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Êxtase (MDMA): efeitos farmacológicos e tóxicos,

mecanismo de ação e abordagem clínica

Farmacocinética
A concentração máxima é atingida 1 a 2 horas após a ingestão, sendo o tempo de meia-vida de cerca de 8 a 9
horas
A principal via de metabolização é hepática
A principal isoenzima responsável pela desmetilação da ecstasy é a CYP2D6
A ecstasy segue um padrão farmacocinético não-linear, o que indica uma saturação ou inibição do seu
metabolismo. Assim, pequenos aumentos da dose de ecstasy podem gerar aumentos desproporcionais na sua
concentração, com o risco de desenvolvimento de toxicidade aguda.
A eliminação é feita por via renal

Efeito tóxico curto e longo prazo

Um dos maiores riscos da intoxicação pelo MDMA é o aparecimento da hipertermia (temperatura elevada do
corpo) e da síndrome hiperpiréxica (temperatura corporal maior do que 43oC). Quando se combina o aumento
da temperatura corporal com atividade física (dança) e um ambiente quente, a situação pode se tornar grave.
O aumento da temperatura corporal, bem como o aumento na pressão arterial e na frequência cardíaca podem
levar a lesões no fígado e nos rins, acidente vascular cerebral (“derrame”) e convulsões.

O MDMA é um composto derivado das anfetaminas e difere destas por apresentar além dos efeitos
estimulantes, efeitos perturbadores do sistema nervoso central, sendo considerada uma droga alucinógena.
Com sua ação no sistema nervoso central, ele interfere na liberação e recaptação de neurotransmissores como
serotonina, dopamina e noradrenalina, envolvidos no controle do humor, termorregulação, sono, apetite e no
controle do sistema nervoso autônomo. Entre os efeitos agudos esperados do ecstasy estão a sensação de
euforia, bem estar, autoconfiança, empatia, extroversão, sociabilidade, alterações na percepção visual e
sensorial, diminuição da ansiedade, aumento da energia física e mental, diminuição da fadiga e do sono.
Também ocorrem elevação da frequência cardíaca e da pressão arterial, palpitações, arritmias, tremores em
extremidades, sudorese, hipertermia, aumento da tensão muscular e da atividade motora, bruxismo, trismo,
irritabilidade, náuseas, vômitos, cefaléia, fotofobia, perda de apetite, boca seca, nistagmo, visão borrada,
insônia, hiperatividade, fuga de idéias, alucinações, comportamento bizarro, psicose e ataques de pânico. Os
efeitos tendem a regredir após eliminação da substância, mas podem acarretar sérios danos ao organismo,
especialmente em decorrência da hipertermia maligna, configurando um quadro de intoxicação aguda grave.

A longo prazo pode acarretar em:

Síndrome da serotonina

O ecstasy leva a um excesso na liberação de serotonina, provocando algumas vezes a chamada Síndrome da
Serotonina, que vem a ser uma das mais graves situações clínicas associadas ao seu uso.

Complicações cardíacas

As complicações cardíacas causadas pelo uso de ecstasy podem ser parcialmente explicadas pelo seu efeito no
sistema nervoso autônomo.

Alterações hepáticas

Há alguns relatos na literatura médica de hepatite aguda e de desenvolvimento de fibrose hepática de rápida
evolução em alguns pacientes após ingesta de MDMA.
Hiponatremia

Outra alteração frequentemente encontrada em pacientes com intoxicação por ecstasy é a diminuição nos
níveis séricos do sódio, geralmente abaixo de 125mmol/ L (os níveis normais de sódio sérico variam entre 135-
145mmol/L).

Complicações Neurológicas

A neurotoxicidade provocada pelo MDMA não tem mecanismos bem esclarecidos e parece envolver os
neurônios dopaminérgicos e serotoninérgicos, levando a uma gama de alterações neuropsiquíatricas.

No Brasil o consumo do ecstasy segue o padrão de muitas outras substâncias de abuso, e, mesmo não sendo
uma droga nova, a grande maioria de profissionais da saúde desconhece seus efeitos ou complicações
decorrentes do uso e ainda são poucos os estudos científicos sobre seu uso.

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