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EDIÇAO 12
E12 COMUNIC3 – O JORNALISMO E A NARRATIVA TRANSMÍDIA: o caso Post CPJ
By admin ⋅ setembro 8, 2016 ⋅ Post a comment

Izamara Barbosa Arcanjo Ferreira Silva[1]

RESUMO: Este texto relata o trabalho desenvolvido para a criação da plataforma multimídia Post CPJ do curso de Jornalismo, do Centro Universitário Newton
e faz reflexões sobre as possibilidades de aplicação do conceito de narrativa transmidia, proposto, por Henry Jenkins, ao Jornalismo experimental praticado ao
longo de um projeto de extensão universitária. O trabalho traz algumas conceituações iniciais sobre o jornalismo e a transmedia storytelling ou narrativas
transmidiáticas, bem como descreve a trajetória percorrida por alunos e professores durante a elaboração da primeira edição do projeto multiplataformas no
segundo semestre de 2015.
Palavras-chave: Narrativa transmidiática. Jornalismo. Extensão.

INTRODUÇÃO

Este artigo é resultado do projeto de extensão intitulado Post CPJ, realizado pela Central de Produção Jornalística (CPJ) da Escola de Comunicação, em
pareceria com o Núcleo de Publicações (NPA), do Centro Universitário Newton Paiva. Os objetivos deste relato são divulgar o trabalho desenvolvido pelo Post
e proporcionar algumas reflexões sobre as condições de acesso dos alunos do ensino superior de Comunicação Social à prática exterior à sala de aula por meio
da extensão universitária. Também é objetivo discutir o conceito de narrativa transmidiática ou transmedia storytelling, uma vez que foi este quadro teórico que
norteou todo o processo produtivo do projeto de extensão ao longo do segundo semestre de 2015.

A relevância do projeto de extensão se assenta no fato de que ele é uma das principais estratégias para uma boa formação de nível superior conforme prevê a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação. A importância da extensão também é reforçada pelas Diretrizes Curriculares da Comunicação Social, que se apoiam na
realização de atividades complementares, voltadas para ações que permitam o alargamento das experiências e da formação profissional e intelectual dos
discentes.

É nesse sentido, que o projeto pedagógico do Curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, do Centro Universitário Newton Paiva destaca a
importância do conhecimento amplificado da realidade social, das questões pertinentes ao campo da Comunicação, sempre de maneira inovadora e por meio da
extensão.

Pensando neste conjunto de diretrizes é que foi criado no dia 21 de setembro de 2015, o projeto transmidiático Post CPJ. A proposta é proporcionar aos alunos
da graduação a discussão e a prática de um novo modelo de Jornalismo, bem como oferecer aos bolsistas e aos voluntários do projeto a oportunidade de
participarem e atuarem no processo de produção de conteúdo para as novas mídias a partir do conceito de transmidia. Ao todo, 13 acadêmicos ajudaram a
consolidar inicialmente o projeto, sendo 10 estagiários, 02 voluntários e um professora orientadora, além equipe de designer gráfico do Núcleo de Produções
Acadêmicas (NPA), do Centro Universitário Newton.

A relevância do projeto se justifica por ele representar uma das possibilidades de ampliar as perspectivas de atuação dos alunos do curso, levando-os a uma
visão abrangente do Jornalismo, em que tecnologia e teoria se conjugam.

Orientados por essa lógica, o grupo passou a coletar dados com profissionais que atuam no mercado de trabalho com mídias digitais e a fazer pesquisas
bibliográficas que ajudaram na reflexão sobre o jornalismo tramidiático. A metodologia de pesquisa e as discussões teóricas culminaram na criação da
plataforma digital Post CPJ. Integram a Post CPJ, o jornal The Post, links para Podcasts (áudio), bem como para o YouTube (vídeos) e demais mídias sociais
entre elas: Facebook, Twitter, Flicker e Instagram.

Uma parte importante e responsável por consolidar o caráter extensionista do jornalismo desenvolvido para a plataforma, é a seção intitulada “Vox Print”
dedicada às notícias da regional Noroeste (região da cidade de Belo Horizonte, na qual se encontra localizado o Centro Universitário Newton). O objetivo dessa
seção é interagir com a população que vive na região que circunda o campus universitário, ouvir suas demandas e fazer com que os alunos encontrem
alternativas de atuação na sociedade, valorizando sempre seu papel de intermediadores das informações que circulam nos vários contextos, a partir de posturas
éticas compromissadas com a cidadania.
As tecnologias digitais e o processo de produção jornalística

A cultura digital expandiu enormemente as possibilidades de comunicação, sobretudo, aquelas ligadas ao campo do Jornalismo. Já no fim do século passado, os
pesquisadores Levi (1999) e Castells (1999) já indicavam uma nova forma de cultura mediada pela internet. Foi o que Lévy denominou inicialmente de cultura
do ciberespaço ou cibercultura:

O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica
não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos
que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas,
de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (LEVY,1999, p. 17)

Castells (1999) também já preconizava a existência de uma cultura da virtualidade real, que ocorre pela integração das novas tecnologias com a comunicação
eletrônica, a restrição a uma audiência massiva e o surgimento das redes interativas. Para o autor, o aspecto multimídia das novas tecnologias transforma as
experiências humanas de perceber e criar simbolicamente o mundo. “Nossos meios de comunicação são nossas metáforas. Nossas metáforas criam o conteúdo
da nossa cultura. Como a cultura é mediada e determinada pela comunicação, as próprias culturas, isto é, nossos sistemas de crenças e códigos historicamente
produzidos são transformados de maneira fundamental pelo novo sistema tecnológico e o serão ainda mais com o passar do tempo. ” (CASTELLS, 1999, p.
414)

Com a cultura digital, surgem novas formas de sociabilidade e novas possibilidades de criação e de modificação de práticas jornalísticas. Mas seria possível
aplicar ou incorporar conceitos desenvolvidos para outras áreas, como, por exemplo, os pensados para as narrativas de ficção e voltadas para o entretenimento, à
prática da atividade jornalística? E como trabalhar com alunos a informação nas múltiplas plataformas oferecidas pela cultura digital?

Nas perspectivas dos estudos de Jornalismo, tal tarefa nos pareceu possível e necessária, principalmente quando levamos em consideração que o jornalismo é,
para Lage (2011), uma prática social que decorre da evolução da sociedade e consequente fragmentação de conhecimentos e funções da vida social. Segundo o
autor, jornalismo como conhecemos só se torna possível mais de 50 anos depois da invenção da imprensa, quando a burguesia ascendente utiliza periódicos para
difundir seu projeto de poder contra a nobreza e os estados aristocráticos europeus.

No conceito amplo, que os críticos chamam de neutro, jornalismo é atividade de natureza técnica caracterizada por compromisso ético peculiar. O jornalista
deve saber selecionar o que interessa e é útil ao público (o seu público, o público-alvo); buscar a associação entre essas duas qualidades, dando à informação
veiculada a forma mais atraente possível; ser verdadeiro quanto aos fatos (verdade, aí, é a adequação perfeita do enunciado aos fatos, e fiel quanto às ideias de
outrem que transmite ou interpreta; admitir a pluralidade de versões para o mesmo conjunto de fatos, o que é um breve contra a intolerância; e manter
compromissos éticos com relação a prejuízos causados a pessoas, coletividades e instituições por informação errada ou inadequada a circunstâncias sensíveis.
(LAGE, 2011, p. 3)

O jornalismo, na medida em que acompanha o florescimento de uma sociedade cada vez mais técnica e com economia complexa, coopera com a criação de um
repertório sócio-político-econômico que localiza os indivíduos na esfera social. Neste processo, as redes sociais também colaboram, imensamente para a
mudança na estrutura e na prática jornalística. Para a pesquisadora Raquel Recuero, “redes essas constituídas por representações de atores sociais e suas
conexões, e que podem ser comparadas a um bate papo como canal de comunicação, utilizado para expressão de sentimentos e ideias, manifestações e
movimentos no meio digital”. (RECUERO, 2009, p.3)

De acordo com Recuero (2009), as redes sociais podem ser definidas como um ambiente onde as pessoas podem se reunir publicamente mediadas pela
tecnologia. Para a autora, são características destes espaços: a persistência, uma vez que a informação publicada na rede permanece no ciberespaço; a
capacidade de busca, já que as redes sociais permitem que informações e pessoas sejam encontradas; a replicabilidade, que diz respeito ao fato de que as
informações publicadas na rede podem ser republicadas por outras pessoas.

A perspectiva transmidiática

Um dos conceitos que também ajudou a nortear o trabalho com a plataforma Post CPJ foi o de transmidia, desenvolvido inicialmente por Henry Jenkins. O
termo transmídia foi utilizado por Jenkins pela primeira vez em 2003, em um artigo publicado na revista Technology Review. Anos depois, o conceito foi
revisado e difundido no Brasil por meio da edição do livro Cultura da Convergência.

Uma história transmidiática se desenrola através de múltiplos suportes midiáticos, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo.
Na forma ideal de narrativa transmidiática, cada meio faz o que faz de melhor – a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida pela
televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado em games ou experimentado como atração de um parque de diversões. Cada acesso à
franquia deve ser autônomo, para que não seja necessário ver o filme para gostar do game, e vice-versa. Cada produto determinado é um ponto de acesso à
franquia como um todo. (JENKINS, 2008, p. 135).

Muitas vezes, o termo transmidia é confundido com convergência, mas para o autor, “a convergência representa uma transformação cultural, à medida que
consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos” (JENKINS, 2008, p. 28).

De maneira muito embrionária e sucinta, optou-se por adotar neste texto a perspectiva de Jenkins (2008). Para o autor, a narrativa transmidiática é a narrativa
fragmentada (ou distribuída) em diversas mídias, porém, não sendo estes fragmentos interdependentes entre si.

Assim como Jenkins, o pesquisador Carlos Alberto Scolari em um artigo de 2009, intitulado: Transmedia Storytelling:Implicit Consumers, Narrative Worlds,
and Brandingin Contemporary Media Production afirma que a narrativa transmidia é:

[…] a particular narrative structure that expands through both different languages (verbal, iconic, etc.) and media (cinema, comics, television, video games,
etc.). TS is not just an adaptation from one media to another. The story that the comics tell is not the same as that told on television or in cinema; the
different media and languages participate and contribute to the construction of the transmedia narrative world. This textual dispersion is one of the most
important sources of complexity in contemporary popular culture. (SCOLARI, 2009)

De acordo com a citação, Scolari (2009) define narrativa transmídia como uma estrutura que se expande por meio de diferentes linguagens entre elas as verbais,
icônicas, textuais e de mídias como o cinema, quadrinhos, televisão jogos, etc. Para ele, a história que o quadrinho conta não é a mesma contada pelo cinema ou
pela a televisão. As diferentes mídias e linguagens participam e contribuem para a construção da narrativa. As histórias se complementam em cada plataforma e
fazem sentido de maneira distinta.

Scolari (2011) defende ainda a utilização do conceito no universo da informação jornalística. “Creio que chegou o momento de expandir a perspectiva analítica
e incorporar em nossos estudos transmidiáticos outras tipologias discursivas que vão desde discursos publicitários até o jornalístico, passando pelo político e
pelo gênero documental” (SCOLARI, 2011).

O autor destaca duas vertentes principais da narrativa transmidia que podem ser aplicadas à prática jornalística. Na primeira, a narrativa é relatada a partir de
várias plataformas: ao contrário da narrativa, chamada por ele, monomidiática, ela começa em um meio e continua em um outro ou em vários outros. O
enunciado narrado aproveita o melhor de cada meio para se ampliar. Em uma segunda perspectiva, Scolari (2011) revela que a construção da narrativa é
colaborativa, ou seja, gera a produção de informação de baixo para cima e não apenas de cima para baixo.

Podría decirse que el periodismo cumple las dos condiciones que caracterizan a las narrativas crossmedia: estamos en presencia de una historia que se cuenta a
través de varios medios (web, RSS, blogs, radio, televisión, prensa impresa, etc.) y a su vez está enriquecido con los aportes de los usuarios (blogs, comentarios,
tweets, llamadas telefónicas, cartas al editor, etc.) (SCOLARI, 2011)

O conceito de narrativa transmidia aplicado ao projeto Post CPJ

As perspectivas teóricas propostas por Jenkins (2008) e Scolari (2009, 2011) foram as adotadas na implantação do projeto de extensão universitária Post CPJ.
Ao longo do projeto, os alunos trabalharam com os ambientes jornalísticos tradicionais dentre eles, o telejornalismo, fotojornalismo, radiojornalismo e, com o
mais recentemente deles, o chamado jornalismo digital, especialmente aquele que produz e circula informações para blogs, podcasts, e redes sociais, como o
Youtube, Facebook, Twitter, Instagram, etc.

O projeto de extensão Post CPJ foi desenvolvido juntamente com a equipe de designer do Núcleo de Produções Acadêmicas (NPA), na plataforma WordPress.
A WordPress é uma plataforma de conteúdo para publicação pessoal. É ao mesmo tempo um software livre e gratuito. De acordo com informações do site da
própria WordPress, “ela é hoje a maior plataforma de gerenciamento de conteúdo do mundo, com quase 70% do mercado”.

A perspectiva do grupo de trabalho era que fosse construída uma interface inicial que evidenciasse qual a proposta editorial do Post CPJ: trabalhar com o
jornalismo de forma não-linear, de maneira que as informações se complementassem nos múltiplos ambientes midiáticos. Assim, foram criados espaços
específicos no topo da plataforma para os variados espaços midiáticos, entre eles o vídeo, áudio, fotos e a linguagem textual.

A partir de uma perspectiva visual, pode-se dizer que o portal Post CPJ conta com design clean, navegação intuitiva e responsiva. A navegação responsiva
refere-se a uma funcionalidade que vem se tornando obrigatória, dada necessidade dos sites em adaptarem-se às telas de smartphones. Ainda com relação ao
visual da plataforma, pode-se ver na Fig.1 que a interface abusa de fotos grandes para chamar a atenção do destinatário da informação.

FIGURA 1 – Foto da página inicial da plataforma Post CPJ


FONTE: npa.newtonpaiva.br/post

Na Fig.2, percebe-se que os ícones no centro da página inicial tornam a navegação rápida, guiando o visitante às áreas de maior relevância ou às áreas que os
produtores de conteúdo desejam destacar.

FIGURA 2 – Centro da página inicial da plataforma


FONTE: npa.newtonpaiva.br/post/

Também foram distribuídas ao longo da plataforma abas que delimitam o tipo de temática com as quais os alunos trabalham os conteúdos informacionais. Neste
ponto, a divisão temática nos remeteu à separação dos temas por editorias, como ainda é feito no jornalismo impresso. Optou-se por editorias mais genéricas
como: cotidiano, cultura, política, ensaio fotográfico, dentre outras. Confira Fig.3

FIGURA 3 – Editorias utilizadas pela plataforma Post CPJ


FONTE: npa.newtonpaiva.br/post/

Todos os alunos envolvidos na produção dos conteúdos redigem seus textos e postam suas fotos diretamente no blog que faz parte das mídias que compõem a
plataforma. Já as reportagens em áudio são todas disponibilizadas na mídia Soundcloud, e os vídeos e reportagens com imagens, no Youtube. O trabalho é
desenvolvido integralmente pelos alunos e revisado e editado pela professora orientadora.

Para efeito de análise neste artigo, vamos abordar um tema em especial tratado na primeira versão da Post que foi a cobertura jornalística feita pelos alunos
estagiários durante o FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos de 2015.
O FIQ foi realizado na cidade de Belo Horizonte entre os dias 11 de 15 de novembro. Ao todo, foram mobilizados cinco alunos estagiários para a cobertura.
Cada um dos alunos tinha uma função distinta no processo, mas ao mesmo tempo, tinham também a tarefa de desenvolverem uma narrativa jornalística que se
complementasse ao longo de pelo menos três ambientes midiáticos distintos. Os alunos se concentraram na cobertura para o impresso, vídeo, áudio e material
para mídias sociais.

Para o impresso, o jornal The Post, optaram para uma matéria curta com cerca de 800 caracteres, na qual destacaram a presença marcante de jornalismo em
forma de quadrinhos e os muitos jornalistas presentes no Festival.

FIGURA 4 – Página da reportagem impressa do FIQ


FONTE: npa.newtonpaiva.br/post/

Para a reportagem em vídeo, que foi postada em um canal do Youtube acessado via plataforma, foi escolhida uma nova abordagem: a repórter Amanda Vitória
abre a narrativa fazendo um convite para que o público visite o festival. No texto, a repórter apela para as personagens em quadrinhos e deixa explícito que vai
abordar toda a diversidade cultura presente no festival, conforme revelam os fragmentos da reportagem destacados:
“Batman, Homem Aranha, Mulher Maravilha, todos os heróis reunidos aqui na nona edição do FIQ, em Belo Horizonte, um dos eventos de quadrinhos.
Você não vai querer ficar de fora, vai? ”(POST CPJ, 2015)[2].

“ O evento reuniu os amantes de HQ artistas de vários locais do Brasil e do mundo” (POST CPJ, 2015)[3].

FIGURA 5 – Repórter Amanda Vitória na cobertura do FIQ


FONTE: npa.newtonpaiva.br/post

Ao longo da matéria, vários outros personagens reais também são mobilizados pela repórter. Podemos destacar entre eles um designer gráfico e um publicitário,
além de um quadrinista e um estudante. Todos foram unânimes em ressaltar a pluralidade do festival, bem como o caráter independente da mostra, conforme os
fragmentos retirados das falas destes personagens relacionados a seguir:

Designer: “Essa parte dos independentes é o coração do evento, a melhor parte de um bom evento de quadrinhos”. (POST CPJ, 2015)[4]

Publicitário: “O que mais eu sou fã da produção deste mundo independente é o Marcate, que está aqui também, que sempre aparece em todos estes
eventos”. (POST CPJ, 2015)[5]

Estudante: “Tô achando que este ano está muito legal, eles aumentaram a mesa dos quadrinhos independentes e eu acho isso muito interessante, porque é o
que eu busco hoje vindo ao FIQ”. (POST CPJ, 2015)[6]

No podcast, criado pelo repórter Daniel Silva, o estagiário retoma o tema da diversidade e adota como foco central da reportagem sobre o FIQ as dificuldades
dos jornalistas em se especializarem no universo dos quadrinhos. Entre os entrevistados de Daniel Silva, estão os jornalistas Thales Rodrigues e o chargista
mineiro Duke. Confira a Fig. 6.

FIGURA 6 – Imagem do podcast com entrevista exclusiva para a plataforma Post CPJ
FONTE: npa.newtonpaiva.br/post

A análise da produção nos três ambientes midiáticos (impresso, vídeo e áudio) não reflete nenhuma hibridação ou miscigenação de gêneros jornalísticos.
Percebe-se, porém, uma complementariedade entre os conteúdos, mas sem deslocamentos bruscos das principais características dos ambientes estudados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No portal Post CPJ, o conteúdo informacional é apresentado de forma complementar no âmbito da televisão, do rádio e do jornal impresso e das mídias digitais.
Entretanto, trata-se de um processo integrado no qual cada meio contribui com suas especificidades para a produção conjugada da informação.

Concebido para ser um projeto voltado à criação, produção e veiculação de notícias digitais em multiformatos, elaborados a partir de conteúdos variados, a
plataforma Post CPJ acabou se transformando em um eficiente instrumento capaz de desenvolver diversas habilidades nos estudantes de graduação em
Jornalismo, um dos objetivos propostos pelos projetos de extensão universitária.

Percebeu-se que a produção dos textos, as pesquisas realizadas para a elaboração dos conteúdos, o domínio das técnicas de produção, o desenvolvimento da
linguagem oral e icônica ampliou o horizonte dos discentes para fora da sala de aula.

Percebeu-se ainda que é possível aplicar o conceito de transmidia ao Jornalismo, uma vez que a produção dos textos, a elaboração dos conteúdos e os variados
recursos tecnológicos empregados mobilizaram variadas instâncias midiáticas conectadas digitalmente e acabaram por consolidar, o que na versão de Scolari
(2011), pode ser considerado o jornalismo transmidia.

REFERÊNCIAS

CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

JENKINS, Henry. Transmedia storytelling. Moving characters from books to films to videogames can make them stronger and more compelling.
Technology Review, 15 jan. 2003. Disponível em: http://www. technologyreview.com/biotech/13052. Acesso em: 11 jan.2015.

_______. Cultura da convergência. Tradução: Susana Alexandria. São Paulo: Aleph, 2008.
_______. The Aesthetics of Transmedia: In Response to David Bordwell (Part One). Disponível em: http://henryjenkins.org/2009/09/the_
aesthetics_of_transmedia_i.html. Acesso em: 19 de fev de 2015.

LAGE, Nilson. Conceitos de jornalismo e papéis sociais atribuídos aos jornalistas. 2011. Disponível em:
http://www.revistas2.uepg.br/files/journals/26/articles/6080/submission/copyedit/6080-19133-1-CE.pdf

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

RECUERO, Raquel. Deu no Twitter, alguém confirma? – Funções do Jornalismo na Era das Redes Sociais. In: 9º Encontro Nacional de Pesquisadores em
Jornalismo, 2011, Rio de Janeiro, Anais… Rio de Janeiro: UFRJ, 2011.

______ Redes Sociais na Internet, Difusão de Informação e Jornalismo: elementos para discussão. In: SOSTER, Demétrio de Azeredo; FIRMINO,
Fernando. (Org.). Metamorfoses jornalísticas 2: a reconfiguração da forma. Santa Cruz do Sul, UNISC, 2009.

SCOLARI, Carlos A. Hipermediaciones: elementos para uma teoria de la comunicación digital interactiva. Barcelona, España, Editorial Gedisa, 2008.

_______. Narrativas Transmidiáticas: mundos de ficción y prosumidores en la ecología de los médios. 2010. Disponível em:
http://www.slideshare.net/cscolari/02-transmedia. Acesso em: 13 mar.2016.

_______. Transmedia storytelling: más allá de la ficción. 2011. Disponível em: http://hipermediaciones.com/2011/04/10/transmedia-storytellingmas-alla-de-
la-ficcion/. Acesso em: 14 mar. 2016.

NOTAS DE FIM

[1] Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e docente da Escola de Comunicação do Centro Universitário Newton Paiva.
Também é pesquisadora da mesma Instituição onde desenvolve, juntamente com alunos bolsistas, o projeto “Jornalismo e Memória Discursiva: a construção
de uma narrativa sobre a cidade de Belo Horizonte no acervo “Memória do Jornalismo Mineiro”. Foi a responsável pela criação e implantação do projeto
de extensão Post CPJ no segundo semestre de 2015.

[2] Informação audiovisual disponível em: www.npa.newtonpaiva.br/post

[3] Ibdem

[4] Ibdem

[5] Ibdem

[6] Ibdem
© 2018 Pós em Revista. All Rights Reserved.

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