campo. Universidades de agricultura e
faculdades também realizam pesquisa
agrícola em diferentes partes da Coréia do
Norte.
Sistemas de Cultivo
Na Coréia do Norte, o arroz é a planta
alimentícia mais importante. O milho é o
segundo em importância mas está em grau
quase tão alto quanto o arroz em termos
de área plantada. Outras culturas incluem
o trigo, cevada, batata, soja, beterraba,
vegetais, frutas, amora, sorgo, painço e
trigo sarraceno.
A temporada de produção de arroz dura de
150 a 180 dias. Todo o arroz crescido no
Norte pertence ao tipo Japonica e mais de
80% pertence a apenas três variedades:
Pyongyang 15, Pyongyang 18 e Pyongyang teor de amido. Elas são usadas
21 (Tabela 2). principalmente para macarrão, bolos de
batata frita e comidas similares. A pesquisa
Hibridos ainda estão sendo produzidos nas
atual é direcionada a cruzar variedades
estações de pesquisa. A principal doença
com conteúdo elevado de amido e que
afetando o arroz é o fungo da brusone do
podem crescer bem nas planícies ao sul.
arroz, enquanto a principal peste é o
Em minha opinião, aproximadamente
gorgulho do arroz. Em novos ensaios de
100.000-200.000 ha de campo na baixada
pesquisa bem gerenciados de novos,
sul poderiam ser usados para a produção
melhorados cultivares, foram obtidos
de batata. Material de plantio livre de virus
rendimentos de 7 até 8-9 toneladas por
são muito importantes na produção de
hectare. Uma importante inovação é o
batata. No presente, aproximadamente
então chamado “método de mudas
1500kg de sementes de batata são usados
maduras”, pelo qual mudas de arroz de 45
por hectare. Normalmente, a batata é
dias de idade são transplantadas no
plantada no início de Abril como em
campo. Esse método de cultivo tem como
consórcio e é colhida no fim de Junho. Se é
objetivo o aumento da produção de arroz
a cultura principal, é plantada no início de
com menos recursos, e estabelece uma
Junho e colhida no início de Setembro. A
cultura dupla de cevada com arroz ao
soja é uma fonte essencial de proteína.
diminuir o tempo do ciclo produtivo no
Soja é normalmente plantada em jardins
campo principal. Outra vantagem desse
domésticos, em cumes e aterros ao redor
método é que ele minimiza o impacto de
de campos de arroz, ou em qualquer
inundações de primavera. O milho é outra
terreno aberto disponível. O rendimento
cultura importante, e é utilizado tanto para
da soja varia de valores baixos como 0.4
a alimentação animal quanto o consumo
toneladas/ha até 3 toneladas/ha, com uma
humano. O período normal de crescimento
média de 1-1.2 toneladas/ha. A soja não é
varia entre 110 e 135 dias. A maioria das
tratada como uma cultura principal, mas
plantações de milho na Coréia do Norte
sim como uma auxiliar cultivada ou
são hibridas, entretanto algumas
intercalada onde houver terra disponível.
variedades de polinização livre ainda são
Ainda assim, eu estimaria que um total de
semeadas nas áreas montanhosas. As
mais de 100.000 ha de soja sejam
principais pestes e doenças são a lagarta de
cultivados ao ano. Em vista da importância
cereais, a broca do caule, a broca do milho
da soja para a fertilidade do solo (fixação
e a ferrugem dos fereais. Variedades de
do nitrogênio) e como uma fonte de
maturação rápida (90-100 dias) com
proteína e óleo vegetal, pesquisas estão
resistência ao frio, ao armazenamento, etc.
sendo conduzidas sobre vários métodos de
estão sendo desenvolvidas. A tecnologia
cultivo, como a intercalação com milho e
usada para o cruzamento e a propagação
vegetais. Variedades de soja resistente a
de sementes é relativamente avançada.
pestes, doenças e sal e com baixa
Batatas são tradicionalmente cultivadas
necessidade de recursos estão sendo
nos planaltos ao norte. O rendimento
testadas para futuro uso no campo
médio é de aproximados 9-10
toneladas/ha, e os tubérculos são
razoavelmente pequenos. A batata é
geralmente cultivada como uma segunda
cultura após o milho, ou consorciado com
outros vegetais. As variedades de batata
cultivadas na Coréia do Norte tem um alto
Plantio Duplo Hamhung na Província de Hamgyong do
Sul. A expansão da cultura dupla na Coréia
Nos anos 1950s, o Norte mudou a do Norte parece estar intimamente ligada
produção de milho de um sistema rotativo ao Programa de Plantio Duplo da junta do
para um de cultura única, de forma a programa PNUD/Coréia do Norte, que vem
maximiza a produção de grãos. Isso sendo seguido desde 1996 para melhorar a
prejudicou a produção de pequenos grãos produção de grãos. No primeiro programa
como painço, sorgo, feijão vermelho, feijão de larga escala de plantio duplo de 1997,
verde, todos os quais tinham um 38.000 ha de cevada foram plantados. Em
rendimento menor que o do milho. O 1998, isso foi expandido para 70.000 ha de
presidente Kim Il-Sung recomendou o trigo (inverno e primavera) e cevada. Em
milho híbrido como a segunda principal 1999 a área destinada a esse tipo de
plantação para fins alimentares, para cultura aumentou para 100.000 ha, e os
aliviar a escassez de comida. A produção sistemas foram diversificados para incluir
de milho se tornou uma prioridade mesmo batata, soja e vegetais.
em áreas não apropriadas. O sistema
predominante, em que uma única Problemas alimentares atuais
plantação de arroz é feita nos arrozais e
A produção de suprimento de grãos na
uma única de milho nos planaltos, está
Coréia do Norte era apenas 1.9 milhões de
agora sendo revisado, e o plantio duplo é
toneladas em 1946, mas tinha aumentado
recomendado. A rotação de culturas tem a
para 10 milhões de toneladas em 1984 –
vantagem de melhorar a fertilidade dos
um aumento de cinco vezes em menos de
solos empobreciso pela monocultura,
40 anos. Isso tem q ser comparado com o
assim como maiores rendimentos totais
fato que durante o mesmo periodo, a
por unidade de terra. A Coréia do Norte
produção de grãos da Coréia do Sul
permite aos fazendeiros escolherem eles
aumentou apenas 2,5 vezes. A meta de
mesmos a planta mais apropriada para sua
produção de grãos no Plano Econômico de
área, mas geralmente uma plantação de
Seis Anos, que terminou em 1976, era de 8
grãos é seguida por outra plantação de
milhões de toneladas. A meta no Segundo
grãos. Cevada ou trigo é geralmente
Plano de Sete Anos, que acabou em 1984,
plantado do fim de Fevereiro ao meio de
era de 10 milhões de toneladas. As
Março, seguido por arroz ou milho como
autoridades Norte Coreanas anunciaram
segunda cultura. Quando um sistema de
que esses objetivos foram alcançados. Em
plantio duplo é implementado em arrozais
1995, as autoridades anunciaram que a
nas planícies, geralmente é tarde demais
produção daquele ano foi de apenas 3.76
para transplantar o arroz depois de colher
milhões de toneladas. De acordo com o
a primeira safra nos primeiros 20 dias de
Ministro da Unificação em Seul, a demanda
Junho. A Coréia do Norte agora está
norte coreana por cereais em 1998/99 era
usando mudas maturadas por 60 dias, para
6.5 milhões de toneladas, enquanto a
superar esse problema. Em algumas
produção foi de 3.8 milhões. A Coréia do
províncias, um sistema de plantio arroz-
Norte sofreu desastres naturais todo ano
batata é encorajado. Em áreas onde é
durante os anos 1990s, e o
difícil implementar a cultura dupla de grão-
desabastecimento de grãos é estimado em
a-grão, como as províncias de Ryanggang,
aproximadamente 3 milhões de toneladas
Chagang, e Hamgyong do Sul, um sistema
a cada ano. A Coréia do Norte vem
de plantio arroz-batata é encorajado, junto
importando cereais do exterior para
a arroz após cevada e trigo ao sul de Anju
superar esse problema (veja a tabela 3).
na Província de Pyongan do Sul, e sul de
O Norte encara numerosos problemas
quanto às causas dos problemas de
desabastecimento. Primeiramente, a
Coréia do Norte era altamente dependente
na então União Soviética, China e os países
do Leste Europeu para cooperação
econômica e tecnológica. Após esses países
adotarem uma economia de mercado, a
Coréia do Norte não mais podia aproveitar
de comércio de permuta ao estilo socialista
com seus aliados. Por causa da falta de
troca estrangeira, a Coréia do Norte teve
de reduzir as importações, não só de
cereais, mas também de várias matérias
primas a princípio obtidas através da
permuta. Devido a uma falta de
combustível, muitas fábricas tiveram de
reduzir suas horas de operação. Como um
resultado, falharam em atingir a demanda
por fertilizantes, químicos agrícolas e
maquinário de fazenda. Em segundo lugar,
o sistime de fazendas cooperativas tem
alguns problemas. A Coréia do Norte tem
cerca de 1.48 milhões de ha de terra
plantável de um total de 12 milhões de ha.
É relatado que a Coréia do Norte
desenvolveu boas tecnologias para o
cruzamento de arroz e milho, mas a
produtividade nas fazendas cooperativas
tem declinado. Uma família fazendeira
norte coreana geralmente recebe um
pequeno terreno, cerca de 100 m2, para
uso privado. A produtividade nas fazendas
privadas é de 3-5 vezes maior que em 9
fazendas cooperativas. Isso é por causa
que os fazendeiros se importam mais com
si mesmos, e frequentemente usam em
suas plantações fertilizantes e pesticidas
pegos das fazendas cooperativas. Terceiro,
as autoridades norte coreanas ordenaram
aos fazendeiros que cortem plantas
perenes como os pinheiros em encostas de
montanhas. Esse método teve sucesso
inicialmente, mas a produção de milho
requeria uma grande quantia de
fertilizante. O terreno acidentado também
significava que um alto fator de trabalho
era necessário para colher o milho e levá-lo
às cidades. O resultado realmente danoso
é que como as àrvores eram cortadas,
houveram deslizamentos de terra que
destruíram não só os terraços altos mas
também cobriram as terras férteis em
baixo com areia e pedra. O desmatamento
e a construção de terraços foram a
principal causa de inundações em 1995 e
1996. Cerca de 70% da terra arável da
Coréia do Norte está na área costeira
sudoeste, e foi danificada por enchentes.
Além disso, a Coréia do Norte é
pobremente dotada de recursos agrícolas
comparada com, por exemplo, a Coréia do
Sul. Cerca de 90% de sua terra é
montanhosa, e a altitude média do país é
de 400 m acima do nível do mar. Devido a
baixas temperaturas e um curto ciclo
produtivo, os rendimentos das plantações
sempre foram razoavelmente baixos.
Perspectivas para a reforma
agrícola na Coréia do Norte
A Coréia do Norte tem recentemente
realizado reformas para lidar com seus
problemas de produção de alimentos. Isso
inclui extender as novas tecnologias,
encorajar fazendeiros a trabalhar em
grupos menores, permitir aos fazendeiros
vender a produção em excesso, e fornecer
incentivos para fazendeiros individuais.
Essas reformas são fortemente apoiadas
por líderes políticos de peso, incluindo Kim
Jong-Il. Novos funcionários administrativos
para a agricultura foram apontados entre
1995 e 1997. Os novos times de trabalho
para os fazendeiros também foram
importantes. Os times antigos tinham de
10 a 25 membros. Cada membro recebia
uma atribuição da colheita de acordo com
o número de dias de trabalho que ele ou
ela havia contribuído. As novas equipes são
menores, com apenas ou 8 membros. As
metas de produção são menores, e
membros tem permissão para partilhar e
vender o que eles produzirem em excesso
de suas cotas. Esses grupos menores são
geralmente compostos por membros de
família ou parentes próximos, que
conhecem um ao outro e acham mais fácil
cooperar. É também mais fácil mobilizar as
equipes se desastres naturais ocorrerem. É
geralmente reconhecido que esse ajuste
aos times de trabalhadores e cotas terá um
impacto positivo