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e C o g n i ç ã o
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JKaria Garofina rScoi
ESETec
Editores Associados
Sobre
Comportamento
e Cognição
Contribuições para a Construção da Teoria do Comportamento
Volume 9
Hólio J. Guilhardi • Adólia Maria Santos Teixeira • Almir Del Prette • Ana Lúcia R. Aiello • Angélica
Capelari • Armando R. das Neves Neto • Cacilda Amorim • Clntia Guilhardi • Cristiano V. dos Santos •
• D. Francês • Daniel Boleíra Sieiro Guimarães • Diana T. Laloni • Elisa T. Sanablo • Fani Eta Korn
Malerbi • Helene Shinohara • Jalde A. G. Regra • Joâo dos Santos Carmo • John V. Kellor • José
Antônio Zago • Josele Abreu-Rodrigues • Kester Carrara • Leila Bagaiolo • Luc Vandenberghe • Luiz
Guilherme G. C. Guerra • Makilim Nunes Baptista • Marcelo Beckert • Márcia Edbel Galvão Juzo • Maria
Amália Andery • Maria Rofúgio Rios Saldana • Maria Tereza Araújo Silva • Maura Alves Nunes Gongora
• Miriam Marinotti • Nilza Micheletto • Rachel R. Kerbauy • Regina Cristina Wielenska • Renato Gusmão
• Renato M, Caminha • Rosana Mendes Éleres de Figueiredo • Rosária Verônica de Mello Alves •
Sandra Leal Calais • Sonia dos Santos Castanheira • Suely Sales Guimarães • Tereza Maria de
Azevedo Pires Sório • Vera Regina L. Oíero • Ziida A. P. Del Prette
ESETec
Editores Associados
2002
Copyright © desta edição:
ESETec E d ito re s A ssociados, Santo André, 2002.
Todos os direito s reserv ad o s
390 p. 24cm
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
ISBN -
ix
Capítulo 35 O prim eiro cliente a gente nunca esquece
Sonia dos Santos Castanheira (U FM G ).................................. 357
Este trabalho pretende identificar 08 componentes verbais envolvidos na aquistçáo do repertório matemático elementar.
Discute a instalação desse repertório no nlvel do ensino pró-escolar, com o propósito de focalizar os comportamentos
propriamente ditos, envolvidos nas aquisições correspondentes. O objeto de estudo foi um programa de contingências do
ensino, testado inúmeras ve/es, especialmente planejado para ser aplicado *m crianças a partir de quatro anos de idado
Esse programa propunha ensinar relações numéricas envolvendo as quantidades de um a dez Os resultados sugerem que,
ao adquirir o repertório matemático elementar, a criança ouve, ecoa e verbaliza certas palavras e expressóes verbais que
remetem a números, h ordenação e à organização numérica Além disso, identifica e descreve verbalmente relações
numéricas em correspondência com manipulações diretas de relações entre quantidades. Os dados destacam os componen
tes verbais Incluídos na aquisição do repertório matemático elementar, oferocendo suporte empírico para uma concepçAo
que associa esse tipo de aquisição á de um tipo arbitrário de comportamento verbal
This study intends to identify the verbal components involved in the elementary mathomatlea! repertory's aequisition. It also
dlscusses this repertory's appllcation at elementary education teaching to focus the properly behaviors Involved In thoso
correspondent acquisltlons. The researched object wa» one's teaching contlngencies program, testnd several times and
speclally designed to be applied on children over 4 years old. This program proposed teaching numerical relationships
involving quantities from 1 to 10. The results suggest that on aequiring elementary mathematlcal repertory, the child llstens,
repeats and verbalizes some words and verbal expressions that remit to numbers, to ordering and to numerical organlzatlon.
Besides that. she Identlfies and verbally describes numerical relationships In correspondency with direct manipulations
between quantities' relatlons. The data outllne the verbal components included In elementary mathematlcal repertory by
offering empirtcal support to a conceptton that assooates this type of aequisition to an arbltraty verbal behavior one.
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de um conjunto, nomeando-o e na reprodução de conjuntos (mesmo número, forma e
disposição de elementos). Passava, entào, a distinguir diferença quantitativa de números,
nomeando-os. enquanto comparava conjuntos e, em seguida, igualava quantidades por
complementaçâo (adição).
Finalmente, a primeira parte do programa - Sistema de Numeração I - propunha
a ordenação de conjuntos, números e numerais (precursor do principio lógico de
transitividade). Para tanto, a criança distinguia o número que era um mais ou um menos
que outro, distinguia conjuntos e números que vinham antes ou depois de outro, distinguia
conjunto, número e numeral que estava entre outros dois e ordenava quantidades e numerais.
O tempo todo respondia a números (quantidades representadas graficamente) e a numerais
(símbolos escritos), através de expressões verbais dos tipos: esse conjunto, número
ou numeral ó “ um mais” ou “ um menos" que outro; vem “ antes" ou “ depois" de
outro; está “ entre" outros dois.
Continuando, introduzia-se a segunda parte do programa - Sistema de Numeração II.
A primeira unidade desse programa referia-se às noções de conjunto vazio e
unitário. A criança adquiria a noção de quantidade zero, verbalizando a expressão
conjunto vazio (sem elementos). Por sua vez, designava e nomeava o conjunto de um
elemento pela expressão conjunto unitário
A seguir, o programa propunha a identificação e representação de quantidades
(de um a dez): primeiro, por símbolo oral e depois por símbolo gráfico. Com isso, ampliava
e dava prosseguimento à contagem ató dez. Para tanto, a criança ouvia, ecoava, contava
junto com a professora, contava sozinha, assinalava elementos enquanto contava,
id en tificava e nomeava as novas quantidades e num erais de seis a dez
Concomitantemente, fazia o mesmo com as quantidades e numerais já adquiridos - de
um a cinco. Continuava constatando que conjuntos com mesma quantidade de elementos
podiam ser representados por um mesmo número (precursor de conservação).
Na seqüência, o programa referia-se à ordenação de conjuntos, números e numerais
de um a dez (precursor de transitividade). Como ocorria na primeira parte do programa -
Sistema de Numeração I a criança distinguia o número que era um mais ou um menos
que outro, distinguia números “vizinhos" de outros e números que vinham “antes" e "depois"
de outro, distinguia o conjunto, número e numeral que estava “entre" outros dois e ordenava
quantidade e numerais em séries diversificadas. O tempo todo respondia a números
(quantidades representadas graficamente) e a numerais (símbolos gráficos) através de
expressões verbais dos tipos: esse conjunto, número ou numeral é “ um mais” ou
“ um menos” que outro, vem "antes" ou "depois” de outro; está “ entre” outros dois.
A seguir, o programa introduzia a escrita de numerais de um a dez. Primeiro, a
criança era treinada em coordenação viso-motora de escrita de numerais, compondo-os
de acordo com pistas. Depois traçava e escrevia numerais (algarismos) através de
procedimentos de fading out. Os numerais compostos, traçados ou escritos eram
sempre nomeados.
Na seqüência, o programa introduzia a noção de agrupamento (precursor de
divisão). Primeiro, a criança adquiria esta noção descrevendo o padrão de distribuição de
conjuntos em sub-conjuntos e nomeando o número de elementos de um conjunto e de
seus sub-conjuntos. Ouvia, ecoava e verbalizava eventualmente as expressões:
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A kJentiflcaçâo precoca da stnals da auüsmo tam s*òo apontada, na literatura, como um do» conhecimentos mais oxcltanles
nnsM Area Atualmente o babé portador desse transtorno poda sar reconhecido pelas suas dificuldades na apresentação de
vários comportamontos, tais como, orientação para estimulo social, manutenção do contato visual, imitação o atenção A
possibilidade de diagnóstico precoce de autismo fez surgirem, na literatura, pelo menos quatro conjuntos de pesqulnas: o
primeiro, destinado a identificar e descrever os próprios sinais de autismo, o segundo, relacionado a elaborar Instrumentos
de medida» válidos e sensiveis para detectar esses sln«is; um terceiro conjunto sugerindo programas do Intervenção
precoce mais específicos às dificuldades Apresentadas pelo bebê e seus familiares: e o quarto alertando profissionais da
saúde, principalmente o pediatra, sobre seu papel nasta identificação. O objetivo deste trabaltio è descrever an principais
contribuições dos quatro conjuntos de pesquisas e Indicar, para cada um deles, futuros estudos
The enrly Identification of autlsm has been idnntified in tho literatura as one of the most excltlng flndlnys of thin area
Presently, autlstic infants can be recognized by presenting dlfficulties in several behaviors, such as orlentation to social
stimuli, visual contact mamtenanco, as well as imltatlon and attentional problems. The poasibility of early dlagnostlc of
autism of has been responsible for the occurrence of at least four research areas en the literatura; 1. Identification and
description of autistic slgnals per se; 2. The creation of measurement Instruments which are valid and sensitivo to detect
such signals; 3.the suggestlonn of aarty interventlon programs which are more speclflc to the dlfficulties presented by such
infanta and their families, and 4. Tha awarenass of health professtonals, in particular lhe pediatricians, about thelr role in early
Identification. The goal of the present paper is to descnbe the main contrlbutlons of these four research areas, as well as ttm
indlcation of futuro studles related to each area.
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Instrumentos de medidas
Com o objetivo de determinar parâmetros práticos para triagem e diagnóstico em
autismo, a American Academy of Neurology nomeou Pauline A. Filipek para assumir a
presidência de um comitê que reviu 2750 referências e concluiu que diagnóstico de autismo
requer uma abordagem em dois níveis (ver Figura 1). O primeiro nível (NÍVEL 1 denominado
rotina de vigilância do desenvolvimento) tem por objetivo realizar triagem do desempenho
de todas as crianças, identificando aquelas em risco para qualquer desenvolvimento atípico.
Destinado a todos os profissionais da saúde que trabalham com crianças, aqui o comitê
indica vários instrumentos de medida (ver Figura 1) e especifica comportamentos que, se
presentes na criança, servem de alerta para o seu encaminhamento a avaliações mais
específicas, a saber: não balbuciar aos 12 meses; não apontar ou realizar outros gestos
até 12 meses; não falar palavras simples até 16 meses; não falar frases de duas palavras
espontaneamente (não ser ecolálica) até 24 meses e, sobretudo, apresentar qualquer
perda de linguagem ou habilidade social em qualquer idade. Se a criança apresenta estes
sinais, ela deve ser encaminhada para uma avaliação audiológica formal, a fim de verificar
se eles nâo estão relacionados à perda auditiva. Além disso, se o comportamento de
PICA (consumo de substâncias não comestíveis por, pelo menos, um mês) estiver presente,
deve-se realizar exames para detectar presença de chumbo. Ainda nesse nível, os autores
indicam a necessidade de se realizar triagem para autismo e sugerem os instrumentos:
^ CASSA
Expansão da avaliação i
l este genctico c metabólico, cletroíisiologia, ncuro-imagem.
PEíD: The Parents’tfvaluation o f Developmental Statu* ASQ: The Age» and Stagei Quem iotmaire (2* ed)
('M s ; The Child Devclopment Inventories HKIGA N CK : The Mnuance Sciecns
C l IAT: Checklist for autisin m Toddlcrs PDDS T: Pervasive Developmental diaorders Screening
CiARS: rhe (iilliam Autism Rating Scale PIA: The Parent Interview tbr Autism
Figura 1: Rota de diagnóstico e triagem em autismo proposta por Filipek e cols. (1999).
Programas d© Intervenção
Dawson e Osterling (1997) revisaram os oito programas de intervenção precoce
destinados a autistas existentes nos Estados Unidos propondo-se a questionar sua eficácia
(os programas são eficazes?; A eficácia está relacionada ao tipo ou filosofia da intervenção
ou as características da criança tais como seu Ql ou habilidade verbal?), bem como
descrever os seus elementos comuns.
A Tabela 2 apresenta as características básicas dos programas.
Dawson e Osterling identificaram ganhos notáveis nas crianças participantes dos
programas em termos de inclusão e/ou de ganhos específicos de desenvolvimento: cerca
de 50% delas foram incluídas em classes regulares, após a intervenção, e houve ganho de
aproximadamente 20 pontos no Ql de muitas crianças. Entretanto, se por um lado houve
ganhos, por outro, os autores apontam limitações em relação às conclusões. Por exemplo,
em que medida os ganhos relatados podem ser atribuídos à intervenção precoce?
Infelizmente, apenas um programa publicou estudos envolvendo grupo controle que não
recebeu intervenção (Lovaas, 1987; Lovaas, Srnith e McEachin, 1989). A despeito das
limitações metodológicas dos estudos de Lovaas (falta de distribuição randômica dos
sujeitos para grupo controle e experimental), eles são encorajadores especialmente na
luz dos resultados de 1993 em que os efeitos positivos dessa intervenção se mantiveram
nos anos escolares (McEachin, Smith e Lovaas, 1993).
De forma geral, até o momento, a literatura (por exemplo, Schreibman, 2000;
Rogers, 1998; Dawson e Osterling, 1997; Maurice, Green e Luce, 1996; Lovaas, 1987)
tem indicado que os programas de intervenção mais eficazes com indivíduos autistas são
aqueles que incorporam:
« um modelo comportamental, ou seja, aqueles que utilizam princípios de aprendizagem
aplicados ao comportamento humano;
• uma intervenção intensiva compreendida como a oferta de programas por muitas
horas durante o dia (entre 27 e 40 horas semanais) e em muitos ambientes da criança;
• o ensino de habilidades variadas bem como redução de comportamentos inadequados
em ambientes altamente estruturados;
• uma intervenção o mais precoce possível, de preferência antes dos três anos de
idade;
• o envolvimento da famflia na educação de seu filho com autismo como forma de
favorecer seus sentimentos de competência como pais e diminuir estresse emocional;
• treinamento em generalização e manutenção dos comportamentos aprendidos pela
criança.
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Angélica Capclari"
USrAJMESP
O comportamento de ostudar ê umo atuaçAo complementar n cio sala de aula o devo ser omitido durante toda carroira
acadêmica, de forma continua. A baixa fr*qüência de emisslo deste com(>ortamento tom sido uma das variáveis qut> tem
interferido negativamente no desempenho escolar de adolescentes. Neste peilodo da vida, diversas vunávels contribuem
para a dificuldade da emissào do comportamento de estudar, e todas elas, em maior ou menor grau, com maior ou monor
freqüência, devem ser analisadas pura quo este comportamonto seja (re)mstalado no repertório comportamental, Uma das
formas para essa (re)instalaçflo (tirol a vírgula que estava aqui) tom sido realizada na casa dos cllentos. Tondu acesso direto
ao ambiente natural, no qual o comportamento de estudar deve ocorrer, pode-se atuar do forma mal» direta o efetiva na
análise e na proposta de mudança» que envolvam o comportamento de estudar e os comportamento colaterais a esto na
vida do estudante.
Study behavior outaide school adds to the studenfs behavior 111 the clHssroom. This behavior ntust bo emitted during ali
HCHdemic life, continua))/ II» low froquency has beon considered one vanabJe that interfere» negulively with the adoloscriit'»
school performance. Durlny adolescence, many variables contributo to lessen study behavior and ali of thom, to a grenter
of a losstr extent, must tm analy/ud for Its (re)acquisition and maintenance. One kmd of work designed to Instali and maintain
study behavior can been done in the adolescenfB house In this kmd of work. the therapist is given access to the naturnl
envlronment where study behavior must occur and can work directly with the contlngenr.les that affect it This fact enables
the thorapist to analyze study behavior and propose changes more effectiveiy sinco he or she can work with compnling
contmgencies jji the adolescerit* llfe
'A autorn é uluna de meatrado no programa de Psicologia Experimental da IJniverwJade da Sâo Paulo (USP) • professora da l tnlvnrskMde MetodMtn de SAo
Paulo (UMESP)
’A autora agradece o convite para participar da mata, principalmente * Martha HOtxmr, e agradece também A Jaldn Regre jielna anoa de tiabnlhoem conjunto
30 Angélica Capclari
"inteligentes" (participam das auías, reaíizam de forma adequada as tarefas pedidas), tem
os resultados (as notas) (tirei a vírgula que tinha aqui) aquém do que se espera, em quase
todas as matérias. As queixas ocorrem, na maioria das vezes, na época da adolescência,
por conta da modificação no cotidiano escolar: aumento no número de disciplinas e de
professores, com a passagem do ensino fundamental para o onsino médio, aumento da
exigência em cada disciplina; e, nos dois últimos anos do ensino médio, a iminência
(estava “eminência", mas eu acredito que seja iminência) do vestibular, da preparação
para este (estava "o mesmo", eu substitui) e da decisão de qual carreira seguir.
O processo de aprender conteúdos estritamente em sala de aula é insuficiente
para os critérios de avaliação utilizados pela escola, que passa a medir a aprendizagem
através de notas, no final de um ou dois meses de aulas. Um comportamento deve ocorrer
extraclasse (estava separado “extra classe"): o comportamento de estudar (Hübner e
Marinotti, 2000). Somadas a (estava com crase) essas modificações, na época da
adolescência ocorrem (estava "ocorrerem") outras mudanças (sugeri adicionar mudanças,
já quo o "modificações" está meio distante no período) que também devem ser levadas em
conta: início de relacionamentos afetivos; mudanças físicas, isso tanto para meninos (tirei
a vírgula que tinha aqui) quanto para meninas.
Alguns fatores que podem dificultar a emissão do comportamento de estudar
seriam1quadros neurológicos ou psiquiátricos; defasagem entre o repertório individual e o
nível de exigência escolar, condições temporárias; história de vida e falhas no sistema
educacional (Hübner e Marinotti, 2000). A história de fracasso escolar pode ser especifica
em relação a uma disciplina ou generalizada e pode gerar insegurança, incapacidade de
auto-observação e auto-avaliação.
O comportamento de estudar, segundo Hübner (1999), é uma atuação
complementar às atividades de sala de aula, realizada em casa, através de leituras,
confecção de resumos, esquemas, fichamentos e (troquei uma vfrgt/la pelo “e") exercícios.
É modelado e mantido durante toda vida acadêmica. Envolve diversas contingências no
ambjente escolar propriamente dito e no ambiente familiar. Da mesma forma que a
aprendizagem em si, segundo Marinotti (1997), este comportamento é resultante da
interação do aluno com esses ambientes (escolar e familiar). Em geral, quando adolescentes
apresentam dificuldades (medidas através do baixo rendimento escolar, representado nas
“notas vermelhas", abaixo da média exigida pela escola) em emitir o comportamento de
estudar, são classificados pelos professores como "preguiçosos", "rebeldes" ou
"bagunceiros", piorando ainda mais o quadro geral e (troquei uma vírgula pelo "e”) o
relacionamento com o ambiente escolar e familiar, pois agora, os pais, além do lidarem
com um filho que tira notas baixas, este também é considerado “mal-elemento" (esta frase
está muito estranha! Sugestão:"... os pais lidam com um filho que tira notas baixas e é
considerado um ‘mal-elemento'"). Segundo Kerbauy (2001), envolveria contingências por
parte da comunidade verbal que detém reforçadores e punidores, liberando-os nem sempre
de forma contingente às respostas que deveriam ser mantidas e/ou punidas.
Devemos avaliar, primeiramente, se o comportamento de estudar foi aprendido.
Se foi, o segundo passo (tirei a vírgula que tinha aqui) é avaliar as variáveis que estão
impedindo sua emissão. Investigamos os fatores citados anteriormente, que dificultam a
emissão do comportamento de estudar. Conjuntamente à avaliação, em um processo
contínuo, o comportamento de estudar passa a ser instalado ou reinstalado (treinado).
32 An^ltcd Cdpelan
O duplo papel (terapeuta e professor) proporciona a avaliação constante das
dificuldades apresentadas (se acadêmicas ou não; de entendimento), o fornecimento de
reforços, o esclarecimento de dúvidas e um treino maior e acompanhado. Quando o cliente
passa a acertar os exercícios que faz, (subsititul “e assim," pela vírgula) a resposta de
estudar passa a ser reforçada de forma natural, revertendo a história de fracasso e insucesso
escolar. Com o aumento dos acertos a cada tentativa, na realização de exercícios de
matemática, ao escrever uma redação, quando passa a aumentar a exigência, introduzida
de forma gradativa, o cliente, muitas vezes, ó submetido a um esquema intermitente de
reforço (volta a não acertar sempre), às vezes, (eu tiraria esse “às vezes") inclusive de
forma natural, que visa dificultar a desistência em enfrentar as dificuldades (Sugestão:
trocar "as dificuldades” por "os obstáculos", para evitar repetição) nos estudos.
Discute-se também com os clientes (tirei a vírgula que tinha aqui) dificuldades
que possam estar ocorrendo no relacionamento com o(s) professor(es) que o estejam
impedindo de resolver suas dúvidas e estratégias para superar tais dificuldades.
Aos poucos, uma resposta que não fazia parte do repertório comportamental
corrente do adolescente (comportamento de estudar) ó (re)instalada, a partir do seu
desempenho prévio. Como o acompanhamento é feito individualmente e a avaliação do
desempenho é feita continuamente (sujeito como seu próprio controle), o processo de
aprendizagem ó facilitado.
Neste processo, durante a realização deste trabalho, temos observado aumento
na freqüência de leituras, no interesse pelas disciplinas em geral, aumento das participações
em sala de aula relatado pelas professoras, inclusive na freqüência de emissão do
comportamento de estudar generalizadamente (relatado pelos pais), diminuição da cobrança
do comportamento por parte dos pais, diminuindo o desgaste familiar, e uma acentuada
melhora nas notas obtidas em provas.
Esse tipo de trabalho pode ser facilitado, se o repertório do terapeuta apresentar
as seguintes respostas: conhecimento do conteúdo acadêmico e da linguagem, costumes
e preferências dos adolescentes.
Referências
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estudo: a família.pró-saber. In R. R. Kerbauy & R. C. Wielenska, Sobre ÇQJTlPOrtamentO 0
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res (Org.), Estudos do casos em psicologia clinica comportamental. infantil. Campinas: Papirus
Editora.
usr
O ob|«tivo deste artigo ê dwserever criticamonto os mAtudos «mpregadon pt*la Terapi.) cognitivo comportamental pura o
diagnóstico clinico 0 ava/i«rçdo do swçjuimento t«ra|>dutico. Tricnica* de observação do comportamento, tócnicaa do ontrt>
vi»ta, «vnlioçflo pHÍ(.ométric« ti avaliação fisiológica sâo aprosontada» como Importantes ferramentas para a Psicologia
clinica u da naúdit
The objoctivfi this article is criticai to deacribe tho mothods to use Cognitive-behavioral therapy for clinicai diagnoalic .-inri
thorapeutic following assessment Bohaviour observatlon techmquos, interview technlqueií, psychomotric and phyBiological
assoMmwil are inlroducad ah imporiant» looi» for clinicai and benllh Psychology
T icnln Paulwta do Medicina (UNIf ESP FPM) - Ambulatório de Ansiedade do Instituto d«t Psiquiatria do I to»pita: da* Clinica* du hacuidade deMmilcitiH
da t Jniversidade de Sâo Pauto (AMRAN IPQ HCFMUSP) Setor oe Psioolog<a dn Saúde do IrntKuto Nnuroiógioo de SP - Hovpltal UenefloAncia Portuguem»
Técnicas de observação
As técnicas de observação direta são utilizadas para o registro de dados sobre o
comportamento e o ambiente (Hutt e Hutt, 1974). Charles Darwin (2000), em seu importante
trabalho intitulado A expressão das emoções no homem e nos animais, afirma: "uma
descrição precisa do semblante relacionado a uma dada emoção ou estado de espírito,
determinando as circunstâncias em que este apareceu, seria de grande valia” (pág. 26).
Frente à utilização deste instrumento deve-se estabelecer:
ONDE: será observado/ situação?
QUANDO: será observado/data e horário?
QUEM: será objeto da observação/ sujeito(s)?
O QUE: será observado/ qual(is) comportamento(s) ou ambiente(s)?
POR QUÊ: será observado/ limites e possibilidades desta observação?
COMO: será observado/ técnicas de registro?
A observação cientifica é objetiva (atém-se aos fatos efetivamente objetivos -
exclui a subjetividade e interpretações pessoais) e sistemática (envolve planejamento prévio),
além de utilizar uma linguagem cientifica (objetiva, clara e precisa) diferente da linguagem
coloquial, para o registro. O grau de detalhamento dos dados é determinado pelo objetivo
da observação (Danna e Matos, 1986).
A classe de comportamentos não-verbais (ex. cerrar o punho, morder os lábios
etc.) não $ objeto de interpretação apriorlstica e estática. Por parte das técnicas de
observação, qualquer registro de comportamento será analisado no contexto da observação
e preferencialmente complementada por outros procedimentos. Por exemplo, projetar o
tronco em direção à pessoa do sexo oposto não significa a priori interesse, desejo ou
maior afetividade, como descrevem Weil e Tompakow (1996) no seu livro "O corpo fala - a
linguagem silenciosa da comunicação não-verbal".
O registro poderá ser manual (realizado pelo próprio observador) ou automático
(registradores eletromecônicos e filmagem).
É necessária a criação de um protocolo de observação que previamente estruture
os dados que serão registrados, consistindo basicamente de: identificação geral das
condições em que a observação ocorre e dos comportamentos e ambiente (físico e social).
Utiliza-se o relato para descrição do(s) sujeito(s) e do diagrama para o ambiente físico
(Danna e Matos, 1986; Fagundes, 1993).
Técnicas de entrevista
A entrevista é o instrumento de coleta de dados mais utilizado em Psicologia
(Lodi, 1981; Benjamin, 1996; Miranda e Miranda, 1996). Historicamente, este recurso vem
DiSôrdôCS) para diagnóstico de transtornos mentais, ou qualquer outro roteiro com finalidade
definida previamente.
Avaliação psicomótrica
O emprego de testes, escalas e inventários em Psicologia clinica e da saúde
surgem da necessidade de criar ou confirmar objetivamente as hipóteses levantadas por
observação, entrevista ou mesmo da avaliação fisiológica. Foi através destes instrumentos
de mensuração psicológica (comuns a partir de 1960) que se possibilitou o desenvolvimento
da TCC e o conhecimento sobre sua eficácia e segurança (Beck, 1997; Gorenstein, Andrado
eZuardi, 2000).
Embora haja certa discussão sobre a validade da utilização de procedimentos
psicométricos e a terapia comportamental, atualmente "(...) a maioria dos autores ó a
favor de uma integração entre avaliação comportamental e os princípios o critérios
psicométricos" (Silva e Martorell, 1996, pág. 101). Para isso alguns conceitos fundamentais
são descritos a seguir:
a) confiabilidade - medida utilizada para se referir à reprodutibilidade de uma medida,
ou seja, ao grau de concordância entre múltiplas medidas de um mesmo objeto.
Tipos de confiabilidade: entre diferentes avaliadores e teste-reteste. O Kappa (K) é
o coeficiente freqüentemente utilizado para medir o grau de concordância entre
avaliadores (K= -1 indica concordância menor que o acaso; K= 0 totalmente acaso;
K= +1 concordância perfeita).
b) validade - capacidade do instrumento em medir aquilo que ele realmente se propõe
a medir. Tipos de validade: conteúdo, critério (sensibilidade e especificidade) e
constructo.
Os instrumentos mais utilizados em TCC são descritos na tabela 1.
É importante salientar que muitos desses instrumentos ainda são desconhecidos
pela maioria dos estudantes brasileiros, sendo necessário treinamento adequado e
supervisão para escolha e manipulação dos testes e de seus escores. Ultimamente vem-
se percebendo o maior uso destes métodos através de trabalhos apresentados em
congressos, o que é bastante animador, restando ainda fomentar discussões sobre o uso,
direitos autorais destes materiais e adaptações transculturais dos mesmos.
AA = auto-aplicação
E= entrevistador
P= personalidade
QV= qualidade de vida
SM
= saúde mental
TOC = T ranstorno obsessivo-compulsivo
Avaliação fisiológica
Emborá seja um procedimento pouco divulgado em nosso meio científico e prática
clínica, a avaliação fisiológica complementa as demais técnicas até aqui apresentadas,
por tratar-se de um método empiricarnente demonstrado e possibilitar que os diagnósticos
e/ou seguimento terapêutico também considerem mudanças nos sistemas biológicos, a
partir de intervenções psicossociais (Neves Neto, 2001 c,d).
Os dispositivos de avaliação da fisiologia mais comuns são os biofeedbacks,
aparelhos eletrônicos capazes de monitorar pequenas ou grandes variações do organismo,
como: resistência galvânica da pele, tensão muscular, transpiração, temperatura, freqüência
cardíaca e respiratória, pressão arterial, ondas cerebrais etc. É importante salientar que o
seu alto custo ainda impede que mais profissionais possam se utilizar destes dispositivos.
Conclusão
Os procedimentos discutidos neste trabaího possibilitam um diagnóstico mais
válido e um acompanhamento da terapia mais fidedigno. É importante salientar que bons
terapeutas cognitivo-comportamentais também são bons avaliadores, uma vez que somente
a partir da conceitualização cognitiva ou da análise funcional dos pacientes, são planejadas
as intervenções e fica demonstrada a eficácia desta abordagem para inúmeras condições
de saúde.
Todo programa de treinamento em TCC deverá instrumentalizar seus alunos nestes
procedimentos, sendo a supervisão um aspecto fundamental para o aprendizado e
aperfeiçoamento destes recursos.
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Sobre Comportamento c C o ^ n l^ o 43
Capítulo 5
Cartas na mesa: uma análise de possíveis
determinantes do comportamento de jogo
patológico
Cacihia Amorim1
I A /’
Rec«»ntementn, o jogo patológico tornou-se um* grand* Interesse para programas de saúda pública. Este trabalho antilisa hr
contlgências que podariam manter o comportamento da jogar O comportamento de jogar poda sar dascrlto como um padrAo
comportamental forte e reslstante à extinção, qua poda levar o jogador à perda de outro» reforçadoras, a respoAtas do
nsquiva » respostas socialmente inaceitáveis ún modo a permanecer jogando. Esquema» razão randômica, probabilidade do
reforço, magnitude do reforço, custo da resposta e controlo por regras supersticiosas foram analisado» enquanto possíveis
determinantes da mstalaçio p manutenção do jogar. Estudos recentes da análise experimental do comportamento do jogui
foram também discutido»
Recently, patholoQicat yambling hns became a tssue of a çjreat Interest for publIc hoalth programa This paper Is an attempt
to analyze the contlnyencies related to gambhng. Gambllng behavior can be described as a well-establishecl and strong pattern
of responding, reslstant to extinction, ttiat can lead the gambler to loss other relnforcers, to emlt avoidance responses and
other soclally unacceptable responses, In order to engage In gambllng. Random rate schedules, probablllty of rolnforcement,
reinforcer magnitude, response cost and superstitlous rule-governed behavior are analy/od as potential determinants of tho
establishment and malntenance of gambllng Recent reports of experimental analyBis of gambling were also diacussed.
Jogos de azar são atividades ilegais em diversos países. Estes jogos são assim
chamados porque oferecem a possibilidade de econômicos significativos mediante apostas
em dinhetro, embora a probabilidade do ganho seja baixa. Em função desta baixa
probabilidade, as quantias apostadas usualmente são perdidas.
Mesmo nos países onde há permissão legal para jogar, estas são atividades
restritas a adultos. A prática de jogos de azar encontra-se, na maior parte das vezes,
concentrada em locais específicos - casas de jogos ou cassinos - nos quais se proíbe a
entrada de menores. Em cassinos, os jogos mais comuns são jogos de cartas, de roleta
e jogos com máquinas eletrônicas.
No Brasil, diversos jogos de azar estão legalizados e alguns deles são explorados
pelo Estado, como as loterias. Os jogos de cassino estão proibidos desde 1946, embora
'A autor» é m#«tr« em Pticotogla Experimental pulo PUC-SP, doutoranda em Psicologia Experimental pela Universidade do Sâo Paulo e profewora
da Universidade Sâo Francisco e Faculdade de Pticologia Padre Anchieta.
44 Cucildd Amorim
haja um projeto de lei em tramitação pelo Congresso Nacional pedindo sua liberação. 0
jogo do bingo - um outro tipo de jogo de azar - foi liberado em 1998 para exploração por
entidades desportivas, sob controle de um banco federal. Casas de bingo tornaram-se, a
partir de então, comuns em todas as grandes cidades; nestas casas, além de mesas
para o bingo, máquinas eletrônicas de outros tipos de jogos podem ser encontradas,
como vldeo-poker e caça-nlqueis.
Recentemente, as oportunidades para engajamento em jogos de azar aumentaram
com a proliferação de cassinos virtuais - acessados pela Internet - e pela presença de
máquinas eletrônicas, como vldeo-bingo, vldeo-poker e caça-nfqueis em diversos
estabelecimentos comerciais abertos. Nos dois casos, esta proliferação ó preocupante,
em especial, porque permite acesso não controlado a menores de idade.
Segundo um levantamento realizado (Escobari, 2001), estima-se que o número
usuários de cassinos virtuais da Internet aumente, dos atuais 13 milhões em 2001, para
111 milhões em 2004. Prevê-se, também, que o faturamento total destes cassinos on
line chegue, em 2004, a 16 bilhões de dólares. De acordo com este mesmo levantamento,
existem hoje aproximadamente 17.000 endereços de cassinos na Internet, nos quais
estão disponíveis diversos jogos eletrônicos similares aos encontrados em cassinos reais.
Os jogadores pagam suas apostas com cartões de crédito. Estes cassinos dependem
de uma licença para operar, que podem ser obtidas em locais onde o jogo é liberado,
como por exemplo o estado de Nevada, Estados Unidos, os países Costa Rica e Inglaterra
e a ilha de Antígua, no Caribe. Estas licenças custam, em média, 100.000 dólares
(Escobari, 2001). Uma vez que o jogo esteja disponível na Internet, ele poderá ser acessado
sem restrições por usuários de quaisquer países. Como as informações de identificação
solicitadas aos jogadores na entrada dos cassinos virtuais não podem ser checadas, a
Internet conseguiu, de fato, a liberação do jogo. A única restrição é que se disponha de
dólares para jogar.
Outros locais têm também facilitado o acesso a jogos de azar, nos últimos anos.
Máquinas caça-níqueis tornaram-se comuns em lugares de acesso livre, como padarias,
bares e restaurantes, mesmo sem autorização legal para a exploração do jogo e do uso
destas máquinas. As estimativas são que em 2001 existam, em São Paulo, mais de
10.000 máquinas de jogos eletrônicos ilegais.
Desde que as probabilidades de ganhar em jogos de azar são freqüentemente
programadas a favor do dono do estabelecimento, este se mostra um ramo de negócios
extremamente lucrativo para quem o explora e, por decorrência, extremamente prejudicial
para quem joga em excesso. Apenas considerando as perdas financeiras, os danos sâo
muito altos. De acordo com Siqueira (1999), jogadores patológicos atendidos por um
ambulatório especializado perderam durante a vida, em média, mais de 80.000 dólares,
enquanto os ganhos médios não ultrapassaram 8.000 dólares.
46 Cdcikld Amorim
relações de contingência espúrias entre determinadas topografias da resposta de jogar e
a produção do reforçamento.
48 Caclldd A m orlm
maior pagamento em caça-níqueis chega a 500:1, o que poderia levar a um ganho de
2500:3, no caso da aposta máxima de três fichas ou moedas (Casinoresponse, 2001 b).
Analisando os custos de resposta descritos acima, em relação à probabilidade e
magnitude do reforçamento, observamos que estes jogos permitem que o sujeito emita a
resposta a um custo proporcionalmente baixo, em comparação à magnitude do reforço. É
possível que este baixo custo de emissão de cada resposta individual seja um elemento
fundamental na instalação e na manutenção do padrão de jogar patológico, uma vez que
impede este custo de funcionar como punidor contingente. Respostas de custo mais alto
também podem ser emitidas, mas como decorrência de uma resposta de escolha. De
acordo com a categoria 2 do DSM, a escolha por apostas progressivamente mais altas é
característica de jogadores patológicos, o que sugere um aumento na força da resposta em
função do tempo de jogo.
Contudo, fica igualmente claro que as probabilidades de ganhar e de perder são
muito desproporcionais. Como a probabilidade de reforçamento é baixa, a longo prazo o
jogador perde muito mais do que ganha, o que tem por conseqüências diversos dos problemas
sociais descritos como categorias diagnósticas do jogo patológico, segundo o DSM. No
caso da roleta, no exemplo dado, a probabilidade do sujeito perder o valor apostado é de
97.3%, enquanto a probabilidade de ganhar é de 2.7%. No caso do caça-níqueis, uma
magnitude ainda maior de reforçamento poderia ser obtida, proporcionalmente ao custo da
resposta; o custo mais baixo, ao lado de maior magnitude, pode ser uma das variáveis
relevantes para a explicação da proliferação de tais máquinas, mesmo que a probabilidade
real de reforçamento seja bem mais baixa.
Outro aspecto a ser destacado é a aparente insensibilidade do jogar às suas
conseqüências atrasadas - as perdas econômicas cumulativas. Esta insensibilidade pode
ser interpretada de duas maneiras: primeiro, em termos de um forte controle por variáveis
presentes. Entre elas, estariam o baixo custo para a emissão das respostas individuais,
como foi apontado acima; a produção de reforçadores condicionados, como sons e luzes
correlacionados a ganhos; falta de estimulação ambiental correlacionada a contingências
competitivas (como relógios, janelas abertas indicando o momento do dia, etc.) e imitação
(presença de outros ganhando).
Alternativamente, esta insensibilidade poderia ser decorrente de controle verbal.
De acordo com a literatura da área de controle por regras, descrições de contingências
fornecidas aos sujeitos sob a forma de instruções, ou formuladas por eles mesmos, sob a
forma de auto-regras, podem alterar a probabilidade de emissão da resposta especificada
(Catania, Mattews & Shimoff, 1982; Hayes, Brownstein, Zettle & Korn, 1986), mesmo
implicando em um aumento no custo de resposta à redução na magnitude do reforçamento.
Tal controle seria explicado em termos de uma história anterior de reforçamento social do
operante de seguir regras. Outros estudos, por sua vez, sugerem que o grau de controle
exercido por uma regra ou instrução dependem de características próprias das contingências
em vigor (Amorim, 2001; Torgrud e Holborn, 1990). De acordo com os autores, o controle
verbal seria mais provável sob contingências que exercessem um fraco controle discriminativo
sobre padrões específicos de resposta, liberando reforçamento contingente a diversas
topografias ou padrões, como parece ser o caso das contingências envolvidas no jogar.
Estas também não são contingências fáceis de serem verbalmente descritas.
Como já foi destacado, há diversas probabilidades de obtenção de reforçamento, em
função do custo da resposta, bem como variações na sua magnitude, que, em aíguns
50 Cticiklti Am orim
Algumas variáveis foram manipuladas nestes estudos, de modo a verificar seus
efeitos sobre a manutenção do responder e sobre os níveis de risco da resposta: controle,
pelo sujeito, de elementos da topografia da resposta de jogar (Dixon, 2000); produção de
estímulos correlacionados a ganhos (Porter, Gbezzi & Wilson, 2001; Wilson, Ghezzi &
Porter, 2001); instruções fornecidas aos sujeitos (Dixon, 2000; Dixon, Hayes &Aban,
2000) e manipulação da probabilidade de reforçamento (Dixon, Hayes e Aban, 2000).
Dixon (2000) estudou a influência de duas variáveis - o tipo de descrição das
contingências fornecidas aos sujeitos e o controle sobre a topografia da resposta - como
determinantes do número de jogadas em que o sujeito permanecia jogando e sobre o
nível de risco assumido a cada aposta, medido em termos da quantidade de fichas
apostadas. Participaram deste estudo adultos sem história anterior declarada de jogo
patológico. Um jogo de roleta de mesa foi usado. Neste estudo, os sujeitos só poderiam
fazer um tipo de aposta, que pagaria 8:1, com a probabilidade fixa de reforçamento de
1,25%. Durante todo o experimento, que foi realizado em duas sessões, os sujeitos
poderiam escolher quantas fichas apostar. Durante algumas jogadas, os sujeitos poderiam
decidir em qual número apostar (condição de controle sobre o apostar); em outras, os
sujeitos entregavam as fichas ao experimentador e este escolheria o número para apostar
as fichas (condição de ausência de controle sobre o apostar). Deve-se notar que a
probabilidade de reforçamento era a mesma nas duas condições; o fato do sujeito ou do
experimentador escolher o número da aposta (a topografia da resposta) não alterava a
chance de ganhar. Os sujeitos começaram a jogar sem receber instruções. Depois de
algumas jogadas da primeira sessão, receberam instruções inacuradas, supostamente
"Dicas sobre Roletas". Na segunda sessão, os sujeitos recebiam outras instruções, agora
acuradas.
Os resultados obtidos por Dixon (2000) sugerem que o controle do sujeito sobre
aspectos da topografia da resposta de apostar, embora não alterem a probabilidade de
reforçamento, interferem sobre a quantidade de fichas apostadas. Todos os sujeitos
apostaram comparativamente mais, quando podiam escolher o número para apostar. O
fornecimento de instruções inacuradas, por sua vez, parecem alterar a quantidade de
tempo que o sujeito permanece jogando. O autor interpreta estes resultados como produto
anterior de uma história de controlabilidade e de controle por regras. Contudo, algumas
variáveis não controladas neste estudo, como taxa de reforçamento diferentes entre sujeitos
e entre condições podem ter funcionado como fontes espúrias de controle; assim, há a
necessidade de outros estudos incluindo controles experimentais adicionais.
Em outro estudo, Dixon e colaboradores (2000) tentaram examinar, em um mesmo
experimento, o efeito da densidade do reforçamento, do tipo de regra fornecida e da história
experimental dos sujeitos como determinantes do tempo de permanência no jogo e do nível
de risco das apostas. Para este estudo, foi utilizado um jogo de roleta computadorizado.
Os participantes do experimento relataram não ter experiência anterior com jogo de roleta
nem histórico de problemas com jogo. Os sujeitos poderiam escolher quantas fichas apostar
e qual o tipo de aposta a ser feita, dentre 3 possibilidades: 1:1, com 47% de probabilidade
de ganho; 2:1, com probabilidade de 32% e 8:1, com probabilidade de 11% de ganho. Ou
seja, a probabilidade de reforçamento variava de forma inversa á magnitude. Estas são as
probabilidades e magnitudes reais de ganho em um jogo de roleta "não viciado”. Os sujeitos
eram informados, antes do início do procedimento, sobre serem estes os tipos de apostas
possíveis e sobre suas probabilidades e magnitudes de reforçamento.
52 Cdclliiu A m orim
Jogo patológico: Uma prática cultural “ patológica” ?
O valor da análise experimental do comportamento de jogar dificilmente poderá
ser superenfatizado. O conhecimento das variáveis ontogenóticas responsáveis pela
instalação e manutenção do jogar poderá levar ao desenvolvimento de propostas de
intervenção remediativas, voltadas para jogadores com este padrão já bem estabelecido.
Contudo, como já foi mencionado anteriormente, este ó um comportamento produto
de trôs níveis de seleção natural, dentre elas as práticas culturais vigentes. Um maior
número de jogadores é potencialmente reforçador para aqueles que exploram o jogo; ao
mesmo tempo, alguns representantes das agências que regulamentam as práticas
culturais do grupo social - o Poder Legislativo - têm defendido sua expansão. A análise
experimental do comportamento de jogar pode, de forma importante, colaborar com a
questão, fornecendo subsídios científicos para a discussão dos efeitos desta expansão
das oportunidades de jogo, tanto para aqueles que jogam, quanto para outros a seu
redor.
Vale a pena mencionar os argumentos do parecer sobre o projeto de lei para a
legalização dos jogos de azar (Lobão, 1996). Parte da argumentação da defesa do projeto,
feita pelo senador Edison Lobão, baseia-se no potencial econômico que poderá ser
alcançado, caso o jogo seja liberado em locais de potencial turístico ou em locais sem
outras alternativas de desenvolvimento econômico-social:
"Não há dúvida, assim, que a indústria do jogo é uma atividade econômica
significativa e que potencialmente poderá, de fato, converter-se em fonte de
financiamento para a indústria turística nacional. Sob o aspecto puramente
econômico, portanto, a legalização do jogo é eminentemente meritória"
(Lobão, 1996, pág. 1)
A outra parte da argumentação ó de maior interesse para o analista do
comportamento, pois fundamenta-se em uma concepção de homem autônomo e
autodeterminado, que vem desde muito sendo refutada pelo behaviorismo radical:
"O argumento de ordem moral (de que o jogo é uma atividade perniciosa em
si mesmo), assim, é contrário ao princípio da liberdade. Não cabe ao Estado
tutelar o cuidado que qualquer pessoa tenha ou deixe de ter consigo própria;
note-se que o suicídio, por exemplo, é indiferente ao direito penal (ressalvando
o caso de instigação ao suicídio, naturalmente), embora constitua uma grave
afronta religiosa e moral para alguns"{Lobão, 1996, pág. 2)
A argumentação deste legislador vai na direção de defender a liberação do jogo
em nome da preservação da liberdade e autonomia individual, como fica claro a partir do
trecho citado. A suposta defesa da liberdade, contudo, apenas deixa espaço para o
controle ser exercido por outras fontes, às vezes não explicitas. É igualmente
surpreendente notar como sequer é considerado por este legislador que a liberação do
jogo terminará por expor indivíduos a reforçadores condicionados poderosos que certamente
o instigarão a jogar. Porém, parece que este lapso é facilmente explicável, na medida em
que tornaria sua proposta tão ilegal quanto a instigação ao suicídio. Resta analisar quais
seriam as variáveis que manteriam o comportamento de defesa da liberação do jogo, por
parte de alguns políticos.
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Association for Behavior Analysis, New Orleans.
Desde alguns anos, analistas experimentais do comportamento passaram a utilizar com maior frequAncia software»
especialmente desenvolvidos para suas pesquisas. O presente trabalho apresenta uma das linguagens de programaçflo
mais populares, o Visual Bhsic, da Microsoft, os requisitos desta linguagem de programação a seus fundamentos. A
programação de um software 6 apresentada como atividade que requer, basicamente, habilidades comuns a analistas do
comportamento analisar e programar contlngAncias.
Slnce a fnw years ago, experimental behavior analysts have begun to usa speclally developed software» more frnquontly,
In order to carry their research programs This paper present one of the most popular programming languages, Microsofts's
Visual Basic, the language requlrements and its main issues Developing a software is described as an actlvity that
requlres, basicalfy, skills frequently íound among behavior analysts: analyzing and programming contlngencles.
56 Cacildd A m orim
verbais que usamos para dar instruções em situações de interação social. Estes programas
podem ser utilizados, basicamente, de duas formas.
Primeiro, softwares podem controlar a liberação de estimulação antecedente e
conseqüente em situações experimentais, usualmente em conexão a caixas de Skinner
padrão ou análogos, bem como registrar as respostas emitidas pelos sujeitos. Há algumas
empresas especializadas em produzir equipamentos para laboratório, como caixas
operantes, manipulandos como barras ou medidores de lambidas, dispensadores de água
ou comida, componentes para apresentação de luzes e sons, entre outros. A maior parte
destes componentes são operados por computador, tanto em relação ao registro das
respostas emitidas quanto à apresentação de estímulos. Estas mesmas empresas
desenvolvem softwares para controlar estes equipamentos e que, em alguns casos,
permitem que o pesquisador crie novos programas de modo a atender suas necessidades
específicas (por exemplo, Med-Associates, 2002).
Segundo, e de especial interesse para a análise experimental do comportamento
humano, programas de computador podem ser usados para construir ambientes
experimentais adequados ao estudo de tarefas mais complexas e mais próximas daquelas
realizadas em situação natural.
Com relação a esta segunda forma de utilização de programas de computador, a
literatura mostra um crescente número de procedimentos que apresentam a sujeitos
humanos tarefas experimentais similares a jogos de computador. Há, inclusive, uma revista
internacional especializada em novidades tecnológicas para o estudo do comportamento-
Behavior Research, Methods, Instruments & Computers-q u e regularmente publica artigos
sobre softwares desenvolvidos para o estudo de processos comportamentais, como
modelagem (Silva, 1999), jogar em máquinas de vldeo-poker (Dixon, MacLin & hayes,
1999) e caça-níqueis (MacLin, Dixon & Hayes, 1999), tomada de decisão e solução de
problemas (Buttler, 1996; Summers, 1996), entre outros. Aqui no Brasil, temos observado
uma produção também crescente, desde os últimos anos, de softwares para análise
experimental do comportamento humano (Amorim, 1999; Vasconcelos-Silva, Martins, &
Simonassi, L.E., 2000; Amorim & Santarém, 2001; Jonas, & Chaves, 2001; Moreira, Gomes
& Pereira, 2001; Simonassi, Guimarães, & Martins, 2001).
F u n d a m e n to s da p ro g ra m a ç ã o em V is u a l B a s ic p a ra a n a lis ta s d o
co m p o rta m e n to
Há uma característica das linguagens de programação que podem se tornar um
elemento complicador para analistas do comportamento que pretendam aprendê-las: vários
58 Cacilda A m orim
dos termos usados pelos programadores são os mesmos usados por analistas do
comportamento, mas com significado totalmente diferente. Assim, são comuns referências
a eventos públicos ou privados, funções, propriedades, variáveis e controles. Como uma
estratégia para contornar esta dificuldade, deixaremos de lado esta terminologia técnica
em troca de outra, mais acessível para nossa comunidade.
A programação de um software não ô muito mais que o planejamento de um
conjunto complexo de contingências, em um ambiente a ser criado pelo programador e no
qual algumas interações entre este ambiente e o usuário do programa - normalmente, o
sujeito experimental - deverão ocorrer. Entendendo um programa em termos de
contingências de reforçamento, o analista-programador deverá: 1) planejar e criar o suporte
ambiental para todos os aspectos da situação antecedente; 2) definir quais as respostas
operantes que serão emitidas e criar o suporte ambiental necessário para sua emissão; 3)
definir quais eventos serão produzidos em função de respostas dos sujeitos (conseqüências)
e quais serão independentes da resposta, também criando antecipadamente o suporte
ambiental para estes eventos.
Como já foi mencionado anteriormente, a linguagem visual requer o desenho
antecipado de todos os componentes do programa. Esta linguagem de programação é
chamada de visual porque o suporte ambiental é desenhado - o programador vê, literalmente,
na tela do computador, o ambiente que está sendo construído por ele - e porque as instruções
são anexadas aos elementos do ambiente aos quais estão relacionadas. Desenhar os
componentes do programa é equivalente a criar o suporte ambiental para todas as alterações
ambientais que poderão ocorrer. Estas alterações ambientais ocorrerão em função dos
códigos do programa - o conjunto de instruções que serão executadas pelo computador-
e poderão ser de dois tipos: dependentes ou independentes de uma resposta do sujeito.
Neste último caso, contudo, ainda assim elas serão dependentes de algum outro evento ou
instrução pré-definido, como será visto a seguir.
Como exemplo, suponhamos que o analista-programador esteja interessado em
desenvolver um programa para estudar desempenho de humanos em esquemas múltiplos.
Ao descrever as contingências que devem vigorar em um múltiplo, sabemos que é necessária
a disponibilidade de pelo menos um manipulando e de estímulos que sinalizem os diferentes
esquemas. Para este exemplo, vamos supor que a resposta exigida fosse clicar sobre um
botão. Os dois esquemas programados poderiam ser, para simplificar, CRF e extinção.
Diante de um ambiente de cor branca, o CRF estaria em vigor. Depois de algum tempo,
digamos, um minuto, a cor do ambiente mudaria para preto, sinalizando extinção. A
conseqüência para o responder em CRF poderia ser a apresentação da figura do Smile, por
dois segundos. A Figura 1 mostra como funcionaria este programa; mais à esquerda vemos
o componente branco e no centro o componente preto. Mais à direita, vemos a conseqüência
para a resposta de clicar sobre o botão "Clique aqui", durante o componente branco.
Para começar, o analista-programador precisá, antes de tudo, desenhar todos
os aspectos necessários do ambiente experimental. Como um experimentador que prepara
uma caixa e o aparato controlador, é necessária a construção de um ambiente que contenha
o suporte ambiental para a emissão da resposta - o manipulando; no exemplo, um botão.
Este ambiente deve também possibilitar a ocorrência do evento reforçador - o Smile.
Além disso, este ambiente deve conter igualmente elementos que controlem a passagem
do tempo, de modo a permitir a mudança da cor ambiente ora para branco, ora para
preto, de acordo com a alternação dos componentes esquema múltiplo. É igualmente
necessário controlar a duração do reforço, conforme planejado.
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60 Cdciltld A m orim
Em seguida, o analista-programador passará a incluir no ambiente os elementos
necessários para a interação desejada. Para o múltiplo acima, é necessário um
manipulando, para que o sujeito tenha sobre o que clicar. O Visual Basic possui uma
caixa de ferramentas, com todos os recursos que o analista-programador pode usar para
construir seu ambiente. Esta caixa de ferramentas também pode ser vista na Figura 2, à
esquerda, representada por três colunas paralelas com diversos (cones. À direita da
figura encontra-se outro recurso fundamental para o desenvolvimento dos softwares: a
caixa de propriedades. Como veremos adiante com mais detalhes, todos os elementos
do ambiente possuem algumas características que podem ser alteradas: seu nome, sua
cor, seu tamanho, sua posição, o fato de estarem ligados ou desligados, visíveis ou
invisíveis, entre várias outras. Estas propriedades podem ser definidas a partir desta
caixa de propriedades ou alteradas durante o uso do programa, quando este obedece a
instruções. Somente para tornar mais claro, são as mudanças das propriedades dos
elementos do ambiente que levam às variações requeridas pelas contingências. A primeira
propriedade que definiremos será a propriedade Name (Nome) deste ambiente. Iremos
chamá-lo Ambiente, por questões de conveniência.
Um botão-manipulando pode ser integrado ao ambiente com apenas um clique
duplo sobre o ícone de botão de comando da caixa de ferramentas: um ícone retangular,
na segunda fileira da coluna esquerda da caixa de ferramentas. Iremos alterar a propriedade
Caption (Rótulo) deste botão para “Clique aqui" (ver Figura 1) e sua propriedade Name
para Manipulando. Também, precisamos incluir o suporte ambiental para a liberação da
conseqüência - o Smile. Há a possibilidade de inserir arquivos de figuras nos programas
de Visual Basic, quer sejam fotos (*.jpg ou *.tif), desenhos (*.bmp) ou outros formatos de
arquivos de figuras. Para isso, precisamos de uma moldura; deveremos clicar duas vezes
no ícone de imagem (última fileira, coluna da esquerda). Após o clique duplo, uma moldura
vazia aparecerá na tela. Deveremos então, colocar uma figura nesta moldura. Para isto,
iremos definir a propriedade Picture (Figura) desta imagem para o nome de um arquivo
figura com a imagem do Smile. Com isto, o Smile aparecerá dentro da moldura. Mais um
detalhe: como a conseqüência só estará visível no momento da liberação do reforço,
iremos definir sua propriedade Visible (Visível) para False (Falso). Para terminar, a
propriedade Name desta imagem será Consequencia.
Como foi também dito, ainda falta incluir um elemento para controlar o tempo e
alternar os componentes do múltiplo. Há um componente específico para isto no Visual
Basic, que exerce a função de temporizador (timers ou relógios). Para incluir um timer,
basta clicar sobre um botão (adequadamente, um ícone de relógio) disponível na caixa de
ferramentas do Visual Basic. Deveremos fazer isto duas vezes. O timer que controlará a
alternação dos componentes será chamado TimerMultiplo. Queremos que este timer
seja ativado a cada 1 minuto, portanto estabeleceremos o valor de sua propriedade Interval
(Intervalo) em 60000 milissegundos. Queremos também que este timer comece a funcionar
automaticamente, tão logo o programa seja carregado; portanto sua propriedade Enabled
(Ligado) deverá ser igual a True.
Quanto ao segundo timer que tornará a conseqüência visível durante o
reforçamento, iremos alterar sua propriedade Name para TimerConsequencia e sua
propriedade Interval para 2000 milissegundos (o período durante o qual a conseqüência
permanecerá visível). Como este timer é o elemento que fará com que a conseqüência
desapareça depois de 2 segundos após o reforçamento, ele só será ativado no momento
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Figura 3: Detalhe da caixa de ferramentas à esquerda e o ambiente experimental com
todos os componentes já incluídos, à direita.
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62 Cticlldu A m orim
cor de fundo da tela, ou seja, a BackColor. Na linguagem do Visual Basic, o nome da cor
branca é QBColor (15). Então, a instrução a ser anexada é:
Basta esta instrução para que a cor de fundo da janela Ambiente mude
automaticamente para branco, quando o programa for ligado. O próximo passo ó instruir o
timer que controla o múltiplo para que ele altere a cor da tela, de branco para preto e vice-
versa, a cada 1 minuto. É importante notar que esta alteração no ambiente ó uma independente
da resposta do sujeito experimental, mas que deve ser programada de forma similar.
Quando definimos a propriedade Interval do timer para 60000 milissegundos (1
minuto), determinamos que a cada minuto todas as instruções anexadas a este timer
sejam executadas. Estas instruções deverão levar o programa a mudar a cor da tela, de
branco - QBColor( 15) - para preto - QBColor(O) - e vice-versa. Para tanto, o programa
precisará identificar qual a cor atual, para mudá-la para a cor contrária.
Para inserir estas instruções, deveremos clicar duas vezes sobre o //merque
chamamos de TimerMultiplo. Aparecerá então o local apropriado para inserir as instruções
referentes a este timer. o espaço entre as linhas Private Sub TimerMultiplo_Timer e Exit
Sub (ver Figura 5). Neste espaço, escreveremos os seguintes códigos:
If Ambiente.BackColor = QBColor(15) Then
Ambiente.BackColor = QBColor(O)
Exit Sub
End If
Sobrr C
omportamentocCognição 63
Estes códigos descrevem nada além de relações condicionais: se a cor de fundo
atual for branco, mude para preto e termine a instrução aqui; se a cor de fundo atual for
preto, mude para branco e termine a instrução aqui.
Continuando, devemos agora incluir os códigos para a resposta operante de clicar
sobre o botão. Como planejado, um clique sobre o botão diante da cor de fundo branca
produzirá o Smile por dois segundos. Cliques no botão diante da cor de fundo preta não
produzirá alteração alguma. Para inserir as instruções que serão executadas quando o
botão foi ativado, basta clicar duas vezes sobre ele. O espaço adequado, similar ao produzido
em relação ao ambiente e ao timer do múltiplo, aparecerá. Nele, escreveremos instruções
que também descrevem relações condicionais, apresentadas a seguir:
If Ambiente.BackColor = QBColor(15) Then
Consequencia.Visible = True
TimerConsequencia.Enabled = True
End If
64 Cacilda Amonm
o software desejado, com freqüência são necessários pequenos ajustes posteriores,
quando não durante a coleta de dados, exigindo correções imediatas. O Visual Basic, de
acordo com a experiência da autora, é uma ferramenta de trabalho disponível e acessível
ao analista do comportamento e que pode facilitar sobremaneira a atividade de pesquisa
experimental de laboratório. As vantagens do domínio destas novas tecnologias para o
desenvolvimento da análise do comportamento não precisam ser aqui reiteradas, basta
remeter à literatura recente que tem incluído em seu aparato experimentai softwares
especialmente desenvolvidos para atender a suas questões de pesquisa.
Os maiores desafios encontrados na programação se localizam exatamente no
campo onde as habilidades do analista do comportamento são mais desenvolvidas. Um
bom analista do comportamento já tem bem instalado um pró-requisito fundamental do
bom programador: a habilidade de analisar contingências. Escrever um programa não é
nada mais que planejar um ambiente e todas as possíveis interações entre um humano e
este ambiente, como procuramos demonstrar neste trabalho. Em resumo, desenvolver
um programa não é mais que analisar e programar contingências.
Referências
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Inslrumenis and Gompuíers. 31. 731-734.
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Mazano, J.A.N.G. (1999) EftUÚQjJifiQiíiQJeMsua} BasicjS- Editora Erlca.
66 C.icildii Amorim
Capítulo 7
Autismo e preocupações educacionais: um
estudo de caso a partir de uma perspectiva
comportamental compromissada com a
análise experimental do comportamento
LeiIa Hagaiofo
ru c y r
Cíntia í/uilhanlt
ru c s r
O trabalho tem como objetivo apresentai um caso clinico, do uma criança de 7 anos, diagrxisticada com autlstm, a partir das
dlmensAes fundamentais da Análise Experimental do Comportamento As autoras descrovem a intervenção comportamental,
h partii do passos prá-estabelecldos que possibilitam um fazer diretamente compromissado com a Análise Experimental do
Comportamento Os passos sucessivos foram definir as classes de respostas a serem Instaladas/mantidas ou minimizadas;
observar e registrar o* dado» obtido* durante toda a intervenção, estabelecer a tinha de base, estabelecer as metas a serom
cumpridas; escolher os procedimentos a serem utilizados, programar a generalização; avaliar constantemente o programa,
com apresentação e sistematizaçâo dos dados coletados A execução desses passos, a partir do caso clinico, pormitiu As
autoras apresentarem os aspectos mais relevantes de um» intervenção firmemente compromissada com a ciência o com
os objetivos do cltente « seus familiares,« ressaltarem o quanto a eficiência de um tratamento pode estar vinculada ao grau
de clentlficidado presente na Intervenção adotada
The goal is to describe a clinicai mtervention reali/ed with a seven years old child dlagnosed with autlam. Tho inlervnntion
foilowed the dimensions proposed by the Experimental Analysis of Behavior and was designed to incorporato the stopN
commonly used by experimental researchers The steps were: (a) to define the response classes Io bo shaped, maintainod
or reduced; (b) to observe and rncord the procedure oxecuted as well as the behavioral data, (c) to observe tho child inilial
repertoire and establish a haseline ol behaviors; (d) to establish the goals of the mtervention tiofintnt) the classes of behavior
to be incruased, maintamed or decrease In frequency of occurrenca; (o) to select lhe procedures to be applied, (f) to promoto
the generallzation of the classes of behavior tralned directly to new classes, new context» and to be muintained in time; and
(g) to contlnuously ev^uate the goals, the mtervention metfKxls, and results throughout the interventlon. The efflcacy of tho
clinicai mtervention is doscribed and attributed 1o both the direct appllcation of the principies of th» Experimental Analysis of
Behavior and the use of the research steps adopted by the scientiflc community.
Considerações Iniciais
O titulo enfatiza que o trabalho de intervenção realizada com uma criança de 7
anos, diagnosticada com autismo, com nome fictício de Tales, está vinculado em todos os
níveis de sua execução com as dimensões fundamentais da Análise Experimental e Aplicada
do Comportamento.
Assim, mais que apresentar um caso, gostaríamos de convidá-los a uma reflexão:
O trabalho aqui apresentado não é inovador, pelo contrário, possibilita fazer um resgate
histórico e, por isso, sem dúvida nenhuma, recorreremos aos primórdios da Análise do
' PlcUire rxchnng* Comunication System PECS. conforms proposto por Frost & Bondy (1994)
SobreComportamento eCoRnt(cko 69
Observando e Registrando
A observação e o registro de comportamentos, tanto de comportamentos
apropriados como inapropriados, permeiam todos os demais passos e ocorrem durante
toda a intervenção. Não se trata de mero capricho do pesquisador, mas de um compromisso
com a Análise Experimental do Comportamento, com a criança e com seus familiares,
pois sem registro e sem mensuração não há possibilidade de se certificar que ocorreram
(ou não) mudanças na direção desejada nos processos comportamentais com os quais
se está trabalhando.
Segundo Danna e Matos (1986/82), os dados observados e registrados são dados
de pesquisa e possibilitam um controle experimental mais fidedigno e acurado. Além
disso, são também dados relevantes para a criança e seus familiares, pois somente a
partir deles pode-se justificar (ou não) as intervenções que estão sendo manejadas. O que
se pode dizer sobre a adequacidade (ou não) de um procedimento, se não há dados sobre
o efeito de sua aplicação?
No caso de Tales, o registro constante dos comportamentos observados, desde o
início da intervenção, possibilitaram às terapeutas verificar a cada sessão a evolução da
criança a partir dos procedimentos empregados.
* Um* dlscuaUo mau detalhada «obra oa procedlmentoe deecrito* poda aar encontrada em Maurtce Green & l.uoe, 1Wfl e Sidman, 1966
R eferências
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Stokes, F. T., & Baer, D. M. (1977). An implicit technology of generalization. Journal üf Applied
Behavior Analysis, 10, 349-367.
No estabelecimento do* objetivo» da larapia, o» valoro» tanto do terapeuta quanto do cliente assumem uma poslçio critica.
O canctilta d« valores é dlucutido dentro de uma p«rtp*ctlv» enslltico-comportamental como um tipo mtpeclnl de
metacontlngência, na qual a conseqüência comum a todos os comportamentos mantidos por contingências mais especificas
nunca è obtida completamente, o que gera comportamentos muito resistentes a mudanças. O uso do conceito de valores
como metacontingências na terapia pode aumentar a adesão ao tratamento, a manutenção dos comportamentos desejados
o a generali/açéo destas para outros contextos fora da terapia. Esses pontos sAo ilustrados com um estudo de caso, no qual
ocorreu conflito de valores entre o terapeuta e o cliente. Sugestões sobre estratégias terapêuticas relevantes nosses casos
sfio apresentadas
When establishing therapeutlc yoals, the values of both the therapist and the Client ocupy a criticai position The concept of
values is discussed In a behavior-analytlc perspective as n spocial kind of metacontlngency, In which a consoquence that
is common to many dlffernnl behaviors is nevar fully obtained. This fact generates bahaviors that are very resistant to
change and the use of these special klnds of metacontingencies may enhance treatment compliance, the malntenance of
desired behaviors and their generali/ation to other contexts outside therapy These issues are exempllfied by a case study,
durlng thu courso of which confllcts regarding values occurred. Suggestlons on therapeutic stragegies relevant to thoses
situatlons are presented
Estudo de caso
Cliente: sexo masculino, 24 anos, homossexual, estudante de contabilidade,
trabalha em uma pequena firma de contabilidade. Filho mais novo entre cinco, mora só
com a mãe.
Queixas:
• Tremores na mão direita, sem causa orgânica aparente.
• Timidez, medo de criticas, fácil irritabilidade com outras pessoas.
• Dificuldades acadêmicas, atribuídas aos seus problemas interpessoais.
Análise do caso:
• Revolta com a condição homossexual, em função de suas conseqüências (preconceito,
gozação) >busca de aceitação pela conformidade com as normas sociais (comparação
com o comportamento dos outros) -> sentimento de insatisfação generalizado com a
vida por nunca conseguir "ser igual aos outros".
• Problemas interpessoais originados pela não aceitação da homossexualidade
O cliente expressou, ao longo da terapia, um desejo de mudar sua orientação
sexual, pois acreditava que, ao passar a ser heterossexual, tudo se resolveria em sua
vida Ao mesmo tempo, ele expressava certos valores, em forma de auto-regras, como por
exemplo: "as pessoas devem casar e ter filhos; filhos adotivos ou filhos não concebidos
‘naturalmente’ não são filhos"; "profissionais homossexuais não são competentes".
O terapeuta, após realizar a análise funcional e expô-la ao cliente, passou à fase
de determinação dos objetivos da terapia. Nesse momento, cliente e terapeuta
apresentaram desacordo em relação aos objetivos: enquanto o cliente queria que a terapia
fosse dirigida para a mudança de sua orientação sexual, o terapeuta, por questões de
valores pessoais e por uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, não podia
fornecer o serviço requerido pelo cliente. Assim, o terapeuta expôs o problema ao cliente,
enfatizando o tipo de serviço que ele poderia oferecer e a impossibilidade de atender os
desejos do cliente e ressaltando que a escolha de continuar o tratamento dentro dos
moldes sugeridos caberia ao próprio cliente. O cliente concordou, um tanto relutante, e os
objetivos foram, então, estabelecidos. Ao final da terapia, o cliente deveria:
• Entender o que é homossexualidade;
Conclusão
Em vários momentos da terapia, ó preciso que levemos em consideração situações
mais amplas e que, freqüentemente, não são englobadas dentro do conceito de contingência
tríplice. A noção de metacontingência vem somar-se à análise funcional, lembrando-nos
de que não é possível, muitas vezes, atermo-nos somente às conseqüências imediatas
dos comportamentos para entendê-los completamente. A identificação de conseqüências
mais abstratas (abstrata significando comum a vários comportamentos mantidos por
contingências mais específicas) pode, como discutido acima, auxiliar o terapeuta no seu
trabalho, aumentando a adesão do cliente e a manutenção dos comportamentos desejados,
mesmos ambientes fora da terapia.
Referências
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Hayes, S. c., Strosahi, K. d., & Wilson, K. G. (1999). Accectance and commitment therapyian
experientlal approach to behavior change. New York: The Gilford Press.
Quarenta anos atrás, eu vim ao Brasil, pela primeira vez. Eu tinha 49 anos de
idade e meu marido Fred, 63. Ele era professor de Psicologia da Columbia University em
Nova York. Nós vivíamos em Terrafly, N. J., um subúrbio de Nova York. Nosso filho John
tinha recém entrado na faculdade e nossa filha Anne, casado recentemente. Fred tinha
um sabático para gozar no ano de 1961. Ele falou sobre isso com uma estudante e ela deu
essa informação, no Brasil, para o reitor Paulo Sawaya. Para surpresa de Fred, ele recebeu
um telegrama do reitor convidando-o para passar seu ano sabático na Universidade de
São Paulo. Esse foi o começo das cousas que mudaram nossa vida para sempre. Naquele
tempo enviar e receber cartas era incerto e demorado. No entanto, apesar da inflação
crescente, o reitor Sawaya assegurou a Fred que ele podia ter auxilio extra da Fundação
Fulbright e que poderíamos viver confortavelmente e até mesmo ter uma empregada. Uma
experiência nova para mim. Eu estava pessimista com o que aconteceria, mas Fred
perseverou e até mesmo fez um curso de Português. As únicas palavras que aprendi
foram: Bom dia, Boa noite, obrigado, sim senhor e uma frase que eu repetia: “O meu nome
é João BrownVFred havia comprado um disco. Nesse meio tempo Anne ficou grávida e
seu marido John Farmer aceitou uma colocação em um College em Long Island. Era uma
longa distância dirigindo de nossa casa até a ilha, mas eles concordaram em olhar nossa
casa para nós, temporariamente. Fred aceitou o convite do reitor e, num dia frio de inverno,
nós saímos de um aeroporto em Nova York e chegamos ao Rio na manhâ seguinte. A
temperatura era aproximadamente 100° F. Passar nossa bagagem com excesso de peso
na alfândega foi caótico mas um representante da Fundação Fulbright veio nos socorrer.
Professora Carolina Martuscelli Bori e um representante da Universidade nos encontraram
no aeroporto de São Paulo. Fomos levados para o hotel Excelsior e jantamos lá à noite
com Dona Carolina. Ela era muito gentil e nos forneceu informações que solicitávamos.
Agradecer™» à Reviatu BraaHwn d* Tanpm Comportnmantal • Cognitiva a autorização para a puMcaçfto do texto, originalmente publicado no volume
3, número 2, em 2001 da Revitta
88 l>. Francês
O reitor Sawaya não era mais reitor. Seu substituto era o homem que estava com
ela no aeroporto.
O departamento de Psicologia era em dois lugares. Fred poderia escolher entre
eles. A antiga ou a nova Universidade. A mãe de uma estudante, Maria Inês Rocha e Silva,
falava inglês e se ofereceu para ajudar-nos a encontrar um apartamento.
No dia seguinte nos mudamos temporariamente para o Hotel Grand Park. Lá, os
bondes e os ônibus chegavam e nos impediam de dormir, todas as noites. Após uma
semana Dona Mausi encontrou um apartamento mobiliado, para nós, na Avenida São
João e alugou pela duração de nossa permanência. Buzinas substituíram os bondes, Fred
pegava todos os dias um bonde para a Universidade. Eu fazia a compra de mantimentos
em um peg-pag vizinho, localizado do outro lado de uma avenida movimentada. Eu rezava,
a cada vez, para uma volta segura e freqüentemente voltava para casa com alimentos que
não havia comprado. Aprendi uma nova frase: “eu não falo português".
Eu lavava roupa a mão, em um tanque perto da pequena varanda, principalmente
porque estava com medo de falar, mas também porque havia uma diminuição das verbas
do governo. Chegou um telegrama de uma editora de N.Y oferecendo a Fred $1.000 se ele
fosse lá e editasse um livro. Ele foi e eu lembro que fiquei com $14 entre o jejum e eu. Em
retrospecto, considero que foi uma experiência gratificante. Aprendi alguma coisa sobre
sobrevivência.
Logo após termos chegado ao Brasil, Lourdes e Oswaldo Pavan se comunicaram
conosco e nos convidaram para jantar um peixe recém pescado. Nos apresentaram a
Ruth e Simon Matheus e, mais tarde, para Betty e Frota Pessoa, através de quem
encontramos Susana e Roberto Coelho. Depois disso, a lista de pessoas que encontramos
representa muitas profissões. Os Coelho mudaram da Califórnia para o Brasil em meados
dos anos 40. Tinham uma linda casa no Morumbi, dois filhos jovens, ambos formados em
Stanford onde tornaram-se arquitetos. Susana logo tornou-se uma filha substituta. Sua
casa era um paraíso.
Eu voltei para os E.U.A. para o nascimento de meu neto. Decidimos vender nossa
casa e entre preparar a mudança e a chegada do bebê foi um período trabalhoso para
mim. Perdi a Revolução no Brasil mas ouvi sobre ela quando voltei. O dia do pagamento
chegou. Fred voltou para casa com dinheiro sob sua camisa. Parecia Papai Noel. Essa
noite sentamos na mesa da sala com uma lista de coisas para pagar. Foi um alívio das
obrigações.
Tivemos muitas viagens agradáveis ao Guarujá, Rio e São Sebastião e
comparecemos a reuniões durante esse período. Fanny e Enrique Fix (pais de Dora Ventura)
nos levaram a Ouro Preto. Tivemos um período maravilhoso e Dona Maria Ines Rocha e
Silva foi conosco. Outra viagem com Rodolpho Azzi (assistente de Fred) a Rio Preto é
lembrada em seus escritos. Eu não mantenho um diário por isso perdoe-me pela memória
pobre. Maria Amélia Matos e Dora Fix receberam PhD pela Columbia University e Maria
Inês Rocha e Silva pela Indiana University. Tê-las em nosso país foi uma maneira de ter o
Brasil perto de nós.
Mudamos então para o Arizona nos anos 70. João Cláudio Todorov e Silvia
chegaram. Estivemos juntos muitas vezes em sua casa e na nossa, muitas vezes. Dona
90 ^wnccs
Capítulo 10
Estudo sobre estresse traumático e pós-
traumático em funcionários na Fundação
Estadual do Bem-Estar do Menor
(FEBEM - São Paulo)
Daniel Roleira Sieiro C/uimarães '
Márcia Edbel í/alvào lu /o *
Rosária Verônica de Mello Alves*
Renato Gusmão*
0 artigo tom como objetivo apresentar um programa de colaboração institucional entre o PAE / FEB FM -S P (Programa de
Atendimento ao Empregado da FEBEM - S io Pauto) e a IN TER M ÉD IC A (empresa do medicina do grupo prestadora de serviço
de saúde mental). 0 Intuito do programa apresentado foi atender os funcionários com diagnósticos do reaçAo aguda ao stress
o slndromu do struss pós-traumático (om inglês, PTSD). O transtorno do ostresse pós-traumético A um distúrbio psiquiátrico
caracterl/ado por ruaçõos surgidas moses ou até anos após se tor passado por uma experi&ncia traumática, comum om
veteranos de guerra o também vitimas de estupro e violência. Foram realizados dois grupos, entro março o maio do ano do
2000, atendidos por psicólogos do PAE o psiquiatra da IN TER M ÉD IC A , com duraçAo de 6 (sois) semanas cada, do acordo
com um programa do orientação cognitivo-comportamontal, atendendo a 17 casos O grupo teve como m eU dosenvolvor
capacidade de enfrentar o lidar com situações traumáticas vivenciadas pelos funcionários após as rebeliões Os resultados
do grupo em rolaçAo á evolução destes pacientas e depoimentos colhidos no decorrer da IntervençAo mostraram que os
conhecimentos aprendidos no programa foram assimilados, porém muitos pacientas perm aneciam com queixas depressivas
e ansiosas em até 1 uno após reavaliação.
This paper alms to presont a collaboration projoct between (employea assistance program of a corractional and educatlonal
institutlon in SAo Paulo) and IN TER M ÉD IC A (hoalth plan with a mental health program). This program was croated for
employotis with acuto stress reactions and post traumatic stress disorder (PTSD). PTSD is a psychiatric dlsorder characteri/od
with reactions occurlng months or evon years after a traumatic oxperlenco and It is common in war veterana and rapo or
violence victims. Two slx-woek groups and 17 patients were followed betweon March and may 2000 by PAE/FEBEM
p8ychologists and IN TEgM ED IC A psychiatrist with a cogmtive-behavioral program. These groups havo lo dovelop coplng
capabllltles and deallng with traumatic exporiencos in rebellions of inslltution inmates Tho rosults showed comments of the
patients and outcome data Ihus demonstrating an improvement in coping skills but marked depressivo and anxloty symptoms
that wero evaluated in a 1-year follow-up
92 Panicl B. S. C/uimarâes, Morria F.. C/. lu/o, Rosana dc M. Alves e Renato C/usmdo
Transtorno do estresse pós-traumático: Definições e modelos de tratamento
Os transtornos psiquiátricos relacionados ao estresse descritos na décima edição
da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde
(OMS) são a reação aguda ao estresse, os transtornos de ajustamento e o transtorno do
estresse pós-traumático (TEPT).
A reação aguda ao estresse ó uma resposta ocorrida em função de estresse
excepcional físico e/ou emocional. Tem uma evolução rápida (dura horas a dias após o
evento) e surge em indivíduos previamente saudáveis. Porém, sua instalação depende da
capacidade de enfrentamento e vulnerabilidade do indivíduo. Possui sintomas variados
como estados dissociativos de consciência (chamado pelos leigos de "estado de choque”),
sintomas depressivos, ansiosos, até agitação psicomotora. Sua duração média é de até
24 horas, tendo um curso transitório que pode remitir sem tratamento (OMS, 1993).
Os chamados transtornos de ajustamento, por sua vez, são descritos como estados
de estresse emocional e alteração de comportamento subseqüente à mudança significativa
na vida do indivíduo. Várias situações podem desencadear este tipo de reação como
migrações, luto, separação, hospitalização (principalmente em crianças). Sua evolução é
mais crônica, podendo durar de semanas a meses. Nestes casos, haveria um maior peso
da vulnerabilidade individual nos sintomas (OMS, 1993).
O transtorno do estresse pós-traumático (post-traumatic stress disorder, PTSD) é
um transtorno psiquiátrico no qual o indivíduo vitimado passou por uma experiência traumática
excepcional (situações envolvendo violência, estupros, guerras, catástrofes, seqüestros).
Apresentam-se pensamentos intrusivos, pesadelos e flashbacks que recordam o trauma,
assim como uma Esquiva de situações, locais ou pessoas que evoquem elementos do
trauma, queixas de irritação, hipervigilância, insônia. Sua evolução teria um tempo mínimo
de um mês de duração e se manteria até mesmo por décadas, com início que pode ocorrer
após algumas semanas ou até 6 meses após o evento traumático (OMS, 1993).
Casos semelhantes ao TEPT foram descritos freqüentemente em períodos de
guerra. Na Primeira Guerra Mundial acreditava-se que os casos seriam explicados por
seqüelas de estilhaços de bomba, daí o termo"shell-shock". Na Segunda Grande Guerra,
termos como "neurose de combate” ou "fadiga operacional" foram utilizados para explicar
queixas de ansiedade, dificuldade de se expor a situações que rememorassem o conflito
e alterações de comportamento no pós-guerra. Relatos de veteranos da Guerra do Vietnam,
vítimas do Holocausto e casos de violência urbana (seqüestros, estupros, assaltos)
estimularam pesquisa sobre o assunto, apesar de não haver uma denominação comum
para os quadros observados (Foa, Steketee e Fothbaum, 1989).
O termo transtorno do estresse pós-traumático foi reconhecido na década de 80,
com diversas pesquisas sobre seu aparecimento, evolução, curso e comorbidade.
Descobriu-se, por exemplo, que vítimas de TEPT têm uma maior probabilidade de terem
sido expostos recorrentemente a diversos traumas desde a infância, antes do evento que
precipitou o início dos sintomas (Breslau, Chilcoat, Kessler e Davis, 1999). Outros fatores
de risco apontados previamente à exposição ao trauma foram baixo nível educacional,
sexo masculino, problemas precoces de conduta, extroversão e histórico familiar psiquiátrico
(Breslau, Davis, Andreski e Peterson, 1991).
• Primeira sessão
1. Apresentação do programa - folheto explicativo;
2. Relato do evento traumático;
3. Técnica de respiração abdominal;
4. Diferenciação entre medo e ansiedade;
5. Tarefa de casa : lista de situações causadoras de ansiedade em ordem crescente.
• Segunda sessão
1. Ansiedade - folheto explicativo;
2. Discussão da tarefa de casa;
3. Técnica de exposição imaginária;
4. Técnica de relaxamento;
5. Explicação sobre o que é ansiedade;
6. Tarefa de casa : diário com relato de situações enfrentadas e o resultado.
• Terceira sessão
1. Relaxamento rápido (inicio e término);
2. Discussão: pensamento, sentimento, situação e comportamento (modelo cognitivo da
ansiedade);
3. Reforço dos conhecimentos aprendidos;
4. Tarefa de casa : diário com relato de situações enfrentadas e o resultado, contendo
seus pensamentos e sentimentos;
Sobre Comportamento c C o ^ n l^ o 95
• Quarta sessão
1. Técnica do auto-diálogo;
2. Discussão: crença, realidade, imaginação fruto do trauma;
3. Listar situações de estresse e formas de enfrentamento adequadas;
4. Tarefa de casa: diário com relato de situações enfrentadas e o resultado, contendo
seus pensamentos e sentimentos.
• Quinta sessão
1. Discussão de textos de auto-ajuda : "A encrenca está formada", "A essencial arte de
parar" e "O estresse";
2. Explicação sobre o estresse e seus mecanismos;
3. Tarefa de casa : diário com relato de situações enfrentadas e o resultado, contendo
seus pensamentos e sentimentos.
• Sexta sessão
1. Encerramento das sessões e reforço dos assuntos e discutido texto “Como auxiliar o
sobrevivente";
2. Orientações para manutenção dos benefícios e prevenção de recaídas;
3. Formar multiplicadores para identificar o problema na instituição.
Resultados
A situação funcional dos 11 funcionários, que aceitaram ser reavaliados pelo QFC
em 1 ano, encontrava-se da seguinte maneira: 9 Funcionários (81,8%) estavam trabalhando
e 6 (54,5%) estavam em outras unidades. Dois deles (18,1%), na mesma unidade do
conflito que desencadeou o quadro de TEPT. Apenas 1 (9%) foi readaptado pela previdência
para exercer outras funções e 2 Funcionários (18,1 %) ainda permaneciam afastados com
auxilio-doença.
Quanto aos dados clínicos, as maiores taxas de queixas relatadas após 1 ano
freqüentemente pelos funcionários foram: 45,4% (n = 5) relataram que se sentiam
preocupados e ansiosos; 36,3% (n = 4) referiam sensação de perigo iminente ou de ser
perseguidos e se sentiam irrequietos; 18,1% (n = 2) referiam agitação, angústia, perturbações
alimentares e de sono e 9% (n = 1) referiram desinteresse, dificuldade de relaxar, flashbacks,
choro fácil e constante.
Quanto às taxas de queixas relatadas “ocasionalmente” pelos funcionários, todos
os 11 referiam ainda sentir-se em pânico, 81,8% (n = 9) relatavam tremores, cansaço,
flashbacks; 72,7% (n = 8) descreviam dificuldade em relaxar; 63,6% (n = 7) sentiam
perigo, sensação de perseguição e problemas de sono; 54,4% (n = 6) referiam sentir-se
preocupados, ansiosos, com agitação e angústia; 45,4% (n = 5) relatavam choro,
desinteresse, problemas sexuais e inquietação
Houve um alto índice de avaliações positivas dos funcionários ao final do programa
e quando questionados na reavaliação após 1 ano. Ao serem questionados no QFC sobre
mudanças promovidas pelo tratamento, 72,7% (n = 8) dos funcionários recordavam e
Discussão
De acordo com os resultados apresentados, a intervenção terapêutica realizada
nesta população teve um índice maior que 75% de adesão ao programa, numa população
com quase nenhuma experiência prévia neste tipo de abordagem e provavelmente afetada
de forma intensa pelos sintomas do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Na reavaliação após 1 ano feita através de entrevista e questionário, percebemos
nos depoimentos uma dificuldade inicial de lidar com ameaça de situações violentas dentro
e fora das unidades, em função de eventos concretos ocorridos antes e durante o
atendimento. Porém, os funcionários concluintes apresentaram ganhos na compreensão
do problema, acolhidos em relação a suas questões emocionais e de interação em grupo.
Quando da conclusão da terapia, muitos receberam encaminhamento para consulta
psiquiátrica nos casos mais graves e associados à depressão.
Mesmo após 1 ano de seguimento, muitos mantiveram uma aquisição de recursos
para lidar com os sintomas do TEPT e estímulo para observação e informação dos colegas
que enfrentassem dificuldades, funcionando como multiplicadores informados sobre as
características e fatores de risco para desenvolvimento do TEPT, além de buscar novas
opções de vida, avaliando suas necessidades e anseios.
Referências
BRASIL - Governo Federal (1990). Estatuto da Criança e do Adolescente (EGA). Lei n° 8Q69,
de 13/07/1990. Sâo Paulo: IMESP.
Breslau, N., Davis, G., Andreski, P. e Peterson, E. (1991). Traumatic events and posttraumatic
stress disorder in an urban population of young adults. Archives of General Psychiatric 48. 216-
222.
Breslau, N., Chilcoat.H.D., KessIer.R.C. e Davis,G. (1999). Previous exposure and PTSD
effects of subsequent trauma: results from the Detroit Area Survey of Trauma. American Journal
of Psychiatry 156, 902-907.
Foa.E.B., Steketee.G, Fothbaum.B.O. (1989). Behavioral/cognitive conceptualizations of post
traumatic stress disorder, JBfiüaYÍcrôl TherapyJZD. 155-176.
Muran.E.M. e DiGluseppe, R (1995). Estupro. Em F.M. Dattilio e A. Freeman (org), Estratégi
as Coçnitlvo-Cflmportamentais (pp. 209-227). Campinas: Editorial Psy.
Organização Mundial da Saúde (OMS) (1993). Classlficacflo Internacional de DfieoçaJL
Défiíma ÊdífiâO CCÍD - lQix Porto Alegre: Artes Módicas.
100 l>amcl R. S. C /uim arífí, Márcia F. (7 . lu/o, Rosaria tlc M . Alves c Renato QuimJo
Capítulo 11
Avaliação na saúde geral
Apresenta-se Avaliação psicológica como a ação clinica da excelência no* ambientes médicos em especial na saúde geral
Indicam-se os instrumentos de avaliação, escalas e inventários utilizados paro avaliação de padrões de comportamento
assoaadou àa doençaa Minnesota MultlphsMlc PeraonaUty Inventory (MMPI), Symptom Checklitt 90-R {SCL-OO-R), Millon
Behavioral Health Inventory (MBHI), Life Expertence Survey, Jenkins Actlvlty Survey, Sixteen Personality Factor Questlonnalre
(10PF)« Cornell Medicai Index aêo apontados como Instrumentos mais utilizados na saúde geral (Plotrowiski e Rubin, 1990).
Dentre as escalas disponíveis, os Inventários multldimenslonals emergiram como mais usuais na avaliação do risco
pHicolôgico associado ás doenças SCL-90-R ó uma escala multidimensional de auto avaliação para diagnosticar sintomas
psicopatológicos segundo 9 dimensões; somatizaçio, obsesslvidade-compulsivldade, sensibilidade interpessoal, depressão,
ansiedade, hostilidade, ansiedade fôbica, idéias paranôldes e psicoticismo. Apresentam-so pestjulsas com a SCL-90-R orn
populações clinicas, relacionando-se as sub escalas com as patologias físicas.
Behavioral assessment Is presented as the method of choice In medicai settlngs, specfally In general health. ChecWísts,
Surveys and Inventories for assessment of patterns of behavior associated with dlseases are indicatod. Minnesota
Multlphasic Personallty Inventory (MMPI), Symptom Checklist 90-R (SCL-90-R), Millon Behavioral Health Inventory (MBHI),
Life Experlence Survey, Jenkins Activity Survey, Sixteen Personallty Factor Questionnaire (16PF) and Cornell Medicai Index
are polnted out as the most utilized in general health practices (Piotrowiski e Rubin, 1990) Among existing self-report
Inventories, multidimensional tests have emerged as the most widely used In assesslng the psychologlcal risk associated
with diseases SCL-90-R Is a self-report, multidimensional scale used to diagnose psychopathologlcal sennitivity accordlng
to 9 dimensiona: somatlzatlon, compulsivity-obsesslvlty, interpersonal sensitivity, depresslon, anxiety, hostility, phoblc
anxlety, paranoid ideas, and psychoticism. Research trial assessments using the SCL-90-R and the relatlonship of its
dlmensions with diagnosed diseases are presented
Instrumentos de avaliação
No que diz respeito à avaliação psicológica, existem inúmeros inventários para o
diagnóstico sintomatológico de transtornos comportamentais dentro dos padrões de
classificação dos transtornos mentais No entanto, o diagnóstico dos transtornos de
comportamento em condições de internação hospitalar são raros e geralmente associados
a padrões de comportamento com doenças específicas, como as chamadas doenças
psicossomáticas. Um exemplo seria o Minnesota Multiphasic Personality Inventory-MMPI,
Benko e Simões (1970), originalmente idealizado para o uso em pacientes psiquiátricos,
mas também utilizado em pacientes com doenças físicas.
Sweet (1991), em uma análise dos testes utilizados em ambientes hospitalares,
apresenta algumas avaliações utilizadas. Ele se refere por exemplo, á Symptom Checklist-
90, uma escala de avaliação de sintomas com 90 itens, idealizada para medir psicopatologias
em pacientes ambulatoriais. Está organizada em 9 dimensões de psicopatologia primária e
3 índices globais de patologia (Derogatis, Lipman & Covi, 1973); outro exemplo seria a
"Escala de Reajustamento Social" de Holmes e Rahe (1967), composta por uma lista de
auto avaliação de estressores recentes; a Escala de Expenôncia de Vida (Sarason, Johnson
& Siegel, 1978), de 57 itens, que avalia experiências significantes na vida em eventos recentes;
a Entrevista de Padrão de Comportamento (Friedman & Rosenman, 1974), que é uma
entrevista estruturada com a intenção de identificar características da personalidade
associadas a doeflças do coração; o Relatório de Atividades de Jenkins (Jenkins, Zyzanski
& Rosenman, 1979), que é um inventário idealizado para avaliar as características
comportamentais associados ao padrão tipo A de comportamento, entre outros.
O Padrão Tipo A de comportamento definido como um complexo ação-emoção
envolvendo disposições comportamentais tais como: ambigüidade, agressividade, impaciência
e competição; comportamentos específicos como: tensão muscular, vivacidade, estilística
vocal rápida e enfática e ritmo acelerado de atividades; e repostas emocionais tais como:
irritação, hostilidade e potencial crescente para a raiva (Rosenman, 1990).
Um dos testes idealizados especificamente para pacientes com doenças físicas ó
o Inventário de Saúde Comportamental Millon-MBHIàe Millon, Green e Meagher (1982), que
é um questionário auto administrado de 150 Itens, idealizado nos padrões do MMPI. A
intenção deste questionário ó a de fornecer uma descrição da personalidade, atitudes
S C L -9 0 -R
A Symptom Cheklist-90-Revised-SCL-90-R, Derogatis (1994), instrumento produzido
atualmente pela National Computer Systems Inc., é um inventário multidimensional de auto
avaliação de sintomas, projetado para avaliar um amplo espectro de problemas psicológicos
1 0 8 [)idn(i lo tfllü U lo n i
Pesquisas com a SCL-90-R
Um número significativo de pesquisas recentes nas área das patologias biológicas
indicam que a SCL-90-R tem qualidades diagnósticas nessa população.
As referências da utilização da SCL-90-R em populações clinicas (pacientes com
alguma patologia biológica) são inúmeras nos palses da Europa, nos Estados Unidos e no
Canadá. Quanto ao Brasil, não foram encontradas referências de pesquisas.
Alguns autores buscaram a relação entre a doença especifica e fatores psicológicos
utilizando a SCL-90-R e correlacionaram as sub escalas com a patologia. Como demonstraram
Weidner e cols. (1992), num programa de intervenção em dieta para redução de colesterol,
durante um período de cinco anos, ocorreu uma redução significativa nos escores de
Depressão e Hostilidade nesses pacientes, quando avaliados nesse mesmo período com a
SCL-90-R.
Turnbull e Vallis (1995) avaliaram os fatores psicológicos em doenças inflamatórias
intestinais, num estudo com 22 pacientes (8 homens e 14 mulheres), sendo 16 com doença
de Crohn e 6 com colite ulcerativa e a idade média de 32 anos. As doenças inflamatórias
intestinais foram avaliadas com os índices de atividade de Dutch Crohn e St. Mark Colite.
Os aspectos psicológicos foram avaliados com a SCL-90-R, Sickness Impact Profile (SIP)
e Self Control Schedule (SCS). Através de uma análise da combinação das medidas
psicológicas com as medidas da atividade da doença concluíram que apenas as medidas
dos índices de atividade das doenças não foram suficientes para a predíção das recídivas,
mas a combinação das medidas possibilitou a previsão de que maior quantidade de sintomas
psicológicos (SCL-90-R) e maior Indice de impacto da doença (SIP) ajudam a predição de
recidivas e Fatores como sexo, idade e auto controle (SCS) não são preditivos.
Grassi e Rosti (1996) demonstraram uma relação entre sintomas psicológicos e
câncer, estudando 201 pacientes com diagnóstico recente da doença. Os sujeitos foram
avaliados com a SCL-90-R, com uma entrevista clínica baseada no DSM lll-R para avaliar
desordens psiquiátricas passadas e atuais, e com o lllness Behaviour Questionnaire-IBQ,
33 pacientes apresentaram problemas psiquiátricos na história passada, 101 pacientes
demonstraram um problema psicológico atual avaliado pelo DSM lll-R e nesses foi associada
a SCL-90-R e o IBQ. O estudo confirmou a associação entre os distúrbios psicológicos e
respostas mal adaptativas ao câncer, demonstrando um perfil variado de distúrbios
psicológicos e a necessidade de maiores estudos de aprofundamento nessas variáveis.
Outros estudos têm sido efetuados usando a SCL-90-R para avaliar o perfil psicológico
de pacientes que apresentam sintoma de dor. Mc Gregor e cols (1996) avaliaram a resposta
à SCL-90-R de 43 pacientes com eventos infecciosos e dor crônica orofacial comparados
com os resultados em 40 sujeitos do grupo controle. Os pacientes com dor crônica orofacial
apresentaram alta prevalência de escore maior que 62 na sub escala de Somatização e não
apresentaram índices significativos nas escalas de Depressão e Ansiedade quando
comparados com o grupo controle. Em 67% dos pacientes houve uma associação entre o
evento infeccioso e a dor.
Williams e cols. (1995) analisaram distúrbio psicológico de pacientes com dor. O
objetivo do estudo foi identificar sub grupos distintos com dor crônica com base nas respostas
aa SCL-90-R. Foram encontrados 3 grupos, cada um formado de acordo com os escores
obtidos na SCL-90-R e nas suas subescalas. Os grupos foram obtidos pelo método de
/ose/e A breu-Kodrigues
Universidade de HrasHia
Quando estímulos antecedentes exercem funções opmnnte*, eles «Ao axnumente dasstflr«dos como estímulos disorimmativo»
(S°n) Tais nstlmulos exercem efeitos evocativos, pois. umn vn / estando presente. produ/em um iiumonto Imodlata, mas
itKxmntÃnoo, na frequência do comportamento Entretanto, alguns estímulos, freqüentei nonte definidos como S"8, produ/em
mudanças duradoumano comportamento e quo podem ser observadas uxnanta apôs um perhxlodo ntrano. Essns estímulos nflo
evocam diretamente comportamentos, sendo seu principal efeito altorar a função de outros eventos comportamentais (FASs). A
partir dessa distinçAo entre SDe FAS, alguns autores apontam quo o defmiçAo do termo rmjra como um S” verbal é inadequado
e propõem que osse termo se|a empregado somente quando o estimulo verbal exercer efeitos alteradores de funçAo. Uma das
principais dificuldades metodológicas da pesquisa empírica sobre FAS consiste «m diferenciar o» efeitos dlscrlminativos dos
efeitos alteradores de furvçfto A «stwWiyi* uWt/ada alguns autoros tem stdo separar Uimpomlmw\te o estimulo vurbal do
wxnportamento por ele especificado, permitindo, assim, <jue o efeito atrasado seja observado. Os resultados empíricos (ainda om
pequena quantidade), aliados ás análises conceituais, sugerem que <1 distinçAo entro S1’ e FAS deveria ser mais amplamente
investigada pelos analistas do comportamento
When antecedent stlm ull axart operant functions thoy are usually classlfied as dlscrlmlnativo stlm uli (S"s). Such
stlm uli are said to have evocativa effects because they produce an immediate but monientary effect on tha fraquoncy
of behavior. Howover, some stlmuli, often deflned as Su, produce •nduring changes on behavior which are obseived
only after a d»l»y perlod. These stlm uli do not evoke behavior dlrectly; rathar, their maln efect I* to alter the functlon
of other behavioral events (FASs). From this distinctlon between S° and FAS, some authors have polnted out that
deflnlng ru/aa as Sus is Inapropriate and suggest that such term should be employed only when verbal stlm uli exert
functlon-altarlng/ffacts One of the maln m ethodologlcal difflcultles of the emplrlcal research on FAS is to differentiate
discrlm inatlve and functlon-alterlnf effects. The strategy used by some authors has been to Impose a temporal gap
between the verbal stimulus and the corraspondent behavior such that the delayed effect can be observed. The
emplrlcal results (yet In a small amount), together with conceptual analyses, suggest that the distinctlon between 8°
and FAS should be throughly investlgated by behavior analysts.
A Psicologia da Saúde tem investigado como ■ doenç» «feia ■ família e como a família contribui para a otlologla, o cuidado
e o tratamento de uma série de doenças. Há evidência* de que a aquisição e a manutençáo de comportamentos saudáveis
a de comportamentos de risco sáo Influenciadas pela família. O ob|etivo deste trabalho é salientar algumas variáveis
importantes dentro d essa ir e a d e peaquina e de aplicação sob a óptica da A nàllae do Comportamento Os autores que
adotam a perspectiva comportamental tém analisado as contingências de reforçamento envolvidas principalmente nas
relações entre cônjuges/companheiros, pais e filho(s), Irmãos e cuidador e Idoso. O funcionamento familiar tem sido avaliado
pela observaçflo direta das interações entre os membros da família, por registros em diários, Inventários e escalas auto-
relatadas. Várias categorias de análise têm sido empregadas, tais como a coesão familiar, a adaptabilidade/flexibilidade, o
enfrentamento do estresse, a comunicação, o apoio e o conflito familiares e as «moçâes expressas. Terapia familiar e
programas que envolvem educação e fornecem apoio para a família têm «Ido dirigidos a diferentes populações-alvo e os
resultados desses procedimentos de Intervenção atestam a sua contribuição para o tratamento de diversos problemas de
saúde.
One of the ob|ectlves of Health Psychology Is to understand familiar reactlons to a m em befs illness as well as how familles
influence the etlology, care and treatment of a range of illnesses. There it increasing evidence that the acquisition and the
mamtenance of heafthy and risk behavior* are affected by famlly. The purpose of this paper is to focus somo Important
variables to this area from the polnt of view of Behavior Analysis Behavior analysts have studied reinforcement contlngencios
involved m relatlonthlp$ matnly between spouses, parents and children and aged people and their caretafcera.Famlly
functlonmg has beên evaluated by direct obaervation, through diarles, inventaries and self-reported scales. Categorles of
analysis auch as famlly cohealon, adaplabillty/flexlblllty, stress coplng, communlcation. famlly support, famlly confllct and
expressed emotion have been employed. Family therapy and educational and social support programs addressod to different
populatlons proved to be interventlon procedures that can contrlbute to the treatment of many disorders.
2) Flexibilidade/adaptabilidade
A categoria flexibilidade/adaptabilidade refere-se à possibilidade de ocorrência de
alteração nos padrões de comportamento quando ocorrem mudanças no ambiente com
estabelecimento de novas regras. Olson e col. (1985) descreveram quatro tipos de famílias
segundo o grau de flexibilidade. No extremo de menor grau de flexibilidade estariam as
famílias rígidas que tenderiam a seguir sempre as mesmas regras de funcionamento a
despeito das mudanças no ambiente. No outro extremo estariam as famílias caóticas que
nunca seguem regras de funcionamento. As categorias intermediárias foram chamadas
por esses autores de famílias estruturadas e de famílias flexíveis e estariam associadas
com uma melhor adaptação ao ambiente.
3) Enfrentamento do estresse
Essa categoria engloba a identificação das situações adversas que constituem o
evento estressor, a avaliação que a família faz dos seus recursos para lidar com tal evento
e as estratégias de ajustamento (“coping") a essas situações. As estratégias de ajustamento
às situações adversas associadas à ocorrência de uma doença referem-se aos
comportamentos apresentados pelos membros familiares para a solução dos problemas
decorrentes da doença ou para promover uma adaptação aos problemas insolúveis.
4) Padrões de comunicação
Referem-se aos episódios verbais que ocorrem entre os membros da família,
envolvendo um orador e um ouvinte, nos quais há fornecimento de informações, explicitação
de regras de funcionamento familiar, relato de estados emocionais evidentes e encobertos,
demonstração de afeto etc. Procedimentos de intervenção têm sido planejados para alterar
padrões de comunicação avaliados como inapropriados.
5) Apoio familiar
Designa a qualidade das relações sociais que se estabelecem entre os membros
da família. Engloba os comportamentos de cuidar, proteger e valorizar um ou vários
indivíduos. Em muitos estudos, confunde-se com a ausência de conflitos familiares. Há
forte evidência de que o apoio familiar influencia a morbidade, a mortalidade e o curso da
maioria das doenças crônicas (Cohen e Syme, 1985; House, Landis e Umberson, 1988).
6 ) Conflito(s) familiar(es)
Essa categoria refere-se à tensão nas relações familiares podendo ser medida
em termos de freqüência de ocorrência e/ou da habilidade das pessoas para a resolução
7) Emoções expressas
Termo geralmente empregado para designar os comportamentos verbais que
envolvem a liberação de estímulos aversivos, como comentários críticos e hostis, ou a
demonstração de uma preocupação excessiva com um determinado membro familiar. A
ocorrência desse padrão de comportamento tem sido associada a desordens psiquiátricas
(Mari, 1994).
Procedimentos de intervenção
Uma revisão recente (Campbell e Patterson, 1994) mostrou que diferentes
procedimentos de intervenção, como terapia familiar (quando se supõe a existência de um
funcionamento familiar problemático), programas que envolvem educação e fornecem apoio
para os familiares de uma pessoa portadora de uma doença têm sido testados com
diferentes populações-alvo. Essas intervenções têm o objetivo de: a) promover um estilo
de vida mais saudável com diminuição de riscos para a saúde (por ex. o apoio do parceiro
mostrou-se um preditor de abstinência de fumar); b) educar os pacientes e suas famílias
a respeito dos métodos de modificação de comportamento; c) promover a adesão ao
tratamento; d) auxiliar o enfrentamento dos eventos estressores visando o ajustamento da
família às situações adversas; e) colaborar para a comunicação construtiva entre os membros
da família e f) encorajar o engajamento em atividades produtivas e agradáveis dentro e fora
da família.
Os resultados indicam que os procedimentos de intervenção familiares produzem
uma melhora no tratamento de diversos problemas de saúde (doenças crônicas como
asma e diabetes em crianças, desordens cardiovasculares, neurológicas e alimentares) e
podem ser promissores em muitas outros.
Referências
Bucher, H.C. (1994) Social support and prognosis following first myiocardial infarction. Journal
lumenthal, M.D. (1979) Psychosocial factors in reversible and irreversible brain damage.
^1,39-55.
126 fa m H a K o rn M a lfr b i
Capítulo 14
Terapia cognitiva dos transtornos de
personalidade
/ Mene Shinoburu'
IXJCRio
A Terapia Cognitiva tem se proposto a trabalhar com os Transtornos de Personalidade e resultados promissores tAm sido
divulgados Algumas características destes transtornos exigem atençAo especial na conduçAo do processo terapêutico. Ente
artigo pretende fornecer algumas InformaçOes básicas sobre os transtornos de personalidade, o entendimento do funciona
mento cognitivo deles e as adaptaçfle* necessárias ao tratamento.
Cognltive Therapy has recently extended the possibility of mterventions to the Personality Disorders and positive outcomes
have been reported Some cfwracterlstlcs of these disorders demartd tpecial attention In conducting the therapoutic procoss.
rhis artlcle intends to glve some basic Information about the personality disorders, the understanding of tholr cognltive
Processing, and tho adaptations necessary to the trealment.
A Terapia Cognitiva
A Terapia Cognitiva é uma das primeiras formas de psicoterapia que tem
demonstrado eficácia em pesquisas científicas rigorosas, e também uma das primeiras a
dar atenção ao impacto do pensamento sobre o afeto, o comportamento, a biologia e o
ambiente. Atualmente ó amplamente utilizada no tratamento da depressão, dos transtornos
de ansiedade, dos transtornos psicossomáticos e alimentares. Mais recentemente,
estratégias para lidar com problemas conjugais e transtornos de personalidade foram
incluídas.
Evidências esmagadoras de que a avaliação cognitiva dos eventos afeta as
respostas a estes eventos levaram ao desenvolvimento de técnicas que pudessem monitorar,
tornar acessível e alterar esta atividade cognitiva. Uma das proposições fundamentais da
Terapia Cognitiva é a de que, com este conhecimento, as mudanças desejadas possam
ser obtidas por um método alternativo que focalize e priorize as mudanças cognitivas.
' Mostrn em Piticologi* Clinica. ProfMtora e Supervisora da PUCRlo • Tarapeul* Cognitivo Comportamenuil
Os Transtornos de Personalidade
Personalidade ó um constructo que visa facilitar a compreensão de um fenômeno
e simplificar a comunicação entre profissionais. Sua definição faz-se então essencial para
que estejamos nos referindo a um mesmo conjunto de fatos.
Para Millon e Escovar (1996), personalidade ó um padrão integrado de
características e inclinações que estão profundamente enraizadas, que não podem ser
facilmente eliminadas e que penetram por todas as facetas da nossa experiência. Beck e
Freeman (1990) definem personalidade como uma organização relativamente estável,
composta por sistemas inter-relacionados responsáveis por desde a recepção dos estímulos
até todo o processo que culmina na resposta comportamental.
O DSM IV estabelece que os traços de personalidade só se constituem em
Transtornostle Personalidade quando são inflexíveis, desadaptativos e causam tanto mal
estar subjetivo quanto uma deterioração funcional significativa. As características que,
então, definem estes transtornos são as de um padrão duradouro de experiência interna e
comportamento que desvia das expectativas da cultura do indivíduo, e se manifestam em
pelo menos duas das seguintes áreas: cognição, afetividade, relacionamentos interpessoais
e controle de impulsos. Apesar da natureza tênue e flutuante da diferenciação entre o que
é normal e o que é patológico, podem-se observar três características no comportamento
que serviriam como critérios: inflexibilidade adaptativa, uma tendência a fomentar círculos
viciosos autodestrutivos e uma frágil estabilidade emocional em situações de stress (Millon
e Escovar, 1996).
Estudos indicam que cerca de metade dos pacientes com transtornos de
ansiedade, de humor e alimentares apresenta algum tipo de Transtorno de Personalidade
slstematização impulsividade
competitividade pertencer
Conclusão
Mesmo que o tratamento dos pacientes com Transtornos de Personalidade
compartilhe semelhanças com o tratamento do Eixo I, é fundamental que o terapeuta
esteja preparado técnica e emocionalmente para o desafio que estes representam. Os
ganhos terapêuticos e mudanças talvez não sejam os mesmos que ocorrem com os
outros clientes, mas deve-se acreditar nos benefícios consideráveis da terapia para a
qualidade de vida destas pessoas.
Referências
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A resistência do cliento a mudanças ê uma forma de ralação da controle e contra-controle que se observa entro os
comportamentos do cliente e as contingências de reforçamento manejadas pelo terapeuta Trata-so de uma classe de
comportamentos socmi», que segue as mesma» let» que ceyem qualquer outro comportamento humano De acordo com o
behaviorismo radical e a ciência do comportamento, a resistência a mudanças nâo é, necessariamente, indicativa de
patologia psicológica, mas sim funçAo das relaçóes de contingências que se operam entre o cliente o o terapeuta. O cliente
contra-controla o terapeuta emitindo comportamentos de fuga-esqulva, de extinção ou de punlçêo om relaçAo aos compor
tamentos do terapeuta. Os comportamentos de contra-controle sfio função das histórias de contingências de reforçamento
atuais e passadas do cliente, bem como das contingências apresentadas pelo terapeuta no contexto da terapia. Apresenta-
se um eBtudo de caso em que a resistência do cliente a mudanças só foi alterada quando seus comportamentos entraram
ern contato com as conseqüências sociais aversivas emitidas pela comunidade social do cliente.
The cllenfs resistance to change Is a form of control and countercontrol between the cllenfs behavior and the reinforcement
contingencies managed by the therapist It is a class of social behaviors that follows the same laws that apply to any other
human behavior. According to radical behaviorism and to the Science of behavior, resistance to change is not, necessarily,
an Indlcatlon of psychological pathology, but a functlon of the Interrelatlon of contingencles In operatlon between tho cllent
and the therapist The Client countercontrol» the therapist throuyh th* emi»aton of behavior» o< avoldance and escape,
extlnctlon, and pumshment of the therapists behaviors The countercountrol behaviors are a functlon of the clienfs past and
present histories of contingencles of reinforcement, as well as of the contingencles presented by the therapist In the context
of the therapy Thls artlcle presents a case study In which the cllenfs resistance to change was altered only when his
behaviors were exposed to the averslve social consequences emitted by his social community.
1Parta da*ta trabalho foi apraaanlado numa ma*a radonda no I Congratso da Pucotarapu» Cognitiva» Latino Amarlcanaa a I Congraaao BraaHatro da
Psicotarapia» Cognitivas, raalizadoa d* 2 a 4 da abrH da 1W6 am Gramado (RS)
' Agradaço a Eloiaa Ptaizon, Lillan Madairoa. Maria Baatriz Madi. Noraan Aguirre a Patrícia Quairo* pato* oomantárto* leito» duranle a preparação do
todo
Conclusão
A resistência do cliente a mudanças é um fenômeno passível de uma análise
comportamental. Há numerosas variáveis do cliente - algumas explicitadas no presente
texto-que, ignoradas, produzem resistências do cliente a mudanças, mas, se conhecidas
e devidamente manejadas, minimizam as dificuldades para produzir as mudanças
esperadas. Por outro lado, há também numerosas variáveis do terapeuta - algumas aqui
explicitadas - que podem gerar no cliente resistência a mudanças. Sempre que o terapeuta
lida adequadamente com todas essas variáveis, ele está melhor qualificado para compreender
de quais determinantes as resistências do cliente a mudanças são função e, dal, melhor
habilitado a lidar produtivamente com elas. O argumento central do presente trabalho é
que o cliente apresentar (ou não) resistência a mudanças é um fenômeno comportamental
que resulta da interação terapeuta-cliente, não de um ou de outro isoladamente. Além
disso, esse fenômeno pode ser explicado e solucionado a partir de uma ampla análise das
interações dos sistemas de contingências de reforçamento, passadas e presentes, dentro
e fora do contexto terapêutico, tanto do cliente como do terapeuta.
c. Levá-lo a interagir mais intimamente com seu pai, madrasta e irmão, uma vez que
são pessoas reforçadoras para ele (pelo menos não são aversivas), interessando-
se pelo que fazem, procurando ajudá-los no que for possível, falando um pouco
mais de si etc., ou seja, desenvolvendo um repertório que produza possíveis
reforçadores para a família e, potencialmente, aumente a densidade de atenção e
carinho deles em relação a ele;
Referências
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laídc A .Ç . Rcgrd
U M C /U S r
Análise Funcional
Para efetuar uma análise funcional do comportamento, devemos levantar dados
sobre os comportamentos que necessitam ser mudados, especificando os estímulos
2) Mãe deixa (B) na escola. 2) (B) chora e “nâo deixa" mãe ir 2) Mâe fica dentro da esco
embora. la sentada num banco. No
vos acordos e (B) "concor
da" que mâe fique numa
loja em frente à escola.
3) Mãe ao lado de (B) en 3) (B) copia sílaba por sílaba, (olha 3) Mãe fica brava, dá bron
quanto faz a liçâo. no livro, vê uma frase, abaixa a ca ca, diz que vai vai dar tempo
beça e escreve “0 ”; levanta a ca de fazer a lição.
beça, olha no livro, abaixa a cabe
ça e escreve M me"; levanta a cabe
ça, olha no livro, abaixa a cabeça e
escreve “ni"; levanta a cabeça, olha
no livro, abaixa a cabeça e escreve
“no";e assim por diante.
4) Cai um brinquedo no 4) (B) limpa o chão, vinte vezes. 4) Mãe fica brava: "Você que
chão bra tudo e ainda vai sujar o
chão".
5) Mãe longe de (B). 5) (B) faz perguntas óbvias. 5) Mãe mostra irritação e
diz: Vocô está cansada de
saber.
6) Frente a pessoas estra 6) Fala palavrão (compulsiva- 6) Mãe fica muito brava e faz
nhas. mente). ameaças.
8) Mâe no Zoológico. 8) (B) repete uma frase várias 8) Mãe manda parar > (B)
vezes e muito alto. pára 30s e faz novamente
* Mãe ameaça bater ■+(B)
desafia mãe e continua.
9) Mãe manda (B) fazer li 9) (B) vô TV e nâo atende à or 9) Mâe dá várias ordens,
çâo. dem. fica irritada e briga.
11) Mãe dita o texto para 11) (B) começa a escrever. 11) Mãe grita porque (B)
(B). demorou.
12) (B) vô etiquetas na blu 12) (B) fica irritada e pede para 12) Mâe fica muito brava e
sa. tirar a etiqueta. não tira a etiqueta.
13) Mãe manda (B) fazer 13) (B) fica distraída. 13) Mãe aumenta a ajuda.
lição.
14) (B) em frente da lição. 14) Faz sozinha. 14) Mãe faz os trabalhos da
casa.
15) (B) diz que não sabe a 15) Mâe manda telefonar para o 15) (B) pede para a mãe te
resposta de uma pergun tio. lefonar e mãe não telefona.
ta da lição.
16) (B) telefona para o 16) Avô atende ao telefone. 16) (B) passa o telefone
avô. para a mãe que pega o te
lefono, ouve a explicação e
passa para (B) e fica brava
com (B) por ter passado o
telefone.
Conclusão
As hipóteses interpretativas levantadas sobre as possíveis variáveis que controlam
as classes de respostas descritas na queixa de uma criança com TOC auxiliam na identificação
das variáveis mais prováveis, através dos resultados das intervenções cl/nicas. Essas variáveis,
se isoladas para estudo de laboratório, podem fornecer um corpo de dados e procedimentos
clínicos testados de forma mais efetiva, os quais nâo dispomos no momento.
Através do relato verbal dos pais sobre os comportamentos da criança fora do
consultório, do relato professora e coordenadora sobre os comportamentos da criança na
escola, das observações em sessão terapêutica feitas pelo terapeuta, foram constatadas
mudanças nos comportamentos descritos na queixa.
Respirar fundo faz parte da cadeia de respostas e passa a ter a função (do
ponto de vista do sujeito) de levá-lo á obtenção do reforço (acertar as respostas).
Embora, do ponto de vista do terapeuta e das pessoas que observam o
comportamento, apenas o comportamento de ler com atenção tenha efeito de levá-lo a
acertar, a relação supersticiosa entre os comportamentos parece ter sido estabelecida.
Conclusão
Os dados mostraram a relevância da análise funcional do comportamento para se
traçarem procedimentos que possam ser efetivos para produzir as mudanças de comportamento
necessárias para controlar as classes de comportamento que foram denominadas como TOC.
A participação da família no trabalho desenvolvido foi em ambos os casos de
fundamental importância.
A aplicação, em casa, de procedimentos previamente discutidos com o terapeuta
favorecem uma mudança mais rápida dos sintomas descritos.
Referências
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Estudos sobre repertórios matomáticos são relativamente escassos em Análise do Comportamento Uma das dificuldades
Iniciais á a utlllzaçAo de expressões ainda nflo definidas claramente pela comunidade dn Analistas do Comportamento e
utilizadas como sinônimos. Entretanto, para que haja um avanço significativo na área, propõe-se maior cuidado em relaçAo
ao ubo de definições operacionais de comportamentos matemáticos, o que exige dos analistas uma busca de aproximaçAo
a trfls campos distintos: fundamentos dos conceitos matemáticos; pesquisas em educaçAo matemática, e a matemática
escolar. No presente estudo, algumas habilidades matemáticas elementares, como comportamento conceituai numórlco,
contagem, aoqüenciaçAo serAo analisadas em termos dos seus componentes operacionais Nas definições operacionais das
habilidades matemáticas aqui apresentadas, seráo utilizados verbos de açAo que descrevem comportamentos (interações
ontre organismo e ambiente), o que facilitará a observaçAo, registro e descriçAo de suas ocorrAnciaB.
Studles on mathematical reperloires are relatively scarce in Behavior Analysis. One obstacle is the use of expressions not
yet clearly deflned by behavior analysts communlty but used as synonymous. However, In order to have an outstandlng
advance in this area, it is proposed a more careful use of operatlonal definltions of mathematical behaviors. This Bhould lead
behavior analysts to three distinct flelds: foundatlons of mathematical concepts; resoarches in mathematical educatlon; and
the school malhemattct. The present study analy/es the operational components of some basic mathematical abllltles, llke
numoric conceptual behavior, counting, sequencing, and ordering. The operational deflnillons use action verbs which describe
behaviors (Interactions between organisms and environment), the mathematical abllltles will be decomposed in concrete
actions thut permlt observation, registar, and description of their occurrences.
K *y words Behavior Analysis; mathematical behavior, operational definltions; mathematics teachlng and learning
'Trabalho Apresentado na mesa redonda 'AnAIMe comportamental do ensino de matemática", durante o X Encotro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina
oomportamenlal, em Campinas/S P , setembro de 3001
• Professor do curso de Psicologia da Universidade Federal do Pará. doutorando em Fducaçto pela Umvrsidade ( edernl de SAo Carlos sob a orienlaçAodo
prolessor Or Jullo de Hose E-mall p(scQiris ufscar br
Conceito de número
Utilizamos o termo conceito quando deveríamos, por coerência com a proposta
de definição operacional em Análise do Comportamento, usar a expressão comportamento
conceituai. Conceito está associado a processos mentais abstratos. Comportamento
conceituai nos remete às relações de controle de estímulos.
A partir dos estudos iniciais de Harlow (1949) descrevendo processos estendidos
de aquisição de discriminações simples, chamados de learning sets, um número considerável
de dados permitiu afirmar que a base para o comportamento conceituai ó o controle
discriminativo simples. Se um organismo responde regularmente a um dado estímulo
discriminativo (SD), em diferentes ocasiões, e se a emissão dessa resposta específica
diante do SD específico pode ser descrita funcionalmente, podemos ter segurança em afirmar
que se estabeleceu uma discriminação. Se entendermos que o SD representa uma classe
de estímulos que ocasiona a emissão de uma dada resposta, e se aquela classe é bastante
ampla, podemos falar em comportamento conceituai. Esta definição é, evidentemente,
arbitrária, mas apresenta algumas vantagens quando falamos em comportamentos conceituais
simples (Leslie, 1996). Assim, por exemplo, dizemos que uma criança consegue discriminar
o amarelo se ela escolhe (aponta, separa) um objeto amarelo dentre outros de outra cor.
Mas, só dizemos que uma criança adquiriu o conceito de amarelo se ela passa a emitir a
mesma resposta para diferentes tonalidades de amarelo e de maneira regular. Nesse caso,
o SD é uma classe bastante ampla. Esta noção ó, de certa forma, rudimentar, mas adequada
para algumas situações restritas e durante muito tempo satisfez os analistas do
“1) Diante de um numeral, escolher (apontar, separar, marcar etc.), dentre dois ou mais
conjuntos de objetos, aquele cuja quantidade de elementos corresponde ao numeral;
2) Diante de um numeral, escolher (apontar, separar, marcar etc.), dentre dois ou mais
nomes escritos de números, aquele que corresponde ao numeral apresentado;
3) Diante de uma coleção de objetos, escolher, dentre dois ou mais nomes escritos de
numerais, aquele que corresponde à quantidade apresentada;
4) Diante de uma coleção de objetos, escolher, dentre dois ou mais numerais, aquele
que corresponde á quantidade apresentada;
‘A nâo r qua «pliquamo» explicitamente um rótulo verbal paru cada oòfelo Podarlamoa. por exemplo, dtzef "o primeiro carrinho", “o «agondo carrinho",
, • aaalm aatabelacar a i relavõea 'anta* da*, ’depota\ 'imedialamenle artea da‘ . "Imadialamanla dapo» de", o que poaalbllilana Identificar aa propriedade»
definidora* do uma relaçAo ordinal Nw m cato. o critério da enfilairamanto dos brlnquadoa n*o a«ria relevante Além do rótulo verbal e como aoflatlcaçAu
no delmeamento da um experimento, podamoa ftMOCiar • cada elemento do conjunto um eatlmulo n*o varbal eapedflco (por exemplo, coree diferentes)
Conclusões
Algumas considerações são importantes quando tratamos da aprendizagem de
habilidades matemáticas fundamentais. Primeiramente, temos uma disciplina científica -
a matemática - cujos fundamentos são constituídos de definições, axiomas, postulados,
teoremas, conceitos, os quais são construídos através de abstrações, inferências lógicas
e comportamentos dedutivos. É uma linguagem específica, que se utiliza de elementos de
nossa língua falada e escrita, mas que possui semântica, sintaxe e pragmática
diferenciadas. Seu aprendizado exige domínio de nossa língua e aquisição de
discriminações sutis e abstrações refinadas (salvo desempenhos rudimentares como a
relação termo-a-termo). Evidentemente, não se exige - e nem é condição sine qua n o n -
"Gelmnn e Gallistel propõem em teu modelo a existência da uma espécie da acumulador biológico responsável |>«la percepçAo da contagem. o qual foi
desenvolvido fllogenellcamente Optamos por considerar apenas a definição operacional de contagem, a qual tem sido útil nos estudos sobre contagem
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John V. K dlcr
Senhoras e Senhores:
Em nome de minha mãe, Francês, minha irmã, Anne, minha esposa, Dawn, e de
toda a minha família, muito, muito obrigado. Estou imensamente feliz por estar aqui hoje.
É uma grande honra para mim o convite para juntar-me a vocôs para relembrar meu pai,
Fred Keller, e sua contribuição para a psicologia brasileira.
Mas vocôs me dão algo mais. O outro presente que vocês me dão é a oportunidade
de, finalmente, deixar de lado um antigo ressentimento meu em relação ao meu pai 3A
elaborar minha raiva edípica, como diria um psicólogo freudiano. Deixem-me explicar.
Pelas minhas contas, minha mãe e meu pai visitaram o grande país de vocês pelo
menos cinco vezes. A primeira visita foi há exatamente 40 anos. Tirando uma licença de
seu cargo na Columbia University, em Nova York, meu pai passou todo o ano de 1961 em
São Paulo, na Cidade Universitária. A época, ele estava envolvido com a divulgação da
teoria do reforçamento e com a construção de um laboratório operante.
Sua visita seguinte foi três anos depois, em 1964, quando estiveram em Brasília.
Dessa vez, Papai estava ajudando a fundação de um Departamento de Psicologia na nova
universidade da nova cidade. Esse foi o ano, também, que marcou o nascimento do PSI,
o Personalized System of Instructiorr1— um revolucionário método de educação que viria
a ser muito identificado com meu pai e que se transformaria em sua grande causa pelo
resto de sua vida.
Fred e Francês voltaram ao Brasil novamente em 1974, para São Paulo e Ribeirão
Preto. Houve mais algumas visitas nos anos 80, creio eu. Depois, finalmente, estiveram
aqui em Campinas em 1994.
' Discurso feito durante cerimônia de homenagem « Fred Keller, durante o X Encontro Bratllelro de Pttcoteraptn e Medicina Compor lamentai, em
Mtembro de 2001, em Campinas, SP (N. T )
; Sistema Personalizado de InstruçAo
194 lo h n V. K eller
curriculum cuidadosamente estruturado da Columbia 3A no qual todos os cursos avançados
eram estruturados sobre fundamentos de ciência básica 3A estava sob sério ataque.
Parece claro para mim que o Brasil ofereceu a meu pai uma rota de fuga, uma forma
de escapar desse declínio para a irrelevância, a futilidade e a discórdia. O que ele descobriu
aqui excedeu qualquer coisa que ele pudesse esperar; enorme respeito, amor, e a oportunidade
de fazer uma verdadeira diferença na educação e no futuro da psicologia brasileira. Nas palavras
de Charles Dickens, meu pai sentiu que fora chamado "de volta à vida”.
Um aluno com disposição encontra um professor com disposição. Estabelecem
um relacionamento intenso, produtivo e mutuamente reforçador. O resto, como dizem, é
história.
John V. Keller
Campinas, Brasil
Setembro, 2001
É «pf»a«rrt*òoo reíatode cincoc«aos de pessoas qu« ioioaram o u io e posteriormente adquiriram a dopendência de cocaína
ou crack, a partir da quarta década de vida, ou s«)a. depois dos 30 anos de idade. Dois aspectos chamaram a atenção nesses
casos: primeiro, evidentemente, o fato de iniciarem o uso da droga a partir da quarta década de vida, pois o trabalho clinico
e estudos opidemlológicos apontam que o inicio do uso de cocaina geralmente ocorre na segunda ou na terceira década de
vida Segundo, em nenhum dos casos foi detectado antecedentes pessoais de transtornos psiquiátricos
SAo discutidoB se esses casos sâo ocorrências isoladas e até esperadas no universo do uso, abuso e dependência de
substância pslcoativa; ou se podem ser identificados como ‘casos sentinelas", Isto é, casos que podem estar acenando um
aumento da prevalência do problema daa droga» numa faixa etàna considerada maia imune ao ingresso no uso de cocaína.
Ao contrário da adolescência, que pode ser considerada uma ópoca de riBco para a curiosidade ou experiência com drogas,
a quarta década de vida supõe que o su|eito esteja estruturado em termos de família constituída, ocupação, lugar social etc.
Nesses casos, a dependência de cocaína seria resultante de problemas do desenvolvimento, ou de eventos locais ou atuais
terem uma maior força de eliciar o comportamento de dependência (perspectiva contextual), ou, ainda, a dependência de
cocaína dos casos apresentados seria de ruptura ou "salto* de um padrão de comportamento para outro padrão inesperado
de comportamento (perspectiva da indeterminaçâo).
It Is presented the report of five cases that they began the use and later on the cocalne dependence, or crack, starting from
the fourth decade of life, that Is to say, after the 30 years of age
Two aspects got the attention in those cases: first. evidently, the fact of they begin the use of the drug starting from the
fourth decade of life, because the clinicai work and «pidemiological studies aim that the beglnning of the cocaine use
generally happens in second or in the third decade of life As, in none of the cases it was detected personal antecedents of
paychlalrlc disorders
They are discussed if those cases are isolated occurrences and until waited in the universe of the use, abuse and dependence
of pslcoatlve substance, or they can be identlfied as ‘ sentry cases ", that Is, cases that they can be waivlng an Increase
of the prevalence of the problem of the drugs in a age group more immune considered to the entrance in the cocaine usu.
Unlike tho adolescence, that a rlsk time can be considered for the curioslty or experience wlth drugs; the fourth docado of
life supposes that the subject Is structured in terms of constltuted famlly, occupation, social place, etc.
In those cases the cocaine dependence would be retultlng of problems of the development, (perspective of the development);
or if local events or you act tlw»y would have a larger force to stimulate the dependence behavior (perspective of tho
contoxt), or, stlll, the dependence of cocaine of the presented cases would be of rupture or "jump" of a pattorn of bohavior
for another unexpected pattern of behavior, a (perspective of the indetermination).
Relato de Casos
Caso 1:
Sexo masculino, 33anos, brasileiro, casado, três filhas menores, comerciante,
ensino médio, católico, procedente do interior de Sâo Paulo. Foi admitido na Clínica no
final de 1993.
Iniciou o uso de cocaína aspirada há seis meses, em abril de 1993. O irmão
informou que a esposa do paciente descobriu que ele havia sido infiel e que então começou
a fazer uso de cocaína para “superar" a crise conjugal e também por curiosidade de
experimentar. Informou também que o uso não é constante, mas a família o internou em
uma clínica psiquiátrica em São Paulo onde permaneceu por 24 dias. Após a alta hospitalar,
permaneceu 30 dias abstêmio e retornou ao uso. Um mês após a alta do hospital, recorreu
ao uso da droga, Na ocasião da entrevista de internação, estava usando cocaína aspirada
quatro vezes por semana. O casamento está em crise; a esposa deixou a casa e levou as
crianças para a casa dos pais. Caiu a produção no trabalho e contraiu dívidas. Negou
furtos ou outros distúrbios de comportamento. Emagreceu, não dorme bem ou somente
consegue dormir com ajuda de soníferos. Disse sentir-se fraco, vê “vultos"quando sob
efeito da substância. Há quatro anos acidentalmente atropelou uma pessoa, mas superou
bem esse episódio. Não faz uso de bebida alcoólica. Já apresentou cólicas renais e é
alérgico á penicilina. O imão comentou que o paciente, desde a infância, é muito emotivo.
A família somente percebeu o envolvimento com droga em maio de 93. É o mais velho de
uma irmandade de três. O pai é bancário aposentado e a mãe é inválida. O paciente é
sócio de um dos irmãos numa empresa de turismo e também possui uma loja de tecidos
com a esposa.
O pai do paciente disse: "Quando a gente acha que os filhos estão criados e que
a gente pode ficar sossegado com eles, acontece um problema desse” (= droga).
Saiu do hospital a pedido, sem concluir o programa terapêutico.
No início de 1996, reinternou-se na Clínica Mirante.
Há dois meses, voltou a usar cocaína aspirada diariamente, apresentando idéias
persecutórias, alucinações visuais e agressividade. Teve problemas no trabalho: usou
dinheiro da empresa em dois finais de semana e foi para boates e hotéis. Durante alguns
Caso 2:
Sexo masculino, brasileiro, 37 anos, casado, três filhas menores, engenheiro
eletrônico de uma empresa multinacional de comunicações, espírita, procedente de São
Paulo - SP.
É a primeira internação em clínica psiquiátrica (1996). Disse que conheceu cocaína
há três anos, ou seja, aos 34 anos, oferecida por um parente numa festa familiar.
Começou a fazer uso esporádico e há seis meses aumentou a freqüência do
consumo. Com o tempo, passou a levar e usar a droga dentro da empresa durante o
período de trabalho.
Começou a apresentar problemas de comportamento como faltas ao trabalho,
retornar tarde*da noite para casa, gastos excessivos, tornou-se irritado e com freqüentes
discussões com a esposa e as filhas. A esposa informou que a princípio pensou que ele
estivesse tendo um caso com outra mulher, mas depois o paciente confidenciou a ela o
real problema.
Sob efeito da droga, sente-se perseguido. Está desinteressado do trabalho e dos
amigos. Após o efeito da droga, fica deprimido e chora muito. Já tentou tratamento
psiquiátrico ambulatorial com uso de neurolépticos, antidepressivos e tranqüilizantes. Usou
essas medicações por dois meses e no final do ano tentou matar o parente que o introduziu
no uso de cocaína. É usuário de tabaco.
É o filho mais velho. Tem um irmão de 36 anos e uma irmã de 34.0 pai faleceu há
dois anos e a mãe tem boa saúde. O paciente é considerado filho amoroso. A infância foi
Caso 3:
Sexo masculino, brasileiro, 46 anos, ensino fundamental, operário, casado, dois
filhos adultos e independentes, católico, procedente de São Paulo - SP.
Foi admitido em meados de 1997. Começou a usar cocaína há cerca de quatro
meses, após a morte do filho de 6 anos. Segundo a esposa, o casal teve um filho "temporão".
Com os dois outros filhos já adultos e independentes, o paciente tinha uma afeição especial
pelo caçula. O filho caçula veio a falecer de câncer. O paciente dedicou-se muito ao filho
durante a doença. Com a morte do filho, o paciente começou a ficar triste, deprimido e
dizia que não tinha mais vontade de viver. A esposa ficou temerosa de que o marido
pudesse cometer o suicídio.
O paciente até então não tinha problemas com qualquer substância psicoativa.
Ocasionalmente, bebia uma cerveja, mas sem problemas. Segundo a esposa, o paciente
sempre foi trabalhador e dedicado ao lar e à família. Disse que temia que o marido
“cometesse uma besteira" (= suicídio), mas que jamais pensou que ele viesse a ser um
"viciado em cocaína".
O paciente referiu que andava muito triste e um dia uma pessoa ofereceu-lhe
cocaína e “garantiu que isso iria melhorar sua vida." Disse também estar envergonhado
com a situação que criou. Disse sentir muito a falta do filho.
Sem antecedentes de transtornos psiquiátricos na família. Deixou o hospital a
pedido, sem concluir o tempo previsto pelo programa terapêutico.
Caso 4:
Sexo masculino, brasileiro, 43 anos, ensino médio, vendedor, casado, quatro
filhos, católico, procedente de São Paulo - SP.
O paciente vem fazendo uso de cocaína aspirada há três anos, iniciando o uso,
portanto, ao 40 anos. Até os 40 anos teve vida normal, na família, no trabalho e na sociedade.
Há 18 anos conheceu a companheira e conviveram juntos por 13 anos. Ela informou que o
Caso 5:
Sexo feminino, brasileira, 35 anos, casada, um filho adolescente, ensino superior
(Administração de Empresa), funcionária do judiciário, sem religião, procedente do interior
de São Paulo. Admitida em meados de 2001.
Vem usando crack há uma ano. Emagreceu cerca de dez quilos. Por isso, segundo
a irmã, os familiares começaram a desconfiar que a paciente se tornara uma prostituta ou
garota de programa e com isso havia sido contaminada com o HIV, supondo que estivesse
com AIDS. Há 30 dias, confidenciou ao esposo sobre o uso do crack e pediu ajuda. O
esposo comunicou os demais familiares.
Há trôs anos, a paciente vinha apresentando saídas de casa com as mais variadas
desculpas, comportamento que levou os familiares a suspeitarem de prostituição.
200 losé A n tô n io A i r o
A verdade foi que a paciente, há três anos, começou a ter um caso extra-conjugal
com um colega de trabalho, o qual era dependente de crack, pois disse que o casamento
não vinha bem no plano sexual. Informou que antes havia feito um periodo de terapia
individual para tentar melhorar o relacionamento com o esposo. Após dois anos de
envolvimento com o rapaz, este sofreu um acidente de moto e a paciente estava junto. Foi
nessa época que experimentou, "para ver que barato tinha", pela primeira vez, o crack. Até
então, as suas tentativas eram de fazer o rapaz deixar a droga. A paciente nunca teve
problemas com álcool ou qualquer outra dependência, ou experiência com drogas na vida.
Inclusive não usava tabaco.
Embora casada há 18 anos, disse que irá pedir a separação quando sair do
hospital, pois "meu marido é muito bom, mas a gente vive como irmãos.” Disse que também
pretende não continuar o relacionamento extra-conjugal.
A irmã referiu que a paciente é competente no trabalho e de confiança.
Os pais são vivos. São sete irmãos e é a mais nova. Três irmãos têm problemas
com alcoólicos e o pai foi também dependente de álcool e está há 17 anos em abstinência.
A mãe é epiléptica. Irmã disse que a paciente sempre “foi atirada e prá frente, sempre
ansiando por algo".
Deixou o hospital a pedido, melhorada, após 30 dias de internação.
Discussão
Inicialmente dois aspectos chamaram a atenção nesses casos:
Primeiro, o fato de iniciarem o uso da droga a partir da quarta década de vida, pois
o trabalho clínico e estudos epidemiológicos apontam que o inicio do uso de cocaína
geralmente ocorre na segunda ou na terceira década de vida.
No trabalho clínico com dependentes de drogas, temos observado que a prevalência
do início do uso da cocaína crack é na segunda ou terceira década de vida, entre 12 a 25
anos e, geralmente, a dependência ocorre dentro dessa própria faixa etária ou algum
tempo depois.
No Brasil, os estudos epidemiológicos sobre o uso de substâncias psicoativas,
incluindo a cocaína e o crack, têm enfocado grupos específicos da população, por exemplo
estudantes, adolescentes ou usuários em tratamento (Carlini-Cotrim, 1987; Magalhães,
Barros eSilva, 1991; Carlini, Nappo e Galduróz, 1993; Carvalho, Pinsky, Souza e Silva e
Carlini-Cotrim, 1995); usuários de cocaína injetável contaminados com o vlrus HIV com
transtornos psiquiátricos (Malbergier, 1998) e dependentes de substâncias psicoativas
com co-morbidades psiquiátricas (Da Silveira e Jorge, 1999).
Um estudo sobre o aumento do uso de crack em São Paulo revelou que a média
de idade entre 245 usuários de cocaína foi de 24,8 (range 13-45), com tempo médio de
uso de 7 anos (range 1-25) (Dunn, Laranjeira, Da Silveira, Formigoni e Ferri, 1996). Entretanto,
levando-se em consideração o menor e o maior tempo de uso (range 1-25) e a média de
idade dos usuários (24,8) pressupõe-se que o inicio do uso da droga tenha ocorrido, para
a maioria, na segunda ou na terceira década de vida.
204 lo s í A n fò m o Z difo
Especificamente em relação à cocaína, não está evidente o aumento da
vulnerabilidade à dependência determinada por fatores genéticos, exceto que a probabilidade
de dependência de cocaína é aumentada em pessoas com transtornos que tenham uma
predisposição genética, tais como: dependência de álcool, esquizofrenia, transtorno bipolar
ou transtorno da personalidade anti-social (Jaffe, 1999).
Segundo Ferreira e Bernik (2001, pág. 168):
Considerações Finais
"Geralmente nós não pensamos que os acontecimentos do dia a dia no
ambulatório e na enfermaria mereçam uma publicação, mas exatamente
isso que é uma apresentação de caso. Diversos assuntos podem ser
esclarecidos por um relato de caso: sintomas incomuns, sintomas colaterais
desconhecidos, associação de uma doença com outra (Debakey e Debakey,
1983) (conforme citado por Dunn, 1995).
O estudo de caso é uma prática inerente ao nosso trabalho, bem como a
publicação de determinado caso pode contribuir para com a ciência psicológica (Zago,
Santos, Salzani e Araújo, 2000).
Entretanto, o método de estudo de caso é um valioso instrumento de cunho
intelectual que auxilia a compreensão do quadro clínico e dinâmico do paciente, mas que
por si só em nada o ajuda (Zago, 1992).
Quer dizer, por seu caráter didático, o relato de caso é um método importante e
necessário, mas não suficiente, pois tal método não consegue captar a essência do sofrimento
e das interações nutridas de expectativas e desesperos que emergem na relação terapêutica.
214 lo ié A n tô n io
Também, esses cinco casos, pessoas que mudaram de forma radical e paradoxal
suas histórias de vida ao escolherem o uso da cocaína a partir da quarta década de vida,
mobilizaram sentimentos de preocupação e de dúvidas, pois fizeram emergir mais incertezas
ainda sobre o problema das drogas.
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Esta estudo baseia-se na análise apresentada em mesa-redonda no X Encontro da ABPMC (Campinas, 2001), sobre o temn
abordado no histórico artigo de James Holland, intitulado Servirão oa princípios comportamentais para os revolucionários? Ha
ocasiflo (1974), Holland polemizava em torno do impacto dos avanços tecnológicos da AEC sobra quaisquer empreondimentos
que se articulassem a novos delineamentos culturais e, mesmo, a quaisquer outras ações que Imphcassom mudanças
comportamentais no contexto comunitário. Reitera-se a atualidade da pergunta de Holland, bem como argumenta-se Bcerca
de possíveis implicações éticas do emprego dos pressupostos bohavioristas radicais em situações sociais amplas.
Palavras-chave: Delineamentos culturais; Behaviorismo radical; Análise do comportamento
This study is based on the analysis presented in table-round at the X ABPMC Meeting (Campinas, 2001), about tho themo
bourded on James Holland hlstorlcal artlcle, titled Will the behavior principies serve for the revolutionarios? In the occaslon
(1974), Holland created controveray around the impact of AEC's tochnologlcal advances about nny enterprises that would
articulate to new cultural delineations and, even, to any other actions that would imply in behavior changes in the communitarian
context. It Is stood out the actuality of Holland's question. as well as it is argued about the possiblo othlc implicatlons of
radical behaviorist statements use in ample social situations
Key words: Cultural delineations; Radical Behaviorism; Behavior Analysis
'Veraflo preliminar deste trabalho toi apreeanlada, «ot> meemo tltuto, em mesa redonda no X Encontro Braailero de Pwoolerapla a Medicina Comportamental.
lunlamente com a t doutoras Nlt/a Micheletto e Tara/a Marta de A/evedo Pira* Sério, da PUCSP
-'Departamento de PtKxriogM da Fducaçâo a Programa da Póa -graduação *m Educação da Faculdade de Flloaofía e Ciências - UNt SP - Marllla, SP
É nesse contexto que Holland coloca uma questão central relativa ao tema: o que
pode fazer o cientista comportamental que já abandonou a racionalização da neutralidade
222 K « lc r C drrdra
evento não natural causando eventos naturais (portanto, de estofos diferentes, material/
imaterial) tem gerado muitas polêmicas, mas, de todo modo, caracteriza-se como uma
forma de rejeitar o dualismo e reafirmar o monismo fisicalista. Com isso, uma das
características necessárias à atuação do analista nas questões mencionadas por Holland é
essa coerência com os pressupostos essenciais da filosofia de ciência que norteia a AEC.
Assim, o campo de atuação do analista do comportamento, no sentido de disponibilizar
conhecimento acumulado e tecnologia às causas comunitárias amparadas pela idéia de
contracontrole, reflete a idéia de programação de contingências que facilitem a tomada de
decisões que impliquem melhores condições de reforçamento. Em outras palavras, está
presente a idéia de liberdade (neste caso, a ser conquistada) nos termos já explicitados por
Matos (1985), quando se vale da expressão chinesa Dzu Yu, que significa, basicamente, "o
comportamento de tomar decisões". Nesse sentido, a liberdade é vista como a possibilidade
de ter acesso a condições que implicam reforçamento (ou punição) em função de um
determinado comportamento.
Nessa perspectiva, a pergunta de Holland remeteria ao comportamento de tomar
decisões, em cuja tarefa o analista do comportamento pode auxiliar explicitando as
condições para o arranjo de contingências e a previsão de possíveis conseqüências para
cada opção disponível. A liberdade assim entendida remete à idéia de que as decisões
que visam à emancipação econômica, social e política da população em relação aos
modelos sociais fortemente estratificados, implica ações em várias frentes, uma delas
sendo de responsabilidade do psicólogo, qual seja, uma intervenção no limiar da articulação
entre o individual e o coletivo. No caso do analista, via atuação no nível da ampliação do
acesso às variáveis que controlam o comportamento.
Na trilha dessa concepção, indaga-se sobre como tomamos decisões: a partir de
nossa vontade individual, intrínseca, imanente? A partir das contingências que cercam os
comportamentos envolvidos na própria decisão? Para exemplo: a adição às drogas resulta,
de fato, de uma livre opção? O aluno de psicologia pode fazer quaisquer disciplinas e compor
a formação curricular que desejar, a seu livre gosto, ou esse comportamento é eminentemente
controlado por regras? Alguém constrói moradias na favela e favelas às margens de locais de
iminente deslizamento de terra simplesmente porque quer, porque está intimamente motivado
para tal? O masoquista, por certo, escolhe o que designamos, numa primeira avaliação, como
sofrimento, não em virtude de um mecanismo decisório interior chamado livre-arbítrio, mas
provavelmente porque sua tomada de decisão, num rol possível de formas diferentes de
manifestação dam sua sexualidade, é compatível exatamente com comportamentos com os
quais aprendeu a obter prazer como conseqüência. Os grandes idealistas podem até escolher
morrer fuzilados do que abdicar de suas causas (apenas sua história pessoal de interação
com um ambiente particular, via reforçadores e eventos aversivos, explica as diferenças individuais
nos comportamentos apresentados . É a história individual que está em jogo e, por conta
disso, os exemplos podem ser divergentes: Galileu Galilei, num certo momento, abjurou suas
descobertas (no sentido de que nem o homem nem a terra seriam o centro do universo) para
escapar da condenação à morte. Parece insuficiente uma explicação da liberdade dirigida à
busca do agradável, do bem pessoal, de uma motivação privada inacessível. Na verdade, as
contingências são complexas e determinam ações, por vezes auto-mutiladoras, mas funcionais
em virtude da história filogenética e/ou ontogenética. Um exemplo enigmático e provocativo
poderia ser apreendido de Gõethe: “...Não te detêm as distâncias/ Ó, mariposa! e nas tardes,/
Ávida de luz e chama,/ Voas para a luz em que ardes".
Referências
Luc Vtindcnbeiyhe
/X/CVO
Para entender o fenômeno do ato falho, na fala, na escnta ou na açâo, è necessário resgatar o conceito do operante,
índusivo a noção advinda da pesquisa na área do* esquem a* concorrentes, de que um comportamento se sobrapfle a outros
dependendo das contingências, e o conceito da consciência. Desde sua introdução no consultório do clinico, o behaviorismo
radical vem oferecer suportes teóricos importantes para o atendimento psicológico. A abordagem de comportamentos sutis
como sonhar e relações funcionai» conflituosas como as que ostâo no Jogo no ato falho levam a problemas complexos o
impossibilitam toda tentativa de teste exato das hipóteses lançadas pelo terapeuta. Dados contraditórios e questões que não
tôm resposta objetivamente verificável fa/e m parte da realidade clinica quando o terapeuta decide enfrentar estes aspectos
da interação do seu cliente com o ambiente. O método indutivo e o critério de verdade pragmático do Ijehaviorlsmo radical
oferecem ao clinico a possibilidade de atuar de uma forma que respeita e aproveita a complexidade deste maior Ia I
To understand the phenomenon of the slip of the tony or the pen or other parataxis, we have to appoBl to the concept of the
operant, includmg the notion coming from research in the area of concurrent schedules, that one behavior crowds olherb out,
dependlng on the contingencios; and to the concept of consciousness. Since it was mtroduced in the clinician's practice,
radical behaviorism has offered theoretical support for psyclwlogical treatment. Dealing with subtle behaviors llko dreaming
and conflicting functional relations, as those that are at play in the case of the significant slip, load to complox problema and
exclude any pretence of testlng In the style of exact sciences the hypotheses the thoraplst may launch. Contradictory data
and questions that do not have an objectively verifiable answer are part of clinicai reality when the therapist decides to accept
these aspects of the cllenfs interaction with tho envlronment. The inductlve method and tho pragmatlc truth-crlterion of
radical behaviorlsm offer the clinician a possiblllty to reapect and make use of th» complexlty of this material.
226 Luc V a n d r n b r r g h r
com as abordagens comportamentais tradicionais (Hayes & Toarmino, 2000). Tomando
esta definição a sério (Vandenberghe, 1995; 2001), devemos incluir também a Terapia
Analítico-Comportamental ou a Terapia por contingências do cunho brasileiro como uma
forma de Análise Clínica do Comportamento.
Estas terapias se dedicam geralmente ao tratamento ambulatorial de problemas
psicológicos de pessoas com níveis moderados ou altos de funcionamento. Assim elas
se defrontam necessariamente com fenômenos que não são importantes na Modificação
do Comportamento (também conhecido como Análise Aplicada do Comportamento) que
se concentrou tradicionalmente no tratamento de crianças pequenas e pessoas com
deficiências graves. Muitos destes fenômenos foram durante muito tempo alvo de teorização
por parte das psicoterapias mais tradicionais. Um exemplo que capturou a atenção dos
behavioristas é o sonho (Guilhardi, 1995; Delitti, 2000; Conte, 2001), outro é o ato falho
que é assunto do presente texto.
Do que estamos falando? O ato falho é comportamento intencional, que se destaca
pelo fato que o ator nega responsabilidade por ele. Geralmente tem fortes indícios que ele
não tem consciência de porque ele emitiu o comportamento; às vezes nem tem consciência
do fato que fez.
Finalmente, não é raro tal comportamento atropelar o projeto de ação e os alvos
proclamados da pessoa. O ato falho configura assim um paradoxo. É algo que alguém faz
intencionalmente, mas do seu próprio ponto de vista, sem querer. Para entender este
fenômeno inquietante, é preciso resgatar três conceitos Skinnerianos: os de consciência,
de propósito e de esquemas concorrentes.
E xem plos:
O psicanalista Stekel relata a Freud (1904/1983) a seguinte anedota: Entrou numa
casa e ofereceu a mão direita à dona da casa. Nisso, de um modo muito estranho, conseguiu
abrir o laço que prendia o seu largo roupão. Ele não estava ciente de ter uma intenção
desonrosa; no entanto, observa que realizou esse movimento com a habilidade de um
batedor de carteira.
A habilidade como qual o ato foi perpetrado - a realização de uma tarefa difícil -
parece o argumento principal em favor da suposição de que não se tratou de uma
coincidência. Se o movimento foi determinado pela sua conseqüência, ele era proposital
no sentido mais amplo descrito por de Rose (1982). A única distinção entre este
comportamento e outros operantes, que o torna um ato falho, é que atropela o decorrer
das ações planejadas pelo próprio ator.
Depois de uma deliberação sofrida pelos membros de uma banca, um professor
que tinha argumentado em favor da reprovação do candidato e somente se deu por vencido
depois de uma discussão demorada, preencheu a ata. Onde tinha que colocar a nota do
candidato "oito inteiros e cinco décimos", anotou “oito enterros e cinco décimos". O
comportamento parece um tato, onde o professor emite um comportamento verbal sob
controle discriminativo. A prova, a performance do candidato ou a avaliação pela banca
estaria qualificada como um enterro. Este controle deve ter sido mais eficaz neste momento
do que o controle pela audiência, que ia favorecer o preenchimento correto da ata.
Precisa tomar nota também de uma outra possibilidade. O professor, provavelmente
ainda estava^ob controle aversivo do evento, talvez estava com raiva. Assim a emissão de
“enterro” pode ter sido um mando, isto é um comportamento verbal que especifica um evento
que neste momento ia funcionar como reforçador: enterrar e esquecer o que aconteceu,
anular a decisão final tão injusta ou talvez o enterro do candidato, ou dos outros membros da
banca.
Em todo caso se trata aqui de controle múltiplo. O professor em nosso exemplo
não escreve “assassinato" nem “morte", o que mostra que os controles que favoreçam a
topografia "inteiros" estão efetivamente funcionando. Só que uma outra relação funcional
chegou a se impor o suficiente para influenciar de maneira significativa a topografia do operante
emitido.
Muitas vezes, o ato-falho está sob controle de uma conseqüência que o sujeito não
pode discriminar verbalmente como alvo da sua ação. Admitir para os outros, e talvez para
Referências
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E d ito re s A sso cia d o s.
Discute-se o conceito (1e modelo experimental animal para estudo de patologias humanas. Um problema central diz respeito
A similaridade entre o modefo e o transtorno, pois é preciso definir o que é posslvoi simular em um modelo animuf quwndo se
tenta compreender características únicas do comportamento humano Um denominador comum entro comportamento
humano e unimal tem de ser visado, e ele deve envolver uma similaridade baseada (1) na topografia da respoBta, (2) na
seletividade da resposta a drogas, ou (3) nos processos envolvidos. Sâo analisados os limites dos trôs tipos de modelos, e
so conclui que sâo mais robustos aqueles em que hó similaridade de processo básico do comportamento animal e do
comportamento humano modelado Um modelo desse tipo poderia simular um distúrbio nos aspectos de etiologia, mecanis
mos fisiológicos, comportamento tipicos e tratamentos eficazes Considera-se finalmente que o uso de modelos, alóm da
aplicação prática na triagem de drogas, pode contribuir para o avanço da própria conceituaçâo de transtorno mental.
The concept of experimental animal model is discussed A central Issue is tho slmllarlty between the model and tho
disturbance, slnce a deflmtion of which simulatlons are possible is needed when unlque human characterlstics are boing
focused A common denominator between human and animal behavior should be almed at. Such a common denomlnator
should deal with simllarities In (1) topography, (2) drug response selectivity, and (3) processes These three types of models
are analised It is concluded that the most robust among them are those in which the modol animal behavior shares a similar
basic process wlth the modeled human behavior Such a modol would ideally be able to simulato a behavioral disturbance as
to etlology, physiological mechanlsms, typlcal responses and effectlve treatment A final consideratlon addresses the issue
of using animal models to advance the very concept of mental disturbance
Referência
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo podo ser considerado como um do» transtornos de ansiedade mais freqüentos na
população. sendo que sua prevalência varia do 1 a 3%, segundo estudos epidemiológicos Internacionais e Nacionais A
Psicoterapia Comportamental vem sendo empregada no tratamento do TOC com resultados eficazes, no entanto, outros
modelos de Psicoterapia, bom como novas técnica* vem sendo desenvolvidas por clínicos o pesquisadores das abordagem
cognitivo e cognitivo-comportamuntaia, o que ampliaria a gama de possibilidade de tratamentos para o paciente com TOC
Os principais modelos se baseiam nos estudos de Can- (1974), McFall e Wollershelm (1979) e Saikovskls (1985), sondo que
cada modelo apresenta singularidades e diferenças entre si Estes modelos possuem pressupostos básicos nos quais há
uma ênfase na forma como o indivíduo avalia os pensamentos intrusivos, sua relação com as emoções o, conseqüentemen
te com os comportamentos de fuga/esquiva, característicos no Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Obsessive-Compulsive Disorder (OCD) could be considered the most frequent anxlety disorder in population, because its
prevalence range from 1 to 3% of National and International epidemioly atudios. Behavioral Psychothorapy shows efficient
results with OCD patients, however, other cognltive and cognltlve-behavioral psychotherapic pattems and techniques are
being deveioped by clinicians and researchers so that other treatment posslblllties can be glven to OCD patients. Carr (1974);
McFall and Wolleraheim (1979) and Saikovskls (1985) are the maln patterna. Each of theso pattems bas goI soma
dlfferences and singular polnts of view. These models also empha9i*e the way that each person evaluate Intruslve thoughts
and the relation with emotions and escape/avoldance behavior», which are expected behaviors in OCD patients.
O Modelo Cognitivo
Os pressupostos básicos das terapias cognitivas e cognitivo-comportamentais
estão baseados nos modelos que abordam a mediação entre os estímulos ambientais e
os comportamentos. Sendo assim, a interpretação dos eventos ó considerada de grande
valor no desenvolvimento e manutenção dos transtornos psicológicos e psiquiátricos do
homem.
O homem nasce com um potencial biológico, o qual será desenvolvido em função
de suas experiências e suas relações com o meio ambiente (Bandura, 1969; 1987). Estas
Doutor em oénclas p*k> Departamento de Ptteotog* Médica • Psiquiatria da Univer»íd*de Federnl de Sâo Paulo (UNIFESP)- Etcola Paulista de Medicina,
Docente da* Universidade* Braz Cubai e Centro UnivwsitArk) Herminio Ometto de Arara*
242 M d k llim N un o B a p t id a
Diversas pesquisas estão sendo feitas, no sentido de identificar crenças irracionais
e hipóteses de funcionamento cognitivo em pacientes com TOC, a fim de se desenvolver
técnicas psicoterápicas específicas e eficazes a este transtorno. O conhecimento abrangente
de como o paciente com Transtorno Obsessivo-Compulsivo avalia as situações à sua volta
e os tipos de crenças disfuncionais utilizadas por estes podem auxiliar o clinico a elaborar
estratégias mais específicas para o manejo do paciente com Transtorno Obsessivo
Compulsivo.
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A supervisão clinica ó considerada a atividade mais Importante na formação de um terapeuta, o a relação suporvlsor-
supervlsionando, elemento fundamental para o seu bom resultado. O presente capitulo teve como objetivo analisar
alguns aspectos dessa relaçAo, que assume um papel complexo e paradoxal, prejudicial ou favorável na formação do
terapeuta Cumpre distinguir o papel do supervisor do papel de um terapeuta do supervisionando Embora aspectos da
vida pessoal do supervisionando possam ser enfatizado» durante a supervisão, o enfoque será sempro em como esses
aspectos estarão Influenciando seu atendimento. A conseqüência natural dessa análise ó a importância de um terapeuta
terapeutlzado, que possa sempre analisar seu próprio comportamento. Assim, também saberá reconhecer eventos
antecedentes discriminativos aos seus estados emocionais e diferenciar seus conteúdos daqueles do seu cliente,
reconhecendo o tipo de controle sobre «eu comportamento que está prevalecendo durante a sessão. Exemplos de
atendimento em supervisão Ilustrarão a discussão.
Clinicai supervíslon is considered the most vital component in the successful training of a therapist. The supervisor/
tramee relatlonship must also be considered a crucial element for this success. Adequate supervision allows the thorapist
to develop the necessary skills and confldence levei to practice successfully, The therapist must also develop the ablllty
to relate his or her past experiences to one's own behaviors, and those behaviors' subsequent influences on professional
relatlonshlps. Such self-analysis Is strengthened during proper supervision In training. Examples of supervíslon cases
illustrate the discussion.
Mais do.que uma questão de ordem prática ou teórica, a reflexão sobre o papel
da supervisão é um compromisso que deve ser assumido por toda e qualquer instituição
vinculada à formação de psicoterapeutas. Trata-se de uma exigência ótica, considerando
a forte predominância do sistema de formação do psicólogo brasileiro direcionado para a
área clínica (Bastos, Rocha, Pessoa e Ferraz, 1993, conforme citado por Campos, 1998).
Assim, a grande maioria dos psicólogos brasileiros encontram na supervisão clínica uma
atividade vital, se não a mais importante, na sua formação. De fato, historicamente, a
supervisão clínica foi sempre considerada como o aspecto mais importante na formação
deste profissional (Haley, 1998; Henry, Sims e Spray, 1973; Norcross e Guy, 1989).
No entanto, iniciar a participação em um grupo de supervisão clínica é algo cercado
de aspectos inéditos na vida do terapeuta-estudante. Até ali, em sua vida acadêmica, ele
' Neste trabalho o "»upervleionanòo" 4 o terapeuta, na qualidade d* aluno em flnal de curao de graduaçAo. ou anUlo o p*teólogo JA formado qua buaca
•uparvitlo poatertor à graduaçAo Ser* utilizado, antAo, ora o termo supervisionando, ora terapeuta
Exemplo Clínico 13
T: Nâo sei bem por onde começar... uma coisa eu estou achando bem interessante... semana
passada aconteceu um fato curioso e acho que isso está mexendo muito comigo: comecei
três casos novos, e os trôs apresentam a mesma demanda. Sâo três homens questionando
o papel que exercem na sociedade, nos relacionamentos íntimos. Estâo questionando como
a sociedade os vêem.
[supervisor fica atento para a escolha dessa questão, visto que a terapeuta atende outros
casos e aquela era a primeira sessão de supervisão. Como interpretar o “fato curioso" ou
"está mexendo mliito comigo"? Como a “mesma demanda" fora identificada com apenas
uma sessão de atendimento com cada um?]
S: Apesar de estar muito no começo, você vê mais alguma coisa em comum nesses trôs
casos, além da demanda?
[supervisor reforça observação da terapeuta e a direciona para que busque aspectos mais
genéricos em comum nos trôs clientes, além da demanda, já que muito pouco da história de
cada um foi conhecido]
T: - Hum... que são homens... ansiedade?
S: - Que mais?
•Prtmalra ——Io da •up»rvl»*o da T oom S; T com quatro «not da prática proflaatonal; «uparviMo fatta em grupo d* doi» terapaulai a um »uparvl»or,
T para tarapauta e S para «uparviaor
Exemplo Clínico 2
Durante a sessão de supervisão, foi apresentado pela terapeuta (T1) o caso de um
homem que se queixava de "problemas sociais e indecisão". T 1 ressaltou uma grande
dificuldade do cliente em "controlar a própria vida". Quando questionado sobre como se
sentia no caso, T1 mencionou estar muito desconfortável e que era comum sentir
impaciência ou raiva do cliente porque este sempre lhe solicitava "que rumo deveria dar
a sua vida"
S: (ao final da sessão de supervisão): - Bom, acho que por hoje ó isso. T1, qual o feedback
para hoje?
T1: - Hoje nâo foi tão objetivo quanto na sessão passada. Foram tantas informações... tanta
coisa nova que... sei lá... acho que estou mais perdido agora do que antes!
S: - Vocô está querendo dizer que nossa conversa mais atrapalhou do que ajudou...
T1: - ... não!! Foi legal! Eu só acho que o negócio é tão complexo... é tanta coisa que me faz
sentir meio perdido.
T2: (para T1) - Mas vocô foi bem. Eu entendi muito bem o caso... vocô descreveu super bem,
e de forma objetiva. Vocô também nâo entendeu legal (para S)?
S: Super bem...
T1: Só que eu não sei o que fazer agora... Eu queria ter mais controle sobre essa situação.
S: Fiquei com a impressão de que vocô ficou um pouco frustrado com a supervisão hoje.
Será que eu deveria ser mais diretivo e falar o que deveria ser feito?
T1: ... ô... acho que poderia me ajudar mais (risos)... mas sei que não deve ser assim... quem
tem que saber sou eu (mais risos)... que droga!
S: - A gente pôde notar que essa necessidade do seu cliente de ouvir de vocô, seu terapeuta,
o que fazer, te irrita. O que significa para vocô “ter controle”, saber exatamente o que fazer,
como fazer & para onde ir?
T1: - Nossa, são fundamentais para mim)., (pausa... risos).., Tá vendo... esse cara tá me
atrapalhando tanto a cabeça que eu tô ficando que nem ele (mais risos)!!
Exemplo Clínico 3
Ao atender uma jovem que vivia um grande conflito sobre uma gravidez indesejada,
possível conseqüência de uma relação extra-conjugal, a terapeuta revelou em supervisão a
"raiva enorme e incontroíável” e censura que sentiu durante o atendimento. Disse que, em um
primeiro momento, foi categórica (“radical") quanto á "importância de a cliente revelar toda a
'verdade' a seu marido, pedir desculpas e lutar pela reconstrução da relação". Mas, na mesma
'Barmoo (1M7) oferece uma intereeMnte anAItte de como M u i prôpnoe tentimentoe |á mterterlrem *m tua relação oom dientet, duranl» atendimento*.
Conclusões
A despeito da grande relevância da supervisão, ou estágio supervisionado, na
formação do terapeuta comportamental, a literatura em língua portuguesa oferece número
escasso de trabalhos, quase sempre apresentando uma análise do papel, objetivos e
função da supervisão. Na literatura de língua inglesa, o interesse é crescente, mas ainda
oferece grandes lacunas, como a relação entre supervisor e supervisionando aqui discutida
(Campos, 1998).
O presente trabalho teve como objetivo analisar com especial ênfase a relação
supervisor-supervisionando por poder assumir papel prejudicial ou favorável nessa
formação. Poderá funcionar como obstáculo se o supervisor estiver servindo de audiência
punitiva e, por conta disso, o comportamento verbal do supervisionando estiver sendo
controlado muito mais por contingências presentes na sessão de supervisão do que na
sessão de atendimento já ocorrida. O treino do tato fidedigno do supervisionando parece
ser um objetivo importante a ser seguido.
A relação também poderá ser instrumento na formação do terapeuta, já que
poderá servir de modelo para a relação terapeuta-cliente, variável das mais importantes
para o sucesso da terapia. Há de se distinguir o papel do supervisor do papel de um
terapeuta do supervisionando. Embora podendo-se enfatizar aspectos da vida pessoal do
supervisionando durante a supervisão, o enfoque será sempre em como esses aspectos
estarão influenciando seu atendimento. A conseqüência natural dessa análise é a
importância de um terapeuta terapeutizado. Isso significa que terapeutas deveriam avaliar
sempre o seu comportamento, pois ele pode funcionar como instrumento terapêutico na
terapia de seu cliente.
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O trabalho pubMcado por Skinner, entre 1931 e 1957, foi analisado com o objetivo de identificar parâmetros para caracterizar
o# programai de pesquisa por ele propostos. Oito publicações mereceram especial atenção: The concept of th» reffex in the
description of behavior (1931/ Curront trenós in experimental psychology (1947); Are theories o f learning necessary? (1950),
A casehistorylnscientiflcmethod (1956), Vertwl Behavior (1957), The experimental analysis of behavior (1957); Reinforcement
today ( 1958); and The fítgbt from the laboratory (1961). Quatro programas de pesquisa foram identificados e aele aspectos
foram considerados na caracterização de cada um destes programas: a especificidade da ciância do comportamento, as
Interfaces com outras ciências, a unidade de análise, a medida privilegiada, as fontes de variaçAo, o contexto para estudo
e os objetivos da ciência do comportamento A análise indicou que, com exceção da unidade de análise e da mudida, todos
os demais aspectos foram gradualmente desenvolvidos. Vários problemas foram Identificados nestes dois aspoctos: as
definiçõeB dos conceitos de força e probabilidade da resposta são por demais amplas e sous limites nflo estão bem
estabelecidos, a relação entre esses conceitos e os conceitos de freqüência e taxa não é claramente estabelecida, e as
mudanças na unidade de análise proposta (reflexo, classe de respostas e contingência de reforçamento) não são suflclen-
tumento analisadas
Skinner'8 published work, between 1931 aixJ 1957, was analyzed with the goal of identlfylng parameters for Sklnner's research
programs. Elght of Skinner'8 publicatlons were especially taken Into account. The concept of the reflox in the description of
behavior (1931| Current trends In experimental psychology (194 7); Are theories of learning necessary? (1960), A case hlstory
in sclentiflc method (1956); Verbal Behavior (1957); The experimental analysis of behavior (1957); Reinforcement today (1958);
and The fllght from the laboratory (1961) Four research programs were Identified and seven aspects were considered and
Identlfled In the charactervatton of these research programs apeclflcity of the Science behavior; relationibipa with olher
sciences; unit of analysll, moasurement of the unit of analysis; subject matter a sources of vanation, the productlon of data;
and tho goals of the Science of behavior The analysis indicated that ali these aspects were yradually built, with tho
exceptlons of unit of analysis and measurement. Various probloms were identified with these two aspects; the definltions of
tho concepts of probability and response strength are too broad; the boundartes of these concept* are not clearly establlshnd;
the relationshlps between these concepts and the concepts of frequency and rate are not clearty asserted; and tho changes
in the proposod unit of analysis (reflex, response class, and contingencies of reinforcement) are not sufflclently analyzed
O artigo publicado por Skinner em 1931 ( The concept ofthe reflex in the description
of behavior) pode ser apontado como o primeiro marco no desenvolvimento do sistema
skinneriano. Do ponto de vista deste trabalho, nesta publicação Skinner propôs um programa
de pesquisa para uma ciôncia do comportamento. Muitos anos e muitas publicações
depois, em 1957, Skinner publicou seu livro Verbal Behavior, que certamente ó outro