Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 - INTRODUÇÃO 1 2 3
vem estar preparadas para ocupar. Para isso, é
fundamental que as empresas nacionais adqui-
O segmento de máquinas e equipa- ram uma produtividade de classe mundial, qualifi-
mentos agrícolas é caracterizado por uma estru- cando-se para competir nesses mercados.
tura de mercado bastante heterogênea, com em- O setor de bens de capitais mecânicos,
presas de porte e origem do capital distintos. que ocupa a décima posição no ranking mundial,
Uma outra característica é a necessidade das tem mantido crescimento constante, com valores
empresas em acompanhar a modernização da superiores aos do PIB, apesar da oscilação da
agropecuária, situação que exige constantes mu- economia nacional, observando-se investimentos
danças nas características desses produtos. Dois na produção, desenvolvimento tecnológico e
fatos contribuíram para isso, sendo o primeiro na aumento no nível de emprego (ABIMAQ, 2006a).
década de 1970, quando a crise do petróleo atin- Segundo ABIMAQ (2006a), o setor de
giu o Brasil que passou a incentivar a busca de bens de capitais mecânicos tem mantido investi-
máquinas movidas a combustíveis alternativos, e mentos constantes nos últimos anos dirigidos à
o segundo na década de 1980, quando houve a modernização e ao aperfeiçoamento do parque
necessidade de adaptação das máquinas para produtivo. Além de aumentar a capacidade de
serem utilizadas no plantio direto (ESALQ, 2005). produção, os recursos contribuem para o desen-
Entretanto, deve-se também citar, como impor- volvimento tecnológico, visando a melhoria da
tantes, os fatos da abertura do cerrado e a ne- qualidade dos produtos. Os valores aplicados
cessidade de produção de equipamentos mais cresceram 80% em 2002 em relação a 2001.
robustos e capazes de operar em escalas opera- Houve uma pequena retração de 5% em 2003,
cionais de grandes dimensões. comparado com a alta do ano anterior, porém,
A partir da metade da década de 1990, voltaram a aumentar de forma expressiva em
com a retração da economia, o setor se deses- 2004, em torno de 44%.
truturou, apresentando significativas reduções na De acordo com Vegro e Ferreira
atividade produtiva. Porém, no final da década de (2008), no período de janeiro a maio de 2008, o
1990, iniciou-se um novo ciclo de crescimento mercado de máquinas agrícolas automotrizes
como decorrência de algumas situações como a apresentou uma recuperação das vendas para o
criação do Programa de Modernização da Frota mercado interno, com expansão de 52,8% frente
de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e à igual período do ano anterior. Nesse período
Colheitadeiras (MODERFROTA); a desvaloriza- foram produzidas 32.538 máquinas, representan-
ção cambial; o encerramento da chamada âncora do incremento de 9.535 novos equipamentos
verde, como mecanismo de controle da inflação; e ofertados ao mercado comparativamente ao total
a elevação do preço mundial das commodities. disponibilizado no mesmo período de 2007,
Esse crescimento evidencia um espaço quando foram produzidas apenas 23.003 unida-
no mercado que as empresas de máquinas e des.
equipamentos agrícolas instaladas no Brasil de- Quanto às exportações, apesar da
intensa valorização cambial, houve importante
1
Registrado no CCTC, IE-85/2008. recuperação nas transações com alta entre janei-
2
Engenheiro de Produção-Materiais, Mestre, Universidade ro e maio de 33,2%. Ao término do ano de 2008,
Federal de São Carlos (UFSCar) (e-mail: adrluc@uol.com. br). espera-se que tenham sido produzidas mais de
3
Engenheiro Agrônomo, Doutor, Universidade Federal de 70 mil máquinas, montante que será recorde na
São Carlos (UFSCar) (e-mail: fnantes@power.ufscar.br). história do segmento. Tal desempenho confirma
a hipótese de que a indústria de máquinas agrí- lógica. Fatores como a alta sazonalidade da de-
Lucente; Nantes
TABELA 1 - Origem do Capital Controlador, Principal Mercado e Dependência do Grupo das Empresas
do Segmento de Máquinas e Equipamentos Agrícolas, segundo as PINTECs 2000, 2003 e
2005
PINTEC Origem do capital Principal mercado Dependência
Nacional Estrangeiro Regional Estadual Nacional Exterior Independente Grupo
2000 220 1 19 128 75 0 215 7
2003 280 5 16 182 96 0 291 3
2005 490 5 59 275 148 4 478 7
TABELA 4 - Grau de Novidade da Inovação do Principal Processo para Empresas do Segmento de Má-
quinas e Equipamentos Agrícolas, segundo as PINTECs 2003 e 2005
Novo para o mercado nacional,
Novo para a empresa, mas já existen- Novo para
mas já existente no mercado
te no mercado nacional o mercado mundial
PINTEC mundial
Melhoria de um já Melhoria de um Melhoria de um já
Inédito Inédito Inédito
existente já existente existente
2003 55 18 1 0 0 0
2005 82 24 2 0 2 0
Fonte: Elaborada a partir de IBGE (2005; 2007).
Somente três empresas, segundo a pelas empresas, mas com menor frequência.
PINTEC 2005, desenvolveram processos inova- Na tabela 7 é apresentada a participa-
dores com algum tipo de cooperação com outras ção das empresas nacionais em cada uma das
empresas e institutos. A falta de interesse em atividades inovativas de acordo com as catego-
estabelecer cooperação com outras empresas é rias utilizadas pela PINTEC.
compreensível, pois muitas empresas nacionais, O grau de importância relativo a cada
em geral, consideram que a cooperação gera bloco temático foi dividido em três níveis: alto,
insegurança, em razão da falta de confiança no médio e baixo/não realizou e também encontra-
parceiro. Em relação à cooperação com institutos se na tabela 7.
de pesquisa, observou-se um crescimento entre Em relação às atividades internas de
as PINTECs de 2000 e 2005. Isso é importante, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), a maioria
pois essas instituições são geradoras de tecnolo- das empresas pesquisadas relatou que essa ati-
gia, o custo de inovação geralmente é razoável e vidade tem baixa importância ou não foi realiza-
essas instituições são mais confiáveis, não sendo da. Em empresas de menor porte, as atividades
vistas como concorrentes. internas de P&D são usualmente informais, os
A questão da apropriabilidade dos direi- funcionários responsáveis por essas atividades
tos do produto e/ou processo é, portanto, um fator não são exclusivos, dividindo o tempo dedicado
muito importante no processo de inovação. Os às atividades inovativas com as atividades de-
métodos de proteção utilizados pelas empresas senvolvidas rotineiramente. Além disso, as ativi-
que implementaram inovações foram por escrito, dades inovativas, de modo geral, não são acom-
nas formas de depósitos de pedidos de patentes e panhadas por procedimentos formalizados.
registro de marcas. A PINTEC 2003 indicou ape- Quanto à aquisição externa de P&D,
nas uma empresa que depositou pedido de paten- praticamente todas as empresas afirmaram que
te e cinco que registraram marcas. Esses valores sua importância é baixa ou que não realizaram
aumentam na PINTEC seguinte (2005), passando essa atividade, indicando uma forte tendência
para cinco pedidos de patentes e quatorze regis- para a realização de atividades internas de P&D
tros de marca. As informações da PINTEC 2000 nessas empresas.
relacionadas aos métodos de proteção utilizados As atividades de aquisição de máqui-
pelas empresas que implementaram inovações nas e equipamentos são de alta importância para
não foram disponibilizadas pelo IBGE. a maioria das empresas que implementaram
O registro da marca e o depósito do inovações, e esse resultado pode ser explicado
pedido de patente, embora sejam processos len- pelo crescimento das taxas de inovação em em-
tos e burocráticos, têm a preferência das empre- presas de menor porte e, principalmente, em
sas pela segurança oferecida. A forma escrita de setores que tendem a ter acesso ao conhecimen-
proteção, representada pelos depósitos de pedi- to tecnológico através da incorporação de máqui-
dos de marcas e patentes, foi utilizada por 80% nas e equipamentos. As atividades de treinamen-
das firmas. Outras formas menos burocráticas, to foram consideradas de alta importância pelas
porém, menos seguras, denoninadas estratégicas, empresas segundo a PINTEC 2003, enquanto a
como a complexidade no desenho, o segredo introdução das inovações tecnológicas no mer-
industrial, o tempo de liderença sobre os competi- cado teve importância baixa ou não foi realizada
dores e outros métodos também são utilizados pela maioria das empresas.
Aquisição de máquinas e 39 1 18 71 4 16 81 56 47
equipamentos
16 0 42 68 0 24 31 40 113
Treinamento
maior necessidade de capacitação das empresas tando a redução dos custos relacionados a essas
Lucente; Nantes
e pela reduzida penetração das empresas nacio- inovações e garantindo a confiabilidade por não
nais nos mercados internacionais. serem vistas como potenciais concorrentes.
Porém, a orientação exportadora, pou- A disposição à cooperação com outras
co presente nas firmas nacionais, é um fator bas- organizações cresce à medida que o tamanho da
tante significativo para o desenvolvimento de empresa aumenta. De forma geral, nas empresas
capacitações internas favoráveis à inovação. de grande porte, as parcerias mais frequentes
Outro fato importante a ser considerado são as consultorias e universidades, enquanto
é a não cooperação com outras empresas devido, para as empresas de menor porte são os concor-
provavelmente, à desconfiança em relação ao par- rentes e centros de prestação de assistência
ceiro, o que gera insegurança para o estabeleci- técnica.
mento dessas parcerias. Entretanto, de forma A ampliação de conhecimentos rela-
positiva, verifica-se que à cooperação com institu- cionados à inovação tecnológica neste segmento
tos de pesquisa apresentou um crescimento entre é de fundamental importância para auxiliar as
as PINTECs 2000 e 2005. Os institutos de pes- empresas brasileiras a orientarem seus investi-
quisa assumem um papel importante, como fonte mentos e manterem-se competitivas nos merca-
de geração de inovações tecnológicas, possibili- dos interno e externo.
LITERATURA CITADA
FRITZ, L. F .F.; COSTA, T. V. M. Mudanças na estrutura agrícola da região da produção: análise através da
utilização dos efeitos escala e substituição. Disponível em: <http://www.fee.tche.br/sitefee/ download/eeg/1/
mesa_11_filho_costa.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2005.
______. Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica - PINTEC 2003. Brasília, DF: IBGE, 2005.
______. Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica - PINTEC 2005. Brasília, DF: IBGE, 2007.
máquinas agrícolas para a competitividade das empresas do setor. São Paulo: SAE, 2001.
VEGRO, C. L. R.; FERREIRA, C. R. R. P. T. Mercado de máquinas agrícolas automotrizes: alta dos suprimentos
estratégicos. Análise dos Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 3, n. 7, jul. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br>. Acesso em 20/08/2008.