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A realidade social tem vindo a tornar-se cada vez mais complexa e os fenómenos como
as identidades comunitárias, a exclusão, os movimentos sociais, a diferença sexual,
étnica, racial, religiosa, assumem-se como campos de dinamização da identidade e da
ação coletiva que concorrem com a classe, articulando-se com ela.
Subclasses e sobreclasses
Assistimos ao aumento do trabalho precário, ao aumento da desregulamentação dos
direitos laborais, do tráfico clandestino de mão-de-obra (migrações ilegais), do trabalho
infantil, da pobreza, do desemprego e subemprego, etc, resultantes da globalização
económica.
Subclasses:
1. sofrem os efeitos dos globalismos localizados;
2. não possuem uma posição de classe bem definida: estão fora ou abaixo da classe
trabalhadora tradicional.
3. exemplo de subclasse: os trabalhadores migrantes.
Sobreclasse global:
1. situam-se no topo da pirâmide social, ou seja, situados “acima” da estrutura de
classes no sentido tradicional;
2. têm privilégios de poder e riqueza,
3. exemplo dos diretores de multinacionais que viajam em classe executiva, ficam nos
melhores hoteis, etc.
4. nova elite socioprofissional e institucional que monopoliza conhecimentos;
5. beneficiam da evolução tecnologica.
Estes fenómenos exprimem a multiplicação das desigualdades através da ampliação das
distâncias sociais e espaciais.
O aumento das desigualdades não é apenas uma mudança de escalas, mas também uma
acentuação dos níveis de complexidade, devido à emergência de novos factores de
instabilidade e novos processos de fragmentação e reconversão das diferentes posições
de classe que fazem parte da mudança estrutural do mercado de emprego, do sistema de
ensino, etc.
Classe média:
1. categoria que corresponde aos diversos sectores da força de trabalho que não fazem
parte nem dos blue collars (classe operária manual), nem à classe dominante.
2. são empregados de escritorio, funcionários, burocratas, e tecnocratas dos sectores
publico e privada.
3. conjunto diverso que nunca foi uma classe, no verdadeiro sentido da palavra, mas tão
só uma mancha, que se situa algures entre a elite e o povo.
No nosso país:
as transformações sociais e laborais acrescentam novas dificuldades ao movimento
sindical e põem em causa a centralizado da classe como motor de ação colectiva.
1. novas divisões internas no seio dos assalariados como resultado da evolução
tecnológica na industria, da profissionalização da gestão e do crescimento do sector
publico, ou seja, entre tecnocratas e burocratas, entre qualificados e não qualificados.
2. aumento dos índices de mobilidade social no quadro da crescente terciarização da
sociedade - aumento dos serviços - que contribuiriam para processos de litoralização
e concentração urbana (êxodo rural)
3. crescente diferenciação interna da classe média assalariada, com a emergência de
novas profissões, criando novos fechamentos e diferentes estilos de vida
4. fragmentação da ação colectiva do sector industrial, resultante da crescente
precariedade e desemprego, o que se traduz numa notória redução dos índices de
participação sindical
5. aumento dos níveis de sindicalização em alguns segmentos da classe média
6. aparecimento de fenómenos de proletarização tanto no sector de serviços como no
sector de industrial
7. emergência de novas modalidades de ação colectiva e novos movimentos de
protesto.
Proletários:
1. operariado industrial desqualificado e segmentos da força de trabalho mais
precarizada.
2. segmento bastante despojado de recursos;
3. camadas proletariados em crescimento também no ternário (serviços).
O papel do mercado tem vindo a restringir ao mesmo tempo o papel do Estado devido às
tendências de globalização. Mas compete a este último inverter essa tendência através da
sua função reguladora.
Existe uma disputa entre estado e mercado pela monopolização e redefinição das
posições de status entre diferentes fracções.
Mecanismos de fechamento:
Aqueles que chegam às elites pelo seu talento “fecham as portas atrás de si logo que
tenham alcançado o seu status. Os que lá chegaram pôs mérito passam a querer ter tudo
o resto - não apenas poder e dinheiro, mas também a oportunidade de decidir quem entra
e quem fica de fora.
A chamada classe média nunca foi efetivamente ampla no nosso país mas parece ter
igualmente entrado em quebra. Por isso, o aumento da classe média é-o mais na
aparecia do que na realidade, pois parte significativa dos funcionários e empregados do
sector ternário se aproxima da categoria proletária, muito embora se veja a si própria
como inserida na classe média.
Paralelamente, a crise social e económica que temos vivido nos últimos anos têm vindo a
acentuar a precariedade e a contribuir para gerar novos sectores proletarizados.
Convém lembrar que as margens de tolerância são menores nos casos em que a
intervenção estatal é maior e a relação salarial mais estável.