Sociedade Excitada Versãoinicial

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<c props="font-
family:Liberation Sans">Christoph Türcke</c>
<c props="font-family:Liberation Sans"></c>
family:Liberation Sans">SOCIEDADE EXCITADA</c>
<c props="font-family:Liberation Sans"></c>
family:Liberation Sans">FILOSOFIA DA SENSAÇÃO</c>
family:Liberation Sans">TRADUÇÃO</c>
family:Liberation Sans">A n t o n i o A . S. Z u i n</c>
family:Liberation Sans">Fábio A. D u r ã o</c>
family:Liberation Sans">Francisco C. Fontanella</c>
family:Liberation Sans">Mario Frungillo</c>
family:Liberation Sans"></c>
family:Liberation Sans"></c><c props="font-family:Liberation Sans">SUMÁRIO</c>
family:Liberation Sans">PREFÁCIO</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">9</c>
family:Liberation Sans">P A R A D I G M A DA S E N S A Ç Ã O</c>
family:Liberation Sans">LÓGICA DA SENSAÇÃO</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">87</c>
family:Liberation Sans">F I S I O T E O L O G I A DA SENSAÇÃO</c>
family:Liberation Sans">SENSAÇÃO ABSOLUTA</c>

family:Liberation Sans"><pbr/>PREFÁCIO</c>
family:Liberation Sans">ORIGINALMENTE, SENSAÇÃO SIGNIFICOU nada mais do que
percepção. Nos dias atuais, entende-se principalmente como sensação aquilo que,
magneticamente, atrai a percepção: o espetacular, o chamativo. Deslocamento,
condensações e contrações de significado fazem parte d o cotidiano de cada língua
viva. Evento significou primeiramente um acontecimento totalmente geral. Até o
momento a palavra é empregada para acontecimentos totalmente especiais: atos do
Estado, entrega de prêmios, estrelas, vernissages, concertos etc. Cada assunto
comum era antigamente um affair, antes de ser adotado como um assunto delicado de
Estado ou de amor. Vício, ou dependência, significou principalmente doença. Nos
dias atuais, tal palavra é aplicada apenas em relação a determinados estimulantes.
Também o deslocamento na palavra “sensação" — da percepção totalmente comum para a
percepção do incomum e finalmente para este próprio incomum — seguiu este padrão:
do geral para o particular. Mas mesmo isso não é nada especial, ou seja, é apenas
um de muitos exemplos em relação a como a língua se especializa, afia, enfatiza —
um caso especial da lingüística. Só que neste caso o p e q u e n o deslocamento
de</c>
family:Liberation Sans">significado é a abreviação lingüística para deslocamentos,
rejeições, descartes</c>
family:Liberation Sans">e revoluções sociais em maior escala. A sociedade moderna
se ara como nenhuma sociedade anterior. Seu progresso tecnocientífico m i n o u t u
d o aquilo que</c>
family:Liberation Sans">pareceu ser natural: relações estabelecidas de trabalho, de
propriedade e patrimoniais, hábitos superados, rituais, fundamentações de crenças,
ritmos e extensões de vida comuns, velocidade, formas de p e n s a m e n t o e de
percepção.</c>
family:Liberation Sans">Nada é óbvio mais. Somente o inconstante se tornou
constante: o estado de</c>
family:Liberation Sans">uma i n q u i e t u d e geral, de excitação, de
efervescência. Esse estado teve na sua</c>
family:Liberation Sans">aurora, nos séculos XVIII e XIX, algo de extremamente
promissor. C o m boas</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>razões, esse estado p ô d e ser visto c o m o um
sinal de q u e a h u m a n i d a d e começava a sair de sua " m e n o r i d a d e
autoculpável". Em t o d a a miséria q u e a Revolu-</c>
family:Liberation Sans">cas que foram expostas aos animais selvagens, às epidemias
e à fome. C o m o se</c>
family:Liberation Sans">ção Industrial trouxe consigo, abriu-se, c o n c o m i t a
n t e m e n t e , a perspectiva de</c>
family:Liberation Sans">a i n f o r m a ç ã o importasse somente desde o final do
século XX, c o m o se a for-</c>
family:Liberation Sans">u m a nova época direcionada pela razão, na qual as pessoas
agiriam coletiva-</c>
family:Liberation Sans">maçao de um sistema de notícias confiável já não
acompanhasse a criação de</c>
family:Liberation Sans">m e n t e de f o r m a solidária e produtiva, tal c o m o d
e m o n s t r a m as muitas partes</c>
family:Liberation Sans">u m c o m é r c i o à distância ou c o m o se hoje fôssemos
até mais "sábios" d o que</c>
family:Liberation Sans">entrelaçadas de uma g r a n d e engrenagem m a q u i n a
i .</c>
family:Liberation Sans">antigamente apenas p o r q u e somos continuamente
inundados com impressões</c>
family:Liberation Sans">N o século XX, essa perspectiva se f e c h o u . Mas a
efervescência geral não</c>
family:Liberation Sans">audiovisuais. Recentemente, a palavra da "sociedade pós-
secular" circula sob</c>
family:Liberation Sans">d i m i n u i u . Pelo contrário, ela se c o n g e s t i o
n o u . Porém, q u a n t o mais lhe falta a</c>
family:Liberation Sans">a impressão de uma ofensiva global fundamentalista. C o m o
se a secularizaçào</c>
family:Liberation Sans">grande válvula, cuja abertura coletiva ela p o d e r i a
acionar, mais dificilmente se</c>
family:Liberation Sans">fosse, em algum lugar do mundo, um fato já decidido que faz
agora um rollback,</c>
family:Liberation Sans">p o d e suportá-la, mais faz com que t o d o s p r o c u r
e m com suas forças e n c o n t r a r</c>
family:Liberation Sans">j u m recuo forçado religioso. C o m o se a secularizaçào,
direta e exclusivamente</c>
family:Liberation Sans">aquilo que p r o p o r c i o n a alívio, e t u d o que
fascina, q u e encanta, serve para tal.</c>
family:Liberation Sans">tivesse provocado o bota-fora da religião do contrato
social, e não ela mesma</c>
family:Liberation Sans">Existe orientação, apoio e realização, m e s m o q u e seja
apenas u m m o m e n t o</c>
family:Liberation Sans">já se tivesse, desde o início, obstaculizado,
estabelecendo, desta forma, uma</c>
family:Liberation Sans">higaz. Mas, para inflacionar esse m o m e n t o até o
infinito, coloca-se à disposição</c>
family:Liberation Sans">nova instância do destino, a qual descarta e aceita, vez
por outra, de forma tão</c>
family:Liberation Sans">um repleto aparato visual. Ele deixa passar nas telas
incontáveis m o m e n t o s e</c>
family:Liberation Sans">direciona a percepção para aqueles mais persistentes, os q
u e "fazem sensação",</c>
family:Liberation Sans">inescrutável, c o m o se fosse um deus calvinista, que
divulga o seu próprio culto</c>
family:Liberation Sans">e seu incensório: o mercado mundial.</c>
family:Liberation Sans">os quais se destacam t a n t o que p r o v o c a m uma
percepção que permanece. H á</c>
family:Liberation Sans">A pressão de proclamar novos tipos de sociedade é uma
característica da</c>
family:Liberation Sans">u m a torrente de estímulos dos meios de c o m u n i c a ç
ã o de massa que c o m p e t e m</c>
family:Liberation Sans">sociedade da sensação, e ela não é nova, pois há séculos já
se trama. Ela também</c>
family:Liberation Sans">para fazer parte dessas sensações. N i n g u é m consegue
dominá-los. N e m o mais</c>
family:Liberation Sans">já foi n o m e a d a A sociedade do espetáculo. Guy D e b o
r d , o cabeça da "Interna-</c>
family:Liberation Sans">distinto intelectual que torce o nariz consegue fechar-se d
i a n t e dos estímulos,</c>
family:Liberation Sans">cional Situacionista", que representou, com sua ligação
oblíqua de Marx e a</c>
family:Liberation Sans">de tal m o d o que o sentido de sua atenção, a escolha dos
temas e das palavras, o</c>
family:Liberation Sans">vanguarda estética, um verdadeiro acento colorido no
marxismo cinzento dos</c>
family:Liberation Sans">t e m p o e o r i t m o de seus p e n s a m e n t o s n ã o
conseguem p e r m a n e c e r sem ser p o r</c>
family:Liberation Sans">anos 50 e 60 do século passado, marcou a ferro e fogo, sob
esse título, o espetá-</c>
family:Liberation Sans">eles molestados de alguma forma. Em curtas palavras, é c h
e g a d o o m o m e n t o</c>
family:Liberation Sans">culo midiático c o m o espetáculo de feira transformado, o
chamativo audiovi-</c>
family:Liberation Sans">de se falar de uma sociedade da sensação.</c>
family:Liberation Sans">sual c o m o p r o p a g a n d a alavancada de mercadorias,
o culto imagético c o m o</c>
family:Liberation Sans">E n t r e t a n t o , essa palavra não sugere a e n t r a d
a da h u m a n i d a d e n u m a nova</c>
family:Liberation Sans">época, tal c o m o fizeram as palavras "sociedade pós-
industrial", "pós-moderna",</c>
family:Liberation Sans">"de risco", ou "da informação", todas palavras chamativas e
desviantes. Só p o r q u e</c>
family:Liberation Sans">a sociedade altamente "tecnificada" não apresenta mais as
características tais c o m o</c>
family:Liberation Sans">máquinas que ofegam e que exalam vapor e trabalhadores
suados, não significa</c>
family:Liberation Sans">que ela não seja mais uma sociedade industrial, mas sim que
penetra microeletronicamente, com sua produtividade múltipla e refinada, e m todas
as áreas de trabalho.</c>
family:Liberation Sans">Isso t a m b é m não significa que uma sociedade, q u e
diariamente m o d e r n i z a seu</c>
family:Liberation Sans">arsenal técnico e seu design, e cada vez mais r a p i d a m
e n t e p r o d u z seu capital,</c>
family:Liberation Sans">não seria mais m o d e r n a só p o r q u e ela afrouxou
suas formas de organização, de</c>
family:Liberation Sans">relação e de expressão, não mais constrói c o m o a
Bauhaus, não mais c o m u n i c a</c>
family:Liberation Sans">c o m o a burguesia e o m o v i m e n t o operário ou não
mais cultiva o estilo de vida,</c>
family:Liberation Sans">fetichismo da mercadoria estetizado, o m o d e r n o como o
apogeu do arcaico 1 .</c>
family:Liberation Sans">E, assim, ele c o m p õ e uma lista de temas do tópico
posto aqui em discussão.</c>
family:Liberation Sans">Entretanto, isso ocorre na forma de um projeto que
tangencia, de m o d o genial,</c>
family:Liberation Sans">0 espaço, o t e m p o e a história, e que raramente a p r o
f u n d a a análise, c o m o se</c>
family:Liberation Sans">isso não fosse necessário, como se o trabalho de base da
crítica social já tivesse</c>
family:Liberation Sans">sido teito e bastasse saber o que são o capitalismo e o
fetiche da mercadoria e</c>
family:Liberation Sans">a única coisa q u e restasse fosse descobrir seus disfarces
mais recentes. Isso é</c>
family:Liberation Sans">m u i t o ingênuo. T ã o certo se deve ter um conceito de
capitalismo para conceituar suas mudanças, t a m p o u c o sua estetização
espetacular é apenas uma nova</c>
family:Liberation Sans">roupagem que se precisa tirar para "desmascará-lo" como um
velho conhecido.</c>
family:Liberation Sans">Essa estetização aderiu ao capitalismo, é a sua pele, e não
seu envoltório — e</c>
family:Liberation Sans">urge, até mesmo os conceitos, os quais são conhecidos,
pegá-lo de forma mais</c>
family:Liberation Sans">o gosto, o o t i m i s m o pelo progresso da geração dos
avós. C o m o se esses riscos</c>
family:Liberation Sans">imponderáveis fossem algo especial de nosso t e m p o e não
de sociedades arcai1</c>
family:Liberation Sans">G. D e b o r d . Die Gesellschafi eles Spektakels. H a m b
u r g o , 1978 [1967].</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>precisa, redefini-lo. F e t i c h i s m o não é mais
a q u i l o q u e Foi q u a n d o insiste na</c>
family:Liberation Sans">fixação d o sensorio h u m a n o n o espetacular.</c>
family:Liberation Sans">A lixiviação desse sensório p o r meio d o r u f a r de t a
m b o r audiovisual m u d a</c>
family:Liberation Sans">consideravelmente o significado da exploração. E se esse
rufar d o t a m b o r final-</c>
family:Liberation Sans">m e n t e c o m e ç a a revolucionar as p o t ê n c i a s
de conexões neurais elementares,</c>
family:Liberation Sans">as quais f o r m a m a base elementar de t o d a cultura, e
n t ã o a palavra "revolução"</c>
family:Liberation Sans">adquire uma nuança que nunca fora prevista no vocabulário
socialista. T u d o isso</c>
family:Liberation Sans">está incluso n o preço d o espetáculo e d e m a n d a t a n
t o u m a iluminação neurofisiológica, psicanalítica e teológica q u a n t
o</c>
family:Liberation Sans">filosófico-histórica</c>
family:Liberation Sans">e teorético-social.</c>
family:Liberation Sans">N a verdade, este livro começa a sério com a Sociedade do
espetáculo. Ele elabora</c>
family:Liberation Sans">o p r o j e t o de m e s m o nome, mas de u m a f o r m a q
u e dele quase nada restará.</c>
family:Liberation Sans">O primeiro capítulo mostra um panorama dos atuais fenômenos
de sensação.</c>
family:Liberation Sans">T ã o efêmeros eles p o d e m ser, mas têm uma longa
preliminar. Para compreender</c>
family:Liberation Sans">Alta pressão de notícias</c>
family:Liberation Sans">o que se expressa e eclode d o a c u m u l a d o e c o n g
e s t i o n a d o , deve-se começar,</c>
family:Liberation Sans">naturalmente, pelo início. Por isso, o segundo capítulo
segue o gradativo estreit a m e n t o de significado do conceito de sensação da
Renascença até a Revolução</c>
family:Liberation Sans">"O</c>
family:Liberation Sans">Francesa e constata nisso um processo de constituição
social, ou seja, c o m o a</c>
family:Liberation Sans">deira que se fazia nos anos 1970 a respeito de um jornal
popular alemão, cujos</c>
family:Liberation Sans">sociedade moderna se formou n u m a massa de excitação. O
que parece, d o p o n t o</c>
family:Liberation Sans">repórteres, já à época, eram bem eficientes para estar na
hora em todos os aci-</c>
family:Liberation Sans">de vista moderno, um movimento progressivo social enfático
e semântico, revela-</c>
family:Liberation Sans">dentes, crimes, escândalos e catástrofes naturais, sendo
mestres do excesso. A</c>
family:Liberation Sans">se, entretanto, inesperadamente, um retrocesso aos remotos
t e m p o s cinzentos,</c>
family:Liberation Sans">piada daqueles t e m p o s já há muito não existe — não é
nem mesmo mais um</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o se volta mais ainda e se considera uma
perspectiva histórico-humana.'</c>
family:Liberation Sans">exagero d i g n o de menção. Desde o m o m e n t o em que
reféns são entrevistados</c>
family:Liberation Sans">O terceiro capítulo trata disso. Apenas p o r conta d o q u
e provoca sensações, d o</c>
family:Liberation Sans">ao vivo, e n q u a n t o seus seqüestradores apontam um
revólver para a sua cabeça,</c>
family:Liberation Sans">q u e chama a atenção, das sensações primevas q u e p e n e
t r a m na carne e n o osso,</c>
family:Liberation Sans">ou desde q u a n d o as lágrimas, os gritos e balbucios de
feridos de morte ou em</c>
family:Liberation Sans">pôde-se f o r m a r o sensório h u m a n o específico. A
violência dessas sensações, tão</c>
family:Liberation Sans">estado de choque começaram a penetrar live as salas de
estar, não se entrevistam,</c>
family:Liberation Sans">abaladora q u a n t o constituinte, tem u m n o m e
teológico: epifania d o sagrado.</c>
family:Liberation Sans">é verdade, cadáveres, mas sim pessoas fadadas a m o r r e r
e à beira da m o r t e .</c>
family:Liberation Sans">O q u a r t o capítulo mostra c o m o essa epifania se
multiplica e se inflaciona na</c>
family:Liberation Sans">Apresentar a m o r t e para um público curioso, mostrando
as faces nas quais ela</c>
family:Liberation Sans">modernidade até chegar a se tornar irreconhecível, ou seja,
na forma dos choques</c>
family:Liberation Sans">se reflete, e fazendo audíveis as vozes que diante dela
tremem, representa um</c>
family:Liberation Sans">audiovisuais. Eles são aplicados c o m o injeções, tal c o
m o se mostra n o q u i n t o</c>
family:Liberation Sans">dos excessos mais repugnantes da reportagem moderna. O
problema é que não</c>
family:Liberation Sans">capítulo. Eles f a z e m o sistema n e r v o s o d e p e n
d e n t e e v i c i a d o de sensações.</c>
family:Liberation Sans">se trata aqui de deslizes, mas de pontos culminantes. A
própria associação al-</c>
family:Liberation Sans">O vício deseja mais d o q u e o m a t e r i a l viciante p
o d e dar-lhe. N a m e d i d a e m</c>
family:Liberation Sans">t a m e n t e tecnologizada das mídias leva a isso. Dever-
se-ia pensar que pelo me-</c>
family:Liberation Sans">q u e o vício se t r a n s f o r m a n u m a c o n s t i t
u i ç ã o social geral, t e m de ser c o m -</c>
family:Liberation Sans">nos a televisão já estaria tão estabelecida, tão presente
em todos os lugares, que</c>
family:Liberation Sans">p r e e n d i d o , teológica e m e s s i a n i c a m e n t
e , c o m o r e f ú g i o da u t o p i a .</c>
family:Liberation Sans">não mais precisaria ficar de olho no gosto do público por
conteúdos sensacio-</c>
family:Liberation Sans">Nada é mais frontal e abissal d o que as sensações. Q u e m
deseja decifrar suas</c>
family:Liberation Sans">a r t i m a n h a s é, afinal, sugado até "às últimas
coisas".</c>
family:Liberation Sans">BILD</c>
family:Liberation Sans">FOI o PRIMEIRO A FALAR COM O CADÁVER": esta era a brinca-
</c>
family:Liberation Sans">nalistas — não fossem os muitos outros repórteres,
redatores, entretenedores,</c>
family:Liberation Sans">canais e veículos de comunicação. Eles não permitem que
ninguém que deseje</c>
family:Liberation Sans">p e r m a n e c e r no mercado descanse. Sob condições
concorrenciais, a tendência</c>
family:Liberation Sans">crescente de espetacularização é tão p o u c o evitável q u
a n t o a inovação técnica</c>
family:Liberation Sans">p e r m a n e n t e . Por certo, n i n g u é m é
pessoalmente forçado a t o m a r p a r t e no</c>
family:Liberation Sans">desenvolvimento de novos aparelhos e no planejamento de
cenários sensacio-</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>nalistas. C a d a u m é a p r o x i m a d a m e n t e
tão livre para n ã o participar q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">Odisseu era para não sucumbir ao c a n t o das sereias. S e
g u n d o H o m e r o , ele só</c>
family:Liberation Sans">paz, violaçao da lei e do estado de direito, catástrofe e
salvamento: estas são as</c>
family:Liberation Sans">o conseguiu p o r q u e se fez atar ao m a s t r o de seu
navio e n q u a n t o seus c o m -</c>
family:Liberation Sans">formas primordiais da res publica. Não sem habilidade, foi
a isso que a teologia</c>
family:Liberation Sans">panheiros remavam, c o m os ouvidos tapados, pelos rochedos
das sereias. Mas</c>
family:Liberation Sans">existencial do século XX se associou. Deus, assim o define
Paul Tillich, "é aquilo</c>
family:Liberation Sans">c o m o seria possível fazer parar uma corrente q u e atua
24 horas por dia, que não</c>
family:Liberation Sans">que necessariamente nos diz respeito"'. Mesmo quem se sente
ateísta o suficiente</c>
family:Liberation Sans">deixa q u e se reme contra ela e q u e c o n s t a n t e m
e n t e p õ e a questão silenciosa</c>
family:Liberation Sans">para achar que Deus não lhe diz respeito, tem, no entanto,
que conceder que a</c>
family:Liberation Sans">sobre se seria possível de fato suportar u m desligamento d
o fluxo geral de in-</c>
family:Liberation Sans">idéia de forças divinas iradas e salvadoras tem sua origem
em questões de vida</c>
family:Liberation Sans">formação, u m a estagnação profissional, uma desolação da
alma ou o desempre-</c>
family:Liberation Sans">e morte -</c>
family:Liberation Sans">go, apenas para o p o r sua força de atração? Para quê?
</c>
family:Liberation Sans">d o p o n t o de vista de uma teoria da notícia.
Evangelium</c>
family:Liberation Sans">p r o f u n d o d o que t u d o aquilo que assim era
chamado na Roma antiga. Ela diz</c>
family:Liberation Sans">d o pulso da vida social c o m o u m t o d o . Para alguns
r a m o s profissionais, já o</c>
family:Liberation Sans">respeito literalmente a todos, representa a pura notícia: a
única que salva o ser</c>
family:Liberation Sans">são há m u i t o tempo. É sabido que jornalistas e
redatores se dedicam a divulgar</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o da perdição eterna. D e qualquer forma, foi com
essa crença que os</c>
family:Liberation Sans">notícias, e isso significa selecionar notícias. Relatar é
algo q u e se p o d e fazer</c>
family:Liberation Sans">missionários d o cristianismo primitivo se puseram em
marcha, e algo da sua</c>
family:Liberation Sans">em relação a muitas coisas: que o n t e m choveu granizo, q
u e u m a bolsa estava</c>
family:Liberation Sans">consciência de transmissão ainda permanece nas conquistas
pioneiras da ra-</c>
family:Liberation Sans">nos achados e perdidos, q u e o prefeito chegou atrasado
para u m e n c o n t r o de</c>
family:Liberation Sans">diofonia sem fio. Reginald Aubrey Fessenden, um filho de
padre, posicionou-se</c>
family:Liberation Sans">conselho, que na Rua Sete de Setembro u m pastor alemão
quase foi atropelado.</c>
family:Liberation Sans">diante de um microfone na noite de Natal de 1906, tocou ele
mesmo Oh Holy</c>
family:Liberation Sans">Mas a quem isso interessaria, senão aos envolvidos ou a
seus parentes ou a u m</c>
family:Liberation Sans">Night ao violino e leu histórias natalinas tiradas do livro
de Lucas. Esta foi a</c>
family:Liberation Sans">primeira transmissão radiofônica 2 .</c>
family:Liberation Sans">estas não são notícias — são ocorrências sem valor para
serem d i f u n d i d a s para</c>
family:Liberation Sans">O s modernos confeccionadores de notícias precisam
freqüentemente decidir,</c>
family:Liberation Sans">um público mais amplo por meio de jornal, rádio, televisão
ou Internet. E isso</c>
family:Liberation Sans">significa, na razão inversa: o n o m e "notícia" só merece
rigorosamente ser d a d o</c>
family:Liberation Sans">àquilo q u e vale a p e n a ser c o m u n i c a d o . E o q
u e satisfaz esse requisito, sem</c>
family:Liberation Sans">s o m b r a de dúvida? Aquilo que diz respeito a todos, q u
e se c h a m a r e s p u b l i c a ,</c>
family:Liberation Sans">em latim: a coisa pública. Sem dúvida, o conceito era visto
d i f e r e n t e m e n t e na</c>
family:Liberation Sans">Roma antiga, o n d e surgiu, d o que é hoje. "Todos" eram
tão s o m e n t e as pessoas</c>
family:Liberation Sans">livres, ou seja, os cidadãos aptos ao serviço militar, que
tinham d o m í n i o absoluto</c>
family:Liberation Sans">sobre a unidade familiar, que consistia em terras, gado,
escravos, dependentes</c>
family:Liberation Sans">e parentes. E aquilo que dizia respeito a todos era na
realidade bem pouco. Por</c>
family:Liberation Sans">um lado, consistia em algumas leis que cuidavam para que os
deuses recebessem</c>
family:Liberation Sans">os devidos sacrifícios, q u e os cidadãos garantissem a
integridade da u n i d a d e</c>
family:Liberation Sans">familiar, esperando a benevolência dos primeiros, dos
últimos exigindo o serviço militar e as contribuições para os o f e r e c i m e n t
o s coletivos de sacrifício;</c>
family:Liberation Sans">p o r o u t r o lado, consistia na aplicação o mais
habilidosa possível dessas leis</c>
family:Liberation Sans">contra ameaças elementares por parte de inimigos e forças
naturais. A reunião</c>
family:Liberation Sans">em conselho dos cidadãos livres era, assim, o meio através
d o qual a res publica</c>
family:Liberation Sans">é a palavra grega para</c>
family:Liberation Sans">mensagem, que pretende ser a res publica, em um sentido m u
i t o mais amplo e</c>
family:Liberation Sans">As sensações estão a p o n t o de se t o r n a r as marcas
de orientação e as batidas</c>
family:Liberation Sans">ou outro colecionador insano? A n i n g u é m . D e u m p o
n t o de vista jornalístico,</c>
family:Liberation Sans">e que o cristianismo soube como nenhuma outra religião
utilizar,</c>
family:Liberation Sans">em questão de minutos, ou mesmo segundos, quais notícias
querem veicular.</c>
family:Liberation Sans">Eles têm pouca o p o r t u n i d a d e para preocupar-se
com as fundações teológicas</c>
family:Liberation Sans">de sua atividade. Mas, mesmo que saibam que a res publica
há muito não corresponde àquilo que poderia ser vislumbrado em uma reunião de
conselho,</c>
family:Liberation Sans">mas que se desdobrou em uma colcha de retalhos de milhares
de parágrafos,</c>
family:Liberation Sans">ações, opiniões e interesses, que por sua vez são filtrados
e refletidos centenas</c>
family:Liberation Sans">de vezes pelas mídias; mesmo que saibam que alcançam uma
clientela limitada</c>
family:Liberation Sans">e que não atingem da mesma maneira sem-tetos e corretores
da bolsa de valores,</c>
family:Liberation Sans">donas de casa e professores universitários, n e n h u m
deles deixa de ter alguma</c>
family:Liberation Sans">idéia d o que seja uma notícia pura e simples. Caso
contrário, não poderiam</c>
family:Liberation Sans">fazer a menor distinção entre o que é mais e menos digno de
ser veiculado. E</c>
family:Liberation Sans">fazem-no continuamente. N e n h u m estabelecimento
jornalístico funciona sem</c>
family:Liberation Sans">pressupor que haja a notícia imprescindível, a que deveria
ser veiculada e a que</c>
family:Liberation Sans">poderia sê-lo; n e n h u m que não possua um consenso de
base a respeito daquilo</c>
family:Liberation Sans">que uma notícia deve de qualquer maneira realizar:
sobressair 3 . Todos os debates</c>
family:Liberation Sans">era tratada. O existencial que ressoa nessa expressão quase
não p o d e mais ser</c>
family:Liberation Sans">percebido hoje. O que concerne a todos vai ao cerne da
coletividade. Guerra e</c>
family:Liberation Sans">I'. Tillich. Systemaliscbe</c>
family:Liberation Sans">Ibeologie. Scuccgarc, 1956, vol. 1, p. 19.</c>
family:Liberation Sans">C f . D. Daniels, Kunst ais Sendung.</c>
family:Liberation Sans">Cf. F. Marcinkowski, Publizistik ais autopoctisches System.
Opladen, 1993. p. 10-».</c>
family:Liberation Sans">M u n i q u e , 2002.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>de redação giram apenas em t o r n o de como isso se
dá ou deveria dar-se, e aqui</c>
family:Liberation Sans">de seu p r o d u t o r , seu c o m p r o m i s s o com a
veracidade, exatidão e justeza se-</c>
family:Liberation Sans">também há um m í n i m o d e n o m i n a d o r c o m u m :
a notícia t e m que ser nova.</c>
family:Liberation Sans">riam p a r t i c u l a r m e n t e grandes 4 . Mas o
problema é m u i t o mais p r o f u n d o . O s</c>
family:Liberation Sans">Notícias em inglês são chamadas de news. A visita de Estado
de o n t e m não</c>
family:Liberation Sans">c o n f e c c i o n a d o s de notícias representam apenas
aqueles que vão à frente. A</c>
family:Liberation Sans">se encaixa mais hoje nas news, mesmo que nem todos se t e n
h a m inteirado dela</c>
family:Liberation Sans">obngaçao à compreensibilidade, sob a qual trabalham, está a
p o n t o de tornar-se</c>
family:Liberation Sans">a não ser que tenha resultado em u m escândalo e q u e leve
a d e s d o b r a m e n t o s</c>
family:Liberation Sans">uma coerçao generalizada da percepção -</c>
family:Liberation Sans">que por sua vez só possam ser e n t e n d i d o s se
remetidos a ela. Ser, p o r é m , me-</c>
family:Liberation Sans">passou o desenvolvimento das mídias na segunda metade do
século XX.</c>
family:Liberation Sans">ramente nova não é suficiente. O novo tem t a m b é m q u e
ser compreensível.</c>
family:Liberation Sans">A i n d a q u e as notícias desde sempre t e n h a m sido
construídas, primeira-</c>
family:Liberation Sans">Uma descoberta da biolog ia molecular ou celular p o d e
ser a mais surpreenden-</c>
family:Liberation Sans">mente, vale nisso o que se chama "primazia do objeto" em
Adorno^: o primá-</c>
family:Liberation Sans">te possível — ao público de massa falta o c o n h e c i m e
n t o para avaliar seu valor</c>
family:Liberation Sans">rio é o a c o n t e c i m e n t o considerado c o m o digno
de divulgação. Era p o r sua</c>
family:Liberation Sans">de novidade. É, antes de qualquer coisa, algo para
especialistas. N o entanto, se</c>
family:Liberation Sans">causa q u e as mídias entravam em ação: primeiramente
mensageiros, depois,</c>
family:Liberation Sans">levar à manipulação genética de alimentos, à clonagem de
seres vivos, ou se seu</c>
family:Liberation Sans">nos p r i m ó r d i o s da tipografia, jornais de uma
folha, que no começo apareciam</c>
family:Liberation Sans">descobridor receber o Prêmio Nobel, então é algo que t e n
d e a dizer respeito a</c>
family:Liberation Sans">s o m e n t e esporadicamente, ou seja, q u a n d o
acontecia algo que valia a pena ser</c>
family:Liberation Sans">todos — uma notícia. Sua novidade é, assim, compreensível
apenas na m e d i d a</c>
family:Liberation Sans">c o m u n i c a d o . Esse algo podia então ser exagerado e
o r n a d o o q u a n t o fosse, o</c>
family:Liberation Sans">em que haja uma capacidade de apreensão para ela: algo já c
o n h e c i d o , confiável, em relaç ào ao qual poderá ser experimentada c o m o
se sobressaindo</c>
family:Liberation Sans">seu caráter explosivo estava garantido de antemão. Era ele
o imperativo da di-</c>
family:Liberation Sans">seja</c>
family:Liberation Sans">vulgação. "A ser comunicado, porque importante": eis a lei
de base da lógica da</c>
family:Liberation Sans">o conhecimento que se necessita ter para julgar u m a luta
de boxe, u m concer-</c>
family:Liberation Sans">notícia. Até hoje há eventos suficientes que obedecem a
ela. C o m o concerne a</c>
family:Liberation Sans">to ou uma teoria como fora d o c o m u m , seja a
capacidade para empatia q u e faz</c>
family:Liberation Sans">t o d o s se tropas inimigas cruzaram as fronteiras, ou se
os reservatórios de água</c>
family:Liberation Sans">com que acidentes aéreos ou terremotos possam ser vistos c
o m o algo q u e p o d e</c>
family:Liberation Sans">estão infectados com arsênico, ambos os acontecimentos
devem ser noticiados.</c>
family:Liberation Sans">acontecer a qualquer um, seja a familiaridade para com a
região mais próxima,</c>
family:Liberation Sans">Q u e m delegasse tais informações a jornais científicos,
com a justificativa de</c>
family:Liberation Sans">na qual a imprensa local aposta q u a n d o noticia sobre o
assalto n o novo bairro</c>
family:Liberation Sans">que nem t o d o s se interessam por política ou química,
deixaria no ato de ser</c>
family:Liberation Sans">ou sobre a missa de calouros na igreja matriz.
Especialmente bem c o m p r e e n -</c>
family:Liberation Sans">m e m b r o da redação.</c>
family:Liberation Sans">sível é aquilo que se deixa quantificar ou visualizar.
índices da bolsa de valores</c>
family:Liberation Sans">e resultados do futebol, números da loto ou de
desempregados, estatísticas de</c>
family:Liberation Sans">trânsito ou de mortes por drogas o c u p a m , assim,
postos p e r m a n e n t e s n o noticiário. E quando se consegue c o m p r e e n d
e r algo tão i n t r i n c a d o c o m o o p r o cesso de paz no O r i e n t e M é
d i o em uma só i m a g e m -</c>
family:Liberation Sans">a do aperto de mão</c>
family:Liberation Sans">entre Rabin e Arafat - , então se atinge o m á x i m o de
abrangência. U m p r o cesso político altamente complicado condensa-se em u m a
notícia insuperavelmente palpável.</c>
family:Liberation Sans">graças ao salto qualitativo pelo qual</c>
family:Liberation Sans">Mas desde o século XVII, q u a n d o os panHecos
esporádicos foram gradualm e n t e se t o r n a n d o jornais com tiragem regular,
011 seja, q u a n d o se tornaram</c>
family:Liberation Sans">empresas q u e iriam à falência se o material noticiável se
exaurisse, iniciou-se</c>
family:Liberation Sans">uma reviravolta significativa. O meio precisa ser
semanalmente, depois diariamente, a l i m e n t a d o com matérias dignas de serem
noticiadas, para que ele</c>
family:Liberation Sans">possa continuar a existir e, quando se torna questionável
se os eventos correntes</c>
family:Liberation Sans">dizem respeito a todos, é necessário que st faça que digam.
Assim, a confecção</c>
family:Liberation Sans">de notícias recebe uma nova ênfase. Não mais representa
apenas a ornamen-</c>
family:Liberation Sans">Porém justamente ela está na f r o n t e i r a da
falsificação. C o m o os n ú m e r o s</c>
family:Liberation Sans">tação de acontecimentos explosivos, mas também o fazer
explosivo dos acon-</c>
family:Liberation Sans">que, de acordo com o contexto no qual são postos, levam a
resultados diferentes,</c>
family:Liberation Sans">tecimentos. A lei de base da lógica da notícia conduz à sua
própria inversão:</c>
family:Liberation Sans">o enfático aperto de mão para os fotógrafos p o d e t a n t
o expressar uma virada</c>
family:Liberation Sans">"A ser c o m u n i c a d o , p o r q u e i m p o r t a n t
e " superpõe-se a "Importante, porque</c>
family:Liberation Sans">política quanto conjurá-la ou simplesmente simulá-la. Q u e
a m e t a m o r f o s e de</c>
family:Liberation Sans">c o m u n i c a d o " Essa superposição é o tributo
sistêmico que o estabelecimento</c>
family:Liberation Sans">conteúdos em notícias o mais palpáveis possível não se
possa dar sem estilização,</c>
family:Liberation Sans">de empresas de notícias e seu gradual crescimento em uma
rede de informação</c>
family:Liberation Sans">redução e distorção, é um velho p r o b l e m a das mídias.
N o r m a l m e n t e , lida-se</c>
family:Liberation Sans">com ele no âmbito da ética jornalística, cujo teor é o de
que, justamente p o r q u e</c>
family:Liberation Sans">Cf. M. HaIler c H. I lolzhcy, Medicn-Ethik</c>
family:Liberation Sans">gen Journalisrnus. Opladcn, 1992.</c>
family:Liberation Sans">Th. W. Adorno, Nega tive Dialektik — Gesavimclte Schrijien.
Frankfurt, 1973. vol. 6, p. 185.</c>
family:Liberation Sans">as noticias são construídas, e não m e r a m e n t e
transmitidas, a responsabilidade</c>
family:Liberation Sans">— Bescbreibungen, Analyscn, Konzepuftirden</c>
family:Liberation Sans">deutschsprachi-</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>abrangente custou. Pode-se chamá-la de perversão da
lógica de notícia. Porém</c>
family:Liberation Sans">não se pode esquecer que n e n h u m sistema de notícias m
o d e r n o continuaria a</c>
family:Liberation Sans">existir sem ela. Sob todas as condições sociais, um c o m u
n i c a d o ganha u m peso</c>
family:Liberation Sans">adicional por haver sido trazido por um mensageiro. Sob
todas as circunstâncias o livro impresso causa impacto. A imprensa não p o d e
existir sem r o t u l a r</c>
family:Liberation Sans">com "importante" aquilo que divulga. Inflar o banal,
simplificar o complicado,</c>
family:Liberation Sans">chamar a atenção pública para d e t e r m i n a d o s c o n
t e ú d o s e desviar de o u t r o s :</c>
family:Liberation Sans">isso pertence a ela como a transpiração, ao corpo. A m b o
s exigem uma higiene</c>
family:Liberation Sans">imperiosa, mas n e n h u m a higiene os abole. E é assim q
u e não mais é possível</c>
family:Liberation Sans">deparar-se com a lei de base da notícia sem a sua inversão.
Foi apenas p o r meio</c>
family:Liberation Sans">desta última que conseguiu manter-se — c o l o c a n d o -
s e c o m o u m a s e g u n d a</c>
family:Liberation Sans">camada de um filme sobre a primeira e f a z e n d o c o m
que desde e n t ã o as duas</c>
family:Liberation Sans">se fundissem até ficarem indiscerníveis.</c>
family:Liberation Sans">O alcance total desse acontecimento, sem dúvida, ainda não
se p o d i a evidenciar e n q u a n t o a imprensa estava a i n d a e m vias de se
t o r n a r um m e i o de</c>
family:Liberation Sans">massa. Primeiramente, sua a u t o n o m i z a ç ã o em u m
sistema vivendo de notícias, permanentemente f a m i n t o por notícias, m o s t r
o u acima de t u d o seu lado</c>
family:Liberation Sans">emancipatório. Ela levou à libertação da censura estatal e
ao estabelecimento de</c>
family:Liberation Sans">uma livre circulação de notícias e de p e n s a m e n t o ,
c o n t r i b u i n d o , dessa forma,</c>
family:Liberation Sans">para a realização dos mais caros direitos civis e h u m a n
o s . Q u e o processo de</c>
family:Liberation Sans">emancipação da burguesia e a a u t o n o m i z a ç ã o da i
m p r e n s a estavam indissociavelmente ligados, quem p o d i a pensar nisso logo
n o c o m e ç o ? Q u a n t o de</c>
family:Liberation Sans">violência intrínseca os meios de massa podiam assumir não
veio à tona e n q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">a imprensa era única. É verdade que já n o c o m e ç o d o
século XX era possível a</c>
family:Liberation Sans">monstruosidade de que uma guerra mundial tendesse a ser
mais u m espetáculo</c>
family:Liberation Sans">da imprensa, do que a imprensa ser a exposição dos terrores
da guerra, c o m o</c>
family:Liberation Sans">Karl Kraus caracteriza com ultraje. "É a i m p r e n s a u
m m e n s a g e i r o ? N ã o o</c>
family:Liberation Sans">acontecimento. Uma fala? Não, a vida." " D e novo o i n s t
r u m e n t o n o s subiu</c>
family:Liberation Sans">a cabeça. C o l o c a m o s aquele que tem q u e c o m u n
i c a r o i n c ê n d i o [...] acima</c>
family:Liberation Sans">do m u n d o , acima do fogo e da casa, acima d o fato e de
nossa imaginação" 6 .</c>
family:Liberation Sans">So que a imprensa não é um i n s t r u m e n t o , mas um
meio cuja a u t o n o m i z a ç ã o</c>
family:Liberation Sans">nao p o d e ser impedida, apenas d o m a d a . Nesse p o n
t o , até Kraus, para q u e m o</c>
family:Liberation Sans">poder da .mprensa não p o d i a ser superestimado, s u b e
s t i m o u a imprensa. Os</c>
family:Liberation Sans">ultimas dias da humanidade,</c>
family:Liberation Sans">que viu nascer em uma guerra m u n d i a l , t o r n a d
a</c>
family:Liberation Sans">palatavel pela imprensa e avidamente engolida p o r u m p ú
b l i c o excitado p o r</c>
family:Liberation Sans">K. Kraus. Wchgcricht.</c>
family:Liberation Sans">I.cipzig. 1919. Nova e d i ç ã o : F r a n k f u r t .
1988. vol. I. p. 15.</c>
family:Liberation Sans">sensações, mais parece, em vista das guerras do Vietnam, do
Golfo ou de Kosovo, c o m o pálidos exercícios preliminares para as matanças
midiáticas, nas</c>
family:Liberation Sans">quais nao apenas as telas de televisão preparavam, em
cores, o público para a</c>
family:Liberation Sans">guerra, mas também se transformaram elas mesmas, enquanto
telas de radares,</c>
family:Liberation Sans">em fatos determinantes para a guerra.</c>
family:Liberation Sans">As telas televisivas representam em geral uma grande
cesura. Só quando, na</c>
family:Liberation Sans">s e g u n d a m e t a d e do século XX, p e n e t r a r a m
nos domicílios pelo menos tão</c>
family:Liberation Sans">p r o f u n d a m e n t e c o m o antes apenas os jornais,
as sementes realmente germinaram, sementes que estavam de a n t e m ã o na
recíproca superposição de tese e</c>
family:Liberation Sans">antítese, do "porque diz respeito a todos, é comunicado" e
"porque algo é comunicado, diz respeito a todos". Por um lado, a técnica de
transmissão audiovisual</c>
family:Liberation Sans">abriu um imenso arsenal noticioso. T u d o aquilo que era
passível de sobressair</c>
family:Liberation Sans">sonora ou visualmente era potencialmente material para
notícias. Por outro,</c>
family:Liberation Sans">o crescimento acelerado das matérias brutas também fez com
que se aumentasse o n ú m e r o de canais para a veiculação de notícias e deu
origem a uma alta</c>
family:Liberation Sans">pressão noticiosa qualitativamente nova, que se faz sentir
de três maneiras:</c>
family:Liberation Sans">c o m o pressão para a escolha imediata, em uma
avassaladora superoferta de</c>
family:Liberation Sans">notícias possíveis, daquelas que sejam adequadas; c o m o
pressão de impor-se</c>
family:Liberation Sans">com sua própria seleção contra a concorrência; por fim, c o
m o a pressão com a</c>
family:Liberation Sans">qual as noticias devem ser disparadas para o público, para
que possam aderir</c>
family:Liberation Sans">a ele e n ã o se dissolver no fluxo de informação. E essa
tríplice pressão da profissão d o jornalista é transferida de tal forma ao público
c o m o um todo, que</c>
family:Liberation Sans">g r a d u a l m e n t e se transforma em uma pressão
existencial do aparato sensorial</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n o . H o j e em dia, todos que queiram
permanecer atualizados precisam,</c>
family:Liberation Sans">por sua vez, selecionar rapidamente o material relevante a
partir de uma super a b u n d ã n c i a de notícias, precisam permanecer
constantemente atentos para</c>
family:Liberation Sans">que sua escolha esteja no nível da concorrência, e expor-
se, para esse fim, a um</c>
family:Liberation Sans">tiroteio midiático. Sob tal pressão a saliência das
notícias recebe um novo sentido literal. N ã o é mais suficiente que os
acontecimentos sejam por si só explosivos, confeccionados de forma chamativa, ou
que t e n h a m as manchetes</c>
family:Liberation Sans">gritadas c o m o nas edições extras de outrora; o meio
audiovisual necessita mobilizar todas as forças específicas de seu gênero e
ministrar a notícia com toda</c>
family:Liberation Sans">a violência de uma injeção multissensorial, de forma que
atinja o p o n t o que</c>
family:Liberation Sans">almeja: o aparato sensorial ultrassaturado dos
contemporâneos . Sob essas cir-</c>
family:Liberation Sans">A palavra ' a u d i o v i s u a l " presta-se a equívocos;
cia coloca o ouvir antes d o ver. Na realidade, a hierarquia</c>
family:Liberation Sans">d o s s e n t i d o s c inversa. Já cm C í c e r o isso
está p r e s e n t e : P o d e m o s m e l h o r representar aquilo q u e nos
é</c>
family:Liberation Sans">t r a n s m i t i d o pelos s e n t i d o s c q u e os m a
r c a ; p o r é m o s e n t i d o mais a g u d o é a f a c u l d a d e visual. Por
isso</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>cunstâncias, o sentido teológico e político daquilo
que "necessariamente nos</c>
family:Liberation Sans">funcionários desses setores possuíam contratos fixos de
trabalho e uma renda</c>
family:Liberation Sans">atin»e" é enfraquecido; o sentido fisiológico da expressão
entra em cena de</c>
family:Liberation Sans">garantida, assim c o m o benefícios de seguridade social —
mesmo q u a n d o a</c>
family:Liberation Sans">forma renovada. O que atinge, toca, comove é aquilo que, e
n q u a n t o injeção,</c>
family:Liberation Sans">rentabilidade das empresas deixava a desejar e o
contribuinte tinha que pagar</c>
family:Liberation Sans">foi agudizando o suficiente o nosso sistema nervoso e,
ainda q u e seja apenas</c>
family:Liberation Sans">a diferença. Sob uma perspectiva estritamente
mercadológica, isso não pode</c>
family:Liberation Sans">por u m instante, chama a atenção.</c>
family:Liberation Sans">Sensação hoje, na linguagem coloquial, q u e r dizer
simplesmente "aquilo</c>
family:Liberation Sans">acontecer, como, por sinal, Engels já notara quase um
século antes. Ele vivenciou</c>
family:Liberation Sans">que causa sensação". Q u a n d o a palavra passou d o latim
para as línguas nacionais</c>
family:Liberation Sans">vias férreas" eram estatizados por toda parte e ofereceu a
seguinte interpretação:</c>
family:Liberation Sans">européias, representava bem genericamente a primazia
fisiológica d o sentimento</c>
family:Liberation Sans">se o Estado não tem outra opção senão tomar ele mesmo a
liderança nesses</c>
family:Liberation Sans">ou da percepção — sem nenhuma conotação espetacular. E o
que é mais notável é</c>
family:Liberation Sans">empreendimentos, para poder garantir à economia capitalista
de mercado as</c>
family:Liberation Sans">que, justamente a alta pressão noticiosa do presente, que
quase automaticamente</c>
family:Liberation Sans">condições estruturais estáveis para seu desenvolvimento,
então ele não apenas</c>
family:Liberation Sans">associa "sensação" a "causar u m a sensação", n ã o apenas
se sobrepõe ao sentido</c>
family:Liberation Sans">fortalece a si mesmo, mas também mina a si próprio. Sua
ação significa tanto</c>
family:Liberation Sans">fisiológico antigo de sensação, mas t a m b é m o movimenta
de uma nova maneira.</c>
family:Liberation Sans">"progresso econômico", em seu sentido capitalista, quanto
"atingir um estágio</c>
family:Liberation Sans">O u seja, se tudo o que não está em condições de causar u m
a sensação t e n d e a</c>
family:Liberation Sans">preliminar para a tomada, por parte da própria sociedade,
de todas as forças</c>
family:Liberation Sans">desaparecer sob o fluxo de informações, praticamente não
sendo mais percebido,</c>
family:Liberation Sans">produtivas" 8 . Lênin levou adiante esse pensamento e não
teve pudores de con-</c>
family:Liberation Sans">então isso quer dizer, inversamente, que o r u m o vai na
direção de que apenas o</c>
family:Liberation Sans">siderar "o correio como o padrão da economia
socialista";</c>
family:Liberation Sans">na época c o m o "as grandes iniciativas de transporte: os
correios, telégrafos, as</c>
family:Liberation Sans">que causa uma sensação é percebido. A percepção d o que
causa u m a sensação</c>
family:Liberation Sans">converte-se na percepção tout court, o caso extremo da
percepção em instância</c>
family:Liberation Sans">normal. Por certo, estamos apenas n o princípio dessa
tendência, mas a pressão</c>
family:Liberation Sans">econômica da concorrência global cuida para que ela se
acelere — uma tendência</c>
family:Liberation Sans">que na alta pressão noticiosa só faz manifestar-se mais
evidentemente.</c>
family:Liberation Sans">o mecanismo social dc condução da economia já está
disponível aqui. Derrubem-se os</c>
family:Liberation Sans">capitalistas; quebre-se, com o punho de aço dos
trabalhadores armados, a resistência</c>
family:Liberation Sans">desses exploradores; aniquile-se a maquinaria burocrática
do Estado moderno — e</c>
family:Liberation Sans">teremos diante de nós um mecanismo altamente desenvolvido
tecnicamente, livre</c>
family:Liberation Sans">dos "parasitas", e que os próprios trabalhadores unidos
podem muito bem pôr em</c>
family:Liberation Sans">movimento 9 .</c>
family:Liberation Sans">Propaganda desenfreada</c>
family:Liberation Sans">O r a , por volta de 1980 os Estados Unidos não estavam
verdadeiramente</c>
family:Liberation Sans">ameaçados por n e n h u m a revolução socialista dos
correios e outras "grandes</c>
family:Liberation Sans">A pressão concorrencial pertence ao capitalismo assim c o m
o a pressão san-</c>
family:Liberation Sans">firmas de transporte". Mesmo assim, causavam desconforto.
Porém o respon-</c>
family:Liberation Sans">güínea, ao corpo. Em si, é uma velha conhecida. Porém, n o
fim dos anos 1970,</c>
family:Liberation Sans">sável pelo d e s c o n f o r t o não era algum movimento
social, mas o "milagre" no</c>
family:Liberation Sans">recebeu um empurrão da alta tecnologia, cuja extensão
apenas gradualmente se</c>
family:Liberation Sans">Silicon-Valley</c>
family:Liberation Sans">fez notável. Começou nos Estados Unidos. M e s m o lá, na
terra industrialmente</c>
family:Liberation Sans">nologia, que em seus primórdios já deixava entrever que em
breve por toda a</c>
family:Liberation Sans">mais desenvolvida, os precursores e advogados de uma e c o
n o m i a de mercado</c>
family:Liberation Sans">extensão das unidades produtivas, da administração e do
setor de serviços,</c>
family:Liberation Sans">livre sempre haviam contado um tanto de vantagem. Serviços
de infraestrutura</c>
family:Liberation Sans">inúmeros empregados seriam substituídos por computadores de
desempenho</c>
family:Liberation Sans">elementares estatais como a telecomunicação, o correio, o
sistema de transpor-</c>
family:Liberation Sans">incomparável. Esse "milagre" foi percebido pelo governo
Carter, acima de tudo,</c>
family:Liberation Sans">te ferroviário, rodoviário e aéreo escapavam de fato à
concorrência geral. O s</c>
family:Liberation Sans">do p o n t o de vista da política externa: como a
miraculosa arma final na Guerra</c>
family:Liberation Sans">califomiano: o desenvolvimento de uma estonteante nova tec-
</c>
family:Liberation Sans">Fria. Finalmente acenava a dianteira técnica que o opositor
socialista nao mais</c>
family:Liberation Sans">é possível m a n t e r de f o r m a mais fácil o q u e se
ouve se a q u i l o q u e é r e g i s t r a d o pela a u d i ç ã o o u p e l o e n
t e n d i m e n t o t a m b é m lor t r a z i d o à consciência pela m e d i a ç ã
o d o s olhos" ( C í c e r o , De oratore/Über den Redner.</c>
family:Liberation Sans">Trad. H . M e r k l i n . Stutcgart, 1997, p. 435). O d e c
l í n i o d o r á d i o na era d a televisão r e p r e s e n t a u m a c o m
provação tardia disso. Só faz assim c o n s o l i d a r i n d u s t r i a l m e n t
e o q u e há m i l ê n i o s já se praticava. Q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">se falar de "audiovisual", pensar-sc-á sempre n o p r i m a
d o d o ó t i c o , m e s m o q u a n d o ele n ã o tor m e n c i o n a d o</c>
family:Liberation Sans">explicitamente.</c>
family:Liberation Sans">R~Eiigels! Anli-Dührhiig.</c>
family:Liberation Sans">MF.W -</c>
family:Liberation Sans">M a r x - E n g e l s Wcrke [ O b r a s de Marx e Engels],
Berlim. .975 [1894],</c>
family:Liberation Sans">und Revolution. Wcrke</c>
family:Liberation Sans">[Obras], Berlim. 1972 [ 1917), vol. 25, P . 439.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>recuperaria, não mais poderia enfrentar. E, à luz
dessa o p o r t u n i d a d e histórica,</c>
family:Liberation Sans">os e m p r e e n d i m e n t o s estatais q u e davam p r e
j u í z o q u a n d o p r o p o r c i o n a v a m</c>
family:Liberation Sans">benefícios de infraestrutura, e que cuidavam para q u e t o
d o s tivessem à disposição cartas que fossem entregues, meios de t r a n s p o r t
e a preços razoáveis, cabines telefônicas, acesso básico à educação e a serviços de
saúde, apareceram,</c>
family:Liberation Sans">de uma hora para outra, c o m o ilhas de má administração,
c o m o relíquias daquele socialismo não rentável, que estava a p o n t o de ser
exorcizado, e q u e adquiriu ele mesmo, c o m o um espectro expulso d o c o r p o ,
os traços de u m parasita. Por que mesmo deveriam o correio e as empresas de
transporte e telefonia</c>
family:Liberation Sans">ser privilegiados — perguntava triunfalmente, e com um
gesto de justiça social,</c>
family:Liberation Sans">a administração política — e não trabalhar sob as mesmas
condições de mercado c o m o a General M o t o r s ou a IBM? E assim c o m e ç a v
a , já n o g o v e r n o</c>
family:Liberation Sans">Carter, e depois com mais vigor sob o Reagan, o processo
global de "desreguIamentação" 1 ": a privatização de firmas estatais; o a f r o u x
a m e n t o de c o n t r a t o s</c>
family:Liberation Sans">fixos de trabalho; o declínio dos benefícios de seguridade
social; a substituição</c>
family:Liberation Sans">de grupos inteiros de secretárias, telefonistas,
tipógrafos, impressores, engenheiros, especialistas até os níveis médios da
administração, p o r softwares inteligentes ; a redução de uma parte considerável
da classe m é d i a a empregos de</c>
family:Liberation Sans">curta duração, ou mal remunerados n o setor de serviços; a
expulsão de indivíduos há muito ativos até então para o desemprego de longa
duração, o tráfico</c>
family:Liberation Sans">de drogas e a criminalidade -</c>
family:Liberation Sans">e uma bela r e c o m p e n s a para o q u a r t o ou quin-
</c>
family:Liberation Sans">to grupos na parte de cima, que conseguiram galgar à
posição de "realizadores"</c>
family:Liberation Sans">de uma nova e c o n o m i a , cujo t r u q u e é prosperar,
apesar d o d e s e m p r e g o em</c>
family:Liberation Sans">massa, ou por causa dele. Sua f ó r m u l a mágica:</c>
family:Liberation Sans">joblessgrowth.</c>
family:Liberation Sans">merecendo, assim, uma proteção categórica contra as leis de
mercado. Agora,</c>
family:Liberation Sans">ISSO</c>
family:Liberation Sans">já não era mais evidente. Por que deveria haver serviços
não rentáveis?</c>
family:Liberation Sans">C o m essa simples pergunta desconcertante iniciou-se a
desregulamentação.</c>
family:Liberation Sans">Sob seu p o n t o de vista, n e n h u m a instituição, n e
n h u m a firma, n e n h u m g r u p o</c>
family:Liberation Sans">tem direito a existência se não estiver em condições de se
manter economicamente -</c>
family:Liberation Sans">eis p o r que desde então n e n h u m a escola, n e n h u m
a clínica ou prisão</c>
family:Liberation Sans">escapa de análises administrativas que lhes apontem o que
podem economizar</c>
family:Liberation Sans">em termos de pessoal e material empregados. Não que com
isso todas as instituições sociais se tornem firmas, mas se deixa bem claro a todas
que a firma é</c>
family:Liberation Sans">o modelo que doravante devem seguir e o padrão pelo qual
serão medidas. Q u e</c>
family:Liberation Sans">empresas c o m o o M c D o n a l d s e a C o c a - C o l a
financiem o e q u i p a m e n t o de</c>
family:Liberation Sans">escolas inteiras, de forma a poder oferecer seus produtos
aos alunos n o recreio;</c>
family:Liberation Sans">que grupos c o m o a Microsoft e a Intel forneçam
computadores sob condições</c>
family:Liberation Sans">especiais, influenciando, assim, de forma determinante as
bases e o direcionam e n t o d o p r o g r a m a educacional como um todo, já é há
muito uma rotina na</c>
family:Liberation Sans">vida escolar dos Estados Unidos -</c>
family:Liberation Sans">e é algo tido como exemplar para além dos</c>
family:Liberation Sans">Estados Unidos. Na Alemanha, circulam modelos segundo os
quais os diretores de escola devem recrutar por conta própria o pessoal apropriado,
de forma</c>
family:Liberation Sans">a supervisionar os alunos durante as aulas canceladas e
após o término do período, até que seus pais estejam em casa de volta do trabalho.
N o perfil de aptidão dos postos administrativos mais altos penetram cada vez mais
as qualidades d o manager. Q u e m considera o tesouro como a contabilidade de
uma</c>
family:Liberation Sans">empresa e c o n s t a n t e m e n t e procura saber c o m o
reduzir suas despesas — por</c>
family:Liberation Sans">meio da racionalização ou eliminação de processos
ineficientes de trabalho,</c>
family:Liberation Sans">Mesmo antes de a desregulamentação ter-se i m p o s t o nos
Estados Unidos,</c>
family:Liberation Sans">pela captação de recursos e pessoal não estatais —, este
será o f u n c i o n á r i o</c>
family:Liberation Sans">e bem antes de ter t o m a d o a Europa Ocidental e o Japão
nos anos 1980, trazen-</c>
family:Liberation Sans">público do hituro, responsável e competitivo. A captação de
firmas privadas e</c>
family:Liberation Sans">do a falência da economia estatal-socialista de c o m a n d
o , q u e d i a n t e d o p o d e r</c>
family:Liberation Sans">de patrocinadores significa, porém, a sua adulação —
significa fazer propaganda</c>
family:Liberation Sans">econômico elevado da microeletrônica não tinha, p o r fim,
a m e n o r chance, ela</c>
family:Liberation Sans">em prol da própria instituição, apresentá-la de maneira que
os patrocinadores</c>
family:Liberation Sans">ja visava a uma mudança de mentalidade -</c>
family:Liberation Sans">r o m p e r u m tabu que d u r a n t e um</c>
family:Liberation Sans">doem apoio a ela e não a outras. E isso quer dizer também
oferecer novo espa-</c>
family:Liberation Sans">século e meio se havia firmado na base d o capitalismo p a
u l a t i n a m e n t e , c o m o</c>
family:Liberation Sans">ço aos adulados para a sua própria propaganda. Dessa
maneira, a propaganda</c>
family:Liberation Sans">um calo, e que havia ao mesmo t e m p o consolidado e
restringido o sistema: o</c>
family:Liberation Sans">p e n e t r a direta e legalmente em uma parte da esfera
pública, à qual até então</c>
family:Liberation Sans">de que determinados empreendimentos estatais de base seriam
direito de todos,</c>
family:Liberation Sans">tinha o acesso oficialmente interditado. Ela transforma-se
em um fermento da</c>
family:Liberation Sans">administração estatal, sem o qual setores inteiros da
formação e manutenção,</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">°</c>
family:Liberation Sans">N</c>
family:Liberation Sans">Z</c>
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<c props="font-family:Liberation Sans">,</c>
family:Liberation Sans">, p</c>
family:Liberation Sans">es u u T X Í L s n</c>
family:Liberation Sans">para a t e l e c o m u n ic</c>
family:Liberation Sans">vcTçãoÍtataTno S</c>
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family:Liberation Sans">P</c>
family:Liberation Sans">l o</c>
family:Liberation Sans">« ú m e r o d e prescrições, n a realidade, n ã o</c>
family:Liberation Sans">« « » » necessitam f r e q ü e n t e m e n t e de
regulação</c>
family:Liberation Sans">c o m o , p o r exemplo, na concessão de</c>
family:Liberation Sans">feqténdb,</c>
family:Liberation Sans">™ t e d o s setores de saúde, s e g u r i d a d e e m e i o
a m b i e n t e a interH a m b u r g o . 1999. p. 82.)</c>
family:Liberation Sans">dos serviços médicos e assistencial mais cedo ou mais tarde
dificilmente serão</c>
family:Liberation Sans">funcionais; torna-se um item cada vez mais imperativo da
qualificação profissional — e com isso, em um fator central do c o m p o r t a m e
n t o social geral: um</c>
family:Liberation Sans">critério principal para a "competência
comunicativa".</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Justamente nesse uso recentíssimo reemerge o
significado mais antigo da pa-</c>
family:Liberation Sans">represente um dos emblemas mais eloqüentes desta virada de
século. Faz uma</c>
family:Liberation Sans">lavra "propaganda" [Werbung]. O Werben do alemão arcaico é
definido noDeuts-</c>
family:Liberation Sans">diferença decisiva se a propaganda é apenas u m acessório
no ramo das comu-</c>
family:Liberation Sans">cbem Wôrterbuch dos irmãos G r i m m c o m o "girar-se" —
mais especificamente,</c>
family:Liberation Sans">nicações, ou se constitui sua condição de existência; se
seus comerciais são</c>
family:Liberation Sans">-irar em torno de algo. Pode ser um p o n t o na água, ao
redor d o qual gira um</c>
family:Liberation Sans">apenas um tapa-buraco entre os programas, ou se representam
sua força unifi-</c>
family:Liberation Sans">redemoinho, uma articulação, uma dobradiça ou u m eixo, mas
t a m b é m u m a</c>
family:Liberation Sans">cadora básica. E q u a n d o uma tal força passa a f u n c
i o n a r com certeza de si,</c>
family:Liberation Sans">mulher quando cortejada por u m h o m e m
[umwerben],</c>
family:Liberation Sans">um indivíduo q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">então todas as leis de restrição à propaganda ficam
anuladas, então a propagan-</c>
family:Liberation Sans">alistado em um Exército [anwerben], ou mesmo um bem
valioso, cuja aquisição</c>
family:Liberation Sans">da assume o papel de estabelecedora de um trend para a ação
comunicativa e</c>
family:Liberation Sans">profissional e venda não por acaso levam o n o m e de
"indústria"</c>
family:Liberation Sans">[Gewerbe].</c>
family:Liberation Sans">para a expressão estética. Não é por acaso que, na era da
desregulamentação,</c>
family:Liberation Sans">Werben — rodar em torno de algo, ou cuidar de algo,
procurar saber, lidar com</c>
family:Liberation Sans">r e n o m a d o s diretores de cinema comecem a filmar
comerciais: Polanski para</c>
family:Liberation Sans">algo ou com alguém, comerciar, negociar — t i n h a na Alta
Idade Média u m a</c>
family:Liberation Sans">cerveja, Z e f f i r e l l i para casacos, Fellini para
bebidas alcoólicas, G o d a r d</c>
family:Liberation Sans"><;ama de significados similarmente vasta ao que se chama
hoje "ação comunica-</c>
family:Liberation Sans">p a r a j e a n s — um fato que não pode de forma alguma
ser meramente reduzido</c>
family:Liberation Sans">tiva". A restrição do sentido da palavra ao c a m p o
comercial, a nada mais do que</c>
family:Liberation Sans">à corrupção e à decadência da imagem do artista-crítico
para um formador de</c>
family:Liberation Sans">à preconização astuta de mercadorias, corresponde a u m
estreitamento d o sécu-</c>
family:Liberation Sans">imagens comercial-conformista. Por mais que possam ter
estado de olho no</c>
family:Liberation Sans">lo XIX, e principalmente d o XX — e não é sem ironia q u e
justamente em u m</c>
family:Liberation Sans">dinheiro, eles perceberam também que o comercial, a
concentração de efeitos</c>
family:Liberation Sans">estado de extrema limitação o significado de Werbung se
converta de maneira</c>
family:Liberation Sans">audiovisuais em um espaço mínimo de tempo, representa um
desafio estético</c>
family:Liberation Sans">renovada em algo universal. Exatamente c o m o para
"sensação!" a p r o p a g a n d a</c>
family:Liberation Sans">de primeira grandeza. O atrativo é mais ou menos aquele que
sentiu Nietzsche</c>
family:Liberation Sans">de produtos torna-se a propaganda pura e simples; c o m o a
percepção d o sen-</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o escreveu que "minha ambição é dizer em dez
frases o que qualquer</c>
family:Liberation Sans">sacional se torna a percepção pura e simples. Mais d o que
nunca a p r o p a g a n d a</c>
family:Liberation Sans">o u t r o diz — o que qualquer outro não diz em um livro
[...]" i: . Transposto, um</c>
family:Liberation Sans">persegue um único fim banal: fazer as mercadorias falarem u
m "compre-me"</c>
family:Liberation Sans">século depois, para a visão desregulamentada de um
businessman da mídia, o</c>
family:Liberation Sans">irresistível. Porém, precisamente por causa disso, tal
"compre-me" se configu-</c>
family:Liberation Sans">chefe da Gallimard-Jeunes, esse dito significa: "Se existe
um gênio da escrita</c>
family:Liberation Sans">ra em um ponto crucial em torno do qual toda uma nova
cultura comunicativa</c>
family:Liberation Sans">de hoje, ele é a concisão, a concentração, a pegada. Desse
p o n t o de vista, mui-</c>
family:Liberation Sans">é formada. Em outras palavras, q u a n t o mais
desenfreadamente a p r o p a g a n d a</c>
family:Liberation Sans">tos dos fazedores de propaganda podem figurar entre os
maiores escritores de</c>
family:Liberation Sans">persegue seu objetivo final, tanto m e n o s se absorve
nele sem deixar vestígios.</c>
family:Liberation Sans">nosso tempo" 1 3 . E a trabalhosa avaliação de 8.500
propagandas de televisão</c>
family:Liberation Sans">da Europa Ocidental apresentada por Rolf Kloepfer e Hanne
Landbeck mos-</c>
family:Liberation Sans">Sem dúvida, esse p o n t o só é atingido por c o m p l e t
o na época da desregulamentação. Em especial, isso pode ser estudado na Europa dos
anos 1980, quando, seguindo o modelo norte-americano, o sistema televisivo e de
radiodifusão</c>
family:Liberation Sans">tra bem o n d e o gênio da concisão e da pegada melhor
floresce. "A França tem</c>
family:Liberation Sans">u m a cultura de propaganda própria, que já em 1985 tinha u
m nível que a Alem a n h a só alcançaria vários anos depois."</c>
family:Liberation Sans">público foi colocado sob pressão pela concorrência com o
setor privado, que</c>
family:Liberation Sans">se financiava exclusivamente por comerciais, e q u e f o r
ç o u as estações estatais a entrar na luta p o r patrocinadores e níveis de a u d
i ê n c i a " , acelerando,</c>
family:Liberation Sans">assim, a mudança de sentido de propaganda [ Werbung] e
sensação, o que talvez</c>
family:Liberation Sans">11 "A m u d a n ç a para u m sistema m i s t o c o m e ç o
u na Itália; c m o u t r o s paises dcu-sc mais l e n t a m e n t e . S.
Bcrlusconi, o m a g n a t a d a televisão privada n a Itália, 6 c o m o F. B o u y
g u e s , o p r i n c i p a l p r o p r i e t á r i o d a T F I</c>
family:Liberation Sans">francesa, u m e s t r a n h o n o r a m o . A m b o s
vieram da c o n s t r u ç ã o civil e d ã o p r o v a , c o m suas aquisições
de</c>
family:Liberation Sans">canais de televisão, de sua grande atratividade e c o n ô m
i c a . [...] C o m a T F 1, BouygUCS c o m p r o u a estação,</c>
family:Liberation Sans">n ã o mais rentável para o Estado, p o r causa d e u m a
esperança justificada de lucro. U m p a r a d o x o ? A p e n a s</c>
family:Liberation Sans">a p a r e n t e m e n t e . O s canais estatais são regidos
p o r restrições aos a n ú n c i o s m u i t o mais severas d o q u e os</c>
family:Liberation Sans">privados. O E s t a d o v e n d e u m a e m i s s o r a p o
r estar n o v e r m e l h o , ao passo q u e o c o m p r a d o r c m p o u c
o</c>
family:Liberation Sans">t e m p o atinge altos lucros. É a p r o p a g a n d a q u
e t o r n a isso possível." ( R . K l o e p f e r e H . L a n d b e c k ,
Àsthetik</c>
family:Liberation Sans">der Werbung — Der Femsehspol in Europa ais Symptom neuer
Macht. Frankfurt, 1991, p. 30.)</c>
family:Liberation Sans">O estilo, agtig, a agudeza, a idéia certeira, o efeito, a
novidade - todas elas</c>
family:Liberation Sans">categorias discursivas - caracterizam o comercial [...] E
nada é mais excitante do</c>
family:Liberation Sans">cue o eros que aparece como infinitamente conjugável;
cutânea e tecnológica, utopicamente em uma França high-tecb e nas horas do amor na
dance France, ubiquourbano-eletrizante, de forma que o olho fique sobrecarregado, e
repentinamente</c>
family:Liberation Sans">em uma proximidade atemporal, na admiração de um detalhe: a
eternidade de um</c>
family:Liberation Sans">12 F. N i e t z s c h e ,</c>
family:Liberation Sans">Góetzen-Ddêmmerung. Kritische Studienausgabe</c>
family:Liberation Sans">M o n t i n a r i . 1988, vol. 6, p. 153.</c>
family:Liberation Sans">13 A p u d 11. K l o e p f e r e H . L a n d b e c k
,</c>
family:Liberation Sans">Àsthetik der Werbung, p.</c>
family:Liberation Sans">(KSA) [Edições críticas]. M u n i q u e : C o l l i
/</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">127.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>instante, o sublime da paisagem de um corpo, a
infinitude de um azul cambiante de</c>
family:Liberation Sans">a compra d o p r o d u t o promete. Um comercial está então
no ápice de seu meio</c>
family:Liberation Sans">um fechar de pálpebras.</c>
family:Liberation Sans">quando preenche o requisito daquilo que em francês é
chamado nerveuxr1 — quand o excita o sistema nervoso como um todo, prazerosa e
eletrizantemente, em</c>
family:Liberation Sans">O comercial francês apresenta um número extremo de cortes.
[...] Aqui, joga-se</c>
family:Liberation Sans">com tudo que é bom e caro: todas as técnicas combinadas de
câmera, de som, de meios</c>
family:Liberation Sans">eletrônicos, todos os gêneros televisivos e de outras
mídias, todas as artes e todas</c>
family:Liberation Sans">as formas de refinamentos lingüísticos são empregados para,
através da respectiva</c>
family:Liberation Sans">melhor maneira de dizer, economizar tempo".</c>
family:Liberation Sans">O corte e o desperdício entram aqui em u m a relação
explosiva. A n u n c i a r</c>
family:Liberation Sans">um produto da melhor forma possível significa m u i t o
mais do q u e m e r a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">preconizá-lo: ensaiar toda uma forma de percepção na qual o
preconizado tem</c>
family:Liberation Sans">seu lugar assegurado. Apenas assim se exaurem todas as
capacidades d o meio</c>
family:Liberation Sans">audiovisual. Em comparação com isso, parecem c h i n f r i
n s e caseiros aqueles</c>
family:Liberation Sans">comerciais (por m u i t o tempo usuais na A l e m a n h a )
nos quais o p r o d u t o é ape-</c>
family:Liberation Sans">uma estrutura sensorial na qual o produto em questão se
encontra</c>
family:Liberation Sans">firmemente</c>
family:Liberation Sans">inserido.</c>
family:Liberation Sans">Entretanto, deve-se ter cuidado com as conclusões eufóricas
precipitadas</c>
family:Liberation Sans">decorrentes dessa constatação. Q u e o comercial surja como
cada vez mais opulento, eletrizante e pretensioso, é sem dúvida uma tendência, mas
não tem caráter excludente. C o m o sempre, para determinados produtos e níveis de
consumidores usam-se as pessoas de sempre, que se tornaram queridas do
público,</c>
family:Liberation Sans">e os mesmos padrões, que simples e continuamente inculcam o
nome e a imagem</c>
family:Liberation Sans">do produto, com um mínimo de variações. Além disso, o
comercial pretensioso de forma alguma torna o sentido automaticamente mais
"estético" 18 , ou seja,</c>
family:Liberation Sans">sempre mais sublime, rico em vivências e mais prazeroso.
Essa superolerta de</c>
family:Liberation Sans">refinamento estético não pareceria, ao contrário,
corresponder a uma tentativa</c>
family:Liberation Sans">nas mostrado, imóvel, e alguém em posição de autoridade —
dentista, piloto,</c>
family:Liberation Sans">desesperada para combater uma perda crescente da capacidade
de ter prazer?</c>
family:Liberation Sans">playboy ou dona de casa — argumenta q u e ele é
praticamente imprescindível.</c>
family:Liberation Sans">N ã o é menos impertinente declarar o comercial pretensioso
como contribuição</c>
family:Liberation Sans">Q u a n d o se descortina, em contrapartida, c o m o
praticado de maneira precur-</c>
family:Liberation Sans">à emancipação, apenas porque aprendeu a exigir do
espectador e a bajulá-lo, em</c>
family:Liberation Sans">sora pela indústria do cigarro, um m u n d o mágico de
pores d o sol, desfiladeiros,</c>
family:Liberation Sans">vez de tão somente lhe inculcar o nome e a forma do
produto? Não representa</c>
family:Liberation Sans">cavernas, contornos ondulosos de corpos ou carros chiques,
barcos, helicóp-</c>
family:Liberation Sans">antes u m a u m e n t o de sua tutela, quando gentilmente
se submerge em estrutu-</c>
family:Liberation Sans">teros, e uma atmosfera é criada em que se acredita q u e se
possa cheirar, tocar e</c>
family:Liberation Sans">ras inteiras e formas de percepção, em vez de receber
produtos separados a</c>
family:Liberation Sans">provar, então o meio audiovisual começa a mover-se em seu
ambiente próprio.</c>
family:Liberation Sans">marteladas? Finalmente, o fato de que o comercial produz
uma alta eletrizaçao</c>
family:Liberation Sans">E quando, por fim, "o h o m e m d o Camel encontra o d o M
a r l b o r o ao pé de u m a</c>
family:Liberation Sans">estética, de que se tornou um dos principais centros de
intercâmbio entre arte</c>
family:Liberation Sans">fonte de água e ambos resolvem o problema dos dentes
amarelados p o r m e i o</c>
family:Liberation Sans">e comércio, de forma que grandes cineastas nele se
aventuram e publicitários</c>
family:Liberation Sans">de um determinado creme dental" 15 , esse m u n d o mágico
já se coloca c o m o u m</c>
family:Liberation Sans">vestem as roupas de cineastas, de maneira alguma permite
que se chame o ge-</c>
family:Liberation Sans">padrão perceptivo a partir d o qual se p o d e m até criar
novos efeitos em t o m de</c>
family:Liberation Sans">nero c o m o u m t o d o de u m a "forma artística nova e
especial""'. Sem duvida,</c>
family:Liberation Sans">brincadeira. A propaganda torna-se autorreferencial 1 6 ,
autoirônica, não mais</c>
family:Liberation Sans">acontece de um comercial ter uma qualidade artística. Porém
ele a possui por-</c>
family:Liberation Sans">concebe o espectador como u m tolo, ou d e s l u m b r a d
o i n g ê n u o a ser esclareci-</c>
family:Liberation Sans">que anuncia um produto ou apesar disso? Na medida em que
taz o anúncio ou</c>
family:Liberation Sans">do, mas como um apto c o m p a r t i l h a d o r de c o n h
e c i m e n t o , u m c o p e n s a d o r ,</c>
family:Liberation Sans">na m e d i d a em que faz mais do que anunciar? O comercial
é ele mesmo uma</c>
family:Liberation Sans">alguém com quem só se terá sucesso se o comercial adiantar
algo d o prazer que</c>
family:Liberation Sans">forma artística ou apenas seu material e estímulo? Não
fazer tais questões, mas</c>
family:Liberation Sans">ignorar a imensa quantidade de desperdício que a produção
de comerciais traz</c>
family:Liberation Sans">consigo, é apenas outra forma de se deixar enganar pelos
comerciais.</c>
family:Liberation Sans">14 Idcm. o p . cic., p. 123.</c>
family:Liberation Sans">15 I d e m . o p . cit., p. 215.</c>
family:Liberation Sans">16 "A nova t o m a d a d o comercial de sopa e n c o n t r
a uma utilização para a p r o p a g a n d a de c à m e r a s f o t o g r á h c a
s ;</c>
family:Liberation Sans">a malha branca e preta c o m u m a f o r m a e n i g m á t
i c a , utilizada p o r u m j o r n a l i n d e p e n d e n t e , é utilizada e
m</c>
family:Liberation Sans">poucas semanas para u m a barra dietética." " O c a r t a z
de u m comercial l o n g o converte-se, ao t é r m i n o desse</c>
family:Liberation Sans">processo, cm u m a n ú n c i o para o u t r o comercial." "
O d e s e n v o l v i m e n t o e x t r e m o de m e m ó r i a s artificiais n ã
o</c>
family:Liberation Sans">apenas p e r m i t e u m e s q u e c i m e n t o maior, mas
t a m b é m possibilita q u e o q u e foi a r m a z e n a d o seja p r o d u t i
vamente variado, t r a n s f o r m a d o , distanciado, seja c o m p o s t o c o m
t o d a espécie de material arquivado. • ( I d c m ,</c>
family:Liberation Sans">op. cit., pp. 232-3).</c>
family:Liberation Sans">vivenciar c o m o a l g u é m capaz de ver, ouvir.</c>
family:Liberation Sans">r</c>
family:Liberation Sans">o</c>
family:Liberation Sans">s e n t i d o de algo. o u m e s m o o desenvolve, .sso e
estét.co ( t d e m . o p . « , P- - 6 ) .</c>
family:Liberation Sans">19 l d c m , o p . cic.» p- 15.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Tanto mais pesa o comercial como nova forma de
comunicação e de percep-</c>
family:Liberation Sans">apenas "empréstimos mútuos" entre elas, por exemplo, q u a
n d o "informações</c>
family:Liberation Sans">ção. Em n e n h u m outro lugar fica tão claro o que é alta
pressão de notícias d o que</c>
family:Liberation Sans">objetivas são utilizadas como roupagem da propaganda".
"Mesmo as reporta-</c>
family:Liberation Sans">nele — econômica, estética e fisiologicamente. N o r m a l
m e n t e u m a c o m p a n h i a</c>
family:Liberation Sans">gens são enriquecidas, do p o n t o de vista do estilo ou
dos planos-sequência,</c>
family:Liberation Sans">recebe u m a fração de m i n u t o c o m o t e m p o de
emissão, paga p o r isso dezenas</c>
family:Liberation Sans">com m o m e n t o s do entretenimento, para não entediar.
Entretanto, é normal-</c>
family:Liberation Sans">ou centenas de milhares de euros, d e p e n d e n d o do
nível de audiência d o canal</c>
family:Liberation Sans">m e n t e [...] fácil reconhecer a q u e campo de programa
o p r o d u t o se dirige" 21 .</c>
family:Liberation Sans">em questão, e precisa exprimir sua cara mensagem nos poucos
segundos q u e</c>
family:Liberation Sans">N a t u r a l m e n t e , isso está correto —
superficialmente. Ainda há certos critérios</c>
family:Liberation Sans">tem à sua disposição. Por isso é preciso m a q u i n a r o
mais precisamente possível</c>
family:Liberation Sans">externos de diferenciação. Até as crianças notam usualmente
que o h o m e m do</c>
family:Liberation Sans">quais imagens e sons são capazes de criar i n s t a n t a n
e a m e n t e u m a atmosfera de</c>
family:Liberation Sans">cigarro Camcl, o apresentador do Jornal Nacional e os
personagens da novela das</c>
family:Liberation Sans">c o n f o r t o , f r ê m i t o , ânsia ou inveja, quais
signos e quais c o r t e s intensificam,</c>
family:Liberation Sans">oito p e r t e n c e m a tipos diferentes de programas, dos
quais se tem expectativas</c>
family:Liberation Sans">b a r r a m ou descarregam os afetos — em suma, a imensa
pressão de c u s t o e</c>
family:Liberation Sans">diferentes. Das notícias exige-se que comuniquem o que de
fato aconteceu ou</c>
family:Liberation Sans">de t e m p o faz do comercial audiovisual u m laboratório
estético-psicológico-</c>
family:Liberation Sans">está acontecendo. D a propaganda não. Ela "procura
manipular, funciona sem</c>
family:Liberation Sans">fisiológico</c>
family:Liberation Sans">para o teste das formas c o m u n i c a c i o n a i s mais
pregnantes. Q u e m</c>
family:Liberation Sans">sinceridade e pressupõe que isso já está suposto". Ela
"declara seus motivos.</c>
family:Liberation Sans">seria capaz de expressar de improviso o que jaz em seu
coração tão equilibrada</c>
family:Liberation Sans">Ludibria e esconde muito freqüentemente seus meios". Seu
receptor "reconhe-</c>
family:Liberation Sans">e precisamente q u a n t o um comercial b e m - s u c e d i
d o ? Era inevitável q u e ad-</c>
family:Liberation Sans">cerá, então, que se trata de uma propaganda, mas não como
ele é influenciado.</c>
family:Liberation Sans">quirisse u m caráter modelar. "A m u d a n ç a qualitativa
reside n o fato de que os</c>
family:Liberation Sans">Sugere-se a ele que possui a liberdade de escolha, e isso
inclui que ele queira</c>
family:Liberation Sans">comerciais não apenas copiam as notícias, mas a p o n t a m
o c a m i n h o de c o m o a</c>
family:Liberation Sans">por si aquilo que na realidade de forma alguma queria"
22 .</c>
family:Liberation Sans">informação p o d e ser transmitida em sua forma mais e c o
n ô m i c a , p o r q u e mais</c>
family:Liberation Sans">A perspicácia de L u h m a n n , tanto em sua avaliação da
propaganda q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">intensiva"- 0 . O s políticos anseiam por comunicar, com a
brevidade, concisão,</c>
family:Liberation Sans">em sua separação em relação ao jornalismo, desaparece,
porém, assim que passa</c>
family:Liberation Sans">e veemência do comercial, aquilo que desejam realizar.
Programas de notícias</c>
family:Liberation Sans">a lidar com o entretenimento. Chama-o de "uma segunda
realidade", "dissociada</c>
family:Liberation Sans">passam a ser medidos pelo p a r â m e t r o de q u a n t o
são capazes de satisfazer esse</c>
family:Liberation Sans">da realidade normal" 2 3 e "marcada óptica ou
acusticamente" 2 ' como um campo</c>
family:Liberation Sans">ideal; todo um gênero de curta-metragem — noticiários,
esportivos, d o c u m e n -</c>
family:Liberation Sans">especial. Isso quer dizer aparentemente que aqui não impera
nem a pressão de</c>
family:Liberation Sans">tários — surgiu t e n d o o comercial c o m o modelo. Sob
condições e c o n ô m i c a s</c>
family:Liberation Sans">venda da propaganda nem a pressão de realidade do
jornalismo, mas sim que se</c>
family:Liberation Sans">de desregulamentação, o comercial converte-se em regulador
da informação.</c>
family:Liberation Sans">abre uma esfera de textos e de seqüências de imagens ou
sons que é desobrigada e</c>
family:Liberation Sans">Sob uma alta pressão generalizada de notícias, é ele q u e
marca o p a d r ã o da</c>
family:Liberation Sans">descomprometida, na qual se pode entrar e da qual se pode
sair ao seu bel-prazer,</c>
family:Liberation Sans">comunicação de efeito mais forte.</c>
family:Liberation Sans">em que é possível se perder e depois se reencontrar. O
problema é apenas que</c>
family:Liberation Sans">já há m u i t o t e m p o se p o d e agir exatamente assim
em relação ao jornalismo e</c>
family:Liberation Sans">à p r o p a g a n d a . A diferenciação entre realidade
"normal" e "segunda" não tem</c>
family:Liberation Sans">Teoria de sistema deficiente</c>
family:Liberation Sans">seletividade alguma, e m u i t o menos a seguinte
definição: " O entretenimento</c>
family:Liberation Sans">possibilita u m autoposicionamento de si no m u n d o
representado" 2 1 , Isso po-</c>
family:Liberation Sans">Mas p r o p a g a n d a e notícias ainda assim não são a m
e s m a coisa! Isso não é d i t o</c>
family:Liberation Sans">deria ser válido, sem n e n h u m a modificação, para a
arte, a ciência, o direito ou</c>
family:Liberation Sans">apenas pelos planejadores de programas, não é apenas
sugerido pelas revistas</c>
family:Liberation Sans">a política. Estes representam, porém, de acordo com
Luhmann, sistemas pró-</c>
family:Liberation Sans">de televisão; a teoria dos meios de comunicação de massa de
L u h m a n n apela</c>
family:Liberation Sans">prios, estritamente separados do entretenimento. O que
constitui u m sistema</c>
family:Liberation Sans">para todos os registros da teoria dos sistemas para fazer
essa proposição plausível. Ela concebe as notícias, a p r o p a g a n d a e o e n t
r e t e n i m e n t o c o m o "três</c>
family:Liberation Sans">21 N . L u h m a n n , Die Re,üil.ü</c>
family:Liberation Sans">categorias de programa", que devem ser "tratadas
separadamente", e vislumbra</c>
family:Liberation Sans">22 I d e m , o p . cit., p p . 85-6.</c>
family:Liberation Sans">2 3 I d e m , o p . cit., p. 9 7 .</c>
family:Liberation Sans">2 4 I d e m , o p . cit., p. 98.</c>
family:Liberation Sans">20 I d e m , op. cit., p. 229.</c>
family:Liberation Sans">25 I d e m , o p . cit., p. 115.</c>
family:Liberation Sans">der Missenmedien.</c>
family:Liberation Sans">1' cd. O p l a d e n , 1996, p. 117.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>não p o d e caracterizar outro; o que pertence a um
não pode, ao mesmo t e m p o</c>
family:Liberation Sans">de massa, p o r q u e ele oculta sua pré-história, de forma
alguma simétrica. Luh-</c>
family:Liberation Sans">e sob o mesmo p o n t o de vista, ser aplicável a
outro.</c>
family:Liberation Sans">mann conhece-a m u i t o bem 29 , mas não leva em conta
onde ela se apresenta</c>
family:Liberation Sans">De imediato, coloca-se um problema q u e segue a teoria de
sistemas, assim</c>
family:Liberation Sans">como um estorvo. Pensar sistematicamente parece significar
não poder pensar</c>
family:Liberation Sans">c o m o a sombra segue a luz. Se os programas jornalísticos
se assemelham aos</c>
family:Liberation Sans">genealogicamente em pontos decisivos. Sua concepção
simplesmente não en-</c>
family:Liberation Sans">comerciais ou os comerciais, aos programas jornalísticos, o
q u e deriva disso?</c>
family:Liberation Sans">contra n e n h u m uso para o fato de que é apenas sob as
condições econômicas</c>
family:Liberation Sans">Deriva que aparentemente um desvio sistêmico ocorreu. D e t
e r m i n a d o s ele-</c>
family:Liberation Sans">do capitalismo precoce, ou seja, do estabelecimento dos
jornais como firmas,</c>
family:Liberation Sans">mentos de um sistema se deslocaram para outro, e este o u t
r o foi capaz de in-</c>
family:Liberation Sans">com efetivos inteiros alimentando-se do abastecimento
permanente de notícias,</c>
family:Liberation Sans">corporá-los a seu "campo operacional" 2 6 .Com efeito, tais
desvios, s e g u n d o</c>
family:Liberation Sans">b e m c o m o de pressão concorrencial sob a qual isso se
dava, que pode ocorrer</c>
family:Liberation Sans">L u h m a n n , pertencem à formação e preservação dos
sistemas assim c o m o as</c>
family:Liberation Sans">a emancipação da imprensa, seu "fechamento operativo", como
se diz em lin-</c>
family:Liberation Sans">lascas, à plaina. Mais d o q u e isso: certos sistemas não
são capazes de existir</c>
family:Liberation Sans">guagem técnica, em u m sistema de comunicação de massa.
Esse sistema tem,</c>
family:Liberation Sans">sem outros. O sistema "sociedade", por exemplo, necessita
dos sistemas "vida"</c>
family:Liberation Sans">sem dúvida, uma lógica própria, crescentemente vigorosa,
mas ela é uma forma</c>
family:Liberation Sans">e "consciência" 2 ". Porém, q u a n d o d e t e r m i n a d
o s f e n ô m e n o s são e n c o n t r a d o s</c>
family:Liberation Sans">fenomenal, especificação, expressão da coerção de forças
econômicas m u i t o</c>
family:Liberation Sans">tanto em u m q u a n t o em outro sistema, então se torna
apenas u m a questão de</c>
family:Liberation Sans">mais abrangentes. "Sobre a carne que falta a vocês na
cozinha / não se decide</c>
family:Liberation Sans">p o n t o de vista saber a qual podem e devem ser
atribuídos. C o m o , por exemplo,</c>
family:Liberation Sans">na cozinha", diz B r e c h t " . Da mesma maneira, não é
nos meios de massa que</c>
family:Liberation Sans">n o caso da propaganda e da economia.</c>
family:Liberation Sans">se decide sobre seu funcionamento autônomo. Eles mantêm-se
funcionando</c>
family:Liberation Sans">e n q u a n t oforem mantidos funcionando — através da
pressão econômica, que</c>
family:Liberation Sans">A propaganda é sem dúvida um mercado próprio do sistema
econômico, com</c>
family:Liberation Sans">organizações próprias, orientadas para mercados especiais.
Mas não é apenas isso.</c>
family:Liberation Sans">Pois a propaganda precisa submeter seus produtos à dinâmica
própria do sistema</c>
family:Liberation Sans">social dos meios de comunicação de massa [...]
Consequentemente, no campo da</c>
family:Liberation Sans">propaganda a economia é remetida ao sistema das mídias,
assim como este a ela; e</c>
family:Liberation Sans">não é possível estabelecer-se, como é típico para o caso de
acoplamentos estruturais,</c>
family:Liberation Sans">nenhuma assimetria lógica dos campos, nenhuma hierarquia. É
possível somente,</c>
family:Liberation Sans">como em um termostato, determinar um círculo cibernético,
no qual fica dependendo</c>
family:Liberation Sans">do observador se ele quer que o aquecimento regule, com o
auxílio do termostato,</c>
family:Liberation Sans">a temperatura do ambiente, ou se a temperatura do ambiente
regule, com o auxílio</c>
family:Liberation Sans">do termostato, o funcionamento do aquecimento 28 .</c>
family:Liberation Sans">preserva a sociedade unida e que, por sua vez, é preservada
em alta atividade</c>
family:Liberation Sans">pelo sistema nervoso dos indivíduos que lhe são
subordinados. A lógica própria</c>
family:Liberation Sans">dos meios de comunicação de massa é assim também uma lógica
extrínseca.</c>
family:Liberation Sans">Sob um p o n t o de vista, ela é algo em si próprio, sob
outro, apenas emprestada;</c>
family:Liberation Sans">em um, real, em o u t r o , tão somente aparência, porém
não como um mero</c>
family:Liberation Sans">engodo, mas como fenômeno de algo que ela mesma não é, mas
que nela vem</c>
family:Liberation Sans">à tona. Esse ser-um e ser-diferente simultâneo do mesmo e
do estranho, do ser</c>
family:Liberation Sans">e da aparência, d o fenômeno e daquilo que nele vem à luz,
nele manifesta-se</c>
family:Liberation Sans">e esconde-se, satisfaz as condições da dialética31. Ela é,
para a forma sistêmica</c>
family:Liberation Sans">3 0 B. B r c c h t , Die Aíulter,</c>
family:Liberation Sans">Também depende do observador saber se o cachorro dá voltas
com o rabo,</c>
family:Liberation Sans">ou se o rabo dá voltas com o cachorro; entretanto, é
possível decidir qual ponto de vista é o mais acertado. E x a t a m e n t e c o m o
o termostato, por sinal, q u e</c>
family:Liberation Sans">sem dúvida é parte integrante do a q u e c i m e n t o ,
mas não da t e m p e r a t u r a d o</c>
family:Liberation Sans">ambiente. O círculo cibernético, de q u e o t e r m o s t a
t o representa o exemplo</c>
family:Liberation Sans">questionável, n o t a d a m e n t e já não se ajusta à
relação entre e c o n o m i a e meios</c>
family:Liberation Sans">2 6 N . L u h m a n n , SozialeSysteme</c>
family:Liberation Sans">— Grundrifi</c>
family:Liberation Sans">einer allgertuinen</c>
family:Liberation Sans">2 7 C f . idem, op. cit., p. 297.</c>
family:Liberation Sans">2 8 N . L u h m a n n , Die Realitiit</c>
family:Liberation Sans">der Massenmedien,</c>
family:Liberation Sans">p. 122.</c>
family:Liberation Sans">'lheorie. F r a n k f u r t , 1987, p. 295.</c>
family:Liberation Sans">cena 1.</c>
family:Liberation Sans">31 Q u a s e n ã o sc o u s a mais mencionar esse conceito
c o m p r o m e t e d o r , mas não se consegue livrar-se dele — assim c o m o d o
c o n c e i t o de " f e n ô m e n o " [Erscheimmg], que, no m o m e n t o em q u e
a filosofia lhe dava adeus,</c>
family:Liberation Sans">t r o c a n d o - o p o r "construção", volta c o m t o d a
a força no Corporate Desig,n. Q u a l q u e r firma e instituição</c>
family:Liberation Sans">exige h o j e u m a i m a g e m de aparência
[Erscheinungsbild\.</c>
family:Liberation Sans">Assim, a dialética está inegavelmente de novo na</c>
family:Liberation Sans">o r d e m d o dia. Q u e m tala de fenômeno pode dizer o q
u e quiser, mas n ã o conseguira evitar pressupor algo</c>
family:Liberation Sans">d o q u a l o fenômeno é f e n ô m e n o . N ã o se quer
dizer d e f o r m a alguma c o m isso q u e esse "algo corresponda</c>
family:Liberation Sans">a u m a "essência" ou "cm-si" mais elevada, p r o f u n d a
o u eterna, q u e o m u n d o fenomèmco cobre c o m o u m</c>
family:Liberation Sans">véu fugaz. Deve-se a d m i t i r , a dialética foi P o r m
u i t o t e m p o pensada dessa m a n e i r a . M a s .sso representa</c>
family:Liberation Sans">sua h i p o t e c a h i s t ó r i c a , n ã o seu nervo. É
j u s t a m e n t e n a s novas semiótica e h l o s o h a d a l i n g u a g e m . q
u e</c>
family:Liberation Sans">c o n s i d e r a m a dialética u m velho peso m o r t o
metafísico, q u e isso poderia ser m o s t r a d o . Palavras e signos</c>
family:Liberation Sans">m_.tv.iv» iiiuica p o d e Sw*</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">»</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">.</c>
family:Liberation Sans">• i</c>
family:Liberation Sans">J</c>
family:Liberation Sans">a l t a m e n t e dialético, sem o q u e o "significado"
teria, assim, q u e ser ligado a qualquer a t r i b u t o mais elevado,</c>
family:Liberation Sans">c o m o o scr-em-sí ou a e t e r n i d a d e .</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>de pensamento, aproximadamente o que a água b e n t a
é para o diabo; toca-lhe</c>
family:Liberation Sans">A teoria de sistemas c o m p r e e n d e de t u d o algo;
com isso deixa escapar o</c>
family:Liberation Sans">em seu credo de que a constituição do sistema seria a única
f o r m a c o m p r e e n -</c>
family:Liberation Sans">que é decisivo em muito. Por exemplo, no que há de
específico da alta pressão</c>
family:Liberation Sans">sível de constituição da realidade. Sempre que a dialética
descobre estruturas</c>
family:Liberation Sans">jornalística, seu instrumental não consegue alcançar-lhe o
cerne. Atribuí-la</c>
family:Liberation Sans">sistêmicas, isto é, q u e se a u t o a l i m e n t a m e se
a u t o r r e p r o d u z e m , a exposição</c>
family:Liberation Sans">ao sistema dos meios de comunicação de massa eqüivale a
ignorar sua origem</c>
family:Liberation Sans">de tais e s t r u t u r a s representa seu g r a n d e m é
r i t o — ela e n c o n t r a - s e t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">e c o n ô m i c a ; classificá-la sob a economia significa
deixar de fora suas formas de</c>
family:Liberation Sans">em status confessionis: na crença de pisar sobre o chão
firme de u m a realidade</c>
family:Liberation Sans">manifestação midiáticas, estéticas e fisiológicas. Sem
dúvida, trata-se, por u m</c>
family:Liberation Sans">consistente. Q u e essa realidade, a única que se t o m a p
o r d i n h e i r o vivo, pudesse</c>
family:Liberation Sans">lado, tão somente da velha pressão concorrencial
capitalista, mas em que forma</c>
family:Liberation Sans">ser, sob d e t e r m i n a d o p o n t o de vista, falsa m
o e d a , disso tal teoria não quer sa-</c>
family:Liberation Sans">modificada! Através da desregulamentação em âmbito mundial,
ela adquiriu</c>
family:Liberation Sans">ber. C o n s e q u e n t e m e n t e , a teoria considera a
p r o p a g a n d a p r o n t a m e n t e c o m o</c>
family:Liberation Sans">um novo grau de intensidade, ao mesmo t e m p o
multiplicando-se, p o r meio</c>
family:Liberation Sans">aquilo que resultou da restrição ao comercial de p r o d u
t o s , e n t r e t e n i m e n t o ,</c>
family:Liberation Sans">do explosivo desenvolvimento de novas mídias, e traduzindo-
se em uma pres-</c>
family:Liberation Sans">não q u e s t i o n a n d o o que sob esse rótulo f u n c i
o n a c o m o c a m p o p r o g r a m á t i c o ,</c>
family:Liberation Sans">são comunicativa e sensorial, sob a qual se encontram os
aparatos midiáticos,</c>
family:Liberation Sans">sem pensar por um instante nas nuanças e c o n ô m i c a s
presentes n a expressão</c>
family:Liberation Sans">não m e n o s d o que o sistema nervoso daqueles que a eles
estão conectados.</c>
family:Liberation Sans">"ser entretido", ou na origem daquilo que deve entreter, n
o jogo, n o espetáculo,</c>
family:Liberation Sans">festival ou ritual, ou sem levantar a m e n o r dúvida a
respeito da a u t o n o m i a d o</c>
family:Liberation Sans">sistema dos meios de comunicação de massa.</c>
family:Liberation Sans">C o m a teoria dos sistemas é possível apreender p r a t i
c a m e n t e t u d o ; mecanismos sistêmicos estão presentes em quase t o d o s os
lugares. E seria possível</c>
family:Liberation Sans">ser um discípulo fiel de L u h m a n n , agindo d o p o n t
o de vista lógico, de f o r m a</c>
family:Liberation Sans">alguma equivocadamente, se se determinasse o credo cristão
c o m o uma redução</c>
family:Liberation Sans">de complexidade, o nacional-socialismo c o m o um
fechamento d o povo alemão,</c>
family:Liberation Sans">a Sboah c o m o processo de seleção, as relações amorosas c
o m o a c o p l a m e n t o</c>
family:Liberation Sans">ou o n a s c i m e n t o c o m o d e s a c o p l a m e n t
o . Porém o q u e se a p r e e n d e c o m isso</c>
family:Liberation Sans">dos respectivos fatos concretos? U m a a r m a d u r a
estrutural que possui traços</c>
family:Liberation Sans">em c o m u m com incontáveis outros f e n ô m e n o s
orgânicos e sociais, mas q u e</c>
family:Liberation Sans">justamente não contém aquilo que constitui sua
particularidade, aquilo que é</c>
family:Liberation Sans">móvel e significativo, sem dúvida, o que é essencial para o
f u n c i o n a m e n t o d o</c>
family:Liberation Sans">objeto em questão, mas de f o r m a alguma o p r ó p r i o
objeto 3 2 .</c>
family:Liberation Sans">32 A teoria dc sistemas n ã o d e f e n d e este ú l t i m
o p o n t o , m a s flerta c o n s t a n t e m e n t e c o m ele. Seu gesto m o d e
s to, de n ã o fazer senão descrever t ã o p r e c i s a m e n t e q u a n t o
possível p r o c e s s o s s i s t ê m i c o s d e t e r m i n a d o s ,</c>
family:Liberation Sans">possui o u t r a face, nada despretensiosa, de q u e t u d
o q u e n ã o se deixa abarcar nessas descrições n ã o seria</c>
family:Liberation Sans">senão i n c o m p r e e n s í v e l : sem e s t a t u t o
de real, não científico, sem s e n t i d o f a c t u a l , s o b r e o q u a l b e
m é possível bazofiar, mas, p o r isso m e s m o , é m e l h o r se calar. E isso
significa, i n v e r s a m e n t e , q u e os f a t o s g a n h a m</c>
family:Liberation Sans">s e n t i d o , base c f u n d a m e n t o p o r m e i o dc
seus m e c a n i s m o s s i s t ê m i c o s . A estes, p o r sua vez. f a l t a m
u m</c>
family:Liberation Sans">" p o r q u ê " e um "para quê"; não existem senão para si
p r ó p r i o s ; n ã o significam n a d a , estão s i m p l e s m e n t e
lá.</c>
family:Liberation Sans">Sua f o r m a d e p r o c e s s a m e n t o n ã o possui n
e n h u m s e n t i d o s u p e r i o r , p o r q u e ela m e s m a é o s e n t i d
o — o</c>
family:Liberation Sans">ú n i c o d a d o realmente compreensível c real. E m
outras palavras: o s e n t i d o é sistêmico. A teoria d o s sistemas</c>
family:Liberation Sans">c o n s t a t a - o , o sistema cria-o. Nesse p o n t o ,
correlacionam-se c o m o t e o l o g i a e D e u s . A visão d a t e o r i a d o
s</c>
family:Liberation Sans">sistemas ajusta-se f o r m i d a v e l m e n t e a isso.
Sua f u n ç ã o "reside e m d i s p o n i b i l i z a r r e d u ç õ e s ú l t i m a
s e basais,</c>
family:Liberation Sans">q u e t r a n s f o r m e m a i n d e t e r m i n a ç ã o c
i n d e t e r m i n a b i l i d a d e d o h o r i z o n t e d o m u n d o e m d e t
e r m i n a ç ã o ou,</c>
family:Liberation Sans">pelo menos, e m d e t e r m i n a b í l i d a d e de um
estilo indicável." ( N . L u h m a n n , " R e l i g i o n ais System", in
K.AV.</c>
family:Liberation Sans">D a h m , N . L u h m a n n e D . S t o o d t . Religion —
System und Sozilalisation.</c>
family:Liberation Sans">D a r m s t a d t e N e u w i e d , 19 T 2,</c>
family:Liberation Sans">p. 11). Vista desse prisma, a religião sempre fez aquilo
que os sistemas fazem: segregou-sc, p o r processos</c>
family:Liberation Sans">dc seleção e r e d u ç ã o de complexidade, de um m u n d o
ao redor demasiado complexo e e x p e r i m e n t a d o c o m o</c>
family:Liberation Sans">d i f u s o , f e c h o u - s e o p e r a t i v a m e n t e
e a u t o n o m i z o u - s e em um processo q u e r e a l i m e n t a em si m e s
m o e se</c>
family:Liberation Sans">a u t o d i f c r e n c i a c o n t i n u a m e n t e .
Sistemas sociais são p r i m e i r a m e n t e religiosos. O sistema religioso é o
sist e m a p o r excelência — sua f o r m a original, a mais abrangente, d e c e r
t o t a m b é m a m e n o s diferenciada e a</c>
family:Liberation Sans">mais i n f a n t i l . O a m b i e n t e a partir d o qual
atua não é qualquer um, mas o p r ó p r i o h o r i z o n t e dc m u n d o
,</c>
family:Liberation Sans">n ã o apenas algo i n d e t e r m i n a d o , mas o i n d e
t e r m i n a d o p u r o e simples: aquilo que se c h a m a o apeiron em</c>
family:Liberation Sans">A n a x i m a n d r o . Ele, p o r é m , t a m b é m é o e
s t r a n h o , o a m e a ç a d o r p o r excelência. O esforço teológico
de</c>
family:Liberation Sans">" t r a n s p o r t á - l o " para a "determinabilidade"
representa a tentativa de penetrar nesse m o n s t r u o s o h o r i z o n t
e</c>
family:Liberation Sans">de m u n d o para, d e n t r o dele, e n c o n t r a r um
reinar divino, universalmente abrangente e seguro. Deus não</c>
family:Liberation Sans">s u p o r t a u m m e i o a m b i e n t e . Ele é o
tohuwabobu q u e tem de desaparecer na Criação divina. N a d a p o d e</c>
family:Liberation Sans">p e r m a n e c e r de exterior. O sistema não p o d e ser
algo no m u n d o , mas a totalidade mesma d o m u n d o . C o m</c>
family:Liberation Sans">isso, o sistema religioso excede-se e debilita-se. As suas
fantasias de o n i p o t ê n c i a não p o d e m durar. C o m o</c>
family:Liberation Sans">U r a n o e C r o n o s , a religião tem sua potência
roubada por seus próprios filhos, o q u e se origina em conseqüência de seu
crescimento, t a m b é m c h a m a d o de "diferenciação": a política, o direito, a
e c o n o m i a , a ciência.</c>
family:Liberation Sans">Assim q u e d e s m a m a m e c o m e ç a m a a n d a r c o
m suas próprias pernas sistêmicas, c o m e ç a m a desmentir o</c>
family:Liberation Sans">e x t r e m o s e n t i d o universal religioso e a
promover a redução a um sentido parcial mais modesto, p o r é m mais</c>
family:Liberation Sans">durável. O s e n t i d o fica r e s t r i t o ao a u t o f
u n c i o n a m e n t o sistêmico, q u e a l i m e n t a a si m e s m o e por c o n
t a</c>
family:Liberation Sans">p r ó p r i a se estabiliza — i n d e p e n d e n t e m e n
t e de seu c o n t e ú d o . N o e n t a n t o , o s e n t i d o restrito
permanece,</c>
family:Liberation Sans">n ã o o b s t a n t e , um s e n t i d o de m u n d o — o ú
n i c o sentido a existir no m u n d o . E assim, a teoria dos sistemas</c>
family:Liberation Sans">p r o d u z u m a espécie de Deus uhsconditus invertido. N
ã o o Deus o c u l t o de Lutero, q u e habita em uma luz</c>
family:Liberation Sans">J impenetrável, inalcançávcl pela faculdade de compreensão
da razão humana e apenas revelada pelo Evangel h o e pela fé, mas u m D e u s d e m
a s i a d o tangível. Ele c o n f u n d e - s e tão c o m p l e t a m e n t e c o m
a racionalidade</c>
family:Liberation Sans">sistêmica, q u e s e q u e r mais se n o t a o t a n t o q
u e c o n t i n u a a ser D e u s . Esconde-se tão p e r f e i t a m e n t e em
seu</c>
family:Liberation Sans">s e r - m a n i f e s t o c o m o "A C a r t a R o u b a d
a " de Poe. Sem dúvida, s o m e n t e consegue levar a cabo tao b e m essa</c>
family:Liberation Sans">o b r a - p r i m a d a a u t o - o c u l t a ç ã o p o r q
u e é u m s e n t i d o de m u n d o restrito ao e x t r e m o : um esqueleto de
s.</c>
family:Liberation Sans">p r ó p r i o . O r a . a e n g e n h o s i d a d e da
teoria de sistemas consiste apenas e m c o n t r a p o r tal esqueleto a
todas</c>
family:Liberation Sans">as p r e t e n s õ e s d e s e n t i d o metafísicas
tradicionais, c o m o um sinal de t r i u n f o , c o m o o ú n i c o s e n t i d o
d e</c>
family:Liberation Sans">m u n d o s u s t e n t á v e l : In hoc signo vinces. É só
assim q u e se t o r n a c o m p r e e n s í v e l a a m b i ç ã o da o b r a
de</c>
family:Liberation Sans">L u h m a n n c o m o u m t o d o , em sua e s t o n t e a
n t e erudição, d e colocar Hegel de cabeça para baixo: n a o n o</c>
family:Liberation Sans">c h ã o i n c e r t o d o socialismo, c o m o q u e r i a
Marx, mas n o sistêmico, eficaz na realidade E nele que, sem</c>
family:Liberation Sans">mais precisar d o s precários c o n c e i t o s metafísicos
c o m o D e u s , espírito, essência ou substancia, a teoria</c>
family:Liberation Sans">deveria finalmente se t o r n a r o q u e H e g e l a p e n
a s r e c l a m o u para a h l o s o h a : a p r e e n d e r seu t e m p o
em</c>
family:Liberation Sans">p e n s a m e n t o " ( G . W . F. H e g e l .
Grundlinien</c>
family:Liberation Sans">der Philosopbie des Rechts. Werke [ O b r a s ] . F r a n k
f u r t : M o l d e n h a u e r / M i c h e l , 1970. vol. 7, p. 26). A c o n t e c
e que. no s e n t i d o de m u n d o sistêmico, o i n c h a d o sentido</c>
family:Liberation Sans">m e t a f í s i c o n ã o desaparece, mas é s i m p l e s m
e n t e e n c o l h i d o . Deus, espírito, substância c o n t i n u a m a
sorrir</c>
family:Liberation Sans">para o leitor: c o m o caveiras.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Sob cal pressão, a relação entre jornalismo e p r o p
a g a n d a começa a inverter-se.</c>
family:Liberation Sans">a percepção e para as formas de pensamento e de interação
humana, das quais</c>
family:Liberation Sans">Justamente o comercial, ao qual é p e r m i t i d o lidar
com fatos e com a verdade</c>
family:Liberation Sans">não se pode mais ignorar a propaganda.</c>
family:Liberation Sans">muito pouco precisamente, se torna o c a m p o de
experimentação para as formas</c>
family:Liberation Sans">comunicacionais mais pregnantes. Naturalmente, não de
acontecimentos reais,</c>
family:Liberation Sans">mas sim de imagens, atmosferas, humores, associações —
daquele outfit q u e</c>
family:Liberation Sans">fornece a cor, a plasticidade, o caráter marcante aos
simples e pálidos fatos, sem</c>
family:Liberation Sans">os quais estes pareceriam c o m p l e t a m e n t e
desamparados, órfãos de pai e mãe.</c>
family:Liberation Sans">A informação que almeje veicular meros fatos corre o risco
de desaparecer. Por</c>
family:Liberation Sans">isso requer-se o infotainment:</c>
family:Liberation Sans">o e n r i q u e c i m e n t o d o factual c o m o valor d
o</c>
family:Liberation Sans">e n t r e t e n i m e n t o , sem o qual o discurso n ã o t
e m i m p o r t â n c i a a l g u m a . Mais</c>
family:Liberation Sans">d o que n u n c a os fatos precisam d o outfit que os faça
sobressaírem d i a n t e de</c>
family:Liberation Sans">seus similares. E em n e n h u m o u t r o lugar isso é tão
bem feito q u a n t o na propaganda. Na mesma m e d i d a em que a r o u p a faz o
h o m e m , o outfit faz os fatos, e</c>
family:Liberation Sans">o comercial determina os parâmetros da informação. O a n ú
n c i o pode simular</c>
family:Liberation Sans">um noticiário, q u a n d o isso p r o m e t e ser eficaz. O
jornalismo tem de almejar os</c>
family:Liberation Sans">padrões de precisão mediais d o comercial, se ainda quiser
atingir o público. E</c>
family:Liberation Sans">com isso, dever-se-ia acreditar em dois c a m p o s
programáticos i n d e p e n d e n t e s</c>
family:Liberation Sans">e de mesmo peso, que ocasionalmente fizessem "empréstimos"
u m ao o u t r o ?</c>
family:Liberation Sans">Transformação da indústria cultural</c>
family:Liberation Sans">H o r k h e i m e r e A d o r n o não precisaram passar
pela experiência da desregula-</c>
family:Liberation Sans">É necessário esforçar-se consideravelmente para ignorar o
desnível de força</c>
family:Liberation Sans">entre o jornalismo e a p r o p a g a n d a . C o m a d e s
r e g u l a m e n t a ç ã o ele a d q u i r i u</c>
family:Liberation Sans">uma nova intensidade, porém já estava inserido n o
capitalismo c o m o formação</c>
family:Liberation Sans">social desde o começo. À exposição de mercadorias pertence,
agora, seu louvor</c>
family:Liberation Sans">a altos brados. E q u a n d o o mercado, o n d e isso
acontece, deixa de ser u m lugar</c>
family:Liberation Sans">para a troca de bens para tornar-se uma instância central
de socialização, sob a</c>
family:Liberation Sans">qual as relações inter-humanas e o trato pessoal começam a
ser regulados, então</c>
family:Liberation Sans">é apenas uma questão de t e m p o para que a p r e c o n i
z a ç ã o das mercadorias se</c>
family:Liberation Sans">autonomize em uma própria forma de c o m p o r t a m e n t
o comunicativo. N ã o é</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m a coincidência que esse c o m p o r t a m e n t
o t e n h a e s p a n t a d o t a n t o dois</c>
family:Liberation Sans">emigrantes judeus alemães, quando, m o r a n d o nos
Estados Unidos, vivenciaram</c>
family:Liberation Sans">com toda intensidade aquilo que nos anos 1940 chamaram de
indústria</c>
family:Liberation Sans">cultural-.</c>
family:Liberation Sans">o estágio de desenvolvimento social n o qual os bens
culturais não mais apenas</c>
family:Liberation Sans">circulam c o m o mercadorias, mas já são produzidos</c>
family:Liberation Sans">Na medida em que a pressão do sistema obrigou todo produto
a utilizar a técnica da publicidade, esta invadiu o idioma, o "estilo" da indústria
cultural [...] Nas</c>
family:Liberation Sans">mais importantes revistas norte-americanas, LÃfe e Fortune,
o olhar fugidio mal pode</c>
family:Liberation Sans">distinguir o texto e a imagem publicitários do texto e
imagem da parte redacional.</c>
family:Liberation Sans">Assim, por exemplo, redacional é a reportagem ilustrada,
que descreve entusiástica</c>
family:Liberation Sans">e gratuitamente os hábitos e os cuidados com o corpo de uma
personalidade em</c>
family:Liberation Sans">evidência, e que serve para granjear-lhe novos fãs,
enquanto as páginas publicitárias</c>
family:Liberation Sans">se apoiam em fotos e indicações tão objetivas e realistas
que elas representam o ideal</c>
family:Liberation Sans">de informação que a parte redacional ainda se esforça por
atingir. Cada filme e um</c>
family:Liberation Sans">trailer do filme seguinte [...] o retardatário não sabe se
está assistindo ao trailer ou</c>
family:Liberation Sans">ao filme mesmo. O caráter de montagem da indústria
cultural, a fabricação sintética</c>
family:Liberation Sans">e dirigida de seus produtos, que é industrial não apenas no
estúdio cinematográfico,</c>
family:Liberation Sans">mas também (pelo menos virtualmente) na compilação das
biografias baratas, dos</c>
family:Liberation Sans">romances-reportagem e das canções de sucesso, já estão
adaptados de antemão à publicidade [...] O efeito, o truque, cada desempenho
isolado e atualmente todo dose</c>
family:Liberation Sans">de uma atriz de cinema serve de publicidade para seu nome,
todo sucesso se torna</c>
family:Liberation Sans">um plug de sua melodia. Tanto técnica quanto
economicamente, a publicidade e a</c>
family:Liberation Sans">indústria cultural se confundem 13 .</c>
family:Liberation Sans">em massa, tal qual pãezinhos</c>
family:Liberation Sans">ou lâmpadas — com tremendas conseqüências para a e c o n o
m i a pulsional, para</c>
family:Liberation Sans">mentação para percebê-lo. N o entanto, sua sensibilidade
fina para o alcance da</c>
family:Liberation Sans">p r o p a g a n d a estava baseada em uma teoria econômica
pouco sustentável. Eles</c>
family:Liberation Sans">acreditavam à época que a formação de grandes trustes e
monopólios anunciava o fim d o mercado e, com isso, os últimos dias do capitalismo
3 ', quando a</c>
family:Liberation Sans">violência totalitária primeiramente orientaria os
acontecimentos de mercado,</c>
family:Liberation Sans">d i t a n d o - o s posteriormente e, finalmente,
substituindo-os. Não é de espantar</c>
family:Liberation Sans">que, fugitivos d o totalitarismo alemão, sob o impacto de
notícias correntes a</c>
family:Liberation Sans">respeito d o equivalente soviético, se sentissem, por assim
dizer, sitiados e que</c>
family:Liberation Sans">fossem especialmente alérgicos a toda tendência totalitária
-</c>
family:Liberation Sans">também àquela</c>
family:Liberation Sans">que, sem dúvida, não deixa de ser parte integrante da
formação de monopólios.</c>
family:Liberation Sans">E assim, na precária situação de exílio, o ouvido
ultrassensível de A d o r n o estava</c>
family:Liberation Sans">3 3 M. H o r k h e i m e r e T h . W. A d o r n o , D i a l
e k t i k der Aujkldrung.</c>
family:Liberation Sans">F r a n k f u r t , 1969, p. 172.</c>
family:Liberation Sans">3 4 " C a p i t a l i s m o tardio" é u m a expressão q u e
A d o r n o a i n d a usava nos anos 1960. - - q ^ q u e r hes.taçao</c>
family:Liberation Sans">(cf Th W A d o r n o , > a t k a p i t a l i s m u s
oder Induscriegeshellschaft . m Geuimmelte Schnfien. Frankfurt,</c>
family:Liberation Sans">197 2 vol 8. P . 354)</c>
family:Liberation Sans">para uma fase que. caso a revolução microeletrônica se t e
n h a unposco algum d u</c>
family:Liberation Sans">c o m p l e t a m e n t e , dará provavelmente a impressão
d e u m estág.o m.cial.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>p a r t i c u l a r m e n t e b e m afinado para
perceber, já n a r e c o m e n d a ç ã o d a d a pelo</c>
family:Liberation Sans">ciedade a b s u r d a m e n t e reificada, freneticamente p
r o d u t o r a dc mercadorias.</c>
family:Liberation Sans">comercial, a o r d e m ; já na voz insistente d o
anunciador, o t o m de c o m a n d o d o</c>
family:Liberation Sans">C h e g a n d o - s e a esse p o n t o , porém, a história
entraria em estagnação: a "reifi-</c>
family:Liberation Sans">Führer. Por mais perspicaz que isso fosse, essa perspicácia
não torna mais certa a</c>
family:Liberation Sans">cação absoluta" — um predicado que Adorno, em seus últimos
anos, por vezes</c>
family:Liberation Sans">av aliação de que os monopólios estivessem a p o n t o de
virar o p r ó p r i o mercado</c>
family:Liberation Sans">caapitalista de cabeça para baixo. O s m o n o p ó l i o s
são u m p r o d u t o d o mercado.</c>
family:Liberation Sans">já utilizava para designar o capitalismo ocidental do pós-
guerra e dc f o r m a</c>
family:Liberation Sans">Limpam o seu terreno, mas não o suplantam. N a melhor das
hipóteses, modifi-</c>
family:Liberation Sans">turo 3 ' — não poderia ser mais intensificada. Ela só é
capaz de desdobrar-se</c>
family:Liberation Sans">cam e especificam suas leis; q u a n d o crescem, m u r c h
a m , desintegram-se, d a n d o</c>
family:Liberation Sans">infinitamente, mas não de desenvolver-se em algo
qualitativamente distinto.</c>
family:Liberation Sans">alguma reservou para um m o n o p ó l i o político ou
econômico qualquer do fu-</c>
family:Liberation Sans">nova aparência para si próprios e para o p a n o r a m a e
c o n ô m i c o c o m o u m t o d o ,</c>
family:Liberation Sans">E é precisamente nesse p o n t o que surgem dúvidas. Em
primeiro lugar, os</c>
family:Liberation Sans">por meio de realocações ou c o m p r a de partes inteiras
de empresas, ou e n t ã o</c>
family:Liberation Sans">comerciais n u n c a perderam sua função econômica
imediata. Ainda que repe-</c>
family:Liberation Sans">através de diversas participações multinacionais em outras
empresas de p e q u e n o</c>
family:Liberation Sans">t i d a m e n t e aconteça que produtos se tornem best-
sellers com uma propaganda</c>
family:Liberation Sans">grande e portes. E, como a última década o d e m o n s t r
o u , a selva dos comerciais</c>
family:Liberation Sans">m í n i m a , e outros, verdadeiros fracassos com
propaganda máxima; ainda que</c>
family:Liberation Sans">não cresce em n e n h u m lugar mais d o que em um m e r c
a d o d e s r e g u l a m e n t a d o .</c>
family:Liberation Sans">jamais seja possível determinar com exatidão o quanto a
propaganda contribui</c>
family:Liberation Sans">Horkheimer e Adorno, no entanto, t o m a r a m essa
tendência à crescente autono-</c>
family:Liberation Sans">de f a t o para a venda, ela sempre ocorre por causa desta
última, ela sempre</c>
family:Liberation Sans">mização como um indício para o fim do mercado. N o
"pseudomercado" dirigido</c>
family:Liberation Sans">anuncia um determinado produto ou conjunto de produtos. As
firmas que não</c>
family:Liberation Sans">por monopólios, os comerciais perderiam sua f u n ç ã o e c
o n ô m i c a tradicional</c>
family:Liberation Sans">estão bem das pernas e c o n o m i z a m por último em p r
o p a g a n d a . Q u a n d o os</c>
family:Liberation Sans">em favor de uma f u n ç ã o m e r a m e n t e
representativa, não mais serviriam à livre</c>
family:Liberation Sans">comerciais passam a fazer propaganda "de si mesmos", não
deixam, portanto,</c>
family:Liberation Sans">concorrência, mas tão s o m e n t e ' a exibição d o p o d
e r industrial". "A publicidade</c>
family:Liberation Sans">de ser comerciais de algo-, simplesmente não se esgotam
mais apenas nisso — a</c>
family:Liberation Sans">converte-se na arte pura e simplesmente, c o m a qual G o e
b b e l s identificou a</c>
family:Liberation Sans">dizer na m e d i d a em que sua torma de transmissão se
converte em uma torma</c>
family:Liberation Sans">primeira, p r e m o n i t o r i a m e n t e ,
l'artpour</c>
family:Liberation Sans">comunicacional geral. Em outras palavras: na medida em que
a propaganda se</c>
family:Liberation Sans">lart, p u b l i c i d a d e de si mesma, p u r a</c>
family:Liberation Sans">representação d o poderio social" 35 .</c>
family:Liberation Sans">t o r n a a ação comunicativa por excelência, supera a
finalidade de venda, à qual</c>
family:Liberation Sans">Todavia essas conclusões ultrapassam suas limitações
relativas à teoria d o</c>
family:Liberation Sans">mercado. C o m p r e e n d e r a m , já nos anos 1940, ou
seja, bem antes de q u a l q u e r</c>
family:Liberation Sans">o u t r a ciência social, a p r o p a g a n d a de m a n e
i r a p r o f é t i c a c o m o p r o t ó t i p o de</c>
family:Liberation Sans">u m a f o r m a de c o m u n i c a ç ã o e de interação, q
u e atravessa t o d a a sociedade.</c>
family:Liberation Sans">Porém com um toque apocalíptico, para o qual os ouvidos têm
de ser aguçados</c>
family:Liberation Sans">renovadamente. D e acordo com o p r o g n ó s t i c o de H
o r k h e i m e r e A d o r n o , se</c>
family:Liberation Sans">os comerciais se tornassem aquilo que ameaçam tornar-se, e
n t ã o a sociedade</c>
family:Liberation Sans">entraria não apenas e c o n o m i c a m e n t e em u m
estágio final, mas chegaria ao fim</c>
family:Liberation Sans">também mentalmente. Imaginar, pensar, expressar-se, as
atividades mentais de</c>
family:Liberation Sans">maior excelência convertem-se então em meras funções da
venda de mercadorias: reificadas, segundo o conceito t o m a d o de Lukács 3 6 . O
comercial q u e se</c>
family:Liberation Sans">torna "arte pura e simplesmente" representa o fim da arte:
sua proverbial liquidação. C o m o "pura representação do p o d e r i o social",
que já não faz senão propaganda de si próprio, ela é p r o p a g a n d a
adabsurdum:</c>
family:Liberation Sans">3 5 M . H o r k h e i m e r c Th. W. A d o r n o ,
Dialektik</c>
family:Liberation Sans">der Aujklãrung,</c>
family:Liberation Sans">o e m b l e m a d e u m a so-</c>
family:Liberation Sans">3 6 Cf. G. Lukács, "DieVcrdingllchungund das Bcwusfitscin
des Prolctariats", in</c>
family:Liberation Sans">Neuausgabe Darmscadt und Ncuwied. 1968 [1923], pp. 1 7 0 e
s e g s .</c>
family:Liberation Sans">exclusivamente serve, tornando-se autorreferencial. Mas não
apenas no sentido superficial de que os anúncios passam a fazer referência a outros
anúncios</c>
family:Liberation Sans">ou ironizam de forma inteligente piscando os olhos a si
próprios ou ao gênero</c>
family:Liberation Sans">c o m o um todo, mas de uma maneira muito mais básica,
verdadeiramente existencial. Q u a n d o o comercial se transforma na ação
comunicativa por excelência, ele passa a ser equivalente à presença social. Q u e m
não íaz propaganda não</c>
family:Liberation Sans">c o m u n i c a ; é c o m o uma emissora que não emite:
praticamente, não está aí.</c>
family:Liberation Sans">Fazer p r o p a g a n d a de si próprio torna-se um
imperativo da autoconservação.</c>
family:Liberation Sans">N ã o apenas no nível de firmas, em que ninguém, mesmo que
no m o m e n t o não</c>
family:Liberation Sans">t e n h a nada de excitante a oferecer, pode dar-se ao luxo
de sair do concerto dos</c>
family:Liberation Sans">comerciais, porque assim se retiraria da percepção do
público. Mesmo em todas</c>
family:Liberation Sans">as f o r m a s de interação h u m a n a vale o seguinte:
quem não chama a atenção</c>
family:Liberation Sans">c o n s t a n t e m e n t e para si, quem não causa uma
sensação corre o risco de não ser</c>
family:Liberation Sans">percebido.</c>
family:Liberation Sans">3 7 C f . T h . : m A d o r n o , "Kulturkricik u n d
Gescllschaft' i n P r i s m e n GescbiçbteundKlassenbewusfitsein.</c>
family:Liberation Sans">Ges. Scbriften. Frankfurt. 1977, vol. 10,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>C o m isso, o que primeiramente começou c o m o
"exibição d o p o d e r indus-</c>
family:Liberation Sans">O poder da reificação não está excluído desse processo.
Mesmo ele não con-</c>
family:Liberation Sans">trial" 38 , e t i n h a seu lugar privilegiado n o s
escritórios da alta a d m i n i s t r a ç ã o e</c>
family:Liberation Sans">tinua sendo o que e — como claramente se percebe em seu
porta-voz, que é o</c>
family:Liberation Sans">nas agências de p r o p a g a n d a , desce à c o n d u t a
d o j o ã o - n i n g u é m , sem q u e os</c>
family:Liberation Sans">comercial: comerciais que envolvem seus respectivos
produtos na atmosfera de</c>
family:Liberation Sans">p o d e r o s o s pudessem abrir mão d o f e n ô m e n o .
Vulgariza-se cm u m c o m p o r -</c>
family:Liberation Sans">u m a malha sonora, nuvens de cores e formas de edição — em
suma, todo um</c>
family:Liberation Sans">t a m e n t o de massa. Porém a vulgarização d o p o d e r
social possui dois gumes.</c>
family:Liberation Sans">lifestyle —, que deixam aparecer a marca ou a forma do p r
o d u t o como que por</c>
family:Liberation Sans">Q u a n t o mais for interiorizado pela coletividade c o m
o u m t o d o , em vez de ser</c>
family:Liberation Sans">acaso, são meras enganações, na medida em que sugerem que
não se trata mais</c>
family:Liberation Sans">m e r a m e n t e i m p o s t o e x t e r n a m e n t e c o
m o u m jugo, t a n t o mais sai vencedor.</c>
family:Liberation Sans">p r i m o r d i a l m e n t e de sua venda, mas de
"estética". Mas ainda assim a opulência</c>
family:Liberation Sans">Mas, se a vitória for tão longe, a p o n t o de fazer a
sociedade inteira t e n d e n -</c>
family:Liberation Sans">estética com a qual os comerciais são revestidos, c o m o
conseqüência de sua</c>
family:Liberation Sans">cialmente se conformar, então não se está c h e g a n d o a
um p o n t o final, mas ao</c>
family:Liberation Sans">a u t o t r a n s c e n d ê n c i a em um c o m p o r t a m
e n t o comunicacional generalizado,</c>
family:Liberation Sans">começo de u m novo capítulo. O p o d e r m u d a de
caráter. S o f r e u m a mutação,</c>
family:Liberation Sans">cuida para que adquiram u m novo tom. Faz com que a
estridente mensagem</c>
family:Liberation Sans">convertendo-se em uma compulsão social generalizada. Q u e
m quer pertencer</c>
family:Liberation Sans">e c o n ô m i c a seja ouvida junto com outro tom, de c u n
h o existencial, no prepon-</c>
family:Liberation Sans">à sociedade tem que treinar c o m o andar ereto, dizer
frases inteiras, lavar-se, ler,</c>
family:Liberation Sans">derante "compre-me", a suave súplica do "receba-me,
perceba-me, reconheça-me,</c>
family:Liberation Sans">calcular, escrever — puras habilidades que, p o r mais
prazerosas que p o s s a m</c>
family:Liberation Sans">para que possa simplesmente ser".</c>
family:Liberation Sans">ser em casos específicos, nunca entrariam n o repertório h
u m a n o sem coação.</c>
family:Liberation Sans">O p o n t o mais alto do poder social corresponde a seu p o
n t o de virada; q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">Esse est percipi</c>
family:Liberation Sans">se vulgariza por completo, começa ao m e s m o t e m p o a
neutralizar-se em u m a</c>
family:Liberation Sans">condição de vida, um tipo de necessidade natural d o h o m
e m 3 9 .</c>
family:Liberation Sans">O aparato sensorial filosófico tem de se afinar para esse
outro tom. Não é por</c>
family:Liberation Sans">acaso q u e faz lembrar uma proposição que há muito foi
relegada aos anais da</c>
family:Liberation Sans">filosofia: Esse est percipi ("Ser é ser percebido"). A
partir desse enunciado, o</c>
family:Liberation Sans">38 Idem, Dialektik</c>
family:Liberation Sans">der Aujklarung,</c>
family:Liberation Sans">39 Isso é muitas vezes c h a m a d o dc "segunda natureza"
U m a expressão infeliz, pois p r e s s u p õ e uma "primeira"</c>
family:Liberation Sans">natureza, q u e então surge c o m o u m estado mais
originário, mais a u t ê n t i c o , a i n d a não s o b r e d e t e r m i n a d
o ,</c>
family:Liberation Sans">até que seja superado pela "segunda" natureza, É assim para
Hegel "o sistema de direito", "a s e g u n d a natureza", que se "coloca n o lugar
da v o n t a d e primeira, s i m p l e s m e n t e n a t u r a l " ( G . W . E
Hegel,</c>
family:Liberation Sans">Grundlinien</c>
family:Liberation Sans">der Philosophhie des Rechts. Wcrke [Obras], F r a n k f u r
t : M o l d e n h a u e r / M i c h e l , 1970. vol. 7, p p . 4 6 e 301).</c>
family:Liberation Sans">Para o jovem Lukács, ela corresponde à "reificação surgida
das relações mercantis" (G. Lukács, "Die Verdinglichung u n d . . p . 174.), e a
"segunda natureza adquire, além disso, a c o n o t a ç ã o d o jugo, da
servidão,</c>
family:Liberation Sans">ou seja. daquilo que deve ser descartado. A "segunda"
natureza c o m o s u p e r i m p o s t a c u l t u r a l m e n t e à primeira:
trata-se de uma linha sobre a qual p o u c o se refletiu h i s t o r i c a m e n t
e . D e s d e seu passado i m e m o r i a l ,</c>
family:Liberation Sans">a natureza está em m o v i m e n t o e n t r e a "primeira"
e a "segunda" T o d o f e n ô m e n o n a t u r a l n o v o p r i n c i p i o
u</c>
family:Liberation Sans">c o m o algo f u g i d i o e instável, "segundo" antes de
tornar-se u m l a t o natural sólido, "primeiro", c o m o p o r</c>
family:Liberation Sans">exemplo, a matéria orgânica cm seu meio i n o r g â n i c o
. Já aqui vale o q u e N i e t z s c h e disse, t e n d o em vista as</c>
family:Liberation Sans">relações culturais desenvolvidas: "que m e s m o a primeira
natureza e m algum p o n t o d o passado foi s e g u n d a ,</c>
family:Liberation Sans">e que toda segunda natureza vitoriosa se torna u m a
primeira" (F. Nietzsche. " Vom N u t z e n u n d N a c h t h e í )</c>
family:Liberation Sans">der H i s t o r i e für das Leben", KSA, vol. I, p. 270). C
o m a espécie h u m a n a , essa d i n â m i c a a p e n a s a d q u i r i
u</c>
family:Liberation Sans">u m a nova q u a l i d a d e — na m e d i d a em que aquela
é c a p a z d e m o l d a r e m g r a n d e m e d i d a suas p r ó p r i a
s</c>
family:Liberation Sans">condições de vida, p e r m a n e n t e m e n t e f o r m a
r e t r a n s f o r m a r seu m e i o a m b i e n t e e a si mesma. D e s d e o
começo, sua natureza consiste e m não mais ter uma primeira n a t u r e z a (cf.
N . Rath y Jcnscits der ersten</c>
family:Liberation Sans">Natur.</c>
family:Liberation Sans">K u l t u r t h e o r i e nach N i e t z s c h e u n d
Freud. H e i d e l b e r g , 1994). M í m i c a , gesticulaçáo, fala. t r a b a l h
o : nas</c>
family:Liberation Sans">primeiras f o r m a s compreensíveis dessas manifestações
vitais já há várias t r a n s f o r m a ç õ e s de algo anterior.</c>
family:Liberation Sans">C o m p a r a d a com a i n t e n s i d a d e c o m a qual
essas f o r m a s t r a n s f o r m a r a m a n a t u r e z a h u m a n a o u t r o
r a , a</c>
family:Liberation Sans">m e t a m o r f o s e que lhe inflige a p r o p a g a n d a
comercial ao converter-se em u m c o m p o r t a m e n t o c o m u n i c a cional
generalizado tende provavelmente a ser de i m p o r t â n c i a m e n o r — mas é p
r o f u n d a o suficiente para</c>
family:Liberation Sans">p r o v o c a r a c o m p a r a ç ã o c o m as t r a n s f
o r m a ç õ e s mais radicais da n a t u r e z a h u m a n a . Vem dal, diga-se
de</c>
family:Liberation Sans">passagem, o novo interesse na história antiga. Deve-se ser
capaz de voltar o olhar para o passado extremo,</c>
family:Liberation Sans">para que se possa medir a d i m e n s ã o da t r a n s f o
r m a ç ã o agora cm curso.</c>
family:Liberation Sans">teólogo anglicano do século XVIII George Berkeley acreditou
poder construir</c>
family:Liberation Sans">toda uma teoria do conhecimento e da realidade 41 .
Referia-se com isso ao fato de</c>
family:Liberation Sans">que nós, humanos, c o m o seres sensíveis, somos
inescapavelmente dependentes</c>
family:Liberation Sans">das sensações que nossos órgãos sensoriais nos transmitem.
O que não íor sensação não existe para nós, pois não podemos compreender o m u n d
o passando</c>
family:Liberation Sans">ao largo de nossos sentidos. Mas então Berkeley tira a
seguinte conclusão: o</c>
family:Liberation Sans">que para nós não existe, não existe de forma alguma; o que
não é notado, sentido, percebido, simplesmente não é. Há apenas três elementos: a
percepção,</c>
family:Liberation Sans">um "eu" perceptor e uma instância superior que possibilita
que o "eu" tenha</c>
family:Liberation Sans">percepções: Deus. É claro, isso é falacioso e foi inúmeras
vezes refutado. O que</c>
family:Liberation Sans">só torna mais fascinante observar como, sob circunstâncias
de alta tecnologia</c>
family:Liberation Sans">que seu autor nunca poderia imaginar, uma proposição
filosófica insustentável</c>
family:Liberation Sans">começa a ser verdadeira. Evidentemente, apenas de certa
forma. Em seu sentido</c>
family:Liberation Sans">4 0 C f . a p r o d u t i v a análise de H e i n z Sceinerc
da "indústria cultural expandida" {Kulturind.utrie.</c>
family:Liberation Sans">Münster.</c>
family:Liberation Sans">1998, pp. 189 csegs.).</c>
family:Liberation Sans">41 C f . G. Berkeley, Eine Abbandlung über die Prinzipien
der memeblichen</c>
family:Liberation Sans">p. 26. § 3. Para u m a visão mais completa, cf. capitulo 2
deste volume.</c>
family:Liberation Sans">Erkenntrm.</c>
family:Liberation Sans">Hamburgo. 1979,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>imediato, c o m o pensado por Berkeley, esse esse
estpercipi continua, c o m o antes,</c>
family:Liberation Sans">Porém o levantamento de dados pessoais não é levado a cabo
somente pelo</c>
family:Liberation Sans">a não fazer sentido. U m n á u f r a g o p e r d i d o em
uma ilha deserta não deixa de</c>
family:Liberation Sans">Estado, mas também pelo mercado. Desde que surgiu o on-line
shopping, é fácil</c>
family:Liberation Sans">ser somente p o r q u e n i n g u é m o percebe. Caspar
Hauser não c o m e ç o u a existir</c>
family:Liberation Sans">registrar precisamente o c o m p o r t a m e n t o de
compra de alguém, organizar um</c>
family:Liberation Sans">apenas q u a n d o foi n o t a d o por outros h o m e n
s .</c>
family:Liberation Sans">perfil de seus hábitos e inclinações pessoais, mantendo-o
consumindo por meio</c>
family:Liberation Sans">N o entanto, ser e não ser t a m b é m têm u m sentido
social figurado. Sempre</c>
family:Liberation Sans">de ofertas idiossincraticamente selecionadas. O perfil
individual obtido pelo</c>
family:Liberation Sans">houve grupos h u m a n o s nos quais havia fortes e fracos,
poderosos e indefesos,</c>
family:Liberation Sans">cálculo dc dados de consumo — que, por sinal, tanto mais
fiel à realidade fica</c>
family:Liberation Sans">a m a d o s e odiados, conspícuos e discretos. É óbvio q u
e os g r u p o s e r a m , n o</c>
family:Liberation Sans">q u a n t o menos a individualidade se diferencia de
padrões de consumo — repre-</c>
family:Liberation Sans">princípio, p e q u e n o s o suficiente para que m e s m o
os fracos e discretos fossem</c>
family:Liberation Sans">senta sem dúvida um caso-limite. Deve-se temê-lo ou ansiar
por ele? Por um</c>
family:Liberation Sans">n o t a d o s — n e m sempre sendo isso vantajoso, p o r q
u e ser n o t a d o significava</c>
family:Liberation Sans">lado, corresponde a uma invasão na vida privada, com meios
que na polícia são</c>
family:Liberation Sans">ser controlado. Mas, a partir do m o m e n t o em que as c
o m u n i d a d e s tradicionais</c>
family:Liberation Sans">c h a m a d o s de rastreamento. Por outro, é sinal de
atenção. Ter um perfil consu-</c>
family:Liberation Sans">baseadas na família, na tribo, n o vilarejo ou na c i d a d
e c o m e ç a r a m a dissol-</c>
family:Liberation Sans">midor digno de n o t a significa ser alguém. Q u e m nem
mesmo consegue fazer-se</c>
family:Liberation Sans">ver-se, de c o n j u n t o s de convívio de longa duração
passando a c o n c e n t r a ç õ e s</c>
family:Liberation Sans">percebido para ter um tal perfil simplesmente não conta:
não é ninguém.</c>
family:Liberation Sans">esporádicas e fugazes, notar o p r ó x i m o sofreu u m
processo de diferenciação,</c>
family:Liberation Sans">N ó s estamos acostumados a entender o "alguém" e o
"ninguém" nesse con-</c>
family:Liberation Sans">p o r assim dizer, s e g u i n d o uma divisão de t r a b a
l h o . T r a n s f o r m o u - s e em u m</c>
family:Liberation Sans">texto m e t a f o r i c a m e n t e . Ser alguém eqüivale a
ser levado em consideração,</c>
family:Liberation Sans">ato administrativo. Todos que não q u e r i a m ficar sem
direitos deveriam estar</c>
family:Liberation Sans">respeitado, tratado com reverência. É assim que desde
sempre se lidou com os</c>
family:Liberation Sans">registrados — com nome, e n d e r e ç o e t o d a u m a
série de características pes-</c>
family:Liberation Sans">detentores de poder, de altos cargos e dignitários. Seu
contrário eram os subor-</c>
family:Liberation Sans">soais. O Estado nacional m o d e r n o desenvolveu-se e m u
m mestre d o perceber.</c>
family:Liberation Sans">dinados, os serviçais e lacaios. Não os notar significava,
naturalmente, não lhes</c>
family:Liberation Sans">O s poucos despercebidos, isto é, os que p e r t e n c e m
ao s u b m u n d o ou q u e são</c>
family:Liberation Sans">dar atenção, mas não significava não percebê-los no sentido
fisiológico da pala-</c>
family:Liberation Sans">imigrantes ilegais, vivem em constante m e d o de serem
percebidos; os m u i t o s</c>
family:Liberation Sans">vra — não vê-los, ouvi-los ou cheirá-los. Q u e m está
presente com seu corpo</c>
family:Liberation Sans">percebidos, inversamente, na insegurança sobre se não teria
sido percebido mais</c>
family:Liberation Sans">não p o d e deixar de ser percebido, por mais discreto ou
tímido que seja. Não</c>
family:Liberation Sans">de suas vidas do que cabe ao Estado. Sua capacidade de
registrar cresce com</c>
family:Liberation Sans">p o d e existir sem ruídos corporais, sem determinada
postura, gestos e expressões</c>
family:Liberation Sans">cada avanço nas telecomunicações e n o p r o c e s s a m e
n t o de dados. O sigilo de</c>
family:Liberation Sans">faciais, sem transpirar. À sua forma de existência pertence
uma radiação inalie-</c>
family:Liberation Sans">informações fica sempre um passo atrás e só p o d e proibir
a divulgação de dados</c>
family:Liberation Sans">nável. U s a n d o o vocabulário heideggeriano, está, por
assim dizer, inserida no</c>
family:Liberation Sans">não autorizados, nunca impedir sua existência. Estes, é
óbvio, não p o d e m ser</c>
family:Liberation Sans">"aí" de seu ser 43 . Esse "aí", n o entanto, passa por
mudança de sentido decisiva</c>
family:Liberation Sans">defendidos contra abusos tais c o m o os h o m e n s . D e
t e r m i n a ç õ e s para a p r o t e -</c>
family:Liberation Sans">a p a r t i r d o m o m e n t o em que a presença do corpo
desaparece p o r detrás da</c>
family:Liberation Sans">ção de dados são eficazes apenas na medida em que seu d e t
e n t o r se c o m p o r t e</c>
family:Liberation Sans">presença midiática — basicamente, desde a marcha triunfal
do cinema. Não é</c>
family:Liberation Sans">lealmente — o que é particularmente a m e d r o n t a d o r
, em vista d o novo c a m p o</c>
family:Liberation Sans">por acaso q u e atrizes de cinema envelhecidas não se
mostravam mais em pú-</c>
family:Liberation Sans">de informação aberto pela engenharia genética. Em breve, a
tara genética, as</c>
family:Liberation Sans">blico, para não estragar a imagem de sua juventude 4 4 .
Greta Garbo e Marlene</c>
family:Liberation Sans">anormalidades e as suscetibilidades para certas doenças
serão determináveis já</c>
family:Liberation Sans">Dietrich t i n h a m seu "aí" na imagem cinematográfica.
Consequentemente, não</c>
family:Liberation Sans">antes do nascimento. Estimativas a respeito do nível de
performance</c>
family:Liberation Sans">esperado</c>
family:Liberation Sans">queriam estar "aí" de uma maneira que não correspondesse a
essa imagem. Em</c>
family:Liberation Sans">d o novo habitante da Terra serão possíveis antes m e s m o
q u e este c h o r e pela</c>
family:Liberation Sans">m e a d o s d o século XX, isso era u m a excentricidade
exclusiva dos artistas de</c>
family:Liberation Sans">primeira vez. Cientistas e especialistas na área de seguros
já estão d i s c u t i n d o</c>
family:Liberation Sans">cinema e televisão. Todavia, desde então algo disso
penetrou a forma média e</c>
family:Liberation Sans">agora a respeito de que dados genéticos devem ser abertos
aos planos de saúde</c>
family:Liberation Sans">habitual de percepção nos países industrializados: por
todos os lados, a presença corporal p r o d u z u m efeito pálido e apagado em
comparação com a nu-</c>
family:Liberation Sans">e quais devem ser considerados tabu ' 2 .</c>
family:Liberation Sans">4 2 C f . O S c h õ f f s k i , " G u t e u n d schlcchce
Risiken. G c n a n a l y s e n — Fluch o d e r Scgcn Rir dc V c r s i c h c r i m
gswirtschaft", Frankfurter Rundschau, 7 mar., 2000, p. 10.</c>
family:Liberation Sans">4 3 Cf. M . Heidegger, Sein unciZeil.</c>
family:Liberation Sans">I V ed.. 2' rcimpr. T ü b i n g e n , 1984,</c>
family:Liberation Sans">44 Cf. G. A n d e r s , Die Antiquierheil</c>
family:Liberation Sans"><les Memchen.</c>
family:Liberation Sans">PP-</c>
family:Liberation Sans">132 e segs.</c>
family:Liberation Sans">M u n i q u e , 1956. p. 57, vol. I.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>diácica. Isso n ã o é válido apenas para o
telespectador, q u e está "aí" em u m</c>
family:Liberation Sans">Anders com relação a um fenômeno de tempo livre norte-
americano dos anos</c>
family:Liberation Sans">sentido m u i t o mais fraco d o q u e aquilo que cintila
em seu aparelho. Vale tam-</c>
family:Liberation Sans">1950, em " O homem tomando banho de sol, que bronzeia suas
costas, enquanto</c>
family:Liberation Sans">bém para t u d o que é filmado. Sua existência s o m e n t
e está "aí" para ser um "aí"</c>
family:Liberation Sans">seus olhos passeiam por uma revista ilustrada, seus ouvidos
participam de uma</c>
family:Liberation Sans">das mídias de massa: como suporte e material da presença
midiática. Sua radia-</c>
family:Liberation Sans">partida esportiva, suas mandíbulas mascam uma
goma".</c>
family:Liberation Sans">ção física dissolve-se em uma radiação das mídias a p o n t
o de tornar-se irreco\</c>
family:Liberation Sans">nhecível 45 . E c o m o cada instituição sofre a pressão
para converter-se em uma</c>
family:Liberation Sans">verdadeira empresa, se quiser sobreviver e c o n o m i c a
m e n t e , e c o m o cada firma</c>
family:Liberation Sans">sofre a pressão para tornar-se uma emissora, se quiser ser
percebida, isso passa</c>
family:Liberation Sans">a acontecer, em uma escala menor, com cada indivíduo. T a m
b é m ele n ã o p o d e</c>
family:Liberation Sans">esquivar-se de administrar seus interesses c o m o u m a
firma e de tirar p a r t i d o</c>
family:Liberation Sans">de si p r ó p r i o c o m o u m a emissora privada 4 6 .
Entra, assim, em u m estado de</c>
family:Liberation Sans">pressão para emitir (Sendedruck), cujas conseqüências para
sua individualida-</c>
family:Liberation Sans">Se fosse perguntado a esse homem tomando banho de sol, no
que consistiria sua</c>
family:Liberation Sans">atividade "real", [...] é claro que ele não poderia
responder, pois a pergunta por algo</c>
family:Liberation Sans">de "real" já se baseia em uma falsa pressuposição, a saber,
que ele seria o sujeito das</c>
family:Liberation Sans">atividades e do deter-se em algo. Se aqui ainda se pode
falar de "sujeito" ou "sujeitos",</c>
family:Liberation Sans">os termos têm que se referir aos seus órgãos: os olhos que
estão com as fotografias</c>
family:Liberation Sans">da revista, os ouvidos que estão com a partida esportiva,
as mandíbulas que estão</c>
family:Liberation Sans">com a goma.</c>
family:Liberation Sans">de ainda não são previsíveis. U m ser h u m a n o tem u m a
radiação m í n i m a , mesmo q u a n d o não está ativamente "emitindo"; não é u m
emissor. A o emitir, está</c>
family:Liberation Sans">"aí"; não o fazendo, está "fora" — e a estação emissora p e
r m a n e c e c o m o seu</c>
family:Liberation Sans">mero resíduo físico: tão ocioso e sem sentido c o m o a
força de trabalho que não</c>
family:Liberation Sans">é empregada.</c>
family:Liberation Sans">A ociosidade representava a n t i g a m e n t e um sinal de
p l e n i t u d e . Se n ã o se</c>
family:Liberation Sans">cultivasse uma, de um total de três áreas, d e i x a n d o
- a recuperar-se p a r a u m a</c>
family:Liberation Sans">nova fertilidade, significava que o agricultor p o d i a
dar-se ao luxo de fazê-lo.</c>
family:Liberation Sans">Se debaixo da cama houvesse uma meia toda cheia de o u r o
e jóias, intocada,</c>
family:Liberation Sans">queria dizer que se tinha e c o n o m i a s . H o j e , u m
p e d a ç o de terra sem cultivo</c>
family:Liberation Sans">ou uma meia de dinheiro, que não gera juros, são associados
a dissipação ou</c>
family:Liberation Sans">E o que o leva "a essa atividade desorganizada"? "É o
horror vacui" "Seu</c>
family:Liberation Sans">trabalho acostumou-o tão definitivamente a ser ocupado, ou
seja, a ser dependente, que, q u a n d o o trabalho acaba, não consegue estar à
altura da tarefa de</c>
family:Liberation Sans">ocupar a si próprio." E assim,</c>
family:Liberation Sans">decompõe-se em funções separadas, já que ele mesmo não atua
como elemento organizador. Mas naturalmente essas suas tunções estão tão
acostumadas quanto ele ao</c>
family:Liberation Sans">mero JíT-oçupadas. Por isso agarram-se agora — cada uma
delas —, no momento de</c>
family:Liberation Sans">seu "desemprego", ao primeiro conteúdo apropriado, e
qualquer conteúdo primeiro</c>
family:Liberation Sans">é justamente apropriado, por ser simplesmente um conteúdo,
por simplesmente se</c>
family:Liberation Sans">mostrar como suporte ao qual a função pode agarrar-se'
.</c>
family:Liberation Sans">vazio. O caso exemplar e mais extremo desse vazio m o d e r
n o é d a d o pela força</c>
family:Liberation Sans">de trabalho desocupada. É sabido que antes d o capitalismo
o desemprego era</c>
family:Liberation Sans">"Exagero no sentido da verdade" é como Anders chama seu
procedimento;</c>
family:Liberation Sans">uma ocorrência esporádica. Ele só se tornou decisivo e uma
ameaça à existência</c>
family:Liberation Sans">a c e n t u a r especialmente aqueles traços em u m f e n ô
m e n o que ameaçam ser</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o a maioria da população foi obrigada, para
melhor ou pior, a levar sua</c>
family:Liberation Sans">d o n o s do f u t u r o . " O h o m e m t o m a n d o
banho de sol" representa tal caso: ex-</c>
family:Liberation Sans">força de trabalho ao mercado e a oferecê-la aos
proprietários dos instrumentos</c>
family:Liberation Sans">tremo, talvez, mas q u e se encontra em vias de tornar-se
normal e n q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">e das condições de trabalho. E q u a n d o uma ameaça e c o
n ô m i c a vital perdura</c>
family:Liberation Sans">durarem as relações presentes de ocupação. O extremo é,
além disso, unilate-</c>
family:Liberation Sans">por gerações, ou mesmo se agrava, não é de t o d o
improvável q u e c o m e c e a</c>
family:Liberation Sans">r a l m e n t e i n t e r p r e t a d o . Em vez de
enfatizar o esfacelamento da pessoa em</c>
family:Liberation Sans">transformar-se em algo de natural. Isso foi drasticamente
analisado por Giinther</c>
family:Liberation Sans">funções separadas, poder-se-ia também admirar o malabarismo
que permite</c>
family:Liberation Sans">m a n t e r tais funções díspares f u n c i o n a n d o
simultaneamente. Só que esse malabarismo já representa uma resistência do organismo
a seu estado de deriva</c>
family:Liberation Sans">4 5 Essa dissolução se traduz, c m casos extremos, em
violência física i m e d i a t a . M i c h a e l J a c k s o n , p o r
exemplo,</c>
family:Liberation Sans">deixou-se r e c o n s t r u i r c o r p o r a l m e n t e a
serviço d a r a d i a ç ã o m i d i á t i c a . Fica difícil d e c i d i r se seu r
o s t o a i n d a</c>
family:Liberation Sans">é seu o u se é apenas um mero a r t e f a t o
cirúrgico.</c>
family:Liberation Sans">4 6 U m gosto disso já e d a d o pelos atletas
profissionais, q u e , ao r e c e b e r e m o m i c r o f o n e i m e d i a t a m e
n t e após</c>
family:Liberation Sans">u m a vitória o u d e r r o t a , já d i z e m , e m b o r
a ainda sem fôlego, c o m o agentes, c o m frases feiras, c o m o n o fut u r o p r
e t e n d e m "trabalhar mais" o u "chegar mais à frente".</c>
family:Liberation Sans">diluidora, ou seja, não se</c>
family:Liberation Sans">trata</c>
family:Liberation Sans">justamente de uma submersáo em um relaxa-</c>
family:Liberation Sans">m e n t o distraído, mas de um amortecimento fisiológico de
fenômenos de dis-</c>
family:Liberation Sans">4 7 G . A n d e r s , Die Antiquierhâit...,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>sociação mentais, u m estágio precoce daquela
capacidade sintética manifes-</c>
family:Liberation Sans">tornar-se percebido: ser. Não emitir é equivalente a não
ser — não apenas</c>
family:Liberation Sans">tada pelos esquizofrênicos q u a n d o u n e m os estados
nervosos díspares, entre</c>
family:Liberation Sans">sentir o horror vacui da ociosidade, mas ser t o m a d o da
sensação de simples-</c>
family:Liberation Sans">os quais oscilam em um ú n i c o sistema nervoso. E m suma,
o m a l a b a r i s m o é</c>
family:Liberation Sans">m e n t e não existir. Não mais apenas: "há um vácuo em
mim", porém "sou um</c>
family:Liberation Sans">exaustivo; não compensa a dissociação, mas é o p a d e c i
m e n t o crônico dela. A</c>
family:Liberation Sans">vácuo" — de forma alguma "aí"48.</c>
family:Liberation Sans">unilateralidade exposta em " O h o m e m t o m a n d o b a
n h o de sol" de f o r m a alguma rouba sua força exemplar. Exibir a situação da e
c o n o m i a na</c>
family:Liberation Sans">Q u a n d o a linguagem dos jovens se refere a alguém d o r
m i n d o até tarde e</c>
family:Liberation Sans">fisiologia,</c>
family:Liberation Sans">ainda s o n h a n d o como "ainda não conectado", ela
expressa bem mais do que se</c>
family:Liberation Sans">no c o m p o r t a m e n t o d o t e m p o livre, o q u e o
t r a b a l h o faz em alguém plena-</c>
family:Liberation Sans">imagina, a saber, a lei básica de uma nova ontologia: quem
não transmite não</c>
family:Liberation Sans">mente ocupado, significa desemprego: trata-se de u m a
estratégia h e r m e n ê u -</c>
family:Liberation Sans">está "aí". N ã o irradia nada. Em um sentido imediato isso
é tão falso quanto o</c>
family:Liberation Sans">tica de p r o f u n d i d a d e , dificilmente realizável p
o r q u e m se a t é m a sistemas</c>
family:Liberation Sans">esse est percipi. Todos irradiam, mesmo se o cheiro de seu
corpo for leve, sua</c>
family:Liberation Sans">e subsistemas operativamente autocontidos. A n d e r s
exagera, p o r é m antecipa</c>
family:Liberation Sans">respiração, fraca, sua postura, gestos e caras, tão
discretos que praticamente</c>
family:Liberation Sans">o que desde então foi muitas vezes c o n f i r m a d o c o
m respeito aos desempre-</c>
family:Liberation Sans">não se possam percebê-los. N o entanto, quando a tecnologia
vai tão f u n d o no</c>
family:Liberation Sans">gados. São justamente eles q u e são especialmente
assolados p o r u m a inquie-</c>
family:Liberation Sans">indivíduo que cada um não pode senão metamorfosear-se em um
transmissor</c>
family:Liberation Sans">tação motora, e que sentem uma compulsão tão dolorosa a
ocupar-se, p o r q u e</c>
family:Liberation Sans">de si p r ó p r i o , então sua radiação pessoal é
obscurecida por uma etérea, que</c>
family:Liberation Sans">não p o d e m dar-lhe vazão sob a forma de uma atividade
socialmente reconhe-</c>
family:Liberation Sans">abala o próprio fenômeno do estar-aí. Ao "aí" do ser, pode-
se dizer, pertenceria</c>
family:Liberation Sans">cida. Sem dúvida, há regiões n o m u n d o — c o m o o T i
b e t e , a A m a z ô n i a ou o</c>
family:Liberation Sans">inalienavelmente, desde Platão a Heidegger, seu aqui e
agora: seu ser-presente</c>
family:Liberation Sans">Saara — o n d e a fisiologia de " O h o m e m t o m a n d o
b a n h o de sol" ainda não se</c>
family:Liberation Sans">físico em um d e t e r m i n a d o meio. Mas o que
constitui o "aí" de um emissor?</c>
family:Liberation Sans">impôs — a não ser sob a f o r m a de turistas. Mas nos
últimos 50 anos, com o</c>
family:Liberation Sans">Sem dúvida, para emitir, ele deve estar situado em algum
lugar, totalmente</c>
family:Liberation Sans">auxílio de aparelhos de som portáteis, telefones celulares
e laptops, ela tem</c>
family:Liberation Sans">indiferente, c o n t a n t o que funcione. Está "aí" na
medida em q u e "esteja na</c>
family:Liberation Sans">avançado por t o d o o globo, desenvolvendo novos p a d r õ
e s c o m p o r t a m e n t a i s</c>
family:Liberation Sans">linha": n o éter, nas freqüências que permitem sua
recepção. Em oposição a</c>
family:Liberation Sans">híbridos como, por exemplo, s i m u l t a n e a m e n t e
assistir à televisão, m a n d a r</c>
family:Liberation Sans">isso, o aqui e agora da estação transmissora corresponde
àquilo que sobra,</c>
family:Liberation Sans">e-mails, telefonar, acariciar o c a c h o r r i n h o ou o
ser a m a d o , u m a virtuosidade</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o n ã o mais está "aí": seu resíduo físico. U m
resíduo, por sinal, em um</c>
family:Liberation Sans">própria, para não dizer novas qualidades administrativas, e
com isso t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">duplo sentido 4 9 , pois sua presença-aqui-e-agora
encontra-se em irremediável</c>
family:Liberation Sans">novas cargas nervosas — em relação a isso já n ã o resta a
m e n o r d ú v i d a . E</c>
family:Liberation Sans">atraso em relação à sua presença etérea. E se esta
desaparece, adquire a aparência</c>
family:Liberation Sans">também pertence a esse f e n ô m e n o o fato de a c o m p
u l s ã o difusa e generaliza-</c>
family:Liberation Sans">de resíduo no sentido de "resíduo alimentar": uma sobra,
detrito, cadáver ou</c>
family:Liberation Sans">da para fazer algo, aquele coletivo malabarismo defensivo c
o n t r a a desocupa-</c>
family:Liberation Sans">lixo. E m suma, a essência ontológica de um emissor
consiste na separação de</c>
family:Liberation Sans">ção, que mesmo n o t e m p o livre não desaparece e q u e é
p r e e n c h i d a até sua</c>
family:Liberation Sans">seu "aí" em relação a seu aqui e agora, e na transfiguração
em u m "aí" etéreo,</c>
family:Liberation Sans">capacidade máxima com o q u e lhe é "ofertado", sofrer u m
a notável estandar-</c>
family:Liberation Sans">receptível em todos os lugares de um determinado campo de
transmissão, mas</c>
family:Liberation Sans">dização, precisamente com a velocidade com a qual o d e s e
n v o l v i m e n t o téc-</c>
family:Liberation Sans">em lugar algum palpável. Um "aí" sem aqui e agora, e u m
aqui e agora sem um</c>
family:Liberation Sans">nico converge para um aparelho universal: o c o m p u t a d
o r . Ele já n ã o t e n d e</c>
family:Liberation Sans">"aí" são quimeras. Mas são quimeras que existem50. Elas são
p r o d u t o de uma</c>
family:Liberation Sans">a ser apenas um i n s t r u m e n t o geral de t r a b a l
h o , mas t a m b é m a representar</c>
family:Liberation Sans">"absurdização" generalizada. N o fundo, essa "absurdização"
já estava em curso</c>
family:Liberation Sans">o e n t r o n c a m e n t o técnico, o p o n t o de e n c o
n t r o social e o nevrálgico individual, em que processamento e transmissão de
dados, televisão e telecomunicação, trabalho e atividade de t e m p o livre,
concentração e distração, ser "bacana" e "por fora", observado e ignorado, se m i s
t u r a m até a indiferenciação.</c>
family:Liberation Sans">Baixar dados, enviá-los e recebê-los passa a significar a
atividade por excelência. A compulsão à ocupação é especificada em uma compulsão à
emissão. Ela</c>
family:Liberation Sans">transforma-se, entretanto, em uma forma vital de expressão.
Emitir quer dizer</c>
family:Liberation Sans">4 8 N o a n o 2000, a circulação de telefones celulares na
A l e m a n h a entre jovens de 12 a 15 anos a u m e n t o u 100%.</c>
family:Liberation Sans">E m o u t r o s países, mais ainda. Por q u e j u s t a m e
n t e nesse g r u p o etário, q u e ainda não tem n e n h u m a o b n g a r o r i e
d a d e e c o n ô m i c a de estar disponível p e r m a n e n t e m e n t e , mas q
u e se e n c o n t r a na fase mais prccana de</c>
family:Liberation Sans">f o r m a ç ã o d o ego? D e o n d e viria a c o m p u l s
ã o a ligar c o n s t a n t e m e n t e para amigos c o m a final,dade de com u n i
c a r - l h e s nulidades, senão por causa d o s e n t i m e n t o de submergir em
u m vácuo mdefin.vel, caso nao</c>
family:Liberation Sans">se faça c o n s t a n t e m e n t e notável?</c>
family:Liberation Sans">4 9 Rücksttind, t a n t o "resíduo" q u a n t o "atraso". (
N . d o T.)</c>
family:Liberation Sans">50 Q u a n d o o "aí" se separa d o aqui e agora, separa-se
t a m b é m a presente reflexão da de Heidegger. Desnecessário desenvolver o a r g
u m e n t o dc q u e n ã o interpreta c o r r e t a m e n t e seu a , . Ela
desloca-o.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>com o advento d o telégrafo, do telefone e da
televisão. Porém é s o m e n t e com</c>
family:Liberation Sans">pressão "vergonha prorneteica" 52 para designar o f e n ô m
e n o de que os homens</c>
family:Liberation Sans">a alta pressão de notícias dos meios de c o m u n i c a ç ã
o de massa — q u e gera</c>
family:Liberation Sans">crescentemente sentem sua própria constituição como
insuficiente diante da-</c>
family:Liberation Sans">uma c o m p u l s ã o em todos os indivíduos a emitir — q u
e ela a d q u i r e o caráter</c>
family:Liberation Sans">quilo que as máquinas, criadas por eles, são capazes de
realizar: mover-se com</c>
family:Liberation Sans">de u m a c o n d i ç ã o existencial.</c>
family:Liberation Sans">velocidade sobre-humana, voar, produzir por horas a fio sem
fadiga ou falta</c>
family:Liberation Sans">Para designá-la, foi introduzida a equivocada expressão
"realidade virtual".</c>
family:Liberation Sans">de atenção etc. O h o m e m como criador de coisas — daí a
figura mitológica de</c>
family:Liberation Sans">Virtual quer dizer "no registro d o possível". A irradiação
midiática, n o entanto,</c>
family:Liberation Sans">P r o m e t e u — é de tal forma relegado à sombra por suas
criações, que se enver-</c>
family:Liberation Sans">existe de fato. As freqüências, canais ou redes nos quais é
recebida, as cores</c>
family:Liberation Sans">gonha e começa a assemelhar-se a seus próprios produtos:
viver de acordo com</c>
family:Liberation Sans">e os sons que a c o m p õ e m não representam d a d o s e s
p a ç o t e m p o r a i s m e n o r e s</c>
family:Liberation Sans">o relógio, trabalhar no ritmo de máquinas, ligar e desligar
suas funções vitais.</c>
family:Liberation Sans">que narizes ou chapéus — p o d e m ser m e n o s palpáveis,
mas de f o r m a alguma,</c>
family:Liberation Sans">Pertence t a m b é m a esse processo a compulsão à ocupação
que o homem como</c>
family:Liberation Sans">meramente virtuais. A presença etérea é u m a presença real
c o m u m efeito tão</c>
family:Liberation Sans">criador de coisas descreve em " O homem tomando banho de
sol". É com pudor</c>
family:Liberation Sans">poderoso, que é m u i t o fácil esquecer-se, p o r o u t r
o lado, dc q u ã o fantasmática</c>
family:Liberation Sans">que encobre as vergonhas da ociosidade — do desemprego.
Porém a vergonha</c>
family:Liberation Sans">ela é — sob d e t e r m i n a d o p o n t o de vista, n a d
a mais d o q u e u m espectro. É</c>
family:Liberation Sans">prorneteica já há muito iniciou sua própria história. Desde
que não são mais as</c>
family:Liberation Sans">apenas necessário que acabe a eletricidade, q u e a bateria
se esvazie ou q u e h a j a</c>
family:Liberation Sans">máquinas colossais, ruidosas e arfantes que dominam o
processo de trabalho,</c>
family:Liberation Sans">u m defeito na antena para q u e desapareça 5 1 . Mas ai de
nós, se tais situações</c>
family:Liberation Sans">mas as superfícies brilhantes dos monitores, a incerteza
subliminar a respeito</c>
family:Liberation Sans">acontecem. Então o aqui e agora não brilha em u m novo
frescor de vida, mas</c>
family:Liberation Sans">da capacidade corpórea transforma-se gradualmente em uma
dúvida sobre a</c>
family:Liberation Sans">p e r m a n e c e ocioso c o m o resíduo de emissão. D a m
e s m a f o r m a que, q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">existência d o corpo. Naturalmente, não no sentido
grosseiro de se acreditar não</c>
family:Liberation Sans">a televisão quebra, a família não volta s i m p l e s m e n
t e a jogar d o m i n ó , assim</c>
family:Liberation Sans">ter cabeça, braços, pernas e tronco, mas no de sentir que
no próprio corpo se</c>
family:Liberation Sans">também quem tem o c o m p u t a d o r danificado não
retorna alegremente para a</c>
family:Liberation Sans">insere u m difuso sentimento de carência. Algo falta. Algo
que não é em si mesmo</c>
family:Liberation Sans">boa e velha máquina de escrever. Em vez disso, ocorrem
casos de sintomas de</c>
family:Liberation Sans">corpóreo, mas que dota o corpo de um "aí": sua irradiação.
Na verdade, esta é</c>
family:Liberation Sans">abstinência vitais, como se os envolvidos fossem pacientes
dos quais se retirasse</c>
family:Liberation Sans">mil vezes potencializada por meio da irradiação midiática.
C o m o e-mail, meu</c>
family:Liberation Sans">o soro. É apenas agora, no m o m e n t o de sua ausência, q
u e se mostra o q u a n t o é</c>
family:Liberation Sans">aqui e agora chega até os recantos mais longínquos do
mundo; com a televisão,</c>
family:Liberation Sans">real aquilo que pretensamente seria somente u m a realidade
virtual, e o q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">o rosto dos famosos brilha em cada sala de estar. Mas o que
potencializa a irra-</c>
family:Liberation Sans">se fez pálido e insosso o aqui e agora. Ela adquire a
aparência de u m a força vital</c>
family:Liberation Sans">diação pessoal também a ofusca. E isso parece acontecer tão
poderosamente sob</c>
family:Liberation Sans">coletiva, cuja ausência não mais p o d e ser s u p o r t a
d a . E até o n d e vai essa força</c>
family:Liberation Sans">as condições da microeletrônica, que a irradiação etérea se
converte não apenas</c>
family:Liberation Sans">fica evidente pelo que começa até m e s m o a redefinir o q
u e seriam a vida e a</c>
family:Liberation Sans">em fantasma da pessoa, mas também em seu vampiro. Suga-a e
coloca-se em</c>
family:Liberation Sans">morte. Q u e m não emite não é, ou seja, ele p o d e estar
tão vivo q u a n t o possível,</c>
family:Liberation Sans">seu lugar. A potencialização mensurável da irradiação
pessoal traz consigo uma</c>
family:Liberation Sans">ter os melhores parâmetros sangüíneos e o melhor caráter;
midiaticamente está</c>
family:Liberation Sans">imensa despotencialização 53 . C o m o no medo à castração,
instala-se o sentimento</c>
family:Liberation Sans">morto. E a ilusão midiática, que o faz parecer m o r t o ,
é irradiada, p o r sua vez,</c>
family:Liberation Sans">de que algo se apodera da vergonha, da identidade pessoal.
Acontece, porém,</c>
family:Liberation Sans">como se representasse a vida plena, e m b o r a seja feita
dc pixels m o r t o s .</c>
family:Liberation Sans">que a instância apoderadora representa algo de muito difuso
e não uma figura</c>
family:Liberation Sans">paterna identificável. É igualmente difícil de compreender
o que exatamente</c>
family:Liberation Sans">É verdade que essa troca de valores ainda não é u m fato c
o n s u m a d o , mas</c>
family:Liberation Sans">a revolução microeletrônica a impulsiona. Anders c u n h o
u , há 50 anos, a ex-</c>
family:Liberation Sans">ameaça; não a amputação da genitália, mas ainda assim algo
que toca a pessoa</c>
family:Liberation Sans">em s e u p o i n t d'honneur -</c>
family:Liberation Sans">como se algo semelhante a sua epiderme lhe fosse re-
</c>
family:Liberation Sans">tirado, seu contorno, aquilo que responderia por sua
perceptibilidade específica:</c>
family:Liberation Sans">51 Basta apenas isso para que fracasse a Declaração de
independência</c>
family:Liberation Sans">do cyberspace, c o m a qual J o h n Perry</c>
family:Liberation Sans">Barlow, um dos pioneiros da Internet, criou u m rebuliço em
1996. " G o v e r n o s d o m u n d o industrializado,</c>
family:Liberation Sans">gigantes de carne e aço, v e n h o d o cyberspace, a nova m
o r a d a d o espírito. [,..] D e c l a r o o espaço social global</c>
family:Liberation Sans">que erigimos c o m o t o t a l m e n t e i n d e p e n d e
n t e da tirania q u e vós vos esforçais para infligir sobre nós. (...)</c>
family:Liberation Sans">O cyberspace não faz parte de vosso território".
(Telepolis. D i e Zeitschrift d e r N e t z k u l t u r , o - N u m m e r ,
1996,</c>
family:Liberation Sans">p. 85.) P o u c o s a n o s d e p o i s , só era possível
mover-se na "nova m o r a d a d o espírito", g u i a d o p o r sites de</c>
family:Liberation Sans">busca, p o r u m a selva comercial.</c>
family:Liberation Sans">seu "aí". A castração é sem dúvida uma sangrenta forma
elementar de remoção</c>
family:Liberation Sans">52 G . Anders, Die Antiquierheit..., p. 21.</c>
family:Liberation Sans">5 3 Isso foi i g n o r a d o com m u i t a obstinação p o r
McLuhan, defensor eufórico das mídias. Cf. capítulo > deste</c>
family:Liberation Sans">volume.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>do "aí" M a s nem a t o d o ser sem "ai" corresponde
um ser-castrado, nem t o d o</c>
family:Liberation Sans">causar uma sensação por um período maior de tempo sem
chocar premeditada</c>
family:Liberation Sans">m e d o existencial é u m m e d o de castração 54 . Além
disso, o m e d o existencial tem</c>
family:Liberation Sans">e planejadamente. Este foi o caso — o mais discutido até
então — do fotógrafo</c>
family:Liberation Sans">um índice histórico. N ã o permanece idêntico em todas as
eras, mas é, e m vez</c>
family:Liberation Sans">Toscani. Ele tirou a foto das roupas de um soldado bósnio m
o r t o por sérvios:</c>
family:Liberation Sans">disso, atrelado às condições sociais, aos padrões culturais
e técnicos. N a Idade</c>
family:Liberation Sans">uma clara marca do tiro na região do coração, o sangue
esparramado em torno</c>
family:Liberation Sans">da Pedra não seria nem r e m o t a m e n t e possível para
alguém ter m e d o de estar</c>
family:Liberation Sans">da cavidade com forte efeito de cor. A distância da imagem
em relação ao que</c>
family:Liberation Sans">m i d i a t i c a m e n t e m o r t o . Sob condições
microeletrônicas, esse m e d o c o m e ç a</c>
family:Liberation Sans">representava era discreta. Não a tentativa de arrastar o
terror para o centro</c>
family:Liberation Sans">a atingir o nervo vital. A i n d a faltam em g r a n d e m
e d i d a as palavras para isso.</c>
family:Liberation Sans">da fotografia, mas a de fazê-lo aparecer de forma mediada,
em seus rastros.</c>
family:Liberation Sans">Fala-se m u i t o da talta de dinheiro, mas da falta de
"aí", quase nada. N o entanto,</c>
family:Liberation Sans">Em suma, a imagem não atende à ânsia sensacionalista, mas
se esquiva dela, e</c>
family:Liberation Sans">ela é demonstrada em grande escala: da maneira c o m o uma
sociedade inteira se</c>
family:Liberation Sans">justamente por isso comove.</c>
family:Liberation Sans">sente compelida a aparecer em emissões, a exigir atenção, a
criar uma sensação.</c>
family:Liberation Sans">O esse estpercipi cai-lhe c o m o um pesadelo.</c>
family:Liberation Sans">Este deveria ser o teor da foto, não fosse o que estava
escrito n o canto da</c>
family:Liberation Sans">imagem, que provocou o escândalo: a marca da empresa
Benetton. Esta não teve</c>
family:Liberation Sans">escrúpulos para pôr em cena, em um cartaz comercial, o
gibão cravado de balas</c>
family:Liberation Sans">do soldado, e aliciar fregueses com uma tocante foto de
guerra. O acontecimen-</c>
family:Liberation Sans">Surrealismo d e s r e g u l a m e n t a d o</c>
family:Liberation Sans">to desencadeou, mesmo entre os defensores da propaganda,
uma onda de indignação. As vendas da empresa caíram temporariamente, e não era
difícil identificar</c>
family:Liberation Sans">Essa pressão traz consigo um enorme nivelamento. U m a das
regras mais básicas</c>
family:Liberation Sans">a hipocrisia em sua explicação de que teria apenas desejado
unir o útil ao agradá-</c>
family:Liberation Sans">da e c o n o m i a de mercado é que as firmas t ê m de ser
percebidas, se quiserem</c>
family:Liberation Sans">vel, realizando, ao mesmo tempo, um anúncio de roupas de
qualidade e uma</c>
family:Liberation Sans">vender, e só podem ser percebidas, se fizerem comerciais, e
os comerciais somente</c>
family:Liberation Sans">mensagem para despertar as pessoas para o terror da guerra.
N o entanto, perma-</c>
family:Liberation Sans">fazem sentido se forem uma sensação. Q u e n o anúncio,
caso seja bem-sucedido</c>
family:Liberation Sans">necia a pergunta: C o m o era possível que uma foto tocante
perdesse sua qualida-</c>
family:Liberation Sans">n o trabalho de precisão de construir i n s t a n t a n e a
m e n t e atmosferas e p a d r õ e s</c>
family:Liberation Sans">perceptivos inteiros, p o d e concentrar-se, de f o r m a
exemplar, a c o m p e t ê n c i a</c>
family:Liberation Sans">comunicativa de uma sociedade, isso foi mostrado, assim c o
m o sua tendência a</c>
family:Liberation Sans">abrir campos de associação midiáticos próprios e mover-se
neles cada vez mais</c>
family:Liberation Sans">lúdica, irônica, autorreferencial e sublimemente.
Obviamente, isso corresponde</c>
family:Liberation Sans">a apenas uma tendência. Ela corre, em primeiro lugar, o
risco de tornar-se sublime demais, de dissipar-se em sua própria riqueza
associativa, de se atrofiar a</c>
family:Liberation Sans">uma diversão para conhecedores e p ô r a perder o u t r a
vez a atenção das massas</c>
family:Liberation Sans">conquistadas. Por isso, já contém em germe a tendência
oposta. N ã o é possível</c>
family:Liberation Sans">5 4 É m u i t o fácil para Lacan r e c o n h e c e r e
negar isso a u m só t e m p o , graças a u m c o n c e i t o de falo s e m a n t i
c a m e n t e — e p r o v a v e l m e n t e não apenas s c m a n t i c a m e n t e
— , m u l t í p l a m e n c e s o b r e c a r r e g a d o . Ele refere-se</c>
family:Liberation Sans">t a n t o ao m e m b r o m a s c u l i n o q u a n t o ao i
d e n t i t á r i o d a pessoa c o m o u m r o d o ( v a l e n d o , aliás, p a r a
a m b o s os</c>
family:Liberation Sans">sexos); p o d e significar t a n t o o s u j e i t o d e s
e j a n t e q u a n t o o o b j e t o desejado, i n c l u i n d o , p o r fim, sua
realização c o n s t a n t e m e n t e negada (cf. J. Lacan, " O significado d o
falo", in Escritos. E s t e n d e - s e p a r a m u i t o além</c>
family:Liberation Sans">d a psicanálise, c h e g a n d o ate a metafísica, e
revela-se uma f o n t e q u a s e inesgotável de u m j o g o i n t e l e c t u a
l</c>
family:Liberation Sans">i n t i m i d a d o r e eharadístico. U m a das regras
desse j o g o é n u n c a deixar r e c o n h e c e r c l a r a m e n t e de q u a l
desses</c>
family:Liberation Sans">significados se trata em d e t e r m i n a d o m o m e n t
o . Lacan teria sem d ú v i d a r e a l i z a d o o f e i t o d e i n c o r p o r a
r a</c>
family:Liberation Sans">p e r d a d o "aí" c o m o f e n ô m e n o de castração à
sua teoria d o falo, r e j e i t a n d o ao m e s m o t e m p o , i n d i g n a d o
,</c>
family:Liberation Sans">q u a l q u e r suspeita de u m e s t r e i t a m e n t o
sexualízante. O b v i a m e n t e , q u a n t o inaís o falo, i n f l a d o e m m e
t á f o ra de si m e s m o , b r u s a d o para a explicação d e t u d o q u e se
relaciona c o m o p o d e r e a d o m i n a ç ã o , t a n t o</c>
family:Liberation Sans">m e n o r sua p o t ê n c i a explicativa. Nesse sentido,
este t r a b a l h o se n u t r e d e o u t r a s f o n t e s psicanalítícas;
cf.</c>
family:Liberation Sans">capítulo 3 deste volume.</c>
family:Liberation Sans">de estética e moral, tão somente porque continha uma
inscrição na margem que,</c>
family:Liberation Sans">além disso, não tinha nada a ver com seu conteúdo?
Aparentemente, porque essa</c>
family:Liberation Sans">insígnia possuía uma "competência comunicativa" muito
peculiar. Era o logotip o da empresa, hoje chamado por todos de "logo": abreviação
para a forma com</c>
family:Liberation Sans">que se deseja que a marca apareça na esfera pública. E uma
firma que estampa as</c>
family:Liberation Sans">peças de roupa com seu logo, enobrecendo-as como "roupas de
marca", e que</c>
family:Liberation Sans">consiga p o r t e m p o suficiente associar essas peças a
imagens marcantes de um</c>
family:Liberation Sans">estilo de vida refinado, pode, por fim, confiar que essas
imagens surgem por si só</c>
family:Liberation Sans">nos consumidores, assim que apareça o logo — como o
cachorro de Pavlov, que</c>
family:Liberation Sans">por certo tempo ainda saliva quando a lâmpada brilha, sem
que ele veja a ração.</c>
family:Liberation Sans">À história do logo pertence sua força condicionadora. Na
medida em que</c>
family:Liberation Sans">cresce, aumenta também o respeito p o r ele: a disposição
de reconhecê-lo como</c>
family:Liberation Sans">uma das forças motrizes do processo social. Na avaliação
estética da foto de Toscani, discutia-se apenas se sem o logo da Benetton ela seria
uma obra de arte. Mas</c>
family:Liberation Sans">isso é insuficiente, deixando de lado o cerne temporal da
arte. Imagine-se que um</c>
family:Liberation Sans">artista, 20 anos atrás, colocasse o logo de uma empresa
famosa em uma loto</c>
family:Liberation Sans">igualmente impactante. M u i t o provavelmente a firma
reagiria processando-o</c>
family:Liberation Sans">por danos morais, mostrando a todos, por meio do escândalo,
o que faz o co-</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>mercial: u m a sensação, i n d e p e n d e n t e m e
n t e de c o m o o faz. D a mesma f o r m a</c>
family:Liberation Sans">e n g a j a m e n t o social. Em n o m e da liberdade de
opinião e de expressão 56 . C o m</c>
family:Liberation Sans">que D u c h a m p m o s t r o u -</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o colocou a palavra «farmácia" em u m a re-
</c>
family:Liberation Sans">efeito, a empresa seguiu tão somente um princípio básico do
surrealismo: dei-</c>
family:Liberation Sans">p r o d u ç ã o de u m a paisagem de inverno, assinando o q
u a d r o e a n u n c , a n d o - o</c>
family:Liberation Sans">xar colidir duas representações díspares soltando uma
multidão de faíscas e,</c>
family:Liberation Sans">c o m o um ready-made -</c>
family:Liberation Sans">assim, q u e b r a n d o tabus 57 . N o entanto, os pais do
surrealismo entendiam algo</c>
family:Liberation Sans">o que a arte faz: transfigura as coisas, ou seja, ret.ra-
as</c>
family:Liberation Sans">c c o m ela t a m b é m a qualida-</c>
family:Liberation Sans">f u n d a m e n t a l m e n t e diferente por quebra de
tabu: a explosão de uma camisa de</c>
family:Liberation Sans">é altamente dependente do m o m e n t o</c>
family:Liberation Sans">força cultural, que sufocava a imaginação e a criatividade,
nem ao menos im-</c>
family:Liberation Sans">de seus contextos usuais. A força i l u m i n a d o r a de
estética de tais d e m o n s t r a ç õ e s -</c>
family:Liberation Sans">foi</c>
family:Liberation Sans">p e d i n d o q u e nações de cultura como a Alemanha e a
França se dilacerassem</c>
family:Liberation Sans">c o m o que um ataque surpresa que, n o c a m p o de força
p o l í t i c o - c u l t u r a l ime-</c>
family:Liberation Sans">no c a m p o de batalha. Em oposição a isso, quebrar tabus
significa, nas agências</c>
family:Liberation Sans">diatamente anterior à Primeira Guerra, conseguiu, de u m a
maneira desconcer-</c>
family:Liberation Sans">de propaganda, romper limites de pudor de maneira bem
planejada e dosada.</c>
family:Liberation Sans">tantemente simples, t a n t o realizar q u a n t o
desmascarar o m o v i m e n t o elemen-</c>
family:Liberation Sans">Em outras palavras: significa desregular, da mesma forma
que a infraestrutura</c>
family:Liberation Sans">tar d a arte -</c>
family:Liberation Sans">e os serviços de seguridade social em grande medida
parecem, à luz neoliberal,</c>
family:Liberation Sans">temporal adequado. E D u c h a m p acertou o t e m p o em
1914. O ready-made</c>
family:Liberation Sans">uma irritação q u e até hoje p e r m a n e c e c o m o u m
e s p i n h o p a r a</c>
family:Liberation Sans">p r o d u ç ã o histórica da arte. Já o pôster da B e n e t
t o n , em c o n t r a p a r t i d a , veio</c>
family:Liberation Sans">uma ou duas décadas tarde demais: q u a n d o a força c o n
d i c i o n a d o r a d o logo já</c>
family:Liberation Sans">estava tão avançada que u m a empresa podia, sem se p r e o
c u p a r com sua eventual ruína, e n c o m e n d a r esse tipo de trabalho. N ã o
se criou u m escândalo e m</c>
family:Liberation Sans">t o r n o dela; a própria empresa encarregou-se disso. Seu
pôster possui, i n d u bitavelmente, a força para mostrar o q u e a p r o p a g a n
d a faz; p o r é m , antes de</c>
family:Liberation Sans">qualquer coisa, ele faz propaganda. Expõe sua própria
capacidade crítica de mostrar — como domador de macacos.</c>
family:Liberation Sans">Obviamente, os protestos contra o a n ú n c i o já haviam
sido calculados, ainda que talvez não na medida correta. Mas m e s m o os mais c o
n t u n d e n t e s per-</c>
family:Liberation Sans">c o m o concessões vergonhosas a reivindicações exageradas
de cidadãos indesejosos de responsabilidades próprias — como tabus que cresceram,
devido ao</c>
family:Liberation Sans">m e d o que t i n h a m os eleitores demasiado acomodados,
e que, enfim, têm de ser</c>
family:Liberation Sans">quebrados. O cartaz da Benetton instaura novos padrões. Ele
íala a língua da</c>
family:Liberation Sans">estética da desregulação. Não que fosse novidade ganhar
dinheiro com vítimas</c>
family:Liberation Sans">de guerra, mas colocá-los engenhosamente em exibição em
cartazes como chamarizes p a r a a venda de camisas e jaquetas, isso ainda não
havia acontecido.</c>
family:Liberation Sans">U m surrealismo desprovido de seu cerne moral e estético,
associativamente</c>
family:Liberation Sans">desinibido e reduzido ao mero efeito sensacionalista, faz
aqui um curto-circuito entre produtos têxteis e um campo político, com o qual não
tem a menor</c>
family:Liberation Sans">afinidade. Assim, evidentemente, não se politiza a
clientela.</c>
family:Liberation Sans">deram a força, e a queda nas vendas causada p o r eles já
foi há m u i t o superada.</c>
family:Liberation Sans">N o entanto, a maior bênção ainda estava p o r vir. A
proibição imposta na Alem a n h a à " p r o p a g a n d a - d e - c h o q u e da B
e n e t t o n " foi suspensa pelo T r i b u n a l</c>
family:Liberation Sans">Constitucional Federal. "A sensibilidade despreocupada d o
cidadão em relação</c>
family:Liberation Sans">à miséria do m u n d o " não t i n h a direito à p r o t e
ç ã o legal, de a c o r d o com os juizes, pois alguns temas c h o c a n t e s —
além d o caso m e n c i o n a d o , a B e n e t t o n</c>
family:Liberation Sans">realizara anúncios com um pato c o b e r t o de óleo e u m
traseiro nu, o n d e estava</c>
family:Liberation Sans">estampado "HIV positivo" — poderiam igualmente ser lidos c
o m o d e n ú n c i a " .</c>
family:Liberation Sans">N e n h u m a das controvérsias em torno do cartaz da
Benetton contribuiu, de</c>
family:Liberation Sans">qualquer maneira que fosse, para uma compreensão mais p r o
f u n d a da guerra</c>
family:Liberation Sans">na Bósnia, mas todas elas contribuíram para que se
concebesse a guerra sob o</c>
family:Liberation Sans">prisma d a propaganda — não importando se a favor ou contra
o anúncio. Este</c>
family:Liberation Sans">impõe, mesmo a seus opositores, o p o n t o de vista sob o
qual quer ser discutido,</c>
family:Liberation Sans">ao m e s m o t e m p o trabalhando para que a guerra se
converta em material propagandístico, assim c o m o pores do sol ou quedas d'água.
Foi a tal ponto, que</c>
family:Liberation Sans">C o m o se aqueles que receberam o pôster c o m o p u r o e
simples escárnio estivessem r e c l a m a n d o um m u n d o p r o p a g a n d í s
t i c o i m a c u l a d o e devessem ser</c>
family:Liberation Sans">ensinados que a realidade não é assim tão rósea. O p r o t
e s t o foi virado de cabeça para baixo com o veredito da corte constitucional, o
fazer de anúncios envolvendo a guerra, o sofrimento e a miséria alheia sendo
festivamente reconhecidos c o m o u m aviso de alerta contra a guerra, o s o f r i
m e n t o e a miséria: c o m o</c>
family:Liberation Sans">56 E m c i o o caso, a C o r t e S u p r e m a Federal
insurgiu-se c o n t r a essa decisão, renovando a Proibição d o comercial d a B e n
e t t o n , u m a n o após o veredito d o Tribunal C o n s t i t u c i o n a l
Federal (cf. Frankfurter</c>
family:Liberation Sans">Rundschau 7 dez, 2001. p. 34). Isso, ..o e n t a n t o , só
faz enfatizar o q u a n t o a sentença d o s ,u.zes constituc.ona.s</c>
family:Liberation Sans">A p r e s e n t o u u m v e d a d e i r o marco p a r a o
desenvolvimento d o aparato s e n s o r i a l / s e n s a o o n a l colenvo</c>
family:Liberation Sans">57 A i m a g e m surrealista "não p o d e surgir de uma
comparação, mas sim de uma</c>
family:Liberation Sans">des mais ou m e n o s distantes. Q u a n t o mais distantes
e p r e n s a s as re ações das r e a M a d s p o ^ a l a d o a Iado</c>
family:Liberation Sans">t a n t o mais i m p a c t a n t e será a imagem.» " O
valor da imagem d e p e n d e em grande me</c>
family:Liberation Sans">cas almejadas- é assim, u m a f u n ç ã o da diferença de
tensão entre os c o n d u t o r e s Q u a n d o essa d.terença c</c>
family:Liberation Sans">apenaTmuijpa fraca, c o m o na comparação, não saem
faíscas". (A. Breton. E»^Mamjest</c>
family:Liberation Sans">des Surreal.smus,</c>
family:Liberation Sans">1924. R c i n b c c k , 1986, pp. 23 c 35.)</c>
family:Liberation Sans">5 5 Frankfurter</c>
family:Liberation Sans">Rundschau,</c>
family:Liberation Sans">13 dez., 2000, p. 5.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>progrediu o poder das associações arbitrárias nesse
espaço de tempo. O surrea-</c>
family:Liberation Sans">chamaria de um "prazer negativo" 58 . Nada nele agrada aos
sentidos como a</c>
family:Liberation Sans">lismo e o behaviorismo foram apropriados de maneiras m u i
t o diferentes. O s</c>
family:Liberation Sans">f r u i ç ã o da c o m i d a , do sexo ou da arte, ao passo
que o agir febril c o n t í n u o</c>
family:Liberation Sans">frutos desse trabalho recaem sobre a propaganda. Aqui, a
associação arbitrária</c>
family:Liberation Sans">por meio d o qual esse prazer é obtido, como se sabe, cobra
um alto preço dos</c>
family:Liberation Sans">torna-se um bem comum, u m lugar-comum, uma forma universal
de comunicação</c>
family:Liberation Sans">sentidos e dos nervos. O que é usufruído é tão somente o
sentimento sublime</c>
family:Liberation Sans">e percepção. A associação chocante daquilo que não é
associável c o r r e s p o n d e</c>
family:Liberation Sans">de pertencer aos que contam, àqueles a quem sucede "ser"
aí, ou seja, não estar</c>
family:Liberation Sans">tão s o m e n t e ao c o n t r a p o n t o da construção,
em u m piscar de olhos, de sutis</c>
family:Liberation Sans">midiaticamente morto, assim como para São Tomás de Aquino a
santidade dos</c>
family:Liberation Sans">campos de associação, e ambos constituem o centro de força
da p r o p a g a n d a , o</c>
family:Liberation Sans">cerne de sua competência comunicativa, que visa apenas a u
m objetivo: chamar</c>
family:Liberation Sans">a atenção, certificar-se de que se é notado, de que se está
"aí".</c>
family:Liberation Sans">E, da mesma maneira que as mercadorias somente têm chance
de ser escolhidas q u a n d o se sobressaem, assim t a m b é m os políticos. Eles
são especialmente</c>
family:Liberation Sans">suscetíveis à alta pressão das notícias, tanto como
sujeitos q u a n t o c o m o objetos.</c>
family:Liberation Sans">Sem serem mencionados cotidianamente na imprensa, rádio e
televisão, sem</c>
family:Liberation Sans">serem entrevistados, não há c o m o levarem a d i a n t e
suas carreiras, pois cada</c>
family:Liberation Sans">entrevista para microfones ou câmeras oferece a o p o r t u
n i d a d e não apenas de</c>
family:Liberation Sans">divulgar o p o n t o de vista de u m grupo, mas t a m b é m
o de q u e m fala; não apenas de representar a linha d o partido, mas t a m b é m
de levá-la para u m a direção</c>
family:Liberation Sans">própria; não apenas de descrever políticas, mas t a m b é m
de fazer política. C a d a</c>
family:Liberation Sans">entrevista, cada mesa de debates, que traz a público a
opinião de um partido,</c>
family:Liberation Sans">divide também o partido. C a d a entrevistado é c o n s t a
n t e m e n t e t e n t a d o a aparecer mais do que seu partido. Só p o d e fazer
carreira partidária q u e m ao mesmo t e m p o faz a sua própria carreira. H á
assim, c o n t i n u a m e n t e , d e s e n t e n d i mentos a respeito de
declarações públicas não afinadas com os outros m e m b r o s</c>
family:Liberation Sans">d o partido, q u e os m e l i n d r a m ou colocam sob
pressão. Já há m u i t o q u e se</c>
family:Liberation Sans">fazem disputas políticas intrapartidárias por meio da
televisão, e cada c o n t r o vérsia a portas fechadas já é c o n d u z i d a em
vista da m e l h o r f o r m a c o m q u e</c>
family:Liberation Sans">pode ser veiculada ao público — "vendida", c o m o dizem
sem o m e n o r p u d o r</c>
family:Liberation Sans">os envolvidos.</c>
family:Liberation Sans">Sob tal pressão de notícias, ser um político profissional
tornou-se, c o m o</c>
family:Liberation Sans">nunca antes, algo destruidor dos nervos. Antes dos
encontros de trabalho, as</c>
family:Liberation Sans">entrevistas matinais; entre os encontros, as vespertinas;
depois dos encontros,</c>
family:Liberation Sans">que foram salvos se reduziria, em última instância, à
alegria celeste de não ter</c>
family:Liberation Sans">sido m a n d a d o ao inferno 5 9 .</c>
family:Liberation Sans">No cangote de uma tal alegria funga o medo, assim como a
fruição da presença</c>
family:Liberation Sans">é perseguida pela compulsão para emitir (Sendezwang). Sob
essa compulsão,</c>
family:Liberation Sans">a u m e n t o u exponencialmente a disposição de se deixar
sabatinar por qualquer</c>
family:Liberation Sans">um que acene com microfone e câmera, de se submeter a
testes de perspicácia</c>
family:Liberation Sans">e a questionários embaraçosos. Programas inteiros de
televisão foram criados</c>
family:Liberation Sans">com esse objetivo. N ã o são poucos os políticos que no
Roda Viva ou no Cara</c>
family:Liberation Sans">a Cara já passaram por suadouros. E, no entanto, por que
tantos se dispõem a</c>
family:Liberation Sans">ser dessa maneira interrogados e insultados? Porque mais
importante do que</c>
family:Liberation Sans">fazer u m a boa figura é fazer alguma figura. Esse
estpercipi também quer dizer:</c>
family:Liberation Sans">quem é visto pode deixar de sê-lo. Estar presente passa a
ser quase equivalente a</c>
family:Liberation Sans">fazer uma boa figura. Assim, mesmo na fofoca, fica-se em
evidência. Menos do</c>
family:Liberation Sans">que nunca é garantido que manchetes negativas possam
desacreditar alguém.</c>
family:Liberation Sans">Sem dúvida, Bill Clinton teria dado muito para que fosse
poupado da revelação</c>
family:Liberation Sans">de seu caso sexual. Mas o simples fato de que este não o
demoliu, de que dois</c>
family:Liberation Sans">anos depois era celebrado como um político global, que com
ar respeitável</c>
family:Liberation Sans">recebia prêmios internacionais, sugere um bônus que o mero
estar-presente</c>
family:Liberation Sans">midiático traz consigo. Políticos que têm, devido a
escândalos, seus rostos</c>
family:Liberation Sans">constantemente iluminados pelos holofotes da atenção
pública tornam-se tão</c>
family:Liberation Sans">familiares ao público, tão humanos, demasiadamente humanos,
que na época</c>
family:Liberation Sans">das eleições este lhes agradece de forma especial.</c>
family:Liberation Sans">A l u t a pela atenção, que a alta pressão das notícias p r
o d u z na passagem</c>
family:Liberation Sans">para u m a compulsão generalizada à emissão, é uma luta
pelo "aí". As campanhas publicitárias das grandes firmas, a autoapresentação da
elite política, a</c>
family:Liberation Sans">aparição d t p o p s t a r s , constituem a sua versão de
luxo. Mas a alta pressão ocorre</c>
family:Liberation Sans">as noturnas, os programas de discussão, os talk sbows, e,
em cada evento, prestar</c>
family:Liberation Sans">atenção a t u d o o que se diz, mesmo às mais simples
frases, para que não se possa</c>
family:Liberation Sans">mudar seu sentido. Q u e m , de b o m grado, aceitaria t a
n t o estresse? Aparente-</c>
family:Liberation Sans">' JJ</c>
family:Liberation Sans">mente, apenas pessoas para quem o gozo d o p o d e r passou
a eqüivaler ao gozo</c>
family:Liberation Sans">da presença, e que se curvam a ele — o político — c o m o
antes os monges, ao</c>
family:Liberation Sans">reino dos céus. O gozo da presença etérea representa,
obviamente, o que K a n t</c>
family:Liberation Sans">5 8 i T c o m o se caracteriza o "sentimento d o s u b l i
m e ' : um prazer "que surge apenas indiretamente", "na medi1 I</c>
family:Liberation Sans">q u e a T m a n ã o apenas é atraída p e l o s o b j e t o
s mas a U c r n a d a m e n t e s e m p r e d e n o v o r e p e h d a .</c>
family:Liberation Sans">(I. K a n t , Kruik der UrJlskraft,</c>
family:Liberation Sans">B 75. Werke [Obras]. F r a n k f u r t : W, We.schedel,
s.d. vol. X, p. 329.</c>
family:Liberation Sans">59 "E desc i m a n e i r a os santificados alegrar-se-ão c
o m as penas dos ímpios: c o n t e m p l a r ã o neles a o r d e m da</c>
family:Liberation Sans">j ^ r i ç a d i v i n a c sua própria absolvição, c o m a
qual se regozijarão." ( T o m á s de A q u . n o ,</c>
family:Liberation Sans">tbeolog.c,</c>
family:Liberation Sans">S u p p l e m e n c u m , q. 94 a 3).</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>em todos os graus da escala social. A publicidade
distribuída d i a r i a m e n t e nas</c>
family:Liberation Sans">emissão. Porém não se resume ao econômico. Não estar "em
transmissão", não</c>
family:Liberation Sans">caixas de correio é testemunha disso, assim c o m o as m o
n t a n h a s dc manuscritos</c>
family:Liberation Sans">irradiar nada, torna-se, aparentemente, cada vez menos
tolerável, mesmo que</c>
family:Liberation Sans">que chegam às redações e que cada vez mais se assemelham a
essa publicidade.</c>
family:Liberation Sans">não esteja imediatamente associado à decadência nos
negócios ou ao desempre-</c>
family:Liberation Sans">Um cabeçalho mais chamativo, u m envelope excêntrico, u m a
h o m o n í m i a com</c>
family:Liberation Sans">go. O u de que outra maneira seria possível explicar esse
estranho magnetismo</c>
family:Liberation Sans">alguém já conhecido, tais detalhes irrelevantes p o d e m
ser decisivos para q u e</c>
family:Liberation Sans">que é irradiado dos talk shows, nos quais pessoas como você
ou eu são convidadas</c>
family:Liberation Sans">u m redator comece a ler um manuscrito, ou para que u m
empregador olhe com</c>
family:Liberation Sans">para, pelo menos uma vez, poder falar a partir de suas
entranhas e resolver seus</c>
family:Liberation Sans">mais cuidado para o formulário de u m candidato. E q u e m
está p r o c u r a n d o u m</c>
family:Liberation Sans">conflitos? O confessional, talk é uma ração de emergência
de todos os emissores</c>
family:Liberation Sans">emprego ou clientes precisa hoje de uma homepage -</c>
family:Liberation Sans">da mesma forma c o m o</c>
family:Liberation Sans">privados. A receita é mais simples do que se possa
imaginar. Pessoas comuns,</c>
family:Liberation Sans">outrora se precisava ter o n o m e na lista telefônica e
sob a campainha —, confec-</c>
family:Liberation Sans">donas de casa, aposentados, desempregados etc., são
encorajados a abrir sua estera</c>
family:Liberation Sans">cionada da maneira mais profissional possível e com uma
assinatura característica,</c>
family:Liberation Sans">mais íntima e a falar em tom pessoal em sessões de programa
com títulos como</c>
family:Liberation Sans">em palavras ou imagens: um logo. O s logos existiam, n o
começo, para fazer</c>
family:Liberation Sans">Agora chega, Eu o traí, Te odeio, Perdoe-me, Vamos começar
de novo. Que isso tem</c>
family:Liberation Sans">sobressaírem certos produtos como não intercambiáveis,
exclusivos em relação</c>
family:Liberation Sans">c o m o intenção atrair os curiosos e elevar os níveis de
audiência, é óbvio. Mas</c>
family:Liberation Sans">à massa de ofertas. O s especialistas chamam isso de
branding: a imagem, com a</c>
family:Liberation Sans">o que levaria uma multidão de pessoas a se inscrever em
tais talk shows para ser</c>
family:Liberation Sans">ambientação sonora, tem de ser tão marcante, que, por assim
dizer, estampa a</c>
family:Liberation Sans">objeto de exposição? As poucas centenas de reais pagos são
uma compensação</c>
family:Liberation Sans">ferro em brasa o sistema nervoso — se não n o primeiro
contato, então em u m a</c>
family:Liberation Sans">fraca demais para os embaraços nos quais os participantes
se colocam, mesmo</c>
family:Liberation Sans">repetição planejada. A marca da C o c a - C o l a , a
estrela da M e r c e d e s , a maçã</c>
family:Liberation Sans">. porque os envolvidos freqüentemente não têm noção das
conseqüências de suas</c>
family:Liberation Sans">da Apple conseguiram realizar isso exemplarmente. Já
representam clássicos da</c>
family:Liberation Sans">confissões e arroubos diante das câmeras. H á muito se sabe
da destruição de</c>
family:Liberation Sans">sensação — penetraram, por meio de um hábil branding, na
economia sensorial</c>
family:Liberation Sans">relações amorosas e de amizade, assim como das demissões,
como custos fixos</c>
family:Liberation Sans">coletiva. Em seguida, o signo identitário d o p r o d u t o
transforma-se n o da firma.</c>
family:Liberation Sans">de tais aparições. É assim tão mais surpreendente quão
pouco se espantam. Para</c>
family:Liberation Sans">Constrói-se, em torno do logo, a imagem que se deseja
fornecer para o público,</c>
family:Liberation Sans">ficarem "aí", completamente, custe o que custar, pelo menos
uma vez por alguns</c>
family:Liberation Sans">e ao logo se ligam campos associativos inteiros. A m e r c
a d o r i a * não deve apenas</c>
family:Liberation Sans">caros minutos no ar, pessoas deixam-se ser pressionadas por
perguntas delicadas</c>
family:Liberation Sans">deleitar, mas, ao mesmo tempo, proporcionar u m d e t e r m
i n a d o estilo de vida,</c>
family:Liberation Sans">feitas por apresentadores pegajosos, mesmo correndo o
perigo de estarem depois</c>
family:Liberation Sans">uma atitude, um pertencimento social. Ela passa, assim, a
marcar t a m b é m seus</c>
family:Liberation Sans">prontas para o seguro-desemprego ou para sessões de
psicoterapia. Ocorre apenas</c>
family:Liberation Sans">consumidores. O logo se estende de seus p r o d u t o s
para os indivíduos — u m</c>
family:Liberation Sans">que aqueles que se coagem a um confessional talk tão
autodestruidor estão ao</c>
family:Liberation Sans">desenvolvimento que obteve um n o v o i m p u l s o c o m a
I n t e r n e t . O logo não</c>
family:Liberation Sans">mesmo tempo praticando uma nova forma de autoconservaçáo,
que a compulsão</c>
family:Liberation Sans">corresponde mais apenas a um sinal de r e c o n h e c i m e
n t o daquele que adota o</c>
family:Liberation Sans">para emitir (,Sendezwang) tendencialmente impõe a todos.
São arautos, ainda</c>
family:Liberation Sans">estilo de vida y e que pertence à cena z. Sob a compulsão
generalizada à emissão,</c>
family:Liberation Sans">que atabalhoados; já interiorizaram exemplarmente a lição
do esse estpercipi,</c>
family:Liberation Sans">ele converte-se em um puro e simples sinal de identidade —
em u m sinal q u e</c>
family:Liberation Sans">mesmo se lhes faltam meios materiais ou espirituais para
aproveitar-se disso. São,</c>
family:Liberation Sans">faz com que eu esteja "aí". N ã o ter um logo significa de
agora adiante ficar sem</c>
family:Liberation Sans">por um lado, parvos. Por outro, adere-lhes a aura de terem
sido, ao menos uma</c>
family:Liberation Sans">nome, sem individualidade, sem p e r t e n c i m e n t o ,
em suma, perdido 6 0 .</c>
family:Liberation Sans">vez, por um momento, estrelas de televisão, como uma prova
de que na realidade</c>
family:Liberation Sans">não p o d e m ser parvos. Estar na programação não
corresponderia justamente</c>
family:Liberation Sans">Sem dúvida, existem inúmeras pessoas hoje que sobrevivem m
u i t o bem sem</c>
family:Liberation Sans">ao contrário de ser tolo ? O show business já reconheceu
essa irritação como um</c>
family:Liberation Sans">uma homepage ou logo. Mas seu n ú m e r o d i m i n u i ; o
novo estar-perdido, pelo</c>
family:Liberation Sans">novo fator de entretenimento: levar para diante das
câmeras, de forma que não</c>
family:Liberation Sans">contrário, está apenas começando e ainda chegando.
Economicamente falando,</c>
family:Liberation Sans">se saiba mais se estão no caminho de se tornar estrelas, ou
se prontos para levar</c>
family:Liberation Sans">ele traduz a incapacidade, para o mercado na era da
compulsão generalizada, à</c>
family:Liberation Sans">uma sova. As possibilidades subjacentes a isso podem ser
bem medidas no caso</c>
family:Liberation Sans">de u m a aposentada da Saxônia que, em uma disputa bizarra
com um vizinho,</c>
family:Liberation Sans">6 0 Mais c o m p l e t a m e n t e em C . Tiircke, Design
oder Nichtseín. D e r K a m p f u m s Logo. Frankfurter</c>
family:Liberation Sans">Rundschau,</c>
family:Liberation Sans">29 m a i o , 1999, p. Z B 3. Vale n o t a r o s u r g i m e
n t o de u m m o v i m e n t o c h a m a d o No Logol\ cf. c a p í t u l o
5</c>
family:Liberation Sans">deste volume.</c>
family:Liberation Sans">para decidir quem deveria cortar os galhos de uma árvore,
que cresciam por</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>cima de u m a cerca de arame, p r o n u n c i o u a
expressão "cerca de arame" em u m</c>
family:Liberation Sans">e espontânea vontade; uma vontade tão livre e espontânea
quanto a das mari-</c>
family:Liberation Sans">dialeto cômico, cuja o p o r t u n i d a d e u m d i r e t
o r de p r o g r a m a ç ã o aproveitou,</c>
family:Liberation Sans">posas voando em torno da lâmpada. Ninguém as coage. De um
ponto de vista</c>
family:Liberation Sans">deixando-a entrar ao vivo no ar. A resposta foi
avassaladora. A "cerca de arame"</c>
family:Liberation Sans">p u r a m e n t e técnico, poderiam muito bem desviar sua
rota de voo. A decisão é</c>
family:Liberation Sans">no dialeto da Saxônia foi rapidamente gravada em CD c o m u
m f u n d o musical;</c>
family:Liberation Sans">de cada um.</c>
family:Liberation Sans">a gravação do CD foi filmada; e, q u a n d o milhares de
curiosos f o r a m visitar e</c>
family:Liberation Sans">rodear a famosa casa com cerca de arame, e arrasando as
cercanias c o m seus</c>
family:Liberation Sans">a c a m p a m e n t o s predatórios, a senhora a m e d r o
n t a d a foi levada de avião para</c>
family:Liberation Sans">Integração: a outra face da exclusão</c>
family:Liberation Sans">um luxuoso hotel parisiense.</c>
family:Liberation Sans">O q u e é mais s u r p r e e n d e n t e a</c>
family:Liberation Sans">Um puro livre-arbítrio nunca houve. Hoje, uma compulsão a
emitir, tão intan-</c>
family:Liberation Sans">respeito da idéia de trancafiar u m g r u p o de pessoas p
o r cem dias em u m recin-</c>
family:Liberation Sans">gível q u a n t o crescente, soma-se a suas condições de
existência. Se a globaliza-</c>
family:Liberation Sans">to repleto de câmeras e microfones, ligados 24 horas,
talvez seja o fato de não</c>
family:Liberation Sans">ção microeletrônica possui uma marca, é esta. Q u e m não
quer falar dessa com-</c>
family:Liberation Sans">ter sido realizada antes. O chão midiático para t a n t o
já estava há m u i t o prepa-</c>
family:Liberation Sans">pulsão deve também se calar a respeito da emancipação, da
autodeterminação</c>
family:Liberation Sans">rado. N o entanto, o BigBrother</c>
family:Liberation Sans">marca u m novo grau na compulsão para emi-</c>
family:Liberation Sans">e da democracia. O desdobramento destas encontra-se
relacionado àquela. Mas</c>
family:Liberation Sans">tir (Sendezwang). O que é alarmante não é o que acontecia n
o recinto. Lá se</c>
family:Liberation Sans">essa compulsão possui aspectos ainda mais abrangentes do
que a sensação de</c>
family:Liberation Sans">arrastava apenas uma rotina banal de dar sono, e os
organizadores tiveram de</c>
family:Liberation Sans">ausência de pessoas que não têm e-mail, logo ou roupas de
marca, embora esse</c>
family:Liberation Sans">se esforçar m u i t o para tentar fazê-la interessante com
brincadeiras e atrações</c>
family:Liberation Sans">sentimento não deva ser subestimado. Os casos que se
acumulam, por exemplo,</c>
family:Liberation Sans">adicionais sem graça. O q u e é a l a r m a n t e é a
perspectiva q u e o Big</c>
family:Liberation Sans">Brother</c>
family:Liberation Sans">em São Paulo, de crianças de rua que, carentes, no mais
alto grau, de comida,</c>
family:Liberation Sans">descortina. Introduz-se aqui um novo gênero de jogo em
grupo, q u e p e d e por</c>
family:Liberation Sans">roupas e moradia, chegam a matar para conseguir um par de
tênis ou uma</c>
family:Liberation Sans">uma continuação sob condições ainda mais acentuadas. Já se
trabalha c o m a</c>
family:Liberation Sans">camisa de marca, não seriam tão enigmáticos se esse
sentimento fosse suficien-</c>
family:Liberation Sans">idéia de trancafiar pessoas em um espaço mais exíguo e
mantê-las em condições</c>
family:Liberation Sans">temente levado em consideração como uma realidade que está
adquirindo uma</c>
family:Liberation Sans">de maior privação. N ã o deve d e m o r a r m u i t o até
que diferentes descendentes</c>
family:Liberation Sans">força universal. Ao menos uma vez na vida estar "aí", como
a roupa de marca o</c>
family:Liberation Sans">do BigBrother</c>
family:Liberation Sans">lutem simultaneamente pelos índices de audiência. Mas
talvez</c>
family:Liberation Sans">p e r m i t e : tal ânsia pode ser facilmente reconhecida
como uma versão desespe-</c>
family:Liberation Sans">ainda se configurem cenários de uma ordem bem diferente. Em
abril de 2001,</c>
family:Liberation Sans">rada d o tema esse estpercipi. É claro, trata-se de um tema
dotado de dimensões</c>
family:Liberation Sans">lutou-se pela primeira vez nos Estados U n i d o s pelos
direitos de transmissão</c>
family:Liberation Sans">geopolíticas. A luta pelo "aí" também se dá entre lugares e
regiões. As bolsas</c>
family:Liberation Sans">de u m a execução. Desejava-se que, q u a n d o o
responsável pelo a t e n t a d o de</c>
family:Liberation Sans">de Nova York, Tóquio e Londres têm, por assim dizer, um
lugar cativo, por sua</c>
family:Liberation Sans">O k l a h o m a recebesse sua injeção letal, fosse possível
a c o m p a n h a r o evento ao</c>
family:Liberation Sans">presença midiática contínua. Inversamente, partes inteiras
do m u n d o ficam de</c>
family:Liberation Sans">vivo pela Internet, os recursos obtidos com isso indo para
os parentes das víti-</c>
family:Liberation Sans">fora, e, para saber quem, nesse caso, está "midiaticamente
morto", o relatório</c>
family:Liberation Sans">mas — e o próprio criminoso declarou-se, pelo m e n o s por
certo tempo, a favor</c>
family:Liberation Sans">anual de desenvolvimento do Banco Mundial não é uma má
referência. Para o</c>
family:Liberation Sans">da transmissão 61 . Dessa vez a Justiça ainda foi contra,
mas que, com o próximo</c>
family:Liberation Sans">ano de 1997, calculam-se "133 países com mais de 1 milhão
de habitantes". N o</c>
family:Liberation Sans">criminoso célebre, a pressão será aumentada, é tão certo q
u a n t o a dinâmica q u e</c>
family:Liberation Sans">e n t a n t o , "Afeganistão, Bósnia, Iraque, Irã, C u b
a , Coréia d o N o r t e e outras</c>
family:Liberation Sans">assegura que a compulsão à emissão institucional e pessoal
se reforcem mutua-</c>
family:Liberation Sans">tantas 20 nações ao Sul do Saara não estão incluídas nas
estatísticas. Outras</c>
family:Liberation Sans">mente. À luz disso, o BigBrother</c>
family:Liberation Sans">dá a impressão de ser um palco de ensaio para</c>
family:Liberation Sans">c o m o o Iêmen, o Camboja, Haiti, Laos, Líbano, assim como
todos os Estados</c>
family:Liberation Sans">jogos de gladiadores ainda imprevisíveis. Em t o d o caso,
candidataram-se ins-</c>
family:Liberation Sans">desmembrados da antiga União Soviética e a Iugoslávia,
apresentam mais que-</c>
family:Liberation Sans">tantaneamente mais de 20 mil pessoas para esse palco.
Entenda-se bem, de livre</c>
family:Liberation Sans">sitos em branco (isto é, 'dados não disponíveis') do que
percentuais". "Há 40,</c>
family:Liberation Sans">Isso aconteceu ainda antes d o BigBrother.</c>
family:Liberation Sans">50, ou possivelmente até 80 países' no m u n d o para os
quais ou não existem</c>
family:Liberation Sans">dados, ou, se os há, estão cheios de lacunas, não são
confiáveis, já caducaram,</c>
family:Liberation Sans">61 C f . G . S c h õ n , " S t e r b c n vor l a u f c n d
c r Kamera" Frankfurter Rundschau, 23 abr., 2001, p. 13; a respeito, ver</c>
family:Liberation Sans">C . Tiircke, " D i c mysthische Angst, nichc dabei zu
sein", DieZeit,</c>
family:Liberation Sans">20 abr., 2001, p. 38.</c>
family:Liberation Sans">ou são puramente virtuais."</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Qual a estatística que dá conta das áreas sob
controle da Unita angolana, do</c>
family:Liberation Sans">Mujahedin afegão, do Khmer Vermelho, do Sendcro Luminoso,
do Tuareg saanano,</c>
family:Liberation Sans">dos zapatistas mexicanos, do Cartel de Medellín, do GIA
Argelino, dos Tigres de Libertarão de Tamil, dos War Lords da Somália, do PKK
curdo, do Hesbolá? Para nao</c>
family:Liberation Sans">falar da Caxemira, do Sul do Sudão, dos Estados do Chan,
das favelas,shaty-towns,</c>
family:Liberation Sans">Bidonvilles e slums nas periferias das megalópoles
asiáticas, l a t i n o - a m e r i c a n a s e</c>
family:Liberation Sans">africanas. No meio da África, há uma única zona de guerra,
desde Angola, passando</c>
family:Liberation Sans">pelo Congo, Ruanda, Burundi, e chegando até o Sul do Sudão
e além, até a Ettópia e</c>
family:Liberation Sans">a Eritréia, onde a distinção clássica entre guerra e guerra
civil não mais se aplica. As</c>
family:Liberation Sans">marcas brancas no mapa, a nova terra incógnita, crescem
62 .</c>
family:Liberation Sans">a falta de orientação, a migração e o êxodo fazem parte de
seu dia a dia. Q u a n d o tais áreas repentinamente caem sob os holofotes da
opinião pública, isso</c>
family:Liberation Sans">se dá, na maioria das vezes, de uma forma tão brutal q u a
n t o a ignorância sob</c>
family:Liberation Sans">a qual antes vegetavam: por meio de terremotos, secas
catastróficas, surtos</c>
family:Liberation Sans">epidêmicos, massacres. E para chamar a atenção à sua
miséria sobram quase</c>
family:Liberation Sans">sempre apenas poucas alternativas para os grupos de
resistência e minorias:</c>
family:Liberation Sans">t o m a r reféns, seqüestrar aviões, fazer greves de fome
ou ataques a bomba.</c>
family:Liberation Sans">O seqüestro de turistas ocidentais nas Filipinas, promovido
pelo G r u p o</c>
family:Liberation Sans">Abu Zayyaf, os protestos para a libertação de Òcalan ou a
retirada de Milosevic, a ocupação da plataforma da Brent-Spar pelo Greenpeace ou de
um hospi-</c>
family:Liberation Sans">Q u e a globalização consistisse em u m a interligação q u
e cobrisse, p o r meio</c>
family:Liberation Sans">das telecomunicações, toda a Terra, é s i m p l e s m e n t
e u m absurdo. Já a p r ó p r i a</c>
family:Liberation Sans">metáfora da "rede" a desmente. Redes possuem linhas e nós,
m a s entre eles há</c>
family:Liberation Sans">bastante ar. Isso t a m b é m é válido g e o p o l i t i c
a m e n t e . C o m o antes, são as metrópoles e os centros econômicos que
concentram os p o n t o s nodais das telecomunicações. E n e m m e s m o eles são h
o m o g ê n e o s . Já as favelas nas periferias</c>
family:Liberation Sans">das megacidades, verdadeiros formigueiros h u m a n o s ,
são antes marcas b r a n cas d o p o n t o de vista das telecomunicações. E mais a
i n d a as extensas áreas</c>
family:Liberation Sans">despovoadas entre as metrópoles. Visto globalmente, o êxodo
rural a i n d a está</c>
family:Liberation Sans">tal pelos rebeldes chechenos, a campanha publicitária da
Benetton ou a camp a n h a p o l í t i c a usual: esses são f e n ô m e n o s f u n
d a m e n t a l m e n t e diferentes.</c>
family:Liberation Sans">N ã o obstante, a compulsão generalizada para emitir
coloca-os todos no mesm o saco. C h a m a r a atenção, para não sucumbir: esse é o
imperativo, quase</c>
family:Liberation Sans">categórico, que todos seguem, ainda que cada um à sua
maneira. Ele não contribui p o u c o para que a "integração" tenha ascendido à
posição de um dos</c>
family:Liberation Sans">t e r m o s m e n o s contestados, como um objetivo e algo
desejável, das ciências</c>
family:Liberation Sans">sociais e da política — para além de todas as fronteiras
partidárias. Não ser</c>
family:Liberation Sans">percebido significa estar de fora, e estar de fora é como
estar m o r t o em um</c>
family:Liberation Sans">c o r p o vivo — incompatível com a dignidade humana. C o n
s e q u e n t e m e n t e ,</c>
family:Liberation Sans">a u m e n t a n d o . Até se levando em c o n t a a
crescente m o b i l i d a d e das estações de</c>
family:Liberation Sans">temos de incluir todos: os idosos e os enfermos, os
desempregados e os presi-</c>
family:Liberation Sans">transmissão, o fato de p o d e r levar u m c o m p u t a d
o r na pasta para o n d e q u e r</c>
family:Liberation Sans">diários, os que pensam e os que agem diferente. A
integração converteu-se em</c>
family:Liberation Sans">que seja, q u e m tem esse privilégio não vai "aonde quer q
u e seja". Pode m u i t o</c>
family:Liberation Sans">sinônimo de salvação e humanidade — esquecendo-se de que,
ainda há algumas</c>
family:Liberation Sans">bem ir ao Caribe, à Toscana ou às ilhas Baleares, para de
lá, de u m confortável</c>
family:Liberation Sans">poucas décadas, o conceito circulava com um sentido
contrário. Ainda n o úl-</c>
family:Liberation Sans">ambiente, realizar d e t e r m i n a d o trabalho e enviá-
lo p o r e-mail, mas não vai à</c>
family:Liberation Sans">timo A d o r n o , pode-se ler: " O genocídio representa a
integração absoluta, que</c>
family:Liberation Sans">Sibéria ou a Ruanda, à Caxemira ou ao Afeganistão. Tais
regiões estão m o r t a s</c>
family:Liberation Sans">é preparada por toda parte onde os homens são feitos
intercambiáveis, 'ralados',</c>
family:Liberation Sans">midiaticamente, não necessariamente p o r q u e não haveria
lá estações de trans-</c>
family:Liberation Sans">c o m o são chamados entre os militares, até que,
diferenciados do conceito de</c>
family:Liberation Sans">missão. Mas p o r q u e n ã o d i s p õ e m d o m í n i m o
de i n f r a e s t r u t u r a , aos quais</c>
family:Liberation Sans">sua total nulidade, sejam literalmente exterminados.
Auschwitz comprova a</c>
family:Liberation Sans">programas de ajuda, investimentos e relações comerciais
pudessem razoavel-</c>
family:Liberation Sans">proposição filosófica da pura identidade com a
morte'</c>
family:Liberation Sans">mente se conectar. E o n d e falta esse m í n i m o não é
possível m e d i r estatistica-</c>
family:Liberation Sans">Q u e m escreve assim é alguém que por m u i t o pouco
escapou do processo</c>
family:Liberation Sans">mente necessidades e carências, retratá-las, torná-las m i
d i a t i c a m e n t e conce-</c>
family:Liberation Sans">de uniformização social total chamado pelos nazistas de
"pôr na linha". Nos</c>
family:Liberation Sans">bíveis. Elas subtraem-se à percepção da esfera pública n o
â m b i t o m u n d i a l . A</c>
family:Liberation Sans">Estados Unidos, a terra democrática que salvou Adorno teve
então de descobrir</c>
family:Liberation Sans">região como um t o d o fica desprovida de u m "aí". T a n t
o mais terrível é, via de</c>
family:Liberation Sans">igualmente tendências de pôr as pessoas na linha, m u i t o
menos brutais, sem</c>
family:Liberation Sans">regra, o seu aqui e agora, sem o suporte de u m sistema
regulado para a distri-</c>
family:Liberation Sans">dúvida, mas não menos abrangentes. Paradigmático para A d o
r n o foi o fenô-</c>
family:Liberation Sans">buição de alimentos, para a saúde, a educação ou o direito.
A fome, a doença,</c>
family:Liberation Sans">m e n o da indústria cultural, que trazia ao m u n d o
artefatos de cultura concebi-</c>
family:Liberation Sans">2 U. Mcnzcl, Die weifien Flecken aufder Landkarte</c>
family:Liberation Sans">Frankfurter Rundschau, 31 maio, 2000, p. 9.</c>
family:Liberation Sans">nehmen zu. "Übcr das Vcrschwindcn der Drittcn
Wclr",</c>
family:Liberation Sans">63 Th. \V. Adorno, NegariveDialcktik,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>dos desde o princípio c o m o mercadorias de c o n s
u m o de massa, isto e, u n i f o r -</c>
family:Liberation Sans">E, não obstante, lembra-se com isso de algo importante: que
a integração</c>
family:Liberation Sans">mizados, assim c o m o carros ou geladeiras: confeccionados
com clichês e frases</c>
family:Liberation Sans">social não era, em seu princípio, de maneira alguma um
idílio — sem dúvida,</c>
family:Liberation Sans">feitas, q u e marcavam os p r o d u t o s c o m o a p t o s
p a r a o c o n s u m o ligeiro, e se</c>
family:Liberation Sans">m e l h o r do que ser expulso da coletividade, o que
significava a morte, mas ain-</c>
family:Liberation Sans">i m p u n h a m ao c o n s u m i d o r c o m o esquemas
para a percepção e para o pensa-</c>
family:Liberation Sans">da assim não deixando de ser uma imensa coerção. Crescia-
se, sem ser consul-</c>
family:Liberation Sans">mento. Q u a n d o A d o r n o , sob essa impressão, f o r
m u l o u : "A cultura hoje i m p õ e</c>
family:Liberation Sans">tado, sob a u n i f o r m i d a d e dos medos e traumas por
meio dos quais o terror</c>
family:Liberation Sans">a semelhança a tudo" 6 4 , reverberava o h o r r o r diante
d o "pôr na linha" nacional-</c>
family:Liberation Sans">natural estruturava o sistema nervoso do Homo sapiens. Era-
se violentamente</c>
family:Liberation Sans">socialista. Mesmo uma estrutura em miniatura da SA e da SS
parecia ser encontrá-</c>
family:Liberation Sans">a c o s t u m a d o a participar nos rituais de sacrifício,
caça, iniciação e conjuração,</c>
family:Liberation Sans">vel nos Estados Unidos: os rackets. Assim se chamavam os b
a n d o s c as gangues</c>
family:Liberation Sans">com os quais o g r u p o procurava d o m a r tal terror 6 7
. Oferecia-se p r o t e ç ã o e</c>
family:Liberation Sans">que ameaçavam os estabelecimentos comerciais de Chicago,
Nova York ou Sao</c>
family:Liberation Sans">compensação aos indivíduos, e ainda assim de forma muito
desigual, apenas</c>
family:Liberation Sans">Francisco com sua proteção forçada. Mas poderia receber
esse n o m e qualquer</c>
family:Liberation Sans">na m e d i d a em que estes se submetessem a esses
procedimentos de adaptação.</c>
family:Liberation Sans">tipo de g r u p o jurado, de uma agremiação esportiva até u
m cartel, desde q u e so</c>
family:Liberation Sans">É claro, os escravos eram integrados às sociedades
escravocratas, sendo, afinal,</c>
family:Liberation Sans">conhecesse dois tipos básicos de diferenciação n o m u n d
o : a de c i m a e a de</c>
family:Liberation Sans">seus principais produtores; o mesmo dava-se com os servos
da gleba na socie-</c>
family:Liberation Sans">baixo, e a de d e n t r o e a de fora. H o r k h e i m e r
t e n t o u m e s m o , p o r u m c u r t o</c>
family:Liberation Sans">dade feudal e o proletariado, na capitalista. Não eram
excluídos da sociedade,</c>
family:Liberation Sans">período, caracterizar o racket c o m o "a f o r m a f u n d
a m e n t a l de d o m i n a ç ã o " 6 5 ,</c>
family:Liberation Sans">mas apenas de suas compensações decisivas. Q u e esse
simples fato, hoje, não</c>
family:Liberation Sans">que teria começado com a h o r d a h u m a n a p r i m o r
d i a l estendendo-se desde "o</c>
family:Liberation Sans">seja mais óbvio, que por toda parte se entenda pelo termo
"integração" apenas</c>
family:Liberation Sans">sussurro n o conselho dos anciãos das tribos primitivas até
os e n t e n d i m e n t o s</c>
family:Liberation Sans">u m fator secundário — ou seja, o c o n j u n t o de
possibilidades de seguridade,</c>
family:Liberation Sans">entre os industriais e o Exército nos clubes ou salas de
conferência". " O racket</c>
family:Liberation Sans">benefícios ou organizações coletivas que uma sociedade
proporciona a seus</c>
family:Liberation Sans">deixou sua marca, até hoje, em t o d o s os f e n ô m e n o
s sociais; exerceu d o m í n i o</c>
family:Liberation Sans">m e m b r o s — e não mais o fator primário de uma
adaptação forçada, que lhe</c>
family:Liberation Sans">c o m o racket do clero, da vila, dos ocupantes, da raça,
dos h o m e n s , dos adultos,</c>
family:Liberation Sans">antecede, está relacionado com a natureza da moderna
socialização capitalista</c>
family:Liberation Sans">da família, da polícia, dos criminosos e, m e s m o d e n t
r o dessas organizações,</c>
family:Liberation Sans">que p r o m o v e uma certa confusão deliberada com as
realizações de sua inte-</c>
family:Liberation Sans">c o m o racket individual contra o resto do círculo" 6 6 .
N o e n t a n t o , H o r k h e i m e r</c>
family:Liberation Sans">gração. Em sua fase de emergência, ela foi primeiramente
uma sociedade que</c>
family:Liberation Sans">deixou essas anotações em uma gaveta, talvez p o r ter n o
t a d o que se c o l o c a m</c>
family:Liberation Sans">agia de maneira brutalmente desagregadora. Retirou uma
parte considerável</c>
family:Liberation Sans">as coisas de cabeça para baixo q u a n d o se p r o p õ e u
m e p i f e n ô m e n o da organização social capitalista — ou seja, que os
indivíduos desenraizados, arrancados</c>
family:Liberation Sans">dos contextos hereditários da família e do trabalho, e em
busca de apoio m ú t u o ,</c>
family:Liberation Sans">se juntam em grupos f i r m e m e n t e organizados — c o m
o sendo u m f e n ô m e n o</c>
family:Liberation Sans">primordial da socialização d o m i n a d o r a . Essa
inversão inflaciona o conceito de</c>
family:Liberation Sans">racket, torna-o tão pouco específico que a formação de
grupos e de gangues não</c>
family:Liberation Sans">mais p o d e ser diferenciada, a tal p o n t o que, por
fim, os próprios m e m b r o s d o</c>
family:Liberation Sans">instituto de H o r k h e i m e r deveriam ser considerados
c o m o rackets-, não se contribui, assim, n e m para a sociologia dos meios à la
Al C a p o n e , n e m p a r a a</c>
family:Liberation Sans">compreensão das estruturas arcaicas de d o m i n a ç ã o e
de afinidade c o m o algo</c>
family:Liberation Sans">da p o p u l a ç ã o rural da terra de seus ancestrais e
separou os trabalhadores de</c>
family:Liberation Sans">seus i n s t r u m e n t o s de trabalho, mas também o
avaro de suas posses, o nobre</c>
family:Liberation Sans">de suas p r o p r i e d a d e s de família, o cavalariço do
e q u i p a m e n t o militar mais</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n o , assolando as estruturas tradicionais da
nobreza, guildas, cidades,</c>
family:Liberation Sans">vilarejos e famílias 68 . O p o n t o a partir do qual esse
turbilhão se formou era o</c>
family:Liberation Sans">velho e conhecido mercado, mas com uma nova função: não
mais como local</c>
family:Liberation Sans">para a troca de mercadorias, mas como instância de
socialização. Gradualmente, foi s u g a n d o a p o p u l a ç ã o c o m o um t o d
o para d e n t r o de si, o b r i g a n d o a</c>
family:Liberation Sans">maioria não apenas a oferecer algo, mas também a colocar a
si próprio à venda,</c>
family:Liberation Sans">a p r ó p r i a força de trabalho isolada. O mercado
começou, assim, a regular o</c>
family:Liberation Sans">concreto.</c>
family:Liberation Sans">64 M . H o r k h e i m e r e Th. W . A d o r n o ,
Dialektik</c>
family:Liberation Sans">der Aufklàrung,</c>
family:Liberation Sans">6 5 M . H o r k h e i m e r , Die Rackets und der Geist —
Ges. Schriften.</c>
family:Liberation Sans">F r a n k f u r t , 1985, vol. 12. p. 287.</c>
family:Liberation Sans">6 7 S o b r e isso, cf. capítulo 3 deste volume.</c>
family:Liberation Sans">6 8 O " p r o c e s s o d e separação d o t r a b a l h a d
o r da posse d o s meios d e p r o d u ç ã o - ainda é u m a chave central</c>
family:Liberation Sans">par e n t e n d e r a m o d e r n a f o r m a ç ã o social.
C o m ele c o m e ç a a q u i l o q u e Marx d c n o m . n a a c h a m a d
a</c>
family:Liberation Sans">a c u m u l a ç ã o primitiva" ( K . M a r x , Das KapUal,
MF.W 23, 1962. vol 1, p. - 4 2 ) . Ela e n t r o u para os anais</c>
family:Liberation Sans">da h u m a n i d a d e c o m traços de s a n g u e e fogo"
( p . 743). Para uma a b o r d a g e m ma.s c o m p l e t a , ct. cap.rulos 2 c 4 d
e s t e v o l u m e .</c>
family:Liberation Sans">66 Idem, o p . cit.. p. 291.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>processo cie trabalho da sociedade c o m o u m t o d
o . É possível falar de u m a "era</c>
family:Liberation Sans">descrevem as ocorrências de loucura, histeria e
criminalidade, pode desvelar</c>
family:Liberation Sans">moderna" a partir do m o m e n t o em q u e o potencial de
sucção d o m e r c a d o se</c>
family:Liberation Sans">mais sobre a constituição da razão moderna do que a
interpretação de todos</c>
family:Liberation Sans">torna a principal força de integração da sociedade. Graças
a tal força, o merca-</c>
family:Liberation Sans">os textos filosóficos de referência.</c>
family:Liberation Sans">do cuida para que os homens p o n h a m à venda a si
próprios ou suas mercadorias,</c>
family:Liberation Sans">E n t r e t a n t o , a história dc formação dessa razão só
pode ser coerentemente</c>
family:Liberation Sans">mas não garante que elas sejam vendidas. O n d e há c o m p
r a , há t a m b é m escolha.</c>
family:Liberation Sans">escrita c o m o uma história da exclusão se a natureza das
medidas de disciplina-</c>
family:Liberation Sans">O que é visto c o m o inútil é deixado de lado c o m o
invendável. Esta é a versão</c>
family:Liberation Sans">rização, internação e quartelização, tão brilhantemente
descritas por Foucault,</c>
family:Liberation Sans">mercadológica d o d i t o bíblico s e g u n d o o qual " m
u i t o s são c h a m a d o s , m a s</c>
family:Liberation Sans">ficar clara — mais clara do que no próprio Foucault</c>
family:Liberation Sans">p o u c o s são os escolhidos". Assim c o m o lacunas f a z
e m p a r t e d o m e r c a d o , a</c>
family:Liberation Sans">uma adaptação elementar e violenta dos indivíduos a
coerções sociais, mas são,</c>
family:Liberation Sans">falta d o extremamente necessário, assim t a m b é m o
excesso d o supérfluo. M a s</c>
family:Liberation Sans">c o n t u d o , uma integração ao segundo grau: reações à
coerção seletiva do mer-</c>
family:Liberation Sans">o que fica ocioso, o que não é "escolhido", precisa, ainda
assim, n u m m o m e n t o</c>
family:Liberation Sans">cado. A integração, porém, que por sua vez precede essa
coerção, a primária, a</c>
family:Liberation Sans">anterior, ter sido "chamado". O p o d e r de seleção d o m
e r c a d o t e m c o m o pre-</c>
family:Liberation Sans">de "ser chamado" ao mercado, a obrigação de lá oferecer
algo, ou a si próprio,</c>
family:Liberation Sans">condição o p o d e r de integração.</c>
family:Liberation Sans">tornou-se, p o r um lado, tão óbvia, e por outro, tão
abstrata — não há ninguém</c>
family:Liberation Sans">Representam, sem dúvida,</c>
family:Liberation Sans">É i m p o r t a n t e levar em consideração essa s e q ü ê
n c i a , caso se q u e i r a fazer</c>
family:Liberation Sans">c o n c r e t a m e n t e que obrigue ou chame, vai-se p o
r si só, por assim dizer, de</c>
family:Liberation Sans">produtiva aquela visão a respeito da tecnologia social de
exclusão, com a qual</c>
family:Liberation Sans">espontânea vontade — que suas conseqüências violentas
ameaçam tornar-se</c>
family:Liberation Sans">Foucault enriqueceu a teoria social, q u a n d o analisou c
o m o a sociedade europeia</c>
family:Liberation Sans">começou, desde o século XVI, a separar loucos de "sãos", d
o e n t e s de "saudáveis", delinqüentes de "normais" 6 9 . Os m o d e r n o s c o
n c e i t o s de razão, saúde e</c>
family:Liberation Sans">normalidade foram constituídos, segundo Foucault, n o
rastro desse processo</c>
family:Liberation Sans">de exclusão. Seu m o d e l o não dito, e n u n c a c l a r
a m e n t e desenvolvido m e s m o</c>
family:Liberation Sans">por Foucault, é a racionalidade selecionadora d o m e r c a
d o : o q u e não tem uso</c>
family:Liberation Sans">é deixado de lado. O r a , um fardo de palha ou u m c a r r
e g a m e n t o de m i l h o q u e</c>
family:Liberation Sans">fiquem parados, m o f a n d o em armazém, não representam
um problema real para</c>
family:Liberation Sans">essa racionalidade. Em contrapartida, uma multidão de
homens, dos quais foram</c>
family:Liberation Sans">arrancadas as condições ancestrais de subsistência, que são
considerados inúteis</c>
family:Liberation Sans">para o processo produtivo, não p o d e ser armazenada assim
tão facilmente. Toda</c>
family:Liberation Sans">uma administração, u m a terapêutica e o c o n j u n t o
das ciências h u m a n a s têm de</c>
family:Liberation Sans">invisíveis. Mas nesse caso o olhar para a interpenetração
específica da integração</c>
family:Liberation Sans">e exclusão já se turvou. E fica ainda mais turvo quando o
processo mundial de</c>
family:Liberation Sans">desregulamentação passa a ser sinônimo de desintegração. É
impossível negar que</c>
family:Liberation Sans">a desagregação é evidente, seja ela a do bloco soviético,
do estado de bem-estar</c>
family:Liberation Sans">social, das metrópoles, da esfera pública. Todavia, tudo o
que está desmoronando</c>
family:Liberation Sans">aqui são integrações secundárias, e uma teoria social que
tematize apenas tais</c>
family:Liberation Sans">esfacelamentos, p o r q u e o poder de integração primário,
a força de sucção do</c>
family:Liberation Sans">mercado, lhe é incompreensível em todos os sentidos da
palavra, comporta-se</c>
family:Liberation Sans">c o m o uma psicanálise que optasse apenas por tratar de
processos secundários</c>
family:Liberation Sans">d o espírito, p o r q u e os primários lhe pareceriam por
demais insondáveis. Ela</c>
family:Liberation Sans">abre m ã o de sua própria base, impossibilitando a
abordagem dos nexos mais</c>
family:Liberation Sans">decisivos: que somente pode ser excluído aquele que
anteriormente já estava</c>
family:Liberation Sans">i n t e g r a d o às coerções do g r u p o c o m o um t o d
o ; que a exclusão hoje ocorre</c>
family:Liberation Sans">ser desenvolvidos para acalmá-los: por meio de e n t o r p
e c i m e n t o , instituições</c>
family:Liberation Sans">fechadas e medidas disciplinares e de ressocialização. Isso
c o r r e s p o n d e t a n t o</c>
family:Liberation Sans">às primeiras grandes tentativas de domesticação da
racionalidade mercantil</c>
family:Liberation Sans">q u a n t o aos primeiros passos para sua concretização
total na sociedade. C o m o</c>
family:Liberation Sans">o poder de seleção do mercado não tem controle sobre si
próprio, ele tem de ser</c>
family:Liberation Sans">traduzido no poder de definição da justiça, pedagogia,
psiquiatria e medicina.</c>
family:Liberation Sans">O estudo dessa tradução, das práticas de admissão e
internação, da m e d i c a ção e da formação dos conceitos científicos, que t a n t
o criam q u a n t o t r a t a m e</c>
family:Liberation Sans">6 9 M . F o u c a u l t , D i e Geburt der Klinik, F r a n
k f u r t , 1976; Wahsmnn</c>
family:Liberation Sans">chen und Strafen, F r a n k f u r t , 1976.</c>
family:Liberation Sans">und Gesellschaji, F r a n k f u r t , 1973;</c>
family:Liberation Sans">Überwa-</c>
family:Liberation Sans">7 0 O e n t u s i a s m o persistente que Foucault tem
gerado se deve, além d a g r a n d e q u a n t i d a d e de material histórico q u
e apresenta, e d o olhar que se move por diversas disciplinas, a falta de clareza
recorrente e exc.tante, q u e se foz sentir em todos os níveis de sua obra, a
respeito de uma questão de base decisiva: , a razao um</c>
family:Liberation Sans">p o d e r de seleção o u o p o d e r de seleção, apenas seu
atributo? E a diferenciação entre razao e msanidade ela</c>
family:Liberation Sans">m e s m a insana, ou tornaram-se insanamente d i f e r e n
ç a d a s apenas no p e n e d o m o d e r n o ? É ^ a d c d</c>
family:Liberation Sans">saber, na verdade, vontade de poder, o u a verdade surge c
o m o desenvolvimento d a vontade</c>
family:Liberation Sans">p r ó p r i a 5 Essa fale, de clareza não é realmente
necessária. A Dialética negaUva, de A d o r n o p o r exemplo.</c>
family:Liberation Sans">Mofe</c>
family:Liberation Sans">ia possibilidade d e pensar a razão c o m o uma mstància
que. com e f e u o . nao p o d e f u n a o n a r sem</c>
family:Liberation Sans">u m p o d e r dc identificação e seleção. mas que é ao
mesmo t e m p o capaz de se elevar sobre s, mesma O lane, to d e Foucault, p o u c
o antes de sua m o r t e , de não ter a p r i m o r a d o seu arsenal c o n c e i t
u a i com o d a</c>
family:Liberation Sans">Z Z Crítica, c o m o qual teria m u i t a afinidade, p o d
e referir-se a isto: "Se tivesse c o n h e c i d o a Escola de</c>
family:Liberation Sans">k^r</c>
family:Liberation Sans">hora certa, isso me teria e c o n o m i z a d o m u i t o
trabalho. N ã o teria d , t o algumas besteiras e nao</c>
family:Liberation Sans">o caminho." (Michel Foucault, Gcspràcb mit Gérard Raulet.
Spuren, 1983. vol. 1, P . 2 , ) .</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>sempre dentro da sociedade, e que os desempregados e
os e sem-teto, longe dc</c>
family:Liberation Sans">estarem excluídos do mercado, são aqueles q u e estão mais
d e s p r o t e g i d a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">cer, fazer c o m o os outros, ficar por dentro, seguir a
moda, revela que a h o m o -</c>
family:Liberation Sans">sujeitos às suas coerções, q u a n t o m e n o s p a r t i
c i p e m de seus benefícios; q u e ser</c>
family:Liberation Sans">geneização completa já não é algo que o assuste
minimamente, e então, coloca-</c>
family:Liberation Sans">excluído p o d e significar t a n t o um vagar incessante q
u a n t o o e n c l a u s u r a m e n t o</c>
family:Liberation Sans">se a questão sobre a razão disso: Por que na era da
desregulamcntação desen-</c>
family:Liberation Sans">em prisões, asilos, clínicas e instituições de
retenção.</c>
family:Liberation Sans">freada nao há mais homogeneização ou por que sua forma
microeletrônica se</c>
family:Liberation Sans">Se por um lado, n o r m a l m e n t e , é m e l h o r ter t
r a b a l h o d o q u e ser desempre-</c>
family:Liberation Sans">t o r n o u tão abrangente e óbvia, que praticamente não é
mais percebida?</c>
family:Liberation Sans">gado, ter assistência do que ser deixado à m í n g u a , e
se a prática política e social</c>
family:Liberation Sans">é n u m p r i m e i r o m o m e n t o instada a p r e s t a
r p r i m e i r o s socorros e a fornecer,</c>
family:Liberation Sans">para aqueles que sofrem mais d i r e t a m e n t e a
violência social primária, as com-</c>
family:Liberation Sans">Sensation</c>
family:Liberation Sans">seeking</c>
family:Liberation Sans">pensações q u e se façam necessárias, p o r o u t r o lado
é fatal concluir-se apressadamente que a integração seria em si boa, e a exclusão,
má. A integração sempre</c>
family:Liberation Sans">A compulsão à emissão não é qualquer uma. Ela corresponde à
força de sucção</c>
family:Liberation Sans">se deu de forma compulsória, antes de tornar-se algo a se
buscar, assim c o m o ,</c>
family:Liberation Sans">d o mercado sob condições microeletrônicas. Não se trata,
necessariamente, de</c>
family:Liberation Sans">inversamente, o tabu sempre representou um "ser marcado",
em um d u p l o sen-</c>
family:Liberation Sans">vestir uniformes ou andar em passos sincronizados, mas sim
de estar "ligado",</c>
family:Liberation Sans">tido: t a n t o ser excluído q u a n t o estar em
evidência. O assassino distinguia-se</c>
family:Liberation Sans">em condições de emitir. C o m isso, o alemão
Gleichschaltung, o "pôr na linha",</c>
family:Liberation Sans">pelo apedrejamento, o xamã, pela santificação. A a m b i g
ü i d a d e d o ser m a r c a d o</c>
family:Liberation Sans">recupera algo de seu sentido técnico original, deixando
entrever algo de seu</c>
family:Liberation Sans">alcance f u t u r o . E da mesma forma que a força
integradora do mercado nunca</c>
family:Liberation Sans">não p o d e ser ignorada na história d o s g r a n d e s c
o n f l i t o s da h u m a n i d a d e . Se</c>
family:Liberation Sans">0 b a n i d o não entendesse a e x c o m u n h ã o t a m b
é m c o m o distinção, sua perseg u i d o t a m b é m c o m o grande eleição c
prova, os p r o f e t a s d o Velho Testamento nao tc11,11)1 existido, nem <>
cristianismo p r i m i t i v o , n e m a R e f o r m a , n e m</c>
family:Liberation Sans">mesmo n pro/cthilt,</c>
family:Liberation Sans">ou «, lema</c>
family:Liberation Sans">/ i / a i s beautifar.</c>
family:Liberation Sans">E q u e até a Estrela de Davi</c>
family:Liberation Sans">nao esteja livre dessa ambigüidade foi algo q u e Ruth
Klüger, uma sobrevivente</c>
family:Liberation Sans">d. A um h w i t / . vivetu iou d.i foi ma mais
impressionante na escola, em V i e n a :</c>
family:Liberation Sans">foi s o m e n t e econômica, nunca d e c i d i n d o apenas
a respeito do trabalho ou</c>
family:Liberation Sans">desemprego, mas sempre também sobre uma aceitação ou
rejeição, em certo</c>
family:Liberation Sans">sentido, então, sobre o ser ou não ser, assim também essa
pressão ontológica</c>
family:Liberation Sans">sob condições de uma compulsão generalizada para a emissão
adquiriu uma</c>
family:Liberation Sans">forma estética. Dito inversamente: a estética ganhou u m
peso ontológico como</c>
family:Liberation Sans">nunca tivera. Isso t a m b é m faz parte do esse
estpercipi. Essa frase expressa não</c>
family:Liberation Sans">apenas a ontologia paradoxal da era microeletrônica, que
uma existência sem</c>
family:Liberation Sans">I I " ditcioi veio pessoalmente para.. sala c nos explicou
a saudação hitlerista.</c>
family:Liberation Sans">presença eletrônica é u m aqui e agora sem um "aí", um não
ser em um corpo</c>
family:Liberation Sans">1 l « l . , / i , o K , sto p.u .1 nós, e a turma imitava,
mas as crianças judias, elas t i n h a m</c>
family:Liberation Sans">vivo; t a m b é m aponta o que isso significa para a
fisiologia da percepção. Sem</c>
family:Liberation Sans"><!' I'.... sentadas no f u n d o c nao saudar. [...| Na
aula de educação artística os</c>
family:Liberation Sans">dúvida, o emitir não é uma via de mão única. O n d e se
emite também se recebe.</c>
family:Liberation Sans">a l e g a s aprendiam a cola. st.ást k as (citas de papéis
coloridos; nós, de q u a t r o a</c>
family:Liberation Sans">Mas se as estações de emissão são também estações de
recepção, então o esse est</c>
family:Liberation Sans">M h 1,</c>
family:Liberation Sans">Í»Ji.»%. ciiláv.niio.s o que queríamos" '. " N ã o posso
dizer q u e car-</c>
family:Liberation Sans">•egav* a I st,ela de I)avi de mau grado. N a q u e l a s
circunstâncias, ela parecia</c>
family:Liberation Sans">percipi contém também um esse estpercipere: ser é perceber.
Em outras palavras:</c>
family:Liberation Sans">q u e m não tem sensações não é. Em um sentido
especificamente</c>
family:Liberation Sans">fisiológico,</c>
family:Liberation Sans">•<P'"I» ''ida. Se era para valer, então era para
valer" . Era justamente o sinal de</c>
family:Liberation Sans">isso é m e r a m e n t e tautológico. Da mesma forma que a
curvatura em relação</c>
family:Liberation Sans">nao pcrteiKe. àqueles que tão d e s u m a n a m e n t e
estampavam o sinal n o s o u t r o s</c>
family:Liberation Sans">ao círculo, a sensibilidade faz parte do organismo. Se não
se p o d e mais sentir</c>
family:Liberation Sans">Ecce-bomo, pois deixava, contra sua</c>
family:Liberation Sans">é p o r q u e se está morto. A aparelhagem midiática,
todavia, apodera-se desse</c>
family:Liberation Sans">vontade, transparecer justamente em seu p o r t a d o r
algo daquela dignidade q u e</c>
family:Liberation Sans">d a d o fisiológico dc sua própria maneira. Assim c o m o
ofusca a irradiação de</c>
family:Liberation Sans">estava a p o n t o de roubar completamente. A exclusão p o
d e ser degradante, mas</c>
family:Liberation Sans">cada organismo, despotencializando-o até ele se tornar
irreconhecível, assim</c>
family:Liberation Sans">a integração também. Q u e m apenas quiser integração, nada
mais d o que perten-</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m o faz em relação à capacidade de percepção. C o
m o parecem insossos</c>
family:Liberation Sans">N e s s e sentido, possuía a ambigüidade d o</c>
family:Liberation Sans">os estímulos d o meio imediato em comparação com aqueles
que, berrantes,</c>
family:Liberation Sans">71 R. Klüger. Weiur leben. G õ t t i n g c n . 1992. p.
SS.</c>
family:Liberation Sans">Idem, op. cit., p. 73.</c>
family:Liberation Sans">c o n t i n u a m e n t e cintilam na tela; c o m o fica e
n t e d i a n t e a rotina de cada um</c>
family:Liberation Sans">diante de tudo aquilo de excitante que as mídias
incessantemente veiculam. Os</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>estímulos d o a m b i e n t e do dia a dia não são
páreo p a r a a t o r r e n t e de excitação</c>
family:Liberation Sans">midiática d o espetacular; eles ficam abaixo d o limite d o
que o aparato sensorial</c>
family:Liberation Sans">própria percepção, assim como em sua emanação. Daí a
vontade de sentir a si</c>
family:Liberation Sans">pode absorver, possuem um pobre aqui e agora, mas n e n h u
m "aí". Representam</c>
family:Liberation Sans">próprio, de se certificar que se existe, para sair do vácuo
da falta de percepção,</c>
family:Liberation Sans">estímulos de menos p a r a serem percebidos. A t o r r e n
t e de excitação, p o r é m ,</c>
family:Liberation Sans">dc sensação e de sentimento. Isso é chamado dc sensation
seeking. Naturalmente,</c>
family:Liberation Sans">representa estímulos demais. Ela coloca o o r g a n i s m o
na situação paradoxal de</c>
family:Liberation Sans">ocorre em primeiro lugar no meio decisivo a que deve sua
origem: como busca</c>
family:Liberation Sans">não mais ser capaz de t r a n s f o r m a r os puros
estímulos e m percepção. Deve-se</c>
family:Liberation Sans">do choque audiovisual 74 . E esse meio vai de bom grado ao
encontro de tal seeking.</c>
family:Liberation Sans">tomar, aqui, o termo "torrente" em u m sentido mais literal
d o que n o r m a l m e n t e</c>
family:Liberation Sans">Sua torrente de estímulos consiste justamente em cada vez
mais aproximar-se do</c>
family:Liberation Sans">se faz. Q u a n d o se está sob u m a torrente de água, os
sentidos de equilíbrio e de</c>
family:Liberation Sans">choque. Na verdade, nem quer ser torrente. Torna-se uma, na
medida em que cada</c>
family:Liberation Sans">orientação, ou seja, uma c a m a d a p r o f u n d a d o s
e n t i m e n t o de si p r ó p r i o , ficam</c>
family:Liberation Sans">um de seus elementos emite, ótica ou acusticamente, seu tão
imperioso quanto</c>
family:Liberation Sans">vitalmente afetados. Q u e m é pego em um r e d e m o i n h
o tem a cada instante um</c>
family:Liberation Sans">aqui e agora diferente. N o e n t a n t o , não p o d e
localizar-se, orientar-se e, muito menos, apresentar-se. O a f o g a m e n t o na t
o r r e n t e de estímulos é p a r e c i d o .</c>
family:Liberation Sans">N e m de longe tão veemente, mas i g u a l m e n t e c o n
s t a n t e , ela t a m b é m ataca o</c>
family:Liberation Sans">s e n t i d o de o r i e n t a ç ã o . N ã o cjLIc tire de
eixo da m e s m a f o r m a , m a s t o c a e m</c>
family:Liberation Sans">algo que está i n t i m a m e n t e ligado à sensação de
equilíbrio. Apenas na m e d i d a</c>
family:Liberation Sans">em que a percepção é capaz de fixar-se em algo, juntar-se a
algo, é que ela p o d e</c>
family:Liberation Sans">tornar-se uma unidade concreta de experiência, p o d e dar
coesão ao o r g a n i s m o</c>
family:Liberation Sans">sensível, u m a identidade, um "aí", t a n t o em sentido
objetivo q u a n t o subjetivo:</c>
family:Liberation Sans">c o m o o "aí" é algo de determinado, que posso localizar e
fixar, posso eu m e s m o</c>
family:Liberation Sans">me localizar, ter um apoio, sentir-me c o m o u n i d a d e
de m i n h a s percepções e</c>
family:Liberation Sans">sentimentos, estar "aí" . É justamente isso que a torrente
impede, criando ainda</c>
family:Liberation Sans">mais a necessidade desse "aí", uma sensação q u e se
projete para fora d o fluxo,</c>
family:Liberation Sans">permitindo, assim, ao organismo vir à t o n a — c o m o
alguém que, e m e r g i n d o</c>
family:Liberation Sans">de um sonho difuso e torturante, aliviado percebe os c o n
t o r n o s c o n h e c i d o s d o</c>
family:Liberation Sans">ambiente e, assim, não apenas nota que está "aqui", p o r
exemplo, em sua cama,</c>
family:Liberation Sans">i m p l o r a n t e "percebe-a para que possa existir", que
quer justamente se destacar</c>
family:Liberation Sans">da torrente — contribuindo, assim, para sua perpetuidade.
Cada imagem, cada</c>
family:Liberation Sans">som luta pelo seu próprio "aí" de forma que imagens e sons
se sucedem uns aos</c>
family:Liberation Sans">outros cada vez mais rápida e violentamente. É apenas
necessário comparar a</c>
family:Liberation Sans">velocidade média com a qual as imagens passam no cinema e
na televisão de</c>
family:Liberation Sans">hoje com aquela de 30 anos atrás, para ter uma noção do que
a "luta pelo aí"</c>
family:Liberation Sans">significa. A t r e m e n d a aceleração não pode ser
explicada como uma tendência</c>
family:Liberation Sans">estética p o n t u a l com a qual grandes cineastas já
sabiam antigamente expressar</c>
family:Liberation Sans">a inebriação, o sonho, o torpor, ou a desorientação; ela
toma todos os campos.</c>
family:Liberation Sans">Os videoclipes e os comerciais fornecem o ritmo; shows,
documentários e jornais</c>
family:Liberation Sans">seguem com maior ou menor distância. Mas a força de atração
é generalizada, a</c>
family:Liberation Sans">crescente movimentação das imagens manifesta a desconfiança
contra o poder</c>
family:Liberation Sans">de efeito da imagem individual. Está apenas "aí", na medida
em que a atenção</c>
family:Liberation Sans">está voltada para ela. Q u a n d o some, um outro "aí", uma
nova imagem tem que</c>
family:Liberation Sans">surgir. N ã o é o prazer da velocidade, c o m o o sentido
pelos paraquedistas ou</c>
family:Liberation Sans">pilotos de corrida, que faz com que o ritmo das imagens
seja acelerado, mas</c>
family:Liberation Sans">estar assolado pelo m e d o de cair no abismo de não ser
notado.</c>
family:Liberation Sans">mas t a m b é m que é a pessoa tal, que existe, que está
"aí".</c>
family:Liberation Sans">A "luta pelo aí" tem então duas faces. A primeira c o r r e
s p o n d e à luta concorrencial generalizada pela presença midiática: a luta p a r
a ser percebido. A</c>
family:Liberation Sans">outra, no entanto, é a luta pela percepção. N e m m e s m o
isso é mais óbvio. Por</c>
family:Liberation Sans">um lado, pertence ao organismo c o m o aquilo que lhe é
mais próprio; p o r outro,</c>
family:Liberation Sans">hquid.fica.se e evapora-se na torrente de estímulos. É u m
a característica especifica d o s e n t i m e n t o de nulidade da era
microeletrônica ser ludibriado em sua</c>
family:Liberation Sans">S i r i : í S T i S T i S í ótcl r tcm uma ™</c>
family:Liberation Sans">t u d o um -isso a r _ u X Z j ,</c>
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family:Liberation Sans">é a n t e s de</c>
family:Liberation Sans">o b s e r v o tais</c>
family:Liberation Sans">7 4 H á uma pesquisa e s p e c i a l m e n t e voltada para
a sensation seeking. Ela mede, p o r m e i o de uma escala, "a</c>
family:Liberation Sans">necessidade de sensações novas, complexas c variadas" e a
"prontidão para levar em c o n t a os riscos físicos</c>
family:Liberation Sans">e sociais para o b t e r tais sensações". Nessa escala, são
anotadas d e t e r m i n a d a s disposições de c o m p o r t a m e n to,
resultados dc questionários elaborados e exames neurológicos, c o m o por exemplo "
t b r i l ! a n d a d v e n t u re seeking", i.e., "tendência para atividades
arriscadas [...] dc vivências intensas ( m o n t a n h i s m o , paraquedism o
etc.)", "CAperience seeking". i.e., "tendência para novas experiências obtidas por
meio de viagens, apreciação artística, n o v i d a d e s gastronômicas, pessoas
interessantes". "disinhibition",</c>
family:Liberation Sans">i.e.. " t e n d ê n c i a para</c>
family:Liberation Sans">desinibição em situações sociais, e.g., cm festas",
'boredom susceptibility", i.e.. "tendência a evitar exibições</c>
family:Liberation Sans">(de filmes), atividades e pessoas m o n ó t o n a s c
repetitivas". (K. Schneider e F. Rheinberg, "Erlebnissuche</c>
family:Liberation Sans">u n d Risikomotivation", in M. A m c l a n g ( c d ) , E m
y k l o p i i d i e der Psychologie. G õ t t i n g e n , Bern, Toronto,</c>
family:Liberation Sans">Seatde, 1996, vol. 3. pp. 409, 112). Correlacionam-se em
seguida essas disposições, que. diz-se, "são condicionadas t a n t o p o r
experiências sociais q u a n t o p o r causas genéticas" (p. -i09), com fatores c o
m o sexo,</c>
family:Liberation Sans">força egoica, iniciativa social, c o n f o r m i s m o ,
radicalismo (p. 413), para chegar a resultados tão iluminadores, c o m o o de q u e
uma percentagem significativa de h o m e n s não conformistas c c o m um forte ego
que</c>
family:Liberation Sans">gostam d e subir m o n t a n h a s ou viajar. Q u a n t o
mais p e d a n t e m e n t e essa f o r m a de pesquisa se perde n o</c>
family:Liberation Sans">d e t a l h a m e n t o dos perfis d e sensação, t a n t o
mais ignorante se torna diante da força niveladora da compulsão à emissão e sua f o
r m a de converter a sensation seeking e m uma disposição dc massa.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Essa tendência de intensificação tem n o sensation
seekingseu</c>
family:Liberation Sans">correlato fisio-</c>
family:Liberation Sans">lógico. As sensações que agitadamente t o m a m o
organismo, fazendo-se sentir</c>
family:Liberation Sans">em todas as suas fibras, e que parecem dar-lhe de volta a
percepção subtraída, o</c>
family:Liberation Sans">sentimento pleno de si, são p r e c i s a m e n t e aquelas
q u e o anestesiam. A q u a n tidade de d a n o s auditivos p r o d u z i d a em
jovens nas discotecas ou por meio</c>
family:Liberation Sans">de fones de ouvido tala p o r si só. O b o m b a r d e i o
audiovisual faz os sentidos</c>
family:Liberation Sans">ficarem d o r m e n t e s . As sensações criam a
necessidade de o u t r a s mais fortes.</c>
family:Liberation Sans">A dose atual de imagens e sons de pessoas feridas,
desfiguradas, aterrorizadas,</c>
family:Liberation Sans">também trabalham nesse sentido, quando a tela sobe como uma
torre em volta</c>
family:Liberation Sans">dos espectadores, procurando, por assim dizer, envolvê-los
em imagens e sons.</c>
family:Liberation Sans">N ã o há intenção de que a impressão sensorial produza
efeito, pois sabe-se que</c>
family:Liberation Sans">ela é autêntica; em vez disso, o conhecimento de que se
acaba de mergulhar</c>
family:Liberation Sans">em um m u n d o de ilusão não deve mais ser páreo para
aquilo que se impõe aos</c>
family:Liberation Sans">sentidos. Porém, quanto mais eles são manipulados
tecnologicamente, quanto</c>
family:Liberation Sans">mais fazem, por assim dizer, cócegas a cada um deles, tanto
menos a percepção</c>
family:Liberation Sans">lhes pertence. Se as cócegas param, para também a sensação
nelas contida. A</c>
family:Liberation Sans">fugindo de algo, sem roupa, as cenas de assassinato e de
sexo, q u e já represen-</c>
family:Liberation Sans">permanência das impressões é algo constitutivo da percepção
própria, e também</c>
family:Liberation Sans">tam a normalidade no cenário dos programas, p r a t i c a m
e n t e n ã o mais p o d e m</c>
family:Liberation Sans">a elaboração ativa de estímulos, transformando-os em
fermentos de experiên-</c>
family:Liberation Sans">ser percebidas senão c o m o u m a preparatória para novas
doses a u m e n t a d a s de</c>
family:Liberation Sans">cia própria. Os aparatos de sensação surgem assim como se
quisessem auxiliar</c>
family:Liberation Sans">excitaçào. A reality-TVè</c>
family:Liberation Sans">essa atividade. N o entanto, quanto mais p r o f u n d a m
e n t e penetram o sistema</c>
family:Liberation Sans">um verdadeiro progresso nessa linha. E s t a r á vivo
o</c>
family:Liberation Sans">mais possível q u a n d o casas pegam fogo, aviões caem,
pilotos de carros sofrem</c>
family:Liberation Sans">nervoso, tanto mais passam a organizar a percepção.</c>
family:Liberation Sans">acidentes, q u a n d o se fazem reféns. Produzir o calafrio
de u m a vivência autên-</c>
family:Liberation Sans">N ã o é possível vencer a luta pela percepção por meio de
sensações audio-</c>
family:Liberation Sans">tica: isto aqui não foi m o n t a d o , é de verdade. Por
um c u r t o período de tempo,</c>
family:Liberation Sans">visuais. Pelo contrário, a percepção perde-se nisso, e em
um duplo sentido.</c>
family:Liberation Sans">a fascinação da autenticidade p o d e emanar dos mais tolos
objetos d o dia a dia.</c>
family:Liberation Sans">N ã o sc trata apenas de que sua própria atividade se
converta em uma atividade</c>
family:Liberation Sans">O s funcionários d o Instituto de Informática de O x f o r
d trabalhavam em um</c>
family:Liberation Sans">estranha. Ela também fica sob uma pressão constante para
não notar o decisivo.</c>
family:Liberation Sans">andar, mas a cozinha com o café, sempre necessário,
encontrava-se em outro.</c>
family:Liberation Sans">O instrumento de direcionamento em meio à torrente
midiática de estímulos</c>
family:Liberation Sans">Instalou-se, assim, uma câmera na cozinha para que a casa
inteira pudesse ver por</c>
family:Liberation Sans">da televisão é conhecidamente o controle remoto. Um
aparelho fantástico. É</c>
family:Liberation Sans">Intranet quanto café ainda havia na jarra. Mas isso não era
suficiente. Certa feita,</c>
family:Liberation Sans">só apertar um botão e já se está livre das imposições de
uma emissora, poden-</c>
family:Liberation Sans">colocou-se a jarra de café na Internet, que estava então cm
vias de desabrochar,</c>
family:Liberation Sans">d o ver o q u e as outras oferecem. A torrente de estímulos
fica canalizada da</c>
family:Liberation Sans">e ela foi visitada em massa: imagens completamente
entediantes de u m a jarra de</c>
family:Liberation Sans">f o r m a mais conveniente, e de 50 até 100 emissoras ficam
à disposição da livre</c>
family:Liberation Sans">vidro enchendo-se gradualmente e sendo esvaziada, e cuja
excitação residia em</c>
family:Liberation Sans">escolha d o espectador, por assim dizer, implorando-lhe. O
u pelo menos é o</c>
family:Liberation Sans">ver isso acontecer em um novo meio, em t e m p o real 75 .
Cenários em 3D contri-</c>
family:Liberation Sans">que diz a propaganda, mas vejamos os fatos. Não se trata
apenas de perguntar</c>
family:Liberation Sans">buem à sua maneira para a sugestão de autenticidade.
Vestimentas inteiras são</c>
family:Liberation Sans">o quão livre é a escolha entre dez novelas ou 12 programas
de entrevista; cada</c>
family:Liberation Sans">desenvolvidas, semelhantes às de pilotos de corrida e
astronautas, consistindo</c>
family:Liberation Sans">escolha significa também deixar de lado outras
possibilidades. Q u a n d o uma</c>
family:Liberation Sans">de um capacete, n o qual está embutido o espetáculo
audiovisual tridimensional,</c>
family:Liberation Sans">criança pode selecionar a mais bonita de cinco balas, ela
alegra-se. Mas se tem</c>
family:Liberation Sans">e uma roupa q u e oferece d e t e r m i n a d a s
possibilidades de sensação c u t â n e a ,</c>
family:Liberation Sans">que escolher entre 50 ou 100, ela sente-se sobrecarregada.
C o m os adultos e os</c>
family:Liberation Sans">m o t o r a e de d i r e c i o n a m e n t o . Tais
vestimentas s u b m e r g e m o o r g a n i s m o em</c>
family:Liberation Sans">programas de televisão não é muito diferente. Cada escolha
significa abrir mão</c>
family:Liberation Sans">um m u n d o fechado de ilusões, no qual os sentidos são
tratados isoladamente,</c>
family:Liberation Sans">de uma centena de outras possibilidades, cada decisão
seguida da suspeita de</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m deles p o d e n d o mais escapar: o olho não p
o d e mais projetar-se para</c>
family:Liberation Sans">ser equivocada. Os planejadores de programa há muito já
levam isso em conta.</c>
family:Liberation Sans">alem da tela e assegurar-se de que se trata apenas de um
espetáculo; o ouvido</c>
family:Liberation Sans">Sequer preveem um telespectador que veja um programa do
começo ao fim,</c>
family:Liberation Sans">nao pode mais ouvir outros ruídos, a pele nada mais p o d e
tocar. Novos cinemas</c>
family:Liberation Sans">e pressupõem o zapping ° como um c o m p o r t a m e n t o
completamente normal.</c>
family:Liberation Sans">me um</c>
family:Liberation Sans">í a Iitcralm^Tc U m nwfo n á t ^ p o d " ' ^</c>
family:Liberation Sans">tender a t r a n ^ u m " . g</c>
family:Liberation Sans">a cerca de a r a m e filmados p o r l o n ^</c>
family:Liberation Sans">dência, a f ó r m u l a acerta em c h e i o</c>
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family:Liberation Sans">ntessagc, n ã o faz s e n t i d o , q u a n d o c t o m a
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family:Liberation Sans">76 "A palavra foi t o m a d a e m p r e s t a d a pelos
especialistas c m p r o p a g a n d a d o linguajar d o s westems, em q u e</c>
family:Liberation Sans">significa literalmente apagar a tiros " o u seja, a
"supressão do comercial televisivo", ao passo q u e a palavra</c>
family:Liberation Sans">c o r r e t a p a r a o "ir e vir p o r e n t r e d i f e r
e n t e s canais ' é na realidade sivitcbing. ( H . Winkler, Switching —</c>
family:Liberation Sans">Zapping — Ein Text zum Thenta und ein
paralUUaufendes</c>
family:Liberation Sans">L 'nterballungsprogramm.</c>
family:Liberation Sans">D a r m s t a d t . 1991,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>E imediatamente aparecem teóricos da m í d i a que s
a ú d a m o "zappista" c o m o</c>
family:Liberation Sans">pioneiro de uma nova estética, c o m o u m t i p o de c o m
p o s i t o r de seu p r ó p r i o</c>
family:Liberation Sans">programa bizarro . A suposta atividade composicional é
obviamente, antes de</c>
family:Liberation Sans">qualquer coisa, uma inquietação m o t o r a , o correlato
fisiológico da inquietação</c>
family:Liberation Sans">na tela, intensificada por velocidade de imagens e
diversidade de canais: o não</c>
family:Liberation Sans">poder esperar até o p r ó x i m o highlight,</c>
family:Liberation Sans">o e s t r a n h o m e d o p e r m a n e n t e de
estar</c>
family:Liberation Sans">no p r o g r a m a errado e perder, e n q u a n t o se
assiste a algo r a z o a v e l m e n t e interessante, outra coisa m u i t o mais
atrativa. Isso afeta t o d a a maneira c o m q u e a</c>
family:Liberation Sans">marginalizados, excluídos do processo de trabalho, de um
salário digno ou de</c>
family:Liberation Sans">serviços sociais elementares. N o entanto, a compulsão para
emitir coloca esse</c>
family:Liberation Sans">fato sob uma luz difusa. Por um lado, ofusca-a por meio de
um nivelamento.</c>
family:Liberation Sans">Todos precisam emitir, criar uma sensação, falar a
linguagem dos comerciais,</c>
family:Liberation Sans">se quiserem ver-se "aí": do guerrilheiro até o marqueteiro,
do desempregado</c>
family:Liberation Sans">até o alto executivo. Todos têm de estar antenados se
quiserem participar da</c>
family:Liberation Sans">conversa. Por outro lado, a marginalização é aumentada
justamente por causa</c>
family:Liberation Sans">disso. A televisão conseguiu realizar o feito, c o m o diz
Anders, de "trazer o</c>
family:Liberation Sans">percepção se dá. Basta apenas uma q u e d a de tensão e m
um p r o g r a m a , e m e s m o</c>
family:Liberation Sans">m u n d o para casa". Por um lado, ele é meu convidado, e
faço-me presente na</c>
family:Liberation Sans">que seja somente p o r q u e ele se torna algo mais
ambicioso, exigindo um p o u c o</c>
family:Liberation Sans">m e d i d a em que participo de sua presença etérea. Por
outro, cada emissão me</c>
family:Liberation Sans">de concentração e paciência, e o polegar já c o m e ç a a
coçar p a r a a p e r t a r o bo-</c>
family:Liberation Sans">mostra que o que é de interesse se passa sempre em outro
espaço: nos lugares</c>
family:Liberation Sans">tão de troca de canais. Dá-se o m e s m o na Internet.
Escreve-se o t e r m o de busca</c>
family:Liberation Sans">a partir dos quais se faz a transmissão, e de forma alguma
no local trivial onde</c>
family:Liberation Sans">"Nietzsche" e obtêm-se mil títulos e milhares de links e
referências cruzadas.</c>
family:Liberation Sans">estou sentado. A tela que me liga ao m u n d o todo é
também a divisória que me</c>
family:Liberation Sans">Percorrê-los de fato significa perder-se. N ã o percorrê-
los significa correr o risco</c>
family:Liberation Sans">,separa dele, fazendo o próprio domicílio assemelhar-se a
um posto a n ô n i m o de</c>
family:Liberation Sans">de ignorar o mais i m p o r t a n t e diante dos p r ó p r
i o s olhos. T o d o o sistema de hi-</c>
family:Liberation Sans">quarentena e gerando um novo estado: o do excluído
completamente integrado.</c>
family:Liberation Sans">pertexto está organizado dessa forma. O olho d o leitor
encontra constantemente</c>
family:Liberation Sans">M e s m o os mais pobres encontram uma tela que os faz
participar do mundo, e</c>
family:Liberation Sans">conceitos marcados c h a m a n d o para o u t r o s textos
q u e p r o m e t e m u m a leitura</c>
family:Liberation Sans">m e s m o os pioneiros das novas mídias passam pela
experiência, diante dela, de</c>
family:Liberation Sans">mais excitante d o q u e a q u e se faz agora, e apenas o e
s f o r ç o de u m a negação</c>
family:Liberation Sans">não estarem completamente à altura dos acontecimentos. É
verdade que, por</c>
family:Liberation Sans">teimosa contra tais saltos de página p e r m i t e que se
esteja e m c o n d i ç õ e s dc ler</c>
family:Liberation Sans">meio de teleconferências, podem, em poucos segundos, reunir
audiovisualmente</c>
family:Liberation Sans">o texto em questão, de uma vez só, até o fim. Cria-se aqui
u m imenso potencial</c>
family:Liberation Sans">pessoas de diferentes partes do m u n d o para discussões
ou negociações. Porém</c>
family:Liberation Sans">de distração, um tipo de percepção q u e n ã o mais sente a
si p r ó p r i a c o m o tal,</c>
family:Liberation Sans">p o r q u e está à disposição, não p o d e mais envolver-se
c o m nada sem reservas,</c>
family:Liberation Sans">sempre m i r a n d o de soslaio para outras coisas. Sua
suspeita p e r m a n e n t e : o n d e</c>
family:Liberation Sans">estou não é o "aí". Estou excluído d o q u e é
decisivo.</c>
family:Liberation Sans">ocasionam com isso menos o calor h u m a n o do que a
parceria comercial e a</c>
family:Liberation Sans">pressão concorrencial. Cada conexão de negócios em rede
deixa o sentimento</c>
family:Liberation Sans">de incerteza se não haveria outra melhor; cada transmissão
de dados transmite</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m a experiência de quantos outros existem aos
quais não se tem acesso.</c>
family:Liberation Sans">Sempre haverá, em algum lugar, gente que vai estar bem mais
à frente em termos</c>
family:Liberation Sans">Se por certo tempo parecia que, pelo menos nos países
ocidentais d o estado</c>
family:Liberation Sans">de tecnologia, hardware ou software, informações ou
conexão. A integração</c>
family:Liberation Sans">de bem-estar social, as durezas da formação social
capitalista haviam sido ame-</c>
family:Liberation Sans">midiática total alimenta a suspeita de já se estar excluído
do que é decisivo.</c>
family:Liberation Sans">nizadas a p o n t o de se t o r n a r e m insignificantes,
o neoliberalismo dissipou essa</c>
family:Liberation Sans">Desempregados, idosos e exilados sentem de forma muito
concreta que o lugar</c>
family:Liberation Sans">ilusão. O n d e quer que sua desregulamentação t o m e
força, a u m e n t a com í m p e t o</c>
family:Liberation Sans">o n d e se e n c o n t r a m não tem u m "aí". Mas aqueles
muitos que se e n c o n t r a m</c>
family:Liberation Sans">renovado a distância entre ricos e pobres. M e s m o n o s
países ricos não f a l t a m</c>
family:Liberation Sans">empregados e que têm todos os dias de manhã de passar pelo
engarrafamento</c>
family:Liberation Sans">para chegar a um trabalho mais ou menos indiferente,
voltando à noite pelo</c>
family:Liberation Sans">CU,Ulral</c>
family:Liberation Sans">te. uma . u n ç ã o d e l S *</c>
family:Liberation Sans">f T »</c>
family:Liberation Sans">u m a irregularidade ^ r o g r a m a d "</c>
family:Liberation Sans">P- 265). I assim o u e J o ã o c T o ^ o n m ™ £</c>
family:Liberation Sans">precisa de uma complexa ^</c>
family:Liberation Sans">A</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">'^</c>
family:Liberation Sans">que. não c</c>
family:Liberation Sans">n</c>
family:Liberation Sans">s</c>
family:Liberation Sans">e</c>
family:Liberation Sans">g</c>
family:Liberation Sans">u</c>
family:Liberation Sans">i</c>
family:Liberation Sans">d</c>
family:Liberation Sans">prosa, sem q u e fsso n</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">«</c>
family:Liberation Sans">Edet^Zoll</c>
family:Liberation Sans">t C</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">" «"</c>
family:Liberation Sans">COm</c>
family:Liberation Sans">P-</c>
family:Liberation Sans">os</c>
family:Liberation Sans">engarrafamento, sentem o mesmo, à sua maneira. E não é mais
possível determinar com total certeza se a sua necessidade de sensações, atrelada a
seu "aí",</c>
family:Liberation Sans">-SC «</c>
family:Liberation Sans">« l a d a sala d e estar u m</c>
family:Liberation Sans">«nais: potencial,,,-,,</c>
family:Liberation Sans">representa um querer sair, digamos, da integração
triturante dos negócios, ou</c>
family:Liberation Sans">assuntos, cores e a t m o s f e r a s d i s t i n t o s
,</c>
family:Liberation Sans">um querer entrar, a saber, nos próprios sentimentos,
percepções, ou na vida que</c>
family:Liberation Sans">d o s</c>
family:Liberation Sans">Audiovisioneu.</c>
family:Liberation Sans">Ránbck,</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">1989,</c>
family:Liberation Sans">T " * "" ^</c>
family:Liberation Sans">P " ° M - Derrida</c>
family:Liberation Sans">, i m ü</c>
family:Liberation Sans">n O V O rÍCO</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">' ^</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">" »</c>
family:Liberation Sans">Molièrc.</c>
family:Liberation Sans">J4</c>
family:Liberation Sans">dC 4</c>
family:Liberation Sans">an S</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">,^</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">" ** ^</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">° ^</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">«»</c>
family:Liberation Sans">m C CSdarCCCr</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">*^</c>
family:Liberation Sans">os negócios lhes retiram. A marginalização, um fato na
realidade objetificável</c>
family:Liberation Sans">sociologicamente, em parte até quantificável
estatisticamente, dissolve-se em</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>um estado generalizado no qual estar excluído e se
sentir excluído se t o r n a m</c>
family:Liberation Sans">indiferenciáveis, e cujas manifestações p o d e m cada vez
menos ser apreendidas</c>
family:Liberation Sans">m e n t a r vem à t o n a nisso. Há uma passagem bíblica
que o resume com uma</c>
family:Liberation Sans">por meio de uma sociologia de estratos ou dc a m b i e n t
e .</c>
family:Liberation Sans">concisão invejável: "E o Senhor fez uma marca em Caim, de
forma que ninguém</c>
family:Liberation Sans">o matasse q u a n d o o encontrasse" (Gênesis 4, 15). Por
um lado, trata-se de um</c>
family:Liberation Sans">t r e c h o que não faz m u i t o sentido. Q u e m mataria
Caim? Seu irmão Abel, ele</c>
family:Liberation Sans">Tattoo</c>
family:Liberation Sans">- Piercing</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">-</c>
family:Liberation Sans">Amok</c>
family:Liberation Sans">(Caim) acabara de matar, restando apenas Adão e Eva, seus
pais. Até então não</c>
family:Liberation Sans">havia mais ninguém. E, no entanto, essa é uma passagem
fundamental. Não dá</c>
family:Liberation Sans">As sensações audiovisuais fascinam. Fazem o dia a dia, n o
qual cintilam, cm-</c>
family:Liberation Sans">indícios de c o m o a marca foi feita. Mas o que a
linguagem burocrática chama</c>
family:Liberation Sans">palidecer. Mas também frustram. M a n t ê m o sensacional,
que t o r n a m próximo,</c>
family:Liberation Sans">de "características definitivas", exigindo sua presença em
documentos de iden-</c>
family:Liberation Sans">à distância. São o seu substituto. Assim, d ã o origem à
exigência de mais subs-</c>
family:Liberation Sans">tificação, são n o r m a l m e n t e cicatrizes. A marca de
C a i m só faz sentido se é</c>
family:Liberation Sans">titutos e de mais do que substitutos. N o desejo de
reality-shows</c>
family:Liberation Sans">concebida c o m o algo talhado, a inscrição de um corte, um
branding: a forma</c>
family:Liberation Sans">mais d u r o s de</c>
family:Liberation Sans">mais câmeras ao vivo, de cenários tridimensionais mais
plásticos, encontra-se</c>
family:Liberation Sans">primordial da tatuagem. É claro, são os próprios homens que
as infligem, mas</c>
family:Liberation Sans">ao mesmo tempo, o desejo mais radical de t o d o esse m u n
d o de ilusão audiovi-</c>
family:Liberation Sans">c o m o se u m a força maior guiasse suas mãos, como se
Deus Ele mesmo impri-</c>
family:Liberation Sans">sual de se apoderar, p o r meio da tela e d o m o n i t o r
, d a q u i l o q u e aparece neles</c>
family:Liberation Sans">misse a marca, deixando, assim, sentir o poder que está a p
o n t o de tomar-lhes</c>
family:Liberation Sans">apenas c o m o um engodo. Esse desejo, n o entanto, n ã o p
o d e ser a d m i t i d o . Far-</c>
family:Liberation Sans">c o m o possessão e sob proteção. A marca significa:
pertenço a tal e tal força</c>
family:Liberation Sans">se-ia hgura absolutamente estúpida, se se tentasse destruir
o m o n i t o r para captu-</c>
family:Liberation Sans">superior, sou por ela protegido, e mesmo definido; minha
identidade jaz nela.</c>
family:Liberation Sans">rar as coisas mesmas, ou seja, sem as coisas, sem suas
imagens, e c o m u m a tele-</c>
family:Liberation Sans">A tatuagem corresponde a uma primeira forma de escrita, a
cicatriz talhada</c>
family:Liberation Sans">visão ou um c o m p u t a d o r quebrado, sendo o o b j e t
o de pilhéria de t o d o s à sua</c>
family:Liberation Sans">pela assinatura da divindade, e o o r n a m e n t o
representa seu acessório sobre</c>
family:Liberation Sans">volta. E, n o entanto, esse desejo existe. Desde q u e os h
o m e n s tiveram de passar</c>
family:Liberation Sans">a pele: o material brilhante no qual a força divina se
reflete e pela qual os ini-</c>
family:Liberation Sans">a g a n h a r a vida c o m o "apêndices das m á q u i n a s
- , a agressividade c o n t r a as</c>
family:Liberation Sans">migos são repelidos. Penas, dentes e ossos podem
desempenhar o mesmo papel,</c>
family:Liberation Sans">maquinas tem sido um ímpeto bem humano. A "vergonha
prometeica» correspon-</c>
family:Liberation Sans">se devidamente preparados, mas os metais preciosos são
preferíveis" 9 .</c>
family:Liberation Sans">de ao tabu que se fez disso: a f o r m a com q u e uma
sociedade inteira se p r o í b e</c>
family:Liberation Sans">Aqueles que hoje usam anéis nos narizes e lábios
freqüentemente não sa-</c>
family:Liberation Sans">tal1 ímpeto. Isso acontece p o r meio de uma inversão. O
desejo de aniqtulação</c>
family:Liberation Sans">bem por que e c o m o os chamados povos primitivos o
faziam. Mas, mesmo que</c>
family:Liberation Sans">desconheçam completamente a origem sagrada dessas práticas,
normalmente</c>
family:Liberation Sans">sou</c>
family:Liberation Sans">o 3 C O n V e r t e " S C " Sentimem° ^ nã° ~</c>
family:Liberation Sans">eu d o q u e</c>
family:Liberation Sans">-sou capaz - em c o m p a r a ç ã o com esses aparelhos
fabulosos? Mas o n d e h i a</c>
family:Liberation Sans">vergonha promete,ca também prolifera a ira prometeica. Ela
é p o r demais p r i</c>
family:Liberation Sans">assimilam sua f u n ç ã o criadora de identidade com a
certeza dos sonâmbulos.</c>
family:Liberation Sans">N ã o q u e necessariamente se submetessem a uma força
superior, de maneira,</c>
family:Liberation Sans">então, que simplesmente entrassem no lugar das forças
divinas, dos ancestrais</c>
family:Liberation Sans">É 1 : : d,fUSa P a r a t e r P a , a v r a s Clarasp o r é
m , f o r m a s de e x p i e i</c>
family:Liberation Sans">t apenas necessário aprender a lê-las. U m a p a r t i c u
l a r m e n t e bem m a s c a r a d a '</c>
family:Liberation Sans">mas nem p o r isso menos manifesta, sena a m o d a d o
body</c>
family:Liberation Sans">pierTngZlTul</c>
family:Liberation Sans">ou da tribo ou g r u p o ao qual pertencessem e cujo signo
de r e c o n h e c i m e n t o</c>
family:Liberation Sans">se imprimisse na pele. Isso acontece apenas em casos
isolados, e não representativos. O piercing e a tatuagem têm sua mais ampla difusão
c o m o algo bem</c>
family:Liberation Sans">individualizado. Representam, sim, atos de aquisição de
poder, mas de um</c>
family:Liberation Sans">= s i s p p = s =</c>
family:Liberation Sans">de primeira o r d e m seria "</c>
family:Liberation Sans">T</c>
family:Liberation Sans">Se</c>
family:Liberation Sans">"S°rÍ™</c>
family:Liberation Sans">p o d e r sobre si. Seu lema, expresso filosoficamente:
sentio, ergo sum. C o m o é</c>
family:Liberation Sans">que alguém, em condições de audiovisualidade total, p o d e
assegurar-se de si</c>
family:Liberation Sans">próprio? Agulhando-se ritualmente, dando-se um "aí": uma
sensação unívoca,</c>
family:Liberation Sans">claramente localizável que dê a todo o sistema nervoso, do
sentido de equilíbrio</c>
family:Liberation Sans">A^MSssasssasgg</c>
family:Liberation Sans">7 8 K. M a r x , Das Kapital</c>
family:Liberation Sans">até as funções perceptivas mais sofisticadas, uma
orientação indubitável, um</c>
family:Liberation Sans">/, p. 674,</c>
family:Liberation Sans">7 9 S o b r e isso, cf. capítulo 3 deste volume.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>apoio. Apoio, diga-se de passagem, t a m b é m 110
sentido de algo p e r m a n e n t e .</c>
family:Liberation Sans">Q u e crianças e adolescentes queiram ver até o n d e p o d
e m ir, que testem</c>
family:Liberation Sans">Deseja-se imprimir algo que permaneça 8 0 .</c>
family:Liberation Sans">O tipo de "aí" p r o p o r c i o n a d o pela p i c a d a
ritual d a a g u l h a n ã o p o d e ser</c>
family:Liberation Sans">os limites, t a n t o de suas próprias forças q u a n t o
daquilo que lhes é imposto,</c>
family:Liberation Sans">repre-</c>
family:Liberation Sans">q u e q u e i r a m alargar esses limites, faz parte do
percurso normal de autodes-</c>
family:Liberation Sans">sentam uma revolta contra a intangibilidade d o m u n d o
dissolvido microele-</c>
family:Liberation Sans">c o b n m e n t o . N o entanto, o que se dissolve em
condições audiovisuais são as</c>
family:Liberation Sans">tronicamente 8 '. N ã o são apenas as imagens rasantes e
cintilantes q u e n ã o se</c>
family:Liberation Sans">resistências tácteis de que esse processo de experimentar
limites necessita. A</c>
family:Liberation Sans">deixam pegar; de certa forma, t a m b é m os aparelhos. O q
u e oferecem ao usuá-</c>
family:Liberation Sans">condição na qual, como diz a boca do povo de maneira tão
inimitável, "estou</c>
family:Liberation Sans">rio são botões; o que exigem é que se os tateiem. São
utilizados c o m delicadas</c>
family:Liberation Sans">c o ç a n d o de vontade", torna-se uma tortura q u a n d o
não há nada com que se</c>
family:Liberation Sans">oferecido por n e n h u m a transmissão de dados. A
tatuagem e o piercing</c>
family:Liberation Sans">pontas dos dedos, deslizando rapidamente sobre suas
superfícies até escorregar</c>
family:Liberation Sans">para outros lugares, não t e n d o nunca algo q u e possa
ser agarrado. D a í a p r o f u n d a ânsia p o r experiências táteis, t a n t o n
o s e n t i d o de q u e as sensações audiovisuais em rápida sucessão adiram, p r e
n d a m , m a r q u e m e forneçam apoio,</c>
family:Liberation Sans">em vez de m e r a m e n t e oferecer estímulos passageiros,
q u a n t o t a m b é m n o sentido de que o p r ó p r i o indivíduo queira p ô r
as mãos, t a n t o física q u a n t o metaforicamente. N o piercing,</c>
family:Liberation Sans">essa ânsia e n c o n t r o u u m a válvula de escape
bem</c>
family:Liberation Sans">digerível socialmente. A ira p r o m c t ê u t i c a
articula-se aqui m u i t o avergonhadamente com matizes masoquistas. Ela pode, sem
dúvida, descarregar-se também muito robustamente em algo exterior. Q u a n d o
funcionários de escritórios</c>
family:Liberation Sans">fazem férias aventureiras ou praticam esportes radicais,
referem-se n a maioria</c>
family:Liberation Sans">das vezes à "compensação" que p r o c u r a m para u m a
rotina p o b r e em experiências. E por que a busca p o r compensação, ou, d i z e
n d o de f o r m a mais extrema,</c>
family:Liberation Sans">p o r recompensa, por ajuste de contas, ou vingança não
estaria em jogo q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">possa coçar, salvo apenas um rastelo ou uma buldôzer - e
quando faltam todos</c>
family:Liberation Sans">os i n s t r u m e n t o s de coçar e arranhar que
relativamente pudessem ajudar. U m a</c>
family:Liberation Sans">irritação difusa, não localizável, que quase não se sente,
surge de uma torrente</c>
family:Liberation Sans">de sensações p r e d o m i n a n t e m e n t e
audiovisuais, sendo deixada, intocada, a si</c>
family:Liberation Sans">própria, por assim dizer, entre as quatro paredes estofadas
de uma vida, na qual</c>
family:Liberation Sans">não se é percebido, mas também não se percebe realmente,
não se é por nada</c>
family:Liberation Sans">verdadeiramente tocado, sem ao mesmo tempo poder tomar nada
nas mãos:</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o essa irritação se converte em uma condição para
a sociabilidade geral,</c>
family:Liberation Sans">então surge a questão: É de espantar que comece a querer
ser descarregada de</c>
family:Liberation Sans">f o r m a excessiva e excepcional e que surja uma exigência
incontrolável de mergulhar na vida real e com uma tal falta de instintos contra
seus perigos reais</c>
family:Liberation Sans">q u e só o exílio n o m u n d o audiovisual p o d e
produzir? N a t u r a l m e n t e , cada</c>
family:Liberation Sans">caso é u m caso; cada um possui seus próprios motivos. Mas
todos esses casos</c>
family:Liberation Sans">que hoje em dia geram desde a perplexidade até o terror têm
algo em comum:</c>
family:Liberation Sans">uma desproporção, para não dizer uma total falta de
proporção, de arrepiar os</c>
family:Liberation Sans">jovens se entregam a uma seita ou às drogas ou atacam
estrangeiros, colegas de</c>
family:Liberation Sans">cabelos, c o m o se lhes faltasse contato com as coisas e
com os seres vivos com</c>
family:Liberation Sans">escola ou transeuntes -</c>
family:Liberation Sans">não em u m acerto de contas p o r atos d e t e r m i n a d
o s</c>
family:Liberation Sans">que lidam ao seu redor, uma relação com eles. Há, assim, os
jovens que dançam</c>
family:Liberation Sans">mas em relação a um ambiente indiferente e fugaz, que os
faz bater em borracha</c>
family:Liberation Sans">sobre os vagões de trem, quando cada movimento em falso,
cada salto atrasado,</c>
family:Liberation Sans">os cerca ou os a f u n d a em e n c h i m e n t o s de
algodão, não o f e r e c e n d o n e n h u m a</c>
family:Liberation Sans">p o d e ser fatal; 011 então se deitam obliquamente na rua
para testar se os carros</c>
family:Liberation Sans">resistência confiável em relação à qual possam ter uma
experiência c o n t i n u a d a</c>
family:Liberation Sans">desviarão. N ã o brigam apenas aos socos, mas batem e
chutam até que o atin-</c>
family:Liberation Sans">de s, próprios. Se é possível trazer alguma luz aos atos de
violência aparente-</c>
family:Liberation Sans">gido não mais possa mover-se; não somente xingam os
professores malvistos,</c>
family:Liberation Sans">mente desmotivados que se dão nas escolas e n o m u n d o
da subeultura jovem</c>
family:Liberation Sans">mas apunhalam-nos, e existem aqueles casos de excesso
insano quando alunos</c>
family:Liberation Sans">eles tem de ser inseridos nesse c o n t e x t o mais
amplo.</c>
family:Liberation Sans">invadem a sala de aula atirando em colegas e professores
(Littleton), ou quando</c>
family:Liberation Sans">um e s t u d a n t e atira de sua janela aleatoriamente em
transeuntes, para depois</c>
family:Liberation Sans">m a t a r sua irmã e a si próprio (Bad Reichenhall) — não
porque estivessem em</c>
family:Liberation Sans">u m a situação sem saída, ou gravemente feridos, ou
houvessem sido desmo-</c>
family:Liberation Sans">E z r r j ^</c>
family:Liberation Sans">p r i m e i r a o r d e m . " O interesse p r e m e n t e I
n t ?</c>
family:Liberation Sans">[-..] C a d a estação t r a , em ^ s T í</c>
family:Liberation Sans">Q u e m soubesse lê-los saberia de</c>
family:Liberation Sans">" o v o s dispositivos legais, g u e r r t</c>
family:Liberation Sans">[Obras completas], R T i e d e m a n n</c>
family:Liberation Sans">é</c>
family:Liberation Sans">ralizados, ou ainda p o r q u e quisessem chamar a atenção
para desigualdades</c>
family:Liberation Sans">r -</c>
family:Liberation Sans">c o n s c i e n t e d e s. -</c>
family:Liberation Sans">n l v Í c T a t T Í ^ ° ^ í , ™</c>
family:Liberation Sans">n Z ã o</c>
family:Liberation Sans">"""f C°d,ficados</c>
family:Liberation Sans">*^ ' T ^ n O W</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">~</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">• —</c>
family:Liberation Sans">u m d e s a f i o filosófico d e</c>
family:Liberation Sans">^ P - n a i s .</c>
family:Liberation Sans">sccr</c>
family:Liberation Sans">« ° * coisas v i n d o u r a s ,</c>
family:Liberation Sans">CC déndaS d</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">></c>
family:Liberation Sans">dos</c>
family:Liberation Sans">terríveis, realizar um programa político, ou enriquecer,
mas por quê? Faltam</c>
family:Liberation Sans">motivos concretos. A mãe sem afeto, o pai portador de
armas, desempregado e</c>
family:Liberation Sans">com tendências ao alcoolismo e à violência, o fracasso no
colégio, o professor</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>SOCIEDAD</c>
family:Liberation Sans">B EXCITADA: FILOSOFIA DA SENSAÇÃO</c>
family:Liberation Sans">autoritário, os colegas de sala p r o v o c a d o s e sabe-
se Ia o que mais da historia</c>
family:Liberation Sans">ato — para a qual há, no entanto, causas claramente
nomeáveis. Sem dúvida,</c>
family:Liberation Sans">de vida específica de cada um: nada disso tem normalmente
uma relaçao com</c>
family:Liberation Sans">a perda em experiências e palpabilidade que a implementação
das condições</c>
family:Liberation Sans">a gravidade do ato, para o qual, via de regra, o agente,
ele m e s m o nao t e m</c>
family:Liberation Sans">de vida audiovisuais traz consigo é dificilmente
comprovável em casos indivi-</c>
family:Liberation Sans">palavras, sejam de esclarecimento, de horror, ou
arrependimento. Sao c o m o</c>
family:Liberation Sans">duais, p o r ser tão difusa. Todavia, sua falta de nitidez
representa apenas o outro</c>
family:Liberation Sans">um enigma para eles próprios -</c>
family:Liberation Sans">e desprovidos de qualquer interesse digno de</c>
family:Liberation Sans">lado de seu alastramento mundial. E tal expansão é tão
clara quanto o impulso</c>
family:Liberation Sans">nota para resolvê-lo. O "ódio", que mais freqüentemente
fornecem c o m o motivo</c>
family:Liberation Sans">globalizante atual c o m o um todo. Q u e r dizer, a perda
em palpabilidade será</c>
family:Liberation Sans">para seus atos. parece mais uma mensagem cifrada do que uma
chave para seu</c>
family:Liberation Sans">tão mais opressivamente vivcnciada quanto mais difusa,
quanto mais aquilo</c>
family:Liberation Sans">comportamento. Age tão difusa e incompreensivelmente quanto
a torrente de</c>
family:Liberation Sans">que se perde não forem objetos determinados, mas a própria
objetivação. É um</c>
family:Liberation Sans">estímulos audiovisuais, que ele em grande medida faz parar
-</c>
family:Liberation Sans">c o m o se fosse</c>
family:Liberation Sans">processo que tem c o m o característica a perda de algo sem
nome, para o qual as</c>
family:Liberation Sans">meramente enxertado nos respectivos pais, professores,
colegas ou estranhos,</c>
family:Liberation Sans">palavras faltam, e que, na medida em que adquire uma
natureza global, passa</c>
family:Liberation Sans">contra os quais se volta, a cada ocorrência dirigível a
outros objetos. A pala-</c>
family:Liberation Sans">gradualmente a representar um poder de uma disposição
frustradora supraindi-</c>
family:Liberation Sans">vra "ódio" soa, na boca dos culpados, como um refúgio que p
r o p o r c i o n a u m</c>
family:Liberation Sans">vidual, para cuja descarga as frustrações individuais
possivelmente não passem</c>
family:Liberation Sans">nome, uma plausibilidade, uma causa para suas ações,
encaixando-se, assim,</c>
family:Liberation Sans">de válvulas de escape. C o m efeito, essa raiva difusa que
irrompe repentina,</c>
family:Liberation Sans">no arcabouço conceituai usual da psicologia — individual,
de grupo, ou d o</c>
family:Liberation Sans">excessiva e extaticamente nos atos violentos dos jovens
poderia ser um arauto</c>
family:Liberation Sans">meio —, servindo às necessidades de explicação dos
terapeutas, e a b r i n d o u m</c>
family:Liberation Sans">de u m a tal disposição, u m a nova imediaticidade de
forças globais agindo no</c>
family:Liberation Sans">pequeno espaço de manobra: se dizemos o que querem ouvir,
então talvez nos</c>
family:Liberation Sans">sistema nervoso individual. Seja como for, a raiva possui
todas as característi-</c>
family:Liberation Sans">deixem logo em paz82.</c>
family:Liberation Sans">cas de u m a sensation seeking desesperada. É atendo-se a
algo que se sente em</c>
family:Liberation Sans">Em suma, é difícil determinar os motivos individuais,
difícil dizer se estão</c>
family:Liberation Sans">si p r ó p r i o ; agarrar até que o agarrado deixe de
esboçar qualquer resistência e</c>
family:Liberation Sans">somente ocultos, ou se nem mesmo existem. Mas justamente
essa falta de clareza</c>
family:Liberation Sans">tenha proporcionado toda a satisfação táctil possível: na
incapacidade de poder</c>
family:Liberation Sans">1 az parte do perfil supraindividual do infrator. O que lhe
é mais significativo é</c>
family:Liberation Sans">parar de bater, até que o objeto das pancadas não mais se
mexa, celebra-se o</c>
family:Liberation Sans">não poder reconhecer motivos importantes para seus atos.
Não poder compreen-</c>
family:Liberation Sans">t r i u n f o do pegar, festas da certificação de si. Por
ao menos um instante, sair da</c>
family:Liberation Sans">der o que levou à ação: isso os criminosos têm em comum com
os terapeutas,</c>
family:Liberation Sans">insensível cela de paredes forradas: Sentio, ergo
sum.</c>
family:Liberation Sans">juristas e comentaristas. Mas e se precisamente essa falta
de motivos concretos</c>
family:Liberation Sans">tosse o motivo? Se fosse simplesmente necessário inverter a
frase? O que levou</c>
family:Liberation Sans">ao ato é justamente esse não poder compreender: um déficit
de tato, t a n t o em</c>
family:Liberation Sans">C o m p l e x o - Dispositivo - Paradigma</c>
family:Liberation Sans">sentido literal quanto metafórico 83 . A irritação
sensível-insensível que deixa nas</c>
family:Liberation Sans">pessoas não é meramente um produto "da televisão", mas de
um ambiente, para</c>
family:Liberation Sans">Mostrou-se que a sensação corresponde a todo um complexo de
elementos. Em</c>
family:Liberation Sans">nao dizer de um mundo, que está prestes a transmitir todos
os sinais importantes</c>
family:Liberation Sans">primeiro lugar, algo subjetivo: a percepção; depois, sua
intensificação: percep-</c>
family:Liberation Sans">em telas Uisplays. Com isso, nenhum dos casos mencionados
perde sua incom-</c>
family:Liberation Sans">ção daquilo que chama a atenção; em seguida, algo objetivo,
aquilo que chama</c>
family:Liberation Sans">preensibilidade, mas esta adquire certa inteligibilidade.
Ela apresenta-se c o m o</c>
family:Liberation Sans">a atenção; e, p o r fim, a interpenetração e a
intensificação recíprocas do subje-</c>
family:Liberation Sans">nova forma,de uma relação de pouca nitidez entre causa e
efeito, motivação e</c>
family:Liberation Sans">tivo e d o objetivo. Ambos são m o m e n t o s de uma
compulsão generalizada a</c>
family:Liberation Sans">emitir, que t a n t o faz com que a luta pela existência
seja cada vez mais estetizada em uma luta pela percepção q u a n t o torna "o que
chama a atenção" um si-</c>
family:Liberation Sans">direita e à comprovação do ^</c>
family:Liberation Sans">escudo fundamental d . A. Gruschka.</c>
family:Liberation Sans">P ^</c>
family:Liberation Sans">83 As tentativas recentes dc incentivo do cato - c o m o
por e * . m „ l</c>
family:Liberation Sans">)ogos táteispedagógicos, ou ate mesmo experimentos dc toou
7</c>
family:Liberation Sans">uma</c>
family:Liberation Sans">expressão desse</c>
family:Liberation Sans">e s t e dem« , a uc „ „n h - o v ,i</c>
family:Liberation Sans">uesse déficit</c>
family:Liberation Sans">aejicit do que ttestemunhos</c>
family:Liberation Sans">chichte$rSinne.</c>
family:Liberation Sans">VonderA„1</c>
family:Liberation Sans">bisztim</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">* °</c>
family:Liberation Sans">n ô n i m o para a sensação, e sua percepção em percepção
tout court. O caso ext r e m o da sensação passa a aproximar-se do normal; aquilo
que não chama a</c>
family:Liberation Sans">M</c>
family:Liberation Sans">W e</c>
family:Liberation Sans">0 u</c>
family:Liberation Sans">a" " •»«--•</c>
family:Liberation Sans">I n t e r n" e t —</c>
family:Liberation Sans">- sao</c>
family:Liberation Sans">são m u i t o mais</c>
family:Liberation Sans">atenção n ã o é notado. E a sensação torna-se uma
necessidade vital. F. imperioso provocá-la e obtê-la se se quiser sentir "aí",
ganhar a vida em sentido literal</c>
<c props="font-family:Liberation Sans"><pbr/>.
/</c>
family:Liberation Sans">e figurado. A compulsão para emitir e, por</c>
family:Liberation Sans">um lado, uma compulsão d o mer-</c>
family:Liberation Sans">cado: a forma tecnologicamente avançada da velha luta
concorrencial capitalista, que traz consigo todas as suas hipotecas por resolver,
como sua coerçao</c>
family:Liberation Sans">de expansão, suas relações de exploração e exclusão, que
tão somente redefine,</c>
family:Liberation Sans">e cujo saldo apenas posterga. Por outro lado, a compulsão a
emitir leva a cabo</c>
family:Liberation Sans">um processo de nivelamento e de transposição que vai além
disso. Todos, independentemente de quem sejam, são envolvidos por ela. N i n g u é
m é ou está</c>
family:Liberation Sans">"aí" sem se submeter à pressão de emitir. No entanto, esse
"aí", cuja ambivalente multiplicidade de sentidos foi várias vezes apontada neste
capítulo, começa</c>
family:Liberation Sans">então a adquirir uma memorável vida própria. A
transformação do brilho pessoal em um brilho etéreo levou a uma usurpação do
pessoal, p r o d u z i n d o o</c>
family:Liberation Sans">paradoxo ontológico de um aqui e agora sem um "aí", e um
"aí" sem aqui e</c>
family:Liberation Sans">agora. Este último, o etéreo, é tão "inquieto e vão na
terra"8"1 como apenas o foi</c>
family:Liberation Sans">a maldição divina sobre Caim, o assassino. Mas o aqui e
agora, ao perder seu</c>
family:Liberation Sans">e s p o n t a n e a m e n t e . Mas cada u m a se estende
também para além das relaçc</c>
family:Liberation Sans">oes</c>
family:Liberation Sans">sociais de p o d e r que nela se imprimem. A forma de
percepção neutrali</c>
family:Liberation Sans">íza-as</c>
family:Liberation Sans">ao torná-las condições universais de socialização. Dessa
forma, também cresce</c>
family:Liberation Sans">o complexo de sensação daqueles que sob ele se formam.
Ninguém pode mais</c>
family:Liberation Sans">perceber e expressar-se, senão sob as condições que esse
complexo impõe: nen h u m a política, n e n h u m a arte, n e n h u m saber
científico. Mesmo a reflexão</c>
family:Liberation Sans">que aqui é exposta lhe é subordinada, mas fornece a
comprovação de que suas</c>
family:Liberation Sans">condições de percepção não correspondem aos seus limites de
pensamento. O</c>
family:Liberation Sans">complexo "sensação", assim, aproxima-se muito daquilo que
Foucault chama</c>
family:Liberation Sans">de "dispositivo": "um c o n j u n t o definido e
heterogêneo que engloba discursos,</c>
family:Liberation Sans">instituições, e m p r e e n d i m e n t o s arquiteturais,
decisões regulamentadoras, leis,</c>
family:Liberation Sans">medidas administrativas, pronunciamentos científicos,
proposições filosóficas,</c>
family:Liberation Sans">morais ou filantrópicas, em suma: tanto aquilo que é dito
quanto o não dito.</c>
family:Liberation Sans">São esses os elementos d o dispositivo. O próprio
dispositivo é a rede que pode</c>
family:Liberation Sans">"aí", também se converte, à sua maneira, em algo "inquieto
e vão", isto é, cai em</c>
family:Liberation Sans">ser tecida entre tais elementos" 8 5 . A loucura e a
sexualidade foram os exem-</c>
family:Liberation Sans">um estado em que sua percepção deixa de ser sua, e seu
sistema sensorial é</c>
family:Liberation Sans">plos privilegiados de Foucault para essas "redes". A
sensação poderia ainda ser</c>
family:Liberation Sans">afetado até as camadas mais profundas da percepção de
equilíbrio e da orien-</c>
family:Liberation Sans">evidenciada c o m o algo outro. Não é isso que se fará
aqui, pois um conceito se</c>
family:Liberation Sans">tação espacial. Ele precisa lutar por suas próprias
sensações, que o atingem em</c>
family:Liberation Sans">impõe, ainda mais abrangente e fundamental, sob o qual o
âmbito histórico</c>
family:Liberation Sans">todas as faculdades sensoriais e que instauram a
identidade, d e f e n d e n d o - s e ,</c>
family:Liberation Sans">do complexo da sensação se torna de todo acessível; um
conceito, aliás, para o</c>
family:Liberation Sans">assim, da torrente de sensações audiovisuais que se lhe
impõem. É claro, nisso</c>
family:Liberation Sans">qual, inversamente, o complexo da sensação poderia fornecer
certa reabilitação</c>
family:Liberation Sans">também se dá a continuação de algo que o capitalismo trouxe
ao m u n d o : a</c>
family:Liberation Sans">e a p r o f u n d a m e n t o : o de paradigma.</c>
family:Liberation Sans">produção da pobreza por meio do excesso. A estrutura das
crises de superpro-</c>
family:Liberation Sans">foi benéfica. H o j e , o m u n d o todo fala, em cada
mudança de tendências ou de</c>
family:Liberation Sans">dução imprime-se no aparato sensorial. No entanto, sucede-
se algo de a i n d a</c>
family:Liberation Sans">opiniões, de uma troca de paradigma. Na verdade, Thomas S.
Kuhn não pensava</c>
family:Liberation Sans">mais básico: o não ter lugar torna-se uma condição para a
percepção. Ter um</c>
family:Liberation Sans">em algo tão trivial q u a n d o forjou o conceito.
Paradigmas não representavam</c>
family:Liberation Sans">lugar deixa de ser óbvio, quando o aqui e agora passa a ser
multiplicável ao</c>
family:Liberation Sans">para ele u m a teoria ou visão qualquer, mas sim aquelas
que, no âmbito de uma</c>
family:Liberation Sans">bel-prazer, intercambiável, indiferente. A luta pela
percepção converte-se, tam-</c>
family:Liberation Sans">cultura, são tão f u n d a m e n t a i s que qualquer outra
abordagem do m u n d o so-</c>
family:Liberation Sans">bém, em uma luta contra tal indiferença. Dar um lugar para
um aqui e agora</c>
family:Liberation Sans">m e n t e p o d e surgir sob suas bases, como, por exemplo,
"a Física de Aristóteles,</c>
family:Liberation Sans">significa dotá-lo de um pertencimento, um contexto, um
significado, u m sen-</c>
family:Liberation Sans">o Almagesto</c>
family:Liberation Sans">tido E isso vale para pessoas. Por isso o direito a asilo é
tão precioso. Mas isso</c>
family:Liberation Sans">dc Franklin e a Química de Lavoisier" 86 . E há, para Kuhn,
algo como o paradig-</c>
family:Liberation Sans">também e valido para percepções. Uma percepção que não t e
n h a um lugar n o</c>
family:Liberation Sans">ma das m u d a n ç a s de paradigma: a revolução
copernicana 8 '. Aparentemente,</c>
family:Liberation Sans">meu sistema nervoso pode sem dúvida afligir-me e torturar-
me, mas n u n c a</c>
family:Liberation Sans">realmente pertencer-me.</c>
family:Liberation Sans">A inflação que o conceito sofreu não lhe</c>
family:Liberation Sans">de Ptolomeu, os Principia ou a Óptica de Newton, a
Eletricidade</c>
family:Liberation Sans">tratava-se apenas de u m problema astronômico: que
determinados planetas</c>
family:Liberation Sans">não se movessem ciclicamente em torno da Terra, como
deveriam, segundo a</c>
family:Liberation Sans">C o m o um emaranhado subjetivo-objetivo de relações de p o
d e r e de percepção a sensação representa tanto uma forma de dominação q u a n t o
uma</c>
family:Liberation Sans">forma de percepção. Nenhuma forma de^ F<-iccpçao</c>
family:Liberation Sans">percepcão cai</c>
family:Liberation Sans">* n e nU</c>
family:Liberation Sans">cai dn</c>
family:Liberation Sans">do ceu,</c>
family:Liberation Sans">h u m a surge</c>
family:Liberation Sans">8 5 M . F o u c a u l t , DispositivederMacht.</c>
family:Liberation Sans">Berlim. 1978, p. 119.</c>
family:Liberation Sans">8 6 T h . S. Kulin, Die Struktur wisseíiscbajtlicber
Revolutionen. Frankfurt, 1976 [1962], p. 25</c>
family:Liberation Sans">84 Gênesis 4. 12.</c>
family:Liberation Sans">8 7 I d e m , Diekopernikánische Revolution. 2' ed.
Braunsehweig/Wiesbaden, 198 1</c>
family:Liberation Sans">p r e l i m i n a r d e t e r m i n a n t e para Die
Struktur wissemchafduher Revoluuonen [A estrutura das r e d u ç õ e s</c>
family:Liberation Sans">científicas].</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>orientação ptolomaica. Depois de tentar, por bastante
tempo, corrigir todos esses</c>
family:Liberation Sans">c o m o m o d e l o para a própria revolução intencionada
por ele mesmo. Mesmo</c>
family:Liberation Sans">desvios com o auxílio de medidas adicionais, como por
exemplo, determinados</c>
family:Liberation Sans">p o r q u e quer examinar "se não somos mais bem-sucedidos
na tarefa metafísica</c>
family:Liberation Sans">epiciclos com forma de laço, e os chamados deferentes, e
nada ter d a d o certo,</c>
family:Liberation Sans">ao considerar que os objetos devem conformar-se ao nosso
conhecimento",</c>
family:Liberation Sans">então Copérnico deu o famoso passo, propondo que a Terra
era móvel, um dos</c>
family:Liberation Sans">c o m o C o p é r n i c o , "depois de não querer
prosseguir com a explicação de que as</c>
family:Liberation Sans">planetas que giravam em torno do Sol. Não resta dúvida de
que estava conven-</c>
family:Liberation Sans">estrelas se m o v i m e n t a r i a m em t o r n o do
observador, e perguntou-se se não</c>
family:Liberation Sans">cido de ter feito uma descoberta significativa, mas estava
longe de estar ciente</c>
family:Liberation Sans">seria mais bem-sucedido se os observadores se movessem e as
estrelas ficassem</c>
family:Liberation Sans">da revolução que isso desencadeava. Em todo caso, não foi a
n i n g u é m m e n o s</c>
family:Liberation Sans">em paz" 9 0 . U m refinado gesto de tributo a Copérnico, ou
seja, Kant pratica</c>
family:Liberation Sans">que o Papa que ele expôs, não sem orgulho, a sua obra e
explicou a insuficiência</c>
family:Liberation Sans">u m a e p i s t e m o l o g i a c o m p l e t a m e n t e
geocêntrica — por assim dizer, mais</c>
family:Liberation Sans">da visão geocêntrica do mundo com um argumento teológico:
"Justamente</c>
family:Liberation Sans">geocêntrica do que era c o m u m na época do cristianismo
geocêntrico, quando</c>
family:Liberation Sans">a coisa principal, a dizer, a forma e a ordenação
simétricas do m u n d o , não se</c>
family:Liberation Sans">a centralidade da terra e da razão humana costumava ser
validada pela autori-</c>
family:Liberation Sans">podia achar ou deduzir dessa maneira. Era como se alguém
juntasse mãos, pés,</c>
family:Liberation Sans">dade supracentral de Deus. Agora, uma vez passada tal
época, Kant torna-se,</c>
family:Liberation Sans">cabeça e outros membros que, ainda que corretos, não fossem
desenhados de</c>
family:Liberation Sans">com a renúncia de tal validação e um apelo explícito a
Copérnico, um geocên-</c>
family:Liberation Sans">acordo com o mesmo corpo e que não se correspondessem,
gerando, assim, não</c>
family:Liberation Sans">trico ainda mais radical. A razão, suspeita, não tem nada
em que possa confiar</c>
family:Liberation Sans">um homem, mas um monstro." Enquanto a Criação divina
mostraria o mais</c>
family:Liberation Sans">a não ser em si própria, e não possui nenhum lugar seguro
senão a Terra. D o</c>
family:Liberation Sans">belo, se o Sol fosse colocado como ponto central: como
lume, alma, regente do</c>
family:Liberation Sans">p o n t o de vista da epistemologia, então, o mundo gira em
torno de nós, formas</c>
family:Liberation Sans">mundo, guiando, como de um trono real, toda a família de
astros circundantes,</c>
family:Liberation Sans">de vida dotadas de razão. E c o m o isso seria possível, se
nós, como toda nossa</c>
family:Liberation Sans">entre os quais a Terra"*8. Não se visava a um abalo de toda
uma visão de m u n d o ,</c>
family:Liberation Sans">razão, rodamos de fato ao redor de algo completamente
diferente? Kant sequer</c>
family:Liberation Sans">mas a uma nova versão, matematicamente comprovada, da velha
d o u t r i n a de</c>
family:Liberation Sans">deixa surgir essa pergunta. Em vez disso, realiza o
artifício de invocar a revo-</c>
family:Liberation Sans">Deus como Criador. Foram antes, num primeiro momento, os
seus opositores</c>
family:Liberation Sans">lução copernicana para proteger-se de suas conseqüências
epistemológicas. Foi</c>
family:Liberation Sans">que perceberam a força explosiva que isso envolvia. A eles
apareceram com</c>
family:Liberation Sans">necessário q u e se passasse mais um século para que alguém
ousasse ir impiedo-</c>
family:Liberation Sans">clareza as enormes conseqüências de a Terra, domicílio da h
u m a n i d a d e , não</c>
family:Liberation Sans">samente a f u n d o em tais conseqüências: Nietzsche. Ele
foi o primeiro a come-</c>
family:Liberation Sans">ser o ponto central do mundo, não o ponto focai da
consideração divina, não o</c>
family:Liberation Sans">çar a m e d i r o q u a n t o a cosmologia copernicana
abalava o sistema sensorial</c>
family:Liberation Sans">local em torno do qual gira a salvação: que não se revisava
apenas uma questão</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o . Ele d e m o n s t r o u "o quanto o intelecto
humano aparece como incerto</c>
family:Liberation Sans">astronômica, que não apenas não se poderia mais tomar a
narrativa bíblica da</c>
family:Liberation Sans">e fugitivo, ineficaz e arbitrário dentro da natureza";
"somente seu possuidor e</c>
family:Liberation Sans">Criação ao pé da letra, mas se roubava do mundo qualquer
sentido superior.</c>
family:Liberation Sans">criador o concebe tão pateticamente como se o centro do m u
n d o girasse em</c>
family:Liberation Sans">E foi justamente esse temor que se tornou realidade, em
parcelas, p o r assim</c>
family:Liberation Sans">dizer, e principalmente sob a constante asseveração de seu
contrário. G i o r d a n o</c>
family:Liberation Sans">Bruno aplacou sua desconfiança de que o mundo não apenas
não era o centro</c>
family:Liberation Sans">do sistema solar, mas se estendia infinitamente sem nenhum
p o n t o central, com</c>
family:Liberation Sans">t o r n o dele" 9 1 . Esse p o n t o nodal, a partir do
qual todas as coisas do m u n d o</c>
family:Liberation Sans">deveriam e n c o n t r a r seu lugar, é ele mesmo sem
lugar. O m u n d o não tem um</c>
family:Liberation Sans">p o n t o central, não possui n e n h u m "aí". C o n t u d
o , a Terra mereceria ser esse</c>
family:Liberation Sans">"aí", pois com a faculdade humana da razão,</c>
family:Liberation Sans">o argumento de que "o Criador, já que dele pode emanar um
efeito infinito",</c>
family:Liberation Sans">também deveria ser a causa e o princípio de um universo
infinito", o q u e se</c>
family:Liberation Sans">Z t : n a m U l t ° b m C ° m a d ê n d a ' ° d Í r d t 0 e
* - l i g i ã o - Para Kant, 200</c>
family:Liberation Sans">ano dep 0 I s, o giro copernicano já era um fato histórico
universalmente reconhecido como uma revolução, e tão iluminista e exemplar que a
considerou</c>
family:Liberation Sans">88 N. Copérnico, De revolutionibus, apud G Bruno S f o i L
„ • /</c>
family:Liberation Sans">Prefácio do tradutor» (L. K u h l c n b « k ) . D . Z Z t S
S ^ M</c>
family:Liberation Sans">89 G. Bruno, Zwiegcspráche..., p. 42.</c>
family:Liberation Sans">Í</c>
family:Liberation Sans">com uma alma animal voltada contra si mesma, tomando
partido contra si mesma,</c>
family:Liberation Sans">algo tão novo surgia na Terra, tão inaudito, tão profundo,
enigmático, pleno de</c>
family:Liberation Sans">contradição * de futuro, que o aspecto da Terra se alterou
substancialmente. De fato,</c>
family:Liberation Sans">necessitava-se de espectadores divinos, para fazer justiça
ao espetáculo que então</c>
family:Liberation Sans">começava e cujo fim não se prevê - espetáculo demasiado
fino, portentoso e para-</c>
family:Liberation Sans">">"< ' U ' "</c>
family:Liberation Sans">9 0 1. K a n t , "Prefácio à s e g u n d a edição", in
Critica da razão pura. vol. XVI.</c>
family:Liberation Sans">91 E Nietzsche, " O b e r W a h r h e i t u n d Lüge i »
aussermoralischen Sinne'. K S A I [Ed.çoes cnucas], P . 8 , 5 .</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>^«.rrlampnte despercebido, num astro ridículo</c>
family:Liberation Sans">doxal, para que pudesse acontecer absurdamente a c
4</c>
family:Liberation Sans">vidos dos h o m e n s . O raio e o trovão precisam de
tempo, a luz das estrelas</c>
family:Liberation Sans">qualquer!92.</c>
family:Liberation Sans">precisa de t e m p o , feitos precisam de tempo, mesmo
depois de haver ocorrido,</c>
family:Liberation Sans">para serem vistos e escutados" 9 '. Se é verdade que o m u
n d o não possui um</c>
family:Liberation Sans">Mas essa atenção cósmica não existe, a rigor nem mesmo o
cosmo, o m u n d o</c>
family:Liberation Sans">p o n t o central, n e n h u m p o n t o de apoio, nenhum
"aí", então todo e qualquer</c>
family:Liberation Sans">ordenado, articulado em vistas ou em torno de algo. E,
desde que sabemos disso,</c>
family:Liberation Sans">aqui e agora estará t a m b é m desprovido de um "aí". É
uma conseqüência lógica</c>
family:Liberation Sans">Deus está morto, sua morte não sendo apenas um ato
intelectual de negação,</c>
family:Liberation Sans">irrefutável. Ela é monstruosa, porém inicialmente permanece
como um mero</c>
family:Liberation Sans">mas a perda desse centro cósmico de gravitação: o começo de
uma i m p l o s a o</c>
family:Liberation Sans">p e n s a m e n t o abstrato. Foi necessário que muito
acontecesse até que se tornas-</c>
family:Liberation Sans">cósmica. "O que fizemos quando desacorrentamos a Terra de
seu Sol? Para</c>
family:Liberation Sans">se "carne", até que afetasse os conceitos, as visões e os
sentidos de equilíbrio e</c>
family:Liberation Sans">onde se move agora? Para onde nos movemos? Para longe de t
o d o s os sóis?</c>
family:Liberation Sans">de orientação dos seres pensantes, fazendo-os cambalear e
envolvendo-os em</c>
family:Liberation Sans">Não caímos continuamente? E para trás, para o lado, para
frente, para t o d o s</c>
family:Liberation Sans">uma luta pelo "aí", que finalmente se fisiologiza em luta
pela mais elementar,</c>
family:Liberation Sans">os lados? Há ainda um em cima' e um embaixo'? Não vagamos c
o m o q u e p o r</c>
family:Liberation Sans">o r i e n t a d o r a e amparadora percepção. Esse longo
processo histórico é conden-</c>
family:Liberation Sans">um infinito nada? Não nos assopra um espaço vazio?" 91
.</c>
family:Liberation Sans">sado na pessoa do louco nietzschiano. Ele representa o
curto-circuito, em car-</c>
family:Liberation Sans">O homem que se entrega a essas questões desafiadoras é
chamado de "louco"</c>
family:Liberation Sans">ne e osso, entre a virada copernicana, que ainda podia
refletir, e a luta tecnologi-</c>
family:Liberation Sans">por Nietzsche, alguém que passou, em tempo acelerado, por
essa arrebatadora</c>
family:Liberation Sans">c a m e n t e avançada pela percepção, que já podia começar
a sentir: a abreviatura</c>
family:Liberation Sans">experiência da história mundial, ficando "louco" após isso.
Quebra-se, para ele,</c>
family:Liberation Sans">sismográfica de um meio-milênio 9 \</c>
family:Liberation Sans">uma das maiores obviedades da história da humanidade. Desde
que os h o m e n s</c>
family:Liberation Sans">N ã o se troca de paradigma por uma decisão própria.
Planck, Bohr e Einstein</c>
family:Liberation Sans">percebam seu meio ambiente como algo coeso, de forma que
sejam capazes de</c>
family:Liberation Sans">perceberam muito bem que estavam diante de descobertas
revolucionárias; no</c>
family:Liberation Sans">reconhecer nele um mundo, há uma semelhança entre todas as
culturas, para</c>
family:Liberation Sans">e n t a n t o , só se p o d e dizer com segurança a
posteriori o quão longe foi a revo-</c>
family:Liberation Sans">além de suas diferenças: esse mundo tem um ponto central. E
ele fica o n d e nós</c>
family:Liberation Sans">lução, e o q u a n t o a descoberta pôde servir de base
real para novas pesquisas.</c>
family:Liberation Sans">estamos: seja a pedra sacrificial, sobre a qual oferecemos
carne e sangue, seja o</c>
family:Liberation Sans">N e n h u m p a r a d i g m a nasce como tal; ele torna-se
um, por meio de seu alcance</c>
family:Liberation Sans">poste totêmico que rodeamos, as colunas sagradas que marcam
os eixos de</c>
family:Liberation Sans">e da aceitação que lhe é conferida no decorrer do tempo
-</c>
family:Liberation Sans">nosso universo, a montanha em volta da qual moramos, ou,
posteriormente, o</c>
family:Liberation Sans">apenas p o r motivos racionais, como Kuhn mostrou
convincentemente 9 0 . E o</c>
family:Liberation Sans">país, ou mesmo a Terra inteira, em razão da qual Deus criou
o m u n d o . Mas</c>
family:Liberation Sans">p a r a d i g m a p o r excelência, o copernicano, somente
se tornou o que é contra</c>
family:Liberation Sans">nenhum grupo humano concebeu um mundo que não girasse em t
o r n o dele.</c>
family:Liberation Sans">a intenção de seu autor. C o m e ç o u como teoria
astronômica, transformou-se</c>
family:Liberation Sans">Sem um ponto central, nenhuma visão de mundo poderia
cumprir o seu papel:</c>
family:Liberation Sans">em u m a objeção devastadora contra a concepção cristã de
mundo, e por fim em</c>
family:Liberation Sans">fornecer um apoio para a coletividade em questão. A
descoberta de q u e tal</c>
family:Liberation Sans">base para toda a ciência moderna que, apesar de seu
desenvolvimento para além</c>
family:Liberation Sans">ponto não existe representa uma das grandes rupturas que já
houve. Ela é arre-</c>
family:Liberation Sans">de C o p é r n i c o , trabalha desde então em um m u n d o
sem p o n t o central. Neste</c>
family:Liberation Sans">batadora no sentido estrito da palavra. No princípio, o
arrebatamento é apenas</c>
family:Liberation Sans">sentido, todas as novas teorias que são proclamadas
"paradigmáticas'; e que se</c>
family:Liberation Sans">conceituai, mas o pensamento não pode apreendê-lo sem que
este t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">voltam para além da copernicana, não possuem a mesma
natureza fundamental</c>
family:Liberation Sans">apreenda o pensamento, gradualmente envolvendo o organismo
pensante c o m o</c>
family:Liberation Sans">da r u p t u r a que estabelecem do que a de Copérnico em
relação a seus precur-</c>
family:Liberation Sans">um todo - o que, é claro, não aconteceria se não houvesse
uma formação social</c>
family:Liberation Sans">sores. N ã o é apenas o caso que o m u n d o infinito de
Bruno, sem p o n t o centra ,</c>
family:Liberation Sans">que o impulsione, o que não se dá de dia para a noite.
"Chego cedo demais",</c>
family:Liberation Sans">a m extensa de Descartes, o espaço físico de N e w t o n ,
representem, de qual-</c>
family:Liberation Sans">diz o louco de Nietzsche, "não pertenço ainda a este tempo.
Este acontecimento tremendo ainda está acontecendo</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">•</c>
family:Liberation Sans">u u ce adesloco</c>
family:Liberation Sans">esloc</c>
family:Liberation Sans">a - s e ; ainda nao se impôs aos ou-</c>
family:Liberation Sans">quer forma, antes desenvolvimentos do paradigma copernicano
do que novos</c>
family:Liberation Sans">92 Idem, Zur Genealogie der MoraL k'SA <;</c>
family:Liberation Sans">Paulo C ^ dc S o Í a . S*o Paulo:</c>
family:Liberation Sans">93 Idem, Diefrõhliche</c>
family:Liberation Sans">WissenschaJt.KSA</c>
family:Liberation Sans">[Edições críticas], p. 481</c>
family:Liberation Sans">W</c>
family:Liberation Sans">Ibidcm</c>
family:Liberation Sans">rn</c>
family:Liberation Sans">, c</c>
family:Liberation Sans">Túrcke</c>
family:Liberation Sans">de forma alguma</c>
family:Liberation Sans">0 louco; Nietzsche e a mania da razão. Trad.
Antônio</c>
family:Liberation Sans">Trad.</c>
family:Liberation Sans">96 Cf. Th. S. Kuhn. Die Struktur wissenschaftlicher
Revolunonen, p. 1 >8.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>P A R A D I G M A DA S E N S A Ç Ã O</c>
family:Liberation Sans">e independentes. Pois mesmo quando algo de tão novo e a u t
ô n o m o q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">a física de Einstein, que, com seu conceito de espaço-
tempo, traz uma visão</c>
family:Liberation Sans">de m u n d o completamente inédita, esse novo se coloca, em
relação ao velho,</c>
family:Liberation Sans">como umaa modificação, não chegando a alterá-lo
completamente. N e n h u m a</c>
family:Liberation Sans">crítica à insuficiência de Copérnico ou Newton pôde, até
hoje, levar a um restabelecimento de uma base sobre a qual imagens de mundo sólidas
e criadoras</c>
family:Liberation Sans">de sentido pudessem ser formadas: nenhuma pôde voltar ao
geocentrismo. A</c>
family:Liberation Sans">ruptura da visão geocêntrica afetou como nenhuma outra
antes, e n e n h u m a</c>
family:Liberation Sans">outra depois, o sentido de mundo. Há, logo, boas razões
para diferenciar o pa-</c>
family:Liberation Sans">bastante ate que este os alcance. O cristianismo precisou
bem de um século até</c>
family:Liberation Sans">que a e x a t a ç ã o nervosa que o originou fosse
convertida em profissões de fé</c>
family:Liberation Sans">d o g m a s e doutrinas razoavelmente fixas. Porém foi
necessário um milênio até</c>
family:Liberation Sans">que esses coágulos mentais afundassem, por assim dizer, da
cabeça até as vísceras</c>
family:Liberation Sans">até q u e se concretizassem finalmente, por meio de
símbolos, imagens, cantos'</c>
family:Liberation Sans">construções, rituais e hábitos, num caráter formador de
homens e sociedade-!</c>
family:Liberation Sans">em sua integra. C o m p a r a d o a esse processo, é quase
rápido, se a descoberta de</c>
family:Liberation Sans">que o m u n d o não possui um c o n t o central já começa a
se sedimentar, depois</c>
family:Liberation Sans">radigma copernicano, enquanto paradigma por excelência, de
todos os outros</c>
family:Liberation Sans">de meio milênio de algo pensado para algo sentido, de uma
visão de mundo</c>
family:Liberation Sans">que desde então se lhe sobrepuseram 9 ".</c>
family:Liberation Sans">teórica para uma sensação vital de mundo. Esse processo
entra agora em seu</c>
family:Liberation Sans">O paradigma copernicano também se distingue pelo fato de
que, p o r assim</c>
family:Liberation Sans">dizer, se faz sentir postumamente. Com uma grande defasagem
temporal, m u i t o</c>
family:Liberation Sans">após ter sido cientificamente ultrapassado e reincorporado
por outras teorias,</c>
family:Liberation Sans">começa a impor-se fisiológica e esteticamente. Encontra-se,
aqui, um notável</c>
family:Liberation Sans">descompasso em funcionamento, que remonta a algo f u n d a
m e n t a l : a capacidade do sistema nervoso humano de formar conceitos. Estes não
estão ligados</c>
family:Liberation Sans">a um aqui e agora; podem mover-se, como memória, para o
passado e, c o m o</c>
family:Liberation Sans">expectativa, para o futuro. Foi uma espécie de golpe de
gênio de Epicuro q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">chamou os conceitos deprolepsis: antecipações». Na
realidade, eles são algo</c>
family:Liberation Sans">secundano: sensações e percepções volatizadas e
universalizadas". Mas, uma vez</c>
family:Liberation Sans">existentes, antecipam toda a experiência subsequente.
Funcionam c o m o recepaculos mentais abstratos, dentro dos quais as sensações e
percepções concretas</c>
family:Liberation Sans">Sed</c>
family:Liberation Sans">mentam e</c>
family:Liberation Sans">as resjamais</c>
family:Liberation Sans">a í ;</c>
family:Liberation Sans">z i n d o - o intencionalmente para o estabelecimento de um
novo paradigma. O</c>
family:Liberation Sans">novo consolida-se, no entanto, como algo natural, acéfalo,
por meio de forças</c>
family:Liberation Sans">não coordenadas de uma compulsão global à emissão, dando a
ver que o novo</c>
family:Liberation Sans">paradigma corresponde ao velho póstumo. É como uma estrela
cuja luz só chega</c>
family:Liberation Sans">a o u t r a região cósmica depois de ter ela mesma morrido.
A revolução copernicana, há m u i t o passada, apenas com a revolução
microeletrônica celebra seu</c>
family:Liberation Sans">advento nas profundezas do sistema nervoso. Somente agora
seu chocante teor</c>
family:Liberation Sans">cosmológico se converte em uma disposição sensorial
elementar: em uma forma</c>
family:Liberation Sans">de estruturação da sensação. Mais ainda: a concepção de
mundo copernicana</c>
family:Liberation Sans">torna-se então, n o sentido rigoroso do termo, uma visão de
mundo.</c>
family:Liberation Sans">Dessa maneira, abre-se abruptamente no conceito de
paradigma uma dimensão p r o f u n d a , fisiológico-estética, a qual não ocorreu a
ninguém que participou</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">;</c>
family:Liberation Sans">' * * L° — • P<" - a i s que haja sedimentação, n u n c
a são</c>
family:Liberation Sans">completamente preenchidos. Por mais certo que seja que ao
conceit^ d e T v o r e</c>
family:Liberation Sans">precedem expenências de muitas árvores i n d i v i d u ^ t
a m b é m é c 1</c>
family:Liberation Sans">™::r</c>
family:Liberation Sans">estágio manifesto, sem que ninguém por detrás dos panos o
controle, condu-</c>
family:Liberation Sans">t o d a s</c>
family:Liberation Sans">d o d e b a t e teórico-científico iniciado por Kuhn.
Discutiu-se aí a respeito de</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o uma teoria científica seria tão f u n d a m e n
t a l a p o n t o de satisfazer os</c>
family:Liberation Sans">critérios de um novo paradigma, e qual combinação de
motivações racionais</c>
family:Liberation Sans">z</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">:</c>
family:Liberation Sans">e irracionais levam à sua implementação. Mas o sistema
nervoso, o ponto de</c>
family:Liberation Sans">partida de todas as teorias em disputa, foi tacitamente
aceito como um dado</c>
family:Liberation Sans">c o n s t a n t e da constituição humana. N o entanto,
agora fica claro que ele é tão</c>
family:Liberation Sans">p o u c o imutável q u a n t o as próprias teorias. O
discurso epistemológico da mudança de paradigmas esbarra grosseiramente em
pressuposições fisiológicas</c>
family:Liberation Sans">lV l</c>
family:Liberation Sans">n i c d i d a c m que não procedeu i m i A i f</c>
family:Liberation Sans">domncdtoi ^</c>
family:Liberation Sans">po</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">• -</c>
family:Liberation Sans">:x Q I I R S R R °KUHN1F 1 - —</c>
family:Liberation Sans">irrefletidas. Suas coordenadas são deslocadas. Sob certa
perspectiva, o paradigma</c>
family:Liberation Sans">da sensação é mais "paradigmático" do que o concebido por
Kuhn: não apenas</c>
family:Liberation Sans">J i i l a ^ i l f e i</c>
family:Liberation Sans">c o m o base de pesquisa de um sistema científico, mas como
a base de percepção</c>
family:Liberation Sans">98 Epicuro. ' B r i c f a n Herodoc", n ° 7 2 i</c>
family:Liberation Sans">99 Cf. capítulo 2 desce volume.</c>
family:Liberation Sans">jeitas à mudança histórica; todo o aparato de percepção, do
qual emergem, se</c>
family:Liberation Sans">W ç, - ,</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">' ' ^</c>
family:Liberation Sans">de t o d a uma sociedade. Não são apenas as convicções
científicas que estão su-</c>
family:Liberation Sans">Stuttgar[. ,^</c>
family:Liberation Sans">p</c>
family:Liberation Sans">transforma — apenas bem mais devagar. Talvez tenha sido com
os saltos técnicos</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>dos séculos XIX e XX que a mudança atingiu pela
primeira vez uma velocidade</c>
family:Liberation Sans">que lhe permitisse ser percebida. E, sem dúvida, sua
aceleração só fez a u m e n t a r</c>
family:Liberation Sans">a olhos vistos com a revolução microeletrônica. N o
entanto, em comparação</c>
family:Liberation Sans">L Ó G I C A DA SENSAÇÃO</c>
family:Liberation Sans">com o avassalador progresso científico-tecnológico, ainda
se arrasta em r i t m o</c>
family:Liberation Sans">muito lento. Deve-se estar preparado para investigar uma
dimensão temporal</c>
family:Liberation Sans">devidamente extensa para poder ter-se uma idéia da
amplitude histórica, ou</c>
family:Liberation Sans">até mesmo antropológica, envolvida nisso 100 .</c>
family:Liberation Sans">C o m isso, uma mudança de perspectiva faz-se necessária.
Por mais que a</c>
family:Liberation Sans">sociedade altamente tecnologizada possa envolver seus m e m
b r o s de m a n e i r a</c>
family:Liberation Sans">assustadoramente íntima, ela já vem de muito longe. As
tendências mais recentes correspondem apenas a algo de meramente superficial, a uma
m o d a , o</c>
family:Liberation Sans">"último grito". Agora, porém, cabe indagar o que se
expressa ou o que irrompe,</c>
family:Liberation Sans">nessas tendências, de longamente acumulado, retido, não
resolvido. É necessário</c>
family:Liberation Sans">Gabinetes de curiosidades</c>
family:Liberation Sans">pesquisar as fontes a partir das quais a moderna lógica da
sensação surgiu, e</c>
family:Liberation Sans">elas encontram-se lá onde o paradigma da sensação tem sua
origem histórica:</c>
family:Liberation Sans">na Renascença, uma época de mudança.</c>
family:Liberation Sans">"APENAS P E R C E B E M O S UM M O V I M E N T O por meio
de uma comparação com</c>
family:Liberation Sans">algo fixo. Se alguém não soubesse a respeito do fluir das
águas, e se não visse</c>
family:Liberation Sans">as margens, e n q u a n t o ele está em um barco n agua,
como poderia reconhecer</c>
family:Liberation Sans">que o barco está a mover-se?" Esta é uma das idéias
fundamentais da moderna</c>
family:Liberation Sans">teoria da relatividade, aqui, no entanto, exposta por um
teólogo do século XV.</c>
family:Liberation Sans">"E c o m o cada um", continua,</c>
family:Liberation Sans">t</c>
family:Liberation Sans">dam por meio da ^</c>
family:Liberation Sans">E</c>
family:Liberation Sans">tf</c>
family:Liberation Sans">l</c>
family:Liberation Sans">C O m H</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">7/°</c>
family:Liberation Sans">f °</c>
family:Liberation Sans">à emissáo, parece ser</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">™</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">"<«</c>
family:Liberation Sans">M u n i</c>
family:Liberation Sans">Mcnscbcnmarkt.</c>
family:Liberation Sans">Rcinbek. 2001) No c « a n t o ' f 1 '</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">^ ^</c>
family:Liberation Sans">^ 1998= A" Künzli.</c>
family:Liberation Sans">na relação entre revoluções J o I</c>
family:Liberation Sans">s,muI</c>
family:Liberation Sans">depois a biocecnológica; ou. aqui uma lá a J r l P j
.</c>
family:Liberation Sans">« ™ < W e : primeiro a microeletrônica,</c>
family:Liberation Sans">modificam, e s p e r a m as</c>
family:Liberation Sans">" ^ Y *</c>
family:Liberation Sans">n.co, também a biocecnológica surge sob c o n d i r i
'</c>
family:Liberation Sans">° C ° r r C U S o b e o n d i Ç õ « da de Copérh o m e n s
- física estética, . L t a . n ^ e ^ I Z t Z t t ^</c>
family:Liberation Sans">0SSlbllltar</c>
family:Liberation Sans">dos na moderna luta pelo "ai". É isso que faz a n o c i
n</c>
family:Liberation Sans">c</c>
family:Liberation Sans">bem-sucedia medida fosse a perfeição, não haveria o q e r c
c \ Z r M ^</c>
family:Liberation Sans">" ' í m c d i d a * » a s s o m b r a d o r u . Se</c>
family:Liberation Sans">c uais</c>
family:Liberation Sans">•deais sob condições de compulsão a</c>
family:Liberation Sans">as m e d i d a s</c>
family:Liberation Sans">Sob todas as</c>
family:Liberation Sans">tancias e p o n t o s de vista, está "aí", se faz
ver,</c>
family:Liberation Sans">T ™ ^</c>
family:Liberation Sans">circunsMichael Jackson procurou fazer eom o auxíl o d o S e
i ^ c a ^ f * ™ ™</c>
family:Liberation Sans">Aquilo que</c>
family:Liberation Sans">C O m</c>
family:Liberation Sans">m u c a a engenharia genética deve proporcionar d ^
°</c>
family:Liberation Sans">P " - ' v a m e , u C diletantes da cirurgia cosa
conf</c>
family:Liberation Sans">« Ç à o da forma h u m a n í midiática e m " o Z</c>
family:Liberation Sans">^tangenteeprofissiomCn</c>
family:Liberation Sans">; : " possibilidades e os riscos da e n g e n h a r i a l ^
^ ^ J " * * ' ™ - " "</c>
family:Liberation Sans">«clonalC o n</c>
family:Liberation Sans">paradigma da sensação como sua P r e c o n ! i ç ã o q a f
" r a " s o d</c>
family:Liberation Sans">— ™ c e o</c>
family:Liberation Sans">não importa que ele esteja na Terra ou no Sol, ou em alguma
outra estrela, tem sempre a impressão de localizar-se, por assim dizer, em um ponto
central imóvel, e que</c>
family:Liberation Sans">tudo o mais se movimenta, por isso também iria,
enconcrando-se no Sol, na Terra,</c>
family:Liberation Sans">na Lua, em Marte etc., formar certamente novos polos. De
sorte que a arquitetura</c>
family:Liberation Sans">do mundo é como se toda parte tivesse o seu centro e em
lugar algum a sua periferia,</c>
family:Liberation Sans">uma vez que sua periferia e seu ponto central são Deus, que
se encontra em todos os</c>
family:Liberation Sans">lugares e em lugar nenhum 1 .</c>
family:Liberation Sans">E esse autor não acabou na fogueira? Muito pelo contrário:
acabou como um</c>
family:Liberation Sans">n o b r e cardeal. Q u e D e u s esteja "em todos os
lugares e em lugar nenhum", um</c>
family:Liberation Sans">p e n s a m e n t o que soa suspeitosamente panteísta, se
não chega até a ser ateísta,</c>
family:Liberation Sans">converte-se aqui em um p o n t o de fuga intangível da
ortodoxia, tão somente outra</c>
family:Liberation Sans">expressão para a idéia de que Deus seja ao mesmo tempo a
completa unidade</c>
family:Liberation Sans">e totalidade -</c>
family:Liberation Sans">a absoluta identidade de tudo aquilo que para a expenencia
e</c>
family:Liberation Sans">N i c o l a u d e Gusa, De docta garantia.</c>
family:Liberation Sans">Diebelebrte</c>
family:Liberation Sans">Vnurissenbei,</c>
family:Liberation Sans">Livro 11.2-ed. H a m b u r g o . 1977. p. 95.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>limitação humanas sempre sc divide apenas em
sucessões e paralelos. E assim,</c>
family:Liberation Sans">comprovado: que a percepção não é algo que acontece passiva
e irracionalmen-</c>
family:Liberation Sans">Nikolaus de Kues, chamado de Nicolau de Cusa, p ô d e
permitir-se relativizar,</c>
family:Liberation Sans">te, mas u m trabalho complexo de transformação, no qual os
diferentes órgãos</c>
family:Liberation Sans">em vista desse absoluto, concepções espaçotemporais
inteiras. M e s m o às formas</c>
family:Liberation Sans">sensoriais estão envolvidos. Todavia, o fenômeno da
percepção não era, para</c>
family:Liberation Sans">geométricas mais elementares, c o m o a linha, o círculo e
o triângulo, f a l t a m</c>
family:Liberation Sans">Aristóteles, o grande desafio intelectual. Em seu escrito
Sobre a alma, começa</c>
family:Liberation Sans">a perfeição e a exatidão, m e s m o os corpos mais sólidos
carecem de s o l i d e z e</c>
family:Liberation Sans">c o m o b o m materialista: primeiro vem a alimentação,
depois a percepção e</c>
family:Liberation Sans">imobilidade, seguindo-se daí que a Terra gira" e que não
poderia ser um p o n t o</c>
family:Liberation Sans">em seguida o p e n s a m e n t o -</c>
family:Liberation Sans">central, porque "nenhum p o n t o central poderia existir
sem que houvesse o u t r o</c>
family:Liberation Sans">depois a moral. Mas a percepção sensorial, como
infraestrutura do pensamen-</c>
family:Liberation Sans">quase como para Brecht, primeiro a devoração e</c>
family:Liberation Sans">mais verdadeiro e preciso" . Dessa forma, Nicolau de Cusa
gerou uma p r o f u n d a</c>
family:Liberation Sans">to, p e r m a n e c e - l h e subordinada. Bem mais alto na
hierarquia, situa-se, para</c>
family:Liberation Sans">inquietação na cosmologia geocêntrica sem que se p u d e s
s e provar q u e ele a</c>
family:Liberation Sans">Aristóteles, o pensamento, representando o único acesso ao
verdadeiro ser, à</c>
family:Liberation Sans">tocava. Este é o truque de sua docta ignorantia, que t a m
b é m f o r n e c e u o t í t u l o</c>
family:Liberation Sans">sustância ideal d o mundo, que dá amparo e orientação ao
mundo. Essa avaliação</c>
family:Liberation Sans">de sua obra principal, de 1440: audácia subversiva em u m a
i n t e n ç ã o r e s t a u r a -</c>
family:Liberation Sans">foi seguida pelos intelectuais ocidentais até a Alta Idade
Média, praticamente</c>
family:Liberation Sans">dora. Q u e se c o m b i n e em D e u s aquilo que se
separa n o t e m p o e n o e s p a ç o ,</c>
family:Liberation Sans">em uníssono. As faculdades sensoriais, é certo, são vistas
como uma dádiva</c>
family:Liberation Sans">que apenas em Deus exista a absoluta exatidão q u e f a l t
a em t o d a s as m e d i d a s ,</c>
family:Liberation Sans">divina, mas c o m o subalternas. Em oposição ao intelecto,
elas "não apreendem</c>
family:Liberation Sans">números, e comparações terrenas: este deveria ser o p e n s
a m e n t o s a l v a d o r , q u e</c>
family:Liberation Sans">a essência das coisas, apenas seus acessórios externos" 7 ,
como decreta sucinta e</c>
family:Liberation Sans">possibilitasse expressar a erosão da visão cristã de m u n
d o , a o m e s m o t e m p o e m</c>
family:Liberation Sans">precisamente Tomás de Aquino.</c>
family:Liberation Sans">que a conduzisse a um patamar mais elevado.</c>
family:Liberation Sans">Essa concepção, obviamente, ainda era a de Nicolau de Cusa.
Entretanto, em</c>
family:Liberation Sans">Uma vez no m u n d o , porém, a inquietação s e g u e seu p
r ó p r i o c u r s o . Ela</c>
family:Liberation Sans">De docta ignorantia, ele deixa cair, como que
incidentalmente, i.e., na dedicatória</c>
family:Liberation Sans">coniere uma cintilação peculiar à doutrina de Nicolau de C
u s a , c o m o e m u m</c>
family:Liberation Sans">i n t r o d u t ó r i a ao livro, na qual se esperaria
encontrar apenas as delicadezas de</c>
family:Liberation Sans">quadro impressionista, cujos detalhes p o d e m a p e n a s
ser a p r e e n d i d o s p o r m e i o</c>
family:Liberation Sans">praxe, u m a gota de veneno espiritual, que subverte
sensivelmente a hierarquia</c>
family:Liberation Sans">da luz que os faz cintilar, mas que ao mesmo tempo os
dissolve. Esse fato afetou</c>
family:Liberation Sans">tradicional de p e n s a m e n t o e percepção, a saber, a
comparação entre intelecto</c>
family:Liberation Sans">de passagem também um conceito que à época recebia p o u c
a a t e n ç ã o , e q u e</c>
family:Liberation Sans">e e s t ô m a g o . E, nesse contexto, aparece rapidamente
o c o n c e i t o de sensatio:</c>
family:Liberation Sans">ainda não deixava entrever a promoção q u e s o f r e r i a
: o c o n c e i t o d e s e n s a ç ã o . É</c>
family:Liberation Sans">" S e g u n d o dizem os estudiosos da natureza, o apetite
é antecedido por certa</c>
family:Liberation Sans">apenas no latim da Alta Idade Média que</c>
family:Liberation Sans">sensação triste (tristem sensationem)</c>
family:Liberation Sans">gradualmente se transforma</c>
family:Liberation Sans">no^ ermo usual para aquilo que fazem os sentidos: sentir,
perceber. N ã o q u e</c>
family:Liberation Sans">disso nao se pensasse a respeito. Aristóteles já abordara,
um após outro,</c>
family:Liberation Sans">na entrada do estômago, a fim de que a</c>
family:Liberation Sans">natureza, q u e necessita manter-se, seja levada a
restaurar-se. Daí, parece-me</c>
family:Liberation Sans">justificar-se que o espanto, ao qual se deve o filosofar,
preceda o ímpeto ao saber,</c>
family:Liberation Sans">a visão, o ouvir, o cheirar, o provar e o tocar, com um
conceito fixo para</c>
family:Liberation Sans">a fim de que o intelecto [...] se aperfeiçoe por meio do
zelo pela verdade" s . Isso</c>
family:Liberation Sans">E k</c>
family:Liberation Sans">"é ^ ^</c>
family:Liberation Sans">* apreender as f o r l s p ^</c>
family:Liberation Sans">ceptiveis sem a matena, como a cera registra a marca do
anel sem o ferro ou</c>
family:Liberation Sans">soa tão convencional, que não se percebe à primeira vista
que velhos lugares</c>
family:Liberation Sans">c o m u n s filosóficos recebem aqui um novo significado,
cheio de conseqüências. O apetite e o espanto, Nicolau suspeita, possuem a mesma
motivação:</c>
family:Liberation Sans">rqual Vô</c>
family:Liberation Sans">gos e J y n " Z</c>
family:Liberation Sans">2 i T 'r</c>
family:Liberation Sans">a,g ma</c>
family:Liberation Sans">"™ rd ee bK imd Í an ^</c>
family:Liberation Sans">™<*ança»>, na</c>
family:Liberation Sans">d e t e r m i n a d a sensação de falta, sem a qual nem o
movimento corporal nem o</c>
family:Liberation Sans">espiritual entram em curso. Ao estômago, quando se excita,
falta obviamente</c>
family:Liberation Sans">o alimento. Mas o que falta ao intelecto quando se espanta?
Falta uma explicação. O espanto já corresponde ao princípio da busca por uma
elucidação. Daí a</c>
family:Liberation Sans">Mem»op. cit., p. 91.</c>
family:Liberation Sans">Aristóteles, Über die Seele 424*.</c>
family:Liberation Sans">Idcra f op.cit.,4l6 b .</c>
family:Liberation Sans">Idem, op. cit., 424*.</c>
family:Liberation Sans">famosa definição de Aristóteles: "Os homens começam a
filosofar, tanto agora</c>
family:Liberation Sans">T o m á s dc A q u i n o , Summa</c>
family:Liberation Sans">tbeologica I, questão 57. artigo 1, a.2.</c>
family:Liberation Sans">Nicolau de C u s a , De docta ignorantia.</c>
family:Liberation Sans">Die belehrte Unwissenheit.</c>
family:Liberation Sans">Livro 1.4' ed. H a m b u r g o . 199i. p. 2.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>L Ó G I C A DA S E N S A Ç Ã O</c>
family:Liberation Sans">S O C I E D A D E: E X C I T A D A : F I L O S O F I A D A
S E N S A Ç Ã O</c>
family:Liberation Sans">como antes, porque se espantam" 9 . É isso que Nicoiau quer
dizer, mas c o m a</c>
family:Liberation Sans">suposto poder medicinal contra venenos e doenças, mas
simplesmente, e cada</c>
family:Liberation Sans">diferença de que o espanto não tem uma primazia puramente
espiritual E de</c>
family:Liberation Sans">vez mais, porque eram objetos curiosos: fascinantes
excentricidades da natureza.</c>
family:Liberation Sans">um só golpe, sua associação lapidar de intelecto e estômago
expõe o subsolo</c>
family:Liberation Sans">Obviamente, isso significava inverter uma característica
humana que um pai da</c>
family:Liberation Sans">físico do espanto: o mal-estar específico no qual um o r g
a n i s m o p e n s a n t e é</c>
family:Liberation Sans">Igreja, Agostinho, há mil anos qualificara como vício:
curiositasn.</c>
family:Liberation Sans">colocado diante de todos os fenômenos que lhe aparecem como
inadequados,</c>
family:Liberation Sans">Q u e "todos os h o m e n s busquem, por sua própria
natureza, o conhecimen-</c>
family:Liberation Sans">enigmáticos ou não solucionáveis pelo pensamento, cirando-
lhe d o repouso,</c>
family:Liberation Sans">t o " " , como disse Aristóteles, foi expressamente aceito
pela doutrina cristã como</c>
family:Liberation Sans">roubando-lhe a certeza e incitando-o a restabelecê-los por
meio do pensamento.</c>
family:Liberation Sans">algo desejado por Deus, o correto desejo pelo saber
(.studiositas) tendo sido</c>
family:Liberation Sans">Essa incitação está muito próxima da sensação de falta do
estômago, o apetite</c>
family:Liberation Sans">visto como uma virtude — e tanto mais diferenciado de seu
par nocivo, a curio-</c>
family:Liberation Sans">sendo um espanto corporal, assim como o espanto, um apetite
da alma, e am-</c>
family:Liberation Sans">sidade (curiositas), que se iniciaria como um desejo de
ver, de deixar-se atrair</c>
family:Liberation Sans">bos se constituindo em tristissensatio: a sensação triste,
excitação q u e leva o</c>
family:Liberation Sans">por ocorrências naturais excitantes, entretenimentos de
palco ou belas mulhe-</c>
family:Liberation Sans">organismo a restaurar-se"'.</c>
family:Liberation Sans">res, m e r g u l h a n d o n o sensual pelo prazer dos
sentidos, em vez de pelo Criador,</c>
family:Liberation Sans">Porém o que é que faz os homens espantarem-se ? "No começo
espantavam-se</c>
family:Liberation Sans">e a d q u i r i n d o saber por vaidade e poder próprios,
em vez de pelo verdadeiro</c>
family:Liberation Sans">porque se confrontavam com algo inexplicável {aporia)", diz
Aristóteles, c o m o</c>
family:Liberation Sans">c o n h e c i m e n t o de Deus 1 4 . E agora isso:
aprender a valorizar o raro em si, a ad-</c>
family:Liberation Sans">por exemplo "marionetes que se movam a si próprias, o
eclipse do Sol ou a in-</c>
family:Liberation Sans">mirar, em vez de seu aspecto supostamente sobrenatural,
suas características</c>
family:Liberation Sans">comensurabilidade das diagonais"". Mas mesmo aqui De C u s
a p õ e u m a nova</c>
family:Liberation Sans">naturais de fato; registrá-las e estudá-las como um
alargamento de horizonte,</c>
family:Liberation Sans">ênfase. "São as raridades, ainda que sejam monstros, que
costumam mover-nos."</c>
family:Liberation Sans">c o m o u m aperitivo para as peculiaridades que em
bibliotecas, na terra ou em</c>
family:Liberation Sans">Monstrum, o conceito latino para aquilo que d e c o r a t i
v a m e n t e desvia d o</c>
family:Liberation Sans">o u t r o s continentes ainda pudessem estar à espera de
ser descobertas: isso se</c>
family:Liberation Sans">curso habitual da natureza, pode ter vários sentidos: uma
intervenção divina,</c>
family:Liberation Sans">transformaria em u m dos traços mais marcantes da
inquietude e do esclareci-</c>
family:Liberation Sans">uma marca, um milagre, o inacreditável, mas também o
monstruoso, disforme,</c>
family:Liberation Sans">m e n t o humanistas em seus primórdios. C o m isso
esmorecem os limites entre</c>
family:Liberation Sans">abominável. Qual desses significados Nicoiau de Cusa tem em
mente, é algo que</c>
family:Liberation Sans">o studiositas e a curiositas. E justamente Nicoiau de Cusa
foi uma testemunha</c>
family:Liberation Sans">não podemos saber; porém temos conhecimento de que, e n q u
a n t o estudante</c>
family:Liberation Sans">privilegiada de que não podem ser separados de forma
precisa. Já em seus anos</c>
family:Liberation Sans">em Pádua, tinha contato e vínculos de amizade com
humanistas italianos, com</c>
family:Liberation Sans">em Colônia, distinguiu-se como colecionador de livros ao
descobrir a Naturalis</c>
family:Liberation Sans">os quais o espírito de uma nova época começava a emergir
sob a forma de u m a</c>
family:Liberation Sans">Historia, d o jovem Plínio, e 12 comédias de Plauto, até
então desconhecidas.</c>
family:Liberation Sans">atividade intensa de colecionar — impulsionada pelo
comércio exterior, que,</c>
family:Liberation Sans">Posteriormente, ele participou do redescobrimento dos
escritos curtos de Tá-</c>
family:Liberation Sans">além de especiarias e cetim, peças de metal trabalhado e
porcelanas, p e d r a s</c>
family:Liberation Sans">cito, entre eles o Germania;</c>
family:Liberation Sans">exóticas em abundância, mariscos, penas, ossos, plantas,
por vezes também trazia</c>
family:Liberation Sans">florins", c o m o ele mesmo toma nota, além de livros
raros, preciosos aparelhos</c>
family:Liberation Sans">macacos vivos, camelos, leões e até mesmo orientais e
africanos. O século XV</c>
family:Liberation Sans">astronômicos, que p o d e m ser encontrados ainda hoje em
sua biblioteca em</c>
family:Liberation Sans">representou a época na qual se iniciou uma busca
profissional por manuscritos</c>
family:Liberation Sans">Cusa 1 5 , e f o r m u l o u ainda o argumento psicológico-
cognitivo que lhe fez pa-</c>
family:Liberation Sans">antigos, perdidos ou raros, a época na qual se organizaram
jardins botânicos</c>
family:Liberation Sans">recer tal versatilidade e amadorismo iluministas inócuos:
"São raridades, ainda</c>
family:Liberation Sans">com plantas extraordinárias, a época de surgimento dos
gabinetes de raridades,</c>
family:Liberation Sans">q u e sejam monstros, que costumam mover-nos" 16 . Em
outras palavras: studio-</c>
family:Liberation Sans">comprou no Reichstag de Nuremberg, "por 38</c>
family:Liberation Sans">quando dentes de elefantes e tubarões, ossos de mamutes,
chifres de rinocerontes,</c>
family:Liberation Sans">ovos de avestruz e pedras preciosas não mais eram
procurados por causa dc seu</c>
family:Liberation Sans">12 A g o s t i n h o , Confissões, X. 35.</c>
family:Liberation Sans">Aristóteles, Metafísica 982 b ; cf. Platão, Teeteto 155
J .</c>
family:Liberation Sans">10 Pode-se quase acreditar ouvir Nietzsche- o e s D Í r i r
n m , A - 1 a</c>
family:Liberation Sans">sua capacidade digestiva', para usar unia i m a Z L e n ' °
n ° 8 T d V ™ ^</c>
family:Liberation Sans">ProPriadoraque qualquer coisa, a um estômago" (F Nier A .
P</c>
family:Liberation Sans">° c s P ' r i t 0 se a s s e m e l h a , mais d o</c>
family:Liberation Sans">U IN CUSChc /</c>
family:Liberation Sans">P-168).</c>
family:Liberation Sans">' ' " " alé»> do bem edo mal. KSA 5 [Edições
criticas],</c>
family:Liberation Sans">11 Aristóteles, Metafísica 983'.</c>
family:Liberation Sans">13 Aristóteles, Metafísica</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">980'.</c>
family:Liberation Sans">14 T o m á s d e A q u i n o , Summa</c>
family:Liberation Sans">theologica II, questão l67a.2v</c>
family:Liberation Sans">15 C f . E. M e f i e r t , Nikolaus von Kues. Stuttgarc,
1982, pp. 44, 112.</c>
family:Liberation Sans">16 N o lugar o n d e se e n c o n t r a , ou seja. na
dedicatória de D, docta igvorantia. esta</c>
family:Liberation Sans">teológica a i n d a mais radical. N i c o i a u de Cusa .az
referência ao</c>
family:Liberation Sans">d ^ n n » do r o</c>
family:Liberation Sans">em u m discurso v o l t a d o p a r a o ilustre cardeal
Cesarini, o receptor da obra. P 0 ^ 0 ^ ^ ^ ^ ^</c>
family:Liberation Sans">o e s f o r ç o d e s p r e n d i d o , n ã o teria d e i x
a d o de ter traços de algo mass.vamente esdruxulo.</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">^ ,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>sitas inicia-se por natureza nas regiões inferiores
da curiositas — assim c o m o o</c>
family:Liberation Sans">espanto começa no estômago. Ainda a ânsia irrepreensível de
saber mais corresponde a uma curiosidade que se superou e sublimou. O condenável
não é mais</c>
family:Liberation Sans">a curiosidade em si. mas a insistência em sua forma bruta,
não sublimada.</c>
family:Liberation Sans">Dessa maneira, De Cusa insere uma nova nuança de s e n t i
d o no espanto,</c>
family:Liberation Sans">suficientemente conhecido como começo da filosofia, ao m e
s m o t e m p o discreta e seriíssima. O espanto perante raridades e o espanto d i
a n t e de eclipses</c>
family:Liberation Sans">ou a incomensurabilidade das diagonais não são da mesma
espécie. Em u m caso,</c>
family:Liberation Sans">0 fenômeno é surpreendente porque não se consegue
identificar sua forma de funcionamento no outro, primordialmente porque nunca se
viu algo do gênero; em</c>
family:Liberation Sans">um é seu caráter enigmático; no outro, sua novidade que
gera o espanto, e deforma alguma é indiferente saber qual dos dois tem a primazia.
Se as raridades</c>
family:Liberation Sans">representam um caso de aporia, ou se as aporias devem ser
vistas c o m o u m caso</c>
family:Liberation Sans">de raridade — disso pode depender a forma de vida de toda
uma sociedade.</c>
family:Liberation Sans">Assim que o raro se transforma em um valor em si, ele
converte-se em u m mágico muito peculiar: um mágico que estranhamente desfaz a p r
ó p r i a m a g i a .</c>
family:Liberation Sans">Os enigmas têm de ser decifrados para que percam sua
natureza s u r p r e e n d e n te. As raridades, diferentemente, tornam-se por si
só cotidianas; as novidades,</c>
family:Liberation Sans">p o r si só antiquadas; é necessário apenas que se conviva
com elas p o r c e r t o</c>
family:Liberation Sans">tempo. Assim, quando o raro começa a ser visto como
sensacional, p o r ser raro,</c>
family:Liberation Sans">e não por ser regido por leis insondáveis, então a
percepção e a atenção adquirem a disposição que tem a estrutura de um apetite q u e
reforça a si m e s m o .</c>
family:Liberation Sans">1 roponentes da teoria dos sistemas falariam em
realimentação. J u s t a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">porque o novo e o raro se esgotam rapidamente, cresce o
apetite para novas</c>
family:Liberation Sans">raridades e novidades. As raridades tornam-se para o
intelecto aquilo q u e a</c>
family:Liberation Sans">alimentaçao e para o estômago; precisa-se delas para
"recompor-se". O interesse pelo raro e pelo novo pode, dessa maneira, quando
determinadas condições se</c>
family:Liberation Sans">açam presentes, passar a funcionar sistematicamente,
transformando-se no m o t o r</c>
family:Liberation Sans">de p a r a ir em direção ao espetacular -</c>
family:Liberation Sans">passa a ser uma questão de tempo Os</c>
family:Liberation Sans">c h a m a d o s gabinetes de arte e curiosidades da
Renascença são arautos precoces</c>
family:Liberation Sans">desse desenvolvimento. São constituídos com o único intuito
de mostrar o raro</c>
family:Liberation Sans">N o r m a l m e n t e , q u a n t o mais fora do normal
forem os objetos, tanto mais fora</c>
family:Liberation Sans">do n o r m a l parecerá seu proprietário. Isso também
corresponde a um aspecto</c>
family:Liberation Sans">da m u i t o louvada revalorização do indivíduo na
Renascença: a autoestilização</c>
family:Liberation Sans">na f o r m a de m o d a , dos privilegiados. Sem dúvida,
príncipes exaltados, grandes</c>
family:Liberation Sans">comerciantes e sábios colecionam objetos por motivos
diversos; convergem, no</c>
family:Liberation Sans">entanto, na f o r m a de sua apropriação da natureza. Muito
facilmente se esquece,</c>
family:Liberation Sans">em relação às belas coleções, de que a natureza colecionada
é uma natureza</c>
family:Liberation Sans">desvitalizada. O q u e se deixa colecionar foi ou é
aprisionado, desenraizado</c>
family:Liberation Sans">m u t i l a d o ou m o r t o , sendo, além disso,
propriedade privada, ou seja, estando</c>
family:Liberation Sans">à d i s p o s i ç ã o d e seu p r o p r i e t á r i o c o m
o troféu, mercadoria ou objeto de pesquisa. E apenas c o m o uma tal massa à
disposição, no estado desprotegido do</c>
family:Liberation Sans">arquivável o u analisavel, q u e a natureza parece tornar-
se uma natureza para o</c>
family:Liberation Sans">h o m e m : abrir-lhe os olhos para suas peculiaridades. Os
gabinetes de arte e de</c>
family:Liberation Sans">curiosidades n ã o eram, nesse sentido, depósitos de
tralhas, mas constituíam,</c>
family:Liberation Sans">de i m e d i a t o , c o m rubricas c o m o
Naturalia</c>
family:Liberation Sans">quaria</c>
family:Liberation Sans">(minerais, plantas, animais), Anti-</c>
family:Liberation Sans">(esculturas da Antigüidade), Artificialia</c>
family:Liberation Sans">(objetos de arte) e Scientijica</c>
family:Liberation Sans">( i n s t r u m e n t o s , máquinas, autômatos), bem
organizados gabinetes ou mesmo</c>
family:Liberation Sans">galerias inteiras' . Só assim podiam desenvolver seu efeito
— pagando o preço,</c>
family:Liberation Sans">é verdade, de cair imediatamente no processo de desgaste
inerente às raridades.</c>
family:Liberation Sans">C o l o c a r o q u e não é familiar em um arquivo
significa submetê-lo a uma ordem,</c>
family:Liberation Sans">sob a qual se c o n v e r t e e m algo usual. N o entanto,
o gabinete de curiosidades</c>
family:Liberation Sans">s u p õ e e x p o r os o b j e t o s de tal maneira, que a
sua natureza fora do comum</c>
family:Liberation Sans">transpareça. N ã o é p o r acaso que era por vezes chamado
de theatrumls.</c>
family:Liberation Sans">Muito</c>
family:Liberation Sans">mais i m p o r t a n t e d o que a divisão plausível das
coisas em gêneros e categorias,</c>
family:Liberation Sans">se p e r t e n c e n t e s à natureza ou trabalhadas pelo
homem, é a sua apresentação</c>
family:Liberation Sans">s u r p r e e n d e n t e . E faz p a r t e da f o r m a de
apresentação confundir o espectador,</c>
family:Liberation Sans">d e i x a n d o - o indeciso a respeito do caráter dos
objetos, se naturais ou artificiais.</c>
family:Liberation Sans">L</c>
family:Liberation Sans">çóes para a construção d ^</c>
family:Liberation Sans">n o</c>
family:Liberation Sans">incxtricávcl dc humildade c ousadia, que marca a o m n r
i</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">0 5</c>
family:Liberation Sans">K</c>
family:Liberation Sans">a quintessência daquilo que c a u s ^</c>
family:Liberation Sans">CUr,OSÍdade</c>
family:Liberation Sans">Vendo pedras, moluscos, chifres, ovos, e penas exóticas,
espanta-se meramente</c>
family:Liberation Sans">3 P r Ó P m</c>
family:Liberation Sans">c o n c e i t o s</c>
family:Liberation Sans">Í T</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">' ° ^</c>
family:Liberation Sans">k"" * "</c>
family:Liberation Sans">c o m essas coisas em si, ou t a m b é m não se espantaria
com o fato de que as observa aqui, n o g a b i n e t e do eminente p r í n c i p e
X o u do mercador Y, os objetos</c>
family:Liberation Sans">t e n d o s i d o retirados de seu contexto original,
recebendo uma apresentação</c>
family:Liberation Sans">k</c>
family:Liberation Sans">°bra-Pr""a</c>
family:Liberation Sans">tco</c>
family:Liberation Sans">' ó g i c a c o m o um e x e m p l o de u m a</c>
family:Liberation Sans">17 K u n s t - u n d Ausstellungshalle der Bundesrcpublik D
e u t s c h l a n d (ed.), MM*mmer</c>
family:Liberation Sans">M u s c u m u n d S a m m l u n g im Spiegel der Zcic.
Bonn, 1994, p. 22.</c>
family:Liberation Sans">des</c>
family:Liberation Sans">AbendLnde,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>que os agrupa e os põe em relevo, de uma maneira que
nunca aconteceria na</c>
family:Liberation Sans">natureza ? E da mesma forma que coisas da natureza adquirem
assim o touch de</c>
family:Liberation Sans">bens culturais, as esculturas gregas e romanas mudam de
figura, a d q u i n n d o a</c>
family:Liberation Sans">aparência de objetos veneráveis da natureza. As
artificial,*</c>
family:Liberation Sans">aparentam ser rao</c>
family:Liberation Sans">mais bem-feitas, quanto mais enganosamente copiam o
colorido esplendor e</c>
family:Liberation Sans">as formas naturais. Os autômatos assemelham-se tanto mais à
natureza q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">mais sejam artificialmente confeccionados. Quanto mais
perfeitamente funcione</c>
family:Liberation Sans">sua engrenagem, tão mais autenticamente exibem o mais
elevado segredo da</c>
family:Liberation Sans">raro — por meio da familiarização profissional do não
familiar, sua classificação e dissccação constantes — se desgasta, criando
gradualmente um apetite</c>
family:Liberation Sans">d u r a d o u r o para novas raridades.</c>
family:Liberation Sans">Sem dúvida, as coleções de raridades correspondiam apenas a
um fenôme no</c>
family:Liberation Sans">colateral dentro de uma tendência mais ampla para a coleção
de riquezas, que se</c>
family:Liberation Sans">t o r n o u possível, na Europa central do século XV,
devido ao crescente comércio</c>
family:Liberation Sans">com terras distantes. Os mercados das grandes cidades
começaram a transbordar.</c>
family:Liberation Sans">Converteram-se, c o m o nunca antes, em magnetos sociais:
em lugares sitiados</c>
family:Liberation Sans">de gente para a troca de tecidos, raízes e metais. Em
oposição ao esotérico do</c>
family:Liberation Sans">natureza: o da vida.</c>
family:Liberation Sans">gabinete de maravilhas, disponível somente para alguns
poucos privilegiados,</c>
family:Liberation Sans">Isso aconteceu em pequena escala, nas chamadas "caixas de
tremer". Um tal exemplo vindo de Ambras [onde o arquiduque Ferdinand desde 1573
havia montado um</c>
family:Liberation Sans">opulento gabinete de maravilhas (curiosidades)] mostra,
simulando magistralmente com musgos, moluscos, gesso, madeira, papel e arame, um
pedaço de chão de</c>
family:Liberation Sans">floresta, uma coleção de tartarugas, lagartos, caracóis e
outros répteis, que estavam</c>
family:Liberation Sans">apenas frouxamente atados ao chão, de forma que ao menor
tremor da caixa pareciam</c>
family:Liberation Sans">mover-se sozinhos, como que dotados de uma motricidade viva
e persistente. Nos</c>
family:Liberation Sans">gabinetes de maravilha (curiosidades), podiam-se acompanhar
essas transições, em</c>
family:Liberation Sans">todos os seus estágios, de uma matéria natural para corpos
vivificados, como em um</c>
family:Liberation Sans">palco teatral19.</c>
family:Liberation Sans">Dotar de uma ilusão de vida aquilo que havia sido inanimado
p o r meio da</c>
family:Liberation Sans">o mercado, o n d e o povo se comprimia, era seu contraponto
exotérico. As próprias grandes feiras de início não eram corriqueiras, acontecendo
no máximo</c>
family:Liberation Sans">quatro vezes por ano, preferencialmente nos solstícios e
nos equinócios, ou seja,</c>
family:Liberation Sans">nos p o n t o s cardeais do ano solar. Daí, provavelmente,
o nome de feira anual.</c>
family:Liberation Sans">C o m e ç a r a m no século XII em Champagne, como um
apêndice da missa cristã, da qual tiraram o nome, entrando paulatinamente no
circuito dos eventos</c>
family:Liberation Sans">tradicionais c o m o procissões, casamentos, inaugurações
ou investiduras, para</c>
family:Liberation Sans">finalmente</c>
family:Liberation Sans">superar sua importância. N o século XVI, firmaram-se como
nós</c>
family:Liberation Sans">em u m a rede de comércio que se estendia por toda a
Europa. Por exemplo, em</c>
family:Liberation Sans">Salzburgo, u m dos centros comerciais mais
importantes,</c>
family:Liberation Sans">concretizando com isso sua pretensão híbrida de colocar a
natureza em u m a</c>
family:Liberation Sans">uma população em torno de 22 mil habitantes abria suas
portas duas vezes por ano</c>
family:Liberation Sans">para receber um contingente de aproximadamente cem mil
visitantes para as feiras.</c>
family:Liberation Sans">Viajavam de barco, em caravanas, ou a pé; vinham de
Londres, Antuérpia, Lion e</c>
family:Liberation Sans">Veneza, mas também de vilarejos vizinhos, mudando durante
três semanas toda a</c>
family:Liberation Sans">vida da cidade. Como em um grande "bazar", podia-se
admirar, nas ruas e nas praças,</c>
family:Liberation Sans">condição na qual pudesse ser completamente desfrutada pelos
h o m e n s . N a</c>
family:Liberation Sans">nas casas, e até m e s m o nos claustros, o que a
engenhosidade h u m a n a havia concebi-</c>
family:Liberation Sans">medida em que os gabinetes de maravilhas (curiosidades) se
firmavam c o m o</c>
family:Liberation Sans">d : os produtos artesanais mais sofisticados, as
descobertas técnicas</c>
family:Liberation Sans">representantes autênticos do reino da natureza, sugeriam
que a própria natu-</c>
family:Liberation Sans">mercadorias exóticas do além-mar, pinturas, livros eruditos
e</c>
family:Liberation Sans">assim como " N o v o s Jornais" (notícias, "reportagens"),
que eram lidos ou cantados</c>
family:Liberation Sans">coleção — este era o ápice do exótico, o ponto no qual o
gabinete de maravilhas</c>
family:Liberation Sans">se transformava abertamente em teatro; o p o n t o no qual
aquela irritante indiferença, de tirar o fôlego, entre natureza e cultura podia ter
o maior impacto,</c>
family:Liberation Sans">reza representaria no fundo um estoque inesgotável de
raridades (curiosidades).</c>
family:Liberation Sans">Com isso, são precursores de uma nova concepção de
natureza. O olhar ana-</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">=</c>
family:Liberation Sans">p o r seus «autores-0.</c>
family:Liberation Sans">lítico do pesquisador moderno, direcionado para os m e n o
r e s d e t a l h e s d o</c>
family:Liberation Sans">usual, foi primeiramente treinado diante do excepcional. A
obsessão com detalhes desenvolveu-se por seu fraco pelo raro (curioso). Nos
gabinetes de raridades (curiosidades), o olhar treinava para o laboratório
científico, no qual o</c>
family:Liberation Sans">f</c>
family:Liberation Sans">Geschichtc der K u n s d c a ^ c , u n d die</c>
family:Liberation Sans">A feira anual é, portanto, uma grande exposição de
raridades, p<x a s s i m dize,</c>
family:Liberation Sans">u m gabinete de maravilhas virado para fora. ão partes
mahenave s da e a</c>
family:Liberation Sans">gritos, o barulho, a preconização chamativa da própria
mercadoria, que</c>
family:Liberation Sans">Basel, 2001, p. 37.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>mais é necessária para a venda quanto mais
aparentemente similares forem as</c>
family:Liberation Sans">pegadas das rotas das mercadorias, no princípio organizadas
pelos próprios</c>
family:Liberation Sans">mercadorias. Colocar mercadorias à venda é uma forma de
espetáculo. N o s</c>
family:Liberation Sans">grandes comerciantes. Apenas quando negociantes engenhosos
tiveram a idéia</c>
family:Liberation Sans">lugares em que isso acontece em grande estilo, os
espetáculos convertem-se,</c>
family:Liberation Sans">de fazer dela u m a profissão própria, essa circulação
começou a autonomizar-se</c>
family:Liberation Sans">inversamente, em um oferecimento à venda. E assim, o lugar
da m u l t i d ã o de</c>
family:Liberation Sans">significativamente. O u seja, só foi possível transformar
as notícias em negócio</c>
family:Liberation Sans">vendedores é também o lugar onde curandeiros, artistas de
circo e saltimbancos,</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o não mais eram somente notícias de negócios.
Tudo aquilo que poderia</c>
family:Liberation Sans">bufões e domadores de animais chamam aos gritos a atenção
para sua arte.</c>
family:Liberation Sans">chamar a atenção de um vasto público, fosse um produto de
uma imaginação</c>
family:Liberation Sans">desenfreada ou de sóbria observação, provado ou não,
satisfazia as condições</c>
family:Liberation Sans">Gêneros artísticos e do dia a dia estão tão intimamente
misturados na feira que</c>
family:Liberation Sans">é difícil estabelecer uma fronteira entre eles. O vendedor
de medicamentos e o anunciador de mercadorias eram ao mesmo tempo atores de feira;
os Gritos de Paris eram</c>
family:Liberation Sans">recitados em verso e em melodias determinadas. O estilo do
convite (verbal) na cabine de apresentações não se diferenciava em nada do estilo
dos anúncios dos vendedores de livros populares (e os longos títulos, semelhantes a
reclames, tinham</c>
family:Liberation Sans">comumente o tom de convites gritados nas feiras)21.</c>
family:Liberation Sans">de u m a notícia, se era possível fazer crer que acabara de
chegar, que ainda era</c>
family:Liberation Sans">p r a t i c a m e n t e presente. Assim, veiculavam-se, nos
"Novos Jornais" do século</c>
family:Liberation Sans">XVI, "novas a respeito de lutas religiosas, guerras turcas,
decisões papais, assim</c>
family:Liberation Sans">c o m o histórias sobre chuva de sangue e de fogo, abortos,
pragas de gafanhotos, terremotos, tempestades, e fenômenos celestes" 22 , sem
qualquer ordem</c>
family:Liberation Sans">ou distinção. N o princípio, os jornais apareciam apenas
esporadicamente,</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o havia alguma coisa a ser relatada e em
aglomerações populares, que se</c>
family:Liberation Sans">Muito mais franco do que seu correlato nobre-aristocrático,
o gabinete de</c>
family:Liberation Sans">curiosidades a céu aberto, a feira anual, revela o que há
de fugidio e d ú b i o na</c>
family:Liberation Sans">encarregavam de u m a divulgação ampla. Os mercados anuais
representavam,</c>
family:Liberation Sans">assim, u m solo fértil para a impressão dos primeiros
jornais e livros, as feiras</c>
family:Liberation Sans">valorização das raridades. Disso já se encarregam os
comediantes e os saltim-</c>
family:Liberation Sans">de Lyon e F r a n k f u r t em pouco tempo dedicando-se
expressamente a livros.</c>
family:Liberation Sans">bancos de toda espécie. Pode-se estar certo de que não
apenas p õ e m à venda</c>
family:Liberation Sans">N o entanto, hoje é difícil dar-se conta do que significou
a transição para uma</c>
family:Liberation Sans">caricaturas do valor de raridades, mas também que
caricaturizam tal valor eles</c>
family:Liberation Sans">difusão semanal regular.</c>
family:Liberation Sans">mesmos. Pois a agudeza de suas apresentações consiste
justamente em esvaziar</c>
family:Liberation Sans">a presunção inflada de supostas raridades, desmascarando-as
c o m o miseráveis</c>
family:Liberation Sans">criaturas cotidianas. É assim que, já bem cedo, a gritaria
das feiras se banhava</c>
family:Liberation Sans">em sua própria autoironia - sem, no entanto, saber, no
princípio, se para seu</c>
family:Liberation Sans">enfraquecimento ou fortalecimento.</c>
family:Liberation Sans">Comércio exterior e imprensa sensacionalista</c>
family:Liberation Sans">Era necessário um espírito empreendedor considerável, uma
avaliação certamente arriscada do mercado e uma estrutura organizacional abrangente
de coleta de informações, para quem quisesse começar um negócio, baseado na
expectativa de que</c>
family:Liberation Sans">também na semana seguinte haveria informações suficientes
publicáveis. Para contemporâneos, como Ben Jonson, por exemplo, a produção
periodizada de novidades</c>
family:Liberation Sans">prova justamente que se trata, 110 caso, de uma enganação:
"um engodo semanal para</c>
family:Liberation Sans">ganhar dinheiro" 23 .</c>
family:Liberation Sans">Q u a n d o esse mesmo J o n s o n , em sua comédia de
1625, 7}je staple</c>
family:Liberation Sans">O comércio exterior é um empreendimento arriscado e, para
se certificar de</c>
family:Liberation Sans">que os lugares pelos quais se quer passar não estão
sujeitos a catástrofes natu-</c>
family:Liberation Sans">ofthe</c>
family:Liberation Sans">news, interpreta os jornais como um espelho "no qual a
época pôde vislumbrar</c>
family:Liberation Sans">sua p r ó p r i a estupidez ou a fome e sede por panfletos
de notícias que são trazidos à luz cada sábado, mas feitos todos em casa e sem uma
sílaba de verdade</c>
family:Liberation Sans">neles"2'1, ele reage corno um sismógrafo de precisão à
sistematização da pro-</c>
family:Liberation Sans">; X o d d °U</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">7 ?</c>
family:Liberation Sans">neCCSSÍta Se</c>
family:Liberation Sans">lnf</c>
family:Liberation Sans">°rn^ÓeS</c>
family:Liberation Sans">aS</c>
family:Liberation Sans">- a i s possíveis:</c>
family:Liberation Sans">2 2 J. H a b c r m a s , Strukturwandel</c>
family:Liberation Sans">2 3 N . L u h m a n n , Die Realitãt</c>
family:Liberation Sans">21 Mikhail Bakhrin, Rabelais und sou</c>
family:Liberation Sans">Welt. Frankfurt. 1987, p. 194.</c>
family:Liberation Sans">der õffèntlkhkeit.</c>
family:Liberation Sans">derMassennicdicn,</c>
family:Liberation Sans">Frankfurt. 1990. P . 73.</c>
family:Liberation Sans">24 " W h e r e i n t h c age may see her o w n e folly, or
h u n g e r and thirst after p u b l i s h d p a m p h l e t s of Newes, set
out</c>
family:Liberation Sans">everv Saturdáy, b u t made ali at h o m e , & no
syllable of truth in t h e m ( a P u d ib.demj.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>dução de notícias: ao estranho jogo de m ú t u o
reforço que é p o s t o e m movi-</c>
family:Liberation Sans">teatral" de jogos, fábulas e sistemas filosóficos25. C o m
certeza, Descartes fez</c>
family:Liberation Sans">mento assim que a curiosidade é objetivada em um negócio
cuja existência</c>
family:Liberation Sans">da dúvida generalizada um m é t o d o filosófico, dando
validade'apenas àquilo</c>
family:Liberation Sans">toda consiste na espreita às novidades, que vive de
satisfazer e incitar a curio-</c>
family:Liberation Sans">de q u e é impossível duvidar 2 6 . N o entanto, nenhum dos
dois fez realmente</c>
family:Liberation Sans">sidade individual de forma planejada e, inversamente, de
ser a l i m e n t a d o e</c>
family:Liberation Sans">uma tábula rasa. Em Bacon permaneceu intacta a confiança
metafísica de que</c>
family:Liberation Sans">inflado por ela. A autonomização da novidade em um valor em
si, que é acom-</c>
family:Liberation Sans">um e n t e n d i m e n t o purgado de seus ídolos, ou seja,
que, partindo da percepção</c>
family:Liberation Sans">panhada da realimentação recíproca de curiosidade privada e
empresarial,</c>
family:Liberation Sans">sensorial, e t a t e a n d o indutivamente, penetre
paulatinamente na essência das</c>
family:Liberation Sans">corresponde ao segundo passo decisivo da m u d a n ç a de
valor d a</c>
family:Liberation Sans">curiositas.</c>
family:Liberation Sans">coisas exteriores, restabelecendo, dessa forma, passo a
passo, a harmonia com</c>
family:Liberation Sans">Primeiramente sua neutralização: de um pecado a um impulso
básico de t o d a</c>
family:Liberation Sans">a natureza, p e r d i d a desde o pecado original; e a
virada de 180 graus de Des-</c>
family:Liberation Sans">percepção; agora, sua ascensão: de um impulso fisiológico a
u m a força sistê-</c>
family:Liberation Sans">cartes, de u m a dúvida universal para a suposta
indubitabilidade da existência</c>
family:Liberation Sans">mica. Isso não deixou de ser notado, como atesta o exemplo
de J o n s o n , m a s</c>
family:Liberation Sans">de Deus, assim c o m o de idéias inerentes ao entendimento,
dá origem logo em</c>
family:Liberation Sans">não foi inicialmente relacionado ao conceito que, para nós,
é corriqueiro n o</c>
family:Liberation Sans">seguida ao que há de mais duvidoso.</c>
family:Liberation Sans">que concerne a tais novidades: o de sensação. Na época de
seu s u r g i m e n t o , os</c>
family:Liberation Sans">D e acordo com Locke, uma verdadeira tábula rasa, uma
limpeza geral, só</c>
family:Liberation Sans">jornais, sem qualquer ética profissional, correspondiam e x
a t a m e n t e ao q u e</c>
family:Liberation Sans">p o d e fazer q u e m compreende o próprio entendimento
como uma tábula rasa:</c>
family:Liberation Sans">hoje chamamos de imprensa sensacionalista. Porém, se as
notícias e a novida-</c>
family:Liberation Sans">" S u p o n h a m o s , pois, que o espírito seja, como se
diz, uma folha de papel em</c>
family:Liberation Sans">de convergiam, como, por exemplo, nas nouvelles francesas
ou nas news ingle-</c>
family:Liberation Sans">branco, sem quaisquer inscrições, livre de quaisquer ideias
r ; como estas então</c>
family:Liberation Sans">sas, a palavra "sensação" não aparecia de forma alguma o n
d e ela nos é mais</c>
family:Liberation Sans">lhe são adicionadas? [...] D e onde tomou o material para
seu entendimento e</c>
family:Liberation Sans">próxima: não pela divulgação mais ou menos negligente de
notícias, nem pelo</c>
family:Liberation Sans">c o n h e c i m e n t o ? R e s p o n d o com uma única
palavra: da experiência"1*.</c>
family:Liberation Sans">espetáculo das feiras anuais, nem pela passagem pelo
gabinete de maravilhas</c>
family:Liberation Sans">(curiosidades). Sua carreira começa em um lugar t o t a l m
e n t e d e s p r o v i d o de</c>
family:Liberation Sans">sensação: no meticuloso processo de autoconscientização d o
sujeito m o d e r n o</c>
family:Liberation Sans">por meio da filosofia.</c>
family:Liberation Sans">Filosofia sensualista</c>
family:Liberation Sans">Como asensatio constitui a infraestrutura do pensamento,
então ela é subalterna. Assim se argumentou durante toda a era cristã. J o h n
Locke, u m d o s</c>
family:Liberation Sans">Quando nossos sentidos entram em contato com determinados
objetos perceptíveis sensorialmente, então fornecem ao espírito uma série dc
percepções diferentes</c>
family:Liberation Sans">das coisas [...]. Dessa forma chegamos às idéias que temos
de amarelo, branco, quente,</c>
family:Liberation Sans">frio, suave, duro, amargo e doce, e de tudo que chamamos de
qualidades perceptíveis</c>
family:Liberation Sans">sensorialmente. Quando digo que os sentidos fornecem ao
espírito, quero dizer com</c>
family:Liberation Sans">isso que fornecem, a partir dos objetos do mundo exterior
ao espírito, aquilo que</c>
family:Liberation Sans">a percepção desencadeia nele. A essa importante fonte da
maioria de nossas idéias,</c>
family:Liberation Sans">que dependem totalmente de nossos sentidos e que por estes
são fornecidas ao entendimento, chamo de sensação2^.</c>
family:Liberation Sans">precursores e condutores intelectuais da Revolução inglesa,
virou a m e s a .</c>
family:Liberation Sans">C o m o a sensatio é a infraestrutura do pensamento,
argumenta, ela representa</c>
family:Liberation Sans">sua forma elementar. Tem de estar no centro da atenção.
Apenas assim seria</c>
family:Liberation Sans">possível levar adiante de forma rigorosa a luta contra os
preconceitos, q u e os</c>
family:Liberation Sans">pioneiros filosóficos da era moderna haviam começado. Sem
dúvida, já em Bacon</c>
family:Liberation Sans">ha um olhar critico direcionado aos chamados ídolos,
aquelas "divindades d o</c>
family:Liberation Sans">preconce.to , presentes em parte na própria constituição do
gênero h u m a n o ,</c>
family:Liberation Sans">em par e no carater e p o n t o de vista de um indivíduo
particular, p a r t e p o r</c>
family:Liberation Sans">da</c>
family:Liberation Sans">ndepe d t ' " " d "</c>
family:Liberation Sans">humana, parte p ' l a</c>
family:Liberation Sans">independencia da imaginação e do p e n s a m e n t o c o n
s t i t u i n d o u m m u n d o</c>
family:Liberation Sans">2 5 C f . F. Bacon. Neues Organ der Wissemchafien.</c>
family:Liberation Sans">2 6 C f . R. Descartes, Mediuitionen</c>
family:Liberation Sans">itberdie</c>
family:Liberation Sans">I. 39. Darmstadt, 1974. p. 32.</c>
family:Liberation Sans">GrundUgen</c>
family:Liberation Sans">der Pbilosophie. Hamburgo, 1959. p. 30.</c>
family:Liberation Sans">27 ••[-] c o . n o u m q u a d r o n o qual, a t u a l m e
n t e , nada está escrito", diz Aristóteles {Sobrea alma, 430'); no</c>
family:Liberation Sans">e n t a n t o , q u e r dizer algo diferente: não que as
idéias ou formas espirituais somente surjam q u a n d o algo e</c>
family:Liberation Sans">i m p r e s s o n o espírito, mas q u e nesse processo são
apenas atualizadas, despertadas, por ass.m d i z e r U c</c>
family:Liberation Sans">a c o r d o c o m Aristóteles, o espírito imprime as coisas
a s , , não as t o m a passivamente, mas torma-as a .vãm e n t e . d e v e n d o
fazer uso d a s forças espirituais necessárias para tanto. A faculdade por me.o da
qua a</c>
family:Liberation Sans">a l m a p e n s a c e l u c u b r a " c c o n s e q u e n t
e m e n t e e n t e n d i d a c o m o uma parte separada da alma. que nao</c>
family:Liberation Sans">m i s t u r a c o m o c o r p o (429'): em suma, o
contrário da folha cm branco de Locke.</c>
family:Liberation Sans">2 8 j . L o c k e , Versuch iiberdenmescblicben</c>
family:Liberation Sans">29 I d e m . o p . c i t . , 11,1.2, p. 108.</c>
family:Liberation Sans">Verstand, Livro II. Cap. 1,2. H a m b u r g o . 1981, p.
107.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>C o m isso, a sensação é elevada à categoria de
conceito-chave da epistemo-</c>
family:Liberation Sans">desejar"-, nao é nada que seja, na realidade, originado por
estímulos externos</c>
family:Liberation Sans">logia. O u seja, não mais como em uma tabela com duas
colunas — aqui os</c>
family:Liberation Sans">diretos. N a o e possível evitar sentir-se por vezes como
um ser que percebe de</c>
family:Liberation Sans">sentidos, que apenas sentem e percebem o mundo, lá o
intelecto, q u e conhe-</c>
family:Liberation Sans">seja, duvida raciocina, e ter, n o entanto, de admitir que
essa percepção é de' um</c>
family:Liberation Sans">ce por meio de conceitos —, mas a percepção converte-se ela
mesma em u m a</c>
family:Liberation Sans">n p o diferente daquela de amarelo, branco, quente, frio,
macio, duro, amargo</c>
family:Liberation Sans">forma de conhecimento, o conhecimento como outra forma do
perceber, e a</c>
family:Liberation Sans">doce , apesar de ambas gerarem "idéias igualmente claras"
às de "corpos quê</c>
family:Liberation Sans">mesma instância é responsável por ambos: o espírito. As
idéias q u e esse espí-</c>
family:Liberation Sans">afetam nossos sentidos" 3 3 . A conclusão de Locke: onde há
diferentes f o n m s</c>
family:Liberation Sans">rito "tem" não correspondem a formas eternas, nem a suas
cópias, ou a u m a</c>
family:Liberation Sans">de percepção, deve haver diferentes fontes de
conhecimento.</c>
family:Liberation Sans">substância pensante qualquer (res cogitam), mas, antes de
tudo, a estados mentais t o t a l m e n t e elementares, nos quais não faz sentido
d i f e r e n c i a r e n t r e</c>
family:Liberation Sans">sentimentos, representações e conceitos. Em Locke, a
sensação significa basicamente a excitação dos sentidos: tanto aquela que se dá por
meio de estímulos exteriores quanto a que circula interiormente pelo organismo. As
idéias</c>
family:Liberation Sans">não são, inicialmente, mais do que excitações, e o
"espírito" é o p o n t o focai</c>
family:Liberation Sans">no qual o organismo sente essas excitações como suas. Locke
pensa de uma</c>
family:Liberation Sans">Mas, assim como chamo a outra de sensação, chamo a esta de
reflexão, porque as</c>
family:Liberation Sans">idéias que engendra são apenas as que o espírito obtém ao
refletir sobre suas próprias</c>
family:Liberation Sans">operações em si. [...] Duas coisas distintas, portanto,
i.e., as coisas materiais externas</c>
family:Liberation Sans">como objetos da sensação e as operações internas de nossos
espíritos como os objetos</c>
family:Liberation Sans">da reflexão são para mim os únicos originais a partir dos
quais todas as nossas idéias</c>
family:Liberation Sans">tomam seu princípio 34 .</c>
family:Liberation Sans">forma quase neurológica: as coisas do mundo exterior
afetam-nos dc tal forma</c>
family:Liberation Sans">que "um determinado movimento deve proceder de nossos
nervos, ou espíritos</c>
family:Liberation Sans">Todavia, quem assume duas origens, quaisquer que sejam, tem
de enfrentar</c>
family:Liberation Sans">vitais, para alguma parte de nossos corpos, para o cérebro
ou o cerne da sensa-</c>
family:Liberation Sans">o problema de base d o dualismo: são ambas igualmente
originais, ou uma sur-</c>
family:Liberation Sans">ção, para produzir em nossos espíritos as idéias
particulares que temos desses</c>
family:Liberation Sans">ge da outra? Locke parece tender para a última opção. "Com
o tempo, o espí-</c>
family:Liberation Sans">objetos exteriores 30 .</c>
family:Liberation Sans">rito chega a refletir sobre suas próprias operações a
respeito das idéias obtidas</c>
family:Liberation Sans">Não tomar como cerne da sensação órgãos como o coração ou o
ventre, mas</c>
family:Liberation Sans">o cérebro, que em outra passagem recebe o belo nome de
"sala de audiência"</c>
family:Liberation Sans">do</c>
family:Liberation Sans">espírito, explica, assim, a sensação como sendo o próprio
núcleo d o espírito, e</c>
family:Liberation Sans">todas as representações e conceitos do verdadeiro, sublime,
sagrado como sendo</c>
family:Liberation Sans">duplicações e refinamentos de estados de excitação
neuromental: isso eqüivale</c>
family:Liberation Sans">naturalmente a um poderoso golpe em toda a metafísica, e
parece ser espanto</c>
family:Liberation Sans">diante de sua própria ousadia quando Locke, enquanto
elucida peremptoria-</c>
family:Liberation Sans">das sensações e com isso adquire um novo conjunto de
idéias, que chamo de</c>
family:Liberation Sans">idéias de reflexão" 3 5 . Em outras palavras: a reflexão só
entra em cena após a</c>
family:Liberation Sans">sensação e refere-se a ela. Isso não quer dizer que ela
corresponda tão somente</c>
family:Liberation Sans">a uma sensação que tenha mudado de natureza, tenha sido
sublimada, adquirido um caráter reflexivo, em suma, que seja algo secundário?
Dever-se-ia pensar assim, até mesmo porque, para Locke, "primário" e "secundário"
representam p o n t o s centrais de ordenação. Ele divide todo o mundo de corpos
segun-</c>
family:Liberation Sans">mente o papel central da sensação para todo o processo de
conhecimento, ao</c>
family:Liberation Sans">d o q u a l i d a d e s p r i m á r i a s e secundárias.
Primárias seriam aquelas que se</c>
family:Liberation Sans">mesmo tempo enfatiza, repetidas vezes, que ela seria apenas
uma de duas fontes</c>
family:Liberation Sans">configuram c o m o "totalmente inalienáveis" ao corpo, como
a "solidez, exten-</c>
family:Liberation Sans">de conhecimento. Ele tinha razões para proceder dessa
maneira. É que os estados</c>
family:Liberation Sans">são, forma [figure] e mobilidade" 3 6 . A elas é conferida
a admirável capacidade</c>
family:Liberation Sans">mentais causados pela sensação, que chama de "idéias", não
são estáticos, mas</c>
family:Liberation Sans">de deixar em qualquer sensação uma impressão autêntica e
objetiva de si mes-</c>
family:Liberation Sans">no momento de sua excitação, uma vida própria; são
regulados, esta-</c>
family:Liberation Sans">mas, ao passo q u e as qualidades secundárias são apenas
transmitidas junto com</c>
family:Liberation Sans">bihzados transformados pela instância coordenadora interna
que esses estados</c>
family:Liberation Sans">as primárias e "não demonstram nenhuma semelhança com os
corpos"' como</c>
family:Liberation Sans">possuem , e essa capacidade, que Locke denomina de
"operações</c>
family:Liberation Sans">e entre as quais inclui "o pensar, o duvidar, o acreditar,
o raciocinar,</c>
family:Liberation Sans">32 Idem, o p . cit.. 11,1,4, p. 108.</c>
family:Liberation Sans">3 3 I d e m , o p . cit., II, I . 4 , p . 109.</c>
family:Liberation Sans">34 I b i d c m .</c>
family:Liberation Sans">30 I i l c m . o p . c i c - . i l . V I I I , 1 2 . p .
149.</c>
family:Liberation Sans">35 I d e m , o p . cit., II, I, 24, p. 125.</c>
family:Liberation Sans">31 I d e m , o p . c i t . , II, III, i , p .</c>
family:Liberation Sans">36 Idem. op. cit., II, VIII, 9, p. 147.</c>
family:Liberation Sans">i30,</c>
family:Liberation Sans">37 Idem, o p . cit., II, VIII, 15, p. 150.</c>
<c props="font-family:Liberation Sans"><pbr/>,</c>
family:Liberation Sans">^ rUr\™ com a violeta, o frio com a neve, o calor</c>
family:Liberation Sans">por exemplo a dor com a faca, o cheiro com a MU</c>
family:Liberation Sans">o fogo. Não resta dúvida de que essa diferenciação entre as
q u a l i d a d e s</c>
family:Liberation Sans">c o m o u m a segunda fonte de conhecimento ao lado dela. E
é exatamente isso</c>
family:Liberation Sans">primárias (as do próprio objeto) e as secundárias (que
existem s o m e n t e em</c>
family:Liberation Sans">mais novo que Locke, e seguindo os seus passos como aqueles
da igreja angli-</c>
family:Liberation Sans">nossa sensação dele) dá passos maiores do que suas pernas.
Ela p e r m i t e - s e ,</c>
family:Liberation Sans">cana, ficou c o n h e c i d o pelo gesto ousado de
radicalizar o sensualismo do mais</c>
family:Liberation Sans">atreve-se a juízos sobre a objetividade do mundo exterior
que n e n h u m a sensa-</c>
family:Liberation Sans">velho, para assim contraminar a radicalidade do precursor.
Berkeley decreta que,</c>
family:Liberation Sans">ção pode fornecer. Mais do que isso: a sensação torna-se um
empecilho. Locke</c>
family:Liberation Sans">n o q u e c h a m a m o s de "espírito", só há sensação.
Não haveria nenhum critério</c>
family:Liberation Sans">recomenda, com toda a seriedade, que os órgãos sensoriais
sejam m o m e n t a -</c>
family:Liberation Sans">a d e q u a d o para distinguir entre as qualidades
primárias, que pertenceriam às</c>
family:Liberation Sans">neamente fechados -</c>
family:Liberation Sans">"não permita aos olhos ver a luz ou as cores, n e m
aos</c>
family:Liberation Sans">próprias coisas, e as secundárias, que nós apenas
sentiríamos, já que não seria</c>
family:Liberation Sans">ouvidos escutar os sons; não permita ao palato sentir o
gosto, nem ao nariz</c>
family:Liberation Sans">possível n e m por um instante sair de nós mesmos para
entrar em contato com</c>
family:Liberation Sans">sentir o cheiro" 38 —, para que nos convençamos da
realidade objetiva das qua-</c>
family:Liberation Sans">a realidade em si. Em vez disso, aconteceria que: "Por meio
da visão, tenho as</c>
family:Liberation Sans">lidades primárias e do caráter meramente subjetivo das
secundárias. E de re-</c>
family:Liberation Sans">idéias de luz e cores, com suas várias gradações e
variações. Por meio do toque,</c>
family:Liberation Sans">pente é a reflexão — expressamente à revelia da sensação —
q u e deverá asse-</c>
family:Liberation Sans">percebo o d u r o e o macio, o movimento e a resistência, e
tudo isso em um grau</c>
family:Liberation Sans">gurar-nos sobre o mundo exterior, enquanto no começo só
existia a sensação.</c>
family:Liberation Sans">ou u m a quantidade maior ou menor. O cheiro fornece-me os
odores; o palato,</c>
family:Liberation Sans">O sensualismo de Locke vira a si próprio de cabeça para
baixo. N a t u r a l m e n t e ,</c>
family:Liberation Sans">os gostos; e a audição transmite os sons à mente em todas
as suas variedades</c>
family:Liberation Sans">não se deve esquecer em que m o m e n t o isso lhe
acontece: ao se dar c o n t a de</c>
family:Liberation Sans">de t o m e composição. E ao passo que se observa que
algumas dessas sensações</c>
family:Liberation Sans">que a sensação sozinha não proporciona n e n h u m a
clareza sobre o q u e seria a</c>
family:Liberation Sans">se a c o m p a n h a m , passam a ser designadas com um
nome e, assim, a ser tidas</c>
family:Liberation Sans">realidade. Locke debate-se com um problema para o qual a
neurologia m o d e r -</c>
family:Liberation Sans">c o m o u m a só coisa. Dessa forma, por exemplo, certa
cor, certo gosto, odor,</c>
family:Liberation Sans">na, com todo o seu conhecimento do cérebro, tem tão poucas
respostas q u a n -</c>
family:Liberation Sans">figura e consistência, tendo sido observados como
perfazendo um conjunto,</c>
family:Liberation Sans">to ele: como podem estados internos de excitação — e as
"idéias" de Locke não</c>
family:Liberation Sans">são considerados c o m o um determinado objeto, chamado de
maçã"</c>
family:Liberation Sans">com</c>
family:Liberation Sans">são, inicialmente, nada mais do que isso — representar,
interpretar e exprimir</c>
family:Liberation Sans">que George Berkeley critica como uma inconsistência em
Locke. Uma geração</c>
family:Liberation Sans">N o entanto, quem "observa" que algumas sensações se
acompanham entre</c>
family:Liberation Sans">dados exteriores, os objetos ou a realidade? É claro que há
pesquisas c o m o</c>
family:Liberation Sans">si e são "tidas" c o m o um determinado objeto ? A própria
percepção sensorial ?</c>
family:Liberation Sans">aquela que tira um olho de uma salamandra recolocando-o com
uma m u d a n -</c>
family:Liberation Sans">Dificilmente seria o caso. U m a impressão ótica não pode
ver a si mesma, uma</c>
family:Liberation Sans">ça de 180 graus, de forma que a visão em breve retorna e t
u d o parece ser c o m o</c>
family:Liberation Sans">acústica, ouvir a si mesma, da mesma maneira que uma
impressão acústica não</c>
family:Liberation Sans">antes, a única diferença sendo que o animal, ao tentar
pegar u m a presa c o m a</c>
family:Liberation Sans">p o d e ser vista ou cheirada, uma ótica, ouvida ou tocada.
Nenhuma percepção</c>
family:Liberation Sans">língua, erra em 180 graus, e teria morrido de fome se não
fosse alimentado 3 9 .</c>
family:Liberation Sans">sensorial p o d e observar a si própria, muito menos fazê-
lo com outras. Para</c>
family:Liberation Sans">Mas o que na realidade isso revela? Somente que os animais,
e não apenas os</c>
family:Liberation Sans">tanto, é preciso que se dê algo mais do que o mero perceber
dos sentidos, e esse</c>
family:Liberation Sans">homens, não seriam capazes de viver se seus aparatos
sensoriais não represen-</c>
family:Liberation Sans">"mais", q u e chama de "espírito", já está sempre inserido
em Berkeley, como uma</c>
family:Liberation Sans">tassem objetos reais, que se encontram fora deles. N o e n
t a n t o , a verdadeira</c>
family:Liberation Sans">espécie de f u n d o d u p l o . A p a r e n t e m e n t e
sem malícia, declara "que as várias</c>
family:Liberation Sans">questão é saber como tais representações são possíveis —
esta é a questão q u e</c>
family:Liberation Sans">sensações ou idéias impressas nos sentidos, por mais
misturados ou combinados</c>
family:Liberation Sans">permanece sem resposta quando se ousa postular que o
espírito é uma tabula</c>
family:Liberation Sans">(ou seja, qualquer que seja o objeto que perfaçam), não
podem existir sem um</c>
family:Liberation Sans">rasa, uma folha de papel, e quando se toma a sensação c o m
o u m a f o r m a em-</c>
family:Liberation Sans">espírito q u e as perceba' 4 1 . Porém o dito "espírito"
tem o seu sentido alterado</c>
family:Liberation Sans">brionária de todos os estados mentais.</c>
family:Liberation Sans">sub-repticiamente. Não é mais apenas a instância que
percebe sensonalmen-</c>
family:Liberation Sans">Locke não encetou por isso a sua ousadia sem reservas;
evitou rebaixar t o d o s</c>
family:Liberation Sans">os pensamentos e valores superiores às regiões da sensação
- e deixou a reflexão</c>
family:Liberation Sans">te, m a s uma que, ao mesmo tempo, se relaciona
perceptivelmente com suas</c>
family:Liberation Sans">percepções -</c>
family:Liberation Sans">c o m o se isso não fizesse nenhuma diferença digna de
nota. t as</c>
family:Liberation Sans">4 0 G . Berkeley, Eine Abhandlung</c>
family:Liberation Sans">38 Idem, op. cit., II, VIII, 17. p. 151.</c>
family:Liberation Sans">39 Cf. H . Macurana, Was isl erkennen? Munique, 1996, p.
96.</c>
family:Liberation Sans">41 I d e m , o p . cic., § 3, p. 26.</c>
family:Liberation Sans">über die Primipien</c>
family:Liberation Sans">der menscblichen Erkenn^,</c>
family:Liberation Sans">§ I- Hamburgo, 1979.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>"idéias", bem no sentido de Locke, não deveriam ser
nada mais que sensações:</c>
family:Liberation Sans">Eis aqui o famoso esse est percipi. N o capítulo anterior
foi esboçado como</c>
family:Liberation Sans">estados mentais. E, todavia, são ao mesmo tempo declaradas
objetos - C o m o</c>
family:Liberation Sans">essa f ó r m u l a adquire um teor de verdade
surpreendente, a posteriori, em uma</c>
family:Liberation Sans">iS so</c>
family:Liberation Sans">é possível ? As idéias dos objetos deveriam ser os p r o p
n o s objetos ? Prime,-</c>
family:Liberation Sans">situação de compulsão global à emissão. Agora se deve
investigar sua origem</c>
family:Liberation Sans">r a mente, os objetos são tudo aquilo que vejo, ouço,
tateio; a sensaçao e sempre</c>
family:Liberation Sans">histórica, para que se possa revelar a mudança de sentido
que contribuiu para</c>
family:Liberation Sans">sensação de algo. Ela não ,'esse algo, mas tão somente o
estado mental n o qual</c>
family:Liberation Sans">sua f a m a p ó s t u m a . E m primeiro lugar, ela
apresenta-se como radicalização</c>
family:Liberation Sans">algo, isto é, um objeto, se apresenta para mim, e m i n h a
sensação n ã o e capaz</c>
family:Liberation Sans">extrema da crítica à epistemologia. Berkeley, na realidade,
chega ao ponto de</c>
family:Liberation Sans">de fornecer nenhuma informação sobre se esse meu estado e o
d i t o o b j e t o sao</c>
family:Liberation Sans">não dar validade a uma reflexão que diferenciasse da
sensação, nem a um mundo</c>
family:Liberation Sans">semelhantes um ao outro, adequados, ou o que quer que seja.
Ela n a o p o d e</c>
family:Liberation Sans">exterior existindo em si, nem mesmo a uma unidade dc
percepção advinda dos</c>
family:Liberation Sans">sair de si e comparar-se, de fora, com seu objeto, por
assim dizer, n e u t r a m e n t e .</c>
family:Liberation Sans">diferentes órgãos sensoriais:</c>
family:Liberation Sans">Daí se segue, de um lado, o que Berkeley diz: para seres
sensíveis não existem</c>
family:Liberation Sans">objetos puros, mas somente da forma como se apresentam aos
sentidos. Por</c>
family:Liberation Sans">outro lado, entretanto, deduz-se o que Berkeley escamoteia:
q u e a sensação</c>
family:Liberation Sans">nunca é pura; ela é constituída do fato de que algo é s e n
t i d o : a l g u m a coisa</c>
family:Liberation Sans">diferente dela, um objeto.</c>
family:Liberation Sans">Acontece, porém, que o próprio estado sensorial pode
tornar-se u m objeto,</c>
family:Liberation Sans">a saber, quando é notado, referido ou refletido. Todavia,
Berkeley faz c o m o se o</c>
family:Liberation Sans">Sentado em meu escritório, ouço um coche passar pela rua;
olho pela janela</c>
family:Liberation Sans">e vejo-o; saio de casa e nele entro; desta forma a
linguagem comum levar-me-ia a</c>
family:Liberation Sans">pensar que ouvi, vi e toquei no mesmo objeto, a saber, o
coche. No entanto, é certo</c>
family:Liberation Sans">que as idéias mediadas por cada sentido são cm muito
diferentes e distintas umas das</c>
family:Liberation Sans">outras. Porém, tendo sido observadas constantemente em
conjunto, são tidas como</c>
family:Liberation Sans">se fossem a mesma coisa".</c>
family:Liberation Sans">refletir de uma sensação não diferisse em nada dela, c o m
o se o perceber de u m</c>
family:Liberation Sans">objeto não fosse senão a percepção dessa percepção, como
se, consequentemente,</c>
family:Liberation Sans">a percepção não tivesse nenhum objeto fora de si mesma.
"Há, na realidade, uma</c>
family:Liberation Sans">opinião estranhamente predominante entre os homens de que
casas, montanhas,</c>
family:Liberation Sans">rios, em suma, todos os objetos sensíveis possuem uma
existência n a t u r a l ou</c>
family:Liberation Sans">real, distinta do fato de que são percebidos pelo
entendimento." Porém "o q u e</c>
family:Liberation Sans">N o entanto, o coche ouvido, visto e tocado eqüivale a três
percepções entre</c>
family:Liberation Sans">as quais n ã o existe a m e n o r conexão? Não é n e n h u
m a percepção, nenhuma</c>
family:Liberation Sans">sensação convertível em outra, cada uma apenas um ponto em
si, não menos</c>
family:Liberation Sans">isolada do que a m ô n a d a de Leibniz, perdidas em sua
multiplicidade não relacionada ? O n d e então há consistência e solidez no mundo ?
</c>
family:Liberation Sans">são os objetos supracitados senão as coisas que percebemos
pelos sentidos? E</c>
family:Liberation Sans">Elas existem em duas instâncias, para Berkeley, as quais
surgem para ele</c>
family:Liberation Sans">o que percebemos além de nossas próprias idéias e
sensações?" 42 . E q u e m con-</c>
family:Liberation Sans">c o m o indubitáveis. Por um lado, deve haver algo "junto
com toda essa infinita</c>
family:Liberation Sans">ceder isso também é obrigado a engolir o seguinte: "Se digo
que a mesa sobre a</c>
family:Liberation Sans">variedade de idéias e objetos do conhecimento",</c>
family:Liberation Sans">qual escrevo existe, isso quer dizer: vejo-a e sinto-a; e
caso me e n c o n t r e fora de</c>
family:Liberation Sans">meu escritório, devo expressar sua existência no sentido de
que, se eu estivesse</c>
family:Liberation Sans">em meu escritório, poderia percebê-la, ou de que algum o u
t r o espírito a percebesse no momento. Dizer que havia um odor significa que foi
cheirado; que</c>
family:Liberation Sans">havia um som, que ele foi ouvido; uma cor ou forma, que foi
percebida pela</c>
family:Liberation Sans">visão ou tato. Este é o único sentido que tais expressões p
o d e m ter. Pois o que</c>
family:Liberation Sans">habitualmente se diz da existência absoluta de coisas não
pensantes, sem relação</c>
family:Liberation Sans">alguma com o fato de que são percebidas, parece ser
completamente ininteligível.</c>
family:Liberation Sans">A existência [esse] de tais coisas é o seu ser
percebido</c>
family:Liberation Sans">{percipi)"*.</c>
family:Liberation Sans">que os conhece ou percebe, e executa diversas operações com
eles, tais como desejar,</c>
family:Liberation Sans">imaginar, lembrar. Esse ser ativo e sensível corresponde ao
que chamo de mente,</c>
family:Liberation Sans">espírito, alma, ou eu mesmo. Com essas palavras não designo
nenhuma de minhas</c>
family:Liberation Sans">idéias, mas algo inteiramente distinto delas, no qual elas
existem, ou, o que significa</c>
family:Liberation Sans">dizer o mesmo, por meio do qual são percebidas, pois a
existência de uma idéia</c>
family:Liberation Sans">consiste em ser percebida</c>
family:Liberation Sans">E q u e m garante que esse "eu" não seja outra vez apenas
um nome coletivo</c>
family:Liberation Sans">para u m a miríade de percepções díspares -</c>
family:Liberation Sans">não é outro senão Deus. E Ele a</c>
family:Liberation Sans">42 Idem, op. cit., § 4, p. 27.</c>
family:Liberation Sans">4 3 Idem, op. cit., § 3, p. 26.</c>
family:Liberation Sans">44 Idem, Versuch üher eine neue Tbeorie des Sebem, § 4.
Hamburgo. 1987. p. 32.</c>
family:Liberation Sans">45 Idem. Eine Abhandlung...,</c>
family:Liberation Sans">§ 2, p. 26.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>segunda instância indubitável. E é em especial
desnecessário provar sua exis-</c>
family:Liberation Sans">mais próximos de Deus, mas as excitações sensoriais mais
elementares A sen</c>
family:Liberation Sans">tência, porque quando se prova que só há percepções e n e n
h u m m u n d o dis-</c>
family:Liberation Sans">sação a u t ê n t i c a não é aquela que está sob meu
controle, mas aquela que se</c>
family:Liberation Sans">tinto delas e por si só fisicamente existente, então Deus
já tem sua existência</c>
family:Liberation Sans">i m p õ e m e s m o c o n t r a a m i n h a vontade
-</c>
family:Liberation Sans">praticamente provada. De onde viriam então as percepções,
senão Dele ? "Quan-</c>
family:Liberation Sans">mais alto se a n u n c i a , que desta feita se imprime em
mim: o poder de Deus</c>
family:Liberation Sans">do em plena luz do dia abro meus olhos, não está sob meu p
o d e r ver ou não,</c>
family:Liberation Sans">Aquilo que se chama de representação ou pensamento é tão
somente um páli-</c>
family:Liberation Sans">ou determinar quais objetos particulares se apresentarão à
m i n h a vista. E o</c>
family:Liberation Sans">d o eco a u t o c o n s t i t u í d o do poder sensacional
originário e sobrepujante Como</c>
family:Liberation Sans">mesmo aplica-se à audição e aos outros sentidos; as idéias
impressas neles n ã o</c>
family:Liberation Sans">prova da existência de D e u s isso é tão falacioso que
mesmo os teólogos da</c>
family:Liberation Sans">são criações de minha vontade. Há, assim, outra Vontade ou
Espírito q u e as</c>
family:Liberation Sans">época lhe deram as costas. C o m o indicação de que a
sensação está intimamen-</c>
family:Liberation Sans">produz" 46 . E tal influência realiza o truque de deixar o
m u n d o inteiro, p o r um</c>
family:Liberation Sans">te relacionada à sujeição, ou seja, à violência e a uma
força mais elevada, difi-</c>
family:Liberation Sans">lado, ser feito apenas de sensações, e, por outro, de
diferenciá-lo inteligente-</c>
family:Liberation Sans">cilmente poderia ser sobrevalorizada. Já aponta, como será
mostrado no pró-</c>
family:Liberation Sans">mente em instâncias mais reais e menos reais, de forma que
todas as dualidades</c>
family:Liberation Sans">ximo capítulo, que a chamada experiência do divino
principia como um profun-</c>
family:Liberation Sans">combatidas, de dentro e de fora das coisas e suas
representações, da sensação e</c>
family:Liberation Sans">do e traumático abalo. E, ter algo repentina e
instantaneamente, irresistivelmente,</c>
family:Liberation Sans">da reflexão, possam voltar, sem que se reconheça
isso:</c>
family:Liberation Sans">impresso em si p o r meio dc uma força mais elevada, que
não se chama Deus, é</c>
family:Liberation Sans">é justamente assim que o poder</c>
family:Liberation Sans">verdade, mas aparatos eletrônicos, isso é o que há de
característico da produção</c>
family:Liberation Sans">As idcias impressas nos sentidos pelo autor da natureza são
chamadas de coisas</c>
family:Liberation Sans">reais-, e aquelas excitadas pela imaginação, sendo menos
regulares, vividas e constantes,</c>
family:Liberation Sans">são mais apropriadamente denominadas idéias em sentido
estrito ou imagem das coisas</c>
family:Liberation Sans">que copiam e representam. Mas então nossas sensações, por
mais que sejam vividas</c>
family:Liberation Sans">e distintas, são na realidade idéias, ou seja, existem na
mente, ou são percebidas por</c>
family:Liberation Sans">ela, com tanta certeza quanto as idéias que ela mesma
forma. Há de admitir-se que as</c>
family:Liberation Sans">idéias sensoriais carregam mais realidade em si, ou seja,
são mais fortes, organizadas</c>
family:Liberation Sans">e coerentes do que as criaturas da mente. São também
dependentes, em grau menor</c>
family:Liberation Sans">do espírito ou substância pensante que as percebe, na
medida em que são excitadas</c>
family:Liberation Sans">pela vontade de outro espírito, mais forte; no entanto, não
deixam de ser idéias47.</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n a das sensações. Mas o que aconteceria se Deus
e os aparatos eletrônicos não estivessem tão distantes um do outro, se a sensação
mais antiga e a</c>
family:Liberation Sans">mais nova fossem dois extremos que se tocam? E se Berkeley
estivesse, port a n t o , sem saber direito da extensão do que fazia, p r o p o n d
o um curto-circ u i t o f u l m i n a n t e e n t r e esses dois extremos, para
além da grande distância</c>
family:Liberation Sans">histórica?</c>
family:Liberation Sans">A o menos é essa a perspectiva subitamente aberta por ele.
Não seria de todo</c>
family:Liberation Sans">um exagero conceber o trabalho aqui desenvolvido como um
desdobramento</c>
family:Liberation Sans">desse curto-circuito de Berkeley. É abstrusa a forma com
que o teólogo anglicano</c>
family:Liberation Sans">volta c o n t r a Locke a herança da epistemologia
esclarecida que recebeu dele.</c>
family:Liberation Sans">Desta forma, o sensualismo de Berkeley deságua em u m
sistema f e c h a d o</c>
family:Liberation Sans">Mas ambos eram atormentados com a mesma intensidade por uma
questão que</c>
family:Liberation Sans">delirante porém há mais sentido no delírio do que o próprio
Berkeley n o t a .</c>
family:Liberation Sans">até hoje a i n d a não foi respondida a contento: o que
ocorreria se os homens</c>
family:Liberation Sans">Ele deixa brilharem os essenüals de um mundo reduzido à
sensação com a cer-</c>
family:Liberation Sans">tossem tão essencialmente seres sensitivos, de maneira que
todas as suas idéias</c>
family:Liberation Sans">teza d</c>
family:Liberation Sans">e conceitos a respeito d o verdadeiro, do bem, do belo e do
divino não fossem</c>
family:Liberation Sans">s o n a m b u K O que aconteceria se nada houvesse senão a
sensação ?</c>
family:Liberation Sans">Betou d e t T</c>
family:Liberation Sans">e PI</c>
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<c props="font-family:Liberation Sans">° ° «</c>
family:Liberation Sans">I S DO QUE EXDTAÇÓES</c>
family:Liberation Sans">rar a c o n c , u</c>
family:Liberation Sans">história. Não, diz ele, , 1 I ^ p</c>
family:Liberation Sans">e s c a n d a i o s a de</c>
family:Liberation Sans">Bem, do Verdadeiro d o</c>
family:Liberation Sans">senão sensações, ou seja, correspondessem a meras
excitações nervosas? Então</c>
family:Liberation Sans">não haveria sentido no mundo, diz Locke. A não ser que,
retruca Berkeley, essa</c>
family:Liberation Sans">D c u s</c>
family:Liberation Sans">HT,</c>
family:Liberation Sans">de m</c>
family:Liberation Sans">* * às</c>
family:Liberation Sans">rodut</c>
family:Liberation Sans">própria excitação fosse o sentido. E justamente essa é a
sua agudeza: a sensação</c>
family:Liberation Sans">i d L</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">« ^</c>
family:Liberation Sans">} csentaçoes e pensamentos abstratos que estão</c>
family:Liberation Sans">é o s e n t i d o d o m u n d o , e q u a n t o mais
elementar, subjugante e irresistível ela</c>
family:Liberation Sans">for, t a n t o mais evidente ele será. Chama-se a isso de
transvaloraçáo dos valores.</c>
family:Liberation Sans">A sensação, q u e em Locke ainda é um conceito utilizado no
combate contra</c>
family:Liberation Sans">t u d o aquilo que é dúbio, que não pode ser provado, que
era metafísico, como</c>
family:Liberation Sans">46 Idcm, op. cit., § 29, p. 40.</c>
family:Liberation Sans">4 7 Idcm. op. cit., § 33. p. 42.</c>
family:Liberation Sans">os dogmas da Igreja, as idéias eternas, ou a substância
autárquica do espírito,</c>
family:Liberation Sans">converte-se, em u m ataque surpresa, no conceito de base de
uma metafísica</c>
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.</c>
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family:Liberation Sans">tência, porque quando se prova que só há percepções e n e n
h u m m u n d o distinto delas c por si só fisicamente existente, então Deus ,a tem
sua exigência</c>
family:Liberation Sans">praticamente provada. De onde viriam então as percepções,
senão Dele ? Q u a n do em plena luz do dia abro meus olhos, não está sob meu poder
ver ou nao,</c>
family:Liberation Sans">ou determinar quais objetos particulares se apresentarão à
m i n h a vista. E o</c>
family:Liberation Sans">mesmo aplica-se à audição e aos outros sentidos; as idéias
impressas neles não</c>
family:Liberation Sans">são criações de minha vontade. Há, assim, outra Vontade ou
Espírito q u e as</c>
family:Liberation Sans">produz"' . E tal influência realiza o truque de deixar o m
u n d o inteiro, por um</c>
family:Liberation Sans">lado, ser feito apenas de sensações, e, por outro, de
diferenciá-lo inteligentemente em instâncias mais reais e menos reais, de forma que
todas as dualidades</c>
family:Liberation Sans">combatidas, de dentro e de fora das coisas e suas
representações, da sensação e</c>
family:Liberation Sans">da reflexão, possam voltar, sem que se reconheça
isso:</c>
family:Liberation Sans">As idéias impressas nos sentidos pelo autor da natureza são
chamadas de coisas</c>
family:Liberation Sans">reais; e aquelas excitadas pela imaginação, sendo menos
regulares, vividas e constantes,</c>
family:Liberation Sans">são mais apropriadamente denominadas idéias em sentido
estrito ou imagens das coisas</c>
family:Liberation Sans">que copiam e representam. Mas então nossas sensações, por
mais que sejam vividas</c>
family:Liberation Sans">e distintas, são na realidade idéias, ou seja, existem na
mente, ou são percebidas por</c>
family:Liberation Sans">ela, com tanta certeza quanto as idéias que ela mesma
forma. Há de admitir-se que as</c>
family:Liberation Sans">idéias sensoriais carregam mais realidade em si, ou seja,
são mais fortes, organizadas</c>
family:Liberation Sans">e coerentes do que as criaturas da mente. São também
dependentes, em grau menor,</c>
family:Liberation Sans">do espírito ou substância pensante que as percebe, na
medida em que são excitadas</c>
family:Liberation Sans">pela vontade de outro espírito, mais forte; no entanto, não
deixam dc ser idéias47.</c>
family:Liberation Sans">Desta forma, o sensualismo de Berkeley deságua em um
sistema f e c h a d o</c>
family:Liberation Sans">delirante, porém há mais sentido no delírio do que o
próprio Berkeley n o t a .</c>
family:Liberation Sans">Ele deixa brilharem os essentials de um mundo reduzido à
sensação com a certeza de um sonàmbulo. O que aconteceria se nada houvesse senão a
sensação?</c>
family:Liberation Sans">Então, todas as chamadas idéias elevadas, como as do Bem, d
o Verdadeiro, d o</c>
family:Liberation Sans">Belo ou de Deus, seriam nada mais do que excitações que se
alojaram na cabeça,</c>
family:Liberation Sans">e para não ter de tirar a conclusão escandalosa de que Deus
seria um p r o d u t o</c>
family:Liberation Sans">desvirtuado do sistema nervoso humano, Locke teve de
reservar às idéias "elevadas" uma faculdade própria: a da reflexão. Berkeley, por
sua vez, inverte a</c>
family:Liberation Sans">história. Não, diz ele, não são representações e
pensamentos abstratos que estão</c>
family:Liberation Sans">46 Idem, op. cit., § 29, p. 40.</c>
family:Liberation Sans">4 7 Idem, op. cit., § 33, p. 42.</c>
family:Liberation Sans">mais próximos de Deus, mas as excitações sensoriais mais
elementares. A sensação a u t ê n t i c a não é aquela que está sob meu controle,
mas aquela que se</c>
family:Liberation Sans">impõe m e s m o contra a m i n h a vontade — e é justamente
assim que o poder</c>
family:Liberation Sans">mais alto se anuncia, que desta feita se imprime em mim: o
poder de Deus.</c>
family:Liberation Sans">Aquilo q u e se chama de representação ou pensamento é tão
somente um pálido eco autoconstituído do poder sensacional originário e
sobrepujante. Como</c>
family:Liberation Sans">prova da existência de Deus isso é tão falacioso que mesmo
os teólogos da</c>
family:Liberation Sans">época lhe deram as costas. C o m o indicação de que a
sensação está intimamente relacionada à sujeição, ou seja, à violência e a uma
força mais elevada, dificilmente poderia ser sobrevalorizada. Já aponta, como será
mostrado no próximo capítulo, que a chamada experiência do divino principia como um
profundo e traumático abalo. E, ter algo repentina e instantaneamente,
irresistivelmente,</c>
family:Liberation Sans">impresso em si por meio de uma força mais elevada, que não
se chama Deus, é</c>
family:Liberation Sans">verdade, mas aparatos eletrônicos, isso é o que há de
característico da produção</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n a das sensações. Mas o que aconteceria se Deus
e os aparatos eletrônicos não estivessem tão distantes um do outro, se a sensação
mais antiga e a</c>
family:Liberation Sans">mais nova fossem dois extremos que se tocam? E se Berkeley
estivesse, port a n t o , sem saber direito da extensão do que fazia, p r o p o n d
o um curto-circ u i t o f u l m i n a n t e entre esses dois extremos, para além da
grande distância</c>
family:Liberation Sans">histórica?</c>
family:Liberation Sans">A o menos é essa a perspectiva subitamente aberta por ele.
Não seria dc todo</c>
family:Liberation Sans">um exagero conceber o trabalho aqui desenvolvido como um
desdobramento</c>
family:Liberation Sans">desse curto-circuito de Berkeley. É abstrusa a forma com
que o teólogo anglicano</c>
family:Liberation Sans">volta c o n t r a Locke a herança da epistemologia
esclarecida que recebeu dele.</c>
family:Liberation Sans">Mas ambos eram atormentados com a mesma intensidade por uma
questão que</c>
family:Liberation Sans">até h o j e ainda não foi respondida a contento: o que
ocorreria se os homens</c>
family:Liberation Sans">fossem tão essencialmente seres sensitivos, de maneira que
todas as suas idéias</c>
family:Liberation Sans">e conceitos a respeito do verdadeiro, do bem, do belo e do
divino não fossem</c>
family:Liberation Sans">senão sensações, ou seja, correspondessem a meras
excitações nervosas? Então</c>
family:Liberation Sans">não haveria sentido no mundo, diz Locke. A não ser que,
retruca Berkeley, essa</c>
family:Liberation Sans">própria excitação fosse o sentido. E justamente essa é a
sua agudeza: a sensaçao</c>
family:Liberation Sans">é o sentido d o m u n d o , e q u a n t o mais elementar,
subjugante e irresistível ela</c>
family:Liberation Sans">for, t a n t o mais evidente ele será. Chama-se a isso de
transvaloração dos valores.</c>
family:Liberation Sans">A sensação, q u e em Locke ainda é um conceito utilizado no
combate contra</c>
family:Liberation Sans">t u d o aquilo que é dúbio, que não pode ser provado, que
era metafísico, como</c>
family:Liberation Sans">os dogmas da Igreja, as idéias eternas, ou a</c>
family:Liberation Sans">s u b s t â n c i a</c>
family:Liberation Sans">autárquica do espin o</c>
family:Liberation Sans">converte-se, em um ataque surpresa, no conceito de base de
uma metafísica</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>modificada, que de uma maneira desconcertantemente
simples une o t r e m o r</c>
family:Liberation Sans">cm 1778, "a capacidade de ser sensível a estímulos"; em
1784, um "estado anímico</c>
family:Liberation Sans">à firmeza, por meio do conceito de impressão (impression).
C o m o as moedas,</c>
family:Liberation Sans">d o t a d o de c o m p o n e n t e s afetivos fortes,
diferenciado dos sentimentos devido</c>
family:Liberation Sans">assim a alma. Ela recebe o caráter, a identidade, por meio
daquilo que a c u n h a .</c>
family:Liberation Sans">ao efeito imediato e seu caráter mais fisiológico". O
Oxford English dictionary</c>
family:Liberation Sans">Aquilo que a marca avassaladoramente é o mesmo que a fixa
-</c>
family:Liberation Sans">abala-a, mas</c>
family:Liberation Sans">data cm 1779 o sentido de sensation como "forte impressão
(por exemplo, por</c>
family:Liberation Sans">confere-lhe firmeza e identidade. É exatamente esse o
paradoxo que Berkeley</c>
family:Liberation Sans">meio d o terror, estupefação, surpresa etc.), gerada em um
público ou em uma</c>
family:Liberation Sans">transforma em seu trunfo teológico: q u a n t o mais
violenta e avassaladora a</c>
family:Liberation Sans">massa de indivíduos presentes, e manifesta por seu
comportamento." O Deutsche</c>
family:Liberation Sans">impressão, tanto mais firmeza, segurança e proximidade ao
divino. A força</c>
family:Liberation Sans">Fremdwòrterhuch</c>
family:Liberation Sans">estremecedora da sensação é reveladora de Deus. J u s t a m
e n t e ela fortalece a</c>
family:Liberation Sans">a resenha de uma peça teatral "que com o seu surgimento
criou uma sensação</c>
family:Liberation Sans">crença de que o mundo é sabiamente organizado por Ele, e q
u e cada reserva</c>
family:Liberation Sans">e n o r m e e geral." " O D u q u e passou bons dias em
Kassel e Gõttingen, o que</c>
family:Liberation Sans">contra Sua palavra e Sua igreja seriam infundadas. É
precisamente n o m o m e n -</c>
family:Liberation Sans">m u i t o m e alegrou e creio que lá fez boa sensação com
as pessoas" é a frase de</c>
family:Liberation Sans">to em que Berkeley parece tornar-se cético que ele se
mostra d o g m á t i c o — o</c>
family:Liberation Sans">G o e t h e citada no Deutsches Wôrterbuch dos irmãos
Grimm. O teatro, a apari-</c>
family:Liberation Sans">que consegue realizar de forma desconcertante, porque só
faz seguir a lógica</c>
family:Liberation Sans">ção representativa ou o súbito falecimento de um governante
ou nobre são os</c>
family:Liberation Sans">inerente ao conceito de sensação. Pois se o m u n d o não é
constituído senão de</c>
family:Liberation Sans">contextos seguintes do deslocamento de sentido do termo
"sensação". É diKcil</c>
family:Liberation Sans">sensações, e se não se quer que as sensações sejam uma u n
i f o r m i d a d e d i f u s a</c>
family:Liberation Sans">dizer o q u a n t o já estava na boca das pessoas antes de
aparecer em jornais, cartas</c>
family:Liberation Sans">e confusa, mas que continuem a se ordenar belamente naquilo
q u e recebe o</c>
family:Liberation Sans">e romances; chama a atenção, no entanto, que o termo tenha
sido registrado,</c>
family:Liberation Sans">nome de afetos, paixões, idéias, pensamentos e razão, então
deve haver algo</c>
family:Liberation Sans">em u m a simultaneidade estreita, bem em torno do ano de
1780, em campos</c>
family:Liberation Sans">como uma sensação por excelência, da qual todas as outras
seriam uma cópia</c>
family:Liberation Sans">lingüísticos de desenvolvimento tão diferentes quanto o
francês, o inglês e o</c>
family:Liberation Sans">imperfeita, uma derivação, decorrência ou o que quer que
seja: j u s t a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">alemão — e com uma bastante uniforme tendência de
intensificação: da percep-</c>
family:Liberation Sans">aquela sensação imediata, avassaladora, que se imprime p o
r u m a força mais</c>
family:Liberation Sans">ção pura e simples para uma percepção intensificada (uma
"forte impressão"),</c>
family:Liberation Sans">elevada. Ela corresponderia à autêntica sensação, à sua
quintessência.</c>
family:Liberation Sans">para a receptividade a tal percepção intensificada
("sensível a estímulos"), para</c>
family:Liberation Sans">assinala em Mil a expressão "fazer uma sensação"; em
1784,</c>
family:Liberation Sans">um estado excitado, no qual a alma entra sob forte
impressão ("componentes</c>
family:Liberation Sans">afetivos fortes"), de forma que no Des Herrn
HojratMoritzgramatische</c>
family:Liberation Sans">A Revolução Francesa como espetáculo</c>
family:Liberation Sans">Wôr-</c>
family:Liberation Sans">terbuch, de 1797, o alcance do sentido de "sensação" já
está restrito a "chamar a</c>
family:Liberation Sans">atenção, estar atento, fermentação, movimento": "Pode-se
muito bem dizer, o</c>
family:Liberation Sans">O desenvolvimento da linguagem coloquial não costuma
orientar-se por fi lósofos,</c>
family:Liberation Sans">livro chamará a atenção, para designar 'fazer uma
sensação'". Joachim Heinrich</c>
family:Liberation Sans">mas cabe aos filósofos, quando são bons, exibir os abismos
n o desenvolvimento</c>
family:Liberation Sans">Campe, finalmente, um dos observadores mais atentos da
língua alemã e de suas</c>
family:Liberation Sans">da linguagem coloquial. É tanto mais digno de nota que
justamente Berkeley,</c>
family:Liberation Sans">trocas c o m a francesa, resume, em seu Wôrterbuch zur
Erklàrungund</c>
family:Liberation Sans">interessado na restauração da teologia e da Igreja, tenha
ares de cão farejador do</c>
family:Liberation Sans">chungder unserer Sprache aufgedrungenenfreniden</c>
family:Liberation Sans">que estava por vir; com efeito, a lógica inerente ao
conceito de sensação desdo-</c>
family:Liberation Sans">assim, sensação é emoção e sentimento ( l ) . Mas também é
usado no linguajar</c>
family:Liberation Sans">brou sua teoria do conhecimento e da percepção na mesma
direção t o m a d a</c>
family:Liberation Sans">c o m u m f r a n c o - g e r m â n i c o como atenção,
movimento, ruído e fermentaçao</c>
family:Liberation Sans">Verdeuts-</c>
family:Liberation Sans">Ausdrücke, de 1801: "Sendo</c>
family:Liberation Sans">(2). Diz-se, assim, p o r exemplo, de um escrito, que fez
muitasensafao, e de um</c>
family:Liberation Sans">que nada sabia de Berkeley: d o</c>
family:Liberation Sans">conceito geral para a quintessência da sensação. Foi no
francês - que, c o m o</c>
family:Liberation Sans">no inglês, se adotou inicialmente a palavra latina sensatio
no sentido geral de</c>
family:Liberation Sans">povo inqu ieto, q u e se percebeu muita sensação nele."
Fica claro que sensaçao</c>
family:Liberation Sans">sensaçaoe percepção</c>
family:Liberation Sans">sociopolíticos, e não apenas a processos individuais e
animicos.</c>
family:Liberation Sans">É bem possível que a mudança do conceito literário-
filosóhco para o linguajar</c>
family:Liberation Sans">luga . O Dunonn^</c>
family:Liberation Sans">q„e</c>
family:Liberation Sans">a mudança de significação se mostrou em primeiro</c>
family:Liberation Sans">hütori^</c>
family:Liberation Sans">de</c>
family:Liberation Sans">U Unguefrançaise</c>
family:Liberation Sans">dá para sensation n o a n o</c>
family:Liberation Sans">pode m u i t o b e m ser aplicada também a processos de
tensão e fermentaçao</c>
family:Liberation Sans">comum" por que passou a palavra tomada emprestada ao latim
pelo francês, pelo</c>
family:Liberation Sans">3 f</c>
family:Liberation Sans">pre l o r</c>
family:Liberation Sans">°"e impreSSâ° 3 VÍ™S</c>
family:Liberation Sans">» o de</c>
family:Liberation Sans">! a</c>
family:Liberation Sans">expressão fazer uma sensação"; em , 775, o termo já
reduzido «fazer s e n s a ç ã o -</c>
family:Liberation Sans">inglês e pelo alemão não tenha penetrado profundamente nas
pessoas comuns</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>até 1800; que tenha sido limitada, em vez disso, à
tala coloquial dos cultos. Seja</c>
family:Liberation Sans">como for, esse é um fenômeno primordialmente u r b a n o
-</c>
family:Liberation Sans">u m a reação ao rá-</c>
family:Liberation Sans">pido crescimento urbano do período mercantilista. A
distância de metrópoles</c>
family:Liberation Sans">como Londres e Paris em relação a cidades comparativamente
atrasadas c o m o</c>
family:Liberation Sans">Frankfurt, Berlim ou Weimar não foi determinante
linguisticamente. M e s m o</c>
family:Liberation Sans">na Alemanha, por volta dc 1780, o deslocamento de
significado da palavra</c>
family:Liberation Sans">"sensação" já faz sentido, e não é sem ironia que devemos a
um "inventariador</c>
family:Liberation Sans">educativo" da cidade de Braunschweig, o citado Joachim
Heinrich C a m p e , u m</c>
family:Liberation Sans">olhar da Paris de 1789, que registra em alguns quadros
grandiosos a revolução,</c>
family:Liberation Sans">para a qual a transformação do conceito de sensação
constitui a mais concisa</c>
family:Liberation Sans">abreviatura lingüística.</c>
family:Liberation Sans">Em 14 de julho ocorreu a famosa Tomada da Bastilha. Em uma
carta datada</c>
family:Liberation Sans">do dia 4 de agosto, o recém-chegado escreve para sua terra
natal:</c>
family:Liberation Sans">Será que é realmente verdade que estou em Paris, meu caro
T*? [...] Que as peças</c>
family:Liberation Sans">teatrais que foram encenadas nos últimos dias, e que ainda
o são diariamente, não</c>
family:Liberation Sans">são uma criação da minha imaginação, um sonho, mas fatos?
[...] Consegui desvencilhar-me das ondas humanas, que mais do que nunca lavam as
ruas e os lugares</c>
family:Liberation Sans">públicos; agora me instalei nas margens do Sena, isto é, em
meu quarto, para poder,</c>
family:Liberation Sans">tanto quanto possível, ordenar e organizar a imensa
quantidade de novas imagens,</c>
family:Liberation Sans">idéias e sensações que, como um enxame de abelhas, assolam
o observador a cada</c>
family:Liberation Sans">passo que dá. Em vão! O rumorejar da tempestade humana
passa pelas janelas, portas</c>
family:Liberation Sans">e paredes até chegar a meu pequeno quarto isolado; a voz de
baixo, rouca e rasgada,</c>
family:Liberation Sans">dos anunciadores de novidades, com seu eterno Voilà du
nouveau et du curieux!</c>
family:Liberation Sans">gritado de novo a cada hora, sabe-se lá por quanto tempo,
desvia incessantemente</c>
family:Liberation Sans">minha atenção da ordenação da massa de idéias e sentimentos
recolhidos, fazendo o</c>
family:Liberation Sans">caos ficar ainda mais caótico. Como serei capaz de vedar os
sentidos exteriores, para</c>
family:Liberation Sans">poder criar o espaço interior e o tempo necessários para
que o estoque, já recolhido,</c>
family:Liberation Sans">de novas imagens, possa ser separado em unidades, e a
memória possa registrá-los em</c>
family:Liberation Sans">seus compartimentos devidos? Penso ter achado um meio
próprio para tanto. Uma</c>
family:Liberation Sans">conversa com o senhor, caro T", tornar-me-á insensível,
enquanto ela durar, contra</c>
family:Liberation Sans">todas as impressões exteriores. Por isso escrevo-
lhe48</c>
family:Liberation Sans">dependendo do tempo, totalmente empoeiradas, tinham em
ambos os lados casas</c>
family:Liberation Sans">velhas e sem gosto, que assomavam em construções de cinco
ou seis andares, e que</c>
family:Liberation Sans">ainda eram coroadas com uma grande quantidade de chaminés
[...] Todos os pisos</c>
family:Liberation Sans">térreos de Paris, quase sem exceção, armazéns de secos e
molhados, ou oficinas abertas,</c>
family:Liberation Sans">e uma multidão de letreiros, com caracteres de meio côvado
de extensão, notificam</c>
family:Liberation Sans">o transeunte a respeito do que é vendido ou confeccionado
em cada casa. Isso — e a</c>
family:Liberation Sans">imensa quantidade de gente que se espreme por essas ruas, e
os inúmeros anunciadores,</c>
family:Liberation Sans">que oferecem milhares de artigos, e que, com sua gritaria
desarmônica, preenchem o</c>
family:Liberation Sans">ar e fazem zumbir os ouvidos, em conjunção com
malabaristas, prestidigitadores de</c>
family:Liberation Sans">toda espécie e gritos vindos do mercado, que a todos fazem
ofertas e em torno dos</c>
family:Liberation Sans">quais o povo se agrupa — dá ao todo a forma de uma
monstruosa feira, que dura do</c>
family:Liberation Sans">primeiro ao último dia do ano. Imagine uma das ruas mais
estreitas e abarrotadas de</c>
family:Liberation Sans">pessoas em Braunschweig ou Frankfurt durante a época das
festas, e o senhor terá</c>
family:Liberation Sans">uma idéia aproximada da confusão diária das ruas de
Paris49.</c>
family:Liberation Sans">A palavra sensação não aparece aqui, mas o que é descrito
corresponde a</c>
family:Liberation Sans">uma verdadeira incubadora para sua mudança de sentido. Tudo
aquilo que está</c>
family:Liberation Sans">a p o n t o de causá-la se encontra reunido: em primeiro
lugar, a dúvida: "sonho</c>
family:Liberation Sans">ou estou acordado?", com a qual o missivista reage a um
poder avassalador</c>
family:Liberation Sans">de impressões e sem hesitar faz uso da metáfora que mais
corriqueiramente</c>
family:Liberation Sans">ocorria aos c o n t e m p o r â n e o s da Revolução
Francesa: o teatro. Que se visse no</c>
family:Liberation Sans">espetáculo a aurora da liberdade ou então o crepúsculo da
ordem divina, dos</c>
family:Liberation Sans">costumes e da moral — t a n t o dentro quanto fora da
França havia uma grande</c>
family:Liberation Sans">u n a n i m i d a d e a respeito do fato de que acontecia
em grande escala, ou seja, em</c>
family:Liberation Sans">relação ao curso do m u n d o , e de maneira condensada,
algo de fora do comum e</c>
family:Liberation Sans">de e n o r m e significado, que anteriormente ocorria
apenas em ordem pequena, a</c>
family:Liberation Sans">saber, para u m a reunião de espectadores proporcionada
pelas artes cênicas. Onde</c>
family:Liberation Sans">há teatro, há público. Isso é válido para a Paris de 1789-
1793, primeiramente no</c>
family:Liberation Sans">sentido de q u e era o palco do mundo, cujos acontecimentos
eram seguidos por</c>
family:Liberation Sans">toda parte q u e os jornais alcançavam, contribuindo para
um salto na circulação</c>
family:Liberation Sans">de notícias, e que forneceu uma primeira amostra do que uma
publicidade no</c>
family:Liberation Sans">espaço p ú b l i c o m u n d i a l poderia ser. A
participação desse disperso publico</c>
family:Liberation Sans">mundial -</c>
family:Liberation Sans">por exemplo, como ocorreu a chegada:</c>
family:Liberation Sans">Europa -</c>
family:Liberation Sans">"mundo", bem entendido, restringindo-se em grande medi a
a</c>
family:Liberation Sans">ia desde manifestações de apoio e repúdio até a
mterferencia mil.ta</c>
family:Liberation Sans">e política; com efeito, a revolução não foi um experimento
de campo s o e ,</c>
family:Liberation Sans">e e n f r S uV7 T ^ ^</c>
family:Liberation Sans">° S u f i d e n c e P ™ que duas carruagens ou cabnolesU]
pudessem avançar lado a lado; e essas ruas estreitas, sujas ou,</c>
family:Liberation Sans">48 J. H. Campe, Bri.fi</c>
family:Liberation Sans">aus</c>
family:Liberation Sans">nu</c>
family:Liberation Sans">um estado de g u e r r a , ao menos latente, com todas as
torças feudais da Europa</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">_</c>
family:Liberation Sans">49 I d e m , o p . cit.. p. 41.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>e um arauto de esperança para muitos salões e cafés
burgueses. Se, p o r t a n t o ,</c>
family:Liberation Sans">as classes sociais, que, visível, se acotovelava pelas
ruas, desejoso de comprar</c>
family:Liberation Sans">já esse público que, fascinado, assistia aos eventos de u m
a Paris t o r n a d a palco</c>
family:Liberation Sans">ou de assistir, ou que se amontoava nas praças, fosse
superposto por um pú-</c>
family:Liberation Sans">do mundo, não se limitava ao papel passivo, característico
dos espectadores</c>
family:Liberation Sans">blico de s e g u n d a ordem, um público de privilegiados e
cultos, cujo elixir vital</c>
family:Liberation Sans">de teatro, isso vale muito mais para o "ir e vir de uma m u
l t i d ã o e m ebulição" 5 0 ,</c>
family:Liberation Sans">era o salão e o café, e cuja matéria dc discussão era
tirada de livros e notícias de</c>
family:Liberation Sans">que, por assim dizer, atuou como o baixo-contínuo da
revolução, "um público</c>
family:Liberation Sans">jornal, u m p ú b l i c o q u e n u n c a se fez m u i t o
visível como uma grande massa</c>
family:Liberation Sans">infinitamente colorido e variado de estivadores e finos
senhores, de mulheres</c>
family:Liberation Sans">h u m a n a , mas que discutia oralmente apenas em pequenos
círculos e que, afo-</c>
family:Liberation Sans">de pescadores e polidas damas, de soldados e clérigos" 51 —
a p r e s e n t a n d o ele</c>
family:Liberation Sans">ra isso, só se encontrava ligado pela leitura, pela
escritura e pelas vias de distri-</c>
family:Liberation Sans">mesmo um dos produtos mais significativos da dissolução da
sociedade pré-</c>
family:Liberation Sans">buição d a palavra impressa, mas um público que, justamente
devido à sua</c>
family:Liberation Sans">moderna. Onde há público desaparecem as barreiras dos
estamentos feudais,</c>
family:Liberation Sans">incorporeidade, constituía um espaço, dificilmente
controlável, favorável para</c>
family:Liberation Sans">os representantes de diferentes classes convergem em u m a
massa a m o r f a , já</c>
family:Liberation Sans">a f o r m a ç ã o de espíritos livres, de atividades
artísticas e de crítica social, sem o</c>
family:Liberation Sans">tomados pelos determinados mecanismos básicos da m o d e r
n a f o r m a ç ã o de</c>
family:Liberation Sans">q u e a Revolução Francesa não teria sido colocada em
movimento. E o primei-</c>
family:Liberation Sans">mobilidade: por exemplo, a metamorfose violenta de u m a g
r a n d e p a r t e da</c>
family:Liberation Sans">ro olhar de C a m p e p o r sobre Paris descobre
imediatamente os elementos de</c>
family:Liberation Sans">população rural em força de trabalho comprável por meio de
sua expulsão do</c>
family:Liberation Sans">ligação entre o público de primeira e de segunda ordem: o
anunciador de no-</c>
family:Liberation Sans">solo de origem e migração em massa para as cidades, cuja m
e t a m o r f o s e e m</c>
family:Liberation Sans">tícias e os jornais espalhadores de rumores. Com 'seu
eterno Voilà du nouveau</c>
family:Liberation Sans">centros de manufatura têxtil e de metalurgia em acelerada
expansão e de u m</c>
family:Liberation Sans">et du curieux! gritado de novo a cada hora, sabe-se lá por
quanto tempo", jun-</c>
family:Liberation Sans">comércio em florescimento, em um caldeirão de pessoas
desenraizadas e outras</c>
family:Liberation Sans">tam-se aos vendedores berrantes do mercado e aos
saltimbancos, que oferecem</c>
family:Liberation Sans">já estabelecidas, arrivistas e perdedores — r e s u m i n d
o : naquilo q u e C a m p e</c>
family:Liberation Sans">t r u q u e s e peças, sendo parte do espetáculo, que
corresponde, por um lado, à</c>
family:Liberation Sans">retrata como uma feira de um ano inteiro.</c>
family:Liberation Sans">sua f o n t e de alimento — para dizer filosoficamente, a
"condição de sua possibi-</c>
family:Liberation Sans">Esse estado de exceção urbano chamado feira, que reunia
pessoas, de p e r t o</c>
family:Liberation Sans">lidade" — e, p o r outro, ao risco constante de serem
engolidos em um barulho</c>
family:Liberation Sans">e de longe, para a admiração de mercadorias úteis e
luxuosas, malabaristas,</c>
family:Liberation Sans">generalizado —, o que seria completamente contraproducente,
pois aquilo que</c>
family:Liberation Sans">artistas, fazedores de truques de toda espécie; que levava
à tentação d o excesso</c>
family:Liberation Sans">tinham para oferecer de nouveu et curieux era de tal forma
fantástico, que Cam-</c>
family:Liberation Sans">nas compras, na embriaguez, na medição de forças, com todas
as formas res-</c>
family:Liberation Sans">pe n ã o hesita p a r a falar em milagres: "contanto que o
senhor concorde em</c>
family:Liberation Sans">pectivas de escândalo e ressaca — a feira, c o m o foi m o
s t r a d o acima — teve</c>
family:Liberation Sans">chamar de milagres aquilo que em toda a história, que eu
saiba, até os dias de</c>
family:Liberation Sans">desde o começo traços de festival popular. E o povo
agrupado, o alvo d a corte</c>
family:Liberation Sans">hoje, foi sem igual, e que, portanto, como algo acintoso,
parece estar para além</c>
family:Liberation Sans">de comerciantes e artistas, tanto catalisador do espetáculo
geral q u a n t o seu</c>
family:Liberation Sans">da o r d e m e da natureza das coisas, como conhecida até
hoje" 52 . E tão acintoso</c>
family:Liberation Sans">objeto, espectador e participante, representa o germe do
público m o d e r n o . A</c>
family:Liberation Sans">isso e para C a m p e , que</c>
family:Liberation Sans">saída da vida cotidiana por meio da entrada na feira
corresponde, ao m e s m o</c>
family:Liberation Sans">tempo, a um exercício preparatório de um estado no qual t e
n d e n c i a l m e n t e</c>
family:Liberation Sans">uma transformação que chegou, em Paris, nos primeiros dias
da revolução,</c>
family:Liberation Sans">a escória de Paris, misturada com o escolho das províncias,
um exército de mendigos</c>
family:Liberation Sans">famintos, despossuídos, e miseráveis, [...] começou a
grande obra da redenção burguesa,</c>
family:Liberation Sans">sem liderança, sem uma combinação prévia e, todavia, em
conjunção tao perfeita</c>
family:Liberation Sans">tão ordenada e organizadamente, e realizada não apenas tão
corajosa, quanto hábil</c>
family:Liberation Sans">e regularmente, que a milícia mais disciplinada, sob a
liderança do hero, de guerra</c>
family:Liberation Sans">mais experiente, não poderia proceder de maneira mais
inteligente, coordenada e</c>
family:Liberation Sans">a um cumulo nunca antes visto. Faz parte desse processo que
o público de todas</c>
family:Liberation Sans">eficaz 53 .</c>
family:Liberation Sans">toda a sociedade entra, quando é arrancada, pelas forças do
mercado, de suas</c>
family:Liberation Sans">formas pré-modernas. Por isso é tão instrutiva a imagem de
uma feira que dure</c>
family:Liberation Sans">do primeiro ao último dia do ano. Ela dá conta de uma vez
só da m u d a n ç a</c>
family:Liberation Sans">de um espetáculo festivo de um dia convertendo-se em uma
condição de vida,</c>
family:Liberation Sans">50 Idcm. op. cit., p. 47.</c>
family:Liberation Sans">51 Idem, op. cit.. p. 49.</c>
family:Liberation Sans">52 kl e m , op. cit., |>. 92.</c>
family:Liberation Sans">5 3 I d c m , o p . cit.. p. 93.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Os atores podem estar idealizados, aqui, mas o fato
de q u e um sistema de</c>
family:Liberation Sans">a própria situação histórica, que não apenas produzia os
eventos mais impor-</c>
family:Liberation Sans">poder centenário repentinamente não mais fiincionava fez
com que seu aparato</c>
family:Liberation Sans">tantes c o m o u m relógio, mas também exigia novas
condições para sua apreen-</c>
family:Liberation Sans">militar permitisse que a massa popular se concentrasse,
invadisse a Bastilha, o</c>
family:Liberation Sans">são. E m o u t r a s palavras: a partir de um determinado
nível de excitação, as</c>
family:Liberation Sans">símbolo da tirania, e caçasse os "inimigos do povo" pelas
ruas; o fato de q u e os</c>
family:Liberation Sans">sensações devem tornar-se aquilo que as faz identificáveis
como sensações; onde</c>
family:Liberation Sans">representantes políticos desse sistema, os clérigos e os
nobres, na intoxicação</c>
family:Liberation Sans">há percepção, impressão, deve, com efeito, haver algo
impresso, algo que deixa</c>
family:Liberation Sans">consensual de uma turbulenta sessão noturna da Assembleia
Nacional, tivessem</c>
family:Liberation Sans">rastros, que p e r m a n e c e aderido, e apenas aquilo que
é forte o suficiente, e não</c>
family:Liberation Sans">revogado todos os privilégios dos estamentos e que o Rei se
visse f o r ç a d o a</c>
family:Liberation Sans">se depara com uma região anestesiada, poderá doravante
preencher os requi-</c>
family:Liberation Sans">assistir a uma missa em homenagem à nova liberdade
reconquistada, isso eram</c>
family:Liberation Sans">sitos da sensação.</c>
family:Liberation Sans">eventos sem igual, que surpreendiam a todos os envolvidos e
que provocavam</c>
family:Liberation Sans">N a t u r a l m e n t e os grandes acontecimentos
parisienses de julho e agosto</c>
family:Liberation Sans">delírios de entusiasmo. E Campe, o viajante simpatizante, q
u e entra de u m a</c>
family:Liberation Sans">de 1789 falavam por si próprios. Foram por isso conhecidos
como comoções</c>
family:Liberation Sans">hora para outra no turbilhão desses acontecimentos,
vivencia-os de u m a f o r m a</c>
family:Liberation Sans">mundiais, de tal m o d o que sua divulgação não precisava
temer a concorrência</c>
family:Liberation Sans">exemplarmente intensiva, no que concerne tanto ao delírio,
q u e o contagia,</c>
family:Liberation Sans">de p e q u e n o s gritadores do mercado, que ofereciam
quaisquer mercadorias. E</c>
family:Liberation Sans">quanto ao excesso de excitação que o b o m b a r d e a m e
n t o de notícias q u e me-</c>
family:Liberation Sans">m e s m o assim essa divulgação já ocorreu sob as condições
concorrenciais de</c>
family:Liberation Sans">xiam com o mundo, em meio ao espetáculo urbano e cotidiano
do mercado,</c>
family:Liberation Sans">um espetáculo de mercado, que o atento Campe
registrou:</c>
family:Liberation Sans">significava para qualquer aparato sensorial humano. Nessa
situação, só há uma</c>
family:Liberation Sans">saída: "vedar os sentidos exteriores, para poder criar o
espaço e o t e m p o interior</c>
family:Liberation Sans">necessários para que o estoque, já recolhido, de novas
imagens, possa ser separado</c>
family:Liberation Sans">em unidades, e a memória possa registrá-los em seus c o m p
a r t i m e n t o s devidos".</c>
family:Liberation Sans">Ou seja, chega-se a um limite, no qual as impressões deixam
de ser impressões,</c>
family:Liberation Sans">os sentimentos deixam de ser sentimentos, p o r q u e
exaurem a capacidade de</c>
family:Liberation Sans">assimilação do sujeito.</c>
family:Liberation Sans">Os filósofos que, desde Locke, se ocuparam com a sensação,
não c o n t a r a m</c>
family:Liberation Sans">com uma situação histórica na qual se poderia ir tão longe,
pois assumiram a</c>
family:Liberation Sans">capacidade de recepção humana de impressões sensoriais c o
m o s e n d o u m a</c>
family:Liberation Sans">constante natural, crendo que a descoberta de sua
regularidade seria o feito</c>
family:Liberation Sans">derradeiro. A presença de espírito de Campe foi ter
enfrentado adhoc esse novo</c>
family:Liberation Sans">caso limítrofe, fechando-se, a partir de um determinado p o
n t o de saciamento,</c>
family:Liberation Sans">para novos estímulos, e procurando organizar e gravar os já
obtidos p o r m e i o</c>
family:Liberation Sans">de um procedimento de eficácia já comprovada: a troca de
cartas. As oito cartas que escreve em três semanas, com uma velocidade de tirar o
fôlego -</c>
family:Liberation Sans">Ora é a mais restrita Comissão no Hotel de Ville, ora a
comunidade armada em</c>
family:Liberation Sans">geral, ou a de um distrito em particular, ora são os
representantes distritais, nos 60</c>
family:Liberation Sans">bairros ou distritos da cidade, que fazem pregar nas
paredes decretos e informações para os cidadãos; ora são outros comuns, sociedades
ou pessoas singulares, que</c>
family:Liberation Sans">querem informar ao público com cartazes aquilo que
aconteceu ou o que deveria</c>
family:Liberation Sans">acontecer. [...] Diante de cada uma dessas casas [...] em
cujas paredes foram colados</c>
family:Liberation Sans">tais cartazes, vê-se um público variegado e misturado [...]
todos com olhar curioso</c>
family:Liberation Sans">devorando o conteúdo das folhas, lendo às vezes em
silêncio, às vezes em voz alta, às</c>
family:Liberation Sans">vezes julgando, às vezes debatendo. Dez ou 20 passos
adiante, tromba-se com outra</c>
family:Liberation Sans">aglomeração igualmente diversificada e misturada, que cerca
uma mesa encostada</c>
family:Liberation Sans">no muro com um pequeno teto, sobre a qual as folhas
volantes e as brochuras do dia</c>
family:Liberation Sans">são oferecidas à venda, escritos estes que, ao mesmo tempo,
centenas de colportores</c>
family:Liberation Sans">espalham aos brados por todas as ruas da cidade, e não
somente o título, senão também o conteúdo principal 5 \</c>
family:Liberation Sans">cor-</c>
family:Liberation Sans">A i n f o r m a ç ã o c a interpretação dos acontecimentos
e propósitos mais re-</c>
family:Liberation Sans">não são apenas a expressão</c>
family:Liberation Sans">volucionários já se e n c o n t r a m numa concorrência
geral por atençao. na qual</c>
family:Liberation Sans">de uma ilação revolucionária irresistível, que eventos d u
r a n t e a viagem de ida</c>
family:Liberation Sans">se enfrentam as notícias impressas com outras mercadorias
de qualquer espece.</c>
family:Liberation Sans">ja provocam nele, mas são, ao mesmo tempo, uma forma de
autodefesa contra</c>
family:Liberation Sans">c o m o t a m b é m e n t r e si, e C a m p e observa t a n
t o o impulso e m a n c t p a t ó n o</c>
family:Liberation Sans">respondendo a mais de 300 páginas impressas</c>
family:Liberation Sans">sobi-e excuaçao gerada por acontecimentos que mexiam com o
m u n d o e que</c>
family:Liberation Sans">T t</c>
family:Liberation Sans">a m e d Í d a Para P</c>
family:Liberation Sans">der aSSÍmÍkr</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">°< ™</c>
family:Liberation Sans">da Lli</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">9 "</c>
family:Liberation Sans">q u e a c o r r e n t e de notícias desencade.a -</c>
family:Liberation Sans">"Pensem como essa pubhc.dade,</c>
family:Liberation Sans">essa p a r t i c i p a ç ã o de t o d o s em tudo, deve
agir sobre o desenvolv.mento</c>
family:Liberation Sans">fiinção como b</c>
family:Liberation Sans">f a r t a s são algo d o que há de mais antigo, sua</c>
family:Liberation Sans">função como barreira protetora contra um excesso de
estímulos é nova - c o m o</c>
family:Liberation Sans">54 Idcm, o p . cit., p.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>forças psíquicas humanas, c sobretudo na formação da
razão e da m e n t e humana" 55</c>
family:Liberation Sans">como também o excesso de excitação e a tendência à o b t u
s i d a d e</c>
family:Liberation Sans">que "a voz grave vazia e rouca -</c>
family:Liberation Sans">um inteiro povo numerosíssimo. Até os melhores espíritos
têm que, num tal estado,</c>
family:Liberation Sans">quando este é duradouro, finalmente degenerar57.</c>
family:Liberation Sans">que os proclamadores das n o v i d a d e s c o m</c>
family:Liberation Sans">suas eternas expressões, a cada hora, quem sabe quantas
vezes, gritam nova-</c>
family:Liberation Sans">Mas a degeneração que C a m p e imagina é a de uma anarquia
geral. Que ela</c>
family:Liberation Sans">traz inevitavelmente consigo. É</c>
family:Liberation Sans">justamente irrompesse para o lado oposto e tomasse a forma
de um terror-de-</c>
family:Liberation Sans">verdade que os acontecimentos revolucionários quase que d e
m a n d a m justa-</c>
family:Liberation Sans">virtude o r d e n a d o e paranoico, que suspeitava, no
caso da menor divergência</c>
family:Liberation Sans">mente por si só sua proclamação geral, e ela não f u n c i
o n a sem os m u i t o s p r o -</c>
family:Liberation Sans">de opinião, ser qualquer cidadão um traidor da República,
permaneceu fora do</c>
family:Liberation Sans">clamadores, que a repetem sem cessar. Mas a repetição não
apenas se espalha,</c>
family:Liberation Sans">seu ângulo de visão. E ainda assim os seus instantâneos
parisienses já mostram a</c>
family:Liberation Sans">mas deprecia seu conteúdo, torna-a uma parte constitutiva
de uma oferta mer-</c>
family:Liberation Sans">m ú t u a pertença m o d e r n a entre anarquia e ordem.
Nas duas ordens de público,</c>
family:Liberation Sans">cadológica e ameaça roubar-lhe a especificidade, sendo que,
em p r o l d o regis-</c>
family:Liberation Sans">o visível vagante pelas ruas e o inapreensível ligado à
imprensa, os quais se so-</c>
family:Liberation Sans">tro autêntico desta, Campe decide: "obstruir o sentido
externo". C o m isso, ele</c>
family:Liberation Sans">brepõem, se interpenetram e comunicam reciprocamente os
seus movimentos,</c>
family:Liberation Sans">toca numa dupla significação de grandes conseqüências:
aquilo q u e ele c h a m a</c>
family:Liberation Sans">C a m p e capta a m o d e r n a ordem de forma
mercadológica do anárquico: uma</c>
family:Liberation Sans">de "milagre", isto é, o espetacular por excelência, é
revolucionário n o sentido</c>
family:Liberation Sans">massa exaltada, q u e t a n t o é passível de ser reunida
para a revolução, como</c>
family:Liberation Sans">genuíno da palavra: algo que "ainda não teve seu igual, e
que, p o r t a n t o , c o m o</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m de ser dispersa para o espetáculo de mercado
geral.</c>
family:Liberation Sans">mente: Voilà du nouveau et du curieux!" -</c>
family:Liberation Sans">algo inteiramente não visto, parece jazer fora da natureza
e da o r d e m das coi-</c>
family:Liberation Sans">"Assim, diz-se [...] de um povo inquieto: que se percebe
grande sensação em</c>
family:Liberation Sans">sas até agora conhecidas" 56 . Por outro lado, o espetáculo
do mercado é o solo</c>
family:Liberation Sans">seu meio", pode-se ler uma década mais tarde em seu
dicionário. Suas cartas de</c>
family:Liberation Sans">desse algo não percebido. N e n h u m a mercadoria, n e n h
u m a prestidigitação,</c>
family:Liberation Sans">Paris, p o r é m , de fato já registraram, sem que ocorra
no caso o próprio termo</c>
family:Liberation Sans">nenhum artifício pode ser preconizado efetivamente sem
reclamar para si o</c>
family:Liberation Sans">"sensação" 58 , essa "grande sensação" em forma da referida
massa de excitação e</c>
family:Liberation Sans">status do inteiramente especial, ainda não visto. C o m
isso, e v i d e n t e m e n t e ,</c>
family:Liberation Sans">fizeram a luta p o r atenção, em que a sensação se
encontrava, perceptível como</c>
family:Liberation Sans">ainda os acontecimentos mais grandiosos ameaçam ser
rebaixados a highlights</c>
family:Liberation Sans">c o n d i ç ã o vital geral f u t u r a : como algo que não
afeta menos as condições de</c>
family:Liberation Sans">mais ou menos importantes de um mercado de ano inteiro,
cuja d u p l a incli-</c>
family:Liberation Sans">percepção do que aquelas de produção e de poder. Desse modo
Campe se tornou</c>
family:Liberation Sans">nação, a de provocar, como também a de nivelar ações
revolucionárias, t e m</c>
family:Liberation Sans">uma testemunha privilegiada da modificação do significado
justamente daquele</c>
family:Liberation Sans">mais alcance do que Campe, que a apresentou da maneira tão
c o n t u n d e n t e ,</c>
family:Liberation Sans">conceito de sensação, que ele não queria incorporar ao seu
vocabulário pessoal</c>
family:Liberation Sans">pôde ver.</c>
family:Liberation Sans">ativo. M e l h o r do que as Eminências pardas do "Conselho
de educação" conse-</c>
family:Liberation Sans">É verdade que ele não desconheceu em toda a euforia
revolucionária a gravitação física e econômica que estava a p o n t o de c h a m a
r de volta os atores</c>
family:Liberation Sans">revolucionários na confusão do correr do t e m p o , que
eles s u s p e n d e r a m de</c>
family:Liberation Sans">maneira tão promissora.</c>
family:Liberation Sans">guiram em Paris, mal se pode apresentar a atmosfera
saturada de entusiasmo do</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n o público urbano, para onde a sensação, desde
uma tomada de atração,</c>
family:Liberation Sans">nascida naturalmente através de um aparelho sensitivo
sempre iniciante numa</c>
family:Liberation Sans">luta t e m p o r a l de atrativos penetrantes, transformava
num aparelho sens.tivo</c>
family:Liberation Sans">ultrapretensioso. As conseqüências disso expressáveis
vocalmente, e do mesmo</c>
family:Liberation Sans">O povo se mantém calmo, apesar da anarquia perdurante e
apesar da escassa prov,sao de pão, descontados pequenos passos insignificantes
[...]. Mas será que esse não</c>
family:Liberation Sans">esperado estado de moderação e tranqüilidade ainda
perdurará por muito tempo, na</c>
family:Liberation Sans">continua ausência de lei e desorganização de todas as
relações cívicas? Esperar isso</c>
family:Liberation Sans">seria o mesmo que desconhecer inteiramente a natureza dos
seres humanos e a de</c>
family:Liberation Sans">m o d o a lógica social da sensação, ficavam disponíveis.
Apenas os fortes estímulos,</c>
family:Liberation Sans">55 Ibidcm.</c>
family:Liberation Sans">57 I d e m , op. cit., p. 211.</c>
family:Liberation Sans">56 Idem, op. cit., p. 92.</c>
family:Liberation Sans">5 8 Bastante c o m p r e e n s í v e l d i a n t e d a
desaprovaçao de C a m p e no que d u res f</c>
family:Liberation Sans">aos quais acontece ficarem gravados como significantes,
preenchem sob tais</c>
family:Liberation Sans">condições ainda o estado de fato de que</c>
family:Liberation Sans">sensação merece ser c h a m a d a . Sensa-</c>
family:Liberation Sans">ção quer dizer, então, muito mais o estado produzido de
oscilante inquietaçao</c>
family:Liberation Sans">e entusiasmo, d o cobiçar e do protestar: a efervescência
social. Mas, antes de</c>
family:Liberation Sans">q u e sc infiltraram na nossa fala".</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">_ _</c>
family:Liberation Sans">n n m]C á h</c>
family:Liberation Sans">rcspdt0</c>
family:Liberation Sans">"às expressões estrange.ras</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>qualquer coisa, esses termos recebem os
acontecimentos espetaculares, que pe-</c>
family:Liberation Sans">logia; e o vulgar, que paulatinamente reduziu a sensação
àquele acontecimen-</c>
family:Liberation Sans">netram tão poderosamente no aparelho sensitivo, de tal m o
d o que o p e r c u t e m</c>
family:Liberation Sans">to espetacular atuante nas massas, que os filósofos
usualmente julgavam como</c>
family:Liberation Sans">no seu encantamento e desse modo exercem a ação paradoxal,
q u e Berkeley já</c>
family:Liberation Sans">indigno de sua reflexão — com isso, porém, deixando escapar
o teor eminen-</c>
family:Liberation Sans">observara: a da estruturação através da comoção, tanto no â
n i m o do indivíduo</c>
family:Liberation Sans">t e m e n t e filosófico dessa redução. Berkeley iluminou-o
ao remeter todas as</c>
family:Liberation Sans">como no espaço público, no qual lançam marcas chocantes de
orientação, para</c>
family:Liberation Sans">sensações a u m a originária, sobrepujante e marcante. Onde
sensação se torna</c>
family:Liberation Sans">tirar a desforra do público disperso, como o choque
atua.</c>
family:Liberation Sans">s i n ô n i m o de "aquilo que chama a atenção", não ocorre
simplesmente uma mera</c>
family:Liberation Sans">Em 1789 as sensações par excellence ainda são os
acontecimentos revolucioná-</c>
family:Liberation Sans">r e d u ç ã o avessa ao espírito. Pelo contrário, surge a
suspeita de que a sensação</c>
family:Liberation Sans">rios da espécie do inaudito, "fora da natureza e ordem das
coisas conhecidas até</c>
family:Liberation Sans">no s e n t i d o de "percepção por excelência" da realidade
sensorial moderna e</c>
family:Liberation Sans">então". Porém, sob as condições de uma luta geral por
atenção, é apenas lógico</c>
family:Liberation Sans">u r b a n a , q u e segue os padrões do mercado medieval,
não mais se expandiu.</c>
family:Liberation Sans">que em breve cada acontecimento escolhido, que por p o u c
o t e m p o fique sob</c>
family:Liberation Sans">Assim, o conceito geral, não específico, começa a
consolidar-se em sua forma</c>
family:Liberation Sans">sua influência, desde um estupro com morte até o alpinismo,
receba o n o m e de</c>
family:Liberation Sans">mais exposta: c o m o sensação par excellence. Sem dúvida,
isso representa um</c>
family:Liberation Sans">sensação — e que tenha como lugar primordial o meio que
vive de divulgar o</c>
family:Liberation Sans">estreitamento, mas ao mesmo tempo uma concentração, um "ir-
a-si" mesmo.</c>
family:Liberation Sans">que causa impacto: a imprensa. Meio século após a Revolução
Francesa, surgiu</c>
family:Liberation Sans">A língua t o m a de tal f o r m a o pulso de seu tempo, que
a palavra "sensação"</c>
family:Liberation Sans">o uso hoje corriqueiro da palavra, que Edgar Allan Poe, u m
dos maiores sis-</c>
family:Liberation Sans">começa a testemunhar a violência de sua origem. Seu
testemunho, naturalmente,</c>
family:Liberation Sans">mógrafos literários da vida das grandes cidades modernas,
ratificou, p o r assim</c>
family:Liberation Sans">não é p r e m e d i t a d o ou consciente. Ele consiste em
uma reação semântica, para</c>
family:Liberation Sans">dizer, acidentalmente, quando fez o detetive C. Auguste D u
p i n dizer:</c>
family:Liberation Sans">cujo significado ainda não há palavra alguma. Ela tão
somente faz sentir que o</c>
family:Liberation Sans">espetacular, o q u e chama a atenção, não corresponde a um
caso extremo de</c>
family:Liberation Sans">Devemos ter em mente que, em geral, o objetivo dos nossos
jornais é mais criar</c>
family:Liberation Sans">uma sensação do que levar adiante a causa da verdade. Este
último fim apenas é</c>
family:Liberation Sans">perseguido quando parece coincidir com o primeiro. O
impresso que se posiciona</c>
family:Liberation Sans">de acordo com a opinião comum (por mais que tal opinião
seja bem fundada) não</c>
family:Liberation Sans">ganha para si crédito algum com as massas. A grande maioria
das pessoas concebe</c>
family:Liberation Sans">como profundo quem sugere contradições pungentes à visão
geral 59 .</c>
family:Liberation Sans">sensação, c o m o defende um discurso filosoficamente bem
comportado, mas a</c>
family:Liberation Sans">seu a r q u é t i p o histórico — o cerne candente de toda
percepção e conhecimento. C o m o u m nariz farejante para isso, o discurso vulgar
sobre a sensação é no</c>
family:Liberation Sans">m í n i m o tão filosófico q u a n t o o filosófico,
somente não sabe disso. Ele, porém,</c>
family:Liberation Sans">instintivamente registra que a sociedade moderna
paulatinamente trouxe seus</c>
family:Liberation Sans">nervos à flor da pele por meio do tremor e da excitação
continuados de si mesma, p o r m e i o d o a u m e n t o p e r m a n e n t e de sua
maquinaria de sensação</c>
family:Liberation Sans">É apenas o caso que nessa contradição não mais se expressa
a subversão, mas</c>
family:Liberation Sans">meramente a compulsão à imagem.</c>
family:Liberation Sans">em outras palavras, deixou clara a sua base arcaica. Com
isso, a vulgarização do</c>
family:Liberation Sans">conceito de sensação descreve, por assim dizer, por
intermédio do sentir, uma</c>
family:Liberation Sans">famosa figura filosófica: o "retorno ao fundamento" 6 0 . E
ele que deve ser agora</c>
family:Liberation Sans">descrito conscientemente -</c>
family:Liberation Sans">Dois tipos de discurso sobre sensação</c>
family:Liberation Sans">sob o risco de que o fundamento, como previsto</c>
family:Liberation Sans">por Hegel, não seja o espírito absoluto e a mais alta
verdade, mas uma mancha</c>
family:Liberation Sans">cega e de difícil visualização na beira mais extrema da
história corrente, ü</c>
family:Liberation Sans">Desde que, por volta do final do século XVIII, o
significado de sensação se</c>
family:Liberation Sans">deslocou, há dois discursos sobre a sensação: o filosófico,
que p r o c u r a teorica-</c>
family:Liberation Sans">núcleo c a n d e n t e da sensação é uma tal
mancha.</c>
family:Liberation Sans">mente fundamentar epistemologicamente o processo de
percepção, e que contmua. depois de Berkeley, passando Hume, Kant e sua herança
sensualista e</c>
family:Liberation Sans">racional,sta, ate a moderna fenomenologia, a teoria da
Gestalt e a neurofisio-</c>
family:Liberation Sans">59 E. A. Poe. Das Geheimnis umMarieRogêt,</c>
family:Liberation Sans">Obras. c . O l t e n , 1966. p. 802.</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">.,11</c>
family:Liberation Sans">': r para a frente' é um retornar ao funda6 0 " É preciso c
o n c e d e r q u e é uma observação essencial l... . q u e</c>
family:Liberation Sans">fólo</c>
family:Liberation Sans">c d c taco produz i * ao originário e verdade,r», d o qual
d e p e n d e aqu</c>
family:Liberation Sans">a " ^</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">™ ^</c>
family:Liberation Sans">| 9 6 9 , p, 7 |</c>
family:Liberation Sans">zido". G. W . F. Hegel, Ciência da lógica, O b r a s , t.
5. b r a n w u r c .</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>F I S I O T E O L O G I A DA SENSAÇÃO</c>
family:Liberation Sans">Neurose traumática e sistema nervoso</c>
family:Liberation Sans">" H Á J Á M U I T O T E M P O SE D E S C R E V E U um
estado que se segue a graves</c>
family:Liberation Sans">abalos mecânicos, colisões de trens e outros acidentes
envolvendo perigo de</c>
family:Liberation Sans">m o r t e , ao qual se deu o n o m e de 'neurose
traumática'. A terrível guerra que</c>
family:Liberation Sans">acaba de chegar ao fim fez surgir um grande número de casos
desse tipo" 1 , nota</c>
family:Liberation Sans">Freud em 1919. Seu sintoma mais grave é uma torturante
compulsão à repetição</c>
family:Liberation Sans">que, d u r a n t e o s o n h o , "continuamente reconduz o
doente ã situação de seu</c>
family:Liberation Sans">acidente, da qual ele desperta com um pavor renovado" 2 — o
que causa um</c>
family:Liberation Sans">abalo não apenas nos nervos do enfermo, como também num dos
pilares que</c>
family:Liberation Sans">sustentam a psicanálise. Ao longo de duas décadas Freud
tentou convencer a</c>
family:Liberation Sans">si m e s m o e aos o u t r o s de que a realização de
desejos era o alfa e o ômega do</c>
family:Liberation Sans">s o n h o h u m a n o . E os muitos sonhos angustiosos? Não
representavam para ele</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m a contraprova, pois eram numerosos os casos em
sua práxis terapêutica nos quais a angústia onírica revelava ser uma espécie de
angústia diante da</c>
family:Liberation Sans">p r ó p r i a falta de p u d o r . Os que sonham se sentem
intimamente ameaçados</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o desejos que n e n h u m código moral burguês
pode tolerar - desejos que</c>
family:Liberation Sans">os q u e s o n h a m , q u a n d o despertos, afastariam de
si com horror -</c>
family:Liberation Sans">repentina-</c>
family:Liberation Sans">m e n t e os a c o m e t e m durante o sono como sendo seus
próprios desejos. E que</c>
family:Liberation Sans">tipo de desejos poderiam ser senão sexuais? Em suma: o que
Freud afirma em</c>
family:Liberation Sans">sua g r a n d e Interpretação</c>
family:Liberation Sans">S. F r e u d , JemcitsdesLustprmzips,</c>
family:Liberation Sans">I d e m , o p . cit, p. 223.</c>
family:Liberation Sans">dos sonhos é, f u n d a m e n t a l m e n t e , que os
sonhos</c>
family:Liberation Sans">Studicnausgabe. Frankfurt, 1975. vol. III, p. 222.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>çpYiial cuja</c>
family:Liberation Sans">c u i a libido se m e t a m o r f o s e o u em</c>
family:Liberation Sans">angustiosos são sonhos de conteúdo sexual,</c>
family:Liberation Sans">nu.</c>
family:Liberation Sans">«-»•-»!-*• i'irir»</c>
family:Liberation Sans">angústia"</c>
family:Liberation Sans">Só a Primeira Guerra Mundial o levou a confrontar-se d e c
i d i d a m e n t e com</c>
family:Liberation Sans">um fenômeno que nem com toda força de vontade ele ainda p o
d e r i a p ô r na</c>
family:Liberation Sans">conta da realização cifrada de desejos ou da libido m e t a
m o r i o s e a d a em angústia. Aqui, evidentemente, algo qualitativamente
diferente do m e d o estava</c>
family:Liberation Sans">em ação: o pavor. "Mas pavor é o nome que se dá ao estado e
m q u e e n t r a m o s</c>
family:Liberation Sans">quando nos vemos diante do perigo sem que estejamos
preparados para ele."</c>
family:Liberation Sans">"Eu não creio que o medo possa causar uma neurose
traumática; n o m e d o há</c>
family:Liberation Sans">algo que protege do pavor e, portanto, também da neurose do
pavor" 4 . Mas se</c>
family:Liberation Sans">o pavor e a angústia são tão diferentes, então a compulsão
à repetição causada pelo susto também será qualitativamente distinta daquela que
decorre da</c>
family:Liberation Sans">excitação provada por desejos reprimidos. A psicoterapia de
Freud tinha por</c>
family:Liberation Sans">alvo a última; fazer reviver e trabalhar intensamente
desejos reprimidos e não</c>
family:Liberation Sans">superados da primeira infância, de modo a fazer com que
cessem de a t o r m e n tar e se integrem tanto quanto possível sem atritos à
personalidade c o m o um</c>
family:Liberation Sans">todo, é o objetivo principal de sua terapia. Na neurose
traumática, ao contrário,</c>
family:Liberation Sans">está em ação outra força natural. Ela não provoca ruídos no
interior da pessoa</c>
family:Liberation Sans">como libido cindida, reprimida, mas irrompe, chocante, de
fora para dentro.</c>
family:Liberation Sans">E se com isso ela provoca no sistema nervoso uma compulsão
à repetição, esta</c>
family:Liberation Sans">tem de ser "mais primitiva, elementar, instintiva do que o
princípio de prazer,</c>
family:Liberation Sans">da estimulação que apresentaria as condições mais
favoráveis para a recepção de</c>
family:Liberation Sans">estímulos e já não seria mais capaz de uma nova modificação
(p. 236)." Ela se</c>
family:Liberation Sans">torna, segundo Freud, dura e inorgânica: morre, porém
garante com sua "morte" que todas as camadas mais p r o f u n d a s do organismo
"sejam poupadas do</c>
family:Liberation Sans">m e s m o destino". O que Freud chama de "casca" é,
portanto, pele morta, "calcinada", endurecida em legítima defesa contra o mundo
exterior. E a partir daí</c>
family:Liberation Sans">ele dá curso a uma ousada especulação. E se o córtex, a
casca do cérebro, aquela liga firme de células nervosas cinzentas e presumível sede
de todas as funções</c>
family:Liberation Sans">mentais se tivesse efetivamente originado da maneira que
essa palavra sugere:</c>
family:Liberation Sans">c o m o camada p r o t e t o r a paulatinamente endurecida
em torno do interior do</c>
family:Liberation Sans">cérebro? E se o seu caráter de casca fosse um aceno
fisiológico para que compreendêssemos t a m b é m a consciência, o pensamento, a
percepção como "casca": c o m o instintos, desejos, sentimentos "calcinados", como
a pele morta deles,</c>
family:Liberation Sans">seus resíduos e representantes exteriores enrijecidos? É
como se ouvíssemos</c>
family:Liberation Sans">u m eco das leituras nietzschianas de Freud: "Ah, que sois
vós afinal, meus pensamentos escritos e pintados! [...] Que coisas escrevemos e
pintamos, nós mandarins com pincel chinês, nós perpetuadores das coisas que se
deixam escrever, o</c>
family:Liberation Sans">que é que conseguimos nós enfim retratar? Ai, sempre apenas
aquilo que está</c>
family:Liberation Sans">para fenecer e principia a perder o perfume! Ai, sempre
apenas tempestades</c>
family:Liberation Sans">que a m a i n a m e se esgotam e sentimentos tardios e
amarelecidos!" \ Na terminologia f r e u d i a n a : "coisas calcinadas" 6
.</c>
family:Liberation Sans">que ela põe de parte" (p. 233).</c>
family:Liberation Sans">C o m isso se estabelece uma arqueologia da compulsão à
repetição. Em Freud</c>
family:Liberation Sans">ela não ultrapassou seus primórdios: um retrocesso
tateante, especulativo,</c>
family:Liberation Sans">àquela fisiologia neurológica a partir da qual a sua
psicanálise se tinha u m dia</c>
family:Liberation Sans">desenvolvido. De modo aparentemente singelo, ele principia
p o r apresentar</c>
family:Liberation Sans">"o organismo vivo em sua máxima possibilidade de
simplificação c o m o u m a</c>
family:Liberation Sans">F. N i e t z s c h e J f w j r / W von Gut und Bóse, § 296,
KSA 5, p. 239.</c>
family:Liberation Sans">Além do princípio de prazer é e v i d e n t e m e n t e uma
alusão a Além do bem e domai Freud leu Nictzsche</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o a i n d a era u m jovem e s t u d a n t e c
levou consigo seus escritos para o ex.l.o l o n d n n o . ^ o u r a d o</c>
family:Liberation Sans">deles t a n t o u m p r o v e i t o inestimável q u a n t o
s o f r i m e n t o , pois lhe p a r e ç a q u e a l c a n ç a m p o r meio
d</c>
family:Liberation Sans">u m v o o l e v i a n o e genial os m e s m o s c o n h e c
i m e n t o s com os qua.s ele própr.o se ocupava, sen n d o que</c>
family:Liberation Sans">apenas m a n q u e j a v ! cm busca dc sua f u n d a m e n
t a ç ã o cientifica. Daí sua constante m m u m z a ç a o c</c>
family:Liberation Sans">ot</c>
family:Liberation Sans">t à n c i a d c N i e t z s c h e p a r a ele, q u e
necessita ela própria de ps,canal.se, A « s e r sp .to,</c>
family:Liberation Sans">Umwertung allerpsyíhischen</c>
family:Liberation Sans">I Verte-, "Freud ais Leser von Nietzsche , m C . Jamme
(org.), 6</c>
family:Liberation Sans">vesícula indiferenciada de substância passível de
estimulação" e sua pele "como</c>
family:Liberation Sans">de c a , n a ç ã o cede o</c>
family:Liberation Sans">órgão receptor de estímulos"; adiciona, porém, logo em
seguida, u m pesado</c>
family:Liberation Sans">i n s t r u m e n t o de escrita e n c a n t o u Freud: uma
lâmina de resina ou cera n a m > n - « c u r a ^</c>
family:Liberation Sans">naco de teoria evolucionista quando pondera "que o sistema
nervoso central</c>
family:Liberation Sans">ca u m a fina folha t r a n s p a r e n t e , presa pela
borda</c>
family:Liberation Sans">surge do ectoderma" e que, portanto, ele próprio foi pele
antes de envolver a si</c>
family:Liberation Sans">mesmo com os mais variados tipos de pele para sua proteção
e de se recolher para</c>
family:Liberation Sans">o interior do corpo. Essapele ou membrana se encontra em
constante adaptação</c>
family:Liberation Sans">ao mundo exterior, até que ela "por fim se encontra tão
calcinada pelo efeito</c>
family:Liberation Sans">Idcm, Die Traumdeutung,</c>
family:Liberation Sans">làem,Jenseíts</c>
family:Liberation Sans">Stjjgienausgabe. Frankfurt, 1972, vol. II p</c>
family:Liberation Sans">des Ustprinz.p,</c>
family:Liberation Sans">p. 223. Daqui cm diante a numeração das páginas aparecerá n
o texto.</c>
family:Liberation Sans">KL se c o n s t i t u i d e duas camadas [ . ] a</c>
family:Liberation Sans">j</c>
family:Liberation Sans">u m p a p e l e n c e r a d o fino e transluc.do (pp. j 6 6
e segs.J. vûan</c>
family:Liberation Sans">a I b í h i , o pape. q u e se e n c o n t r a embaixo
se</c>
family:Liberation Sans">crita n o lugar o n d e se fez a pressão. Q u a n d o se:
levan</c>
family:Liberation Sans">cie s o b r e a qual se escreve não mostra mais n e n h u m
traço</c>
family:Liberation Sans">cera, p o r é m ' só p o d e a i n d a ser lido "mediante
uma</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">° ^ „</c>
family:Liberation Sans">se</c>
family:Liberation Sans">a r e p r e s e n t a ç ã o d o m o d o c o m o os traços
de memória NU ^</c>
family:Liberation Sans">y</c>
family:Liberation Sans">for, n á o me parece o u s a d o e m demas.a c o m p a r a
r a</c>
family:Liberation Sans">o sistema vigília-consciència e sua p r o t e ç ã o</c>
family:Liberation Sans">trás dele e a aparição e desaparição d o escrito</c>
family:Liberation Sans">Z\h\oco</c>
family:Liberation Sans">( i b i d e m ) . Ê compreensível q u e Freud sc tenha
sentido atraído pelo</c>
family:Liberation Sans">u m a imagem taci m e n t e compreensível de c o m o a
consciência p o d e r »</c>
family:Liberation Sans">um estilete p o n t u d o sobre</c>
family:Liberation Sans">d c es.</c>
family:Liberation Sans">desaparece. A superfíc s c r c v c r s ú b r c c l , 0
traço na</c>
family:Liberation Sans">aparelho</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o . "Seja co.no</c>
family:Liberation Sans">celulóide e papel encerado com</c>
family:Liberation Sans">«'inconsciente P o r</c>
family:Liberation Sans">consciência durante a percepção"</c>
family:Liberation Sans">mágico". Finalmente se ofereça</c>
family:Liberation Sans">c o n t r a a excitação</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Ao buscar o rasrro da compulsão à repetição, Freud
inesperadamenteên-</c>
family:Liberation Sans">iniciar seu d o m í n i o " (p. 241). "Se existe um para
além do princípio do prazer'</c>
family:Liberation Sans">contra também o rastro da infraestrutura fisiológica e do
possível sentido da</c>
family:Liberation Sans">consciência. Ambos os rastros convergem no fenômeno da
proteção c o n t r a os</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m será lógico admitir uma pré-história para a
tendência realizadora de</c>
family:Liberation Sans">desejos d o sonho" (p. 242).</c>
family:Liberation Sans">estímulos. "Para o organismo a proteção contra os estímulos
é uma tarefa quase</c>
family:Liberation Sans">O que Freud apresenta aqui não seria uma mistura de ciência
ultrapassada</c>
family:Liberation Sans">mais importante que a recepção de estímulos." Ele "tem.
antes de t u d o , dc al-</c>
family:Liberation Sans">e m e t á f o r a anticientífica? É o que se poderia
objetar, do p o n t o de vista da</c>
family:Liberation Sans">mejar preservar as formas especiais de transformação de
energia que atuam nele</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n a neurofisiologia. N a mesma medida em que é
acertada a imagem da</c>
family:Liberation Sans">contra o influxo nivelador, e portanto destruidor, das
energias excessivamente</c>
family:Liberation Sans">"vesícula de substância estimulável", já que a forma
elementar do orgânico real-</c>
family:Liberation Sans">fortes que agem fora dele" (p. 237), c quando a pele
fracassa e um excesso de</c>
family:Liberation Sans">m e n t e é d e f i n i d a pelo fato de que uma membrana
envolve o núcleo de uma</c>
family:Liberation Sans">estímulos exteriores invade o organismo, ele tem de conter
esse excesso com</c>
family:Liberation Sans">célula, p r o t e g e n d o - o contra o seu ambiente tanto
quanto regulando seu inter-</c>
family:Liberation Sans">seu próprio suprimento de excitações, com o quantum</c>
family:Liberation Sans">"de energia catéxica</c>
family:Liberation Sans">câmbio com ele, é também inadmissível dizer que a "casca do
cérebro", o neocór-</c>
family:Liberation Sans">quiescente (vinculada) e energia catéxica livremente móvel"
desse s u p r i m e n t o</c>
family:Liberation Sans">tex, d e s e m p e n h a o papel de uma membrana ou
invólucro do cérebro todo,</c>
family:Liberation Sans">(p. 236), para o que são convocadas energias de todas as
regiões do c o r p o para</c>
family:Liberation Sans">assim c o m o , de resto, t a m b é m não se encontram nele
"sistemas" autônomos</c>
family:Liberation Sans">as "redondezas do ponto de invasão", para estabelecer uma
"anticatexia" a fim de</c>
family:Liberation Sans">que seriam responsáveis exclusivamente por sentimento,
percepção ou consciên-</c>
family:Liberation Sans">transformar a "nova energia afluente" em "energia catéxica
quiescente, ou seja,</c>
family:Liberation Sans">cia, e sim tão s o m e n t e áreas que são interligadas
umas às outras de maneira</c>
family:Liberation Sans">psiquicamente Vinculada" — ao preço, porém, de que,
entretanto, "se e m p o -</c>
family:Liberation Sans">altamente complexa e que, quando muito, deixam reconhecer
uma intensiva</c>
family:Liberation Sans">brecem todos os outros sistemas psíquicos, resultando uma
extensa paralisação</c>
family:Liberation Sans">participação nesta ou naquela função. Não se deve esquecer
que a maior parte</c>
family:Liberation Sans">ou redução do resto da função psíquica" (p. 240). A assim
chamada anticatexia</c>
family:Liberation Sans">do c o n h e c i m e n t o neurofisiológico foi adquirida
através de casos patológicos.</c>
family:Liberation Sans">é uma espécie de legítima defesa do sistema nervoso; ele
tenta, precariamente,</c>
family:Liberation Sans">Foi observado que determinadas atividades de mobilidade,
percepção, memó-</c>
family:Liberation Sans">refazer, a partir do interior, algo para cuja realização a
pele exterior é m u i t o</c>
family:Liberation Sans">ria, fala e c o m b i n a ç ã o p a r a m de funcionar
quando partes determinadas do</c>
family:Liberation Sans">mais apropriada: proporcionar à insuportável sobre-
excitação uma possibili-</c>
family:Liberation Sans">cérebro são avariadas. Sem dúvida isso só pode querer
dizer: uma atividade não</c>
family:Liberation Sans">dade de descarga. E exatamente aqui começa a conclusão
analógica de Freud.</c>
family:Liberation Sans">é possível sem a respectiva função da parte avariada do
cérebro, mas não; ela</c>
family:Liberation Sans">Em casos de pavor desmesurado ocorreria o mesmo que nos de
f e r i m e n t o físi-</c>
family:Liberation Sans">só p o d e ser a t r i b u í d a a essa função. Nesse
entretempo, com efeito, surgiram</c>
family:Liberation Sans">co. O que a pele é para o corpo, a angústia é para o "órgão
anímico" (p. 2 4 l ) :</c>
family:Liberation Sans">variados meios técnicos para refazer o caminho de trás para
diante e estimular</c>
family:Liberation Sans">uma grande proteção contra os estímulos. Se tal proteção
faltar, q u a n t i d a d e s</c>
family:Liberation Sans">células isoladas do cérebro ou averiguar com exatidão
quando e com que torça</c>
family:Liberation Sans">insuportáveis de estímulos o invadem, provocando um choque,
e os "sonhos</c>
family:Liberation Sans">elas são ativas. C o m isso, porém, não foi apenas o
conhecimento neurológico</c>
family:Liberation Sans">do paciente de neurose traumática", que "reconduzem com
tanta regularidade</c>
family:Liberation Sans">detalhado que deu um salto quantitativo; descobriu-se
também que a excitação</c>
family:Liberation Sans">o enfermo à situação de acidente", "procuram recuperar pelo
desenvolvimento</c>
family:Liberation Sans">de células nervosas isoladas (neurônios) ou de conjuntos de
células afeta também</c>
family:Liberation Sans">da angústia a dominação dos estímulos, cuja negligência se
t o r n o u a causa da</c>
family:Liberation Sans">outros c o n j u n t o s de um m o d o ainda imprevisível.
Mesmo ali onde neurônios</c>
family:Liberation Sans">neurose traumática". E Freud conclui: "Aqui seria
necessário realizar u m tra-</c>
family:Liberation Sans">isolados "queimam" e m intensidade exatamente mensurável é
possível que se</c>
family:Liberation Sans">balho anímico pré-erótico, pré-sexual, antes que o
princípio do prazer possa</c>
family:Liberation Sans">localize apenas o forno identificável de uma excitação
muito mais disseminada.</c>
family:Liberation Sans">Q u a n t o m e l h o r se aprende nos estudos sobre o
cérebro a isolar funções</c>
family:Liberation Sans">quanto condutora dc cxcitaçâo. tão dura q u a n t o
permeável, t a n t o cobertura q u a n t o t r a n s p a r ê n c i a .
Nesse</c>
family:Liberation Sans">entrctempo, toda uma gramatologia filosófica, que busca
"desconstruir" o processo de percepção c o m o u m</c>
family:Liberation Sans">processo de notação e inscrição, se aferrou a essa imagem -
e p o u c o se i n c o m o d a c o m o q u ã o m e c a n i c a mente o i n c o n s
c i e n t e e o consciente se relacionam entre si na metáfora d o bloco mágico; n o
m o m e n t o d e</c>
family:Liberation Sans">sua unincaçao eles se colam um ao o u t r o apenas
exteriormente. N ã o é p e q u e n o o p r e ç o q u e se paga p o r</c>
family:Liberation Sans">trocar a imagem da calei nação" pela da "escrita
decalcada". A tirada irônica a respeito d o "calcificado", q u e</c>
family:Liberation Sans">se refere ao ato de que este arde no seu mais p r o f u n d
o graças às mesmas forças q u e o fizeram endurecer, se</c>
family:Liberation Sans">perde completamente - e com ela a conotação de vida
consumida pelo fogo e apagada, q u e a " t e m p e s t a d e</c>
family:Liberation Sans">esgotada e os sent.mentos tardios, amarelecidos" de
Nietzsche j u s t a m e n t e preservavam</c>
family:Liberation Sans">neuronais, mais se aprende o quão pouco elas são
isoláveis". E ilusório que "um</c>
family:Liberation Sans">n e u r ô n i o isolado possa agir de maneira confiável
como detector de objetos ou</c>
family:Liberation Sans">um p o u c o mais modestamente, como detector de sinais
particulares (p. 127)</c>
family:Liberation Sans">U m a das novas o b r a s dc</c>
family:Liberation Sans">m o d o e s p e c i a l m e n t e f r u t í f e r o , é ( ,
. R o t h , Dus uemrn una</c>
family:Liberation Sans">d e p á g i n a s no texto).</c>
family:Liberation Sans">sem</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>ou para "dar início, c o m o neurônio de c o m a n d
o o u e l e m e n t o de c o m a n d o</c>
family:Liberation Sans">sobre um centro motor, à perseguição de uma presa" (p.
126). É insustentável</c>
family:Liberation Sans">a tese das regiões cerebrais "filogeneticamente velhas" e '
n o v a s , c o m o se o</c>
family:Liberation Sans">cerebelo o mesencéfalo e o diencéfalo, em sua competência
para as atividades</c>
family:Liberation Sans">"menores", como a mobilidade, os sentidos, a emoção, fossem
u m a espécie de</c>
family:Liberation Sans">velho edifício cerebral cm torno do qual apenas entre os
seres "superiores se</c>
family:Liberation Sans">teria formado o assim chamado telencéfalo e, por fim, c o m
o sua s u n t u o s a fachada, como sede do governo das atividades cognitivas e
lingüísticas, a "cascado telencéfalo: o neocórtex.</c>
family:Liberation Sans">d u r a n t e m u i t o t e m p o foram consideradas
exclusivas do neocórtex, têm seu</c>
family:Liberation Sans">início nas p r o f u n d e z a s das regiões subcorticais,
como por exemplo, no assim</c>
family:Liberation Sans">c h a m a d o sistema límbico, que se ocupa principalmente
com a regulagem de</c>
family:Liberation Sans">instintos e emoções. U m organismo tem de "julgar" já as
suas primeiras reações m o t o r a s e sensoriais e decidir se quer conservá-las e
exercitá-las; nas</c>
family:Liberation Sans">habilidades mais elementares já está contida uma espécie de
memória "processual" ou "implícita" (p. 186) — muito abaixo do limiar da
consciência e</c>
family:Liberation Sans">para escárnio daquela separação nítida e escolar entre
sentimento e cognição,</c>
family:Liberation Sans">j u n t a m e n t e com sua localização inequívoca em
determinadas regiões cerebrais.</c>
family:Liberation Sans">A velha suspeita de Epicuro, de que o julgamento não começa
apenas na</c>
family:Liberation Sans">Assim, o neocórtex é freqüentemente designado como
estrutura cerebral "filogeneticamente nova", que apenas os mamíferos teriam
"inventado" embora já seja</c>
family:Liberation Sans">de há muito sabido que no mínimo todos os vertebrados
terrestres possuem um tal</c>
family:Liberation Sans">neocórtex. Nos anfíbios ele se chama neopálio e nos
pássaros, entre outros nomes,</c>
family:Liberation Sans">"protuberància visual". Igualmente absurdo é designar o
sistema límbico como "filogeneticamente velho", pois ele de maneira nenhuma surgiu
antes do neocórtex, e sim</c>
family:Liberation Sans">juntamente com ele. Todas essas designações se devem à
opinião equivocada de que</c>
family:Liberation Sans">o cérebro humano é o ponto final da evolução do cérebro e
que dentro do cérebro</c>
family:Liberation Sans">humano o neocórtex é, por sua vez, o ápice da evolução (pp.
52 e segs.).</c>
family:Liberation Sans">frase, e sim já n o s e n t i m e n t o de prazer ou dor,
ganha sobeja comprovação e</c>
family:Liberation Sans">a p r o f u n d a m e n t o pelas intensas ligações que se
revelam entre o córtex e o</c>
family:Liberation Sans">c a m p o subcortical.</c>
family:Liberation Sans">Se n o cérebro não trabalham sistemas hierarquicamente
estratificados, independentes, ligados uns aos outros apenas exteriormente, então a
afirmação</c>
family:Liberation Sans">de F r e u d a respeito dos "sistemas psíquicos" e sua
aplicação em ura "órgão</c>
family:Liberation Sans">anímico" se torna muito problemática. Como jovem
neurologista, rigorosamente o r i e n t a d o pelos padrões na neurologia
contemporânea, ele ainda almejava</c>
family:Liberation Sans">"apresentar processos psíquicos como estados determinados
de partes materiais designáveis" 8 . Porém, quanto mais ele avançava na análise
desses estados,</c>
family:Liberation Sans">Esse equívoco contaria entre os erros congênitos dos
estudos sobre o cé-</c>
family:Liberation Sans">q u a n t o mais seu discurso a respeito do órgão anímico,
do aparelho anímico e</c>
family:Liberation Sans">rebro; "o neurologista inglês John Hughlings Jackson (1835-
1911)> t i d o p o r</c>
family:Liberation Sans">de suas "instâncias" e "sistemas", tais como inconsciente,
consciente, ego, id e</c>
family:Liberation Sans">muitos como o f u n d a d o r na neurologia m o d e r n a ,
desenvolveu a t e o r i a d o</c>
family:Liberation Sans">superego, se autonomizava como terminologia própria, menos
claro se tornava</c>
family:Liberation Sans">córtex associativo como a sede dos centros cerebrais
superiores, [...] ao qual</c>
family:Liberation Sans">o status desses conceitos. Por vezes ele os empregava como
se os tomasse por</c>
family:Liberation Sans">o córtex motor estaria subordinado como 'patamar médio' e o
t r o n c o cerebral</c>
family:Liberation Sans">m o e d a corrente e não mais como metáforas, como se ele
se tivesse esquecido</c>
family:Liberation Sans">e a medula, como meros órgãos de execução", seguindo-se daí
quase a u t o m a -</c>
family:Liberation Sans">de que a psique não í ' u m órgão, ela apenas tem os
neurônios como órgãos - e</c>
family:Liberation Sans">ticamente a interpretação de "enfermidades psíquicas c o m
o a p e r d a d o con-</c>
family:Liberation Sans">não representa senão uma constelação de excitação entre
eles". Além disso, a</c>
family:Liberation Sans">trole do c o m p o r t a m e n t o pelos centros cerebrais
superiores e a ' t o m a d a d o</c>
family:Liberation Sans">hipótese de u m órgão anímico separado não é de maneira
nenhuma necessária</c>
family:Liberation Sans">poder' pelos centros mais primitivos", quer dizer, "pela
'plebe' das estruturas</c>
family:Liberation Sans">p a r a a c o m p r e e n s ã o da compulsão traumática à
repetição, como o próprio</c>
family:Liberation Sans">subcorticais contra o córtex racional" (pp. 180 e segs.).
Faz p a r t e das realiza-</c>
family:Liberation Sans">F r e u d o d e m o n s t r a e m Além do princípio de
prazer, pois é o mesmo sistema</c>
family:Liberation Sans">ções mais recentes dos estudos sobre o cérebro, ao
contrário, o adeus às idéias</c>
family:Liberation Sans">nervoso q u e reage t a n t o ao "físico" quanto ao
"psíquico", a um golpe como</c>
family:Liberation Sans">de hierarquia, tanto funcional q u a n t o h i s t o r i c
a m e n t e : "o sistema n e r v o s o</c>
family:Liberation Sans">um susto, experimenta ambos como choque e procura canalizar
o excesso de</c>
family:Liberation Sans">não possui fundamentalmente,</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m centro de percepção ou de c o n t r o l
e</c>
family:Liberation Sans">do comportamento" (p. 138). O neocórtex, p o r t a n t o ,
não está colocado sobre os centros subcorticais como um cavaleiro sobre um cavalo
selvagem, e</c>
family:Liberation Sans">sim de tal forma que o tronco cerebral e o neocórtex "são i
n t i m a m e n t e ligados entre si, tanto anatômica quanto funcionalmente" (p.
184). M e s m o f u n ções c o m o a avaliação de c o m p o r t a m e n t o e a f o
r m a ç ã o da m e m ó r i a , q u e</c>
family:Liberation Sans">S. Freud, " E n t w u r f c i n c r P s y c h o l o g i e "
in Aus den Anjtingen der Psychoiirudyse, 1887-1902. Frankfurt, 1962,</c>
family:Liberation Sans">PA a g u d e z a d e Freud. nesse p o n t o ,</c>
family:Liberation Sans">a u m e n t o u , até q u e este por fim. fez seu Zara ustr
d a c , Lu e alma é apenas uma palavra para algo n o c o r p o</c>
family:Liberation Sans">{Alsospuu»</c>
family:Liberation Sans">e m</c>
family:Liberation Sans">Nietzsche, ela continuamente</c>
family:Liberation Sans">eorpo, e nada fora disso;</c>
family:Liberation Sans">, KSA 4, p. 39).</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>excitação que o acomete repentinamente com os mesmos
meios: "vincular",</c>
family:Liberation Sans">c o m o diz Freud.</c>
family:Liberation Sans">Esses meios são os da ligação neuronal. O cérebro h u m a n
o se constitui de</c>
family:Liberation Sans">estimadamente meio bilhão a um bilhão de neurônios. As
possibilidades de ligações entre eles em pontos de contato condutores de excitaçao,
as c h a m a d a s</c>
family:Liberation Sans">sinapses, não são, em v i r t u d e de sua d i v e r s i d
a d e , de m a n e i r a n e n h u m a</c>
family:Liberation Sans">aleatórias; são, porém, em virtude de sua imensa
quantidade, quase inesgotáveis, inclusive no sentido de que o sistema nervoso p o r
si m e s m o não t e n d e</c>
family:Liberation Sans">absolutamente a experimentá-las todas. Tendo-se, porém,
aberto o caminho para</c>
family:Liberation Sans">certas ligações — e "abrir caminho" é uma metáfora
freudiana recorrente para aqueles traços de excitação que atravessam o sistema
nervoso e constituem o fato "psique" _</c>
family:Liberation Sans">epigenético. Assim, o nervo óptico encontra sua região de
destino no diencéfalo e no</c>
family:Liberation Sans">mesencéfalo mesmo quando se tenta "redirecioná-lo" ou
quando o cortamos e o</c>
family:Liberation Sans">deixamos novamente crescer. Os resultados desse prematuro
processo de auto-organização, em parte intrínseco, em parte dependente do meio
ambiente, se solidificam rapidamente e "endurecem" consideravelmente até formar uma
malha mais</c>
family:Liberation Sans">ou menos firme. Essa armadura básica determina
consideravelmente a fase sensorial</c>
family:Liberation Sans">e precognitiva da percepção, por exemplo, o modo como
claridade, contraste, cor,</c>
family:Liberation Sans">movimento são assimilados no sistema visual e como a
percepção de espaço e profundidade se desenvolve. A maior parte desses processos
inconscientes e automatizados não será mais modificada por experiências individuais
posteriores. Nós compartilhamos esse processo com outros mamíferos e em parte com
outros invertebrados" (pp. 135-237).</c>
family:Liberation Sans">vez que os neurônios se mostraram bem-sucedidos
processadores</c>
family:Liberation Sans">de excitação, é muito mais cômodo conservá-los e p a u l a
t i n a m e n t e automati-</c>
family:Liberation Sans">Difícil dizer o n d e começa a formação da memória. Em todo
caso, ela se</c>
family:Liberation Sans">zá-los. A aquisição das capacidades motoras e sensoriais
mais simples, seja a de</c>
family:Liberation Sans">estende até a constituição física e a estabilização de
organismos. Muito antes</c>
family:Liberation Sans">pegar objetos ou a de diferenciar contrastes, figuras e
cores, é já u m abrir cami-</c>
family:Liberation Sans">de assumir formas conscientes, ela age como
autoasseguramento de processos</c>
family:Liberation Sans">nho, um ligar e fixar redes nervosas e, com isso o e s t a
b e l e c i m e n t o de u m a</c>
family:Liberation Sans">orgânicos. Angústia, p o r sua vez, como expectativa de
algo doloroso, nunca</c>
family:Liberation Sans">memória. Redes nervosas são experiência registrada, fixada,
t o r n a d a repetível.</c>
family:Liberation Sans">o c o r r e sem n e n h u m a lembrança de dores
vivenciadas, de um excedente de</c>
family:Liberation Sans">Não que células nervosas individuais ou grupos de células
se j u n t e m ou m e s m o</c>
family:Liberation Sans">excitação que foi m i n o r a d o através de determinadas
ligações neuronais. A ati-</c>
family:Liberation Sans">recordem de acordo com um plano. Elas mesmas nada sabem. M
e m ó r i a não é</c>
family:Liberation Sans">vação dessa ligação e a lembrança do desconforto que ela
dominou são para</c>
family:Liberation Sans">algum tipo de conteúdo, como uma imagem ou som, que se
grave nelas, e sim</c>
family:Liberation Sans">o sistema nervoso o mesmo processo. A suspeita de Freud de
que na angústia</c>
family:Liberation Sans">tão somente a combinação em que elas se interligam no m o m
e n t o da transmis-</c>
family:Liberation Sans">houvesse algo que protegesse contra o pavor ganha em
solidez: a sua qualidade</c>
family:Liberation Sans">são da excitação. Memória é a própria rede, não algo d e n
t r o dela. Por q u e essa</c>
family:Liberation Sans">de m e m ó r i a é essa proteção. Se há algo que dê
segurança a um organismo, esse</c>
family:Liberation Sans">rede se interliga cada vez de uma maneira e não de outra,
para isso não há u m a</c>
family:Liberation Sans">algo é sua m e m ó r i a processual ou implícita, ou seja,
a rede que seu sistema</c>
family:Liberation Sans">regra lógica reconhecível, por mais certo que seja que
todas as regras lógicas</c>
family:Liberation Sans">nervoso tece. Ela é a realização neuronal elementar da
formação de confiança,</c>
family:Liberation Sans">repousam em um certo grau de interligações
regulares.</c>
family:Liberation Sans">m u i t o antes de entrar em jogo o que na psicologia se
chama desconfiança. O</c>
family:Liberation Sans">Em todo caso, existem graus muito variados de firmeza
nessas redes. A mais</c>
family:Liberation Sans">firme, naturalmente, é</c>
family:Liberation Sans">familiar, c o n h e c i d o , seguro, se constitui de
início em realizações motossensoriais de ligações e, mesmo que a sua realização e
possibilidades de variação</c>
family:Liberation Sans">nem de longe t e n h a m sido estudadas à exaustão, uma
coisa é certa: somente</c>
family:Liberation Sans">a organização fundamental do cérebro, como se formou na
filogênese, ou seja, o fato</c>
family:Liberation Sans">de que nosso cérebro é um típico cérebro de vertebrado,
mamífero e primata. Ademais,</c>
family:Liberation Sans">é próprio de órgãos do sentido serem ordenadamente ligados
do mesmo m o d o a</c>
family:Liberation Sans">determinadas regiões cerebrais em todos os casos normais de
indivíduos da espécie,</c>
family:Liberation Sans">gênero etc., e que então essas regiões cerebrais se liguem
umas às outras de maneira</c>
family:Liberation Sans">igualmente ordenada. Tudo isso acontece em parte
independentemente de experiência,</c>
family:Liberation Sans">no entanto não de modo que houvesse genes que o
prescrevessem com exatidão.</c>
family:Liberation Sans">Existem, pelo contrário, durante o desenvolvimento
individual do cérebro, determinadas condições gerais sob as quais a ordenação
estrutural do cérebro, e com isso o</c>
family:Liberation Sans">sistema de geração de significações primárias, se forma de
modo auto-organizador,</c>
family:Liberation Sans">sobre a base daquelas ligações que descem até a ontogênese
e a filogênese são</c>
family:Liberation Sans">possíveis novas ligações e, q u a n t o mais tarde elas
ocorrem, mais instáveis e</c>
family:Liberation Sans">frágeis, mas t a m b é m mais flexíveis e variáveis elas
são, e maior é o trabalho</c>
family:Liberation Sans">nervoso necessário para fixá-las.</c>
family:Liberation Sans">Para esse t r a b a l h o nervoso existe a palavra
"atenção". Mas, assim como o</c>
family:Liberation Sans">c o n h e c i m e n t o não começa apenas com a
identificação consciente e a nomeaçao</c>
family:Liberation Sans">de acontecimentos e de estruturas regulares, assim também a
atençao nac.tem</c>
family:Liberation Sans">seu início apenas q u a n d o um "eu" se c o n c e n t r a
sobre um objeto idêntico. Minto antes disso são registrados incontáveis estímulos
em âmbito subcortical e</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>depois é feita uma "pré-seleçáo", para ver se eles
requerem realmente total aten-</c>
family:Liberation Sans">Ainda assim duas coisas são sabidas: 1) o trabalho nervoso
que chama aten-</c>
family:Liberation Sans">ção Assim como existe trabalho cerebral precognitivo, u m p
o r assim dizer</c>
family:Liberation Sans">ção é u m t r a b a l h o pesado. "Para compreender isso, é
necessário saber que o</c>
family:Liberation Sans">conhecer antes do conhecimento, assim também há um trabalho
pré-atennvo:</c>
family:Liberation Sans">cérebro apresenta um consumo muito acima da média de
oxigênio e energia</c>
family:Liberation Sans">notar antes que se note algo. Apenas sobre as bases de seu
p r ó p r i o «préum</c>
family:Liberation Sans">juízo - fé que um cérebro se torna capaz de julgar. Se a
sua atenção não é nem de</c>
family:Liberation Sans">metaból ica (açúcar — glicose). Embora represente apenas 2%
da massa corpo-</c>
family:Liberation Sans">••j</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">—-</c>
family:Liberation Sans">ral, o cérebro c o n s o m e em média 20% de toda energia,
quer dizer, dez</c>
family:Liberation Sans">pela atenção: como o estado no qual uma rede de percepção,
p e n s a m e n t o e</c>
family:Liberation Sans">vezes</c>
family:Liberation Sans">mais d o q u e lhe caberia de fato." "Ao mesmo tempo, o
cérebro vive 'da</c>
family:Liberation Sans">mão</c>
family:Liberation Sans">para a boca', quer dizer, ele não possui nenhuma reserva de
oxigênio e açúcar.</c>
family:Liberation Sans">comando está tão tensa, quer dizer, tão desperta, que sente
t u d o q u a n t o faz</c>
family:Liberation Sans">Em caso de falta de abastecimento de oxigênio, em apenas
poucos minutos ele</c>
family:Liberation Sans">e vivência como seu fazer e vivência, e a si dentro deles c
o m o u m "eu" idêntico,</c>
family:Liberation Sans">estará irreversivelmente avariado" (p. 201). Ninguém
desprovido de reservas</c>
family:Liberation Sans">continuado. Notar-se como esse "eu" e preparar-se
objetivamente para t u d o</c>
family:Liberation Sans">realiza um t r a b a l h o tão pesado sem correr nenhum
perigo, muito menos o</c>
family:Liberation Sans">quanto lhe acontece: esse duplo esforço de concentração p o
d e então ser t o m a d o</c>
family:Liberation Sans">cérebro, com sua tendência a processar excitações da
maneira mais cômoda, a</c>
family:Liberation Sans">como o epítome da atenção, quando esse epítome simplesmente
se ergue dos</c>
family:Liberation Sans">saber, p o r meio das ligações já preparadas. 2) Embora não
se possa dizer como</c>
family:Liberation Sans">esforços de atenção pré-consciente como a ponta de um
iceberg. O r a , p o d e m o s</c>
family:Liberation Sans">a atenção é possível, existe um meio fatalmente seguro de
torná-la efetiva: o</c>
family:Liberation Sans">até constatar corretamente de um p o n t o de vista
neurológico: " p o r t a n t o , a</c>
family:Liberation Sans">c h o q u e . As considerações de Freud a respeito da
"anticatexia", para a qual o</c>
family:Liberation Sans">consciência surge pela participação dos mais variados
sistemas que perpassam</c>
family:Liberation Sans">organismo subitamente acometido puxa energias de toda
parte, contêm tam-</c>
family:Liberation Sans">todo o cérebro e não é, de modo algum, um f e n ô m e n o
cortical" (p. 211). Mas</c>
family:Liberation Sans">bém algo de arqueologia da atenção. Q u a n d o o choque
não é tão grande a</c>
family:Liberation Sans">saber quais elementos neuronais participam da atenção
consciente já signifi-</c>
family:Liberation Sans">p o n t o de atordoar, então o organismo desperta
completamente. Dito de outra</c>
family:Liberation Sans">caria saber como a atenção se dá? De maneira nenhuma. U m a
vez que se tornou</c>
family:Liberation Sans">maneira: q u a n d o a onda de estímulo invasora não é tão
poderosa que o sistema</c>
family:Liberation Sans">não apenas presumível o quanto as ligações neuronais são
complexas, mas tam-</c>
family:Liberation Sans">nervoso capitule, então ele tentará canalizá-la através de
uma formação hipe-</c>
family:Liberation Sans">bém notório que nenhum titereiro as controla, o fato da
concentração chega</c>
family:Liberation Sans">rativa de novas redes. Sua tensão, neste caso, é o epítome
da atenção. Nós a</c>
family:Liberation Sans">lon-e sempre consciente, a consciência, pelo contrário, é
diretamente definida</c>
family:Liberation Sans">às raias de um milagre, quer dizer, o fato de que células
nervosas isoladas —</c>
family:Liberation Sans">um número inimaginável delas —, sem o menor conhecimento
umas das outras,</c>
family:Liberation Sans">sem nenhum plano, sejam, não obstante, reunidas com um
objetivo definido,</c>
family:Liberation Sans">se juntem em uma unidade consistente da percepção e da
consciência. Pode-se</c>
family:Liberation Sans">constatar que tal unidade se realiza, pode-se descrever a
sua realização tão detalhadamente como talvez nunca antes, mas não se p o d e dizer
c o m o ela é possível. Atenção, concentração, síntese permaneceram t a m b é m
para a fisiologia</c>
family:Liberation Sans">o que elas sempre foram para a filosofia: incompreensíveis
1 0 .</c>
family:Liberation Sans">10 Também a palavrinha "auto-organização" não nos leva m u
i t o a d i a n t e neste caso. Ela diz j u s t a m e n t e q u e</c>
family:Liberation Sans">não se pode encontrar nenhum "si-mesmo" p o r meio de cuja
atividade c o o r d e n a d o r a se pudesse explicar a</c>
family:Liberation Sans">surpreendente coesão; tal unidade teria antes s u r g i d o
/ w s i mesma. Por si m e s m a q u e r dizer sem si m e s m a .</c>
family:Liberation Sans">Em outras palavras: não se sabe como. "Auto-organização" é
cifra para uma crise da explicação, n ã o u m a</c>
family:Liberation Sans">explicaçao. Neste p o n t o a neurofisiologia inteira não
representa n e n h u m passo além d e K a n t . C o m verve</c>
family:Liberation Sans">ela pode até demonstrar q u e os esquemas mentais que nós,
c o m o seres h u m a n o s , s e m p r e t r a z e m o s à baila,</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o nos pomos a estruturar a variedade das
excitações q u e agem sobre n ó s em u m a experiência o r d e nada, nao se
encontram apriori em nós, c o m o Kant sugeriu. Eles são t o d o s p r o d u t o s
de u m s e m - n ú m e r o</c>
family:Liberation Sans">d,- repetições pouco a pouco concentradas em ligações
nervosas. Mas a partir daí n ã o se esclarece n e m u m</c>
family:Liberation Sans">p o u q u i n h o c o m o esses esquemas p o d e m produzir
uma "unidade da apercepção". É verdade q u e K a n t foi</c>
family:Liberation Sans">longe demais q u a n d o chamou essa unidade de
"transcendental" (I. K a n t , Kri.ik der reinen Vernunft, edição</c>
family:Liberation Sans">139, P</c>
family:Liberation Sans">S u n</c>
family:Liberation Sans">t n l</c>
family:Liberation Sans">alav</c>
family:Liberation Sans">í</c>
family:Liberation Sans">" P</c>
family:Liberation Sans">b e m observada, antes cifra para uma crise d a explicação
q u e</c>
family:Liberation Sans">uma explicaçao efetiva. E ass.m Kant a utilizou
preferencialmente, pelo m e n o s em sua crítica d o c o n h e c i -</c>
family:Liberation Sans">m e n t o . D e s i g n a r a " u n i d a d e d a
apercepção" c o m o "transcendental" significa para ele, antes de qualquer</c>
family:Liberation Sans">coisa, u m a r e n ú n c i a : n ã o atribuí-la a nada mais
elevado ou mais profundo, sejam leis naturais, idéias congênitas, u m a substância
anímica imortal ou sabedoria divina, antes se resignar a apreendê-la como um
ato</c>
family:Liberation Sans">d e e s p o n t a n e i d a d e " (edição B 133. p. 136),
quer dizer, c o m o algo inderivável. Apenas um bocado menos</c>
family:Liberation Sans">r e s e r v a d a m e n t e p e n s a d o q u e K a n t , u
m m o m e n t o só a mais de espanto diante de um cerebro que. nao</c>
family:Liberation Sans">o b s t a n t e , a cerca de u m bilhão d e células
nervosas com um trilhão de possibilidades de ligações, e sem uma</c>
family:Liberation Sans">instância s u p e r i o r c o o r d e n a d o r a , realiza
a proeza de um espaço de vivência homogêneo, autoconsc.ente</c>
family:Liberation Sans">e já se i n s i n u a c o m nova força s e d u t o r a o p
e n s a m e n t o de uma ' h a r m o n i a preestabelec.da com o qual</c>
family:Liberation Sans">L e i b n i z t e n t o u s o l u c i o n a r a crise de ex
plicação inpuncto síntese. C o m o poderia, e o que ele pergunta, a t</c>
family:Liberation Sans">incontáveis m ô n a d a s surgir a estrutura ordenada de um
mundo, se uma supermònada. uma ' ^ d . g e ^ a</c>
family:Liberation Sans">d i v i n a n ã o as reunir m i r a c u l o s a m e n t e
em constelações duráveis e reconhecíveis í A</c>
family:Liberation Sans">cheia d e milagres, mas de milagres d a razão", escreve ele
a Bossuet (apud Ernst</c>
family:Liberation Sans">syrnbolischen Fonnen, parte 2, D a r m s t a d t , .994, p.
309). Tais são para ele os m,lagres ^</c>
family:Liberation Sans">d a -síntese, o u seja, da p r ó p r i a h a r m o n i a
preestabelecida. Esta e o milagre por excelência e W</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m . A d o u t r i n a d a h a r m o n i a
preestabelecida é sem dúvida uma variante par</c>
family:Liberation Sans">D e u s a partir d a o r d e n a ç ã o intencional da
natureza. Kant o e n t . c o</c>
family:Liberation Sans">co b e m q u e a sua insuficiência não lhe tirava a
fascinação. "Esta prova merece : * r</c>
family:Liberation Sans">d e f c r ê n c i a . É a mais velha, mais clara e mais
apropriada</c>
family:Liberation Sans">e s t u d o d a n a t u r e z a , assim c o m o ela p r ó p
r i a deve a cie sua ex s a n u a c ^ c d</c>
family:Liberation Sans">g</c>
family:Liberation Sans">^ s o b r e</c>
family:Liberation Sans">f o r ç , Ela [...] a m p l i a n o s s o s c o n h e c i m
e n t o . ^</c>
family:Liberation Sans">c u j o p r i n c í p i o está tora da natureza. Esses
conhecimentos, porem,</c>
family:Liberation Sans">saber a idéia originária, e a u m e n t a m a crença em um
criador s u p</c>
family:Liberation Sans">sempte nova</c>
family:Liberation Sans">IP</c>
family:Liberation Sans">suas c/usas,a</c>
family:Liberation Sans">convicção</c>
family:Liberation Sans">tível" ( i d e m . op. cit.. edição B 651 f. p p . 550 e
segs.). Q u e m</c>
family:Liberation Sans">c o m o h a r m o n i a preestabelecida deve perguntar-se
se nao o .magmou desde sem,</c>
family:Liberation Sans">a p a r a t o insensível para a incompreensibilidade de sua
coesão.</c>
family:Liberation Sans">irresisp ™ r "oi-mesmo"</c>
family:Liberation Sans">um</c>
family:Liberation Sans">a espécie de</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>conhecemos em sua forma bruta em caso de dor
repentina. Toda a atenção se</c>
family:Liberation Sans">dirige ao p o n t o dolorido. A fratura de uma perna faz
com q u e t o d o o organismo de um golpe se torne perna, a dor de dentes o
transforma em dente 1 1 . Nesse caso o organismo exerce concentração no seu sentido
mais literal: centra-se,</c>
family:Liberation Sans">enrola-se em torno do órgão dolorido, tomando-lhe a forma,
c o m o se quisesse</c>
family:Liberation Sans">envolvê-lo em uma capa protetora, recuperar uma f u n ç ã o
negligenciada da</c>
family:Liberation Sans">pele. Em momentos como esse ele se encontra em um p o n t o
de indiferenciação</c>
family:Liberation Sans">entre atividade e paralisia. Só depois que a dor já foi
assimilada a um p o n t o em</c>
family:Liberation Sans">que comece a ceder é que o lado diferenciador da atenção p
o d e mostrar-se: "o</c>
family:Liberation Sans">notar" certas figuras ou acontecimentos ao redor, "de fora"
e a percepção de</c>
family:Liberation Sans">mínimas diferenças entre eles. Essa atividade de fixação*
nos dois sentidos da</c>
family:Liberation Sans">palavra é a reação que ocorre em toda parte onde o
organismo se veja c o n f r o n tado com algo que ele ainda não conhece, não p o d
e fazer ou n u n c a exercitou:</c>
family:Liberation Sans">aquilo para o que ainda não foi estabelecida ou adestrada n
e n h u m a rede nervosa. C o m isso não se quer dizer que esse estabelecimento ou
a d e s t r a m e n t o</c>
family:Liberation Sans">também seja bem-sucedido, mas sim que foi necessário u m e
n o r m e d i s p ê n d i o</c>
family:Liberation Sans">de atenção para que se realizassem as ligações específicas
entre as zonas subcorticais e o córtex a que damos o n o m e de consciência e que n
e n h u m a o u t r a</c>
family:Liberation Sans">espécie conhecida ainda levou a cabo. Por que justamente o
Homo sapiens? Para</c>
family:Liberation Sans">isso é possível indicar determinadas condições, c o m o o t
a m a n h o i n c o m u m de</c>
family:Liberation Sans">seu cérebro em relação ao corpo, a formação peculiar de sua
laringe 12 e a liberação de suas mãos graças à postura ereta; mas estes não são
motivos suficientes.</c>
family:Liberation Sans">E tampouco é sabido por que caminhos e descaminhos,
motivadas p o r q u e</c>
family:Liberation Sans">um tal exercício implica poderia ter começado de outro modo
senão sob uma</c>
family:Liberation Sans">violenta compulsão à repetição.</c>
family:Liberation Sans">C o m isso a neurose traumática aparece sob uma nova luz: e
se aquela compulsão doentia à repetição, cuja força capaz de arruinar os nervos
Freud enfatizou,</c>
family:Liberation Sans">fosse em seus inícios exatamente o contrário: uma força
constituidora de nervos',</c>
family:Liberation Sans">i m p u l s i o n a d o r a daquelas ligações neuronais que
enfim resultaram no Homo</c>
family:Liberation Sans">sapiens? O p r ó p r i o Freud apontou para essa direção. O
choque que afeta um</c>
family:Liberation Sans">organismo é o estranho no mais alto grau: o inesperado, o
incomensurável, o</c>
family:Liberation Sans">avassalador, contra o qual lhe faltam as possibilidades
nervosas de assimilação.</c>
family:Liberation Sans">A angústia, "que protege contra o pavor", ao contrário, é a
expectativa do que</c>
family:Liberation Sans">é p a v o r o s o — o q u e ela só p o d e ser com a
condição de já guardar consigo a</c>
family:Liberation Sans">experiência do pavor: a lembrança de algo pavoroso já
vivido, mas ao mesmo</c>
family:Liberation Sans">t e m p o assimilado. Mas na mesma medida em que o pavoroso
é assimilado,</c>
family:Liberation Sans">canalizado nervosamente, ele próprio se torna conhecido,
familiar, livre de sua</c>
family:Liberation Sans">pavorosa estranheza, até mesmo um elemento de proteção
contra os estímulos</c>
family:Liberation Sans">d i a n t e de novos sustos. A recuperação da angústia
faltante é, portanto, uma</c>
family:Liberation Sans">m e d i d a de estabilização: a mobilização posterior de um
modelo já conhecido</c>
family:Liberation Sans">e a tentativa de remeter o desconhecido/pavoroso a esse
conhecido, de como</c>
family:Liberation Sans">entretecê-lo com esse modelo por meio dos mais eficientes
pontos de agulha</c>
family:Liberation Sans">e, com isso, torná-lo ele próprio conhecido, familiar. E o
artifício específico da</c>
family:Liberation Sans">espécie h u m a n a para isso é a autonomização da
repetição; imitar o pavor vivido</c>
family:Liberation Sans">de propósito e tão longamente que ele empalidece e passa a
pertencer às ligações</c>
family:Liberation Sans">neuronais adestradas que constituem o sentimento de
segurança.</c>
family:Liberation Sans">acontecimentos, tais ligações neuronais se iniciaram e se
exercitaram. C e r t o é</c>
family:Liberation Sans">O m i m e t i s m o p o d e ser freqüentemente observado no
mundo animal. A</c>
family:Liberation Sans">apenas que o intenso exercício daquelas capacidades que se
c h a m a m consciên-</c>
family:Liberation Sans">lebre se faz semelhante ao solo sobre o qual ela se
encolhe, a lagarta da mari-</c>
family:Liberation Sans">cia, pensamento, formação de conceitos é um trabalho
nervoso pesado, q u e</c>
family:Liberation Sans">posa, ao r a m o sobre o qual ela repousa, o linguado
assume defensivamente a</c>
family:Liberation Sans">nenhum organismo toma a si a não ser sob grande pressão.
Dito de outra forma:</c>
family:Liberation Sans">cor d o f u n d o do mar. Mas a repetição compulsoriamente
autonomizada de que</c>
family:Liberation Sans">simplesmente não é possível fazer uma idéia de como a
repetição constante que</c>
family:Liberation Sans">se trata aqui é u m mimetismo que ultrapassa a si mesmo:
não apenas a busca</c>
family:Liberation Sans">de proteção diante do pavoroso, mas também no pavoroso. Ela
não apenas se</c>
family:Liberation Sans">adapta ao pavoroso, mas também adapta o pavoroso a si:
começa a tomar-lhe</c>
family:Liberation Sans">11 "Subjetivamente considerada, a dor de dentes / É sem
dúvida mal vinda: / Mas ela tem uma boa qualidade,</c>
family:Liberation Sans">/ D e lazer com que a lorça vital / Q u e quase sempre
desperdiçamos e x t e r i o r m e n t e . / Se volte para u m</c>
family:Liberation Sans">p o n t o dentro de nos / E se concentre nele
energicamente. / Mal s e n t i m o s a p r i m e i r a a g u l h a d a , /
Mal</c>
family:Liberation Sans">percebemos a conhecida broca / A vibração, o solavanco e o
ruído, / E a história m u n d i a l chega a o fim, /</c>
family:Liberation Sans">?°"q"CC</c>
family:Liberation Sans">T1- T</c>
family:Liberation Sans">lS</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">' '°</c>
family:Liberation Sans">S lmpOStOS e 3 t a b u a d a</c>
family:Liberation Sans">A DC RCPCMC I N C X</c>
family:Liberation Sans">a l m a</c>
family:Liberation Sans">W a h d m</c>
family:Liberation Sans">H oo cl hh hh uu tt hh ?|org.j). TMunique, 1982,</c>
family:Liberation Sans">; vol.( 11,</c>
family:Liberation Sans">- H</c>
family:Liberation Sans">p 542</c>
family:Liberation Sans">K</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">'1</c>
family:Liberation Sans">Busch</c>
family:Liberation Sans">Bald</c>
family:Liberation Sans">s u m a , t o d a f o r m a de ser h a b i t u a l ,
/</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">—«</c>
family:Liberation Sans">"in</c>
family:Liberation Sans">as rédeas. A angústia é disseminada por todo o mundo
animal; todo estímulo q u e n ã o é mensurável pela própria rede nervosa
desencadeia impulsos de</c>
family:Liberation Sans">fuga. M a s o d o m í n i o da angústia por meio da
produção de angustia inverte</c>
family:Liberation Sans">o impulso de fuga: torna-o fuga para frente. Ela se
assemelha a um processo</c>
family:Liberation Sans">S a m t l i c h e Wcrke,</c>
family:Liberation Sans">de autovacinação, n o qual o organismo administra a si
mesmo uma dose do</c>
family:Liberation Sans">O autor joga. nesta passagem, com dois sentidos d o
verbofeststellen: dar-se c o n t a e fixar. ( N . d o T.)</c>
family:Liberation Sans">ge c Z l Z T ^ T * d r Í n g U C , d ° t S ° U t r ° S P r
Í m a t a S P ° r U m a</c>
family:Liberation Sans">relativamente baixa da larin?</c>
family:Liberation Sans">soiís espcciahncmc no ou°</c>
family:Liberation Sans">P - ^ i l i d a c l e s de p r o d u ç ã o d e</c>
family:Liberation Sans">sons. especialmente no que se refere à produção de vogais"
(G. Roth, Das Gehirr, undseinZ</c>
family:Liberation Sans">p. 62).</c>
family:Liberation Sans">pavoroso, a fim de se tornar imune a ele, ou seja, volta-o
contra si a hm de</c>
family:Liberation Sans">preservar. E se esse voltar-se contra si mesmo, essa
aurorreferenciahdade tosse</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>a forma primitiva da reflexividade h u m a n a : o
berço d a q u i l o q u e mais tarde</c>
family:Liberation Sans">últimos dias da humanidade], de Karl Kraus; como rejeição
da classe burguesa em</c>
family:Liberation Sans">seria chamado de consciência, pensamento, conceito? A o q u
e t u d o indica, a</c>
family:Liberation Sans">Geschichte undKlassenbewusstsein</c>
family:Liberation Sans">compulsão traumática à repetição, cuja força destrutiva,
agindo antes de qual-</c>
family:Liberation Sans">Lukács; c o m o prédica carismática sobre o poderoso
irromper da misericórdia</c>
family:Liberation Sans">quer sentimento de prazer, impressionou tanto Freud q u e
ele chegou a pensar</c>
family:Liberation Sans">divina que faz saltar pelos ares todas as categorias
culturais em</c>
family:Liberation Sans">em conceder-lhe o status de uma "pré-história" do princípio
de prazer, foi, em</c>
family:Liberation Sans">[Epístola aos romanos], de Karl Barth. E assim, não é
nenhum acaso que em</c>
family:Liberation Sans">seus primórdios, um formador de atenção e identidade.
Talvez ela t e n h a sido</c>
family:Liberation Sans">1917 t a m b é m tenha sido publicado um livro cujo modo de
considerar os abalos</c>
family:Liberation Sans">algo mais: um criador de cultura de primeira ordem? A essa
suspeita, que Freud</c>
family:Liberation Sans">dá a impressão de ser uma contrapartida ao de Freud, como
se fosse o contraste</c>
family:Liberation Sans">desperta, mas da qual não partilha, que R o t h sugere, mas
não expressa, deve-se</c>
family:Liberation Sans">radiográfico que desse a necessária nitidez à profundidade
dc Além do princípio</c>
family:Liberation Sans">agora dar o alimento que ela está a pedir.</c>
family:Liberation Sans">de prazer. Trata-se de Das Heilige [O sagrado], de Rudolf
Otto.</c>
family:Liberation Sans">[História e consciência de classe], de Geoi^</c>
family:Liberation Sans">Rómerbrief</c>
family:Liberation Sans">Podemos classificá-lo como uma obra de psicologia profunda,
uma vez que</c>
family:Liberation Sans">se p r o p õ e a penetrar nos níveis mais profundos da vida
sentimental humana</c>
family:Liberation Sans">e descobrir ali um vulcão religioso. "Observemos o que há
de mais recôndito e</c>
family:Liberation Sans">O pavor e o sagrado</c>
family:Liberation Sans">p r o f u n d o em cada comoção forte e piedosa dos
sentimentos que seja ainda mais</c>
family:Liberation Sans">Certos acontecimentos históricos que, t o m a d o s em si
mesmos, n ã o são tão</c>
family:Liberation Sans">que crença n o sagrado, confiança ou amor", "e só há uma
expressão que se nos</c>
family:Liberation Sans">desconcertantes, podem, quando existe uma sensibilidade
especial para eles,</c>
family:Liberation Sans">parecerá adequada para definir esse fato: sentimento do
mysterium</c>
family:Liberation Sans">produzir um efeito desproporcional. O terremoto de Lisboa,
no a n o de 1755,</c>
family:Liberation Sans">"Ele p o d e [...] i r r o m p e r repentinamente da alma
com arrancos e tremores.</c>
family:Liberation Sans">foi sem dúvida uma catástrofe terrível. Mas foi só sob as
condições de meios</c>
family:Liberation Sans">Pode levar a estranhas agitações, à embriaguez,
arrebatamento e êxtase. Tem</c>
family:Liberation Sans">modernos de divulgação de notícias que ele pôde causar uma
comoção tão gran-</c>
family:Liberation Sans">suas f o r m a s selvagens e demoníacas. Pode descer a
pavores e terrores quase</c>
family:Liberation Sans">de nos espíritos. De fato ele não era necessário para
provocar dúvidas q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">fantasmagóricos. Tem suas preliminares e manifestações
brutas e bárbaras. E</c>
family:Liberation Sans">à organização divinamente sábia do m u n d o , mas q u a n
d o o i n t u m e s c i m e n t o</c>
family:Liberation Sans">tem sua evolução para algo delicado, depurado e
transfigurado" 13 . Tremendum,</c>
family:Liberation Sans">dessa dúvida, do qual o bimiienar livro de J ó já dá t e s
t e m u n h o , progredisse</c>
family:Liberation Sans">de qualquer forma, é uma palavra insuficiente para isso,
pois "tremor é em si</c>
family:Liberation Sans">até um ponto determinado, então um a c o n t e c i m e n t
o dessa espécie p o d e r i a</c>
family:Liberation Sans">apenas m e d o : u m 'sentimento natural' bem conhecido", e
por isso, segundo</c>
family:Liberation Sans">funcionar como gasolina no fogo e conduzir ad
absurdum</c>
family:Liberation Sans">toda a acuidade</c>
family:Liberation Sans">O t t o , p o d e ser "somente uma denominação analógica
para uma reação senti-</c>
family:Liberation Sans">físico-teológica que procurava demonstrar ser o m u n d o
existente o m e l h o r</c>
family:Liberation Sans">m e n t a l de espécie inteiramente peculiar", "que de fato
tem semelhança com</c>
family:Liberation Sans">possível, uma ótima constelação de harmonia
preestabelecida. T a m p o u c o era</c>
family:Liberation Sans">o medo", "mas que é ainda algo totalmente diferente de
amedrontar-se". "O</c>
family:Liberation Sans">necessária a Primeira Guerra Mundial para que se soubesse o
que são neuroses</c>
family:Liberation Sans">Velho T e s t a m e n t o é rico em expressões sinônimas
para esse sentimento. Es-</c>
family:Liberation Sans">traumáticas. Mas ela fez com que estas se manifestassem com
t a n t a freqüência</c>
family:Liberation Sans">p e c i a l m e n t e digna de n o t a aqui é a
ematjaveh,</c>
family:Liberation Sans">que também Freud não poderia olhar ao largo delas por mais
t e m p o — sob o</c>
family:Liberation Sans">p o d e d i f u n d i r , mesmo enviar [..] e que é
estreitamente aparentado ao deíma</c>
family:Liberation Sans">risco de que abalassem toda a sua teoria dos instintos. É
certo que apenas em um</c>
family:Liberation Sans">panikón</c>
family:Liberation Sans">mundo burguês europeu confortável mente organizado,
embalado pela certeza</c>
family:Liberation Sans">c o m o nada na Criação, nem mesmo o que há de mais
ameaçador e poderoso,</c>
family:Liberation Sans">de um progresso cultural e espiritual em uma medida hoje
quase inimaginável,</c>
family:Liberation Sans">p o d e inspirar." (pp. 14 e segs.) E isso porque mistério
não é apenas segredo, e</c>
family:Liberation Sans">a Primeira Guerra Mundial, que afinal de contas náo era a
primeira guerra, p o -</c>
family:Liberation Sans">sim o "estranho e causador de estranhamento" por excelência
(p. 31); porque</c>
family:Liberation Sans">deria eclodir provocando um abalo tão grande que o sensório
dos intelectuais</c>
family:Liberation Sans">aqui eu sou c o n f r o n t a d o com o que é absolutamente
diferente, que por sua es-</c>
family:Liberation Sans">foi aguçado como que aos solavancos para o significado
cultural dos abalos.</c>
family:Liberation Sans">pécie e essência é incomensurável para o meu ser e diante
do qual eu por esse</c>
family:Liberation Sans">De modo muito ambíguo, aliás: com genuflexão diante d o p o
d e r n a t u r a l da</c>
family:Liberation Sans">motivo, recuo, presa de uma admiração paralisante" (pp. 32
e segs.). b nesse</c>
family:Liberation Sans">guerra no livro In Stahlgewittern</c>
family:Liberation Sans">tremendum."</c>
family:Liberation Sans">o pavor de Deus', que Javé</c>
family:Liberation Sans">[o pavor pânico] dos gregos." "Este é um pavor cheio de
terror íntimo</c>
family:Liberation Sans">[Nas tempestades de aço], de Ernst J ü n g e r ;</c>
family:Liberation Sans">como sátira desesperada da realidade em Die letzten Tage
der Menschheit</c>
family:Liberation Sans">[Os</c>
family:Liberation Sans">13 R. O t t o . ^</c>
family:Liberation Sans">texto.</c>
family:Liberation Sans">/ / ^ . M u n i q u e , 1963. pp. >3 e segs. D a q u i
em d i a n t e a n u m e r a ç ã o serd indicada no</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>«ser absolutamente diferente" reside não apenas a
força repulsiva de um pavor</c>
family:Liberation Sans">indizível, mas também "ao mesmo t e m p o algo de s i n g u
l a r m e n t e a t r a e n t e ,</c>
family:Liberation Sans">envolvente, fascinante, que então entra em uma estranha h a
r m o n i a contrastante com o m o m e n t o repulsivo do tremendurn:</c>
family:Liberation Sans">"a criatura q u e t r e m e dian-</c>
family:Liberation Sans">te dele em humílimo desalento sente sempre t a m b é m , s
i m u l t a n e a m e n t e , o</c>
family:Liberation Sans">impulso de se voltar para ele, e mesmo de se apropriar dele
de alguma forma</c>
family:Liberation Sans">(p 42), seja "por meio de ações cultuais mágicas, por meio
de fórmula, 'bênção,</c>
family:Liberation Sans">conjuração, consagração, encantamento" ou por meio das
"técnicas xamânicas</c>
family:Liberation Sans">da possessão', habitação, autorrealização pela exaltação e
pelo êxtase" (p. 44),</c>
family:Liberation Sans">motivo pelo qual essas formas de direcionamento,
rigorosamente consideradas,</c>
family:Liberation Sans">são já processos secundários, reações, medidas para o d o m
í n i o d o pavor -</c>
family:Liberation Sans">in-</c>
family:Liberation Sans">dícios de "que o sentimento religioso, no primeiro degrau
de sua evolução,</c>
family:Liberation Sans">irrompeu de início apenas com um de seus polos, a saber,
com o repulsivo, e</c>
family:Liberation Sans">de início ganhou forma apenas como t e m o r demoníaco" (p.
43). "'Aterrorizante' e 'terror' já nos são conhecidos sem o acréscimo do adjetivo
c o m o terror sagrado". "Desse 'temor' e sua forma 'bruta', que em algum m o m e n
t o irrompeu pela primeira vez como o sentimento de algo 'sinistro' e q u e
surgiu</c>
family:Liberation Sans">como qualquer coisa de estranho e novo nas almas da h u m a
n i d a d e primitiva</c>
family:Liberation Sans">é que se iniciou toda a evolução histórica da religião" (p.
16).</c>
family:Liberation Sans">que o mesmo campo de significação. Aqui parecia que nos
defrontávamos com</c>
family:Liberation Sans">o nível primevo, supracultural, dos conceitos religiosos15.
Mas a caça às palavras</c>
family:Liberation Sans">originais da religião, que na última virada de século se
tornara uma espécie de</c>
family:Liberation Sans">esporte dos etnólogos, é improdutiva. O mérito de O t t o é
ter tornado isso</c>
family:Liberation Sans">claro. As pretensas palavras originais já representam elas
próprias uma situação</c>
family:Liberation Sans">precária de tradução: sínteses e compressões canhestras de
morosos processos</c>
family:Liberation Sans">de excitação coletivos. "Aquilo para o que possuímos nomes,
nós já o ultrapassamos" 16 . Já não nos d o m i n a tanto que pudéssemos apenas
ficar paralisados,</c>
family:Liberation Sans">balbuciar ou gritar. Nomes criam distância do vivido; sua
força sintetizadora</c>
family:Liberation Sans">é t a m b é m domesticadora, suavizadora, tranquilizadora.
As aparentes palavras</c>
family:Liberation Sans">originais não são, portanto, a origem religiosa vivida, e
sim já sua assimilação.</c>
family:Liberation Sans">O ato de pronunciá-las é uma válvula de escape de uma
excitação indizível,</c>
family:Liberation Sans">e n a d a p r o v o c a t a n t o tal excitação, segundo O
t t o , quanto o pavor pânico.</c>
family:Liberation Sans">O sagrado não é nem uma palavra original nem um conceito
que fosse exatamente</c>
family:Liberation Sans">apropriado para uma coisa, um ser vivo ou um fato. É muito
mais uma abreviação</c>
family:Liberation Sans">para u m processo de assimilação de pavor, que
evidentemente não se pode</c>
family:Liberation Sans">a b s t r a i r da c o n s t i t u i ç ã o d o Horno
sapiens e do qual indubitavelmente se</c>
family:Liberation Sans">precisa para colocar sob a lupa da teoria da religião a
compulsão traumática</c>
family:Liberation Sans">à repetição, a presumível "pré-história" do princípio de
prazer.</c>
family:Liberation Sans">O que quer que O t t o possa ter feito para turvar essa
descoberta 1 ', ela é</c>
family:Liberation Sans">inovadora. De fato havia muito já que os teólogos tinham a
consciência de que</c>
family:Liberation Sans">A compulsão à repetição como criadora de cultura</c>
family:Liberation Sans">o moderno adjetivo "sagrado" não passava de um derivado
pálido d o antigo</c>
family:Liberation Sans">hebraico qados ou do grego hagios — uma tradução
moralizadora, q u e torna</c>
family:Liberation Sans">algo que causa temor {furcht) em algo que inspira veneração
(ehrfurcbt). Mas e se</c>
family:Liberation Sans">A origem da religião está envolta em trevas. Nem se deixa
desencavar de um</c>
family:Liberation Sans">já o qados fosse a sublimação de algo mais primitivo,
monstruoso, se as palavras</c>
family:Liberation Sans">nível p r o f u n d o da psique, e nem os mais antigos
vestígios encontráveis da assi-</c>
family:Liberation Sans">originais da religião já não possuíssem n e n h u m a
clareza evidente nos escritos</c>
family:Liberation Sans">milação da natureza pelo homem a revelam. É verdade que se
pode comumente</c>
family:Liberation Sans">referenciais das religiões monoteístas avançadas, e sim,
quando muito, entre os</c>
family:Liberation Sans">deduzir algo sobre a coletividade que tinha a ver com eles
a partir de restos de</c>
family:Liberation Sans">assim chamados povos naturais? E assim os etnólogos se
voltaram d u r a n t e u m</c>
family:Liberation Sans">fogueiras, cabanas, vasos, armas ou inscrições na pedra. E
assim que suas técnicas</c>
family:Liberation Sans">bom tempo para o Mana, que entre os melanésios significa
algo c o m o a força</c>
family:Liberation Sans">seus costumes e usos ganham contornos um pouco mais
nítidos, com maior</c>
family:Liberation Sans">que retira as coisas ou os seres vivos de seu ambiente
natural e as coloca em uma</c>
family:Liberation Sans">regularidade se evidenciam neles os traços c u l t u r a i
s - m á g i c o s . Coleções de ossos</c>
family:Liberation Sans">excitante situação de exceção chamada tabu. Q u a n t o a
isso se observou q u e o</c>
family:Liberation Sans">significativas, acrescidas de restos de plantas, minerais,
vasilhas, machadinhas</c>
family:Liberation Sans">Manitu da língua dos algonkin e o Wakanda da língua sioux
abrangem quase</c>
family:Liberation Sans">ou lanças não são apenas indícios seguros para túmulos ou
altares de sacrifício</c>
family:Liberation Sans">cerimonialmente cuidados, nos quais os mortos eram providos
dos objetos mais</c>
family:Liberation Sans">14 A aplicação irrefletida do próprio s u p r i m e n t o
de sentimentos, e s t r i t a m e n t e p e s s o a l o u seja, o de u m p r o
fessor centro-europeu do século X X à camada mais p r o f u n d a da h u m a n i d
a d e ; a afirmação n ã o c o n f i r m a d a</c>
family:Liberation Sans">por nada de que o sentimento primevo seria "religioso",
suigeneris c não passível dc c o m p a r a ç ã o c o m nen h u m sentimento
natural"; enfim, a recomendação d o mysteriufn tremendurn c o m o f o n t e da j u
v e n t u d e</c>
family:Liberation Sans">para a m o d e r n a cultura decadente, c o m o meio de
revitalização da faculdade de vivência h u m a n a e n f e r m a</c>
family:Liberation Sans">de civihzaçao, t u d o isso já é uma terrível prova de
paciência.</c>
family:Liberation Sans">preciosos disponíveis, como também são as principais fontes
da arqueologia da</c>
family:Liberation Sans">15 a ;</c>
family:Liberation Sans">excelente síntese da discussão etnológica da última v i n d
a de século, dominada pelos nomes de Prazer.</c>
family:Liberation Sans">C o d r i n g t o n , W u n d t , H u b e r t e Mauss em E.
Cassirer. Ph,lcsoph,e....</c>
family:Liberation Sans">16 F. N i e t z s c h e , Gotzen-Dàmmerung*</c>
family:Liberation Sans">PP.</c>
family:Liberation Sans">se b s.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>pré-história. Da ongem d a religião, dc todo modo,
elas estão m u i t o longe O</c>
family:Liberation Sans">que cais c u l t u r a s relativamente tardias só são ainda
primitivas no sentido</c>
family:Liberation Sans">que para os arqueólogos é um tempo inicial, para o Homo
sapiens, bem contadas</c>
family:Liberation Sans">de q u e a i n d a não c o m p l e t a r a m uma separação
e diferenciação estrita entre</c>
family:Liberation Sans">as coisas, já é um tempo tardio, e achados de meados da
Idade da Pedra, de cerca</c>
family:Liberation Sans">a vida religiosa e a social, entre cultura e culto, natural
e sobrenatural, que</c>
family:Liberation Sans">de dez a oito milênios antes da era cristã, que d e m o n s
t r a m a indiíerenciaçao</c>
family:Liberation Sans">seu culto é culto dos mortos -</c>
family:Liberation Sans">entre o modo de vida social e o cultual-mágico, não dizem
nada sobre c o m o essa</c>
family:Liberation Sans">remeta a u m a prática de sacrifícios, a um derramamento
coletivo concentrado</c>
family:Liberation Sans">espécie se relacionou com a religião 30 ou 40 milênios
antes 1 . C e r t o é apenas</c>
family:Liberation Sans">de sangue de seres h u m a n o s e de animais. A questão da
origem da religião é a</c>
family:Liberation Sans">culto de sacrifícios. Não existe culto quê não</c>
family:Liberation Sans">da origem d o sacrifício 18 .</c>
family:Liberation Sans">Sacrifícios são tentativas de reparação. Por meio deles
algo deve ser remo1 - Aqui sc coloca um problema dc princípio n ã o apenas para a
arqueologia c a p a l e o n t o l o g i a , c o m o t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">para a etnologia. T a m b é m esta surgiu do esforço "de sc
chegar p r ó x i m o da o n g e m m e s m o q u e 1 > u r k h e , m</c>
family:Liberation Sans">tenha procurado dar "à palavra origem' t a n t o c o m o à
palavra p r i m i t i v o u m s e n t i d o t o t a l m e n t e relativo :</c>
family:Liberation Sans">"sob tal conceito não e n t e n d e m o s n e n h u m
inicio absoluto, e sim a situação social mais simples q u e é conhecida açora, a
situação social para além da qual é h o j e impossível p a r a nós avançar (E. D u
r k h e t m , D/e</c>
family:Liberation Sans">dementarem</c>
family:Liberation Sans">Formen des religiõsen Lebens. F r a n k f u r t , 1981
[ 1912], p. 26). E q u e se e n c o n t r e m e n t r e os</c>
family:Liberation Sans">povos que são, do p o n t o de vista europeu, primitivos,
situações "simples", talvez n a o a p u r a o r i g e m d a</c>
family:Liberation Sans">humanidade, mas algo que não sc afaste m u i t o disso, é a
crença inicial d a etnologia, da q u a l ela t e m mais</c>
family:Liberation Sans">dificuldades de sc livrar do que ela própria tem
consciência. C l a r o q u e ela sabe há m u i t o q u e os assim</c>
family:Liberation Sans">chamados "povos naturais" não são mais "antigos" do que os
"povos de cultura"; eles d e s c e n d e m d o m e s m o</c>
family:Liberation Sans">núcleo de humanidade, apenas conheceram uma outra evolução.
O u t r a , p o r é m , não significa m e n o r . A l g u n s</c>
family:Liberation Sans">deles chegaram a sistemas dc parentesco e de linguagem,
cuja c o m p l e x i d a d e supera a ca p a c i d a d e d e c o m preensão dos
centro-curopeus (cf. C. Lévi-Strauss, Das wildeDenken.</c>
family:Liberation Sans">F r a n k f u r t , 1968 1962]). " M e n o r "</c>
family:Liberation Sans">aquela outra evolução c apenas sob um p o n t o dc vista:
ela levou a uma m e n o r objetivação c a natureza — vale</c>
family:Liberation Sans">dizer, dominação da natureza. Esse "menor", porém, pesa m u
i t o , pois a c o m p u l s ã o à objetivação, f a l a n d o</c>
family:Liberation Sans">neurologicamentc, à canalização dc excitações, para a
familiarização através da repetição ou, t c o l o g i c a m e n te falando, para a
profanação, é um impulso elementar de t o d o progresso h u m a n o . O r a , a p r
o f a n a ç ã o n ã o</c>
family:Liberation Sans">começa apenas com os gregos antigos ou na Idade M o d e r n
a , e sim, c o m o a i n d a sc d e m o n s t r a r á d e t a l h a d a mente neste
capítulo, já c o m o ato de tornar compreensível o incompreensível, t o r n a r c ô
m o d o o i n c ô m o do, por meio de sua presentificação repetida, ritualizada, p
o r t a n t o já c o m a c o n s t i t u i ç ã o d o sagrado, e n ã o</c>
family:Liberation Sans">apenas com sua profanação. O impulso de p r o f a n a ç ã o
c o n t é m um imprescindível tertium</c>
family:Liberation Sans">comparationh\</c>
family:Liberation Sans">existem, pois, culturas que ele fez avançar mais, e outras
q u e ele fez avançar m e n o s ; a l g u m a s q u e n ã o se</c>
family:Liberation Sans">mantiveram no nível dc objetivação d o culto aos
antepassados, d o t o t e m i s m o , d o s sacrifícios a n i m a i s e q u
e</c>
family:Liberation Sans">finalmente desaguaram na escrita, n o d i n h e i r o e na
indústria, e outras, q u e p e r m a n e c e r a m n a q u e l e nível.</c>
family:Liberation Sans">Apenas não p o d e m o s imaginar que as últimas em a l g u
m m o m e n t o s i m p l e s m e n t e e s t a g n a r a m e daí cm</c>
family:Liberation Sans">diante caíram numa apatia vegetativa; pode-se t a n t o dar
a u m baixo nível de o b j e t i v a ç ã o u m alto grau d c</c>
family:Liberation Sans">refinamento q u a n t o , n u m alto, se e m b r u t e c e
r p r o f u n d a m e n t e . " M a i s c o m p l e x o ' o u " m a i s s i m p l e
s " n ã o</c>
family:Liberation Sans">são, portanto, de maneira n e n h u m a denominações
inequívocas para culturas mais ou m e n o s desenvolvidas:</c>
family:Liberation Sans">e m u i t o menos "muito valioso" ou "menos valioso" E é t
a n t o m e n o s c o n v i n c e n t e q u a n d o e t n ó l o g o s c o m</c>
family:Liberation Sans">base justamente nesse p o n t o dc vista procuram e n f r a
q u e c e r o v e l h o d i t o l a t i n o primos in orbe deos fecit</c>
family:Liberation Sans">timor (o temor criou os primeiros deuses sobre a terra). "
Q u a s e t o d o s os relatos q u e missionários ou viajantes p r o d u z i r a m
sobre religiões primitivas d ã o notícia sobre o t e m o r , o p a v o r ou t e r r
o r d o s q u a i s os</c>
family:Liberation Sans">adeptos dessas religiões são presas." ' Mas etnólogos q u e
pesquisaram mai* dc p e r t o essas c u l t u r a s p r i m i t i vas poucas vezes
encontraram vestígios de temor. Evans-Pritchard escolheu p a r a suas investigações
s o b r e</c>
family:Liberation Sans">a bruxaria os zandes, u m povo que lhe deu a impressão dc
ser o mais satisfeito e d e s p r e o c u p a d o d o Sudão",</c>
family:Liberation Sans">e ele escreve que os nuers são h o m e n s p r o f u n d a
m e n t e religiosos q u e veem o seu deus c o m o u m a m i g o</c>
family:Liberation Sans">intimo (M. Douglas, Reinheit und</c>
family:Liberation Sans">«"<« Gefahrdung.</c>
family:Liberation Sans">yjcjuuKiung. Einc</c>
family:Liberation Sans">C.II1C Studic</c>
family:Liberation Sans">o t u a i c zu</c>
family:Liberation Sans">zu Vorstellunecn</c>
family:Liberation Sans">v o r s t e ü u n g c n von</c>
family:Liberation Sans">von Vcrunrciniinint»</c>
family:Liberation Sans">Verunreimgung und</c>
family:Liberation Sans">l a b u [Pureza e risco. Um estudo sobre as idéias de
conspurcação c t a b u ] , F r a n k f u r t , 1988, p p . 11 e segs.).</c>
family:Liberation Sans">A "satisfação" dos zandes e nuers do século X X , caso ela
fosse m e s m o tão g r a n d e q u a n t o pareceu aos etnólogos, obviamente não
prova a insignificância de pavor c t e m o r para a f o r m a ç ã o de rituais e b
r u x a r i a , e</c>
family:Liberation Sans">sim. q u a n d o muito, prova o q u a n t o a assimilação
do pavor tinha avançado aqui, o q u a n t o ela fora cultivada sobre um determinado
nível de objetivação, em suma, o q u ã o p o u c o primitivos são esses povos -
enquanto lhes e atribuído um m á x i m o de primitivismo, e até m e s m o dc p r o
x i m i d a d e às origens, t o d a vez q u e</c>
family:Liberation Sans">tiverem de serv.r de prova para uma nova abertura
etnológica q u e afirma: n ã o t ê m de ser n e c e s s a r i a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">t e m o r c pavor, p o d e m ser outras coisas t o t a l m
e n t e diferentes ( s e g u n d o , p o r e x e m p l o , M a r y D o u g l a s ,
o</c>
family:Liberation Sans">a m o r pela ordem), que levam à formação de ritual e
cultura. U m a tal a b e r t u r a , n o e n t a n t o , é u m a "solução</c>
family:Liberation Sans">de 1 ollyanna antropológica. Sua constatação de
"satisfação" entre os "povos naturais" r e f u t a o primos in</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">/</c>
family:Liberation Sans">vido d o m u n d o . M e s m o quando eles não deixam claro
o que seja: que se trate</c>
family:Liberation Sans">de algo pavoroso que clama por apaziguamento, purificação,
é tanto um traço</c>
family:Liberation Sans">essencial de todas as formas arcaicas de sacrifício quanto
seu caráter repetitivo.</c>
family:Liberation Sans">Apaziguar uma única vez não basta. O sacrifício tem de ser
sempre novamente</c>
family:Liberation Sans">consumado. Ele é paradoxal. Ele quer apaziguar algo
pavoroso, mas é ele próprio</c>
family:Liberation Sans">pavoroso. Ele quer remover algo do mundo, mas o rememora
constantemente. A</c>
family:Liberation Sans">m e m ó r i a implícita atua, como já vimos, muito abaixo
do limiar da consciência;</c>
family:Liberation Sans">atua em t o d a parte onde um sistema nervoso realiza
fortes ligações neuronais</c>
family:Liberation Sans">que ficam à disposição dele para outras assimilações de
excitação. A mais antiga das formas palpáveis de memória explícita, especificamente
humana, ao</c>
family:Liberation Sans">contrário, é o sacrifício. Em primeiro lugar, no sentido
superficial de que aqui</c>
family:Liberation Sans">u m a coletividade rememora de maneira muito decidida um
acontecimento</c>
family:Liberation Sans">pavoroso passado, mas não superado. Mas se levarmos em
conta que os mais</c>
family:Liberation Sans">antigos rituais de sacrifício conhecidos — nos quais
provavelmente uma horda</c>
family:Liberation Sans">h u m a n a se atirou sobre indivíduos de sua própria
espécie ou animais escolhidos</c>
family:Liberation Sans">para tal, os m a t o u ou mesmo os devorou — são formas
tardias na evolução do</c>
family:Liberation Sans">Homo sapiens, frutos de no mínimo 20 milênios de trabalho
cultural, então o</c>
family:Liberation Sans">referido acontecimento pavoroso que esse trabalho cultural
rememora perman e n t e m e n t e , p o r q u e não pode parar de repeti-lo,
aparece sob uma nova luz.</c>
family:Liberation Sans">Ao q u e t u d o indica, o seu poder traumático não é
apenas objeto, é também</c>
family:Liberation Sans">criador da m e m ó r i a . Apenas este pôde dar existência
a uma memória especificamente</c>
family:Liberation Sans">h u m a n a , de m o d o que uma cerimônia comemorativa não
significa</c>
family:Liberation Sans">aqui apenas que um acontecimento passado seja comemorado
solenemente, e</c>
family:Liberation Sans">sim, s o b r e t u d o , que a memória explícita comemora a
si mesma, o seu próprio</c>
family:Liberation Sans">~~o7be</c>
family:Liberation Sans">amor,</c>
family:Liberation Sans">e n q u a n t o a descoberta de q u e determinadas espécies
de repetição só se estabelecem</c>
family:Liberation Sans">s o b c o m p u l s ã o traumática o sustenta
decididamente.</c>
family:Liberation Sans">a palavra grega e a latina</c>
family:Liberation Sans">q u e a m o r r e sacrificai j;í passou p o r ser a açao h
u m a n a / . , »</c>
family:Liberation Sans">L r i e c h i s c h e r Opferriten</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o e m sua especificidade ( W . Burkert, Homo
Nccans. Interpretar,onen altgnecluscn</c>
family:Liberation Sans">u n d M y t h e n . 2 ' e d . a m p l i a d a . Berlim,
1997. pp. 9 e segs).</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>aparecimento c o m o faculdade de rememoração, p o r
t a n t o c o m o a faculdade</c>
family:Liberation Sans">pida e sua lenta regularização simultânea. Mas esta não é
apenas a tentativa de</c>
family:Liberation Sans">de pensar. N o ritual sacrificai, essa faculdade comemora,
p o r assim dizer, o seu</c>
family:Liberation Sans">fazer empalidecer o acontecimento pavoroso por meio de sua
familiarização</c>
family:Liberation Sans">aniversário. O paradoxal na rememoração sacrificai se
revela, com isso, c o m o o</c>
family:Liberation Sans">senão t a m b é m de tomá-lo sob o próprio governo. Que se
o inflija a si mesmo em</c>
family:Liberation Sans">paradoxo solenemente fortalecido e intensificado da própria
memória h u m a n a .</c>
family:Liberation Sans">desesperado e sempre renovado de se libertar de uma
inundação t o r t u r a n t e de</c>
family:Liberation Sans">lugar de recebê-lo passivamente, que seja o seu sujeito em
vez de seu objeto já</c>
family:Liberation Sans">lhe retira algo de sua estranheza assustadora e é uma
primeira mínima centelha</c>
family:Liberation Sans">dc soberania h u m a n a .</c>
family:Liberation Sans">estímulos. Apenas por meio da repetição, como dizemos hoje,
é que gravamos</c>
family:Liberation Sans">Nisso se manifesta de maneira especialmente drástica a
enorme transvalo-</c>
family:Liberation Sans">alguma coisa. N o começo era o contrário: apenas através da
repetição é q u e</c>
family:Liberation Sans">ração que a compulsão traumática à repetição efetua já em
suas formas elemen-</c>
family:Liberation Sans">se podia debelar um excesso insuportável de estímulos.
Epistemologicamente</c>
family:Liberation Sans">tares 2 '. Liberar-se d o a c o n t e c i m e n t o
pavoroso reproduzindo-o, em vez de</c>
family:Liberation Sans">falando: a memória surgiu de uma tentativa extenuante de
esquecer 1 9 .</c>
family:Liberation Sans">f u g i n d o dele, é u m a forma de dar-lhe seu W p l á c
i t o . Mas dar o beneplácito a</c>
family:Liberation Sans">Em sua fase originária ele evidentemente não foi outra
coisa que não o desejo</c>
family:Liberation Sans">É tempo de desenvolver um tino para o refinamento
psicológico presente</c>
family:Liberation Sans">algo pavoroso significa nada menos que romper com a
interpretação animal</c>
family:Liberation Sans">nesse contrassenso. A repetição, afinal, não se livra do a
c o n t e c i m e n t o pavoro-</c>
family:Liberation Sans">do m u n d o . Pois t a m b é m os animais interpretam o
seu ambiente quando per-</c>
family:Liberation Sans">so, pois ela é seu constante da capo. Mas justamente por
isso ela se liberta de</c>
family:Liberation Sans">cebem d e t e r m i n a d o s estímulos, como perigo,
alimento, proteção ou objeto</c>
family:Liberation Sans">seu aqui e agora. Ela realiza o artifício da
presentificação. Ela faz algo que não</c>
family:Liberation Sans">sexual. Mas apenas o n d e essa interpretação ganha um
terreno equívoco ela se</c>
family:Liberation Sans">mais existe, que não tem mais n e n h u m aqui e agora,
retornar, apesar de t u d o ,</c>
family:Liberation Sans">t o r n a especificamente h u m a n a . É interessante que
isso ocorra no ponto da</c>
family:Liberation Sans">livre de sua presença física singular — sob a forma de seu
eco, citação, cópia,</c>
family:Liberation Sans">maior univocidade, a saber, do maior terror e pavor, que só
pede uma coisa: a</c>
family:Liberation Sans">reprodução, extrato. O que retorna não é a coisa mesma, e
sim o seu "espírito",</c>
family:Liberation Sans">mais p r o n t a reação salvadora. Justamente esse pavor é
tomado pela compulsão</c>
family:Liberation Sans">só que esse espírito ainda está longe de ser imaginado c o
m o uma assombração</c>
family:Liberation Sans">traumática à repetição c o m o aquilo que salva dele.
Interpreta-se nele mesmo</c>
family:Liberation Sans">fantasmagórica independente. Sua imaginação é antes sua
representação, sua</c>
family:Liberation Sans">o seu contrário. Ele se separa em superfície e fundo, em
"aparência" e "essência":</c>
family:Liberation Sans">performance,</c>
family:Liberation Sans">e ela constitui a atividade corporal total d o solene ato
coletivo</c>
family:Liberation Sans">o pavoroso pelo que ele causa, e o portador da salvação que
reside nele. Presen-</c>
family:Liberation Sans">de lançar-se sobre determinadas pessoas e animais.
"Espírito" é inicialmente</c>
family:Liberation Sans">tificá-lo, p o r t a n t o , não significa apenas libertá-
lo de seu singular aqui e agora,</c>
family:Liberation Sans">apenas essa ação em si, nada destacado dela, mas essa ação
é o começo de sua</c>
family:Liberation Sans">multiplicá-lo, esquematizá-lo, familiarizá-lo, mas também
ao mesmo tempo</c>
family:Liberation Sans">liberação, da abstração do aqui e agora: um primeiro tatear
desajeitado naquele</c>
family:Liberation Sans">privá-lo de sua univocidade, provê-lo de uma segunda
dimensão: a de um sen-</c>
family:Liberation Sans">caminho que Bachofen já chamara de "libertação do espírito
das aparições da</c>
family:Liberation Sans">tido mais elevado, salvador. A afirmação disso, porém, esse
esforço para nascer</c>
family:Liberation Sans">natureza" 20 e cujos inícios nós mal podemos imaginar o q u
a n t o foram penosos</c>
family:Liberation Sans">inerente a qualquer metafísica e teologia, tem de início a
forma da inibição de</c>
family:Liberation Sans">e demorados. O "espiritual" aí é de início tão somente a
própria repetição estú-</c>
family:Liberation Sans">um instinto: certos seres se acostumam a não mais ceder
imediatamente ao seu</c>
family:Liberation Sans">impulso de fuga e proteção. Sob choque eles começam antes a
redirecioná-lo</c>
family:Liberation Sans">19 Para encontrar a pista da formação especificamente h u m
a n a da m e m ó r i a , é necessário, c o m o Jan A s s m a n n</c>
family:Liberation Sans">demonstrou em um grande estudo (J. Assman, Das kulturelle
Gedáchtnis. Schriji, Erinnerung und</c>
family:Liberation Sans">0hische Identitãt infrühen Hochkulturen, M u n i q u e ,
1992), começar m e n o s pela "arte d a m e m ó r i a " q u e os indivíduos
praticam a fim de memorizar a maior q u a n t i d a d e de coisas possível, d o q u
e pela m u i t o mais a n tiga "cultura da memória" que uma coletividade preserva a
fim de presentificar c o n s t a n t e m e n t e aquilo q u e</c>
family:Liberation Sans">constitui sua identidade. C u l t u r a da memória se
articula p r i m a r i a m e n t e c o m o celebração. " C e l e b r a ç õ e s
e</c>
family:Liberation Sans">ritos propiciam na regularidade de seu r e t o r n o a c o
m u n i c a ç ã o e a transmissão d o c o n h e c i m e n t o assegurad o r da
identidade e, c o m isso, a reprodução d a identidade cultural. Repetição ritual
assegura a coerência</c>
family:Liberation Sans">d o g r u p o n o espaço e no tempo" (p. 57). Mas primeiro
foi preciso q u e se chegasse a isso. Q u a n d o a celebração significa a
preservação de uma obrigação social" e é d e t e r m i n a d a pela p e r g u n t a
: " O q u e n ã o devemos esquecer? (p. 30), o seu caráter obrigatório já se
afrouxou consideravelmente. A q u i l o q u e não devemos</c>
family:Liberation Sans">esquecer somos capazes de esquecer. A obrigatoriedade do
"não dever esquecer" já é u m p r o d u t o cultural</c>
family:Liberation Sans">moral sublimado. Ela substitui a mais antiga, mais poderosa
d o "não p o d e r esquecer". A c u l t u r a d a m e m ó ria, q u e Assman
considera o f u n d a m e n t o dc t o d a r e m e m o r a ç ã o , é ela p r ó p r
i a u m p r o d u t o já t a r d i o d a</c>
family:Liberation Sans">rormaçao da memória.</c>
family:Liberation Sans">20 J.J. Bachofen, DasMutterrecht.</c>
family:Liberation Sans">(org. H . J. Heinrichs). F r a n k f u r t , 1980, p.
48.</c>
family:Liberation Sans">e a buscar p r o t e ç ã o do pavoroso no pavoroso. Se há
um lugar onde se deve ir</c>
family:Liberation Sans">buscar o germe daquilo a que mais tarde se deu o nome de
"espírito", é nesse</c>
family:Liberation Sans">r e d i r e c i o n a m e n t o . E o referido germe tem a
inestimável vantagem de tornar</c>
family:Liberation Sans">claro de súbito o q u e em formas mais evoluídas era
obscuro: o quanto as assim</c>
family:Liberation Sans">21 N e l a já se e n c o n t r a t a m b é m o núcleo
daquela "transvaloraçào dos</c>
family:Liberation Sans">d o q u e d e m o n s t r a n d o , atrela ao tipo d o
sacerdote. A saber este c e n a ^ ^ J ^ Z Z i á * * »</c>
family:Liberation Sans">natural d o m u n d o e d o s valores da força e da
fraqueza</c>
family:Liberation Sans">^ ^ " n a J r e ^ t á v e l marcha histósua p r ó p r i a f
r a q u e z a e miséria física em u m a força ardilosa e msondaN ei um</c>
family:Liberation Sans">d ,</c>
family:Liberation Sans">da d o</c>
family:Liberation Sans">rica v i t o r i o s a . Para N i e t z s c h e . c o n t u
d o , o sacerdote é sempre</c>
family:Liberation Sans">éumaparáh o m e m racional, e o q u e ele narra em muitas
passagens sobre a onge</c>
family:Liberation Sans">bola s o b r e a o r i g e m d a p r ó p r i a razão, ou
seja, sobre o deven.r humano. Cl. C.</c>
family:Liberation Sans">Nietzsche</c>
family:Liberation Sans">und der Wahminn</c>
family:Liberation Sans">der Vernunfi, Líineburg. 2000, pp. 66 e segs.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>chamadas coisas "primeiras" estão intimamente ligadas
às "últimas" o q u a n t o ,</c>
family:Liberation Sans">c h o q u e causado por determinada experiência senão
através da repetição do</c>
family:Liberation Sans">no redirecionamento do instinto, estão em jogo ao mesmo t e
m p o a salvação e</c>
family:Liberation Sans">acontecimento chocante. Mas que a repetição tenha adquirido
o efeito de uma</c>
family:Liberation Sans">a libertação. O ponto da incipiente ambivalência de
sentimentos humanos, da</c>
family:Liberation Sans">autovacina, de uma autoimunização, que sua autonomia,
ritualização e cultivo</c>
family:Liberation Sans">separação entre bem e mal, essência e aparência, espírito e
natureza, é o p o n t o</c>
family:Liberation Sans">t e n h a m sido bem-sucedidos, não se deixa explicar por
essa necessidade: por</c>
family:Liberation Sans">de indiferenciação entre fisiologia e teologia.</c>
family:Liberation Sans">Não que com isso se explicasse o surgimento do espírito,
pois o referido</c>
family:Liberation Sans">assim dizer, o salto (Sprung) qualitativo na origem
(Ursprtmg) da humanidade,</c>
family:Liberation Sans">o átimo de indesviabilidade, espontaneidade, liberdade
contida na humani-</c>
family:Liberation Sans">redirecionamento é em si um enigma. Ele não deveria ter
sido de início mais</c>
family:Liberation Sans">dade. E é esse salto qualitativo o que faz da falácia
psicológica um assunto</c>
family:Liberation Sans">que uma reação reflexiva, e provavelmente levou u m t e m p
o inimaginavelmen-</c>
family:Liberation Sans">tão paradoxal. D o p o n t o de vista da lógica, ela é um
contrassenso, mas toda</c>
family:Liberation Sans">te longo até que ele se transformasse em uma habilidade
autodirigida, trans-</c>
family:Liberation Sans">lógica se deve a ela. Ela é o voltar-se de toda uma espécie
contra seus próprios</c>
family:Liberation Sans">missível. Os seres vivos que consumaram esse r e d i r e c
i o n a m e n t o devem ter</c>
family:Liberation Sans">instintos, mas ninguém no mundo foi tão bem-sucedido e
dominador quanto</c>
family:Liberation Sans">possuído uma constituição nervosa peculiar, no duplo
sentido de que eles eram</c>
family:Liberation Sans">j u s t a m e n t e essa espécie voltada contra si mesma. E
se foi só nos rituais de</c>
family:Liberation Sans">tão suscetíveis de pavor quanto capazes de assimilar esse
pavor em u m m o d o</c>
family:Liberation Sans">sacrifício, que constituem o coração de todas as culturas
antigas, que se des-</c>
family:Liberation Sans">até então nunca praticado, e pode-se especular que a
evolução peculiar d o vo-</c>
family:Liberation Sans">cobriu a compulsão à repetição como o pulsar desse coração,
então os estágios</c>
family:Liberation Sans">lume do cérebro, da forma da mão e da laringe do h o m e m
primevo favoreceu</c>
family:Liberation Sans">primordiais da matéria histórico-religiosa soam como ecos
dessa compulsão</c>
family:Liberation Sans">especialmente o surgimento do Ho?no sapiens. Mas com isso c
o m p r e e n d e m o s</c>
family:Liberation Sans">à repetição que se multiplicam, se abafam mutuamente, se
sobrepõem uns aos</c>
family:Liberation Sans">na melhor das hipóteses algo imprescindível para esse
singular redireciona-</c>
family:Liberation Sans">outros. "Aquilo que me apavora me atrai para si", como se
diz em língua poética.</c>
family:Liberation Sans">mento dos impulsos do instinto para o pavoroso, a fim de
nos livrarmos dele,</c>
family:Liberation Sans">N a prosaica terminologia psicanalítica: "identificação com
o agressor" 2 \ Por</c>
family:Liberation Sans">mas não como e por que isso aconteceu. P o d e r í a m o s
d e f i n i r a d e b e l a ç ã o</c>
family:Liberation Sans">não compreender sua forma de transcorrer, O t t o se
encontrava diante de um</c>
family:Liberation Sans">de uma excitação excessiva, torturante, como uma lei
fundamental do orgânico;</c>
family:Liberation Sans">enigma. C o m o p o d e o mysterium tremendurn tornar-se
mysterium</c>
family:Liberation Sans">fascinam,</c>
family:Liberation Sans">a compulsão especificamente humana à repetição, como uma m
e d i d a fisiológica a serviço dessa lei. Mas com isso não se esclareceu em nada c
o m o tal medida pôde desenvolver-se para além da pura fisiologia e t o m a r a
forma paradoxal de umafalácia fisiológica: fisiológica, porque ainda não teve lugar
aqui u m a</c>
family:Liberation Sans">conclusão expressa, consciente, e sim apenas uma reação
reflexiva, e, n o entanto, uma falácia, porque nesse reflexo está contida de
maneira c o m p l e t a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">implícita a figura de pensamento "isto é pavoroso, p o r t
a n t o devo dar-lhe meu</c>
family:Liberation Sans">beneplácito". O espírito em seus primórdios mais r e m o t
o s é uma falácia fisiológica. Ou ao contrário: a falácia fisiológica é o erro
original d o espírito</c>
family:Liberation Sans">humano — aquela metabasis eis aliogenos por meio da qual de
animais se fizeram os homens 22 .</c>
family:Liberation Sans">Que a falácia fisiológica não ocorra voluntariamente, e sim
apenas sob a</c>
family:Liberation Sans">2 3 N a d a a g r i d e t a n t o q u a n t o o pavor, e a
repetição do a c o n t e c i m e n t o pavoroso é identificação com ele.</c>
family:Liberation Sans">"Identificação c o m o agressor" é, p o r t a n t o , a
face interior daquele ato de legítima defesa, daquela fuga para</c>
family:Liberation Sans">f r e n t e , q u e vista p o r fora aparece c o m o
compulsão traumática à repetição — e, assim, originalmente é um</c>
family:Liberation Sans">s i n ô n i m o p e r f e i t o para "fidácia fisiológica".
D i t o dc outra forma: "falácia fisiológica" exprime epistemolog i c a m e n t e o
m e s m o q u e "identificação com o agressor" exprime psicologicamente. Ambas as
fórmulas; no</c>
family:Liberation Sans">e n t a n t o , expressam o segredo do devenir h u m a n
o . Apenas a psicanálise não quis compreender tao fundam e n t a l m e n t e sua d
e s c o b e r t a d e m o l i d o r a de f u n d a m e n t o s , para náo ser
ultrapassada ela própria por tal</c>
family:Liberation Sans">d e s c o b e r t a , lá c m Além do principio deprazer
chama a atenção a tendência de Freud a quase que domesticar a c o m p u l s ã o t r
a u m á t i c a à repetição, ao procurar explicá-la a partir de exemplos da v.da m
s n n n v a do</c>
family:Liberation Sans">n ú c l e o f a m i l i a r burguês. A criança q u e se
compensava da ausência da mãe brincando horas a ho de estar</c>
family:Liberation Sans">a u s e n t e " e p o u c o a p o u c o transformava a p u
n g e n t e experiência de perda por me.o do jogo, ou o ass.m</c>
family:Liberation Sans">c h a m a d o " d e s t i n o instintivo", q u e leva
certas pessoas a sempre de novo beber do mesmo c á h c c u m a ^ d ,</c>
family:Liberation Sans">d e c e p ç ã o p o r causa da a m a d a , dos amigos ou
colegas, encontram-se ja n u m a c o n s t e j a ^ o c ^ c a e no</c>
family:Liberation Sans">m e l h o r d o s casos d ã o provas de u m a compulsão
neurótica à repetição, como a produz,da pela h b u t o o f c n a</c>
family:Liberation Sans">d i d a . N o e n t a n t o , elas deveriam evidenciar uma
compulsão traumanca a repençao,</c>
family:Liberation Sans">p o r a c i d e n t e s d e t r e m . Mas eles justamente a
tornam completamente opaca. O</c>
family:Liberation Sans">pela repetição c t c n d e n c i a l m e n t e limitado aos
horizontes da prauca terapeuuc</c>
family:Liberation Sans">pressão da necessidade de debelar excitações insuportáveis,
pode ser dado como</c>
family:Liberation Sans">se eleva tão i n q u i e t a n t e m e n t e . Na sucessão
de Freud essa t e n d e n c u se f o r t a l e c e i . É ato que</c>
family:Liberation Sans">certo. Certas criaturas hipernervosas não têm outro meio de
se d e f e n d e r d o</c>
family:Liberation Sans">„ „ , c e a s i t u i o á qual se</c>
family:Liberation Sans">roso, o pavor t r a u m á t i c o só c o n t i n u a a ser
u m tema q u a n d o e t</c>
family:Liberation Sans">22 O p e n d o r para aquela figura de p e n s a m e n t o
que em filosofia se e h a m a -falácia naturalista", q u e r e t o r n a a</c>
family:Liberation Sans">cada nova geraçao com torça renovada, ou seja, o p e n d o
r para apresentar a n a t u r e z a , a p e s a r de t o d o s os</c>
family:Liberation Sans">seus aspectos desagradáveis, c o m o boa em si, c o m o p r
o d u t o da boa v o n t a d e de u m c r i a d o r ou c o m o a sede</c>
family:Liberation Sans">das normas e valores supremos, mostra o q u a n t o é d i f
k i b e libertar d ó s p r ó p rios erros congenicos.</c>
family:Liberation Sans">dcsencad» a</c>
family:Liberation Sans">Cm</c>
family:Liberation Sans">F.ud</c>
family:Liberation Sans">sua</c>
family:Liberation Sans">ficaçáo c o m ele só i percebida sob condições c u l t u r
a , bem - " ^</c>
family:Liberation Sans">^ X i f i açáo que e submetido</c>
family:Liberation Sans">p a r t i c i p a ç ã o no devenir h u m a n o desaparece.
Por m a , que o ~ m o d e .dent.hc^ç ^ q ^ ^ ^</c>
family:Liberation Sans">à análise e</c>
family:Liberation Sans">t r a t a m e n t o possa ainda parecer um processo anmiicc
(</c>
family:Liberation Sans">c u l t u r a ele é u m f e n ô m e n o secundário,
domesticado em alto grau.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>se a partir do terror não é "possível n e n h u m a
transição" "para os sentimentos</c>
family:Liberation Sans">se interpusesse com todas as suas crueldades e renúncias25.
De fato, aconteceu o</c>
family:Liberation Sans">positivamente voltados ao n u m a ? (p. 43). Ora, o poder
da compulsão à repe-</c>
family:Liberation Sans">contrário: o impulso mágico de impor ao ambiente natural os
próprios desejos</c>
family:Liberation Sans">tição de transformar o negativo em positivo iessa
transição, o m o t o r de toda</c>
family:Liberation Sans">foi inicialmente o impulso de legítima defesa, de repelir
por meio da conjuração</c>
family:Liberation Sans">magia. A imitação proposital de forças naturais, que não
falta em n e n h u m a</c>
family:Liberation Sans">o p o d e r superior, aniquilador desse ambiente. Sua
pertinência não deriva de</c>
family:Liberation Sans">cultura arcaica, é uma compulsão à repetição aperfeiçoada
até se transformar</c>
family:Liberation Sans">uma livre vontade, e sim da compulsão traumática à
repetição. Esta, porém,</c>
family:Liberation Sans">em técnica de dominação. A chuva imitada deve cair, o leão
imitado deve per-</c>
family:Liberation Sans">e n c o n t r a sua autorrepresentação, sua
autointerpretação e sua autojustificativa</c>
family:Liberation Sans">der sua força ameaçadora, a caça imitada deve abater o m a
m u t e de antemão,</c>
family:Liberation Sans">c o n c e n t r a d a s na imolação de seres humanos e
animais. Não é mais possível</c>
family:Liberation Sans">e tais ritos são de tão vital importância para os
envolvidos, são tão "ofício"</c>
family:Liberation Sans">averiguar q u a n d o se começou a diferenciar entre seres
humanos e animais e</c>
family:Liberation Sans">quanto o trabalho apropriado do solo ou a fabricação de
ferramentas e armas.</c>
family:Liberation Sans">em que m e d i d a isso se deu no início e, como já foi
dito, mesmo o estágio mais</c>
family:Liberation Sans">E a magia imitativa é inicialmente praticada c o m o m e d
i d a de d o m i n a ç ã o da</c>
family:Liberation Sans">primitivo palpável das práticas de sacrifício é já um
estágio avançado doMomo</c>
family:Liberation Sans">natureza exatamente como os atos de colecionar, caçar e
arar. A força sobre a</c>
family:Liberation Sans">sapiens. O n d e quer que o sacrifício ganhe contornos,
isso já ocorreu na fase de</c>
family:Liberation Sans">qual ela repousa se chama semelhança. Na compulsão à
repetição já reside u m a</c>
family:Liberation Sans">sua autointerpretação: não mais uma compulsão à repetição
puramente refle-</c>
family:Liberation Sans">lógica da semelhança: a tentativa de apaziguar algo
pavoroso por meio de u m</c>
family:Liberation Sans">xiva, e sim u m a para a qual já existia um destinatário,
um para quê. Não se faz</c>
family:Liberation Sans">seu semelhante e tendcncialmente privá-lo de seu poder. A
produção de seme-</c>
family:Liberation Sans">um sacrifício pelo sacrifício, e sim para alguém: um poder
superior que exige</c>
family:Liberation Sans">lhança é produção de segurança e familiaridade, busca de p
r o t e ç ã o c o n t r a o</c>
family:Liberation Sans">reparação. U m dos meios elementares contra o pavor é
voltá-lo para o exterior</c>
family:Liberation Sans">que é completamente estranho, e tudo que presentiíica,
encarna, relembra u m</c>
family:Liberation Sans">na representação de um objeto que o encarna. Poderes
superiores como Mana,</c>
family:Liberation Sans">objeto é, antes de tudo, vivenciado como semelhante. Pode
ser sua imitação,</c>
family:Liberation Sans">Wankanda, demônios ou deuses, são encarnações do pavor
dessa espécie: elas o</c>
family:Liberation Sans">mas também uma parte física ou um acessório dele, ou algo p
r o v e n i e n t e de</c>
family:Liberation Sans">objetivam, t o r n a m - n o compreensível. E ele se torna
especialmente bem com-</c>
family:Liberation Sans">sua vizinhança espacial ou temporal. A dança da chuva é tão
"semelhante" à</c>
family:Liberation Sans">preensível assim que for apreendido de maneira
antropomórfica: como acesso</c>
family:Liberation Sans">chuva quanto o dente do mamute, ao mamute, a lança ao
guerreiro, a p e d r a</c>
family:Liberation Sans">de ira de seres semelhantes ao homem. A imaginação de tais
seres já se aprovei-</c>
family:Liberation Sans">ao cume da montanha, o mensageiro do i n f o r t ú n i o ao
i n f o r t ú n i o . N a dança</c>
family:Liberation Sans">tou da relação de alternância da semelhança. Aqueles
poderes pavorosos aos</c>
family:Liberation Sans">"possui-se" a chuva, no dente, o mamute etc., no
semelhante, p o r t a n t o , o se-</c>
family:Liberation Sans">quais nós nos fazemos semelhantes são também semelhantes a
nós. Interpretar</c>
family:Liberation Sans">melhante: esse é o fundamento prático palpável d o
princípio epistemológico</c>
family:Liberation Sans">seu t u m u l t o c o m o ira significa, de um lado: ele
tem um motivo reconhecível,</c>
family:Liberation Sans">posterior, segundo o qual o semelhante é reconhecido tão
somente por meio</c>
family:Liberation Sans">a saber, nosso c o m p o r t a m e n t o errado. E
significa, de outro lado: onde há ira</c>
family:Liberation Sans">de um semelhante 2 '. O centro e o concentrado desse f u n
d a m e n t o prático é</c>
family:Liberation Sans">há a possibilidade de aplacá-la. Podemos contrabalançar
nossa culpa por uma</c>
family:Liberation Sans">o sacrifício. É a-histórica a idéia de que houve em algum m
o m e n t o u m a fase</c>
family:Liberation Sans">reparação correspondente a ela. A prática do sacrifício
concretiza a compulsão à</c>
family:Liberation Sans">humana prévia de influência e encantamento mágicos
imediatos d a natureza,</c>
family:Liberation Sans">repetição c o m o compulsão à reparação, em que as formas
primitivas da justiça,</c>
family:Liberation Sans">obsedada pela satisfação desenfreada de desejos, antes que
a prática de sacrifícios</c>
family:Liberation Sans">da e q u i v a l ê n c i a e de p a g a m e n t o coincidem
2 6 .</c>
family:Liberation Sans">Mas, na m e d i d a em que a compulsão à repetição é ao
mesmo tempo trans24 A pedra de coque para t o d o b o m materialista é.
naturalmente, o trabalho material. "Pode-se diferenciar o</c>
family:Liberation Sans">homem dos animais acravés da consciência, através da
religião, através d o que se quiser. O s h o m e n s m e s m o s</c>
family:Liberation Sans">começam a se diferenciar dos animais n o m o m e n t o em
que c o m e ç a m a produzir seus alimentos", dizem</c>
family:Liberation Sans">Marx e Engels em uma passagem célebre (.Diedeutsche
Ideologie, M E W 3 [ O b r a s de Marx e Engels, vol. 3],</c>
family:Liberation Sans">Berlim, 1969, p. 21). e eles tem razão. N ã o se trata aqui
de algo c o m o fazer o t r a b a l h o derivar d o culto, e</c>
family:Liberation Sans">sim apenas da diferenciação inicial entre culto e trabalho;
a m b o s tiveram seu p o n t o de p a r t i d a n o esforço</c>
family:Liberation Sans">de dominação d o pavor. É certo que a idéia de utilizar u m
a p e d r a c o m o m a c h a d i n h a , u m osso c o m o clava,</c>
family:Liberation Sans">u m galho c o m o alavanca, e para isso prepará-los um
pouco, não se origina i m e d i a t a m e n t e d e n e n h u m</c>
family:Liberation Sans">pavor nem de n e n h u m a compulsão à repetição. Mas a
idéia p o r si só t a m b é m nada faz; ela lampeja c n o vamente se apaga. Os
seres h u m a n o s só c o m e ç a m a se diferenciar dos animais q u a n d o a
idéia tiver sido</c>
family:Liberation Sans">fixada, isto é, q u a n d o ela se civer transformado em t
o d o u m sistema de trabalho p e r m a n e n t e m e n t e reproduzível, e e
simplesmente inimaginável c o m o isso seria possível sem a c o m p u l s ã o à
repetição.</c>
family:Liberation Sans">valoração, o u seja, o ato de dar seu beneplácito ao
pavoroso, ela também e a</c>
family:Liberation Sans">f o r m a germinal de t o d o s aqueles ritos de transição
que f u n a o n a m como b a i xas na vida de coletividades arcaicas. O seu
protótipo, por sua vez. e o propno</c>
family:Liberation Sans">sacrifício. N e n h u m ato de sacrifício no qual não
estivesse c o n n d o um morre</c>
family:Liberation Sans">c v e m a ser", q u e n ã o celebrasse de algum m o d o a
morte c o m o uma trans.çao</c>
family:Liberation Sans">2 5 C o m o e m E. Cassircr, Phi/osopbíe....</c>
family:Liberation Sans">pp- 265 e segs.</c>
family:Liberation Sans">26 Sobre isso, mais d e t a l h a d a m e n t e , ver o
capítulo 4 deste volume.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>para uma nova vida. Por que razão o sangue dos
sacrificados seria aspergido,</c>
family:Liberation Sans">por que eles próprios ou parte deles seria sepultada,
queimada ou comida? Para</c>
family:Liberation Sans">que deles brote nova vida. E pôr-se a interpretar toda nova
vida c o m o prove-</c>
family:Liberation Sans">presença apavorante</c>
family:Liberation Sans">sua memória está aí para que não se precise sempre</c>
family:Liberation Sans">pensar neles - uma prova confiável para o fato de que a
memória surgiu da</c>
family:Liberation Sans">tentativa incessantemente repetida de se libertar de
algo.</c>
family:Liberation Sans">niência da morte, cada nova fase da vida c o m o a m o r t
e da velha, a p u b e r d a d e</c>
family:Liberation Sans">como a morte da infância, o casamento c o m o a m o r t e
da adolescência etc., e,</c>
family:Liberation Sans">finalmente,</c>
family:Liberation Sans">fazer de cada cesura significativa no curso da vida e dos
anos u m a</c>
family:Liberation Sans">Êxtase e pulsão de morte</c>
family:Liberation Sans">variação do "morre e vem a ser" não passa de um
caraminholar sobre essa idéia</c>
family:Liberation Sans">de sacrifício: a convalescença despede a doença c o m o
algo m o r t o ; o tratado de</c>
family:Liberation Sans">O pavor — assim chamamos esse algo até agora, mas sem dizer
no que ele se</c>
family:Liberation Sans">paz, a guerra; a lua nova, o solstício de inverno, o início
da primavera, a estação</c>
family:Liberation Sans">constitui. Se deduzimos do caráter aterrorizante dos
sacrifícios arcaicos aquilo</c>
family:Liberation Sans">passada2". Na magia do culto sacrificai todas as transições
são estilizadas c o m o</c>
family:Liberation Sans">de q u e eles são o eco, então só pode tratar-se de um
horrível crime primevo,</c>
family:Liberation Sans">transpasse da vítima. O culto da vida que os ritos de
passagem celebram é sem-</c>
family:Liberation Sans">e Freud se t o m o u famoso pela suspeita de que esse ato
teria sido o parricídio.</c>
family:Liberation Sans">pre também culto dos mortos. Assim como não há sacrifício
sem m o r t e , não</c>
family:Liberation Sans">Mas essa suspeita se alimenta de um pressuposto não
absoluto: a proporcio-</c>
family:Liberation Sans">há celebração dos mortos sem sacrifício. O que nos m o r t
o s causa terror não é</c>
family:Liberation Sans">nalidade entre o pavor e aquilo que o desencadeia. O
irônico no pavor é a sua</c>
family:Liberation Sans">de início o fato de que eles não mais existem, e sim de que
eles estão privados</c>
family:Liberation Sans">i n c o m e n s u r a b i l i d a d e — não apenas no
sentido terrível, quando uma força</c>
family:Liberation Sans">da vida e, no entanto, ainda estão aqui. É isso q u e os
faz tão p a v o r o s a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">natural i r r o m p e repentinamente, mas também num
sentido trivial. Podem-</c>
family:Liberation Sans">estranhos. A vida que os deixou, que os fazia tão
familiares e sem a qual não se</c>
family:Liberation Sans">se assustar p r o f u n d a m e n t e crianças pequenas e
causar-lhes danos psíquicos</c>
family:Liberation Sans">pode imaginá-los, torna-se para os vivos um pavor
incompreensível. Este tem</c>
family:Liberation Sans">através de barulhos e gestos que não contêm o menor perigo
físico para elas. O</c>
family:Liberation Sans">de ser conjurado. Por isso os mortos são objetivados c o m
o fantasmas e d e m ô -</c>
family:Liberation Sans">pavor que o raio e principalmente o trovão causaram a
coletividades arcaicas</c>
family:Liberation Sans">nios que se podem apreender. Eles já são uma forma de
pacificação d o pavor</c>
family:Liberation Sans">não guarda n e n h u m a proporção com a sua real
periculosidade, e no mito de</c>
family:Liberation Sans">sem nome e sem forma no qual a vida que se foi se t r a n s
f o r m o u , e o culto dos</c>
family:Liberation Sans">Pan, q u e n o calor d o meio-dia se esgueira pela floresta
e instila no pastor que</c>
family:Liberation Sans">mortos consiste em continuar a invocar e a configurar
plenamente essas formas</c>
family:Liberation Sans">cochila aquilo que, p o r sua causa, se chama pavor pânico,
essa desproporção</c>
family:Liberation Sans">de pacificação, até que elas passem t o t a l m e n t e
para o estado de r e p o u s o dos</c>
family:Liberation Sans">entre o pavor e aquilo que o desencadeia está propriamente
tematizada. Uma</c>
family:Liberation Sans">antepassados, que constitui o f u n d a m e n t o em
repouso dos vivos, propiciador</c>
family:Liberation Sans">constituição nervosa, suscetível ao pavor, encontra pelos
quatro cantos do mundo</c>
family:Liberation Sans">de segurança e continuidade, e que tem de ser
mantido</c>
family:Liberation Sans">em repouso através</c>
family:Liberation Sans">o p o r t u n i d a d e de levar um susto pavoroso. Por que
vias e como ele encontra</c>
family:Liberation Sans">da repetição. A presentificaçáo regular dos m o r t o s
acontece para q u e a sua</c>
family:Liberation Sans">essa o p o r t u n i d a d e depende inteiramente das
condições interiores e exteriores. Experiência e assimilação do pavor são
constitutivos para a humanidade</c>
family:Liberation Sans">2. Arnold van G c n n e p reconheceu pela primeira vez o
significado c o n s t i t u t i v o d e ritos de passagem p a r a</c>
family:Liberation Sans">todos os povos naturais, de cuja variedade étnica ele
retirou u m e s q u e m a básico e m trés partes: "ritos d c</c>
family:Liberation Sans">separaçao caracterizam a lase de libertação, ritos de
limiar ou de t r a n s f o r m a ç ã o , a fase i n t e r m e d i á r i a [...]
e</c>
family:Liberation Sans">ritos de agregação, a fase de integração" (A. van G c n n e
p , Übergangsriteu. F r a n k f u r t , 1986 [ 1909], p. 21).</c>
family:Liberation Sans">A lase decisiva, naturalmente, é a intermediária, na qual o
iniciando ou a coletividade já n ã o está n a velha</c>
family:Liberation Sans">e ainda nao esta na nova situação; q u a n d o se "boia
entre dois m u n d o s " ( p . 27), você se e n c o n t r a espacial</c>
family:Liberation Sans">ou socialmente em uma terra de n i n g u é m , seja n u m a
cabana isolada pela coletividade o u de f a t o n o deserto, no pântano ou em uma
selva intransitável, você é afastado s i m b o l i c a m e n t e d a rede social, t
r a t a d o c o m o</c>
family:Liberation Sans">alguém sem classe, sexo, defesa, p r e p a r a d o
violentamente para a nova vida na qual se deve e n t r a r p o r m e i o</c>
family:Liberation Sans">SOn</c>
family:Liberation Sans">Z! 1</c>
family:Liberation Sans">w "</c>
family:Liberation Sans">°' f a n c a d a s '</c>
family:Liberation Sans">VÍ nCÍa d a</c>
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family:Liberation Sans">, f i C a n t e</c>
family:Liberation Sans">m u t l l a</c>
family:Liberation Sans">SÍtUaÇâ</c>
family:Liberation Sans">^ « ' ^ u n c i s õ e s . V i c t o r T u m e r {Das
Ritual.</c>
family:Liberation Sans">dc ,imiar c o m o</c>
family:Liberation Sans">Frank-</c>
family:Liberation Sans">° n ú c l e o a r d e n t e de t o d o s os
rituais.</c>
family:Liberation Sans">7 r 0 f i s i 0 l ° 8 i c a m c n c e - D t c i f r a r o s
" t o s de passagem c o r r e s p o n Cultivad</c>
family:Liberation Sans">f * — transvaloração dos valores nascida d e tuna c o m p u
l s ã o</c>
family:Liberation Sans">n a r</c>
family:Liberation Sans">" " h e d v e l ° verdadeiro t e m a de sua riqueza de
variações n ã o seria</c>
family:Liberation Sans">a COntCr r rig</c>
family:Liberation Sans">r à CCOrÍa d o r i t u a l</c>
family:Liberation Sans">de seu e s g a r ç a m e n t o -</c>
family:Liberation Sans">e uma</c>
family:Liberation Sans">3 C t , l 0 l g i a U m filÓSOf</c>
family:Liberation Sans">COm</c>
family:Liberation Sans">on i l l o " i</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">° ^</c>
family:Liberation Sans">° h i - - d o t d a A n t i g ü i d a d e , não p o d e
ser</c>
family:Liberation Sans">considerado senamente, mas t a n t o mais c o m o
sismógrafo para transvalorações: N i e t z s c h e .</c>
family:Liberation Sans">primitiva; o desencadeador do pavor, ao contrário, é
contingente. Na Terra do</c>
family:Liberation Sans">Fogo ou n o Amazonas, na Sibéria ou na Mesopotâmia são
muito variados os</c>
family:Liberation Sans">poderes naturais que o desencadeiam. Não existe nenhum d e
s e n c a d e a d o ^</c>
family:Liberation Sans">excellence, por isso a enorme variedade, a abundância das
especific.dades étnicas</c>
family:Liberation Sans">e culturais para uma atividade surpreendentemente uniforme
em sua estrutura</c>
family:Liberation Sans">básica: a compulsão traumática à repetição. Porque a
proporção entre pavor e</c>
family:Liberation Sans">perigo tem de ser primeiro aprendida -</c>
family:Liberation Sans">talvez essa seja a primeira realizaçao</c>
family:Liberation Sans">d o assim c h a m a d o princípio de realidade</c>
family:Liberation Sans">é bem possível que a repetição</c>
family:Liberation Sans">compulsiva d o pavor experimentado sobrepuje em muito o
Desencadeador d</c>
family:Liberation Sans">pavor original em poder destrutivo, que a vítima que se
ntualiza e uni</c>
family:Liberation Sans">a tod</c>
family:Liberation Sans">u m a coletividade para infligir-lhe a morte não seja
apenas uma pahda copia</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>e sim um denso concentrado, a realização de uma
síntese, na qual u m excesso</c>
family:Liberation Sans">represado de excitação torturante se representa de m o d o
organizado e p r o d u z</c>
family:Liberation Sans">um estágio dc evolução cultural no qual a simples morte
sacrificai como apaziguamento do pavor há muito já não basta, antes já é ela
própria sentida como</c>
family:Liberation Sans">tão p a v o r o s a m e n t e brutal que necessita ser
acompanhada de circunstâncias</c>
family:Liberation Sans">um escape.</c>
family:Liberation Sans">A essa organização, de resto, também pertence algo que n o
r m a l m e n t e t e m</c>
family:Liberation Sans">antes a aparência de ser caótico: o êxtase, literalmente, o
estar fora de si. Q u e m</c>
family:Liberation Sans">é presa de dor e pavor violento fica fora de si, fora de
qualquer equilíbrio n a</c>
family:Liberation Sans">excitação, fora de qualquer controle. Mas e q u a n d o se
consegue provocar p o r</c>
family:Liberation Sans">si mesmo esse estar fora de si, fazer dele um processo v o
l u n t a r i a m e n t e p r o d u zido, algo que é uma situação extrema, c o m o
c h o q u e ou dor, mas ao m e s m o</c>
family:Liberation Sans">tempo uma espécie de vacina autoproduzida contra eles: em
condições de apanhá-lo e com isso náo apenas suavizá-lo, mas t a m b é m de
transformá-lo ativamente em algo diferente da dor? Essa foi talvez a tarefa mais
difícil n o ritual</c>
family:Liberation Sans">sacrificai em formação. Difícil dizer o q u a n t o u m a c
o m p u l s ã o t r a u m á t i c a à</c>
family:Liberation Sans">repetição que pouco a pouco se ritualizava já poderia agir
m e s m o sobre u m</c>
family:Liberation Sans">sistema nervoso humano primitivo, hipnotizando-o, p o n d o
- o em transe, embriagando-o, e o quanto era necessário para isso o auxílio de
substâncias tóxicas encontradas em ervas, raízes e frutos. É fato q u e e m b r i a
g u e z , h i p n o s e ,</c>
family:Liberation Sans">transe não são de maneira nenhuma a mesma coisa, p o d e n
d o mesmo, e n q u a n to situações clínicas, ser diferenciadas com bastante
exatidão, mas, c o m o formas</c>
family:Liberation Sans">do estar-fora-de-si, recebem uma denominação c o m u m e,
antes de q u a l q u e r</c>
family:Liberation Sans">coisa, têm uma existência pré-clínica — tanto no sentido
histórico q u a n t o n o</c>
family:Liberation Sans">a m e n i z a d o r a s p a r a p o d e r ser ao menos
suportada pelos participantes -</c>
family:Liberation Sans">m e s m o m o d o c o m o mais tarde se servia álcool aos
pelotões de fuzilamento.</c>
family:Liberation Sans">H o j e d i s p o m o s das dosagens e instrumentos
necessários para pôr seres vivos</c>
family:Liberation Sans">imediatamente e, se necessário, contra sua vontade, sob o
efeito da hipnose, do</c>
family:Liberation Sans">álcool, de h e r o í n a ou qualquer outra forma de
embriaguez. Originalmente,</c>
family:Liberation Sans">entrar em êxtase era resultado de um extenuante esforço
pessoal, de uma custosa técnica de repetição e concentração — e que podia, quando
muito, ser</c>
family:Liberation Sans">facilitada por estimulantes embriagadores, mas, devido a
sua pequena dosagem,</c>
family:Liberation Sans">não substituída p o r eles 29 .</c>
family:Liberation Sans">O êxtase, de resto, tem uma relação ambígua com a
sexualidade: ele pode</c>
family:Liberation Sans">significar a intensificação dela até se tornar uma parte
constituinte do culto</c>
family:Liberation Sans">como, p o r exemplo, a cópula ritual para a conjuração da
chuva fertilizante, que</c>
family:Liberation Sans">então, p o r sua vez, é imaginada como a cópula do céu com
a terra. Mas também a</c>
family:Liberation Sans">abstinência sexual é um abandono da situação normal de
satisfação dos instintos.</c>
family:Liberation Sans">Colocar-se demonstrativamente em situação de abstinência
levando atrás de si</c>
family:Liberation Sans">todos os registros da técnica do êxtase não é menos
freqüentemente combinado</c>
family:Liberation Sans">com a oferenda de vítimas sacrificais em culturas antigas
que o excesso sexual.</c>
family:Liberation Sans">Essa descoberta exige que se decifre a compulsão à
repetição a partir da teoria</c>
family:Liberation Sans">sentido de seu grau de intensidade —, na qual os seus c o n
t o r n o s não se destacam com nitidez uns dos outros e em que não está
esclarecido de que maneira</c>
family:Liberation Sans">morfina e opiáceo próprios do corpo agem aqui c o n j u n t
a m e n t e com drogas</c>
family:Liberation Sans">ingeridas, como estimulantes ou sedativos. A p r o d u ç ã
o de u m tal estado, q u e</c>
family:Liberation Sans">pode ter tanto um lado de intensificação i n c o m u m de
excitação q u a n t o de</c>
family:Liberation Sans">entorpecimento e é o entrelaçamento de ambos, deve ter sido
n o início u m a</c>
family:Liberation Sans">medida autodisciplinadora de primeira ordem, êxtase não c o
m o recaída n o</c>
family:Liberation Sans">desregramento, e sim como técnica de anestesia da d o r c t
r a n s f o r m a ç ã o d a</c>
family:Liberation Sans">excitação do pavor no sentimento de prazer da embriaguez.
"Vou e m peregrinação para o outro lado / e cada pena /será um aguilhão da volúpia"
é a fórmula genial de Novalis para isso 28 . E onde se e n c o n t r a m formas
ritualizadas de</c>
family:Liberation Sans">êxtase, são formas solenes que envolvem a prática do
sacrifício c o m o u m a capa</c>
family:Liberation Sans">protetora. Gesticulação frenética e danças até à exaustão,
a u t o m o r t i f i c a ç ã o ,</c>
family:Liberation Sans">excesso sexual, sejam quais forem as formas que o êxtase
tomar, elas i n d i c a m</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">2 8</c>
family:Liberation Sans">CHÜ10S à n9ÍtC)</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">' ^</c>
family:Liberation Sans">r k C ></c>
family:Liberation Sans">C b ü c h c r Und Brte& F</c>
family:Liberation Sans">^ r i l o n</c>
family:Liberation Sans">Hardenbergs.</c>
family:Liberation Sans">29 A a f i r m a ç ã o d c N i c t z s c h c a respeito da
casta "aristocrático-cavalheiresca, que nos primeiros tempos da</c>
family:Liberation Sans">h u m a n i d a d e se e n c o n t r a v a no t o p o e,
com ela "uma poderosa corporcidade, uma saúde florescente, rica, c</c>
family:Liberation Sans">m e s m o transbordanre, além daquilo que determina a sua
preservação, guerra, aventura, caça, dança, torneios</c>
family:Liberation Sans">e a b s o l u t a m e n t e t u d o q u a n t o implica uma
atividade forte, livre, alegre-, até que enfim um "modo dc valoração sacerdotal"
derivado dela "contrário à equação de valores aristocrática (bom = distinto -
poderoso</c>
family:Liberation Sans">= belo = feliz = a m a d o p o r Deus) ousou, com uma
conseqüência assustadora, a inversão e decretou o seu</c>
family:Liberation Sans">o p o s t o , a saber, q u e " s o m e n t e os miseráveis
são bons. os pobres, impotentes, interiores (F. Nietzsche.</c>
family:Liberation Sans">Gencaloric der mor A, KSA 5 [Edições críticas], pp. 266 e
segs.); essa afirmação não pode ser levada a sério</c>
family:Liberation Sans">c o m o descrição d o transcurso histórico real. T a n t o
mais produtiva ela se mostra para a psicologia do xama</c>
family:Liberation Sans">d o p i o n e i r o da técnica d o êxtase. N u m b a n d o
de animais existe normalmente apenas uma ^ a d e ^ d a</c>
family:Liberation Sans">força física, r a r a m e n t e a da idade e apenas e n q u
a n t o a idade estiver combinada a</c>
family:Liberation Sans">disso, dc fato, trata-se de uma inversão quase impossível
de ser superestimada q ™ d o</c>
family:Liberation Sans">.o</c>
family:Liberation Sans">^ h d</c>
family:Liberation Sans">c o m e ç a a i n t e r p r e t a r a febre, o transe,
ataques epilépticos c o m o tabus, literalmente ^</c>
family:Liberation Sans">c o n s i d e r a r c o m o "eleitas" pessoas q u e de m o
d o espetacular entram nesses « « d o E . e can</c>
family:Liberation Sans">so o</c>
family:Liberation Sans">q u e a c o n t e c e n o x a m a n i s m o : a associação
da suprema autoridade rnbal c o - u m e s t ^ - d s, que m</c>
family:Liberation Sans">t o d o s os s i n t o m a s de e n f e r m i d a d e s ou
debílidades. Porém uma espécie especc a l ^ ^</c>
family:Liberation Sans">fiuo d e q u e ele sofre ataques epilépticos que,</c>
family:Liberation Sans">seu prestígio, e sim ao f a t o de q u e ele a d o m i n a
( M . E l a d e ^</c>
family:Liberation Sans">d l f c r c n c i a r táO niddaF r a n k f u r t , 1975. p.
38). E m e s m o q u e os estados dc êxtase do xama</c>
family:Liberation Sans">m e n t e c o m o "mais elevados», religiosos, de o u t r o
s estados d o e n t o na ura s <orno g</c>
family:Liberation Sans">p r i n c i p i o e a t r a n s f o r m a ç ã o de
fraquezas em torças, a inversão £</c>
family:Liberation Sans">t r-fora d ^ s de H</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">,^</c>
family:Liberation Sans">pessoa p a r a algo q u e se "domina". Q u a n d o a
autoridade ^ Pura o ^ H ^ q</c>
family:Liberation Sans">CQ</c>
family:Liberation Sans">aristocrático-cavalheiresca) começa a ceder o passo à
autoridade daquela torça</c>
family:Liberation Sans">q</c>
family:Liberation Sans">e x a t a m e n t e aquilo q u e N i e t z s c h e c h a m
a de psicologia sacerdotal.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>dos instintos e que se coloque um grande p o n t o de
interrogação atrás da expres-</c>
family:Liberation Sans">é a realidade do princípio de prazer, pois a realidade do
instinto é apercepção</c>
family:Liberation Sans">são "renúncia ao instinto" tão freqüentemente utilizada por
Freud. Sentir-se</c>
family:Liberation Sans">de resistência pelos sentidos, o sentir-se obrigado a
superá-la, torná-la ineficaz,</c>
family:Liberation Sans">atraído a posteriori por um poder avassalador: será isso
renúncia, quer dizer,</c>
family:Liberation Sans">contorná-la, em outras palavras, sentir-se obrigado a
tornar-se inteligente. E à</c>
family:Liberation Sans">abandono voluntário, resignado de seus próprios desejos e
vontades? Antes,</c>
family:Liberation Sans">superação d o pavor através de sua repetição é a realização
da inteligência que</c>
family:Liberation Sans">provavelmente, uma inversão ativa do instinto, por meio da
qual o o b j e t o de</c>
family:Liberation Sans">fez o bicho h o m e m tornar-se Homo sapiens. A compulsão
traumática à repeti-</c>
family:Liberation Sans">desprazer se torna tendencialmente um objeto de prazer. A
"identificação com</c>
family:Liberation Sans">ção já pertence à realidade do princípio de prazer, assim
como, ao contrário, a</c>
family:Liberation Sans">o agressor" não precisa de n e n h u m patriarca e de n e n
h u m triângulo edipiano,</c>
family:Liberation Sans">fruição positiva d o prazer é uma espécie de posto mais
avançado do princípio</c>
family:Liberation Sans">ela acontece já na própria compulsão à repetição — e
convida a interpretar "o</c>
family:Liberation Sans">de realidade: o ato bem-sucedido de desviar ou manter
afastado o desprazer.</c>
family:Liberation Sans">período pré-histórico" do princípio de prazer no sentido de
u m "período de</c>
family:Liberation Sans">Assim c o m o a debelação do desprazer é prazer latente,
assim o prazer manifes-</c>
family:Liberation Sans">preparação", como sua, por assim dizer, fase de
latência.</c>
family:Liberation Sans">to é a entrada em estado de latência de seus desmancha-
prazeres. O que Freud</c>
family:Liberation Sans">É certo que a debelação do desprazer não é a produção de
prazer, mas é uma</c>
family:Liberation Sans">chama de além d o princípio do prazer é também aquém. Como
força desvian-</c>
family:Liberation Sans">espécie de preparação para ela. "É um sentimento
maravilhoso q u a n d o a d o r</c>
family:Liberation Sans">te que, n o m o m e n t o mesmo em que leva a cabo a
debelação do desprazer tam-</c>
family:Liberation Sans">cessa", explica o louco da conhecida piada seu costume dc
bater a cabeça volun-</c>
family:Liberation Sans">bém trabalha para a construção do prazer, a compulsão à
repetição é o instinto</c>
family:Liberation Sans">tariamente. C o m o piada pode ser fraca; do p o n t o de
vista da teoria dos instin-</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o par excellence. O material sobre o seu papel
como criador de cultura</c>
family:Liberation Sans">tos, é forte. Se o instinto significa algo como buscar o
prazer e evitar o despra-</c>
family:Liberation Sans">teria sido c o m o que dado de presente a Freud pelas
pesquisas etnológicas que</c>
family:Liberation Sans">zer — e preparar o melhor c a m i n h o nervoso possível
para a canalização da</c>
family:Liberation Sans">lhe eram bem conhecidas. Mas ele não desperdiça um único
pensamento com</c>
family:Liberation Sans">excitação é apenas uma expressão neurológica para isso —,
então o instinto, ali</c>
family:Liberation Sans">isso. É certo que ele liga uma nova definição de instinto à
compulsão à repetição,</c>
family:Liberation Sans">onde o desprazer não pode ser evitado, tem de se c o n s t
i t u i r na busca p a r a a</c>
family:Liberation Sans">mas esta é singularmente pré-cultural: "um instinto seria,
portanto, um impul-</c>
family:Liberation Sans">melhor íorma possível de debelá-lo. A tese de Freud segundo
a qual na assimi-</c>
family:Liberation Sans">so inerente ao orgânico vivo à restauração de um estado
anterior" (p. 246). Ele</c>
family:Liberation Sans">lação do pavor por meio da repetição o princípio de prazer
é "desativado com-</c>
family:Liberation Sans">não n o t a que isso p o d e ser lido como uma definição
francamente exemplar do</c>
family:Liberation Sans">pletamente" 3 ' 1 é totalmente íncompreensiva. Ele trabalha
simplesmente incóg-</c>
family:Liberation Sans">sacrifício cultuai — e o associa exclusivamente a processos
naturais. As migra-</c>
family:Liberation Sans">nito na preparação de si mesmo, para falar filosoficamente:
nas condições de</c>
family:Liberation Sans">ções dos peixes para a desova, os caminhos das aves de
arribaçáo, eternamente</c>
family:Liberation Sans">sua possibilidade. Assim como não é certo, d o p o n t o de
vista da história da</c>
family:Liberation Sans">iguais, o transcurso imutável do germe através das mesmas
fases até tornar-se</c>
family:Liberation Sans">religião, que a humanidade se tenha encontrado de início em
u m a fase de de-</c>
family:Liberation Sans">um o r g a n i s m o plenamente formado, a indolência da
vida orgânica como tal,</c>
family:Liberation Sans">senfreada formação de desejos mágica, de uma o n i p o t ê
n c i a que, p o r assim</c>
family:Liberation Sans">são para ele indicadores da direção para a qual a compulsão
à repetição empur-</c>
family:Liberation Sans">dizer, velejava livremente, até que a invenção do
sacrifício interviesse com t o d a</c>
family:Liberation Sans">ra e impele os organismos: para um estado "que o vivente
abandonou em algum</c>
family:Liberation Sans">sua força, também não é certo, de um p o n t o de vista
psicogenético, q u e pri-</c>
family:Liberation Sans">m o m e n t o e p a r a o qual ele anseia retornar através
de todos os desvios da evo-</c>
family:Liberation Sans">meiro um princípio de prazer livre de tutela estivesse em
ação até que viesse a</c>
family:Liberation Sans">lução". " O objetivo de toda vida é a morte" (p. 248). No
estágio de surgimento</c>
family:Liberation Sans">ser enquadrado por um princípio de realidade. D o desejo do
lactente p o r ime-</c>
family:Liberation Sans">d o o r g â n i c o esse objetivo foi ainda buscado em
linha reta: a tensão que se</c>
family:Liberation Sans">diata satisfação oral, nós só sabemos que esta não ocorreu
p o r q u e a criança</c>
family:Liberation Sans">instalou na matéria no m o m e n t o em que esta se tornou
viva "aspirava neutra-</c>
family:Liberation Sans">chora. O assim chamado "princípio" do prazer se reconhece
tão s o m e n t e pelo</c>
family:Liberation Sans">lizar-se; assim surgiu o primeiro instinto, o de retornar
ao inanimado (p. 248).</c>
family:Liberation Sans">lato de não poder ser rastreado. Ele se encontra desde o
início sob condições</c>
family:Liberation Sans">Assim, p o r t a n t o , i n t r o d u z Freud sua famosa
pulsão de morte: como puisao</c>
family:Liberation Sans">dc abstenção. O n d e começa a se articular, ele se choca
contra resistências q u e</c>
family:Liberation Sans">primordial de t o d o orgânico. E como aconteceu de ele não
permanecer o umeo.</c>
family:Liberation Sans">o levam a tomar desvios. O princípio de prazer puro não
tem, c o m o o paraíso,</c>
family:Liberation Sans">Pretensamente p o r q u e os organismos começaram a
produzir células germinais</c>
family:Liberation Sans">nenhuma realidade histórica. O assim chamado princípio de
realidade, porém,</c>
family:Liberation Sans">Estas "provavelmente conservam a estrutura original da
substancia viva e se</c>
family:Liberation Sans">desligam, depois de u m tempo, do todo do organismo" (p.
2,9). começam</c>
family:Liberation Sans">30 S. Freud Jenseits da Lustprinzips, p. 239.</c>
family:Liberation Sans">viVer uma vida própria e contrariam com isso a ânsia de
morte original. Assim</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>as células germinais trabalham contra a m o r t e da
substância viva" (p. 249). O</c>
family:Liberation Sans">tensão n a o é completa, pois tensão .'vida. Mas se ela for
completa nada mais</c>
family:Liberation Sans">que se manifesta nelas "são os verdadeiros instintos de
vida e, assim, é c o m o se</c>
family:Liberation Sans">é vivenciado; o c o r p o está m o r t o . A busca de
prazer é a tentativa de realizar</c>
family:Liberation Sans">houvesse um ritmo vacilante na vida dos organismos; um g r
u p o de instintos</c>
family:Liberation Sans">esse impossível, e n o s poucos momentos em que a debelação
pode ser fruída</c>
family:Liberation Sans">se atira para frente, a fim de alcançar o mais rápido
possível o objetivo final da</c>
family:Liberation Sans">de m o d o tão livre de incômodos quanto se ela fosse
completa, tem-se um an-</c>
family:Liberation Sans">vida, o outro se lança para trás em um certo trecho desse c
a m i n h o , para tornar</c>
family:Liberation Sans">tegosto desse impossível, aí se prova, em linguagem
bíblica, do fruto da terra</c>
family:Liberation Sans">a percorrê-lo a partir de um certo p o n t o , e assim p r
o l o n g a r sua d u r a ç ã o "</c>
family:Liberation Sans">prometida, o n d e não se consegue chegar. Não por acaso o
grande teórico cristão</c>
family:Liberation Sans">(p_ 250) — um processo que "levou a desvios cada vez
maiores n o c a m i n h o</c>
family:Liberation Sans">do i n s t i n t o imaginou a eterna bem-aventurança como a
eternização daquele</c>
family:Liberation Sans">original da vida e a desvios cada vez mais complicados até
alcançar o seu obje-</c>
family:Liberation Sans">m o m e n t o de felicidade n o qual o impossível parece
realizar-se: "no qual se</c>
family:Liberation Sans">tivo de morrer" (p. 248).</c>
family:Liberation Sans">irradia de m i n h a alma o que espaço algum pode conter,
no qual ressoa o que</c>
family:Liberation Sans">Segundo essa idéia, o eros é de início apenas um
autoimpedimento da pulsão</c>
family:Liberation Sans">t e m p o algum leva, no qual recende o que vento algum
dissipa, no qual há um</c>
family:Liberation Sans">de morte: nada além de um desvio e postergação com q u e
ele se presenteou</c>
family:Liberation Sans">sabor que saciedade alguma estraga, no qual se aninham e
buscam um no outro</c>
family:Liberation Sans">por meio de um arremesso de células germinais. Assim, p o r
é m , q u e o eros é</c>
family:Liberation Sans">o que n e n h u m fastio separa" 33 .</c>
family:Liberation Sans">introduzido, recebe o status de um poder independente, ele
é t o m a d o p o r um</c>
family:Liberation Sans">Q u a n d o um organismo deseja preservar-se, ele é
conservador. Mas quando</c>
family:Liberation Sans">adversário equivalente da pulsão de morte e "a própria
vida" c o m o "uma luta</c>
family:Liberation Sans">ele ao m e s m o t e m p o busca uma debelação completa da
tensão, ele é o contrário</c>
family:Liberation Sans">e um compromisso entre esses dois anseios" 31 . Deixemos de
lado os despropó-</c>
family:Liberation Sans">de regressivo. Matéria inanimada é provavelmente mais
antiga que animada,</c>
family:Liberation Sans">sitos que são inevitáveis q u a n d o se supõe a existência
de um instinto primevo</c>
family:Liberation Sans">mas o ser i n a n i m a d o não é o estado primeiro de cada
corpo animado, como</c>
family:Liberation Sans">para depois duplicá-lo em dois equivalentes que devem,
ambos, obedecer à lei</c>
family:Liberation Sans">se ele já estivesse anteriormente ali e só então lhe
tivesse sido insuflada a vida.</c>
family:Liberation Sans">da debelação de tensões, mas de maneiras tão opostas, que u
m busca a m o r t e</c>
family:Liberation Sans">N o exato m o m e n t o em que ele é algo, ele é um
complexo de células, uma</c>
family:Liberation Sans">e outro, a vida, e cada excitação instintual é colocada t a
n t o na c o n t a de u m</c>
family:Liberation Sans">o r g a n i z a ç ã o orgânica, e sua busca da debelação
completa da tensão não é a</c>
family:Liberation Sans">quanto na do outro, podendo ser interpretada tanto como
prazer q u a n t o c o m o</c>
family:Liberation Sans">busca de u m estado inorgânico, e sim de algo que ainda não
havia existido. Ele</c>
family:Liberation Sans">frustração 32 . Mais fundamentais são as duas "qualidades
essenciais" que Freud</c>
family:Liberation Sans">não é regressivo, e sim utópico, e a idéia cristã da eterna
bem-aventurança é a</c>
family:Liberation Sans">atribui ao instinto primevo: conservador e regressivo. Elas
significam coisas</c>
family:Liberation Sans">insuperada objetivação dessa utopia. A idéia de Freud do
impulso regressivo de</c>
family:Liberation Sans">completamente diferentes; uma, algo c o m o se preservar, e
a outra, desejar vol-</c>
family:Liberation Sans">t o d o orgânico para a restauração de um estado primevo
inorgânico provém, ao</c>
family:Liberation Sans">tar a um estado anterior. Freud as trata c o m o se fossem
a mesma coisa, c o m o</c>
family:Liberation Sans">contrário, de uma esfera da qual nesse contexto ele não
toma consciência: a do</c>
family:Liberation Sans">se ambas provassem unívoca e inequivocamente, que desejar a
debelação da</c>
family:Liberation Sans">culto. A pulsão de m o r t e é concebida exatamente como o
desejo que sente uma</c>
family:Liberation Sans">tensão não significa senão não querer mais viver, pois vida
é tensão. Mas isso</c>
family:Liberation Sans">coletividade q u e realiza um sacrifício: o de colocar-se
em consonância com sua</c>
family:Liberation Sans">é apenas um lado da debelação da tensão. Pois, a partir do
m o m e n t o em que a</c>
family:Liberation Sans">origem. Apenas, a real origem cultuai significa o máximo de
inquietude, a saber,</c>
family:Liberation Sans">tensão não é mais apenas a física entre coisas inanimadas,
e sim a orgânica n o</c>
family:Liberation Sans">o pavor traumático, enquanto Freud o imagina como o exato
oposto disso: como</c>
family:Liberation Sans">interior de um corpo vivo, este deseja, a partir daí, algo
impossível: vivência?'</c>
family:Liberation Sans">estado de repouso inorgânico, pelo qual pretensamente todo
orgânico anseia.</c>
family:Liberation Sans">a completa debelação da tensão. E n q u a n t o vivcnciamos
algo, a debelação da</c>
family:Liberation Sans">Assim ele e n c o b r e a compulsão traumática à repetição
com o seu contrário,</c>
family:Liberation Sans">c o m o q u e a deita para que repouse, envolve-a na
roupagem de um instinto na-</c>
family:Liberation Sans">31 S. Freud, Das Ich und rias Es. [ O ego e o id).
Studienausgabe, vol. III, p. 307.</c>
family:Liberation Sans">32 Q u e "ali o n d e se manifestam f e n ô m e n o s c o m
o o m a s o q u i s m o , a a u t o p u n i ç ã o o u o u t r o s s e m e l h a n t
e s ,</c>
family:Liberation Sans">apoiando-se na teoria da pulsão de m o r t e , se pare c o
m a análise e se p e n s e ter d i a n t e d e si f a t o s já primários, d e
origem biológica", ou q u e se t o m e "a eficácia da c e n s u r a d o s o n h o c
o m o prova d a existência</c>
family:Liberation Sans">da pulsão de m o r t e - são apenas os abusos mais crassos
de f r e u d i a n o s q u e O t r o Fenichel c e d o já n o tara ( O . F-cnichel,
" Z u r Kritik des Todestriebs", in Aufsãtze. O l t e n e Freiburg, 1979 [1935],
vol. 1, p p 369</c>
family:Liberation Sans">e segs.). O problema é tão s o m e n t e : a teoria do eros
e d a pulsão de m o r t e n ã o tem n e n h u m freio m e t ó d i c o</c>
family:Liberation Sans">contra tais atribuições arbitrárias. Freud, em principio,
não procedeu aqui de m o d o d i f e r e n t e , a p e n a s incomparavelmente mais
cuidadoso, q u e alguns dc seus discípulos afoitos.</c>
family:Liberation Sans">tural pré-cultural em que a sangrenta ação fundamental do
culto aparece como</c>
family:Liberation Sans">algo c o m p l e t a m e n t e natural: como o
autossacrifício, a autodissoluçao, para a</c>
family:Liberation Sans">qual t o d a carne é impelida por si mesma. Esse
ocultamento consuma o fato da</c>
family:Liberation Sans">ririrr,</c>
family:Liberation Sans">3 3 A. A g o s t i n h o , BekemUinisse</c>
family:Liberation Sans">X, 6. Para esse m o m e n t o</c>
family:Liberation Sans">felicidade</c>
family:Liberation Sans">fo.</c>
family:Liberation Sans">tornou-se costumeira a expres4. Mas</c>
family:Liberation Sans">B ü é c i o > D e Trmitau.</c>
family:Liberation Sans">são nunestans aeternitatis [agora estático da eternidade],
^ u u n .</c>
family:Liberation Sans">- l</c>
family:Liberation Sans">a q u i l o q u e ela significa já se e n c o n t r a
insuperavelmente representado em Agosunh</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>repressão. Já o título Além do princípio de prazer
evoca p r o g r a m a t i c a m e n t e o</c>
family:Liberation Sans">Freud se aferre decididamente, mesmo em seus escritos
tardios, à idéia de que</c>
family:Liberation Sans">que Freud pretende. A compulsão traumática à repetição deve
ser b a n i d a para</c>
family:Liberation Sans">a cultura se deve a um crime sexual capital e a sua
expiação. Mais adiante ele</c>
family:Liberation Sans">além do círculo concreto de ação da psicanálise, para a
esfera pré-psicológica da</c>
family:Liberation Sans">narra o m i t o d o poderoso patriarca que reivindicava
para si todas as mulheres</c>
family:Liberation Sans">pura biologia e fisiologia. Desse além ela então só
encontra ingresso na teoria</c>
family:Liberation Sans">da h o r d a , afastava todos os filhos que desejavam
aplacar seu ardor com elas:</c>
family:Liberation Sans">e na práxis psicanalítica da mesma forma pela qual o p e n
s a m e n t o latente n o</c>
family:Liberation Sans">"encontrou seu fim na indignação dos filhos, que se uniram
contra o pai", e ao</c>
family:Liberation Sans">sonho encontra ingresso no conteúdo manifesto do s o n h
o : censurada. O u ex-</c>
family:Liberation Sans">m e s m o t e m p o os venceu postumamente: para poder
viver em paz uns com os</c>
family:Liberation Sans">plicitamente como compulsão à repetição, mas então apenas c
o m o c o m p u l s ã o</c>
family:Liberation Sans">outros, os irmãos vencedores renunciaram às mulheres por
causa de quem eles,</c>
family:Liberation Sans">neurótica à repetição, desenvolvida a partir dos
transtornos psicossexuais d o</c>
family:Liberation Sans">n o entanto, haviam matado o pai, e adotaram a
exogamia"37.</c>
family:Liberation Sans">triângulo edipiano 3 4 ; ou então como representante da p u
l s ã o de m o r t e q u e</c>
family:Liberation Sans">é apresentado como encontrável em c o n s t a n t e mistura
e separação c o m sua</c>
family:Liberation Sans">contraparte, o eros. A idéia de mistura é nesse caso um
verdadeiro cúmplice da</c>
family:Liberation Sans">To de ti</c>
family:Liberation Sans">censura psicanalítica. Ela é exterior o bastante para não
tocar em n e n h u m dos</c>
family:Liberation Sans">dois instintos que se misturam, e coringa o suficiente para
p o d e r ser utilizada</c>
family:Liberation Sans">Ora, n e n h u m pesquisador moderno sabe exatamente como
as coisas se passaram</c>
family:Liberation Sans">em qualquer parte em que a ambivalência f u n d a m e n t a
l dos sentimentos, seja</c>
family:Liberation Sans">na origem da cultura. N e n h u m estava lá. Mesmo assim: a
renúncia ao instinto</c>
family:Liberation Sans">no caso do sadismo, do masoquismo, da p r o n t i d ã o
para a g u e r r a ou para a</c>
family:Liberation Sans">com certeza não surgiu tão facilmente como Freud sugere
aqui. Ela não está</c>
family:Liberation Sans">submissão, exija uma rápida explicação. Ela fornece até
mesmo o "sentido da</c>
family:Liberation Sans">na origem da cultura, e sim é ela própria um produto
avançado da cultura.</c>
family:Liberation Sans">evolução da cultura": "ela tem de nos mostrar a luta entre
eros e m o r t e , pulsão</c>
family:Liberation Sans">Seres que querem praticá-la têm de estar já exercitados em
grande medida no</c>
family:Liberation Sans">de vida e pulsão de destruição, como ele se consuma na
espécie humana" 3 5 . U m</c>
family:Liberation Sans">desvio de instintos. Para perceber que em certas situações
poderia ser "melhor"</c>
family:Liberation Sans">tal lugar-comum é o preço pago por Freud não ter p o d i d
o mostrar-se seriamente</c>
family:Liberation Sans">não ceder ao instinto de satisfação sexual eles teriam de
já ter percorrido uma</c>
family:Liberation Sans">receptivo à mais excitante descoberta de sua época. Ele p o
d e incorporar a com-</c>
family:Liberation Sans">história bem-sucedida de redirecionamento dos instintos:
ter aprendido a se</c>
family:Liberation Sans">pulsão traumática à repetição somente até um p o n t o em
que o p o d e r criador de</c>
family:Liberation Sans">colocar n u m a situação extraordinária que apara o
desprazer e o transforma</c>
family:Liberation Sans">cultura dela permanece irreconhecível. D o contrário, t o d
o o trabalho psicana-</c>
family:Liberation Sans">t e n d e n c i a l m e n t e em prazer. Em outras
palavras: eles teriam de já haver ido</c>
family:Liberation Sans">lítico, centrado na sexualidade, baseado n o conflito
edipiano, seria abalado. A</c>
family:Liberation Sans">longe com a capacidade do êxtase. Técnica do êxtase não é
necessariamente</c>
family:Liberation Sans">pulsão de morte é exatamente a "explicação", quer dizer, a
cifra da c o m p u l s ã o</c>
family:Liberation Sans">traumática à repetição, que previne contra esse abalo. Essa
explicação é para a</c>
family:Liberation Sans">teoria psicanalítica o que o sonho é para o sono: protetor
3 6 . Ela faz com q u e</c>
family:Liberation Sans">34 Ver acima nota 23.</c>
family:Liberation Sans">35 S. Freud. Das Unbebagen in der Kultur. Studienausgabc. F
r a n k f u r t , 1974, vol. IX, p. 249.</c>
family:Liberation Sans">36 N ã o por acaso a pulsão dc m o r t e não permaneceu o
capricho pessoal dc Freud. Sua a t i t u d e a m b i v a l e n t e</c>
family:Liberation Sans">diante dele (apenas "especulações", q u e foram "de início
e m p r e e n d i d a s apenas s o b a f o r m a de tentativa",</c>
family:Liberation Sans">mas com o correr d o t e m p o ganharam um tal p o d e r
sobre m i m , q u e eu n ã o posso mais p e n s a r de o u t r a</c>
family:Liberation Sans">maneira [Das Unbebagen in der Kultur, p. 246]) transmitiu-
se para t o d o o discurso psicanalítico. M e s m o</c>
family:Liberation Sans">rcnichel, q u e censurava na pulsão de m o r t e t a n t o
a frita de uma f o n t e s o m á t i c a d o i n s t i n t o q u e t o r n e
o</c>
family:Liberation Sans">sistema ps.qu.co a m á v e l e, c o m o auxílio dc
estímulos sensoriais, r e a l m e n t e excitado", c o m o t a m b é m a</c>
family:Liberation Sans">írrealizada transformação da fonte, que c o r r e s p o n d
e à expulsão' da excitação = distensão". e c o m isso</c>
family:Liberation Sans">considera impossível o p o r a pulsão de m o r t e ' c o m
o uma espécie d e p u l s ã o a u m a o u t r a espécie", está</c>
family:Liberation Sans">longe de negar os fatos assim c o m o a p r o f u n d i d a
d e filosófica q u e s u b j a z à h i p ó t e s e f r e u d i a n a . " " U m
a</c>
family:Liberation Sans">generalizaçao biológ.ca d o princípio d o nirvana parece m
u i t o p r o f u n d a e i m p r e s s i o n a n t e . " " Q u e a v i d a</c>
family:Liberation Sans">se,a um curso que leva à m o r t e , parece-me corresponder
p r o f u n d a m e n t e à essência d o f e n ô m e n o d a vida"</c>
family:Liberation Sans">° P ' ^ - P ' 5 ' 3 6 4 c sc & s - c 3 7 ° ) - A
concepção dualista de u m a vida d i v i d i d a e n t r e eros e pulsão d
e</c>
family:Liberation Sans">morte, e puxada ora para um ora para o u t r o , i n d u b
i t a v e l m e n t e t a m b é m teve i n f l u ê n c i a na m i n u c i o s
a</c>
family:Liberation Sans">análise feita p o r M e l a n i e Klein da separação do
seio materno durante a primeira infância entre uma parte</c>
family:Liberation Sans">" b o a " e o u t r a má" e t o r n o u o olhar m u i t o
mais agudo para a micrologia e a importância desse processo dc</c>
family:Liberation Sans">separação p a r a a c o n s t i t u i ç ã o d o "si-mesmo"
infantil e, portanto, atuou dc modo heuristicamente produtivo, sem c o m isso se t
o r n a r mais verdadeira, ( c f . por exemplo, Melanie Klem Bemerkungen uber e m g
e</c>
family:Liberation Sans">s c h i z o i d e M e c h a n i s m e n " , in Gesammelte
Scbrifien. Frankfurt, 2000 [1946], vol. III.).</c>
family:Liberation Sans">d e m o r t e t a m b é m faz das suas q u a n d o , por
assim dizer, à sua sombra, alguns P ^ f</c>
family:Liberation Sans">p r o n t o s a acolher vítimas de traumas vitais, c o m o
por exemplo sobreviventes de c a m p « *</c>
family:Liberation Sans">« J ^ J ^</c>
family:Liberation Sans">\ a a p r o f u n d a r sua própria compreensão do trauma,
mesmo quando, com isso. a es de q u o</c>
family:Liberation Sans">m e d i d a em q u e p r o v o í a um estado d e desfcsão
dos instintos e</c>
family:Liberation Sans">pulsão de m o r t e ( D . Laub, "Eros o d e r Thanatos. Der
Kampt um die</c>
family:Liberation Sans">9 P /. 0. 2000, p. 862) n ã o se t o r n a mais
convincente. Por</c>
family:Liberation Sans">crítica à pulsão de m o r t e . Sua dccifraçâo soc.al-
crit.ca P d a qu;a ^HerDerrM</c>
family:Liberation Sans">c o n s i s t e em s i m p l e s m e n t e r e c o n t a r
acriticamente « ^ ^ ^ t S ^ / S e</c>
family:Liberation Sans">a condição</c>
family:Liberation Sans">fazer-lhe a ressalva d e q u e sob "condições nao
repressivas tudo sen* obv.a</c>
family:Liberation Sans">jnconsclciUc q u e</c>
family:Liberation Sans">d c vida alcançada f J e agradável e desejável, isso . « »
« . —</c>
family:Liberation Sans">^ S n t o s s e a p a z i ^</c>
family:Liberation Sans">c h a m a os i n s t i n t o s de volta para um estado
anterior. A n a t u r e z a M a r c u S ( , mebstruktur</c>
family:Liberation Sans">und</c>
family:Liberation Sans">ria n u m a a t u a l i d a d e plena. A m o r t e cessaria
de ser um alvo a o inst</c>
family:Liberation Sans">decididamente muito</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">/•</c>
family:Liberation Sans">II I f n</c>
family:Liberation Sans">i f ; 1Q-71 íiQSSl no ' 1 9 ce 232). Para uma teoria
crítica j s s o e u c u</c>
family:Liberation Sans">GcseUschaj. F r a n k f u r t , 1 9 / 3 [ I505J. PP' ^
'</c>
family:Liberation Sans">inofensivo.</c>
family:Liberation Sans">i i v n S7S</c>
family:Liberation Sans">37 S. Freud. DerMann</c>
family:Liberation Sans">Moses und die rnonotbetsHscbe Reltgion, Studienausgabe,
vol. IX. p.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>técnica da ascese, mas a técnica da ascese é uma f o
r m a sublime da técnica d o</c>
family:Liberation Sans">êxtase. Portanto é completamente anacrônica a concepção de
q u e filhos sem</c>
family:Liberation Sans">nenhuma prática cultural, sem a menor idéia do que seja o
desvio d o instinto,</c>
family:Liberation Sans">pudessem, através do assassinato coletivo do patriarca, ter
evoluído para a alta</c>
family:Liberation Sans">realização cultural da má consciência j u n t a m e n t e
com a d e s c o b e r t a de q u e</c>
family:Liberation Sans">muito melhor do que continuar a fazer c o m o o velho é a d
o t a r a renúncia ao</c>
family:Liberation Sans">instinto de uma ordem matrimonial exogâmica. Tal f o r m a
de pensar passaria</c>
family:Liberation Sans">tão ao largo da morosidade da evolução histórica q u a n t
o se imaginássemos</c>
family:Liberation Sans">que, ao primeiro sentimento de insuficiência de
compreensão, a h u m a n i d a d e</c>
family:Liberation Sans">tivesse incontinenti inventado o correio p o r meio de
sinais de f u m a ç a ou a</c>
family:Liberation Sans">sonata de piano, ao primeiro mal-estar, com a m o n o t o n
i a das batidas rituais de</c>
family:Liberation Sans">tambor. Mesmo que ninguém possa fazer um relato empírico d
o surgimento da</c>
family:Liberation Sans">continência sexual: as primeiras menções a ela, em todas as
culturas, a t r a t a m</c>
family:Liberation Sans">como situação extraordinária de caráter ritual, forçada
pela expiação, luto,</c>
family:Liberation Sans">menstruação ou propósitos tribais de importância vital. É
uma situação que vem</c>
family:Liberation Sans">acompanhada de sacrifícios ou que os acompanha, isso q u a
n d o o p r ó p r i o ato</c>
family:Liberation Sans">de abstinência não é ele mesmo oferecido c o m o
sacrifício. E se acrescentarmos</c>
family:Liberation Sans">a isso o refinamento fisiológico de que aqui é praticado u
m êxtase cuja ação</c>
family:Liberation Sans">é mais duradoura e efetiva do que o transe ou a embriaguez,
q u e n ã o turva a</c>
family:Liberation Sans">consciência clara, planejadora, antes colabora para a sua
concentração (quase</c>
family:Liberation Sans">como um posto firme na preparação para expedições de caça
ou guerra), além</c>
family:Liberation Sans">de ser mais facilmente suportável do que a automutilação ou
a abstinência de</c>
family:Liberation Sans">alimento, e que com isso representa na tomada-do-governo do
pavor, n o aparar</c>
family:Liberation Sans">do desprazer pelo desprazer ou na transformação de
desprazer em prazer u m</c>
family:Liberation Sans">exercício altamente adequado para quem já está avançado, e
n t ã o t u d o leva a</c>
family:Liberation Sans">crer que os primórdios históricos da continência sexual
devem de fato ser buscados onde os mais antigos documentos os localizam: n o culto.
A capacidade</c>
family:Liberation Sans">e a prontidão para praticá-la deve ter c a m i n h a d o de
mãos d a d a s com a sua</c>
family:Liberation Sans">descoberta como meio mágico e apenas depois de ter sido
aperfeiçoada c o m o</c>
family:Liberation Sans">ou indicar a l g u m a coisa -</c>
family:Liberation Sans">nada que pudesse destacar-se da atividade mími</c>
family:Liberation Sans">co-gestual d o corpo inteiro como algo independente. E
mesmo sob condições</c>
family:Liberation Sans">culturais m o d e r n a s -</c>
family:Liberation Sans">nas quais cada criança pequena, por mais maltratada</c>
family:Liberation Sans">que seja, cresce sob certo p o n t o de vista envolvida em
algodão, em comparação</c>
family:Liberation Sans">com os primórdios d o Horno sapiens, quer dizer, abrigada
em um sistema social</c>
family:Liberation Sans">c linguístico já em funcionamento que, não obstante tudo o
que se possa dizer</c>
family:Liberation Sans">contra ele, dá mostras de uma alta capacidade de agir como
camada protetora</c>
family:Liberation Sans">contra a irrupção de pavores naturais imediatos</c>
family:Liberation Sans">a transformação do som</c>
family:Liberation Sans">da voz de apêndice da atividade mímico-gestual em um
sistema de expressão</c>
family:Liberation Sans">independente é um processo extenuante. Não podemos imaginar
o quão penoso</c>
family:Liberation Sans">ele deve ter sido sem camada protetora e caminhos
previamente abertos, e é</c>
family:Liberation Sans">simplesmente inimaginável de que outro modo ele poderia
realizar-se senão sob</c>
family:Liberation Sans">uma forte compulsão: justamente a compulsão à repetição. Se
é verdade que a</c>
family:Liberation Sans">assim c h a m a d a interjeição, quer dizer, "o som
isolado, expressivo de afeto ou</c>
family:Liberation Sans">excitação, arrancado por uma fortíssima impressão
momentânea" 38 , constitui</c>
family:Liberation Sans">o e l e m e n t o fisiológico essencial da linguagem, então
a linguagem não deve</c>
family:Liberation Sans">ter sido de início outra coisa senão interjeição
desenvolvida sob a compulsão</c>
family:Liberation Sans">à repetição.</c>
family:Liberation Sans">Só sob esse p o n t o de vista é que, de resto, se mostra o
quanto é genial a</c>
family:Liberation Sans">f ó r m u l a aristotélica para o primeiro ato de nomear,
em torno do qual se form o u o sistema de linguagem humano: todeti, literalmente,
"este algo"V). Seus</c>
family:Liberation Sans">exemplos para isso são simples de imaginar: "este homem
determinado ou este</c>
family:Liberation Sans">cavalo determinado" 4 0 . Esses "este algo" são aquilo
sobre o que se apoia toda</c>
family:Liberation Sans">n o m e a ç ã o . Sem imaginar um "este algo" como "uma
coisa indivisível e, pelo</c>
family:Liberation Sans">n ú m e r o , singular" 4 1 , não se poderia nomear nada; a
linguagem não teria um</c>
family:Liberation Sans">apoio firme em nada. O argumento de Aristóteles vai até aí.
Mais interessante,</c>
family:Liberation Sans">n o entanto, é o subtexto, a sensibilidade francamente
arqueológica em sua fórmula: tode ti é uma abreviatura insuperável para o processo
inteiro de formação</c>
family:Liberation Sans">da atenção. O cavalo determinado ou o homem determinado são
já "este algo"</c>
family:Liberation Sans">técnica cultural no campo de forças d o ritual sacrificai
ela p ô d e ser t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">empregada como meio profano de dominação.</c>
family:Liberation Sans">sob condições culturais bem temperadas, em que um sistema
de linguagem já</c>
family:Liberation Sans">Também a voz h u m a n a deve ter de início evoluído para u
m a l i n g u a g e m</c>
family:Liberation Sans">alguém ou que p o r algum motivo desperta a atenção. Mas
foi preciso primei-</c>
family:Liberation Sans">articulada apenas na medida em que ela se introduziu c o m
o meio mágico n o</c>
family:Liberation Sans">ro chegar a isso e neurofisiologicamente já aprendemos o
seguinte: nao e um</c>
family:Liberation Sans">c o m p l e t a m e n t e trabalhado tem uma palavra pronta
para tudo o que circunda</c>
family:Liberation Sans">grande processo de assimilação do pavor, cujo p o n t o
central é representado</c>
family:Liberation Sans">pelo sacrifício cultuai. Nas crianças de hoje o som da voz
ainda se manifesta</c>
family:Liberation Sans">em primeiro lugar como mensageiro do desprazer e, q u a n d
o ele começa a se</c>
family:Liberation Sans">referir a objetos, ele é de início apenas um a c o m p a n
h a m e n t o d o ato de agarrar</c>
family:Liberation Sans">38 B. Cassirer, Pbilosophie....</c>
family:Liberation Sans">39 Aristóteles, Kiitcgoricn</c>
family:Liberation Sans">p a r t e 1. Darmst.uk 1994. pp. 133 e segs.</c>
family:Liberation Sans">V, 3 b .</c>
family:Liberation Sans">4 0 Idcm, op. cit., V 2".</c>
family:Liberation Sans">41 Para isso h á a expressão grega atomon, cm latim
nulivuluum-.</c>
family:Liberation Sans">idem. op. cit.,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>"este algo" qualquer que seria capaz de despertar a
atenção a tal p o n t o q u e o</c>
family:Liberation Sans">c o n s t a n t e m e n t e retrabalhadas no curso de seu
desenvolvimento e, P or outro</c>
family:Liberation Sans">trabalho de nomeação está intimamente ligado a ele; a f o r
m a ç ã o tao</c>
family:Liberation Sans">só aparecem c o m o "religiosas" em retrospecto, depois que
o processo de fami-</c>
family:Liberation Sans">longamente exercitada e repetida de uma determinada
combinação de sons até</c>
family:Liberation Sans">liarização p o r meio da articulação, quer dizer, a
nomeação, já apreendeu as</c>
family:Liberation Sans">que daí surgisse uma palavra fixa disponível, um n o m e
próprio, não poderia</c>
family:Liberation Sans">coisas mais comuns, cotidianas. Mana, Tabu ou Manitu não
são, claro, palavras</c>
family:Liberation Sans">ser um "este algo" qualquer; capaz disso só seria o "este a
l g o ' > r excellence: o</c>
family:Liberation Sans">originais, e sim vocábulos bem articulados, polidos,
evoluídos há muito para</c>
family:Liberation Sans">pavor. Ele é o reivindicado." de atenção por excelência:
presença absoluta que faz</c>
family:Liberation Sans">além de p u r o s ecos d o pavor -</c>
family:Liberation Sans">com que tudo empalideça. Em outras palavras: um "algo"
categórico. C o m o se</c>
family:Liberation Sans">p o d e m ser empregados para tudo quanto tenha a aparência
do incomum 43 . E,</c>
family:Liberation Sans">sabe, o pavor não é um objeto, e sim um acontecimento. A
palavra se m a n t é m ,</c>
family:Liberation Sans">no e n t a n t o , são um eco distante de tais palavras
originais, a lembrança de que</c>
family:Liberation Sans">então, suspensa entre aquilo que desencadeia o pavor e o s
e n t i m e n t o dele, e a</c>
family:Liberation Sans">h o u v e u m a vez n o m e a ç õ e s , nas quais a
atribuição de nome e o balbucio</c>
family:Liberation Sans">fórmula aristotélica reproduz exatamente essa
indiferenciação entre o b j e t o e</c>
family:Liberation Sans">de pavor ainda eram indiferenciados — inteiramente no
sentido colocado aci-</c>
family:Liberation Sans">sujeito. Ela não nomeia um objeto determinado, está aí para
cada objeto deter-</c>
family:Liberation Sans">ma, de q u e a recordação era de início criptorrecordação:
caminhar encoberto</c>
family:Liberation Sans">minado, mas não para o objeto em si, e sim justamente para
o ato de indicá-lo:</c>
family:Liberation Sans">d i a n t e d a q u i l o que recordamos. Que o nome
constitua a "essência" de uma</c>
family:Liberation Sans">a concentração nervosa em um estímulo que reivindica
atenção. Tode ti não é</c>
family:Liberation Sans">pessoa ou coisa, que aquele que lhes conhece o nome também
dispõe delas, é</c>
family:Liberation Sans">um nome próprio, mas talvez a fórmula que contém o segredo
da formação dos</c>
family:Liberation Sans">;s. Nomes são originalmente interjeiçào articulada: p r o n
o m e s d e m o n s nomes</c>
family:Liberation Sans">p o r c e r t o u m a crença antiga, documentada por um
sem-número de mitos e</c>
family:Liberation Sans">penoso</c>
family:Liberation Sans">já tão generalizados ou familiarizados, que</c>
family:Liberation Sans">contos de fadas, mas na magia dos nomes ela representa um
estágio tardio que</c>
family:Liberation Sans">trativos 42 . Eles não se referem a algo de geral, e sim a
algo p u r a m e n t e singular:</c>
family:Liberation Sans">encobre as próprias origens. Essa magia não começou com a
expressão do ser</c>
family:Liberation Sans">incomensurável. E são a tentativa de torná-lo, pela
repetição, comensurável:</c>
family:Liberation Sans">e sim com o b a n i m e n t o do nào-ser, e o não-ser par
excellence, o pavor, é o ne-</c>
family:Liberation Sans">de torná-lo familiar. Em outras palavras: de início eles
não expressam algo que</c>
family:Liberation Sans">gativo a p a r t i r d o qual são reveladas todas as
concepções de um ser, de uma</c>
family:Liberation Sans">é, e sim algo que subjuga. Sua expressão é de início o
gesto de e m p u r r a r para</c>
family:Liberation Sans">essência, um tipo, caráter, por-si, propriedade ou que
outro nome a filosofia</c>
family:Liberation Sans">longe. Eles não começam como identificação de um objeto, e
sim c o m o defesa</c>
family:Liberation Sans">lhe dê. "Ser" é não ser banido. Isso pode significar:
tornado inofensivo, como</c>
family:Liberation Sans">acústica contra o pavor. Nomes são criptônimos em d u p l o
sentido, t a n t o no</c>
family:Liberation Sans">n o f a m o s o c o n t o Rumpelstilzchen,</c>
family:Liberation Sans">de que eles encobrem o pavor quanto no de que eles dão
cobertura ao falante</c>
family:Liberation Sans">salva o seu filho p r o n u n c i a n d o o nome daquele
que quer roubá-lo, aniquilan-</c>
family:Liberation Sans">diante dele. A linguagem começa como linguagem cifrada. Ela
faz pela voz o</c>
family:Liberation Sans">d o sua força — a ele próprio. Mas o não ser banido também
pode significar</c>
family:Liberation Sans">que o culto faz no conjunto: colocar uma camada protetora
em t o r n o daquele</c>
family:Liberation Sans">apaziguado. O n o m e consuma em pequenas dimensões a
grande reviravolta da</c>
family:Liberation Sans">feixe de nervos que só muito mais tarde se chamar
ihomines</c>
family:Liberation Sans">c o m p u l s ã o à repetição, que consistiu em procurar
proteção no pavoroso con-</c>
family:Liberation Sans">sapientes. E a junção</c>
family:Liberation Sans">dos irmãos Grimm, no qual a filha do rei</c>
family:Liberation Sans">de interjeições em nomes articulados faz parte do processo
de formação ritual</c>
family:Liberation Sans">tra o pavoroso. Ele é proteção contra o pavoroso -</c>
family:Liberation Sans">que produz essa camada protetora.</c>
family:Liberation Sans">q u e deve p r o t e g e r q u e m o balbucia ou exclama
diante de algo que ameaça</c>
family:Liberation Sans">Hipóteses modernas para o surgimento da linguagem estão
sempre sujeitas</c>
family:Liberation Sans">à tentação de pressupor implícita ou explicitamente um
sistema de linguagem</c>
family:Liberation Sans">já existente. A busca etnológica por palavras religiosas
originais, p o r exemplo,</c>
family:Liberation Sans">seria para colher as referidas palavras como plantas
preciosas brotadas d o solo</c>
family:Liberation Sans">de uma linguagem já a meio caminho do completo
desenvolvimento, em vez de</c>
family:Liberation Sans">refletir se não se daria exatamente o contrário: que a
linguagem é o desenvolvi-</c>
family:Liberation Sans">de início no sentido de</c>
family:Liberation Sans">subjugá-lo. Mas, assim c o m o com isso o que apavora se
transforma no que</c>
family:Liberation Sans">salva, a p r o t e ç ã o diante de algo, pela qual o nome
implora, se transforma em</c>
family:Liberation Sans">proteção para algo. O próprio nomeado deve ser protegido
para, P or sua vez,</c>
family:Liberation Sans">p o d e r dar proteção ao nomeador.</c>
family:Liberation Sans">As diferentes nuanças de significado que o ato de nomear
adquinu nesse</c>
family:Liberation Sans">processo e a c o m o d o u em estratos ao longo de um
espaço de tempo que se mede</c>
family:Liberation Sans">mento de tais palavras originais, apenas que, por um lado,
elas próprias foram</c>
family:Liberation Sans">4 3 "Assim é relatado, especialmente a respeito d o Manitu
dos Algonkin. que a ^ p r « s a o</c>
family:Liberation Sans">4 2 Unia das formulações verdadeiramente bcm-sucedidas na
obra de O t t o , q u a n d o ele c h a m a as "divindades</c>
family:Liberation Sans">arabicas antigas" dc 'nu,nina locais" "que na verdade não
são senão p r o n o m e s d e m o n s t r a t i v o s em transformação (p.
149).</c>
family:Liberation Sans">p a r t e o n d e a fantasia e a imaginação são excitadas
por algo dc i</c>
family:Liberation Sans">se pesca u m peixe de espécie até então desconhecida, logo
se ei p</c>
family:Liberation Sans">As expressões 'wakaut</c>
family:Liberation Sans">'wakanda entre os Sioux parecem remeter</c>
family:Liberation Sans">espanto" (E. Cassircr, Pbilosophie...,</c>
family:Liberation Sans">p- 99).</c>
family:Liberation Sans">cxprcssào</c>
family:Liberation Sans">m c a</c>
family:Liberation Sans">de Manitu [...]</c>
family:Liberation Sans">i n t e r j e i ç õ e s de</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>antes em milênios que em séculos, em lugar algum p o
d e m ser mais bem dedu-</c>
family:Liberation Sans">cem, p o r isso, u m subtexto: a p e n a s « posso chamar-
te pelo teu nome pois ele</c>
family:Liberation Sans">zidas que na famosa passagem de Isaías, cão desgastada pela
predileção com</c>
family:Liberation Sans">é derivado de m i m . Também isso é abreviação de um longo
processo histórico-</c>
family:Liberation Sans">que é escolhida para prédicas dominicais edificantes: "Eu
te chamei pelo n o m e ;</c>
family:Liberation Sans">o n d e o n o m e p r ó p r i o da coletividade começa a se
diferenciar do nome do</c>
family:Liberation Sans">neu"</c>
family:Liberation Sans">tu es meu . Essas poucas palavras contêm a mais c o m p r o
m e t i d a m e m ó r i a de</c>
family:Liberation Sans">nome . A camada mais antiga da designação de nomes ainda
pode ser perfeita-</c>
family:Liberation Sans">poder p r o t e t o r -</c>
family:Liberation Sans">da divindade</c>
family:Liberation Sans">ele expressa inicialmente apenas o fato de</c>
family:Liberation Sans">ter sido derivado dela. Ter um nome próprio significa ter-
se apropriado dele.</c>
family:Liberation Sans">mente perceptível: a desesperada exclamação h u m a n a na
situação da ameaça</c>
family:Liberation Sans">de morte.</c>
family:Liberation Sans">Eu invoco o poder natural portador da m o r t e para que
ele ceda e se</c>
family:Liberation Sans">mc</c>
family:Liberation Sans">Esse p e r t e n c e r é a "essência" do que é nomeado na
medida em que deve pro-</c>
family:Liberation Sans">corne "meu". Essa subjugação por meio da atribuição de n o
m e começou, conforme d e m o n s t r a d o , em dimensões p e q u e n a s : não c
o m o t o m a d a de posse</c>
family:Liberation Sans">seja realizado u n a n i m e m e n t e . Só mais tarde o
nome próprio deve ter chegado</c>
family:Liberation Sans">triunfante, e sim como uma transvaloração paulatina,
furtiva d o pavoroso em</c>
family:Liberation Sans">aí, de início, de u m a maneira pavorosa: receber um nome
próprio significa</c>
family:Liberation Sans">seu oposto através da contínua repetição compulsiva. A
atribuição de n o m e</c>
family:Liberation Sans">inicialmente ser destacado da multidão dos membros da tribo
— como vítima.</c>
family:Liberation Sans">não é, de início, outra coisa que não a face oral de tal
transvaloração. O não-ser</c>
family:Liberation Sans">"Eu te chamei pelo meu nome, tu és meu" significa nesse
caso algo como: tu</c>
family:Liberation Sans">deve, ao receber um nome, tornar-se "ser": " b o m para
mim", m e u p o d e r pro-</c>
family:Liberation Sans">serás sacrificado, és o eleito que produzirá a unanimidade
entre os outros, o</c>
family:Liberation Sans">tetor. O pavor deve ser apenas o seu reverso, que então vem
à luz q u a n d o o</c>
family:Liberation Sans">tributo da paz, p e n h o r da proteção. E apenas no curso
do recuo paulatino dos</c>
family:Liberation Sans">poder protetor não é tratado "bem". E apenas pelo desvio do
p o d e r p r o t e t o r o</c>
family:Liberation Sans">sacrifícios h u m a n o s p ô d e a "particularidade" do
indivíduo humano mudar de</c>
family:Liberation Sans">n o m e desenvolve uma força criadora de identidade. O s
necessitados de prote-</c>
family:Liberation Sans">sentido e, em lugar d o isolamento do indivíduo na falta
absoluta de proteção,</c>
family:Liberation Sans">ção desejam a proteção de um poder mais alto. Eles o
expressam sob a f o r m a</c>
family:Liberation Sans">passar a significar o seu particular merecimento à
proteção. Em outras palavras:</c>
family:Liberation Sans">do desejo de ter parte no n o m e desse p o d e r : que
esse poder é q u e lhes dá u m</c>
family:Liberation Sans">só à s o m b r a d o pavor se pôde formar aquela delicada
camada da magia dos</c>
family:Liberation Sans">nome. Esta é a segunda camada de significado na citação de
Isaías: inversão do</c>
family:Liberation Sans">nomes q u e a citação de Isaías no melhor dos casos encobre
como um sopro de</c>
family:Liberation Sans">nomeado no verdadeiro nomeador. O "eu" que ali chama pelo n
o m e não é mais</c>
family:Liberation Sans">verniz utópico: "Tu és meu" no sentido de completamente
abrigado, a produ-</c>
family:Liberation Sans">o pobre balbuciante h u m a n o , e sim Javé, o p o d e r
divino absoluto, e ele não</c>
family:Liberation Sans">ção de tal abrigo c o m o o objetivo final secreto do nome,
a totalidade da atri-</c>
family:Liberation Sans">busca proteção quando nomeia, e sim a concede. Além disso,
o "tu" que Javé</c>
family:Liberation Sans">buição h u m a n a de nomes como representante desse
objetivo final, assim como</c>
family:Liberation Sans">chama pelo nome não é algo como um indivíduo, e sim uma
coletividade: Is-</c>
family:Liberation Sans">na história bíblica da criação Adão, em nome de Deus, como
seu representan-</c>
family:Liberation Sans">rael, seu povo. Nisso se sedimenta a lembrança dc algo que
o t o t e m i s m o pre-</c>
family:Liberation Sans">te, dá n o m e s aos animais. E essa idéia de representação
tem seu sentido, até</c>
family:Liberation Sans">servou com a maior nitidez: que os nomes de pessoas foram
de início n o m e s</c>
family:Liberation Sans">hoje não resolvido, n o fato de que aquilo que o nome - que
é dado ao recém-</c>
family:Liberation Sans">de coletividades, e por certo nomes emprestados de poderes
p r o t e t o r e s : nós</c>
family:Liberation Sans">nascido não c o m o u m mero número de identificação e sim
como uma proteção,</c>
family:Liberation Sans">pertencemos a tal e tal poder protetor e por isso levamos
seu nome 4 5 . A f o r m a</c>
family:Liberation Sans">uma bênção -</c>
family:Liberation Sans">anterior, ainda clara, transparente, não retocada da
citação de Isaías é, p o r t a n -</c>
family:Liberation Sans">p o d e r o s o e benevolente: o desenvolvimento individual
total, mas completa-</c>
family:Liberation Sans">to: "Eu te chamei pelo meu n o m e [...]". A correção final
de "meu" para "teu"</c>
family:Liberation Sans">m e n t e intacto, daquele que carrega esse nome.</c>
family:Liberation Sans">mover a paz entre os membros da tribo - e e da natureza do
sacrifício que ele</c>
family:Liberation Sans">lá o n d e hoje o percebemos pela primeira vez: no
indivíduo humano. E mesmo</c>
family:Liberation Sans">deseja só pode ser verdadeiramente realizado por um deus
todo</c>
family:Liberation Sans">A "linguagem d o nome" que, na interpretação de Benjamin, o
homem pa44 Isaías 43, 1.</c>
family:Liberation Sans">radisíaco fala n o ato de nomear os animais' 6 , é a exata
contraparte teo ógica</c>
family:Liberation Sans">4 5 Provavelmente os animais totêmicos, dos quais t o d o
um clã recebe o n o m e , r e p r e s e n t a m f o r m a s já relativamente
tardias, bem fixadas, d e tais poderes protetores — e n t r e cies p r i n c i p a
l m e n t e os deuses pessoais</c>
family:Liberation Sans">a n t r o p o m o r f o s , providos de traços individuais
diferenciados. Nesse caso, a tese de q u e t o d o s os n o m e s</c>
family:Liberation Sans">eram originariamente n o m e s de deuses (cf. H . Uscner,
Gótternamen. Versuch eincr L e h r e von der rcligiõsen Begriffsbildung) e correta
apenas q u a n d o se fazem duas afirmações a esse respeito: 1) " D e u s " deve
ser</c>
family:Liberation Sans">t o m a d o aqui na significação totalmente inespecífica de
poder protetor, e não c o m o se os primeiros h o m e n s</c>
family:Liberation Sans">associassem imediatamente t u d o q u e despertasse sua
atenção a figuras dc deuses s e m e l h a n t e s a a n i m a i s ou</c>
family:Liberation Sans">seres h u m a n o s ; 2) A fixação c o m o p o d e r p r o
t e t o r «í sempre a segunda fase da atribuição d e n o m e s , na qual</c>
family:Liberation Sans">daquela linguagem dos nomes de cujo balbucio de pavor se
originou na realidade</c>
family:Liberation Sans">)á se deu a p n m e . r a m u d a n ç a decisiva, a
transformação daquilo dc q u e sc busca p r o t e ç ã o n a q u i l o cm q u
e</c>
family:Liberation Sans">se busca proteção.</c>
family:Liberation Sans">histórica o sistema de sons articulados. Ambos nomeiam em
última analise algo</c>
family:Liberation Sans">singular; apenas que em um dos casos se trata de algo
absolutamente estranho,</c>
family:Liberation Sans">que se revela ao irromper causando choque; no outro caso se
trata de algo ab46 \V. Benjamin, Über Spracbe überhaupr</c>
family:Liberation Sans">vol. II, p p . 152 c segs.</c>
family:Liberation Sans">unditberdieSpracbedesMenschen.</c>
family:Liberation Sans">GeêlreSebriften,</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">1. .
974,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>s o l t a m e n t e conhecido, que se revela ao se
dar a conhecer sem reservas. U m é</c>
family:Liberation Sans">prendem predicado, adjetivo, preposição, prefixo, sufixo
etc., e em torno do que</c>
family:Liberation Sans">incomensurável c o m o o pavor que não tem igual; o outro,
c o m o o incompara-</c>
family:Liberation Sans">eles giram, u m a espécie dc "primeiro ser", portanto,
diante do qual o restante</c>
family:Liberation Sans">velmente individual, particular, que nada sabe do pavor. A
m b o s os extremos,</c>
family:Liberation Sans">da língua se c o m p o r t a como aquilo que em Aristóteles
se chama symbebekon</c>
family:Liberation Sans">(,accidens, em latim): um acidente.</c>
family:Liberation Sans">porém, se tocam. A linguagem paradisíaca dos nomes imagina
o que a defesa</c>
family:Liberation Sans">contra o pavor do nome pretende em última instância: uma
situação na qual não</c>
family:Liberation Sans">Substância e acidente [Wesen e Hinzukommendes)</c>
family:Liberation Sans">são dois conceitos que</c>
family:Liberation Sans">há mais n e n h u m pavor. O n d e a magia dos nomes se
torna utópica, ela apenas</c>
family:Liberation Sans">tiveram uma longa carreira na metafísica ocidental, só que,
por assim dizer, no</c>
family:Liberation Sans">descobre seu desejo mais profundo, o f u n d a m e n t o de
seu instinto: o impulso d o</c>
family:Liberation Sans">lugar errado. Aristóteles, o seu protagonista, aplicou-os
de preferência em ob-</c>
family:Liberation Sans">prazer na subjugação do pavor. E ela reflete seus próprios
começos. O p r ó p r i o</c>
family:Liberation Sans">jetos naturais e artefatos, como se sua consistência
específica se revelasse jus-</c>
family:Liberation Sans">pecado original, entendido c o m o o a b a n d o n o da
linguagem paradisíaca dos</c>
family:Liberation Sans">tamente q u a n d o fossem divididos entre um interior,
antigo, preservável, e um</c>
family:Liberation Sans">nomes para a linguagem do juízo, da pura expressão do
incomensurável para</c>
family:Liberation Sans">exterior, recente, destrutível, que justamente apenas
sobrewém; portanto, po-</c>
family:Liberation Sans">uma subsunção, do ato de revelar o que é o "este algo" para
o de dizer o lugar</c>
family:Liberation Sans">deria t a m b é m ter ficado de fora"18. Para a relação
entre nome e linguagem, ao</c>
family:Liberation Sans">ao qual ele pertence, é o reflexo no espelho da compulsão à
repetição que, de</c>
family:Liberation Sans">contrário, o par de conceitos faz sentido. Primeiro, porque
aqui se torna evi-</c>
family:Liberation Sans">maneira inversa, abandonou a linguagem do nome: na sua
ininterrupta tentativa</c>
family:Liberation Sans">d e n t e de um só golpe o que os acidentes eram
originalmente: muletas para o</c>
family:Liberation Sans">de tornar o incomensurável comensurável, o incompreensível
compreensível,</c>
family:Liberation Sans">n o m e . Eles vêm em auxílio do nome como as muletas para
o deficiente físico.</c>
family:Liberation Sans">o incomum comum, o estranho conhecido, o pavoroso familiar,
de subsumir,</c>
family:Liberation Sans">Só por meio delas ele pode caminhar, mas não exatamente
como gostaria. Além</c>
family:Liberation Sans">portanto, ela é impelida do balbuciar de interjeições
precariamente articuladas</c>
family:Liberation Sans">disso, ainda hoje é inimaginável classificar o nome como o
"ser" ou o "funda-</c>
family:Liberation Sans">para o desenvolvimento de um sistema articulado de
linguagem.</c>
family:Liberation Sans">m e n t o " da linguagem, q u a n d o se pensa que o ser é
não-ser banido, e o fun-</c>
family:Liberation Sans">C o m o esse desenvolvimento se c o n s u m o u em casos
particulares, c o m o</c>
family:Liberation Sans">d a m e n t o , f u n d o abismo encoberto, e não
fundamento do mundo em forma de</c>
family:Liberation Sans">de exclamações pouco a pouco se fizeram n o m e s e se f o
r m a r a m p r e d i c a d o s</c>
family:Liberation Sans">razão, indestrutível e confiável, como sugere, de
Parmênides a Heidegger, a</c>
family:Liberation Sans">e adjetivos para eles, não é nosso tema aqui, e sim tão s o
m e n t e a estrutura de</c>
family:Liberation Sans">despeito de todas as suas diferenças internas, a ontologia
filosófica. A idéia de</c>
family:Liberation Sans">repetição específica nesse processo: da mesma maneira que o
corpo, e m casos</c>
family:Liberation Sans">de dor aguda, se enrola, por assim dizer, em t o r n o do
órgão dolorido, c o m o se</c>
family:Liberation Sans">quisesse envolvê-lo aposteriori em pele protetora, t a m b
é m o n o m e se enrolou</c>
family:Liberation Sans">como uma atadura em t o r n o da picada traumática d o
pavor, e o sistema de</c>
family:Liberation Sans">linguagem, por sua vez, em t o r n o do nome. Deu-se aí uma
dupla c o b e r t u r a .</c>
family:Liberation Sans">Assim c o m o o n o m e é a minimização do pavor, a
linguagem desenvolvida</c>
family:Liberation Sans">é a minimização do n o m e , sua i n c o r p o r a ç ã o em
u m sistema de l i n g u a g e m</c>
family:Liberation Sans">completo. A excitação concentrada no n o m e dilui-se nesse
sistema, o impulso</c>
family:Liberation Sans">mágico de defesa e apropriação se neutraliza c o m o um
marcador de objetos,</c>
family:Liberation Sans">c h a m a d e " á t o m o s " d a n o m e a ç ã o
(Kategoriens II, l h ). Se são áromos em si. quer dizer, elementos consistentes,
irredutíveis, n ã o v e m ao caso, mas em relação à nomeação eles têm de sê-lo,
caso contrário ela resulta</c>
family:Liberation Sans">vazia, n ã o h á n a d a q u e a faça consistente. Se assim
se desejar, pode-se classificar o sistema humano</c>
family:Liberation Sans">de n o m e a ç ã o c o m o u m a construção, desde que não
se esqueça de que não pode haver construção sem algo</c>
family:Liberation Sans">a p a r t i r d o q u a l a n o m e a ç ã o c o n s t r u a
ou a q u e ela se apegue. E ela também só pode ser a t r a quando</c>
family:Liberation Sans">algo está aí para q u e ela o e n c u b r a . E pavor e dor
estão aí como nenhuma outra coisa, mesmo que eles por</c>
family:Liberation Sans">o u t r o lado, f o r n e ç a m a prova cabal da
insuficiência de toda nomeação. Q u e palavras lhes alcançam | g11 ificado? O tode
t, aristotélico faz convergir ambos os lados para o mesmo ponto. De um ado e é
um</c>
family:Liberation Sans">e m b l e m a d a insuficiência da n o m e a ç ã o humana,
de outro, um estimulo irremovivel</c>
family:Liberation Sans">i n d í c i o de q u e a consistência das afirmações,
justamente por ser puramente relativa, nunca pode ong.nar</c>
family:Liberation Sans">sc delas p r ó p r i a s .</c>
family:Liberation Sans">«r í c í '</c>
family:Liberation Sans">4 8 Isso só parece plausível e n q u a n t o Aristóteles
escolhe exemplos inofensivos, tais como: l a t o</c>
family:Liberation Sans">nao</c>
family:Liberation Sans">como uma das muitas partes de uma grade de classificação
diferenciada. E, n o</c>
family:Liberation Sans">d i z e m o s q u e S ó c r a t e s nasce apenas q u a n d
o ele se torna belo</c>
family:Liberation Sans">entanto, o nome não retrocede assim tão facilmente às
fileiras d a linguagem</c>
family:Liberation Sans">q u a l i d a d e s , p o i s o p r ó p r i o Sócrates q u
e perece c o n t i n u a a ^</c>
family:Liberation Sans">duas qual,m e s m o q u a n d o se refere a Sócrates c o m
o "artístico" ou branco (Cf. U « a f ^ u a</c>
family:Liberation Sans">d a d e s se ligam a cie d e maneiras diferentes. N e n h u
m homem</c>
family:Liberation Sans">toda</c>
family:Liberation Sans">m e n t e a conserva até a d e c o m p o s i ç ã o de sua
pele. Aqui nada</c>
family:Liberation Sans">do sujeito. Ele</c>
family:Liberation Sans">a vida. P o r f l r i o laborou nesse problema.
"Mas</c>
family:Liberation Sans">ser negro, para</c>
family:Liberation Sans">se d i v i d e c m d u a s espécies: acidentes separave.s c
inseparáveis i j</c>
family:Liberation Sans">ser imagi„ac o r v o s e etíopes. u m inseparável", diz
ele, e depois se escusa</c>
family:Liberation Sans">( P o r i i n 0 , "Einleitung in die</c>
family:Liberation Sans">d o c o m o b r a n c o , e o e t í o p e . c o m o sem cor
sem o perec.menro</c>
family:Liberation Sans">, H a m b u r g 0 ) 1974,p.23).ObviaKategorien", 5, in
Aristóteles, Katcgorien. Lebre vom SaU, traci</c>
family:Liberation Sans">$ c m t o c á . I o : a cor da pele,</c>
family:Liberation Sans">m e n t e eu posso, em pensamento,</c>
family:Liberation Sans">suprimir d o ob,eto tude quan</c>
family:Liberation Sans">j f</c>
family:Liberation Sans">Q s u j e i t 0 cambem se</c>
family:Liberation Sans">o e s q u e l e t o , o sistema nervoso. Mas, q u a n d o
essas coisas rcaimtn vai. A c i d e n t e s inseparáveis são uma contradição em
termos.</c>
family:Liberation Sans">como cada predicado, adjetivo ou preposição. Assim como o
"este algo" q u e ele</c>
family:Liberation Sans">nomeia pode, de fato, ser ora isso ora aquilo, mas no ato
da nomeação sempre</c>
family:Liberation Sans">permanece sendo um algo determinado, indissolúvel, que só
então confere à</c>
family:Liberation Sans">linguagem sua exatidão 47 , assim t a m b é m o n o m e
segue sendo aquilo a q u e se</c>
family:Liberation Sans">4 7 O construtivismo mais radical ainda pretende fazer
afirmações d e t e r m i n a d a s , b e m definidas, mais precisamente a respeito
de algo: fatos d e t e r m i n a d o s , e m c e r t o s e n t i d o c o n s i s t
e n t e s . E tais f a t o s A r i s t ó t e l e s</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>um cal f u n d a m e n t o é uma fantasia exagerada
da origem. Na origem está a arrepiante violência da falácia fisiológica, o
beneplácito e x t o r q u i d o d o pavor.</c>
family:Liberation Sans">Q u a n t o mais antiga a mitologia, mais ela ecoa isso.
Ela narra a respeito disso</c>
family:Liberation Sans">como de um abismo. A ontologia faz disso o seu f u n d a m
e n t o . É certo que já a</c>
family:Liberation Sans">mitologia retrabalha ela própria a falácia fisiológica da
qual se origina: estilizando-a, polindo-a e racionalizando-a na mesma medida em q u
e ela própria</c>
family:Liberation Sans">se torna mais sutil e racional. Ao mesmo tempo, ela
permanece sendo seu eco</c>
family:Liberation Sans">violento. M e s m o o n d e ela há m u i t o já integrou os
n o m e s n o fluxo de u m a</c>
family:Liberation Sans">linguagem identificadora de objetos, ela não deixa de ser,
n u m sentido m u i t o</c>
family:Liberation Sans">enfático, memória coletiva do nome. C o m o poderíamos
encontrar os sinais da</c>
family:Liberation Sans">origem do n o m e se ela não contivesse esses sinais, se
não n o s narrasse sobre</c>
family:Liberation Sans">como os mortos são chamados pelo nome a fim de espantar o
pavor que causam,</c>
family:Liberation Sans">se ela não tivesse a singularidade de envolver o n o m e de
pessoas e lugares extraordinários — via de regra heróis ou santuários — na auréola
de uma derivação etimológica ou genealógica de origem divina, se ela não chegasse
até</c>
family:Liberation Sans">mesmo ao p o n t o de fazer coincidir a atribuição de n o m
e s e a f u n d a ç ã o d o</c>
family:Liberation Sans">mundo 1 9 ? C o m o poderíamos compreender, sem a m e m ó r
i a m i t o l ó g i c a dos</c>
family:Liberation Sans">nomes, por que o mais frio dos analistas m o d e r n o s da
linguagem n ã o p o d e</c>
family:Liberation Sans">livrar-se do sentimento de fazer mais do que atribuir u m n
ú m e r o de identificação q u a n d o dá um n o m e a seu filho? Este é j u s t a
m e n t e o p o n t o em que a</c>
family:Liberation Sans">OU c o m o quer que se chamem as suas belas variações de
objetos se dão a co</c>
family:Liberation Sans">nhecer c o m o desejos exteriorizados, enrijecidos,
esquecidos de si, como utopia</c>
family:Liberation Sans">esfriada, autodissimulada -</c>
family:Liberation Sans">não menos, de resto, que o próprio sistema de</c>
family:Liberation Sans">linguagem através do qual foram fixados. Sim, a própria
linguagem se mostra,</c>
family:Liberation Sans">desse p o n t o de vista, c o m o bastidor. De nada serve
afastar essência, por-si',</c>
family:Liberation Sans">substância etc. c o m o fantasmas metafísicos, como
pensamento impuro p a r i</c>
family:Liberation Sans">depois colocar em seu lugar uma linguagem purificada e
fiar-se sem reservas</c>
family:Liberation Sans">em frases corretas exatamente como os metafísicos antes em
Deus ou nas idéias.</c>
family:Liberation Sans">Aqui o suspiro de Nietzsche continua válido: "Eu temo que
não nos livremos</c>
family:Liberation Sans">de D e u s p o r ainda acreditarmos na gramática [...]"5°.
Quem toma a linguagem</c>
family:Liberation Sans">apenas p o r m o e d a corrente, não por engodo, apenas
como aquilo que ela diz,</c>
family:Liberation Sans">e não t a m b é m p o r aquilo que nela há de "calcinado",
apagado, emudecido,</c>
family:Liberation Sans">c o n t i n u a a ter u m a atitude ingenuamente crédula
diante dela. Quem assim faz</c>
family:Liberation Sans">p o d e até analisá-la com toda minúcia e, no entanto,
apenas tateia em torno da</c>
family:Liberation Sans">superfície dela. D i t o de maneira inversa: uma análise
lingüística que não toma</c>
family:Liberation Sans">a l i n g u a g e m p o r o u t r a coisa que não uma
reunião articulada de sons para a</c>
family:Liberation Sans">identificação e a comunicação de coisas e situações e não
toma conhecimento</c>
family:Liberation Sans">da magia dos nomes sepultada nela procede como uma
psicanálise que ignora</c>
family:Liberation Sans">o inconsciente. Nas palavras de Adorno: "[...] o pensamento
que mata o desejo, seu pai, é a p a n h a d o pela vingança da burrice"' 1
.</c>
family:Liberation Sans">mitologia se encontra com o seu oposto, o pensamento
crítico: p o r assim dizer,</c>
family:Liberation Sans">o buraco por meio do qual ambos espiam por trás dos
bastidores da ontologia,</c>
family:Liberation Sans">por meio do qual o ser, a essência, a base, a substância, o
por-si, o f u n d a m e n t o</c>
family:Liberation Sans">O sagrado: um produto da profanação</c>
family:Liberation Sans">A palavra "sensação" ainda não apareceu neste capítulo. No
entanto ele girou</c>
family:Liberation Sans">49 O Deus que no começo d o Antigo Testamento chama o m u n
d o à existência ao p r o n u n c i a r seus e l e m e n t o s</c>
family:Liberation Sans">cósmicos j á é uma forma tardia, ontologicamcnte lapidada
que apenas ainda deixa intuir aquilo a que R e n é</c>
family:Liberation Sans">Girard deu o n o m e tão belo dc "violência f u n d a d o r
a ' (R. Girard, Das Heilige und die Gewalt. Z u r i q u e ,</c>
family:Liberation Sans">1987. p. 140) e que em parte alguma foi representada de
maneira tão c o m p a c t a q u a n t o na Teogonia d e</c>
family:Liberation Sans">Hesíodo, o n d e os deuses mais jovens se atiram um dc cada
vez sobre os mais antigos, até q u e f i n a l m e n t e o</c>
family:Liberation Sans">mais jovem de todos, Zeus, em luta com os titãs, alcança
uma vitória tão avassaladora que, c o m isso, o</c>
family:Liberation Sans">m u n d o é "fundado", quer dizer, torna-se um cosmos cm si
consistente. "Para p o d e r viver n o m u n d o , é</c>
family:Liberation Sans">preciso fundá-lo — e n e n h u m m u n d o surge n o caos'
da h o m o g e n e i d a d e c relatividade d o espaço p r o f a n o .</c>
family:Liberation Sans">A descoberta ou a projeção dc um p o n t o fixo, d o
centro', se assemelha á criação d o mundo", diz Eliade ( M .</c>
family:Liberation Sans">Eliade, Das He.Hge und das Profane. Frankfurt, 1990, p.
24), e acrescenta a b u n d a n t e material h i s t ó r i c o rchgioso de todos os
continentes, que demonstra que esse p o n t o , através de todas as cspccificidades
culturais, e presentihcado c o m o p o n t o dc uma perfuração, uma cravadura, um a
r r o m b a m e n t o . Seja representad o p o r meio de uma estaca sagrada cravada
na terra, em t o r n o da qual o clã se reúne e à qual a vítima é</c>
family:Liberation Sans">amarrada, ou por uma coluna que penetra na terra c o m o o
eixo d o m u n d o e se ergue para o céu, ou p o r</c>
family:Liberation Sans">uma p e d r a que afundou na terra como um meteoro, ou uma
m o n t a n h a que irrompeu dela c o m o u m vulcão,</c>
family:Liberation Sans">ou do p o n t o de interseção da cruz c o m o símbolo dos
quatro p o n t o s cardeais, sempre se imagina u m c h o que na marcaçao do centro,
sempre se recorda uma "violência fundadora". N ã o p o d e m o s deixar de a d m i
r a r</c>
family:Liberation Sans">a capacidade da mitologia de retratar cosmologicamente sua
própria origem traumática e c o m isso transbordar dc tanta fantasia: assim c o m o
o culto se enrola em t o r n o d o pavor traumático, t a m b é m o "mundo",</c>
family:Liberation Sans">c o m o camada protetora contra o caos, se enrola em t o r
n o de u m p o n t o central nevrálgico d o m u n d o .</c>
family:Liberation Sans">exclusivamente em t o r n o dela: de sua pré-história. É
verdade que se poderia</c>
family:Liberation Sans">ter c o n t e n t a d o em deslizar ao longo de sua
superfície e notar que obviamente</c>
family:Liberation Sans">não existem eventos espetaculares apenas a partir do
momento em que eles se</c>
family:Liberation Sans">c h a m a m sensações; que cortejos, danças, encenações
teatrais, torneios, execuções e t u d o o mais que possa excitar a atenção das
massas é muito mais antigo</c>
family:Liberation Sans">e, antes de tudo, de origem sagrada. Poder-se-ia ter
designado o culto sacrificai</c>
family:Liberation Sans">c o m o seu núcleo histórico e salientar que o sacrifício,
originalmente sacnhcio</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o , era de u m a seriedade sangrenta, no qual
estava em ,ogo a vida ou a</c>
family:Liberation Sans">m o r t e de todo um clã. Se havia algo cujo fascínio
atraía a atenção incondicional</c>
family:Liberation Sans">50 F. Nietzsche, Gotzen-Dàmmerung,</c>
family:Liberation Sans">51 Th. \V. A d o r n o , M í n i m a Mora/ia, § 79.
Frankfurt. 1976, p. 158.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>da coletividade, e portanto, era espetacular ao
extremo, era o ritual sacrifica , no</c>
family:Liberation Sans">Mas que significa dizer isso? O sagrado afinal não é algo
que se compreenda</c>
family:Liberation Sans">qual se acreditava estar presente, tanto destruindo quanto
salvando, o sagrado, o</c>
family:Liberation Sans">por si mesmo, n e n h u m a "categoria a prior?»</c>
family:Liberation Sans">terrível poder protetor divino. C o m isso se teria chegado
com relativa presteza</c>
family:Liberation Sans">situação precária de tradução, um criptônimo e um nome
coletivo posteriores</c>
family:Liberation Sans">ao resultado de que a suma daquilo que hoje chamamos
sensacional era para os</c>
family:Liberation Sans">para processos extraordinários de excitação que se passaram
sob eles e por trás</c>
family:Liberation Sans">povos arcaicos a epifania do sagrado. Poder-se-ia então ter
acrescentado que,</c>
family:Liberation Sans">deles e com isso constituíram nada menos do que o sensório
family:Liberation Sans">para a moderna população do mundo, quase n e n h u m
acontecimento mais p o d e</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o j u n t a m e n t e com sua faculdade especial
de familiarização por meio da</c>
family:Liberation Sans">tornar-se tão espetacular quanto os eventos cultuais o eram
para as coletivida-</c>
family:Liberation Sans">repetição a que hoje chamamos razão ou espírito. O que em O
t t o é chamado</c>
family:Liberation Sans">des antigas. Quando, por exemplo, a festa do solstício de
inverno atraía para si</c>
family:Liberation Sans">de m o d o tão impressionante de mysterium tremendurn foi
de início apenas um</c>
family:Liberation Sans">todos os membros de um clã, e lhes dava o sentimento de que
a t r a n s f o r m a ç ã o</c>
family:Liberation Sans">tremendurn,</c>
family:Liberation Sans">do declínio do sol em sua ascensão, da escuridão em luz, da
vida em m o r t e e,</c>
family:Liberation Sans">aparece c o m o mysterium</c>
family:Liberation Sans">com isso, não apenas a chegada do novo ano, mas t a m b é m
a c o n t i n u i d a d e da</c>
family:Liberation Sans">havia m u i t o já que a ressignificação da violência
pavorosa em poder protetor</c>
family:Liberation Sans">existência do mundo dependia de sua consumação estática,
inexorável do sacri-</c>
family:Liberation Sans">começara a atuar c o m o formadora de cultura — e faz seu
produto parecer aos</c>
family:Liberation Sans">fício, esse evento deveria tê-los aterrorizado, fascinado,
extenuado mais d o que</c>
family:Liberation Sans">pósteros, por exemplo, aos teólogos modernos, como a origem
por excelência:</c>
family:Liberation Sans">o terremoto de Lisboa aos seus contemporâneos, desde que
eles não t e n h a m</c>
family:Liberation Sans">c o m o a onipotência divina em pessoa, como o sagrado por
si que em toda parte</c>
family:Liberation Sans">sido diretamente afetados por ele, ou do que as devastações
m u i t o mais terrí-</c>
family:Liberation Sans">onde se revela autenticamente provoca o arrepiante
"sentimento do numinoso" 53</c>
family:Liberation Sans">veis do furacão "Mitch" na América Central às pessoas de
hoje, q u e captaram</c>
family:Liberation Sans">e confere aos homens uma profundidade de vivência e
plenitude de sentimento</c>
family:Liberation Sans">dele apenas imagens fugazes. E o que foi possível às
dionisíacas, aos grandes</c>
family:Liberation Sans">em comparação com as quais todo o outro sentimento e a
vivência, e até mesmo</c>
family:Liberation Sans">festivais sagrados dos antigos atenienses, a saber, fazer
de todos os cidadãos da</c>
family:Liberation Sans">a totalidade da percepção sensorial "natural" parece uma
simples alegoria, um</c>
family:Liberation Sans">pólis — desde que livres e do sexo masculino, bem e n t e n
d i d o — espectadores</c>
family:Liberation Sans">pálido reflexo profano ou um eco. Isso é empolamento
religioso. Não é, porém,</c>
family:Liberation Sans">extasiados da representação das novas tragédias,
especialmente compostas para</c>
family:Liberation Sans">menos a-histórico e antipsicológico o raciocínio contrário,
ateu: a humanidade,</c>
family:Liberation Sans">essa ocasião, ou seja, reunir de fato todos eles em um
anfiteatro em t o r n o de</c>
family:Liberation Sans">de início orientada unicamente por suas necessidades
físicas, teria sido, por fim,</c>
family:Liberation Sans">um único evento espetacular que p u n h a t u d o o mais à
sombra, não o consegue</c>
family:Liberation Sans">levada pelo impulso de "realizar tarefas cada vez mais
complicadas", também</c>
family:Liberation Sans">hoje mais nenhuma olimpíada, nenhum festival de rock, n e n
h u m a</c>
family:Liberation Sans">loveparade.</c>
family:Liberation Sans">a imaginar quimeras religiosas. "À caça e à criação de
animais veio juntar-se a</c>
family:Liberation Sans">Isso naturalmente se deve à estrutura das coletividades,
que hoje são aglomera-</c>
family:Liberation Sans">agricultura; a esta, a fiação e a tecelagem, o trabalho com
os metais, a cerâmica,</c>
family:Liberation Sans">ções de massas complexas, heterogêneas e não mais tribos h
o m o g ê n e a s c u j o</c>
family:Liberation Sans">a navegação. A o lado d o comércio e da indústria se
colocaram finalmente a</c>
family:Liberation Sans">campo de ação se estende só até a próxima encosta de m o n
t a n h a ou curso de</c>
family:Liberation Sans">arte e a ciência, de tribos se fizeram nações e estados. A
justiça e a política se</c>
family:Liberation Sans">rio. Deve-se também aos próprios eventos que se alternam
vertiginosamente,</c>
family:Liberation Sans">desenvolveram e com eles o reflexo fantástico das coisas
humanas no cérebro</c>
family:Liberation Sans">concorrem entre si, se reproduzem, abreviam, trivializam
sob forma audiovisual,</c>
family:Liberation Sans">aos quais mal se deixa tempo para um efeito posterior. Já
não é nem m e s m o</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o : a religião"''.</c>
family:Liberation Sans">Não, a origem d o sensório humano não é nem religiosa nem
profana o</c>
family:Liberation Sans">comum atrair um p e q u e n o núcleo familiar para o m e s
m o p r o g r a m a de TV,</c>
family:Liberation Sans">sagrado não é nem poder original real nem projeção
prescindível, e sim cifra</c>
family:Liberation Sans">razão pela qual aumenta rapidamente a ocorrência de um s e
g u n d o ou terceiro</c>
family:Liberation Sans">imprescindível. A formação do sensório especificamente
humano e a formaçao</c>
family:Liberation Sans">aparelho no quarto das crianças ou no dc dormir. Em suma, p
r a t i c a m e n t e já</c>
family:Liberation Sans">dessa cifra f o r a m o m e s m o processo. Representar,
imaginar, compreender</c>
family:Liberation Sans">não existe algo que seja simplesmente espetacular, pelo
qual, até o n d e alcança a</c>
family:Liberation Sans">algo -</c>
family:Liberation Sans">experiência individual, todos fiquem de fato fascinados,
falem dele e o consumam</c>
family:Liberation Sans">combater o ato h u m a n o de identificar, proteger-se
dele, encobri-lo. Assim como</c>
family:Liberation Sans">que fazia arrepiar até a medula, quer dizer, pavor pânico,
e onde</c>
family:Liberation Sans">ele é já um tremendurn mistificado, nesse momento</c>
family:Liberation Sans">de início atividades indiferenciadas -</c>
family:Liberation Sans">e, sendo assim, é correto insistir: as sensações de hoje
são pálidos sucedâneos</c>
family:Liberation Sans">da epifania do sagrado inflacionados sob condições de
concorrência global até</c>
family:Liberation Sans">se tornarem irreconhecíveis.</c>
family:Liberation Sans">e sim, como demonstrado, uma</c>
family:Liberation Sans">52 R. O t t o , Das Heilige, p. 137.</c>
family:Liberation Sans">5 3 I d c m , o p . cit., p. 138.</c>
family:Liberation Sans">54 F. Engcls, Bialektik</c>
family:Liberation Sans">derNatur,</c>
family:Liberation Sans">MEW 20.1975, p. 450.</c>
family:Liberation Sans">significou em primeiro lugar</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>da coletividade, e portanto, era espetacular ao
extremo, era o ritual sacrifica , no</c>
family:Liberation Sans">Mas que significa dizer isso? O sagrado afinal não é algo
que se compreenda</c>
family:Liberation Sans">qual se acreditava estar presente, tanto destruindo quanto
salvando, o sagrado, o</c>
family:Liberation Sans">por si mesmo, n e n h u m a "categoria apriori"»</c>
family:Liberation Sans">e sim, como demonstrado, uma</c>
family:Liberation Sans">terrível poder protetor divino. C o m isso se teria chegado
com relativa presteza</c>
family:Liberation Sans">situação precária de tradução, um criptônimo e um nome
coletivo posteriores</c>
family:Liberation Sans">ao resultado de que a suma daquilo que hoje chamamos
sensacional era para os</c>
family:Liberation Sans">para processos extraordinários de excitação que se passaram
sob eles e por trás</c>
family:Liberation Sans">povos arcaicos a epifania do sagrado. Poder-se-ia então ter
acrescentado que,</c>
family:Liberation Sans">deles e com isso constituíram nada menos do que o sensório
family:Liberation Sans">para a moderna população do mundo, quase n e n h u m
acontecimento mais p o d e</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o j u n t a m e n t e com sua faculdade especial
de familiarização por meio da</c>
family:Liberation Sans">tornar-se tão espetacular quanto os eventos cultuais o eram
para as coletivida-</c>
family:Liberation Sans">repetição a que hoje chamamos razão ou espírito. O que em O
t t o é chamado</c>
family:Liberation Sans">des antigas. Quando, por exemplo, a festa do solstício de
inverno atraía para si</c>
family:Liberation Sans">de m o d o tão impressionante de mysterium tremendum foi de
início apenas um</c>
family:Liberation Sans">todos os membros de um clã, e lhes dava o sentimento de que
a transformação</c>
family:Liberation Sans">tremendum,</c>
family:Liberation Sans">do declínio do sol em sua ascensão, da escuridão em luz, da
vida em m o r t e e,</c>
family:Liberation Sans">aparece c o m o mysterium</c>
family:Liberation Sans">com isso, não apenas a chegada do novo ano, mas t a m b é m
a c o n t i n u i d a d e da</c>
family:Liberation Sans">havia m u i t o já que a ressignificação da violência
pavorosa em poder protetor</c>
family:Liberation Sans">existência do mundo dependia de sua consumação estática,
inexorável do sacri-</c>
family:Liberation Sans">começara a atuar c o m o formadora de cultura — e faz seu
produto parecer aos</c>
family:Liberation Sans">fício, esse evento deveria tê-los aterrorizado, fascinado,
extenuado mais d o que</c>
family:Liberation Sans">pósteros, por exemplo, aos teólogos modernos, como a origem
por excelência:</c>
family:Liberation Sans">o terremoto de Lisboa aos seus contemporâneos, desde que
eles não t e n h a m</c>
family:Liberation Sans">c o m o a onipotência divina em pessoa, como o sagrado por
si que em toda parte</c>
family:Liberation Sans">sido diretamente afetados por ele, ou do que as devastações
m u i t o mais terrí-</c>
family:Liberation Sans">onde se revela autenticamente provoca o arrepiante
"sentimento do numinoso"53</c>
family:Liberation Sans">veis do furacão "Mitch" na América Central às pessoas de
hoje, q u e captaram</c>
family:Liberation Sans">e confere aos homens uma profundidade de vivência e
plenitude de sentimento</c>
family:Liberation Sans">dele apenas imagens fugazes. E o que foi possível às
dionisíacas, aos grandes</c>
family:Liberation Sans">em comparação com as quais todo o outro sentimento e a
vivência, e até mesmo</c>
family:Liberation Sans">festivais sagrados dos antigos atenienses, a saber, fazer
de todos os cidadãos da</c>
family:Liberation Sans">a totalidade da percepção sensorial "natural" parece uma
simples alegoria, um</c>
family:Liberation Sans">pólis — desde que livres e do sexo masculino, bem e n t e n
d i d o — espectadores</c>
family:Liberation Sans">pálido reflexo p r o f a n o ou um eco. Isso é empolamento
religioso. Não é, porém,</c>
family:Liberation Sans">extasiados da representação das novas tragédias,
especialmente compostas para</c>
family:Liberation Sans">menos a-histórico e antipsicológico o raciocínio contrário,
ateu: a humanidade,</c>
family:Liberation Sans">essa ocasião, ou seja, reunir de fato todos eles em um
anfiteatro em t o r n o de</c>
family:Liberation Sans">de início orientada unicamente por suas necessidades
físicas, teria sido, por fim,</c>
family:Liberation Sans">um único evento espetacular que punha tudo o mais à sombra,
não o consegue</c>
family:Liberation Sans">levada pelo impulso de "realizar tarefas cada vez mais
complicadas", também</c>
family:Liberation Sans">hoje mais nenhuma olimpíada, nenhum festival de rock, n e n
h u m a</c>
family:Liberation Sans">loveparade.</c>
family:Liberation Sans">a imaginar quimeras religiosas. "À caça e à criação de
animais veio juntar-se a</c>
family:Liberation Sans">Isso naturalmente se deve à estrutura das coletividades,
que hoje são aglomera-</c>
family:Liberation Sans">agricultura; a esta, a fiação e a tecelagem, o trabalho com
os metais, a cerâmica,</c>
family:Liberation Sans">ções de massas complexas, heterogêneas e não mais tribos h
o m o g ê n e a s cujo</c>
family:Liberation Sans">a navegação. A o lado d o comércio e da indústria se
colocaram finalmente a</c>
family:Liberation Sans">campo de ação se estende só até a próxima encosta de m o n
t a n h a ou curso de</c>
family:Liberation Sans">arte e a ciência, de tribos se fizeram nações e estados. A
justiça e a política se</c>
family:Liberation Sans">rio. Deve-se t a m b é m aos próprios eventos que se
alternam vertiginosamente,</c>
family:Liberation Sans">desenvolveram e com eles o reflexo fantástico das coisas
humanas no cérebro</c>
family:Liberation Sans">concorrem entre si, se reproduzem, abreviam, trivializam
sob forma audiovisual,</c>
family:Liberation Sans">aos quais mal se deixa tempo para um efeito posterior. Já
não é n e m m e s m o</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o : a religião" 5</c>
family:Liberation Sans">N ã o , a origem d o sensório h u m a n o não é nem
religiosa nem profana, o</c>
family:Liberation Sans">comum atrair um p e q u e n o núcleo familiar para o m e s
m o p r o g r a m a de TV,</c>
family:Liberation Sans">sagrado não é nem poder original real nem projeção
prescindível, e sim cifra</c>
family:Liberation Sans">razão pela qual aumenta rapidamente a ocorrência de um
segundo ou terceiro</c>
family:Liberation Sans">imprescindível. A formação do sensório especificamente
humano e a formaçao</c>
family:Liberation Sans">aparelho no quarto das crianças ou no de dormir. Em suma, p
r a t i c a m e n t e já</c>
family:Liberation Sans">dessa cifra f o r a m o m e s m o processo. Representar,
imaginar, compreender</c>
family:Liberation Sans">não existe algo que seja simplesmente espetacular, pelo
qual, até o n d e alcança a</c>
family:Liberation Sans">algo -</c>
family:Liberation Sans">experiência individual, todos fiquem de fato fascinados,
falem dele e o consu mam</c>
family:Liberation Sans">combater o ato h u m a n o de identificar, proteger-se
dele, encobri-lo. Assim como</c>
family:Liberation Sans">que fazia arrepiar até a medula, quer dizer, pavor pânico,
e onde</c>
family:Liberation Sans">ele é já um tremendum</c>
family:Liberation Sans">de início atividades indiferenciadas -</c>
family:Liberation Sans">e, sendo assim, é correto insistir: as sensações de hoje
são pálidos sucedâneos</c>
family:Liberation Sans">da epifania do sagrado inflacionados sob condições de
concorrência global ate-</c>
family:Liberation Sans">52 R . O t t o . Das Heilige, p. 137.</c>
family:Liberation Sans">se tornarem irreconhecíveis.</c>
family:Liberation Sans">5 3 I d e m , o p . cit., p. 138.</c>
family:Liberation Sans">54 F. Engels, Dialektik</c>
family:Liberation Sans">der Natur, MEW 20.1975, p. 450.</c>
family:Liberation Sans">mistificado, nesse momento</c>
family:Liberation Sans">significou em primeiro lugar</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>meçou com o ato de cifrar. E com a mesma precisão se
p o d e chamar o proces-</c>
family:Liberation Sans">t a n t o q u a n t o estimula e seguir livre de toda
metafísica procede como se levas</c>
family:Liberation Sans">se excessivamente em conta o mandamento do Sermão da
Montanha: "mas se</c>
family:Liberation Sans">teu o l h o esquerdo te escandalizar, arranca-o" 56 ; ele
se mutila.</c>
family:Liberation Sans">so de encobrimento pela familiarização de p r o f a n a ç ã
o . A representação d o</c>
family:Liberation Sans">Sensações atuais são pálidos sucedâneos inflacionados da
epifania do sagrado</c>
family:Liberation Sans">sagrado, afinal, não é senão o anseio de retirar dele sua
terrível estranheza,</c>
family:Liberation Sans">Sim. Mas a sensação primeva humana não é o sagrado, e sim o
pavor. É verdade</c>
family:Liberation Sans">torná-lo comensurável, tratável, familiar, cotidiano, n u m
a palavra: p r o f a n o .</c>
family:Liberation Sans">que não no sentido de que a humanidade o tenha inventado.
Ela simplesmente</c>
family:Liberation Sans">Assim como a memória nasce da tentativa de esquecer, t a m
b é m o sagrado, da</c>
family:Liberation Sans">e n c o n t r o u u m meio singular para sua assimilação.
Também não no sentido de</c>
family:Liberation Sans">tentativa de sua profanação. Só através dela é que ele
afinal ganha forma, cor-</c>
family:Liberation Sans">que ela tivesse tremido 24 horas por dia tomada de
angústia. Também ela não</c>
family:Liberation Sans">porificação, palpabilidade, m u i t o antes de se
evidenciar q u e c o m isso já foi</c>
family:Liberation Sans">terá e n c o n t r a d o menos prazer e fruição em
alimento, luz, cores, calor, contato</c>
family:Liberation Sans">dado o primeiro passo para sua dessacralização. A o p o n e
n t e do sagrado traba-</c>
family:Liberation Sans">corporal e atos sexuais do que os outros mamíferos. Mas não
é isso que a cunhou,</c>
family:Liberation Sans">lha inicialmente como o meio de sua produção. Ela desenha
seu c o n t o r n o ao</c>
family:Liberation Sans">que lhe deu seu caráter próprio de espécie. Caráter
significa, literalmente tradu-</c>
family:Liberation Sans">traçar as linhas que delimitam aquilo que se opõe a ela.
"Meu p e n s a m e n t o se</c>
family:Liberation Sans">zido, cunho, e não existe nenhum cunho sem pressão, golpe,
pontada ou choque.</c>
family:Liberation Sans">relaciona com a teologia assim como acontece com o mata-
borrão e a tinta. Ele</c>
family:Liberation Sans">O q u e o p u n ç ã o de c u n h a g e m é para a moeda, o
choque foi para o sistema</c>
family:Liberation Sans">é totalmente absorvido por ela. Mas se dependesse d o mata-
borrão, nada so-</c>
family:Liberation Sans">nervoso h u m a n o : um fixador abalador. Apenas, a
fixação aqui não se deu como</c>
family:Liberation Sans">braria do que é escrito" 55 , anotou certa vez Walter
Benjamin quase q u e casual-</c>
family:Liberation Sans">um único enrijecer-de-pavor, mas foi tomada sob o próprio
governo e estendida</c>
family:Liberation Sans">mente; ele acreditava com isso revelar a quinta-essência
daquilo que o comovia</c>
family:Liberation Sans">e alargada p o r meio da repetição a tal ponto que as
formas ritualizadas de lin-</c>
family:Liberation Sans">no íntimo. Mas sua formulação revela ainda mais: u m a
alegoria para a consti-</c>
family:Liberation Sans">guagem, culto e trabalho que surgiram nesse processo
ganharam uma relativa</c>
family:Liberation Sans">tuição do pensamento h u m a n o em si — e um aceno para o
fato de que não é</c>
family:Liberation Sans">vida própria. D e um lado, elas são sentimentos apagados,
extintos, instintos e</c>
family:Liberation Sans">possível pensar o sagrado como alheio a essa constituição.
O n d e o pensamen-</c>
family:Liberation Sans">desejos "calcinados", no belo dizer de Freud; portanto,
"mortos": sedimentos do</c>
family:Liberation Sans">to começa — e ele começa, como demonstrado, m u i t o b r u
t o e desprovido de</c>
family:Liberation Sans">s u p r i m e n t o de excitação humana. De outro,
pertencem eles próprios — esses</c>
family:Liberation Sans">espírito —, ele está pleno do sagrado, não p o r q u e acha
essa p l e n i t u d e m u i t o</c>
family:Liberation Sans">sentimentos e desejos — a esse suprimento, eles mesmos agem
nele filtrando,</c>
family:Liberation Sans">bela, e sim porque ele deseja exatamente o contrário:
absorver t o d o o sagrado,</c>
family:Liberation Sans">suavizando, refinando, transformando, fortalecendo o
transcurso da excitação,</c>
family:Liberation Sans">fazê-lo desaparecer sem deixar vestígio. D i t o de um p o
n t o de vista neurofisio-</c>
family:Liberation Sans">o quão c o n c r e t a m e n t e essa excitação é sentida e
percebida, e, por conta disso,</c>
family:Liberation Sans">lógico: ele deseja a absorção de toda excitação p e r t u r
b a d o r a e t o r t u r a n t e . Mas</c>
family:Liberation Sans">não são, tais sentimentos e desejos, uma "casca" exterior,
morta, ou "folha de</c>
family:Liberation Sans">a absorção completa seria a profanação completa, a
experiência do estado com-</c>
family:Liberation Sans">celulóide" do sensório h u m a n o e sim, se quisermos
empregar uma imagem, a</c>
family:Liberation Sans">pletamente livre de tensão, ou seja, daquele m o m e n t o
estático "no qual ressoa</c>
family:Liberation Sans">pele respirante desse sensório humano, que não apenas o
protege, mas também</c>
family:Liberation Sans">o que tempo algum leva, no qual recende o que vento algum
dissipa, n o qual</c>
family:Liberation Sans">o m a n t é m coeso e o capacita a concentrar-se firmemente
em algo, um objeto,</c>
family:Liberation Sans">há um sabor que saciedade alguma estraga, n o qual se a n i
n h a m e buscam u m</c>
family:Liberation Sans">uma pessoa, uma constelação, um problema, em outras
palavras: realizar, para</c>
family:Liberation Sans">no outro o que n e n h u m fastio separa". Apenas, o desejo
de p r o f a n a ç ã o não</c>
family:Liberation Sans">m u i t o além da duração de um estímulo físico imediato, o
trabalho sintético de</c>
family:Liberation Sans">chega a esse bem-aventurado fim p o r q u e existe cada vez
mais excitação para</c>
family:Liberation Sans">uma longa, d u r a d o u r a atenção. Portanto, Malebranche
não exagerou ao dar o</c>
family:Liberation Sans">assimilar do que um sistema nervoso é capaz de fazê-lo. O
sagrado é uma cifra</c>
family:Liberation Sans">n o m e de "prece da alma" à atenção 57 .</c>
family:Liberation Sans">o jogo especificamente h u m a n o começou j o g a n d o
para baixo a i m p o r t â n c i a</c>
family:Liberation Sans">do que é pavoroso, também o ato especificamente h u m a n o
dc identificar co-</c>
family:Liberation Sans">para um excesso de excitação inalcançável. Ele não cessa de
se m a n t e r no sistema nervoso h u m a n o e n q u a n t o a urgência para a
assimilação d o p a v o r não</c>
family:Liberation Sans">cessa, e um pensamento que desejasse deixar arrancar esse
aguilhão q u e fere</c>
family:Liberation Sans">5 6 M a t e u s 5, 2 9 .</c>
family:Liberation Sans">55 W Benjamin. "Notizen und Vorarbeitcn zu den ' I W . in
Üherde,, Begriffder</c>
family:Liberation Sans">[Obrascompletas), 1974, vol. l . p . 1.235.</c>
family:Liberation Sans">Geschkhte, Ges. Sehrífien</c>
family:Liberation Sans">5 7 Se é q u e essa f o r m u l a ç ã o , q u e B e n j a m
i n lhe atribui s e m r c f e r e n c a . e m e s m o</c>
family:Liberation Sans">Kafka. Ges. Schriften [Obras completas], 2, vol. II, p-
432.</c>
family:Liberation Sans">w</c>
family:Liberation Sans">Benjamin,</c>
family:Liberation Sans">Franz</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Retorno ao f u n d a m e n t o</c>
family:Liberation Sans">iluminá-lo -</c>
family:Liberation Sans">através do caprichoso movimento semântico em que ela
entrou</c>
family:Liberation Sans">C o m o nesse m o v i m e n t o ela muda seu significado de
percepção do comum</c>
family:Liberation Sans">C o m isso estamos diante dc u m resultado paradoxal da
história dos concei-</c>
family:Liberation Sans">para percepção do incomum, daquilo que excita os sentidos,
e por fim para essa</c>
family:Liberation Sans">tos. Se a sensação primeva dos seres humanos é o pavor, um
"eis' categonco,</c>
family:Liberation Sans">excitação mesma, ficou demonstrado no capítulo anterior.
Mas só agora esse</c>
family:Liberation Sans">absoluto, isso então significa que, q u a n d o a percepção
c o m e ç o u a se t o r n a r</c>
family:Liberation Sans">m o m e n t o ventila seu segredo histórico-filosófico. Ele
se revela como um grande</c>
family:Liberation Sans">especificamente humana, ela se inflamou ao extremo, ao p r
i m o r d i a l m e n t e ex-</c>
family:Liberation Sans">evento social daquilo que a neurofisiologia chama de
"memória processual". O</c>
family:Liberation Sans">citante. Ela se tornou sensatio através do sensacional/wr
excellence. Apenas p o r</c>
family:Liberation Sans">que ela faz é nada menos que percorrer aceleradamente de
trás para frente os</c>
family:Liberation Sans">meio do artifício singular de torná-lo familiar pela
repetição, de temperar sua</c>
family:Liberation Sans">milênios ao longo dos quais se deu o processo de
desescalada da sensação do</c>
family:Liberation Sans">torrente de excitação é que foi exercitado, treinado,
preparado aquilo que hoje</c>
family:Liberation Sans">incomensurável para o comum, da sensação em si para a
sensação em geral, e</c>
family:Liberation Sans">se evidencia como sensório humano e que parece transmitir-
se de geração para</c>
family:Liberation Sans">recordá-lo p o r meio d o procedimento da reescalada
semântica. Este não é um</c>
family:Liberation Sans">geração como um conjunto de certas formas de percepção e
presentificação mais</c>
family:Liberation Sans">processo consciente, mas um processo literalmente
elucidativo. Ele faz girar sua</c>
family:Liberation Sans">ou menos firmemente interligadas. Em outras palavras: o
sensório h u m a n o ,</c>
family:Liberation Sans">própria história de trás para diante como Penélope faz à
noite com seu tecido.</c>
family:Liberation Sans">que nos parece um dote constante do Homo sapiens, é o
resultado de uma lon-</c>
family:Liberation Sans">E, obviamente, esse retorno da sensação a si mesma não é
apenas um processo</c>
family:Liberation Sans">ga desescalada da sensação, aliás, tão longa que p o d e m
o s errar no seu cálculo</c>
family:Liberation Sans">lingüístico. Q u e a partir de 1780 a palavra "sensação"
tenha, para além das fron-</c>
family:Liberation Sans">temporal em algumas dezenas de milhares de anos. Seus
vestígios culturais</c>
family:Liberation Sans">teiras das línguas nacionais, passado por uma escalada
semântica na linguagem</c>
family:Liberation Sans">mais antigos ainda palpáveis são todos eles já
sedimentações e transposições</c>
family:Liberation Sans">c o r r e n t e c e n t r o - e u r o p e i a e assumido as
conotações de assombro, excitação,</c>
family:Liberation Sans">de outros consideravelmente mais velhos. Eles marcam já o
estágio tardio da</c>
family:Liberation Sans">efervescência, inquietação, e por fim, daquilo mesmo que
excita e assombra,</c>
family:Liberation Sans">paulatina pacificação e consolidação do sensório h u m a n
o c o m o u m a unidade</c>
family:Liberation Sans">é expressão de u m a escalada social muito mais abrangente:
da passagem da</c>
family:Liberation Sans">homogênea. E os últimos cinco milênios, muito mais bem d o
c u m e n t a d o s pela</c>
family:Liberation Sans">sociedade m o d e r n a para uma feira que dura o ano
inteiro, onde a propaganda</c>
family:Liberation Sans">arquitetura, pintura e escrita que todos os anteriores, e
por isso freqüentemente</c>
family:Liberation Sans">b a r u l h e n t a e o caráter sensacional foram
familiarizados como condição de</c>
family:Liberation Sans">confundidos com "a" história humana, nos sugerem essa
unidade, enfim, c o m o</c>
family:Liberation Sans">percepção e de vida. Mas essa passagem, um vigoroso
movimento para frente</c>
family:Liberation Sans">fato consumado. Evidentemente continua a existir uma grande
q u a n t i d a d e de</c>
family:Liberation Sans">da sociedade burguesa, se revela, porém, ao mesmo tempo
como um passo para</c>
family:Liberation Sans">excitações e sensações que podem tirar o sensório h u m a n
o d o sério. Mas esse</c>
family:Liberation Sans">trás da história mundial. E justamente esse correr em
direção contrária constitui</c>
family:Liberation Sans">"sério" é sempre pensado como seu estado normal; a
sensação, apenas c o m o o</c>
family:Liberation Sans">em si o fato que em Hegel se chama "retorno ao fundamento".
Que a lógica da</c>
family:Liberation Sans">estado extremo que se distancia do normal. Q u e o d i s t
a n c i a m e n t o original-</c>
family:Liberation Sans">sensação t e m a forma de contínuo de um tal regresso era
ao final do capítulo</c>
family:Liberation Sans">mente fosse justamente o contrário, que o assim c h a m a d
o estado normal seja</c>
family:Liberation Sans">a n t e r i o r a i n d a u m a suspeita vaga. Agora ele
tem a proto-história inteira da</c>
family:Liberation Sans">na verdade apenas o estado extremo pacificado é um fato c o
m o que apagado.</c>
family:Liberation Sans">sensação c o m o prova. Impõe-se o pensamento de que a via
de fuga que afasta a</c>
family:Liberation Sans">Nada mais parece lembrar o longo processo de familiarização
ou profanação que</c>
family:Liberation Sans">sociedade m o d e r n a em ritmo high-tech de suas origens
arcaicas leva justamente</c>
family:Liberation Sans">o sensório h u m a n o percorreu no seu caminho para u m a
situação cultural bem</c>
family:Liberation Sans">de volta para elas, que o ruído das salvas de artilharia
das sensações produzidas</c>
family:Liberation Sans">temperada — uma situação que os primeiros teóricos
sistemáticos da percepção,</c>
family:Liberation Sans">em escala industrial esteja a p o n t o de despertar de seu
sono a proto-histona da</c>
family:Liberation Sans">Platão e Aristóteles, tomam em toda evidência c o m o uma
constante natural.</c>
family:Liberation Sans">E ainda o fazem também todos aqueles que, dois milênios
depois, introduzem</c>
family:Liberation Sans">sensação e fazê-la c a m i n h a r e m passo de
caranguejo.</c>
family:Liberation Sans">C o m</c>
family:Liberation Sans">isso se c o l o c a a i n d a u m a o u t r a m u d a n ç a
de perspectiva. A n u a n ç a de</c>
family:Liberation Sans">o vocábulo latino sensatio com o significado geral,
inespecífico, de percepção,</c>
family:Liberation Sans">s i g n i f i c a d o m a i s e x p l o s i v a q u e n o c
a p í t u l o a n t e r i o r se e v i d e n c i o u n o c o n c e i t o</c>
family:Liberation Sans">sentimento, na teoria do conhecimento. No entanto, com essa
palavra se chegou</c>
family:Liberation Sans">d e s e n s a ç ã o f o i s e m d ú v i d a a d e i n q u i
e t u d e , efervescência, revolta, razao pela</c>
family:Liberation Sans">a uma peripécia. É certo que ela começa sua carreira com u
m grave equívoco: a</c>
family:Liberation Sans">q u a l a R e v o l u ç ã o F r a n c e s a p o d e , e m t
o d o s o s s e n t i d o s , ser c o n s i d e r a d a a se, -</c>
family:Liberation Sans">compreensão errônea de algo que veio a ser culturalmente
como natureza. Mas</c>
family:Liberation Sans">sação</c>
family:Liberation Sans">sua carreira se constitui em se elevar para além desse
equívoco c p o u c o a p o u c o</c>
family:Liberation Sans">d e u m p r o c e s s o n a h i s t ó r i a d o m u n d o q
u e f a z as g r a n d e s r e v o l u ç o e s s o u a . s</c>
family:Liberation Sans">d e s u a é p o c a . A g o r a ela se a p r e s e n t a c
o m o o p r i m e i r o g r a n d e %</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>inesperadamente parecerem não mais que a v a n g u a
r d a c a face exterior de</c>
family:Liberation Sans">uma revolução muito mais radical, a saber, uma revolução
hsiologica que nao</c>
family:Liberation Sans">apenas coloca em agitação e efervescência hierarquias e
posturas sociais secu-</c>
family:Liberation Sans">S E N S A Ç Ã O</c>
family:Liberation Sans">A B S O L U T A</c>
family:Liberation Sans">lares, mas também o sensório h u m a n o , temperado,
desescalado h á milênios.</c>
family:Liberation Sans">Voltar a revolver a excitação sedimentada nele: este é o
novo significado que</c>
family:Liberation Sans">vem acrescentar-se à palavra "revolta". Mas a nova é a mais
velha, l a m b e m</c>
family:Liberation Sans">"revolução" significou originalmente, ao pé da letra,
"rodar p a r a trás , antes</c>
family:Liberation Sans">que no século XVIII pouco a pouco se tornasse c o m u m
entender-se p o r isso</c>
family:Liberation Sans">uma rebelião e uma ruptura que se movia para frente. E
agora que revolução</c>
family:Liberation Sans">ganha, sob o onipresente bombardeio de sensações, uma
dimensão hsiologica</c>
family:Liberation Sans">de profundidade nunca vista, começa a se evidenciar
novamente, c o m o em u m</c>
family:Liberation Sans">palimpsesto, o significado original da palavra. A revolução
da alta tecnologia</c>
family:Liberation Sans">The pencil ofNature</c>
family:Liberation Sans">deixa reconhecer sinais claros de uma volta em direção ao
arcaico. M a s sua</c>
family:Liberation Sans">força propulsora é o c h o q u e audiovisual. Ele a d q u i
r e a c o n d i ç ã o de u m rodamoinho da história da humanidade. Seu "eis" p r o
f a n o , fugidio, milhões de</c>
family:Liberation Sans">" o s G R A N D E S A C O N T E C I M E N T O S — NÃO são
nossas horas mais baru-</c>
family:Liberation Sans">vezes inflacionado, não é apenas o imã da atenção por
excelência, c o m o ele se</c>
family:Liberation Sans">lhentas, e sim as mais silenciosas" 1 , diz Nietzsche. E
devem ter sido horas de</c>
family:Liberation Sans">mostrou no primeiro capítulo e sim, c o m o agora fica
claro, ao m e s m o t e m p o</c>
family:Liberation Sans">fato silenciosas q u a n d o , na cidade provinciana
francesa de Chalon-sur-Saône</c>
family:Liberation Sans">a herança universal daquelas sensações primevas que antes
apareciam c o m o a</c>
family:Liberation Sans">o sol brilhava através da janela sobre uma lâmina de pedra
que um homem</c>
family:Liberation Sans">epítome do sagrado. Mas na medida em que ele t o m a posse
dessa herança, o</c>
family:Liberation Sans">e n g e n h o s o colocara ali no escuro e preparara com
substâncias sensíveis à luz:</c>
family:Liberation Sans">choque audiovisual se torna sensação</c>
family:Liberation Sans">Joseph N i c é p h o r e Niépce, o inventor da heliografia.
Com orgulho ele escreve</c>
family:Liberation Sans">absoluta.</c>
family:Liberation Sans">ao seu irmão em 16 de setembro de 1824:</c>
family:Liberation Sans">[...] melhorando o meu processo, consegui reproduzir uma
imagem (point de mie)</c>
family:Liberation Sans">tão boa quanto eu poderia desejar [...] Essa imagem foi
tomada de teu quarto em Le</c>
family:Liberation Sans">Gras, para isso eu me servi de minha maior câmera e de
minha maior pedra. A imagem dos objetos aparece até em seus mínimos detalhes com
uma exatidão e nitidez</c>
family:Liberation Sans">surpreendentes e com suas tonalidades mais delicadas. Como
esta cópia é quase sem</c>
family:Liberation Sans">cor, só se pode avaliar bem seu efeito observando a pedra
obliquamente. Só então ela</c>
family:Liberation Sans">se torna visível aos olhos, por causa das sombras e dos
reflexos de luz. e esse efeito, eu</c>
family:Liberation Sans">posso ce dizer, é maravilhoso 2 .</c>
family:Liberation Sans">A q u e l a s h o r a s s i l e n c i o s a s n a s q u a i
s a l u z d o sol d e s e n h o u pela p r i m e i r a</c>
family:Liberation Sans">v e z s o b r e a p e d r a o s c o n t o r n o s d o s p r
é d i o s f r o n t e i r i ç o s d e m o d o q u e se p u -</c>
family:Liberation Sans">F. Nietzsche, Also sprack Zar.itbustra, p. 169.</c>
family:Liberation Sans">J. N. Niépce, apud B. Busch, Bdicbtete Welt. Frankfurt.
1995, p. 18</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>dessem reconhecê-los f o r a m as h o r a s do n a s
c i m e n t o d o m o d e r n o c h o q u e</c>
family:Liberation Sans">imagético 3</c>
family:Liberation Sans">Mas o n d e estava o c h o q u e ? N o espanto de descobrir
de repente, a u m a</c>
family:Liberation Sans">iluminação favorável, esses c o n t o r n o s ? Este foi
apenas o e f e i t o d o c h o q u e .</c>
family:Liberation Sans">Ele mesmo ainda não podia ser c o m p r e e n d i d o , e n
q u a n t o c o n t i n u a s s e a ser</c>
family:Liberation Sans">tadas sobre tripés e postadas diante de igrejas e palácios.
Todos os físicos, químicos e</c>
family:Liberation Sans">demais eruditos da cidade se ocupavam em polir placas de
prata e mesmo os melhores comerciantes de artigos coloniais não queriam sob nenhuma
condição deixar-se</c>
family:Liberation Sans">privar do prazer de sacrificar uma parte de suas posses no
altar do progresso, de vê-la</c>
family:Liberation Sans">desaparecer numa névoa de iodo e mercúrio '.</c>
family:Liberation Sans">necessário esperar horas para que o sol desenhasse na pedra
sua vizinhança,</c>
family:Liberation Sans">ao passo que um desenhista hábil talvez a esboçasse em p o
u c o s m i n u t o s . N o</c>
family:Liberation Sans">entanto, o choque estava latente ali: contido na
particularidade da heliografia.</c>
family:Liberation Sans">Ninguém pode desenhar senão em seqüência: primeiro este
traço, depois aquele,</c>
family:Liberation Sans">primeiro nesta parte da superfície, depois naquela. A luz d
o sol, ao contrário,</c>
family:Liberation Sans">trabalha toda a superfície ao mesmo tempo, e em cada p o n
t o c o m a m e s m a</c>
family:Liberation Sans">exatidão. E nisso já está contido aquele "de uma vez" que
de início só o observador vivência como um "eis aí" que se manifesta r e p e n t i
n a m e n t e . Ele viu os</c>
family:Liberation Sans">contornos "de uma vez" porque o sol os desenhou "de uma
vez". Simultaneidade</c>
family:Liberation Sans">e repentinidade são os dois lados do "de uma vez". Na
heliografia eles a i n d a se</c>
family:Liberation Sans">separam. A luz se "lança" n u m átimo sobre a superfície,
mas a superfície ainda</c>
family:Liberation Sans">não pode retê-la num átimo. Prepará-la para que ela
comprimisse o longo t e m p o</c>
family:Liberation Sans">de exposição em um m o m e n t o , retivesse agora a
impressão de luz e a fizesse</c>
family:Liberation Sans">aparecer como um "eis aí" era então a grande tarefa — g r a
n d e demais para o</c>
family:Liberation Sans">minucioso trabalhador privado, Niépce, sozinho. Q u a n d o
ele se j u n t o u ao</c>
family:Liberation Sans">expositor e negociante Daguerre, que explorava lucrativas
câmaras ópticas no</c>
family:Liberation Sans">centro de Paris, ambos se puseram a trabalhar nesse "eis
aí". O s experimentos</c>
family:Liberation Sans">de Daguerre com placas de prata iodada sobre as quais o
vapor de mercúrio</c>
family:Liberation Sans">fazia aparecer a imagem fotográfica foram um e n o r m e
passo nessa direção.</c>
family:Liberation Sans">A academia francesa de ciências começou a se interessar
pela nova invenção.</c>
family:Liberation Sans">Q u a n d o Daguerre conseguiu, em 1839, vendê-la ao p r ó
p r i o governo francês,</c>
family:Liberation Sans">batizada com seu nome, como "daguerreotipia", celebrou-se
ao m e s m o t e m p o</c>
family:Liberation Sans">a festa de inauguração desse novo "eis aí".</c>
family:Liberation Sans">Faltava apenas o toque industrial à nova invenção. Mas este
não foi realizado</c>
family:Liberation Sans">p o r Daguerre, e sim por Talbot. Em 1841 ele obteve
sucesso com a "calotipia": a</c>
family:Liberation Sans">fixação de imagens fotográficas em papel tratado com
nitrato de prata e iodeto</c>
family:Liberation Sans">de potássio, comparativamente mais barato que as caras
placas de prata — num</c>
family:Liberation Sans">t e m p o de exposição de meio minuto em vez de uma hora. E
copiar em positivo</c>
family:Liberation Sans">esse papel, a forma primitiva do negativo fotográfico: isso
era "uma questão</c>
family:Liberation Sans">m e r a m e n t e mecânica, um bom supervisor estaria em
condições de orientar</c>
family:Liberation Sans">20 trabalhadores"^. Assim surgiu, em 1843, a primeira
manufatura fotográfica.</c>
family:Liberation Sans">Nela T i l b o t m a n d o u fazer o primeiro livro
ilustrado fotograficamente: The</c>
family:Liberation Sans">pencil oj Nature.</c>
family:Liberation Sans">Q u e a natureza desenha com o seu próprio lápis e, quando
se lhe permite,</c>
family:Liberation Sans">copia a si mesma com mais fidelidade que qualquer pintor:
isso foi uma declaração de guerra a toda a arte figurativa. Consequentemente, a
fotografia parecia assustadora a todos os que estavam ameaçados de perder o seu
ganha-pão</c>
family:Liberation Sans">ou o seu prazer artístico p o r causa dela. Hoje se costuma
rir deles como de</c>
family:Liberation Sans">gente atrasada. Mas não era nada de estranhar a sua
suspeita de que ali havia</c>
family:Liberation Sans">coisa. Já Niépce ocasionalmente chamara rétines às imagens
que a luz do sol</c>
family:Liberation Sans">lhe desenhava sobre a pedra. Por um lado isso era
plausível, pois havia muito</c>
family:Liberation Sans">t e m p o já que se sabia que o olho humano funciona como
uma câmera obscura.</c>
family:Liberation Sans">C o n s t r u i r uma tal câmera, portanto, significava
tentar realizar uma reprodução</c>
family:Liberation Sans">d o o l h o h u m a n o . Mas ver agora uma retina
artificial diante de si e nela um</c>
family:Liberation Sans">único piscar de olhos em estado estanque era quase
fantasmagórico. As pessoas</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m não t i n h a m coragem de olhar por muito
tempo para os primeiros</c>
family:Liberation Sans">Mal a patente foi tornada pública e</c>
family:Liberation Sans">já todas as casas de óptica que, no entanto, não podiam
fornecer instrumentos suficientes para atender à necessidade do exército invasor
dos futuros daguerreotipistas</c>
family:Liberation Sans">foram sitiadas. Poucos dias depois se viam em todas as
praças de Paris câmeras 111011-</c>
family:Liberation Sans">retratos de Daguerre. " T i n h a m medo da nitidez dos
seres humanos e acreditavam que os pequenos, dim inutos rostos das pessoas que
havia sobre o retrato</c>
family:Liberation Sans">p o d i a m eles mesmos ver alguém" 6 . E desse modo, sem
ruído, através de simples</c>
family:Liberation Sans">reações químicas, desperta-se, nesse piscar de olhos que
nos miram de uma</c>
family:Liberation Sans">forma tal que, c o m o ocorre com uma pessoa r e c é m - f
a l e c i d a , não se pode estar</c>
family:Liberation Sans">O primado do aspecto óptico n o c h o q u c audiovisual é o
m o t i v o d e seu l a d o acústico estar s u b - r e p r c s c n tado neste
livro. Ele É tratado em o u t r o lugar (cf. C . Turcke, " Z u r ü c k z u m G c r
á u s c h . D i e sakrale H y p o t h e k</c>
family:Liberation Sans">der Musik", Merkur, 6, 2001). N ã o é acaso q u e à
seqüência dc c h o q u e s de imagens c o r r e s p o n d e u m c o n ceito
musical: staccato. N o q u e se segue deve-se p e n s a r i m p l i c i t a m e n t
e , a o l a d o d a e x p r e s s ã o " c h o q u e</c>
family:Liberation Sans">imagético", no choquc de sons, a partir d a imagem do filme
e x p l i c i t a m e n t e (cf. c a p í t u l o 1, n . 7).</c>
family:Liberation Sans">A p u d B. Busch, Belichtete</c>
family:Liberation Sans">IVelt, p. 212.</c>
family:Liberation Sans">\V. H . F. T a l b o t , The pencil ofNature,</c>
family:Liberation Sans">a p u d B. Busch, Belichtete MIt, p. 194.</c>
family:Liberation Sans">W . B e n j a m i n . "Kleine G e s c h d í t e der
PhotographieS in</c>
family:Liberation Sans">Schriften [Ohnucanetas],</c>
family:Liberation Sans">1. P . 372, vol. II.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>certo se porventura ainda não vive, o terror de
cultos arcaicos dos mortos. As</c>
family:Liberation Sans">dica-se a u m limpador de chaminés, a um pano de chão ou a
um resto de comid,</c>
family:Liberation Sans">superfícies de papel tratadas com sais de prata e soluções
de iodo não fazem</c>
family:Liberation Sans">tanto q u a n t o se fossem o próprio
mysteriumfascinam</c>
family:Liberation Sans">senão tornar-se escuras por meio da luz. Elas simplesmente
p e r m i t e m q u e o</c>
family:Liberation Sans">supera em sua constância temporal e espacial qualquer
sistema nervoso vivo</c>
family:Liberation Sans">piscar de olhos apareça nelas. O estranho é o quão ativas
elas são nessa passi-</c>
family:Liberation Sans">Um ser h u m a n o só p o d e concentrar completamente sua
atenção sobre um</c>
family:Liberation Sans">vidade: elas destacam do contínuo de incontáveis instantes
u m único e o pa-</c>
family:Liberation Sans">objeto por um t e m p o muito limitado, e a imagem na
retina que tem dele só é</c>
family:Liberation Sans">ralisam. Mas, poder-se-ia perguntar, a velha magia de caça
já não fazia o mesmo</c>
family:Liberation Sans">perfeitamente nítida n o centro, em torno da fóvea. Nas
bordas ela se esbate A</c>
family:Liberation Sans">quando incentivava a p i n t u r a de bisões nas paredes da
caverna? Sem dúvida,</c>
family:Liberation Sans">câmera, ao contrário, não se cansa. Suas imagens, quando
bem-sucedidas, são</c>
family:Liberation Sans">o bisão pintado está paralisado: colocado na situação da
rigidez cadavérica.</c>
family:Liberation Sans">todas elas e cada u m a em particular, até o ponto mais
extremo, de uma nitidez</c>
family:Liberation Sans">Não o pintam para dar nova vivacidade à evanescente
lembrança dele, e sim</c>
family:Liberation Sans">h o m o g ê n e a , sua distorção marginal é quase
imperceptível, e o olho humano</c>
family:Liberation Sans">porque na lembrança ele está mais vivo d o que se gostaria,
e quer-se justamen-</c>
family:Liberation Sans">pode posteriormente, talvez com o auxílio de uma lente de
aumento, estudar</c>
family:Liberation Sans">te retirar dele essa vida. A pintura paralisa através da
condensação: todas as</c>
family:Liberation Sans">cada instante fixado através da fotografia e descobrir nele
todos os insignificantes</c>
family:Liberation Sans">experiências tidas com o animal vivo são concentradas em u
m aspecto, u m a</c>
family:Liberation Sans">matizes, dobras, fissuras, veias etc. que lhe escaparam ou
que nunca lhe chama-</c>
family:Liberation Sans">pose, uma expressão. A fotografia, ao contrário, paralisa
retirando d o contínuo</c>
family:Liberation Sans">riam a atenção n o lugar e na posição originais9. Desse
ponto de vista o olho da</c>
family:Liberation Sans">do espaço-tempo um único instante. Ela o "coloca" em duplo
sentido: c o m o o</c>
family:Liberation Sans">câmera é sobre-humano. Apenas por causa de sua capacidade
de fixar um aqui</c>
family:Liberation Sans">guarda ao ladrão e como o diretor à cena. Ela n u n c a
oferece o instante em si,</c>
family:Liberation Sans">e agora qualquer é que a sua abundância de detalhes é
notada pelo observador</c>
family:Liberation Sans">e sim o que ela fez dele — o que de resto só é possível
quando havia algo ali que</c>
family:Liberation Sans">vivo 10 . A um preço alto, porém. A abundância se encontra
enrijecida, sem vida.</c>
family:Liberation Sans">se deixava colocar, algo não colocado que de fato se
desenhou na retina artifi-</c>
family:Liberation Sans">A fotografia lembra involuntariamente o que significava
originalmente "retra-</c>
family:Liberation Sans">cial. Caso contrário não haveria nada a ver ali. Por isso,
cada foto irradia insi-</c>
family:Liberation Sans">tar": paralisar, matar. Pintar um bisão na parede da
caverna significava querer</c>
family:Liberation Sans">diosamente um "foi assim"", mesmo que cada uma delas ao
mesmo t e m p o dê</c>
family:Liberation Sans">privá-lo da vida. Baniam-no</c>
family:Liberation Sans">a entender que justamente não foi assim. Destacar u m
instante do c o n t í n u o</c>
family:Liberation Sans">c o m p l e t a m e n t e presente ali, mas com o fito de
torná-lo inofensivo, e não por</c>
family:Liberation Sans">espaço-tempo também significa sempre transformá-lo de
passageiro em cons-</c>
family:Liberation Sans">apreciar tanto assim a sua companhia. Ocorria com as
pinturas mais antigas o</c>
family:Liberation Sans">tante, carregá-lo de ênfase e significado que ele nunca
teve, fazê-lo parecer a</c>
family:Liberation Sans">mesmo que com os mais antigos rituais sacrificais: também
com elas não ha-</c>
family:Liberation Sans">posteriori o que ele nunca foi. E, no entanto, é ele que
aparece ali diferente d o</c>
family:Liberation Sans">via a c o m o d a ç ã o voluntária. Também elas são
testemunho de uma assimilação</c>
family:Liberation Sans">que era. Sua aparição enganadora é o único lugar possível
de sua preservação:</c>
family:Liberation Sans">compulsória d o pavor por meio da repetição. A máscara, o
amuleto, a estátua,</c>
family:Liberation Sans">- com uma atenção cmè</c>
family:Liberation Sans">para a parede; é verdade que com isso o faziam</c>
family:Liberation Sans">por assim dizer, o seu refúgio.</c>
family:Liberation Sans">Qualquer instante pode sofrer uma tal metamorfose, "pois o
aparelho re-</c>
family:Liberation Sans">| T h e naturalist is t o have a n e w k i n g d o m to
explore, as much beyond the microscope as the microscope</c>
family:Liberation Sans">is b e v o n d t h e n a k e d eve." ( D e uma carta de
Morse, "publicada no New Yorker Observer através da qual as</c>
family:Liberation Sans">gistra fielmente sempre o que ele vê e certamente
retrataria uma chaminé ou</c>
family:Liberation Sans">a m e r i c a n o s tiveram notícia pela primeira vez da
invenção de Daguerre* (apud B. Busch, Behchtete</c>
family:Liberation Sans">um limpador de chaminés com a mesma isenção com que
retrataria o Apoio do</c>
family:Liberation Sans">p p . 222 e segs.).</c>
family:Liberation Sans">Belvedere"\ C o m o olho, ele é completamente indiferente.
Isso pode significar</c>
family:Liberation Sans">duas coisas. Em primeiro lugar: ele tem para cada instante
a mesma entrega, de-</c>
family:Liberation Sans">R. B a n h e s , Die hellc Kammer [1980], Trad. alemã. F r
a n k f u r t , 1985, p. 87. C o m a f o t o g r a f i a digital isso</c>
family:Liberation Sans">não m u d o u em principio, apenas cm grau. É certo q u e m
e n o s q u e n u n c a se p o d e c o n f i a r e m q u e a q u i l o</c>
family:Liberation Sans">q u e se identifica na foto se d e s e n h o u
expressamente sobre seu negativo q u a n d o o "negativo" sc c o n s t i t u
i</c>
family:Liberation Sans">tão somente de impulsos eletrônicos combináveis nas mais
variadas maneiras. E, n o e n t a n t o , esse negativo</c>
family:Liberation Sans">em algum m o m e n t o teve seu início c o m o engrama.
Algo realmente se d e s e n h o u ali a n t e s de ser m a n i p u lado talvez até
se tornar irreconhecível. O "foi assim" não desaparece, apenas se afasta para mais
longe — na</c>
family:Liberation Sans">medida cm q u e a técnica digital abre um arsenal inteiro
de novas possibilidades de colocar e d e f o r m a r o</c>
family:Liberation Sans">instante.</c>
family:Liberation Sans">W . H . F. Talbot, lhe penal ofNature,</c>
family:Liberation Sans">apud B. Busch. Bclichtete Welt, p. 200.</c>
family:Liberation Sans">Welt.</c>
family:Liberation Sans">10 S e g u n d o B e n j a m i m é s a b i d a m e n t e
apenas o aqui e agora singular que constitui a aura de uma imagem.</c>
family:Liberation Sans">C o m isso ele t i n h a e m mente, sobretudo, o aqui e
agora de cada imagem, mas pouco provavelmente o aqu,</c>
family:Liberation Sans">e agora d a q u e l e q u e p r e t e n d e fixar a imagem.
Daí sua conclusão precipitada de que a técnica de reprodução</c>
family:Liberation Sans">d a f o t o g r a f i a e d o filme c o m sua «tendência à
superação da singularidade provoca a d e s t r u i ^ d a ^</c>
family:Liberation Sans">( W . B e n j a m i n , Das Kunstwerk ,m Zeitalter</c>
family:Liberation Sans">seiner techniscben Reproduz, erb«rku</c>
family:Liberation Sans">Gcsaêkfe*fírn</c>
family:Liberation Sans">[Obras completas], 2, vol. I, p. 4 - 9 ) . É verdade que a
singularidade e superada do lado da</c>
family:Liberation Sans">gativo se p o d e m fazer cópias aos montes. Do lado do
objeto, acontece exacamen» o comr</c>
family:Liberation Sans">noJÊ,mwn</c>
family:Liberation Sans">te nesse m o m e n t o q u e se prepara a singularidade
dele. Só a</c>
family:Liberation Sans">ro aqui e agora c o m codas as suas c a s u a l i d a d e ,
não</c>
family:Liberation Sans">^ ^ ^ ^ E p l i c a v e l - n t e</c>
family:Liberation Sans">"foi assim" q u e eu t e n h o nas m ã o s em cópia
focografka, que ao mesmo</c>
family:Liberation Sans">d i s t a n t e , i r r i d i a u m a aura inversa: não a
aparição única de uma</c>
family:Liberation Sans">Ja</c>
family:Liberation Sans">( i b i d e m ) , mas talvez a aparição de uma proximidade
ú n . c ^ o r m ^ ^ c j j - ^</c>
family:Liberation Sans">a u r a : isso é possível, c o m o j u s t a m e n t e a
fotografia</c>
family:Liberation Sans">está em, num átimo, paralisar todo</c>
family:Liberation Sans">seja aurático, e isso p r e c i s a m e n t e graças a um
meio esretico, cuja magi,</c>
family:Liberation Sans">a q u i e a g o r a ? Isso está fora de questão.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>a p i n t u r a mural: todos eles repetem, encarnam,
representam, a fim de banir</c>
family:Liberation Sans">Em D e m ó c r i t o o eidos ainda não desempenha nenhum
papel principal Em</c>
family:Liberation Sans">e enfraquecer o representado. Eles têm um nível cultural
incomparavelmente</c>
family:Liberation Sans">ais alto que o das primeiras interjeições e gestos, mas n e
n h u m a e s t r u t u r a</c>
family:Liberation Sans">mais</c>
family:Liberation Sans">Platão ocorre o oposto. Nele esse conceito se torna um
peso-pesado filosófico</c>
family:Liberation Sans">é verdade q u e j u s t a m e n t e porque ele quase o vira
de cabeça para baixo Ele o</c>
family:Liberation Sans">f u n d a m e n t a l m e n t e diferente. A imagem, p o r
t a n t o — seja c o m o escultura,</c>
family:Liberation Sans">faz transformar-se de forma exterior da coisa em seu
interior, em seu protótipo</c>
family:Liberation Sans">seja como pintura mural —, começa também sua carreira c o m
o acessório do</c>
family:Liberation Sans">em sua essência. Pode-se acompanhar exatamente como se
realiza essa inversão</c>
family:Liberation Sans">ritual. O que o grito de pavor tenta fazer p o r meio da
voz, a paralisação tenta</c>
family:Liberation Sans">dos primeiros diálogos de Platão para os mais maduros, como
eidos, de início</c>
family:Liberation Sans">por meio da imagem: tirar de algo pavoroso sua pavorosa
vivacidade. E o que há</c>
family:Liberation Sans">u m c o n c e i t o a c e n t u a d a m e n t e estético,
empregado preferencialmente para a</c>
family:Liberation Sans">de abrupto, de repentino, de pontual na natureza da
fotografia revivifica aquele</c>
family:Liberation Sans">aparência de belos rapazes, pouco a pouco se interioriza, e
passa por fi</c>
family:Liberation Sans">sentido primevo da produção de imagens que p o u c o a p o
u c o empalideceu no</c>
family:Liberation Sans">e se "acerta" mais ou menos. Claro que o f o t ó g r a f o
não é n e n h u m c a ç a d o r</c>
family:Liberation Sans">ferir-se justamente apenas àquilo que não se vê num objeto,
e só pode st</c>
family:Liberation Sans">ser comp r e e n d i d o pelo pensamento: seu esquema ou
arquétipo perpétuo, eternamenunente imutável, que desde então se tornou famoso como
a idéia platônica. E</c>
family:Liberation Sans">então</c>
family:Liberation Sans">vem u m pioneiro da fotografia, que mais fanfarreia com a
filosofia antiga do</c>
family:Liberation Sans">tradicional que mata ele mesmo o animal e o leva c o m o
butim. Ele acerta ape-</c>
family:Liberation Sans">que a conhece, volta novamente para fora o conceito
filosoficamente carrega-</c>
family:Liberation Sans">nas o aqui e agora de um objeto, faz com que se enrijeça
sob a f o r m a de instan-</c>
family:Liberation Sans">d o de eidos e afirma: o essencial nas coisas não é o
interior invisível, e sim o</c>
family:Liberation Sans">tâneo e faz cópias dele. Essa tomada de cópias é a única
coisa que lhe diz res-</c>
family:Liberation Sans">aspecto exterior. Em suas palavras: "Deem-nos alguns
negativos de algo digno</c>
family:Liberation Sans">peito. Em comparação com o caçador, ele leva m u i t o
menos consigo. Mas não</c>
family:Liberation Sans">de ser visto, t o m a d o de diferentes perspectivas — mais
do que isso não preci-</c>
family:Liberation Sans">também mais ? A pálida cópia não será justamente a pele
aurática da coisa, seu</c>
family:Liberation Sans">samos. E se quiserem, podem então demolir ou botar fogo no
objeto." "Existe</c>
family:Liberation Sans">protótipo, seu verdadeiro si-mesmo, e o fotógrafo não será,
p o r t a n t o , o mais</c>
family:Liberation Sans">apenas u m Coliseu ou Panteão, mas quantos milhões de
possíveis negativos</c>
family:Liberation Sans">refinado dos caçadores? Essa suspeita transitava realmente
entre os pioneiros</c>
family:Liberation Sans">eles forneceram desde que foram construídos — a base para
bilhões de imagens?</c>
family:Liberation Sans">da fotografia. Oliver Wendell Holmes, que se poderia chamar
o p r i m e i r o teó-</c>
family:Liberation Sans">Matéria em grandes quantidades é sempre imóvel e cara;
forma é barata e trans-</c>
family:Liberation Sans">rico de sua epistemologia, apoia-se expressamente em um
filósofo da Antigüi-</c>
family:Liberation Sans">portável. N ó s preservamos o fruto da Criação e não
precisamos preocupar-nos</c>
family:Liberation Sans">dade grega: "Demócrito de Abdera, conhecido c o m o o
filósofo risonho, p o r</c>
family:Liberation Sans">com a semente" 1 2 .</c>
family:Liberation Sans">curso de seu abrandamento sob a forma de arte
plástica.</c>
family:Liberation Sans">Não por acaso se preserva a expressão segundo a qual se
"dispara" a câmara</c>
family:Liberation Sans">m a re-</c>
family:Liberation Sans">não considerar a busca da verdade incompatível com um s e m
b l a n t e alegre,</c>
family:Liberation Sans">Isso é n a t u r a l m e n t e uma impertinência, mas uma
especialmente esclarece-</c>
family:Liberation Sans">acreditava e ensinava que todos os corpos emitem c o n t i
n u a m e n t e p e q u e n a s</c>
family:Liberation Sans">dora. Pois o negativo fotográfico é de fato uma retradução
do eidos platônico</c>
family:Liberation Sans">imagens de si mesmos que desatam nossas percepções ao
entrar em c o n t a t o</c>
family:Liberation Sans">para o â m b i t o sensorial — para o lugar de onde ele
veio. Com isso emerge</c>
family:Liberation Sans">com os órgãos dos sentidos." Infelizmente essas
imagenzinhas, eidola em grego,</c>
family:Liberation Sans">i n e s p e r a d a m e n t e o impulso mágico na idéia
central de toda a epistemologia</c>
family:Liberation Sans">têm o defeito de se dissipar imediatamente, e se alguém
tivesse querido con-</c>
family:Liberation Sans">idealista: q u e m compreende o eidos compreende a coisa em
si. Não são apenas</c>
family:Liberation Sans">vencer Demócrito de que sabia como fixá-las, "o filósofo
risonho teria feito p o r</c>
family:Liberation Sans">Aristóteles, Plotino, Tomás de Aquino, Nicolau de Cusa,
Espinosa e Hegel que</c>
family:Liberation Sans">merecer o nome e surpreendido o autor de tal afirmação com
uma salva de risos.</c>
family:Liberation Sans">têm essa convicção em comum com Platão, mas também os assim
chamados</c>
family:Liberation Sans">A daguerreotipia conseguiu fazer isso. Ela fixou nossos
mais fugazes reflexos,</c>
family:Liberation Sans">povos naturais que dançam em torno da estátua do jaguar ou
queimam o bo-</c>
family:Liberation Sans">aquelas aparições que o apóstolo, o filósofo e o poeta
descreveriam c o m o o</c>
family:Liberation Sans">neco de palha q u e representa o inimigo. A fotografia
obviamente nao revela</c>
family:Liberation Sans">protótipo do instável e do irreal"". Em outras palavras,
ela conseguiu fazer das</c>
family:Liberation Sans">esse impulso mágico sem partilhar dele ela própria, sem, em
todo caso, multi-</c>
family:Liberation Sans">imagenzinhas fugazes imagens duradouras, do eidolos um
eidos. N a linguagem</c>
family:Liberation Sans">plicá-lo, vulgarizá-lo por meio de um novo processo
técnico. Sua retraduçao</c>
family:Liberation Sans">" — e na</c>
family:Liberation Sans">do eidos para o â m b i t o sensorial é de tato um
"platonismo para o povo</c>
family:Liberation Sans">essa</c>
family:Liberation Sans">verdade um mais eficiente que o cristianismo, no qual
Nietzsche pregou</c>
family:Liberation Sans">cotidiana o vocábulo eidos significa algo c o m o a
aparência ou a f o r m a de u m</c>
family:Liberation Sans">objeto. O conceito de "aspecto" do campo do design se
aproxima m u i t o dele.</c>
family:Liberation Sans">11 O. W . H o l m e s , "Das Stereoskop u n d der
Stercograph" ( 1 8 5 9 ) , a p u d W . Kcinp. Vitorie</c>
family:Liberation Sans">M u n i q u e 1980, pp. 114e segs.</c>
family:Liberation Sans">der Fotografa</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">/,</c>
family:Liberation Sans">12 O . \ V . H o l m e s , " D a s S t e r e o s k o
p . . . " , p . 1 1 9 .</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>etiqueta 1 3 . C o m isso ele quis dizer: apenas com
o artifício de voltar para fora,</c>
family:Liberation Sans">opressão, dureza, imposição de formas próprias,
incorporação e no mínimo</c>
family:Liberation Sans">para o visível, a idéia platônica invisível, ou, em termos
teológicos, apenas atra-</c>
family:Liberation Sans">no mais suave, exploração</c>
family:Liberation Sans">vés do dogma segundo o qual a divindade, absolutamente
extraterrena, se tor-</c>
family:Liberation Sans">lugar em p a r t e alguma. Ela é utópica no sentido
literal. Mas essa utopia não</c>
family:Liberation Sans">nou, num único homem, incondicionalmente, carne concreta,
palpável, é que</c>
family:Liberation Sans">para de a c o m p a n h a r a vida real, porque a tensão
pulsional sob a qual ela se</c>
family:Liberation Sans">o p l a t o n i s m o p ô d e tornar-se popular. Q u e r
dizer, apenas ao preço de u m a</c>
family:Liberation Sans">e n c o n t r a não para de desejar sua própria debelação -
da maneira paradoxal</c>
family:Liberation Sans">sensível simplificação. Mas quão sublime ainda parece essa
simplificação em</c>
family:Liberation Sans">descrita n o capítulo anterior, pela qual ela tanto deseja
a condição de sua não</c>
family:Liberation Sans">comparação com a fotográfica! Para aquilo que o
cristianismo necessitava de</c>
family:Liberation Sans">existência q u a n t o deseja vivenciar essa condição:
portanto, algo impossível.</c>
family:Liberation Sans">toda uma doutrina da encarnação, a fotografia precisa
apenas da retina artificial.</c>
family:Liberation Sans">Esse desejo pulsional paradoxal tem, porém, sua
contraparte, até mesmo seu</c>
family:Liberation Sans">Ela é — e para isso, apesar de t o d o o seu desleixo
filosófico, H o l m e s possuía</c>
family:Liberation Sans">negativo fotográfico, na idéia cristã-teológica da eterna
bem-aventurança como</c>
family:Liberation Sans">um sensório preciso — o meio de encarnação adequado d o
século XIX: a res-</c>
family:Liberation Sans">t e m p o paralisado, c o m o nunestans:</c>
family:Liberation Sans">sensorialização do eidos, simplificada até se t o r n a r g
e r a l m e n t e conhecível e</c>
family:Liberation Sans">se inicia com o maior escrúpulo teórico em relação às
pulsões exatamente no</c>
family:Liberation Sans">praticável, a reexposição e inflação de sua antiga força
mágica.</c>
family:Liberation Sans">m o m e n t o e m que a debelação da tensão é fruída de
maneira tão livre de per-</c>
family:Liberation Sans">C o m tudo isso a fotografia realiza um "retorno ao
fundamento". A magia</c>
family:Liberation Sans">que ela exerce não deve de maneira n e n h u m a ser e n t
e n d i d a apenas metaforicamente. O antigo processo d u p l o d o b a n i m e n t
o c o n t i n u a a viver t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">nela. Sua intenção original era, de fato, tornar
inofensivo, desprovido de força,</c>
family:Liberation Sans">Uma vida na qual nada mais apavora não tem</c>
family:Liberation Sans">um agora estático. E de fato a paralisação</c>
family:Liberation Sans">turbações q u a n t o se ela fosse completa. Esse momento
fugacíssimo de felicidade absorta, Deus o fixa de modo tão fantástico como se
apertasse subitamente um b o t ã o metafísico; Ele o eterniza e, assim, salva cada
uma das criaturas</c>
family:Liberation Sans">que Ele escolheu previamente para isso.</c>
family:Liberation Sans">de vida, um poder natural. Mas, na m e d i d a em que é b e
m - s u c e d i d o nisso, o</c>
family:Liberation Sans">Segundo a doutrina teológica, apenas Deus pode fazê-lo:
paralisar o próprio</c>
family:Liberation Sans">banimento se inverte; ele passa a insuflar nova vida ao que
foi d o m i n a d o , des-</c>
family:Liberation Sans">t e m p o , não apenas no tempo, e com isso fazer com que a
vida estancada seja</c>
family:Liberation Sans">provido devida: uma vida inofensiva, dócil, conduzida pelo
h o m e m . Essa pas-</c>
family:Liberation Sans">ao m e s m o t e m p o a vida consumada. O artifício divino
tem, porém, um senão:</c>
family:Liberation Sans">sagem é a da legítima defesa para a arte. C o n t r a um
mysterium</c>
family:Liberation Sans">só</c>
family:Liberation Sans">é algo p u r a m e n t e imaginado, acreditado, esperado
pelos homens. Mas agora</c>
family:Liberation Sans">existe um meio: torná-lo inofensivo através da paralisação.
Mas se ele já está</c>
family:Liberation Sans">os h o m e n s inventaram um aparelho que realmente realiza
algo desse artifício:</c>
family:Liberation Sans">tão paralisado, pacificado, que já não mais provoca
tremedeira, então suas en-</c>
family:Liberation Sans">" H á na Bíblia a bela passagem: 'Deus disse: faça-se a
luz, e a luz se fez.' Agora</c>
family:Liberation Sans">carnações podem aos poucos começar a se tornar massa de
moldar da fantasia</c>
family:Liberation Sans">se p o d e ordenar às torres da Notre-Dame: 'Façam-se
imagem!' e as torres obe-</c>
family:Liberation Sans">humana. Pode-se ilustrar sua forma com palavras ou esculpi-
las em pedra de</c>
family:Liberation Sans">decem. Assim c o m o obedeceram a Daguerre, que um belo dia
as levou inteiras</c>
family:Liberation Sans">tremendum</c>
family:Liberation Sans">tal forma que elas pareçam viver — e o desejo que t o r n o
u Pigmalião famoso</c>
family:Liberation Sans">consigo" 1 5 . Levar consigo se pode tão somente um
instante paralisado. Ele foi</c>
family:Liberation Sans">comece a se manifestar: o de que a estátua que ele esculpiu
no m á r m o r e abris-</c>
family:Liberation Sans">privado de sua vida própria, mas também preservado; morto,
mas também</c>
family:Liberation Sans">se os olhos e se tornasse sua amante. A paralisação se
torna uma nova vivificação</c>
family:Liberation Sans">salvo. E o lado da salvação não deve ser avaliado como
muito pequeno. Mesmo</c>
family:Liberation Sans">daquilo que fora paralisado. É certo que o combate ao pavor
se articula origi-</c>
family:Liberation Sans">que t o d o s saibam que não serão abençoados ao serem
fotografados, o mons-</c>
family:Liberation Sans">nalmente como desejo de matar. Mas, à medida que o pavor
empalidece, mani-</c>
family:Liberation Sans">truoso sucesso comercial da fotografia, comprovado por
bilhões de cópias, se</c>
family:Liberation Sans">festa-se nesse desejo de matar o desejo de viver. Sim, t a
m b é m ele deseja total-</c>
family:Liberation Sans">alimenta de u m a lisonja totalmente elementar. Ter diante
de si, fotografados,</c>
family:Liberation Sans">mente a vida, mas justamente uma vida sob suas condições: u
m a q u e não mais</c>
family:Liberation Sans">a si mesmo, a sua amada, sua vizinhança mais próxima,
significa: o aqui e agora</c>
family:Liberation Sans">apavora. Existe uma vida assim? Não. Vida é uma condição dc
tensão, c o m o</c>
family:Liberation Sans">que eu vejo aqui não é um qualquer, e sim um especialmente
fixado -</c>
family:Liberation Sans">aprendemos em Freud, e Nietzsche se tornou ainda mais
explícito: "Vida é em</c>
family:Liberation Sans">cado dos incontáveis instantes imperceptivelmente
transcorridos, em suma.</c>
family:Liberation Sans">si essencialmente</c>
family:Liberation Sans">algo excepcional. Se não foi fixado justamente por ser algo
excepcional, então</c>
family:Liberation Sans">apropriação, ferida, d o m i n a ç ã o d o e s t r a n h o
e mais fraco,</c>
family:Liberation Sans">13 " C r i s t i a n i s m o é p l a t o n i s m o para o '
p o v o ' " (F. N i e t z s c h e , v o n</c>
family:Liberation Sans">criticas], p. 12).</c>
family:Liberation Sans">Gul und fíòse, KSA 5 [ E d i ç õ e s</c>
family:Liberation Sans">14 Idem, op. cic., p. 207.</c>
family:Liberation Sans">15 J. J a n i n , a p u d W. Keinp, Tbeone der Fotograjie
I. Munique, 1980. p. 4 / .</c>
family:Liberation Sans">desta-</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>O olho da câmera</c>
family:Liberation Sans">é certamente algo excepcional p o r q u e foi fixado. E as
primeiras heiiografias</c>
family:Liberation Sans">de Niépce, a vista da janela ou a mesa posta não tiravam o
fôlego p o r causa d a</c>
family:Liberation Sans">mesa ou da vista, mas porque aqui foi possível pela
primeira vez fazer com que</c>
family:Liberation Sans">A época d o surgimento da fotografia é a época da Revolução
Industrial quando</c>
family:Liberation Sans">fossem desenhadas pelo Sol sobre uma pedra.</c>
family:Liberation Sans">u m</c>
family:Liberation Sans">novo m o d o de produção, o uso de máquinas a vapor,
começou a marcar o</c>
family:Liberation Sans">Mais de um século e meio de vertiginosa evolução não p u d
e r a m destruir</c>
family:Liberation Sans">compasso da evolução social, quando se recrutou, entre a
população de artesãos</c>
family:Liberation Sans">essa magia congênita da fotografia, e ela faz o olhar
voltar-se n o v a m e n t e p a r a</c>
family:Liberation Sans">e trabalhadores rurais privados de seu ganha-pão, entre uma
gente nômade e a</c>
family:Liberation Sans">a substância sensível à luz da qual ela se originou. Essa
substância reage apenas</c>
family:Liberation Sans">escória das cidades, u m proletariado que só podia ganhar
seu escasso alimento</c>
family:Liberation Sans">quimicamente à luz, sem prejudicar com isso qualquer o u t
r o o b j e t o em t o r n o</c>
family:Liberation Sans">v e n d e n d o sua força de trabalho aos proprietários das
máquinas, e o crescimen-</c>
family:Liberation Sans">de si. E, no entanto, ela põe em ação algo que diz respeito
a t o d o s os objetos</c>
family:Liberation Sans">to d o m e r c a d o nessa época, até ao ponto de se tornar
uma feira perene, não</c>
family:Liberation Sans">em torno dela e lhes transforma o valor: o imperativo
"façam-se imagens!" E</c>
family:Liberation Sans">se deveu s o m e n t e ao aumento dos bens à venda nele,
mas também ao fato de</c>
family:Liberation Sans">essa é a mosca metafísica em que ela acerta. C l a r o q u
e ela p r ó p r i a nada sabe</c>
family:Liberation Sans">que ele foi i n u n d a d o por criaturas humanas que
precisam vender-se. Ora, o</c>
family:Liberation Sans">disso. O seu processo químico age metafisicamente apenas
sobre a consciên-</c>
family:Liberation Sans">mercado sempre foi um lugar de seleção. Vender mercadorias
freqüentemente</c>
family:Liberation Sans">cia h u m a n a . Mas j u s t a m e n t e : ele age. E de
tal f o r m a que, através dele, u m a</c>
family:Liberation Sans">significa t a m b é m ter o direito de deixá-las ficar num
canto. Só que faz uma</c>
family:Liberation Sans">nova propriedade é dada como presente à natureza c o m o
11111 t o d o , na m e d i d a</c>
family:Liberation Sans">diferença f u n d a m e n t a l decidir sobre bens de
consumo ou sobre seres humanos.</c>
family:Liberation Sans">em que ela é capaz de se manifestar p o r meio da
substância sensível à luz: a</c>
family:Liberation Sans">As conseqüências não são as mesmas de quando são matérias-
primas, móveis</c>
family:Liberation Sans">propriedade de se tornar imagem. Apenas, esse presente é o
n e r a d o p o r u m a</c>
family:Liberation Sans">ou víveres que se deixam ficar. Para os seres humanos o
mecanismo de seleção</c>
family:Liberation Sans">hipoteca, cujo peso só se revela aos poucos: p o d e r
tornar-se i m a g e m significa</c>
family:Liberation Sans">do m e r c a d o se t o r n a instância do destino que, por
um desígnio insondável,</c>
family:Liberation Sans">talvez se tornar imagem e, mais cedo ou mais tarde, ter de
se t o r n a r imagem.</c>
family:Liberation Sans">rejeita u m e elege o outro. E, mesmo quando a eleição tem
um caráter muito</c>
family:Liberation Sans">O imperativo "façam-se imagens" põe em ação um e s t r a n
h o sorvedouro. N o</c>
family:Liberation Sans">miserável, c o m o por exemplo, o de mourejar a vida
inteira por um salário de</c>
family:Liberation Sans">estágio inicial da fotografia ele ainda mal é perceptível.
Aqui é o fotógrafo que</c>
family:Liberation Sans">fome, ela é, apesar de tudo, um ato atribuidor de sentido.
Pois o sentido e o</c>
family:Liberation Sans">está em primeiro plano, c o m o herói m o d e r n o : assim
c o m o D e u s c o m a n d a a</c>
family:Liberation Sans">objetivo de t o d a mercadoria é ser vendida, mas apenas a
mercadoria humana</c>
family:Liberation Sans">luz com sua palavra, Daguerre comanda, com a luz, as torres
de N o t r e - D a m e .</c>
family:Liberation Sans">sente se tais sentidos e objetivos foram alcançados ou não.
Para uma força de</c>
family:Liberation Sans">É um privilégio fixar pela imagem um objeto privilegiado.
Mas fazia p a r t e da</c>
family:Liberation Sans">trabalho, ser invendável significa vegetar sem sentido,
quer dizer, sem meios</c>
family:Liberation Sans">magia congênita da fotografia a certeza de que em p o u c o
t e m p o ela deixaria de</c>
family:Liberation Sans">de sobrevivência e ignorada — uma situação que em geral
também começa a</c>
family:Liberation Sans">ser um privilégio. Sua massiva difusão comercial estava
calculada de antemão.</c>
family:Liberation Sans">d e c o m p o r rapidamente os atingidos por ela quando,
como ocorre em países</c>
family:Liberation Sans">Ter dado o primeiro impulso a ela deveria fazer a fama de
seus pioneiros. Niépce</c>
family:Liberation Sans">ricos, u m a rede social a envolve de maneira incompleta.
Marx chama a rique-</c>
family:Liberation Sans">e Daguerre fecharam seu famoso c o n t r a t o "a fim de
tirar t o d o s os proveitos</c>
family:Liberation Sans">za das sociedades modernas de uma "coleção monstruosa de
mercadorias" 1 ,</c>
family:Liberation Sans">possíveis desse novo ramo de negócios" 16 . O contexto ao
qual H o r k h e i m e r e</c>
family:Liberation Sans">m o n s t r u o s a especialmente porque a força de
trabalho humana se torna um</c>
family:Liberation Sans">A d o r n o deram o nome de indústria</c>
family:Liberation Sans">cultural está aqui p r e v i a m e n t e estabele-</c>
family:Liberation Sans">e l e m e n t o constitutivo dessa coleção; sua venda, um
ato fundador da coesão</c>
family:Liberation Sans">cido: o p r o d u t o cultural em questão não caiu p o s t
e r i o r m e n t e nas garras d o</c>
family:Liberation Sans">social; o mercado, um fundador. Em seu campo de forças,
cada uma das peças</c>
family:Liberation Sans">mercado, foi, pelo contrário, desenvolvido especialmente
para ele. A indústria</c>
family:Liberation Sans">isoladas dessa coleção recebe, com a forma de mercadoria,
como que uma injeção</c>
family:Liberation Sans">cultural não começa de maneira n e n h u m a apenas no
século XX.</c>
family:Liberation Sans">da necessidade de ser aceita pelo mercado: ganhar um
sentido. Claro que nao</c>
family:Liberation Sans">se trata de uma injeção física. Mesmo para o mais precioso
veículo, ou peça de</c>
family:Liberation Sans">vestuário ou joia, é indiferente se permanece inutilizado
ou apodrece; apenas</c>
family:Liberation Sans">para os seres h u m a n o s que tratam com eles não é. Eles
têm a impressão de que</c>
family:Liberation Sans">16 Apud B. Busch, Belichtete IVelt, p. 169.</c>
family:Liberation Sans">17 K. Marx, Das Kapital, p. 49.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>a coisa necessita ser vendida e utilizada. Essa
impressão é projeção, mas uma</c>
family:Liberation Sans">criminoso s o m e n t e quando são fotografados - apenas
quando a câmera os faz</c>
family:Liberation Sans">projeção que tem bons f u n d a m e n t o s econômicos. M e
s m o que sejam os seres</c>
family:Liberation Sans">sê-lo. Nesse caso t a m b é m o contrário é válido: um
local que não é fotografado</c>
family:Liberation Sans">humanos que sintam tal necessidade interinamente pelas
coisas inanimadas, a</c>
family:Liberation Sans">não é n e m m e s m o o cenário de um crime, apenas um
buraco na t o p L a f i a</c>
family:Liberation Sans">necessidade t a m b é m está nelas próprias a partir d o m
o m e n t o em que g a n h a m</c>
family:Liberation Sans">U m a pessoa que não é fotografada não é nem mesmo um
criminoso apenas</c>
family:Liberation Sans">status de mercadorias. Não podemos considerar uma coisa c o
m o mercadoria</c>
family:Liberation Sans">u m a não pessoa ainda anônima, amorfa. Tornar-se imagem
pode ser de fato</c>
family:Liberation Sans">sem sentir a necessidade de que ela seja escolhida pelo m e
r c a d o c o m o u m a</c>
family:Liberation Sans">m u i t o desagradável, q u a n d o ocorre no exato momento
em que se está saindo</c>
family:Liberation Sans">característica própria dela.</c>
family:Liberation Sans">dc u m bordel, a p o n t a n d o uma arma para alguém ou
simplesmente bocejando</c>
family:Liberation Sans">A fotografia reproduz expressamente esse estado de coisas.
Assim que ela</c>
family:Liberation Sans">inicia sua marcha triunfal, à qual Daguerre deu a partida
com sua espetacular</c>
family:Liberation Sans">despreocupadamente. Mas não se tornar imagem de modo algum
significa estar</c>
family:Liberation Sans">p e r d i d o — não tér n e m mesmo uma cédula de
identidade.</c>
family:Liberation Sans">venda ao governo francês, a sua magia congênita começa a
funcionar c o m o sor-</c>
family:Liberation Sans">Fazer u m a " t o m a d a " fotográfica tem freqüentemente
dois significados:</c>
family:Liberation Sans">vedouro. A partir de agora cada objeto e cada m o m e n t o
pode tornar-se imagem,</c>
family:Liberation Sans">t a n t o registrar, controlar, quanto aceitar, salvar. E
um é inseparável do outro.</c>
family:Liberation Sans">mas ai daqueles aos quais isso não é possível. E a câmera
tem uma capacidade</c>
family:Liberation Sans">Isso é q u e faz a imparcialidade do olho da câmera tão
irritante. Quando ele</c>
family:Liberation Sans">limitada a apenas uma parte deles. Mas t u d o que não é f
o t o g r a f a d o p e r t e n c e</c>
family:Liberation Sans">realmente reproduz nitidamente cada chaminé em todos os
seus ângulos não</c>
family:Liberation Sans">doravante à massa indistinta, amorfa, de m o m e n t o s
transcorridos sem serem</c>
family:Liberation Sans">menos m i n u c i o s a m e n t e que o Apoio do Belvedere,
ele então, desse ponto de</c>
family:Liberation Sans">notados. E assim ocorre que a realidade começa a se
dissolver para o o l h o da</c>
family:Liberation Sans">vista, não é superior ao olho humano apenas pela técnica
óptica, mas também</c>
family:Liberation Sans">câmera em uma infinidade de m o m e n t o s que almejam t o
d o s eles ser u m dos</c>
family:Liberation Sans">m o r a l m e n t e . Ele não conhece nenhuma hierarquia e
autoridade, nenhuma</c>
family:Liberation Sans">instantes eleitos para serem fixados. É claro que ser
aceito pela retina artificial</c>
family:Liberation Sans">preferência arbitrária e apagamento, de modo algum respeita
mais o poderoso,</c>
family:Liberation Sans">pode ser uma eleição tão miserável q u a n t o a de ser
aceito pelo mercado. E, no</c>
family:Liberation Sans">o p r o e m i n e n t e , o atrativo, que o impotente, o
canhestro, o antipático. Diante</c>
family:Liberation Sans">entanto, isso significa a salvação daquela banalidade e
insignificância pelas quais</c>
family:Liberation Sans">de seu caráter insubornável, o tempo se dissolve numa
seqüência de momentos</c>
family:Liberation Sans">tudo que não se torna imagem está ameaçado de ser
acometido. Mas, com o</c>
family:Liberation Sans">igualmente válidos, e cada m o m e n t o fixado, em um
espaço de detalhes igual-</c>
family:Liberation Sans">sorvedouro que a fotografia começa a pôr em exercício,
revoga-se t a m b é m o que</c>
family:Liberation Sans">m e n t e válidos. Essa visada, por assim dizer,
democrática dissolve todas aquelas</c>
family:Liberation Sans">no primeiro capítulo foi chamado de "luta pelo aí'". O que
não se torna imagem</c>
family:Liberation Sans">relações de subsunção que o olho vivo imediatamente produz
ou constata em</c>
family:Liberation Sans">não está documentado, está sem identidade autenticada — não
está aí. Isso já</c>
family:Liberation Sans">seu c a m p o de visão. Pois a sua vitalidade consiste em
classificar as impressões</c>
family:Liberation Sans">soa como subtexto quando Benjamin compara as fotos que
Eugène Atget fez</c>
family:Liberation Sans">c o m o c o n h e c i d a s ou desconhecidas, importantes
ou desimportantes, e em</c>
family:Liberation Sans">de praças, cantos, escadas parisienses desertas "com
aquelas d o cenário de u m</c>
family:Liberation Sans">integrar novos estímulos o menos dispendiosamente possível
em modelos de</c>
family:Liberation Sans">crime ' e então continua, generalizando: "Mas cada p o n t
o de nossas cidades</c>
family:Liberation Sans">percepção já existentes, quer dizer, em redes neuronais já
treinadas. Indolên-</c>
family:Liberation Sans">não é cenário de um crime? Cada passante não é um
criminoso?" 1 8 . D e fato: a</c>
family:Liberation Sans">cia e venalidade são dois dos segredos do sucesso do
sistema nervoso central</c>
family:Liberation Sans">fotografia, mesmo nas situações mais inofensivas, tem algo
de criminalístico.</c>
family:Liberation Sans">na a p r e e n s ã o d o m u n d o , e o m o m e n t o
fixado fotograficamente é o espelho</c>
family:Liberation Sans">Mesmo quando ela — no que Jeff Wall é um virtuose —
"coloca" o m o m e n t o</c>
family:Liberation Sans">que repreende ao olhar h u m a n o exatamente esses vícios,
por assim dizer, sua</c>
family:Liberation Sans">como o diretor coloca a cena, quer dizer, sutilizado até o
m e n o r detalhe, ela</c>
family:Liberation Sans">precária c o m p r e e n s ã o da democracia, e lhe mostra
aquilo sobre o que, mesmo</c>
family:Liberation Sans">não deixa de "colocá-lo" em outro sentido: da mesma maneira
que o guarda ao</c>
family:Liberation Sans">com a melhor boa vontade, ele resvala, distraído, todos os
detalhes ínfimos que</c>
family:Liberation Sans">ladrão. Nenhum arranjo pode ser preparado de antemão até o
último grãozinho</c>
family:Liberation Sans">de poeira, até o último músculo do rosto, de tal forma que
a câmera não flagrasse</c>
family:Liberation Sans">merecem tão p o u c o ser ignorados como ele
próprio.</c>
family:Liberation Sans">Assim, o o l h o da câmera aparece como o advogado do
individual: como</c>
family:Liberation Sans">algo ou alguém. O que quer que seja f o t o g r a f a d o o
é in jlagranti.</c>
family:Liberation Sans">É preciso,</c>
family:Liberation Sans">u m a espécie de libertador óptico. De certo modo ele faz
de maneira finamen-</c>
family:Liberation Sans">porém, acrescentar algo: cada local é o cenário de um
crime, cada passante é um</c>
family:Liberation Sans">te estética o que o mercado, como instância socializadora,
foz de maneira rud e m e n t e e c o n ô m i c a . T a m b é m ele faz com que
indivíduos saiam de todas as</c>
family:Liberation Sans">18 \V. Benjamin, Kleine Geschicbte der Photographie, p.
385.</c>
family:Liberation Sans">relações de subsunção feudais nas quais eles estavam
integrados como servos,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>e trabalho — quer dizer, aquele que não é "aceito" —
perecer de maneira mui-</c>
family:Liberation Sans">em cobre, da impressão de livros e da litografia são apenas
uma das linhagens</c>
family:Liberation Sans">de antepassados da fotografia. A outra é a exposição de
curiosidades minerais</c>
family:Liberation Sans">plantas e animais exóticos, remédios milagrosos e truques
de mágica,</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">' '</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">, .</c>
family:Liberation Sans">"»a&ic«t, câmaras</c>
family:Liberation Sans">to mais indiferente do que em todas as relações de
subsunção feudal. Assim</c>
family:Liberation Sans">ópticas nas quais o olho passeia por paisagens
estrangeiras, depois panoramas</c>
family:Liberation Sans">também a indiferença da retina artificial. Q u a n d o ela
fixa todos os detalhes de</c>
family:Liberation Sans">nos quais se abre a possibilidade de contemplação em todas
as direções e</c>
family:Liberation Sans">um m o m e n t o com a mesma intensidade, fazendo-os sair
das relações dc sub-</c>
family:Liberation Sans">por fim, dioramas que colocam uma paisagem sob uma
iluminação que varia</c>
family:Liberation Sans">sunção que o olhar h u m a n o notoriamente constata em seu
campo de visão, e</c>
family:Liberation Sans">a b r u p t a m e n t e , d a n d o a impressão de que ela
se movimenta. Ocasionalmente,</c>
family:Liberation Sans">oferece esse m o m e n t o desatado ao olhar humano,
desprotegido, pode aconte-</c>
family:Liberation Sans">fazia parte dos ilusionismos de feira até mesmo o
enegrecimento de cloreto dê</c>
family:Liberation Sans">cer que uma insignificância qualquer provoque nele
inesperadamente u m a tal</c>
family:Liberation Sans">prata sob a ação da luz — sem, contudo, se ter a mínima
idéia do que isso teria</c>
family:Liberation Sans">obstinação, como se voasse para o coração d o observador e,
em sua forma pa-</c>
family:Liberation Sans">a ver com as câmaras ópticas. Quando Niépce, para quem a
heliografia inicial-</c>
family:Liberation Sans">ralisada, essa insignificância se tornasse tão bem
apanhada, viva, significativa</c>
family:Liberation Sans">mente só servia ao aperfeiçoamento da litografia, e o
explorador de panoramas</c>
family:Liberation Sans">para ele como jamais fora em forma vivente ou jamais viria
a ser — e lhe dê</c>
family:Liberation Sans">e dioramas, Daguerre, fecharam seu contrato, ambas as
linhagens se uniram</c>
family:Liberation Sans">aquela aguilhoada repentina a que Roland Barthes deu o n o
m e tão belo de</c>
family:Liberation Sans">num mesmo rebento que de um golpe se emancipou tanto do
esforço artesanal</c>
family:Liberation Sans">punctum19. O observador atento se curva sobre uma tal foto
c o m o um salvador</c>
family:Liberation Sans">tradicional para a confecção de "negativos" quanto da feira
como local tradi-</c>
family:Liberation Sans">que chegasse tarde demais, ao qual a mecha vital em brasa
desse punctum</c>
family:Liberation Sans">en-</c>
family:Liberation Sans">cional da exposição. N a passagem da feira esporádica para
a perene, a foto-</c>
family:Liberation Sans">viasse seu SOS apenas postumamente, quando já se
encontrasse em situação de</c>
family:Liberation Sans">grafia representa u m salto qualitativo. Seus pioneiros
previram com muita</c>
family:Liberation Sans">se apagar. Ele só pode salvá-la metaforicamente, através de
atenção posterior,</c>
family:Liberation Sans">clareza q u e em breve ela deveria tornar-se um artigo de
massa que penetra</c>
family:Liberation Sans">através da memória — quando ele tem a sensibilidade de
perceber no piscar de</c>
family:Liberation Sans">igualmente todas as classes sociais, o público e a esfera
privada. Menos evi-</c>
family:Liberation Sans">olhos fixado o olho que se quebra, a despedida
paralisada.</c>
family:Liberation Sans">d e n t e era para eles em que medida o novo artigo também
atuaria como uma</c>
family:Liberation Sans">arrendatários, vassalos, e os coloca sobre suas próprias
pernas, mas justamente</c>
family:Liberation Sans">sob condições de mercado que p o d e m fazer o indivíduo
desprovido de meios</c>
family:Liberation Sans">O punctum é, porém, apenas o acaso feliz da fotografia. Nem
toda foto tem</c>
family:Liberation Sans">ra</c>
family:Liberation Sans">nova f o r m a de intuição.</c>
family:Liberation Sans">um, nem todo observador é sensível a ele, ao passo que n i
n g u é m p o d e deixar</c>
family:Liberation Sans">de ver o efeito bruto da fotografia: seu caráter de
instantâneo. O imperativo</c>
family:Liberation Sans">"façam-se imagens", que faz com que uma abundância de
detalhes se enrijeça</c>
family:Liberation Sans">Fotografia como forma de intuição</c>
family:Liberation Sans">de um modo chocante, tem um eco inevitável: o imperativo
"olhem para cá",</c>
family:Liberation Sans">com o qual o instante enrijecido devolve de m o d o
chocante o efeito ao obser-</c>
family:Liberation Sans">Forma de intuição? O conceito carrega um grande peso
filosófico. Kant o re-</c>
family:Liberation Sans">vador posterior. Este segundo imperativo nós já o
conhecemos. Ele está em</c>
family:Liberation Sans">servou para nada menos que o espaço e o tempo, pois, como
ele diz, tudo o que</c>
family:Liberation Sans">casa, na feira, na qual não por acaso se desenrolou uma
parte i m p o r t a n t e da</c>
family:Liberation Sans">é sensível só se deixa perceber no espaço e no tempo, mas o
espaço e o tempo</c>
family:Liberation Sans">pré-história da fotografia. As técnicas de reprodução da
xilogravura, da gravu-</c>
family:Liberation Sans">em si não são de m o d o algum perceptíveis, porque não são
sensíveis. Portanto,</c>
family:Liberation Sans">conclui ele, são algo que nós desde sempre trazemos conosco
para a percepção ou</c>
family:Liberation Sans">19 "O punctum dc u m a fotografia é a q u i l o q u e nela
é casual, q u e ?ne corrompi- (mas c a m b e m m e fere, me</c>
family:Liberation Sans">atinge)/' E "essa palavra corresponderia tanco m e l h o r
à m i n h a idéia p o r t a m b é m refletir a idéia d a p o n tuação, c as
fotografias dc que falo aqui se e n c o n t r a m de fato c o m o q u e p o n t u a
d a s , a l g u m a s vezes francamente saturadas desses p o n t o s sensíveis; e
considerados c o m exatidão, esses sinais, essas feridas são p o n t o s "</c>
family:Liberation Sans">(R. Barthes, Die helle Kammer — Bemerkung zur Photographic,
p p . 35 e segs.). B a r t h e s perpassa, e n t ã o ,</c>
family:Liberation Sans">uma série de fotos a fim dc d e m o n s t r a r através de
d e t a l h e s a p a r e n t e m e n t e i n s i g n i f i c a n t e s — u m c i n
t o</c>
family:Liberation Sans">largo, sapatos dc fivelas, braços cruzados, um d e d o a t
a d o etc. — o q u e ele e n t e n d e p o r punctum. Ele o f a z</c>
family:Liberation Sans">de maneira m u i t o pessoal. O q u e o c o r r o m p e não
me c o r r o m p e necessariamente. O punctum é t o t a l m e n te subjetivo. Mas
não a p o n t u a l i d a d e , que já se e n c o n t r a no golpe q u e faz c o m
q u e u m aqui e agora vivo se</c>
family:Liberation Sans">paralise em f o r m a de fotografia e se c o m u n i q u e
inapelavclmcntc c o m o seu observador. A p e n a s a i n d a n á o</c>
family:Liberation Sans">foi d i t o como. H á fotografias q u e nos vêm ao e n c o
n t r o quase q u e r u i d o s a m e n t e e desencadeiam um efeito de c h o q u e
manifesto, sem q u e q u a l q u e r punctum se evidencie nelas. O punctum é
silencioso.</c>
family:Liberation Sans">a intuição: as duas formas elementares pelas quais elas nos
são dadas:". De que</c>
family:Liberation Sans">maneira, n o entanto, espaço e tempo podem ser minhas
formas, se eu mesmo,</c>
family:Liberation Sans">por m i n h a vez, estou no espaço e no tempo, ou como, se
pudesse efetivamente</c>
family:Liberation Sans">haver algo q u e transcendesse espaço e tempo, esse
transcendental poder,a ser</c>
family:Liberation Sans">capaz de qualquer intuição concreta são problemas do
discurso kant,ano ate</c>
family:Liberation Sans">hoje náo resolvidos, que tornam aconselhável localizar a
forma de mtuiçao</c>
family:Liberation Sans">2 0 I. K a n r , " D i c t r a n s z c n d e n t a l c
Asthccik" .a Kritik der reine» Vemunft.</c>
family:Liberation Sans">P.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>num p o n t o um pouco mais p r o f u n d o e sob ela
compreender cm primeiro lugar</c>
family:Liberation Sans">as ligações que estão tão firmemente atadas em cada sistema
nervoso que todas as</c>
family:Liberation Sans">fotografia o faz em s.lencio e muito além do espaço
público. Onde quer que se</c>
family:Liberation Sans">ligações ocorrem sobre sua base. Então t a m b é m se p o d
e r ã o chamar de</c>
family:Liberation Sans">para ca . Ela tem o efeito de um ubíquo pregão de feira
óptico e, se o olharmos</c>
family:Liberation Sans">outras</c>
family:Liberation Sans">a contemple, m e s m o em camerazinhas silenciosas, ela
desencadeia o seu "olhe</c>
family:Liberation Sans">formas de intuição as regulamentações que são impostas de
fora de u m siste-</c>
family:Liberation Sans">detidamente, poderemos ler nele um apelo furtivo, que soa
quase bíblico- toma</c>
family:Liberation Sans">maa de percepção, seja com efeito intensificador ou
amortecedor, canalizador</c>
family:Liberation Sans">ou difusor, e nesse sentido a fotografia indubitavelmente é
u m a delas. Certas</c>
family:Liberation Sans">me, seja c o m o for que eu seja tomado. Mas nesse piscar
de olhos o</c>
family:Liberation Sans">funções elementares da visão, c o m o a diferenciação entre
claro e escuro e entre</c>
family:Liberation Sans">Mas ser p e r c e b i d o é ser tomado. E é preciso ser
tomado tanto pelo mercado</c>
family:Liberation Sans">cores, percepção de formas e m o v i m e n t o s , não se t
o r n a m diferentes através</c>
family:Liberation Sans">c o m o pela retina artificial. Mas ambos, tanto o ser
tomado economicamente</c>
family:Liberation Sans">da fotografia, mas são dirigidas de maneira diferente. O q
u e é f o t o g r a f a d o é</c>
family:Liberation Sans">q u a n t o o fotograficamente, trazem em si tanto o
significado criminalístico do</c>
family:Liberation Sans">presa do olhar — tanto no sentido de ser a p r e e n d i d
o pelo piscar de olhos de</c>
family:Liberation Sans">provar, certificar indícios, registrar, controlar, como
também o caritativo de</c>
family:Liberation Sans">uma retina artificial como também no de que, c o m o algo
apreendido, ele por</c>
family:Liberation Sans">tomar, abrigar, salvar. Eles reúnem em si o que a teologia
nunca pôde reunir</c>
family:Liberation Sans">sua vez apreende o olhar do observador, e isso de m o d o
tão a b r u p t o q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">em D e u s sem contradição: tanto o olhar implacavelmente
julgador sobre o</c>
family:Liberation Sans">ele próprio foi apreendido.</c>
family:Liberation Sans">m u n d o q u a n t o o misericordioso.</c>
family:Liberation Sans">est percipi</c>
family:Liberation Sans">de Berkeley inicia sua mudança de significado histórica.
Ser é ser percebido</c>
family:Liberation Sans">Tudo quanto foi apreendido desse modo está salvo — ao menos
de pertencer</c>
family:Liberation Sans">C o m t u d o isso a fotografia exerce desde o início o que
apenas muito mais</c>
family:Liberation Sans">à massa obscura dos momentos passados sem serem percebidos.
U m a aparelha-</c>
family:Liberation Sans">tarde, a saber, nos anos 70 do século XX, recebeu o nome de
"estética da merca-</c>
family:Liberation Sans">gem lhe conferiu o status de excepcionalidade, de m e r e c
i m e n t o de atenção. Aí</c>
family:Liberation Sans">doria" 2 '. C o m isso se queria dizer que a apresentação
de mercadorias é sempre</c>
family:Liberation Sans">está um meio cuja realização específica consiste em
transferir a curiosidade d o</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m um evento estético. Coisas que já vêm ao mundo
como mercadoria</c>
family:Liberation Sans">lado do conteúdo para o da forma. O c o n t e ú d o p o d e
ser tão cotidiano q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">e, p o r t a n t o , têm de ser preparadas para o mercado
já durante a fabricação, são</c>
family:Liberation Sans">quiser; levado para a forma de um instante fixado, ele se
torna curioso, d i g n o</c>
family:Liberation Sans">providas de u m a superfície brilhante. C o m isso a
produção de mercadorias</c>
family:Liberation Sans">de contemplação, e só dentro dessa forma é que se p o d e
diferenciar entre o que</c>
family:Liberation Sans">traz consigo a necessidade interna de toda uma tecnologia
de configuração da</c>
family:Liberation Sans">é mais ou menos curioso. Holmes, p o r t a n t o , não c o
m e t e u n e n h u m exagero</c>
family:Liberation Sans">superfície. C o m um golpe seguro Emile Zola apreendeu a
atmosfera dc seus</c>
family:Liberation Sans">digno de nota quando afirmou: "Obtivemos o f r u t o da
criação e não precisamos</c>
family:Liberation Sans">p r i m e i r o s t e m p o s : "Todos estavam de acordo em
que o chefe era o melhor</c>
family:Liberation Sans">preocupar-nos com a semente.' Pois o m o d o a b r u p t o
pelo qual a fotografia faz</c>
family:Liberation Sans">d e c o r a d o r de Paris, um decorador verdadeiramente
revolucionário, que fun-</c>
family:Liberation Sans">as coisas se enrijecerem e como lhes copia a forma é,
afinal, o d a d o curioso que</c>
family:Liberation Sans">dara a escola d o brutal e do colossal na arte da decoração
de vitrines. Ele exigia</c>
family:Liberation Sans">se transmite abruptamente ao observador. A câmera, p o r t
a n t o , "dispara" duas</c>
family:Liberation Sans">massas aparentemente desordenadas, como que caídas
casualmente das gavetas</c>
family:Liberation Sans">vezes: primeiro, quando fixa o objeto em sua retina
artificial; depois, q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">esvaziadas e desejava que elas incandescessem nas cores
mais quentes e se inten-</c>
family:Liberation Sans">esse instante fixado dispara uma saraivada sobre a retina
viva d o observador. Isso</c>
family:Liberation Sans">sificassem m u t u a m e n t e no efeito. Ele costumava
dizer que os olhos das pessoas</c>
family:Liberation Sans">é, por assim dizer, o ricochete atrasado do primeiro
"disparo"; em linguagem</c>
family:Liberation Sans">t i n h a m de doer q u a n d o saíssem da loja"22. A
fotografia é o multiplicador ideal</c>
family:Liberation Sans">filosófica, sua reflexão. É indiferente se o objeto em si é
excitante ou tedioso de</c>
family:Liberation Sans">e o intensificador de tais arranjos de vitrines. Assim como
ela tendencialmente</c>
family:Liberation Sans">matar; a câmera o transfor?na em presa d o olhar, coloca-o
sob o status de u m</c>
family:Liberation Sans">t r a n s f o r m a cada um de seus motivos no cenário de
um crime, o mesmo ocor-</c>
family:Liberation Sans">"isto aí" — e com isso lhe instila automaticamente o
imperativo "olhe para cá"</c>
family:Liberation Sans">re e m u m a vitrine. Sim, ela faz com que ambos coincidam.
Nenhum cenário</c>
family:Liberation Sans">que ele então irradia sobre o observador. Essa reflexão a u
m t e m p o mágica e</c>
family:Liberation Sans">que não seja t a m b é m uma vitrine, nenhuma vitrine que
não seja também um</c>
family:Liberation Sans">mecânica do instante é o segredo do sucesso da fotografia.
Ela p r o d u z cenários</c>
family:Liberation Sans">cenário. Nesse sentido se poderia chamar Holmes o primeiro
epistemologo</c>
family:Liberation Sans">de crime e criminosos aos metros que fazem empalidecer os
tradicionais. O que</c>
family:Liberation Sans">da fotografia, igualmente o primeiro esteta da mercadoria.
"Temos o fruto da</c>
family:Liberation Sans">cada um dos mercadores, charlatães, saltimbancos e
curandeiros têm de fazer</c>
family:Liberation Sans">aos berros nas cenas urbanas tradicionais para o n d e
acorrem em massa, a saber,</c>
family:Liberation Sans">apregoar seus artigos a fim de colocá-los na condição de
excepcionalidade, a</c>
family:Liberation Sans">21 Cf. W. F. H a u g , Kritik der HUren.istheíik.</c>
family:Liberation Sans">Frankfurt, 1972.</c>
family:Liberation Sans">22 E. Z o l a , Das Paradies der Damen. Munique. 1976, p.
79.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>criação e não precisamos preocupar-nos com a semente"
— com isso ele quis</c>
family:Liberation Sans">do c o n t i n u o d o tempo como também de todo contínuo
de excitação netvosa</c>
family:Liberation Sans">dizer: o "fruto", aquela pele ou superfície que a
fotografia reproduz abruptamente</c>
family:Liberation Sans">E apenas o n d e há excitação há significado. No momento do
entijecimento a</c>
family:Liberation Sans">das coisas, é o decisivo. Isso deveria ser teoria da
fotografia, mas t a m b é m p o d e</c>
family:Liberation Sans">excitação cessa, e significação enrijecida não é nenhuma, a
não ser para seres</c>
family:Liberation Sans">passar por estratégia de venda: não importa o que é
envolvido pela superfície.</c>
family:Liberation Sans">vivos, excitáveis, que sabem como reanimá-la, assim como a
leitura é rcanimação</c>
family:Liberation Sans">Para o vendedor tanto f i z se a coisa oferecida realmente
garante o prazer q u e</c>
family:Liberation Sans">de signos de escrita que por si e em si, quer dizer, sem
leitores, nada significam</c>
family:Liberation Sans">sua superfície promete. A fotografia é sua aliada natural:
mestra da superfície.</c>
family:Liberation Sans">A diferença é que o pintor ou o escritor tentam transmitir
para uma superfície</c>
family:Liberation Sans">Toda mercadoria aspira a ser representada fotograficamente
e ao mesmo t e m p o</c>
family:Liberation Sans">com o pincel ou o lápis a sua visão ou o seu pensamento,
enquanto o fotógrafo</c>
family:Liberation Sans">a se dissolver na superfície que constitui a "essência" da
mercadoria. E o brilho</c>
family:Liberation Sans">deixa ver por ele u m olho mecânico que não é excitado pela
luz, apenas exposto</c>
family:Liberation Sans">que ela ganha com isso não é apenas u m a cintilação q u e
causa desejo, mas</c>
family:Liberation Sans">à luz: quimicamente transformado. Mas talvez essa
transformação se represente</c>
family:Liberation Sans">também a irradiação aurática do senso de mercado, promessa
de estar a salvo</c>
family:Liberation Sans">como se fosse a grande excitação. A retina artificial toma
qualquer instante com</c>
family:Liberation Sans">de ser deixado ficar que se realiza na venda 23 .</c>
family:Liberation Sans">u m a entrega que uma retina viva só teria pelos instantes
mais sublimes. E ao</c>
family:Liberation Sans">Não há dúvida de que a forma de intuição da sensação, que
sob condições</c>
family:Liberation Sans">despertar n o observador um interesse tão profundo por
qualquer chaminé tanto</c>
family:Liberation Sans">microcletrônicas cresceu a p o n t o de se tornar um poder
global paradigmático,</c>
family:Liberation Sans">quanto pelo Apoio do Belvedere, ela transforma o Apoio em
uma chaminé um</c>
family:Liberation Sans">por assim dizer abriu os seus olhos na fotografia. Ela é o
meio que deu o empurrão</c>
family:Liberation Sans">pouco diferente. O mais insignificante dos detalhes aqui
ainda é digno de atenção,</c>
family:Liberation Sans">técnico decisivo para o deslocamento d o significado da
palavra "sensação" de</c>
family:Liberation Sans">mas todos os detalhes devem essa dignidade à miserável
situação de que uma apa-</c>
family:Liberation Sans">percepção absolutamente inespecífica para percepção d o q u
e é sensacional e</c>
family:Liberation Sans">relhagem os tornou "dignos" por meio da mera fixação: como
que num processo</c>
family:Liberation Sans">por fim para o sensacional em si. O que em Schiller ainda
era metáfora, q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">indiscriminado de nobilitação. O punetum, para o qual um
detalhe qualquer de</c>
family:Liberation Sans">ele se iludia presumindo-se impregnado por uma "língua que
verseja e pensa</c>
family:Liberation Sans">uma foto repentinamente me arrebata, é apenas uma migalha
especial que caiu no</c>
family:Liberation Sans">por você", começa a se tornar literal na fotografia: o olho
da câmera realmente</c>
family:Liberation Sans">curso de um nivelamento geral. Pois onde tudo é enobrecido,
a nobreza deixa de</c>
family:Liberation Sans">vê por você, mesmo que você seja cego. Aí ocorre u m ver t
o t a l m e n t e sobre-</c>
family:Liberation Sans">existir e o que ocorre se pode exprimir através do
conhecido título de um livro:</c>
family:Liberation Sans">humano, como se demonstrou. A intensidade e a
imparcialidade com que esse</c>
family:Liberation Sans">A transfiguração do familiar2 .</c>
family:Liberation Sans">ver fixa toda a abundância de detalhes de um instante, f a
z e n d o com q u e ela</c>
family:Liberation Sans">M a s aqui ocorre ao mesmo tempo o seu contrário: a
familiarização do ex-</c>
family:Liberation Sans">escape de todas as relações de subsunção, ultrapassam
qualquer olho vivo e o</c>
family:Liberation Sans">cepcional. D e fato, na fotografia os extremos se
interpenetram. Uma prática</c>
family:Liberation Sans">humilham quando ele começa a notar, em sua viagem de
descoberta através de</c>
family:Liberation Sans">mágica arcaica, a paralisação do instante, é consumada com
os meios mais mo-</c>
family:Liberation Sans">uma foto, milhares de insignificâncias que lhe escaparam ou
lhe teriam escapado</c>
family:Liberation Sans">dernos. Mas originalmente o que tinha de ser paralisado não
era algo qualquer,</c>
family:Liberation Sans">na vida real. Para um sensório tão suscetível, o olho da
câmera é u m completo</c>
family:Liberation Sans">e sim o q u e fazia arrepiar até a medula, o que era
sensacional no mais alto grau,</c>
family:Liberation Sans">espelho de virtudes. Mas ele só tem a virtude para os
outros. Em si m e s m o ele</c>
family:Liberation Sans">era sensação par excellence: o pavor. Tratava-se de fugir
dele. A idéia cristã do</c>
family:Liberation Sans">é completamente indiferente. Por isso pode fixar cada
instante com a mesma</c>
family:Liberation Sans">agora estático c o m o momento de felicidade eternizado é
um estribilho tardio</c>
family:Liberation Sans">intensidade incondicionalmente inquiridora, pois todos
esses instantes lhe</c>
family:Liberation Sans">para isso. Ele transforma a idéia original negativa de
salvação, como a de ser</c>
family:Liberation Sans">são indiferentes. Não significam nada para ele. Estão
destacados não apenas</c>
family:Liberation Sans">p o u p a d o , na idéia positiva de salvação, como bem-
aventurança eterna, mas nao</c>
family:Liberation Sans">m u d a em nada o fluo de que a paralisação do instante
está indisfarçavelmen-</c>
family:Liberation Sans">2 3 C o m o que, no encanto, não se q u e r dizer q u e a
fotografia n ã o seja senão pregão de feira t r a n s f o r m a d o em</c>
family:Liberation Sans">torma de intuição. C o n t r a tal afirmação fala
especialmente o conceito d c p u n e t u m d e s e n v o l v i d o p o r Barthes:
aquela p u n ç ã o fina c aguda q u e j u s t a m e n t e não se origina d o
imperativo grosseiro "olhe para cá", e</c>
family:Liberation Sans">sim de um d e t a l h e que, por assim dizer, se e n c o l
h e debaixo desse i m p e r a t i v o para e n t ã o se e v i d e n c i a r
c</c>
family:Liberation Sans">saltar para tora dele e de sua constelação de intenções, de
u m m o d o q u e n e m o o l h o d o fotógrafo n e m o</c>
family:Liberation Sans">d a câmera c o do receptor p o d e r i a m prever — e q u e
transcende t o d a utilização comercial. T a m b é m aquele trabalho fotográfico
artístico que mereça esse n o m e consiste em m i n a r o caráter de p r e g ã o de
feira d o</c>
family:Liberation Sans">c h o q u e imagetico, torná-lo estranho, arrebentá-lo. Mas
ele n u n c a o consegue p a s s a n d o ao largo das novas</c>
family:Liberation Sans">f o r m a s de intuição, e sim apenas através
delas.</c>
family:Liberation Sans">te associada c o m a salvação: seja querer salvar-*daquilo
que se paralisa, seja</c>
family:Liberation Sans">2 4 A . C. D a n ç o , " B i n e P h ü o s o p h i c d e r
K W .</c>
family:Liberation Sans">in</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">/</c>
family:Liberation Sans">se• dd e v e m d e i x a r c l a r a s d u a s c o i s
a , . ) A a r r e . d e s d e ^</c>
family:Liberation Sans">tr;a n s f i g u r a ç ã o . Q u a l q u e r c l i q u e d
e s p . d o d e a r r e</c>
family:Liberation Sans">d o f a m i l i a r s i g n i f i c a e s q u e c e r q u e
t a m b é m a a r t e c o m e ç o u UL</c>
family:Liberation Sans">/ a ç ã o d o p a v o r o s o . A t r a n s f i g u r a ç ã
o d o c o m u m é af u m p r o c e s s o s e c u n d a n o q u e</c>
family:Liberation Sans">primário e o esconde.</c>
family:Liberation Sans">a s t i g</c>
family:Liberation Sans">^ o</c>
family:Liberation Sans">c o n t r á r i a : na ( a l a r i q</c>
family:Liberation Sans">ess0</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>querer salvar aquilo que se paralisa. De uma maneira
ou de outra, trata-se d o</c>
family:Liberation Sans">extremo dos sentimentos. T a n t o o pavor paralisado q u a
n t o o seu negativo, o</c>
family:Liberation Sans">instante feliz paralisado, consumam o ato da epifania do
sagrado; são sensação</c>
family:Liberation Sans">no significado extremo da palavra. E esse extremo vai agora
cair nas garras de</c>
family:Liberation Sans">uma aparelhagem que, e n q u a n t o durar o s u p r i m e
n t o de retina artificial, p o d e</c>
family:Liberation Sans">paralisar um instante depois do outro com a mesma
intensidade e sem n e n h u m a</c>
family:Liberation Sans">manifestação de cansaço, e que confere a cada instante
paralisado a aparência</c>
family:Liberation Sans">ou, em linguagem filosófica, a forma de intuição de uma
sensação, que onera a</c>
family:Liberation Sans">cada um com o imperativo "olhe para cá" e dá a entender ao
sensório h u m a n o :</c>
family:Liberation Sans">percepção só se torna algo plenamente digno desse n o m e
através d o solavanco</c>
family:Liberation Sans">suas condições de vida e suas relações mútuas" 26 I s s o d
f</c>
family:Liberation Sans">rém ape</c>
family:Liberation Sans">dosIado sdare voica Eiai</c>
family:Liberation Sans">7 rz</c>
family:Liberation Sans">, T -</c>
family:Liberation Sans">sagrado era t a m b é m a sacrahzação do mercado, a
degradação de t u d o</c>
family:Liberation Sans">qU</c>
family:Liberation Sans">era c o n f i g u r a r de sentido para mera mercadoria
caminhava lado a lado com</c>
family:Liberation Sans">a ascensao da mercadoria para uma encarnação de sentido e
salvação. Mas o</c>
family:Liberation Sans">que significa isso ? Q u e aqui apenas uma nova religião
substitui a outra> Que o</c>
family:Liberation Sans">sagrado simplesmente retorna sob outra forma? Isso acerta
no geral, mas erra no</c>
family:Liberation Sans">que é decisivo. M e s m o os que se deixaram fascinar
completamente pelo novo</c>
family:Liberation Sans">brilho d a mercadoria, e n q u a n t o ainda mantinham a
razão, não acreditaram</c>
family:Liberation Sans">seriamente q u e a configuração de sentido sugerida pela
mercadoria pudesse</c>
family:Liberation Sans">que lhe é dado pelos instantes paralisados.</c>
family:Liberation Sans">C o m isso, a epifania do sagrado é degradada para o rés do
chão das mercadorias de fancaria produzidas tecnicamente em série, ao mesmo t e m p
o em que</c>
family:Liberation Sans">é conferido à retina artificial o status paradoxal de uma
mercadoria de fancaria</c>
family:Liberation Sans">especial. Apregoar a mercadoria c o m u m em altos brados c
o m o algo completamente incomum é desde sempre um p r o c e d i m e n t o
mercadológico c o m u m . A</c>
family:Liberation Sans">retina artificial se eleva acima dele. Ela absorve em si o
pregão de feira, libertao do aqui e agora do t u m u l t o do mercado, transporta-o
da orelha para o olho</c>
family:Liberation Sans">ao mesmo tempo em que o multiplica freneticamente, faz com
que seu silencioso "olhe para cá" atue em toda parte o n d e fotos são contempladas
— e dá</c>
family:Liberation Sans">com isso a "bilhões de fotos" o sopro da epifania. O que
Marx censurou na</c>
family:Liberation Sans">mercadoria em geral, "que é uma coisa m u i t o espinhosa,
cheia de sutilezas</c>
family:Liberation Sans">metafísicas e caprichos teológicos" , vale p l e n a m e n
t e para a fotografia. Em</c>
family:Liberation Sans">cada uma de suas tomadas, por mais pueris que sejam, ela
consuma um movim e n t o duplo teológico-metafísico: p r o f a n a algo sagrado,
ressacraliza algo</c>
family:Liberation Sans">profano. Mas agora se trata de colocar esse m o v i m e n t
o d u p l o sob a lupa.</c>
family:Liberation Sans">substituir na medida de um para um aquela salvação e
redenção geral do mundo</c>
family:Liberation Sans">pela qual se responsabilizava o Deus cristão. A
sacralização da mercadoria ainda</c>
family:Liberation Sans">não chegara a tanto. Da mesma forma seria ridículo afirmar
que a cada foto a</c>
family:Liberation Sans">sensação d o sagrado acometesse o observador; as pessoas
apenas não se davam</c>
family:Liberation Sans">conta. Elas se davam conta perfeitamente de que aqui não
estava presente nada</c>
family:Liberation Sans">de sagrado, q u e fotografar e ser fotografado nem salva
nem torna bem-avent u r a d o — e apesar disso a magia do instante paralisado não
cessa pelo fato de</c>
family:Liberation Sans">que uma aparelhagem a multiplica aos bilhões. A relação com
tal magia não é</c>
family:Liberation Sans">religiosa; mesmo quem expõe os retratos de seus entes
queridos como ícones não</c>
family:Liberation Sans">acredita s e r i a m e n t e que sejam imagens sagradas.
Mas essa relação também</c>
family:Liberation Sans">não é s i m p l e s m e n t e irreligiosa. O impulso de
paralisar instantes e seguir o</c>
family:Liberation Sans">seu "olhe p a r a cá" é maior que nunca. A indústria
fotográfica vive um boom.</c>
family:Liberation Sans">Assim c o m o o sistema nervoso central humano conhece
memória implícita</c>
family:Liberation Sans">e explícita 27 , ele evidentemente também conhece crença
implícita e explícita, e</c>
family:Liberation Sans">onde não se p o d e mais encontrar uma crença explícita não
quer dizer que já não</c>
family:Liberation Sans">haja n e n h u m a crença, assim como não haver uma ponta
saindo da água não significa q u e já não haja iceberg. Muito ao contrário, tudo
leva a pensar que aqui</c>
family:Liberation Sans">Memória imagética da Revolução Industrial</c>
family:Liberation Sans">Ao longo de 150 anos se falou em toda parte que a Revolução
Industrial não</c>
family:Liberation Sans">foi apenas a devastação que o Manifesto</c>
family:Liberation Sans">comunista</c>
family:Liberation Sans">diagnosticou em sua pri-</c>
family:Liberation Sans">meira fase: "Tudo o que era sólido e estável se dissipa, t
u d o o que era sagrado é</c>
family:Liberation Sans">profanado, e os homens finalmente são obrigados a encarar
com olhos serenos</c>
family:Liberation Sans">se t e n h a iniciado um "retorno ao fundamento": que a
crença explícita se tenha</c>
family:Liberation Sans">reelementarizado</c>
family:Liberation Sans">c o m o uma crença explícita — se recolhido, por assim
dizer,</c>
family:Liberation Sans">às camadas mais p r o f u n d a s do sistema nervoso: de
uma atitude reflexiva para</c>
family:Liberation Sans">outra antes refletora, de uma produtividade intelectual
para uma antes sensório-motora. D a í a singular situação oscilante para a qual
transporta a magia do</c>
family:Liberation Sans">instante paralisado fotograficamente. Obstinar-se na idéia
de que ele irradia</c>
family:Liberation Sans">a sensação d o sagrado é absurdo; mas dizer que ele não o
faz de modo algum</c>
family:Liberation Sans">26 K. M a r x c R E n g c l s , Mamfest</c>
family:Liberation Sans">25 K. Marx, Das Kapital /, p. 85</c>
family:Liberation Sans">2 / Ver c a p í t u l o 3 d e s t e volume.</c>
family:Liberation Sans">der kornmunhtischen</c>
family:Liberation Sans">Parte,. MEW 4. Berlim. 1977. p. 465.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>também não é correto. É necessário buscar refúgio nas
metáforas, q u a n d o se</c>
family:Liberation Sans">ele fixa cada instante que lhe e ordenado. Mas o servo é
também senhor, o olho</c>
family:Liberation Sans">quer compreender essa oscilação entre ser e não ser. O
pregão de feira óptico</c>
family:Liberation Sans">da c â m e r a e o m e i o de uma absolutização que
prescreve abruptam</c>
family:Liberation Sans">que a fotografia dispara: ele não é uma espécie de
ressonância do sagrado, o</c>
family:Liberation Sans">o l h o h u m a n o a m e d i d a , o compasso e a direção
do seu olhar. Ele absolutiza o</c>
family:Liberation Sans">eco, a sombra de algo desaparecido?</c>
family:Liberation Sans">Essa pergunta confere i n e s p e r a d a m e n t e u m
novo significado a u m bem</c>
family:Liberation Sans">instante: destaca-o d o contínuo histórico de espaço-tempo.
Além disso eíe é</c>
family:Liberation Sans">conhecido aforismo de Nietzsche: "Depois que Buda morreu,
sua sombra ainda</c>
family:Liberation Sans">não tem consideração por nada: não pelo motivo - ele acolhe
o mais banal</c>
family:Liberation Sans">era mostrada ao longo de séculos em uma caverna — uma s o m
b r a monstruosa,</c>
family:Liberation Sans">com a m e s m a intensidade sobre-humana que o mais
emocionante- não pelo</c>
family:Liberation Sans">terrível. Deus está m o r t o : mas pelo m o d o de ser da
espécie h u m a n a , p o r mi-</c>
family:Liberation Sans">fotógrafo -</c>
family:Liberation Sans">lênios ainda haverá cavernas o n d e se mostrará sua
sombra" ; s . Cavernas dessas</c>
family:Liberation Sans">ou Sicrano q u a n t o ao de Atget ou Nadar; não pelas
relações de subsunção que</c>
family:Liberation Sans">existem hoje c o m o areia na praia. São as modernas
camerae obscurae. O que</c>
family:Liberation Sans">o olhar h u m a n o necessariamente produz, tampouco pela
sua capacidade de</c>
family:Liberation Sans">a sua retina artificial fixa são as sombras de epifanias
desaparecidas, ou, em</c>
family:Liberation Sans">c o m p r e e n s ã o — cada instante fixado dispara
igualmente seu "olhe para cá"</c>
family:Liberation Sans">terminologia acústica: seu eco. Apenas, essas camerae
obscurae são câmeras</c>
family:Liberation Sans">sobre o observador. E esse imperativo, por sua vez, é
absoluto no sentido de</c>
family:Liberation Sans">mágicas técnicas: capazes de conservar o eco, enfeitiçar a
sombra e multiplicá-la</c>
family:Liberation Sans">que ele se faz valer categoricamente, quer dizer, a partir
de si mesmo e por si</c>
family:Liberation Sans">em medida tão monstruosa, que ela começa a levar u m a vida
própria de tirar o</c>
family:Liberation Sans">mesmo e, além disso, não dá nenhuma chance ao olho humano
de fugir dele.</c>
family:Liberation Sans">fôlego, a exercer sua própria magia: não mais c o m o
sombra de algo, mas c o m o</c>
family:Liberation Sans">Assim c o m o esse olho se volta espontaneamente para onde
a luz pisca e só por</c>
family:Liberation Sans">sombra de si mesma. E apenas em tal situação de a u t o n o
m i a a sensação se torna</c>
family:Liberation Sans">meio de u m breve esforço pode ser impedido de fazê-lo, ele
também não pode,</c>
family:Liberation Sans">absoluta. Não no sentido de um máximo de intensidade. Quase
nada d o q u e</c>
family:Liberation Sans">a longo prazo, ser impedido de olhar para um ponto do qual
um enrijecimento</c>
family:Liberation Sans">hoje é chamado de sensação consegue enfeitiçar-nos
coletivamente de m o d o</c>
family:Liberation Sans">relâmpago dispara em sua direção como um relâmpago
enrijecido. Assim, o</c>
family:Liberation Sans">tão absoluto como as coletividades arcaicas eram
enfeitiçadas pelos seus rituais</c>
family:Liberation Sans">imperativo categórico se faz notar com a incondicionalidade
de um choque</c>
family:Liberation Sans">de sacrifício. "Absoluto" significa de início apenas
"desligado". Neste sentido a</c>
family:Liberation Sans">traumático, apenas que nesse caso se trata de um choque
dissolvido em uma</c>
family:Liberation Sans">sensação absoluta é algo que leva uma existência desligada
— mais ou menos</c>
family:Liberation Sans">infinidade de minúsculas picadas de agulha ópticas, de uma
incondicionalidade</c>
family:Liberation Sans">como no Hades o si-mesmo continua a viver c o m o sombra
depois que sua carne</c>
family:Liberation Sans">multiplicada, quase não mais apreensível, em outras
palavras, trata-se do choque</c>
family:Liberation Sans">e seu sangue já se foram há muito. É certo que a sombra aí
sempre foi p e n s a d a</c>
family:Liberation Sans">traumático na condição de sombra de si mesmo — volatilizado
e refinado até</c>
family:Liberation Sans">como algo quase nulo: como totalmente incolor e sem sangue
em comparação</c>
family:Liberation Sans">se t o r n a r irreconhecível.</c>
family:Liberation Sans">te a</c>
family:Liberation Sans">liberado de t o d a excitação inerente ao olhar humano,
absoluto, uma vez que</c>
family:Liberation Sans">ele trabalha conscienciosamente tanto ao comando de
Fulano</c>
family:Liberation Sans">com aquele que a projeta. Mas as cavernas modernas que
preservam as sombras</c>
family:Liberation Sans">A ú l t i m a observação já se precipita. Apenas a partir
do desenvolvimento</c>
family:Liberation Sans">de epifanias passadas ampliam-na e multiplicam-na quase ao
incomensurável.</c>
family:Liberation Sans">da m i c r o e l e t r ô n i c a é que se revela todo o
alcance do choque imagético. Em</c>
family:Liberation Sans">Assim, a sombra é, de fato, desigualmente mais pálida que o
original desaparecido,</c>
family:Liberation Sans">seus c o m e ç o s fotográficos não se vê aquilo que o
choque imagético poderia</c>
family:Liberation Sans">mas, por sua vez, com toda sua palidez, t a m b é m
desigualmente mais capaz de</c>
family:Liberation Sans">tornar-se, mas os começos fotográficos já contêm todo o
princípio. O choque</c>
family:Liberation Sans">produzir efeito. É apenas um sucedâneo, mas o sucedâneo se
t o r n o u a própria</c>
family:Liberation Sans">imagético é a faísca inicial da sensação absoluta -</c>
family:Liberation Sans">coisa. E com isso entra em cena a outra nuança de
significado de "absoluto": a</c>
family:Liberation Sans">gem em miniatura de seu tempo: exatamente aquilo que
Benjamin imaginou</c>
family:Liberation Sans">do incondicional, categórico.</c>
family:Liberation Sans">c o m o "uma constelação saturada de tensão", que se
"cristaliza como mònada"-.</c>
family:Liberation Sans">e nessa qualidade, a ima-</c>
family:Liberation Sans">O entrelaçamento desses dois significados pode ser
localizado com precisão</c>
family:Liberation Sans">E n t e n d e r o c h o q u e imagético como sensação
absoluta significa tomá-lo por</c>
family:Liberation Sans">na passagem da percepção do sensório h u m a n o para a
aparelhagem fotográfica.</c>
family:Liberation Sans">u m a m ô n a d a dessa espécie, na qual toda uma época se
concentra sobre um</c>
family:Liberation Sans">A aparelhagem é, por um lado, apenas um servo, o olho da
câmera está ali apenas</c>
family:Liberation Sans">p o n t o . N o efeito a b r u p t o reivindicador de
atenção do choque imagético esta</c>
family:Liberation Sans">para que o olho h u m a n o receba algo de fascinante para
ver. O b e d i e n t e m e n t e</c>
family:Liberation Sans">representada a trepidação com que a máquina a vapor se
movimenta e o staccato</c>
family:Liberation Sans">28 F. Nietzsche, Die•jrõhliche Wisscnschaft, p.
467.</c>
family:Liberation Sans">29 W. Benjamin, Überden Begriffder Geschicbte. pp. "02 e
segs.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>acústico com que ela ensurdece os ouvidos daqueles
cujo f i d o é servi-la p o r um</c>
family:Liberation Sans">E o p o r t a d o r d a notícia, o D u q u e de Ia
Rochefouciulr 1 I™</c>
family:Liberation Sans">salário de fome. E a imposição de se adaptar a essa máquina
e de realizar certos</c>
family:Liberation Sans">com as palavras aladas: "Non, Sire, c est une</c>
family:Liberation Sans">movimentos de maneira igualmente trepidante e mecânica foi
de início, para</c>
family:Liberation Sans">fala, e politicamente pela última vez, no sentido da
velha</c>
family:Liberation Sans">toda uma classe da população, o aspecto dominante de
trepidação e choque, em</c>
family:Liberation Sans">um m o v i m e n t o celestial para a terra, mas aqui
também ouvimos como talve</c>
family:Liberation Sans">comparação com o qual o c h o q u e imagético se colocava
na esfera do repouso,</c>
family:Liberation Sans">pela primeira vez o t o m m u d a e a ênfase de significado
se desloca da normali-</c>
family:Liberation Sans">a contemplação de fotos entre os lazeres parcimoniosamente
semeados. Q u e</c>
family:Liberation Sans">dade d o curso fechado em si para a irresistibilidade
própria desse movimento</c>
family:Liberation Sans">o choque imagético devesse um dia tornar-se a força
propulsora, a pulsação de</c>
family:Liberation Sans">circular</c>
family:Liberation Sans">toda a produção industrial, que ela devesse submeter-se ao
c o m a n d o dele na</c>
family:Liberation Sans">curso, a rebelião que eclodiu aqui vai voltar-se para
frente e provocar a queda</c>
family:Liberation Sans">mesma medida em que ela se refinava de u m a p r o d u ç ã
o movida a vapor para</c>
family:Liberation Sans">de t o d o u m edifício social: este é o pensamento por
trás das palavras aladas de</c>
family:Liberation Sans">uma eletrificada e, por fim, microeletrônica, q u e u m dia
t u b o s de imagens</c>
family:Liberation Sans">Liancourt. Ele acendeu e revirou o próprio conceito de
revolução. "A idéia de um</c>
family:Liberation Sans">marcariam o compasso de todo o processo de trabalho social:
t u d o isso ainda</c>
family:Liberation Sans">mais moderna que o choque imagético fotográfico produz
fosse então evidente,</c>
family:Liberation Sans">movimento irresistível que poucas décadas depois seria
entendido conceituai mente</c>
family:Liberation Sans">como idéia de uma necessidade histórica atravessa como uma
linha vermelha a</c>
family:Liberation Sans">história da Revolução Francesa" 32 .</c>
family:Liberation Sans">mas subestimada. Aqui há necessidade de recapitulação. E
absolutamente ne-</c>
family:Liberation Sans">Mais ainda: a referida idéia se transferiu na geração
seguinte para a época</c>
family:Liberation Sans">cessário aprender a ler o instante fotograficamente
paralisado c o m o a m e m ó r i a</c>
family:Liberation Sans">imagética involuntária da Revolução Industrial — e com isso
t a m b é m c o m o</c>
family:Liberation Sans">do estabelecimento de grandes maquinários. "A burguesia não
pode existir sem</c>
family:Liberation Sans">revolucionar continuamente os instrumentos de produção,
portanto as relaçcões</c>
family:Liberation Sans">mémoire involontaire do sedimento arcaico que essa
revolução revolveu em sua</c>
family:Liberation Sans">de produção, p o r t a n t o todas as relações sociais"33,
diz a conhecida formulação</c>
family:Liberation Sans">carreira triunfal. Recapitulemos, portanto.</c>
family:Liberation Sans">do Manifesto</c>
family:Liberation Sans">não era previsível. Mas talvez a síntese entre a magia mais
arcaica e a técnica</c>
family:Liberation Sans">IL</c>
family:Liberation Sans">Tao incessantemente quanto os astros voltam para o início
em seu</c>
family:Liberation Sans">comunista.</c>
family:Liberation Sans">Por revolução ela entende, naturalmente, urna revira-
</c>
family:Liberation Sans">volta para frente, derrubada — e no entanto não o tipo da
revolução política</c>
family:Liberation Sans">representado pela inglesa, americana ou francesa. Refere-se
muito mais àque-</c>
family:Liberation Sans">Mercadoria fetiche</c>
family:Liberation Sans">la m u d a n ç a começada no século XVI, que Marx descreveu
mais tarde, de modo</c>
family:Liberation Sans">emocionante, nas relações inglesas, em que ele se realizou
de maneira especial-</c>
family:Liberation Sans">Revolução significa literalmente "voltar para trás". C o p
é r n i c o i n t i t u l o u sua</c>
family:Liberation Sans">obra principal De revolutionibus</c>
family:Liberation Sans">orbium coelestium — não para ser "revolu-</c>
family:Liberation Sans">cionário" em sentido m o d e r n o , e sim para expressar
algo em ú l t i m a análise</c>
family:Liberation Sans">conservador, envolto na aparência de eternidade: o curso
dos corpos celestes.</c>
family:Liberation Sans">E quando passou, na Inglaterra do século XVII, para a
esfera política, não foi</c>
family:Liberation Sans">em relação, por exemplo, com a tomada de poder por
Cromwell, "e sim, pelo</c>
family:Liberation Sans">contrário, no ano de 1660, quando o parlamento foi d e r r
u b a d o e a m o n a r q u i a</c>
family:Liberation Sans">restabelecida. Exatamente no mesmo sentido a palavra ainda
foi utilizada em</c>
family:Liberation Sans">1688, quando os Stuarts foram banidos e G u i l h e r m e e
Maria sc apossaram da</c>
family:Liberation Sans">dignidade real. A 'revolução gloriosa' [...] não foi de m o
d o algum sentida c o m o</c>
family:Liberation Sans">mente brutal, c o m o "pretensa acumulação original":
aquela separação levada</c>
family:Liberation Sans">a cabo c o m "sangue e fogo" entre produtores e meios de
produção, que expulsou uma g r a n d e parcela da população rural europeia de seu
torrão, tomou a</c>
family:Liberation Sans">uma p a r t e considerável dos artesãos o apoio da oficina
e da corporação, impeliu-os para as grandes manufaturas juntamente com um povo
nômade e mendicante c o m o força de trabalho desprovida de meios e vendável e,
finalmente,</c>
family:Liberation Sans">para as novas máquinas a vapor, e fez dos proprietários
dessas máquinas a nova</c>
family:Liberation Sans">classe d o m i n a n t e . Esse processo revolucionário
modificou o mundo de modo</c>
family:Liberation Sans">incomparavelmente mais fundamental e duradouro que a
revolução americana</c>
family:Liberation Sans">e a francesa juntas 3 '. Os direitos humanos proclamados na
BillofRights</c>
family:Liberation Sans">ainda</c>
family:Liberation Sans">revolução, e sim como a restauração do poder real" 30 . A
grande reviravolta no</c>
family:Liberation Sans">significado se deu exatamente a 14 de julho de 1789 em
Paris, q u a n d o a notícia</c>
family:Liberation Sans">da tomada da Bastilha foi transmitida ao rei e ele
exclamou: "C'est une revolte",</c>
family:Liberation Sans">33 K. M a r x e F. Engels, Martifest..., p. 465.</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">. ,</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">. „„</c>
family:Liberation Sans">34 N o g r a n d e livro sobre a revolução de H . Arcndt
ele não aparece. Em sua teoria poht.ca ele desempenha</c>
family:Liberation Sans">30 H . A r c n d t , ÜberdieRevolution.</c>
family:Liberation Sans">Trad. alemã. M u n i q u e , 1994 (1963], pp. 51</c>
family:Liberation Sans">papel dc u m p o n t o cego.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>estão longe de se tornar realidade, enquanto a
sociedade capitalista, p r o d u t o -</c>
family:Liberation Sans">capitalismo da forma da mercadoria. Mas, agora q u e Marx
passa por cachorro</c>
family:Liberation Sans">ra de mercadorias, está de tal forma estabelecida, que
ninguém é mais capaz de</c>
family:Liberation Sans">morto, sua urgência se torna manifesta. Assim como náo sl
pod tra</c>
family:Liberation Sans">removê-la do pensamento ou de livrar-se dela. T a n t o
mais digno de nota é o</c>
family:Liberation Sans">tan ciai m e n t e da sensaçao sem esclarecer sua relação
com o .'grado, tan</c>
family:Liberation Sans">fato de que essa Revolução Industrial incomparavelmente
bem-sucedida rece-</c>
family:Liberation Sans">nao se p o d e tratar da mercadoria sem discutir o</c>
family:Liberation Sans">ba o adjetivo de "contínua" — sendo entendida como algo
que, u m a vez posto</c>
family:Liberation Sans">a observação e x a u da resultado. A palavra fetiche vem do
português / L</c>
family:Liberation Sans">em movimento, não pode mais parar. Sua vitória sobre a
sociedade pré-moder-</c>
family:Liberation Sans">fetiche. Aqui apen</c>
family:Liberation Sans">obra de magia . Por tras dela está o latimfactitius: "feito
artificialmente" De</c>
family:Liberation Sans">n a não poderia ser mais completa, mas a condena a vencê-la
sempre mais u m a</c>
family:Liberation Sans">início se referia a obras de fancaria primitivas de tribos
africanas diante das</c>
family:Liberation Sans">vez , sempre mais rapidamente. Seu próprio movimento
revolucionário se tor-</c>
family:Liberation Sans">quais viajantes europeus franziam o nariz»: figuras
precariamente entalhadas</c>
family:Liberation Sans">n a c o m isso um c o n t í n u o girar em t o r n o de si
mesma, a renovação obriga-</c>
family:Liberation Sans">esculpidas, moduladas, que depois de prontas eram
irrefletidamente incorpo-</c>
family:Liberation Sans">toriamente p e r m a n e n t e dos instrumentos técnicos e
das relações sociais se</c>
family:Liberation Sans">radas de imediato ao culto da tribo como encarnações de
poderes divinos O</c>
family:Liberation Sans">torna uma compulsão à repetição, um marchar para frente, q
u e n o e n t a n t o</c>
family:Liberation Sans">se inicia. Inesperadamente, o significado de revolução se
aproxima daquele</c>
family:Liberation Sans">achado de Marx é, então: uma sociedade produtora de
mercadorias nao</c>
family:Liberation Sans">não ttem</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m direito de franzir o nariz diante de tais
práticas, pois o que ela faz no</c>
family:Liberation Sans">curso imutável das estrelas com o qual ele parecia ter r o
m p i d o do m o d o mais</c>
family:Liberation Sans">f u n d o não é outra coisa. Ela projeta um segundo valor
sobre objetos totalmen-</c>
family:Liberation Sans">radical. E que o movimento para frente da sociedade m o d e
r n a pudesse ser ao</c>
family:Liberation Sans">te rotineiros, cujo valor consiste em que se pode servir-se
deles conveniente-</c>
family:Liberation Sans">mesmo tempo retrocedente, que sua permanente transformação
t a m b é m pos-</c>
family:Liberation Sans">mente para a satisfação de necessidades, e declara esse
segundo valor como</c>
family:Liberation Sans">sa ser revolucionária no sentido de que ela torna a
revolver coisas que há mui-</c>
family:Liberation Sans">verdadeiro q u a n d o acha que um material, uma saia ou um
pão, vaie tanto ou</c>
family:Liberation Sans">to se criam ultrapassadas, sedimentadas, arcaicas —
justamente Marx nunca</c>
family:Liberation Sans">tanto — e m b o r a este segundo valor, o chamando valor de
troca, não decorra</c>
family:Liberation Sans">abandonou essa suspeita. De u m lado, ele põe muita ênfase
na profanação d o</c>
family:Liberation Sans">p r o p r i a m e n t e da constituição natural de cada
coisa, e sim apenas do fato de</c>
family:Liberation Sans">sagrado que essa sociedade pratica. "Ela afogou os frêmitos
sagrados da exal-</c>
family:Liberation Sans">que as pessoas igualam quantitativamente coisas e objetos
físicos dos mais di-</c>
family:Liberation Sans">tação piedosa, do entusiasmo cavalheiresco, da melancolia
pequeno-burguesa</c>
family:Liberation Sans">ferentes qualitativamente, os fazem trocáveis entre si — e
assim, pouco a pou-</c>
family:Liberation Sans">na água gelada do cálculo egoísta. Ela dissolveu a
dignidade pessoal n o valor</c>
family:Liberation Sans">co, i n t r o d u z u m mercado entre eles, no qual tudo de
que se quer desfrutar tem</c>
family:Liberation Sans">de troca e [...] colocou no lugar da exploração disfarçada
com ilusões religiosas</c>
family:Liberation Sans">de ser antes c o m p r a d o . Ora, se toda uma sociedade
acredita que o referido</c>
family:Liberation Sans">e políticas a exploração aberta, i m p u d e n t e ,
direta, seca" , s . Por o u t r o lado,</c>
family:Liberation Sans">valor de troca q u e transforma uma coisa em mercadoria é
uma propriedade</c>
family:Liberation Sans">Marx é o criador da fórmula sobre o "caráter fetichista da
mercadoria" 36 . C o m o</c>
family:Liberation Sans">dessa mesma coisa, então ela projeta numa coisa sensível um
valor "mais alto'</c>
family:Liberation Sans">isso pode rimar?</c>
family:Liberation Sans">insensível — exatamente como a tribo africana que toma sua
obra entalhada</c>
family:Liberation Sans">Nos anos 1960 e 1970 muita tinta foi desperdiçada com esse
assunto —• na</c>
family:Liberation Sans">pela encarnação de poderes divinos. Transformado em uma
mercadoria, qual-</c>
family:Liberation Sans">maior despreocupação com o status teológico, para não dizer
ontológico, des-</c>
family:Liberation Sans">quer o b j e t o de uso trivial passa a circular de vez
como "coisa sensível supra-</c>
family:Liberation Sans">se fetiche. Pois se ele é u m : que significa isso? Q u e
na sociedade capitalista</c>
family:Liberation Sans">sensível"; adquire "caráter de fetiche" 18 .</c>
family:Liberation Sans">simplesmente uma nova religião, moderna, substitui a pré-
moderna? E que,</c>
family:Liberation Sans">Mas o q u e significa aqui "caráter"? Que a coisa de fato
fetiche, ou apenas</c>
family:Liberation Sans">além disso, a nova é mais primitiva, mais arcaica que sua
predecessora cristã?</c>
family:Liberation Sans">como u m fetiche? Em Marx isso náo é de maneira nenhuma tão
inequívoco</c>
family:Liberation Sans">Tais perguntas nem sequer foram colocadas seriamente pelas
prolixas exegeses</c>
family:Liberation Sans">como parece à primeira vista. Claro que normalmente se
afirma a respeito de</c>
family:Liberation Sans">dc Marx, que percorreram de cima a baixo a relação entre a
lógica d o ser hege-</c>
family:Liberation Sans">uma mercadoria apenas que um certo valor é Inerente a ela,
mas não um poder</c>
family:Liberation Sans">liana e o capital, que soletraram à exaustão a relação
entre valor de uso e valor</c>
family:Liberation Sans">divino. Nesse sentido o conceito de fetiche serve apenas
como metáfora. "E</c>
family:Liberation Sans">de troca, entre trabalho abstrato e concreto e repetidas
vezes "derivaram" o</c>
family:Liberation Sans">por isso, para encontrar uma analogia, precisamos refugiar-
nos na região ne-</c>
family:Liberation Sans">35 Idcm, op. cic., pp. 464 c segs.</c>
family:Liberation Sans">3 7 Cl". C h . D e Brosses, Du culte
dadieuxfétiches.</c>
family:Liberation Sans">36 K. Marx. Das Kapital /, p. 85.</c>
family:Liberation Sans">38 K. Marx, Das kapitalI,</c>
family:Liberation Sans">Paris, 1760.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>buJosa do m u n d o religioso. Aqui os p r o d u t o
s da m e n t e h u m a n a parecem pro-</c>
family:Liberation Sans">ato de ver, a luz de uma coisa, do objeto exrpri^,- ^ c
•</c>
family:Liberation Sans">vidos de vida própria, figuras a u t ô n o m a s em relação
consigo mesmas e c o m os</c>
family:Liberation Sans">UMA</c>
family:Liberation Sans">homens. Assim também no m u n d o da mercadoria os p r o d
u t o s da m ã o h u m a -</c>
family:Liberation Sans">O O,HO»,</c>
family:Liberation Sans">deveria consistir em que "a relação d e t e r m i n ^ ,
A</c>
family:Liberation Sans">B</c>
family:Liberation Sans">E</c>
family:Liberation Sans">mercadoria</c>
family:Liberation Sans">na. A isso eu dou o n o m e de fetichismo, que se cola aos
p r o d u t o s d o trabalho</c>
family:Liberation Sans">a partir do m o m e n t o em que eles são produzidos c o m
o mercadoria e, p o r t a n -</c>
family:Liberation Sans">atenuaçao. D e um ado a projeção é evidenciada como atitude
elementar uma</c>
family:Liberation Sans">to, são inseparáveis da produção de mercadorias" 3 9 . Mas
será possível separar</c>
family:Liberation Sans">na; de o u t r o , imediatamente separada em fisiologia
"verdadeira" e metafísica</c>
family:Liberation Sans">assim tão claramente cabeça e mão? A graça d o que foi d i
t o acima era exata-</c>
family:Liberation Sans">fantasmagórica -</c>
family:Liberation Sans">exatamente segundo o exemplo dos cem táleres
verdadeiros</c>
family:Liberation Sans">mente que sem a cabeça que projeta sobre objetos físicos a
f o r m a da possibili-</c>
family:Liberation Sans">e dos apenas imaginados, que Marx criticara de modo tão
fulminante em seus</c>
family:Liberation Sans">dade de troca, a mão não poderia produzir nem trocar u m a
única mercadoria.</c>
family:Liberation Sans">anos de juventude. Mas f o r a a descoberta de que mesmo o
fantasmagórico</c>
family:Liberation Sans">E vice-versa: a "região nebulosa do m u n d o religioso"
não é apenas um p r o d u t o</c>
family:Liberation Sans">é real, de que mesmo o metafísico tem poder físico. Por que
agora o precipitado</c>
family:Liberation Sans">da cabeça. Isso o jovem Marx já demonstrara
convincentemente n u m a passagem</c>
family:Liberation Sans">recuo abaixo do nível do conceito de projeção então
pressagiado por ele mesmo ></c>
family:Liberation Sans">na qual discute a posição de K a n t e de Hegel diante da
prova da existência de</c>
family:Liberation Sans">Por t e m o r de q u e o tema pudesse tornar-se mais
teológico do que o desejado e</c>
family:Liberation Sans">Deus. À conhecida objeção de K a n t segundo a qual cem
táleres imaginados</c>
family:Liberation Sans">obrigasse à admissão de que o dinheiro / u m deus e não
apenas como um deus;</c>
family:Liberation Sans">não são ainda cem táleres reais, ele responde:</c>
family:Liberation Sans">a mercadoria, de fato um fetiche e não apenas como um?
42.</c>
family:Liberation Sans">O velho Moloch não dominava? O Apoio de Delfos não era um
poder verdadeiro</c>
family:Liberation Sans">na vida dos gregos? Aqui também a crítica de Kant nada
significa. Quando alguém</c>
family:Liberation Sans">imagina possuir cem táleres, quando essa imaginação não é
para ele uma qualquer,</c>
family:Liberation Sans">subjetiva, quando ele acredita nela, os cem táleres
imaginados têm para ele o mesmo</c>
family:Liberation Sans">valor que cem táleres reais. Ele fará, por exemplo, dívidas
sobre a sua imaginação, ele</c>
family:Liberation Sans">agirá do mesmo modo pelo qual toda a humanidade faz dívidas
sobre os seus deuses. [...]</c>
family:Liberation Sans">Será que um táler real tem existência em outro lugar que
não na imaginação, mesmo</c>
family:Liberation Sans">que seja uma imaginação geral, ou antes comunitária das
pessoas? Leve papel-moeda</c>
family:Liberation Sans">para um país onde não se conheça esse uso do papel, e todos
irão rir da sua imaginação subjetiva. Vá com seus deuses para um país onde outros
deuses reinam, e lhe</c>
family:Liberation Sans">demonstrarão que você sofre de ilusões e
abstrações'10.</c>
family:Liberation Sans">A diferença entre Deus e dinheiro se t o r n a difusa. A m
b o s são projeções, em</c>
family:Liberation Sans">ambos tomam parte a cabeça e a mão. E principalmente:
projetar não é apenas</c>
family:Liberation Sans">fantasiar. O Marx maduro vai até mais longe no seu capítulo
sobre o fetiche:</c>
family:Liberation Sans">trata-se de um processo fisiológico elementar. "Assim, a
impressão de luz de</c>
family:Liberation Sans">um objeto sobre o nervo óptico se apresenta não c o m o
estímulo subjetivo d o</c>
family:Liberation Sans">próprio nervo óptico, mas como forma concreta de um objeto
fora d o olho."</c>
family:Liberation Sans">Q u e r dizer: sem projeção não se p o d e nem m e s m o
ver, que dirá c o n h e c e r ,</c>
family:Liberation Sans">pensar, interpretar. Tanto mais discutível, q u a n d o
Marx prossegue: "Mas no</c>
family:Liberation Sans">zur Doktordisscrtation,</c>
family:Liberation Sans">Apenas um retrocesso pode trazer claridade ao problema:
retrocesso à origem</c>
family:Liberation Sans">sagrada d o d i n h e i r o e da mercadoria. Mas ela não se
localiza em torno dos</c>
family:Liberation Sans">séculos VIII ou VII a.C., quando os lídios cunharam as
primeiras moedas, e sim</c>
family:Liberation Sans">41 K . M a r x , Das Kapital</c>
family:Liberation Sans">1, p. 86.</c>
family:Liberation Sans">42 T a m b é m o d e b a t e atual f o r m u l a ao largo
desse problema como se não se tratasse dc um. Christoph Deutsc h m a n n , p o r
exemplo, q u e trouxe de volta a idéia d o fetiche da mercadoria para o debate
sociológico com</c>
family:Liberation Sans">m u i t o s r e s u l t a d o s esclarecedores (Die
Verheissung des absoluten Reichtums — Zur religiõseti Naturdes</c>
family:Liberation Sans">Kapitalismus.</c>
family:Liberation Sans">F r a n k f u r t , 1999), não é, nesse ponto, nem um
milímetro mais claro que Marx: "Sua tese era</c>
family:Liberation Sans">[...] q u e o c u l t o religioso aos ídolos que o m u n d
o pré-moderno cultivava foi substituído na sociedade</c>
family:Liberation Sans">b u r g u e s a t ã o s o m e n t e p o r u m o u t r o : o
econômico" (p. 65). C u l t o aos ídolos é religião, a diferença entre</c>
family:Liberation Sans">c u l t o aos ídolos religioso e e c o n ô m i c o é algo c
o m o a que exisce entre um círculo redondo e um grande.</c>
family:Liberation Sans">J o c h e n H õ r i s c h i n v e n t o u o neologismo
"ontossemiologia' como o mínimo denominador comum para</c>
family:Liberation Sans">aquilo q u e " i n ú m e r a s religiões, filosofias,
teorias e cosmogonias expressam ou implicitamente" buscam:</c>
family:Liberation Sans">" d e m o n s t r a r u m a correlação e n t r e ser e
sentido ou criá-la de tal forma [...] que a pergunta sobre se essa</c>
family:Liberation Sans">criação t a m b é m é dc f a t o intersubjetivamente válida
nem mesmo se coloca" [Kopfoder Zahl. Poesie des</c>
family:Liberation Sans">Geldes. F r a n k f u r t , 1996, p. 26). Sobre esse m í n
i m o denominador, na conta do qual se p o d e c o l o c a [ q u a l 1 u e
r</c>
family:Liberation Sans">p r e t e n s ã o de validade, repousa e n t ã o a grande
tese: "A eucaristia, o dinheiro c os novos me.os elétron.cos</c>
family:Liberation Sans">f o r m a m ( u m d e p o i s d o o u t r o e sobrepondo-se
uns aos outros) a moldura ontossem.ológ.ca de nossa cult u r a p r e t e n s a m e
n c c cristã-ocidental-racional." (p. 26). C o m o os três "meios condutores
ontossem.olog.cos</c>
family:Liberation Sans">eles s ã o nivelados na vaga característica c o m u m de
serem "de feto inevitáveis e produz,rem um m o d d o</c>
family:Liberation Sans">de t e c i d o s o c i o c u l t u r a l " "que prove todas
as ocorrências particulares com um fundamento °nentador</c>
family:Liberation Sans">( p . 27). Para a d i f e r e n ç a específica entre o
caráter ferichísta da mercadoria e o serv.ço ^</c>
family:Liberation Sans">doôrpo</c>
family:Liberation Sans">e s a n g u e d e C r i s t o segue-se que: "a
ontossemiologia funcional do dinhe.ro toma</c>
family:Liberation Sans">gia s u b s t a n c i a l d a eucaristia" ( p . 31). C o m
o se a eucaristia não fosse també,n a l « n ente tun onal em</c>
family:Liberation Sans">39 Idem, op. cit., pp. 86 e segs.</c>
family:Liberation Sans">40 K. Marx, /Inmerkungen</c>
family:Liberation Sans">C o m p u l s ã o à repetição - Troca - Dinheiro</c>
family:Liberation Sans">MF.W, v o l u m e c o m p l e m e n t a r , I ' p a r t e .
Berlim, 1974,</c>
family:Liberation Sans">relação ao seu fim, a c o m u n i d a d e de c u l t o : c
o m o se o pão se tornasse de fato</c>
family:Liberation Sans">m o m e n t o d e ser c o m i d o , é t o m a d o pelo c o
r p o de Cristo. Não d e v e r a então também o d,nhc.ro</c>
family:Liberation Sans">tancial" e n q u a n t o m o e d a corrente?
"Ontossemiologia" é um ferro lenhoso.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>muito antes. A cunhagem de moedas é apenas o ú l t i
m o ato de um longo processo que não se c o m p r e e n d e se não se tem antes
clareza de u m fato: a troca é</c>
family:Liberation Sans">muito mais antiga que o mercado. Sua origem foi h á m u i t
o tema deste livro.</c>
family:Liberation Sans">Mas se é preciso tornar claro o m o d o c o m o a pré-
história e a alta tecnologia</c>
family:Liberation Sans">da sensação se e n g r e n a m , ela tem de ser n o v a m e
n t e t o m a d a sob u m o u t r o</c>
family:Liberation Sans">ponto de vista. Essa origem é o sacrifício. A compulsão
traumática à repetição,</c>
family:Liberation Sans">da qual surgiu um dia a prática humana de sacrifícios, foi
pormenorizadamente</c>
family:Liberation Sans">descrita no capítulo anterior. Reproduzir o pavoroso para
justamente com isso</c>
family:Liberation Sans">torná-lo suportável, c o n h e c i d o e m e s m o
familiar, foi a legítima defesa fisiológica de feixes de nervos que de o u t r o m
o d o não saberiam o n d e correr para</c>
family:Liberation Sans">debelar o excesso repentino de excitação do c h o q u e t r
a u m á t i c o e c o n s t r u i r</c>
family:Liberation Sans">trilhos nervosos para sua descarga. Em suma, a base
neurológica da compulsão</c>
family:Liberation Sans">à repetição é o anseio pela debelação de tensões: p o r
proporções equilibradas</c>
family:Liberation Sans">de excitação. E aí já está contido, n o limite entre o mero
reflexo e o incipiente</c>
family:Liberation Sans">alvorecer do pensamento, o motivo f u n d a m e n t a l da
equivalência: a obsessão</c>
family:Liberation Sans">de que a repetição compulsiva é igual ao pavor que ela
repete, e p o r t a n t o equivalente a ele, p o d e n d o representá-lo,
substituí-lo, ressarci-lo. Por m u i t o t e m p o</c>
family:Liberation Sans">essa obsessão p ô d e ser sentida apenas de m o d o a b a f
a d o - t o r t u r a n t e e apenas</c>
family:Liberation Sans">praticada de m o d o reflexivo, antes que, a fim de
suavizar seu p r ó p r i o t o r m e n to, ela começasse a se dar um destinatário,
um objetivo, um sentido. E aqui</c>
family:Liberation Sans">deve ter-se iniciado uma das proezas mentais do p r i m e i
r o Homo sapiens.</c>
family:Liberation Sans">O</c>
family:Liberation Sans">desejo pelo equilíbrio da excitação foi voltado para fora:
para o desejo de relações naturais equilibradas. O pavor é objetivado c o m oforças
pavorosas, essas</c>
family:Liberation Sans">forças são personificadas, com o que a repetição compulsiva
adquire a aparência de uma dádiva a ser oferecida a essas forças a fim de q u e
elas cessem de</c>
family:Liberation Sans">apavorar — de "irar-se". U m a medida de emergência para o
equilíbrio da excitação começa a representar a si mesmo c o m o m e d i d a de a p
a z i g u a m e n t o e</c>
family:Liberation Sans">estabilização de todas as relações naturais — do "mundo".
Sacrifício em paga</c>
family:Liberation Sans">de ser p o u p a d o : essa é a primeira forma manifesta do
equivalente, a primeira</c>
family:Liberation Sans">equação explícita de troca. Ela não b r o t a d o desejo p
o r este ou aquele prazer</c>
family:Liberation Sans">físico, e sim de uma pressão desproporcional d o s o f r i
m e n t o . T o r n a r o insu-</c>
family:Liberation Sans">t fr</c>
family:Liberation Sans">-^sssssss</c>
family:Liberation Sans">duos da d e s p r o p o r ç ã o . Q u a n t o mais
insuportável se torna p</c>
family:Liberation Sans">oferecer seus semelhantes em sacrifício, maior a
urgência</c>
family:Liberation Sans">dádiva p o r o u t r a mais suportável, «mais equivalente".
A compulsão pela rep</c>
family:Liberation Sans">tiçao começa a se tornar manifesta como compulsão à
substituição*</c>
family:Liberation Sans">H á u m a antiga palavra grega que, como nenhuma outra,
pode esclarecer</c>
family:Liberation Sans">c o n t u n d e n t e m e n t e esse processo:
hekatombe"</c>
family:Liberation Sans">Ela significa algo como "cem</c>
family:Liberation Sans">bois" c está d o c u m e n t a d a como uma antiga medida
sagrada de sacrifício Clar a m e n t e cabia aos deuses em ocasiões especiais uma
centena de bois; na antiga</c>
family:Liberation Sans">Atenas, p o r exemplo, no começo do ano. O primeiro mês do
ano chamava-te</c>
family:Liberation Sans">ali hekatombaion</c>
family:Liberation Sans">"o mês em que uma hecatombe é oferecida". Este era o
mês</c>
family:Liberation Sans">em q u e Atenas celebrava anualmente sua festa de fundação,
quando ela fortalecia p o r meio de conjuração sua própria boa fundação e sua
pacífica solidez e,</c>
family:Liberation Sans">c o n s e q u e n t e m e n t e , considerava conveniente
empregar a maior dose de tranqüilizantes divinos: justamente a centena de bois. Na
llíada uma hecatombe é</c>
family:Liberation Sans">oferecida em diferentes ocasiões, sempre quando o perigo é
grande e o humor</c>
family:Liberation Sans">dos deuses, ruim. Mas ela não aparece apenas como uma
medida de sacrifício,</c>
family:Liberation Sans">e sim t a m b é m c o m o equivalente para artefatos
extremamente selecionados</c>
family:Liberation Sans">c o m o , p o r exemplo, a armadura de ouro de Glauco ou as
borlas de ouro do</c>
family:Liberation Sans">escudo de Atena. Q u a n d o elas são contadas às "centenas
bovinas", isso soa como</c>
family:Liberation Sans">uma constante e veneranda medida antiga. Tanto mais
estranho que nada mais</c>
family:Liberation Sans">exista que fosse valioso o bastante para ser medido por
ela. É preciso dividi-la</c>
family:Liberation Sans">em frações para que ao menos armaduras preciosas, lanças,
tripés, tigelas ou</c>
family:Liberation Sans">m e s m o "uma m u l h e r " sejam medidas por tais
frações, podendo valer 20, 12,</c>
family:Liberation Sans">quatro ou ainda menos bois, mas nunca cem, para não talar
dos utensílios diários, p a r a os quais um boi já seria um valor grande demais.
Isso indica, sem</c>
family:Liberation Sans">dúvida, q u e a h e c a t o m b e é uma medida com a qual
não mais se mede, uma</c>
family:Liberation Sans">m e d i d a arcaica, cuja função já não quer mais ser
lembrada. E se não existissem</c>
family:Liberation Sans">portável suportável, o incomensurável c o m e n s u r á v e
l : esse é o seu m o t i v o .</c>
family:Liberation Sans">Apenas que, com isso, ela não se livra da d e s p r o p o r
ç ã o . O u será acaso p r o porcional que a coletividade h u m a n a , a fim de
ser p o u p a d a c o m o um t o d o ,</c>
family:Liberation Sans">sacrifique uma parte de si mesma? Um deus sairia
prejudicado ao p o u p a r u m</c>
family:Liberation Sans">t o d o e receber por isso apenas u m a parte desse t o d o
. Mas u m a coletividade</c>
family:Liberation Sans">humana não pode dar mais que uma parte de si; se oferecesse
o todo, nada mais</c>
family:Liberation Sans">4 3 A história d a evolução da equivalência pode tampouco
ser escrita aqui quanto, no capítulo anterior, a da</c>
family:Liberation Sans">evolução da l i n g u a g e m . A p e n a s se pode
reproduzir sua lógica específica, e se isso acontece preferenc.dm e n t e p e l o e
x e m p l o d o espaço mediterràneo-europeu, não é por estreitezaeuroccntrK. es-n
po ,uc</c>
family:Liberation Sans">a r e f e r i d a lógica t o m o u u m a f o r m a
especialmente significativa e não por acaso começou ali a ascensao</c>
family:Liberation Sans">mundial do dinheiro.</c>
family:Liberation Sans">4 4 S o b r e o q u e v e m a seguir, cf. B. Laum, Heilips
Geld - Eme bistorische</c>
family:Liberation Sans">Ursprurig des Geldes. T ú b i n g e n , .924. Um estudo
cuja i m p o r t à n a a para o problema da e q u n a l e n c a</c>
family:Liberation Sans">m o d o a l g u m está esgotada.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>em antigos documentos sobejos indícios da
permutabilidade d o ser h u m a n o</c>
family:Liberation Sans">por um animal -</c>
family:Liberation Sans">Isaac e Ifigênia são apenas os casos mais p r o e m i n e n
t e s</c>
family:Liberation Sans">náo houvesse sempre aqui e ali menções dispersas do uso de
resgatar u m prisioneiro ou um condenado à morte p o r uma quantia de bois, se não
existisse,</c>
family:Liberation Sans">enfim, entre as reparações combinadas entre clãs e famílias
para os danos causados pela contraparte, a quantia de cem bois para u m indivíduo m
o r t o c o m o</c>
family:Liberation Sans">uma verba quase fixa , nós apenas p o d e r í a m o s
adivinhar o que h e c a t o m b e</c>
family:Liberation Sans">significava originalmente: sacrificar cem bois é o mesmo
que sacrificar um ser</c>
family:Liberation Sans">humano, e "o mesmo que" significa, nesse caso, "melhor
que". O sacrifício de</c>
family:Liberation Sans">animais libera da pressão do sofrimento: do sacrifício h u
m a n o . Ele é, p o r t a n t o ,</c>
family:Liberation Sans">mais adequado para seres humanos, "mais equivalente", e n q
u a n t o p a r a os deuses significa ser alimentado com um sucedâneo, motivo pelo
qual não é aconselhável sublinhar especialmente a que a hecatombe é
equivalente.</c>
family:Liberation Sans">Pode-se chamar a isso "astúcia"</c>
family:Liberation Sans">de utensílio, t o m a r um formato manuseável e receber Dor
m,- ^</c>
family:Liberation Sans">de c u n h a g e m a i m a g e m i m p r e s s a d a q u i
l o</c>
family:Liberation Sans">lente, e as moedas estão prontas.</c>
family:Liberation Sans">l^cequiva-</c>
family:Liberation Sans">A t é chegar a esse p o n t o transcorreram séculos. Quando
a circulação de</c>
family:Liberation Sans">m o e d a s começa, a troca ,4 é arcaica. Apenas sua
liberação do culto sacnfic.</c>
family:Liberation Sans">c o m p a r a t i v a m e n t e ainda engatinha. Fica claro
que o processo de equivalência q u e se iniciou com a substituição dos sacrifícios
humanos é apenas um</c>
family:Liberation Sans">o u t r o aspecto do processo de profanação que se
investigou no capítulo anterior. Revelou-se como dado irônico desse processo o fato
de ele ter-se iniciado</c>
family:Liberation Sans">n o coraçao d o sagrado, que a própria constituição do
sagrado já brota de um</c>
family:Liberation Sans">primeiro m o v i m e n t o de profanação. Reavaliar o
pavor, dar-lhe o beneplácito</c>
family:Liberation Sans">p o r me,o de sua repetição, fazer dele algo sagrado já é
um primeiro ainda que</c>
family:Liberation Sans">imperceptível passo de distanciamento. Ou, do ponto de
vista da teoria da</c>
family:Liberation Sans">na troca sacrificai, quando se pensa t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">troca: o pavor insuportável é substituído pelo equivalente
de um mais supor-</c>
family:Liberation Sans">que essa astúcia inicialmente partiu de uma legítima defesa
plena de pavor e</c>
family:Liberation Sans">tável. E essa dinâmica de profanação ganha tanto mais
impulso quanto mais</c>
family:Liberation Sans">ainda náo tinha o aspecto de p a n t o m i m a de c o m e r
c i a n t e m a l a n d r o . Só aos</c>
family:Liberation Sans">ela se distancia de sua origem e substitui a vítima humana
por dádivas menos</c>
family:Liberation Sans">poucos a permuta adquire esse aspecto — na m e d i d a em
que a substituição d o</c>
family:Liberation Sans">dolorosas. Assim como é quase impossível determinar
exatamente o ponto em</c>
family:Liberation Sans">sacrifício h u m a n o é refinada, em que hecatombe não
mais significa cem bois,</c>
family:Liberation Sans">que a debelação do desprazer se transforma em ganho de
prazer, porque um já</c>
family:Liberation Sans">mas tão somente "muitos", em que um boi se t o r n a
substituível p o r um certo</c>
family:Liberation Sans">está c o n t i d o n o outro em estado de latência, também
dificilmente se poderia</c>
family:Liberation Sans">número de ovelhas ou cabras, o animal inteiro p o r uma p a
r t e dele e p o r fim a</c>
family:Liberation Sans">indicar o p o n t o em que a profanação da troca sacrificai
se torna tão profana</c>
family:Liberation Sans">oferenda real, quer dizer, o abate de algo vivo, pela
oferenda simbólica, a de-</c>
family:Liberation Sans">que uma outra forma de troca começa a se derivar da troca
sacrificai. Mas esse</c>
family:Liberation Sans">posição de algo inanimado, mas durável: preferencialmente
metal' '. E apenas</c>
family:Liberation Sans">nessa fase da cultura, quando se chega a transformar a
própria lança sacrificai</c>
family:Liberation Sans">(em grego óbelos ou óbolos) em oferenda n o lugar d o a n i
m a l que deveria ser</c>
family:Liberation Sans">abatido por ela , a própria tigela sacrificai no lugar da
carne que deveria ser assada nela ou a reprodução em metal do animal no lugar do
original vivo, apenas</c>
family:Liberation Sans">aí se atingiu a forma primitiva daquilo que se t o r n o u
corrente para nós c o m o</c>
family:Liberation Sans">dinheiro. O metal, em regra ouro ou prata , tem apenas de
se livrar da f o r m a</c>
family:Liberation Sans">p o n t o existe e p o d e ser delimitado.</c>
family:Liberation Sans">Para isso, porém, é necessário preencher certas condições
históricas. É preciso ter a p r e n d i d o que o epítome do pavor natural, o
sagrado, não é o único</c>
family:Liberation Sans">parceiro de troca possível; que é possível assegurar-se por
meio da troca contra</c>
family:Liberation Sans">formas menores, mas por isso mesmo mais palpáveis, de pavor
natural. Quando hordas antropoides vagantes encontram umas às outras, cria-se
justamente</c>
family:Liberation Sans">a situação crítica que significa: guerra ou troca. O que
não significa que se</c>
family:Liberation Sans">4 5 D o c u m e n t a d o em Laum, Heiliges Ge/d, pp. 60 c
segs.</c>
family:Liberation Sans">4 6 M. H o r k h e i m c r e Th. W . A d o r n o ,
Dialektik</c>
family:Liberation Sans">der Aujklãrung,</c>
family:Liberation Sans">47 Em outros círculos culturais, p o r exemplo n o espaço
polinésio-australiano, o n d e bois eram d e s c o n h e c i d o s</c>
family:Liberation Sans">e metais, inutilizáveis, o papel de u m tal meio de p e r m
u t a foi f r e q ü e n t e m e n t e a s s u m i d o p o r c o n c h a s ,
em</c>
family:Liberation Sans">alguns lugares t a m b é m pela concha d o cauri. Sua f u n
ç ã o fica mais clara na c o m p r a dc uma noiva — n ã o</c>
family:Liberation Sans">apenas por causa dc seu brilho e durabilidade, mas t a m b
é m p o r sua p r o p r i e d a d e d e s i m b o l i z a r o sexo feminino. Mas
isso ainda de m o d o algum quer dizer que o d i n h e i r o tenha surgido c o m o
s u c e d â n e o da m u l h e r :</c>
family:Liberation Sans">c o m o compensação da renúncia dos h o m e n s a pulsões
sexuais. Ver abaixo n o t a 52.</c>
family:Liberation Sans">48 Cf. B. Laum, Heiliges Geld, pp. 106 e segs.</c>
family:Liberation Sans">49 Isso t a m b é m por motivos sagrados. O o u r o é s u p
r a c u l t u r a l m e n t c , talvez c m t o d o lugar c m q u e ele
exista,</c>
family:Liberation Sans">c o m p r e e n d i d o c o m o reflexo terrestre da luz d
o Sol e a r m a z e n a d o r dc sua força divina. O m e s m o vale p a r a</c>
family:Liberation Sans">a p r a t a e m relação ã Lua. N ã o é apenas a
durabilidade que os recomenda como equivalentes gerais, e náo</c>
family:Liberation Sans">são dc m o d o a l g u m os altos custos em obtè-los e
trabalhá-los que lazem seu alto valor de troca. Ao contrário: p o r causa de suas
qualidades mágicas é que eles foram considerados dignos desses custos. Isso cert a
m e n t e é a m a r g o para a d o u t r i n a marxista do trabalho, segundo a qual
o valor de qualquer objeto se</c>
family:Liberation Sans">m e d e u n i c a m e n t e pela q u a n t i d a d e de
trabalho que está contido nele - portanto ass.m também o valor</c>
family:Liberation Sans">d e q u a l q u e r pepita de o u r o . prata ou bronze que
começou a circular como medida de valor, qu r d u r.</c>
family:Liberation Sans">c o m o d i n h e i r o na Ásia Menor. Isso se torna
duvidoso quando se mostra por que a ,de,a de ^ 0 ^ 1 3</c>
family:Liberation Sans">vezes e 1 / 3 mais valioso q u e a prara era tão
disseminada na Antigüidade</c>
family:Liberation Sans">^ ^ T ^ l ^ S Z</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n a : n ã o p o r q u e m o e d a s de o u r o
fossem 13 vezes e 1/3 mais durave.s nlhancc o rab l,o S</c>
family:Liberation Sans">q u e as de p r a t a , e sim p o r q u e o curso anual do
Sol abrange em si em torno de 13 cursos lunares. C f ,dem,</c>
family:Liberation Sans">op. cit., p p . 128 c segs.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>troquem imediatamente raízes ou frutas por peles ou
carne 5 0 . Antes, o que se</c>
family:Liberation Sans">D a troca dc refens como forma primeva da troca inter-
humana deduz-se</c>
family:Liberation Sans">troca é o que há de mais precioso, o que de o u t r o m o d
o só se ofereceria aos</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m a pratica da e x o g a m . a " Ela tinha de
início um motivo muito ma</c>
family:Liberation Sans">deuses: seres humanos. Entregam-se reféns uns aos outros a
fim de se assegu-</c>
family:Liberation Sans">forte que o i n c o m o d o com o incesto e suas
conseqüências degeneradoras ou</c>
family:Liberation Sans">rarem uns contra os outros. Não sabemos quando e onde isso
começou; n e n h u m</c>
family:Liberation Sans">a prevenção contra um crescimento exagerado da própria
coletividade• neces-</c>
family:Liberation Sans">antropólogo cultural o t e s t e m u n h o u . Mas, se é
indemonstrável t a n t o neuro-</c>
family:Liberation Sans">sidade vital de proteção contra pavores ameaçadores. O
"transplante" recípro</c>
family:Liberation Sans">lógica q u a n t o p s i q u i c a m e n t e que a troca c
o m e ç o u c o m o m e d i d a de defesa</c>
family:Liberation Sans">co só é bem-sucedido quando o órgão transplantado se
integra ao metabolis-</c>
family:Liberation Sans">contra o pavor, então dificilmente a f o r m a primitiva da
troca i n t e r - h u m a n a</c>
family:Liberation Sans">m o d o o u t r o corpo, quer dizer, o refém, nos costumes
sexuais da outra coleti-</c>
family:Liberation Sans">terá sido outra coisa que não a troca de reféns. Reféns são
pessoas destinadas à</c>
family:Liberation Sans">vidade. Mas, se a troca de reféns é tão transparente como
forma primeva do</c>
family:Liberation Sans">morte, mas elas são trocadas para que p e r m a n e ç a m
vivas. Sua troca tem t o d a</c>
family:Liberation Sans">p a c t o de não agressão, da celebração de alianças e da
paz, então de um golpe</c>
family:Liberation Sans">a intensidade de um transplante m ú t u o : assim c o m o
vocês p l a n t a m entre nós</c>
family:Liberation Sans">se t o r n a t a m b é m clara a lógica da troca de
presentes {Potlatsch), cujo papel</c>
family:Liberation Sans">um pedaço de vocês, nós também plantamos u m pedaço de nós
entre vocês. O</c>
family:Liberation Sans">constitutivo para as primeiras e primitivas sociedades está
já conclusivamente</c>
family:Liberation Sans">refém que se introduz numa outra coletividade leva consigo
as p r o p r i e d a d e s</c>
family:Liberation Sans">atestado 5 3 , mas para muitos economistas modernos ainda
não é uma troca</c>
family:Liberation Sans">de sua própria coletividade, em primeira linha suas e n t i
d a d e s p r o t e t o r a s , e</c>
family:Liberation Sans">"verdadeira", pois eles sentem nela a falta de um interesse
econômico palpável</c>
family:Liberation Sans">estas ameaçam a coletividade hospedeira com uma terrível
vingança, caso ela</c>
family:Liberation Sans">e n ã o p e r c e b e m que o início de toda economia é a
economia das pulsões.</c>
family:Liberation Sans">cause dano ao refém. É por conta da maior desconfiança q u
e se entrega mu-</c>
family:Liberation Sans">C u l t o e aliança se interpenetram como verticais e
horizontais. A troca, que</c>
family:Liberation Sans">t u a m e n t e o que se tem de mais precioso; mas é ao m e
s m o t e m p o a m e d i d a</c>
family:Liberation Sans">entre h o m e n s se t o r n a "horizontal", continua a
troca "vertical" com os deuses</c>
family:Liberation Sans">formadora de confiança par excellence. Ela parte do
princípio de que o p r ó p r i o</c>
family:Liberation Sans">sob o u t r o s sinais. E, assim como no culto, pouco a
pouco o sacrifício humano</c>
family:Liberation Sans">se protege melhor contra o estranho inoculando em si mesmo,
c o m o u m a va-</c>
family:Liberation Sans">é s u b s t i t u í d o , t a m b é m na aliança os reféns.
Em lugar de pessoa por pessoa</c>
family:Liberation Sans">cina, uma pequena dose do estranho. E não se p o d e m
fazer reféns sem receber</c>
family:Liberation Sans">com eles uma dose de suas entidades protetoras. Por isso é
impensável que a</c>
family:Liberation Sans">troca de reféns pudesse ocorrer sem a celebração solene de
u m a aliança, quer</c>
family:Liberation Sans">dizer, sem que ambos os partidos invocassem juntos seus
deuses c o m o testemunhas e lhes oferecessem juntos um sacrifício — de resto u m
sacrifício de</c>
family:Liberation Sans">animais, já que o p o n t o central da aliança é, afinal, a
preservação de pessoas.</c>
family:Liberation Sans">Reféns são apenas p o t e n c i a l m e n t e vítimas h u m
a n a s , e a aliança é celebrada</c>
family:Liberation Sans">para que eles permaneçam potenciais. O n d e isso se
confirma substitutos têm</c>
family:Liberation Sans">de tomar o lugar das pessoas poupadas — em primeiro lugar,
animais. Sem já</c>
family:Liberation Sans">ter uma intuição da permutabilidade entre pessoas e animais
dificilmente se</c>
family:Liberation Sans">poderia celebrar uma aliança. Por outro lado, o ato de
buscar em t o r n o de si a</c>
family:Liberation Sans">celebração de alianças deveria ter dado um impulso enérgico
à transferência</c>
family:Liberation Sans">do sacrifício h u m a n o para o de animais 5 1 .</c>
family:Liberation Sans">Q u e esse c o r t e j o nas passagens mencionadas já
aconteça apenas de forma mistificada (um torno fumegantc e u m a espada a r d e n t
e passam entre os pedaços de carne), ou já nem mesmo ocorra, se deve ao fato
de</c>
family:Liberation Sans">que a aliança, a f o r m a primeva da troca humana, aqui já
se encontrava bastante exagerada: transposta para</c>
family:Liberation Sans">a relação e n t r e D e u s e os h o m e n s — dois
parceiros não exatamente iguais. Em parte alguma a idéia dc</c>
family:Liberation Sans">aliança foi mais e n f a t i c a m e n t e preservada que
no Velho Testamento, mas isso à custa de sua intenção</c>
family:Liberation Sans">f u n d a m e n t a l simétrica.</c>
family:Liberation Sans">52 M a s não, a o c o n t r á r i o , a troca da exogamia.
como se a proibição do incesto, ou seja, da imposição de</c>
family:Liberation Sans">b u s c a r m u l h e r e s d e o u t r o clã, tivesse
levado à invenção de um equivalente primeiro: o pagamento da</c>
family:Liberation Sans">noiva. O n d e se t o r n o u c o s t u m e que as mulheres
mudem para uma outra coletividade mediante o pagam e n t o d e u m preço, a troca
já se encontra bastante adiantada, c a compra da noiva é tudo menos sua
forma</c>
family:Liberation Sans">p r i m e v a . C o n f u n d i - l o com isso é o
constante ponto cego no trabalho de Horst Kurnitzky [Tnebstruktur</c>
family:Liberation Sans">des Geldes. Berlim, 1974; DerheiligeMarkt.</c>
family:Liberation Sans">Frankfurt, 1994). afora isso muito interessante e que
mereceu</c>
family:Liberation Sans">até a g o r a m u i t o p o u c a atenção. Ele considera a
renúncia sexual de homens e mulheres o motivo fundam e n t a l da troca, d o d i n
h e i r o e por fim. da economia capitalista - e com isso continua na corrente da
tabula das h o r d a s primitivas dc Freud, que sugere exatamente essa renúncia
como o dado fundamental</c>
family:Liberation Sans">c u l t u r a h u m a n a . Ver o capítulo 3 deste
volume.</c>
family:Liberation Sans">5 3 Por exemplo, ver M . Mauss, Die Gabe. Trad. alemã.
Frankfurt, 1968[1950] um clássico da</c>
family:Liberation Sans">a f o r m a l i s a n t i g a da troca. " D c início não
são indivíduos, e</c>
family:Liberation Sans">m u t u a m e n t e , q u e trocam e contratam [...]: clãs,
tribos, famílias [</c>
family:Liberation Sans">De outro lado o qu é</c>
family:Liberation Sans">exclusivamente bens c riquezas, pertences móveis ou
imóveis, objetos</c>
family:Liberation Sans">50 É mais ou menos assim que economistas c o s t u m a m
imaginar o início nas trocas i n t e r - h u m a n a s . T a m b é m</c>
family:Liberation Sans">Marx, nesse p o n t o , era apenas economista. O que ele c
h a m a de " f o r m a simples d e valor" (Das Kapiial /,</c>
family:Liberation Sans">pp. 63 e segs.) não é de m o d o algum a f o r m a e l e m
e n t a r da troca, e sim uma f o r m a tardia já derivada da</c>
family:Liberation Sans">troca sacrificai.</c>
family:Liberation Sans">51 N o A n t i g o Testamento, "celebrar u m a aliança"
significa, literalmente, "cortar uma aliança". A n i m a i s sacrificados são
"cortados", cm geral longitudinalmente. As partes separadas são dispostas d c m o d
o a formarem</c>
family:Liberation Sans">uma ruazinha que os que celebram a aliança devem percorrer
juntos (Gênesis 15, 10 e 18; Jeremias 34, 18).</c>
family:Liberation Sans">de t u d o cortesias, banquetes, rituais, serviços</c>
family:Liberation Sans">fim esses serviços e contrasserviços se consumam cm uma
forma an es</c>
family:Liberation Sans">dádivas, e m b o r a n o f u n d o eles sejam r i c a m e n
t e</c>
family:Liberation Sans">ca" ( p p . 21 e segs.). Esse "sistema dos serv.ços totais
(p ^ Z l * » ™</c>
family:Liberation Sans">a sua existência, c não apenas com q u a l q u e r</c>
family:Liberation Sans">vizinhança, é já de fato em alto grau desenvolvido
e</c>
family:Liberation Sans">tiva de p r o t e ç ã o da troca. E apenas a partir dela se
deduz a lóg.ca desse</c>
family:Liberation Sans">mos o que é Potlatsch.</c>
family:Liberation Sans">QU</c>
family:Liberation Sans">úbli_</c>
family:Liberation Sans">S d e garante J</c>
family:Liberation Sans">toda</c>
family:Liberation Sans">relação equilibrada com sua</c>
family:Liberation Sans">d c i x , Atrever a função primiC a s o contrário, não
sabe-</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>e n c r a animal por animal, armadura por armadura,
arma por arma, p e n h o r por</c>
family:Liberation Sans">proveito. D e início apenas uma única "demanda" partia dos
locais de culto- a</c>
family:Liberation Sans">penhor — sem que a troca se afaste seriamente do â m b i t
o cultuai da assimila-</c>
family:Liberation Sans">d e m a n d a p o r dàdrvas sacnficais dignas. Mas sobte a
dignidade eta o clero ou</c>
family:Liberation Sans">decidia. Ele era o entreposto central das dádivas.</c>
family:Liberation Sans">ção do pavor. H á algo, porém, que ela nunca deixa passar
em branco: o equivalente. Na troca sacrificai ele era p u r a m e n t e imaginado,
a contraparte divina</c>
family:Liberation Sans">Supraculturalmente faz parte do estabelecimento da
autoridade clerical que</c>
family:Liberation Sans">nunca verdadeiramente visível. Agora ele entra no solo da
realidade e se torna</c>
family:Liberation Sans">ela responda pelo comércio especializado com os deuses,
especialmente pela</c>
family:Liberation Sans">tão inequívoco como nunca outra vez na história. A
equivalência dos objetos</c>
family:Liberation Sans">equivalente consumação do sacrifício, e deseje ser por isso
especialmente re-</c>
family:Liberation Sans">trocados é averiguável, pois eles são da mesma espécie,
quer dizer, exatamente</c>
family:Liberation Sans">munerada, por m e n o s que se possa determinar quando e
onde esse desejo pri-</c>
family:Liberation Sans">o que do p o n t o de vista da f u t u r a troca p r o f a
n a de mercadorias é completa-</c>
family:Liberation Sans">meiramente brotou -</c>
family:Liberation Sans">mente absurdo. Pois a graça aí é justamente trocar coisas
diferentes: dar o q u e</c>
family:Liberation Sans">dificilmente p o d e ser exagerada. Onde da dádiva aos
deuses se ramifica uma</c>
family:Liberation Sans">se tem em excesso para receber o que se deseja, mas não
pele por pele, cereal</c>
family:Liberation Sans">dádiva aos sacerdotes como pagamento por essa oferenda
especializada de sa-</c>
family:Liberation Sans">por cereal etc.</c>
family:Liberation Sans">crifícios já não se encontra mais a pura assimilação do
pavor, ali espreita, do</c>
family:Liberation Sans">a cesura que ele representa no processo de
profanação</c>
family:Liberation Sans">A lógica compulsória da substituição que leva da troca de
reféns aopotlatsch</c>
family:Liberation Sans">apaziguamento temeroso dos deuses, o desejo de fruição
física, de privilégios,</c>
family:Liberation Sans">não leva de maneira nenhuma do mesmo m o d o do potlatsch
ao comércio pro-</c>
family:Liberation Sans">de p o d e r . O c o m b a t e ao desprazer se transformou
em ganho manifesto de</c>
family:Liberation Sans">fano, da troca dos iguais à troca dos diferentes. A última
deveria ter sido antes</c>
family:Liberation Sans">prazer. Sacerdotes que guardam para si um pedaço do animal
a ser oferecido</c>
family:Liberation Sans">um subproduto não intencional da primeira. Q u a n d o se
torna costume supe-</c>
family:Liberation Sans">em sacrifício começam a negociar pelas costas dos deuses.
Eles não têm pejo</c>
family:Liberation Sans">rar-se m u t u a m e n t e na troca de presentes para não
se ficar devedor da contra-</c>
family:Liberation Sans">de deixar florescer n o interior do culto uma economia
paralela. Se há um lugar</c>
family:Liberation Sans">parte, o afastamento do equivalente exato dificilmente p o
d e ser evitado no</c>
family:Liberation Sans">o n d e se p o d e localizar a origem da pantomima de
comerciante malandro, esse</c>
family:Liberation Sans">decorrer do tempo. Mas nessa fase o potlatsch já está
altamente desenvolvido.</c>
family:Liberation Sans">lugar é aqui"". Mas, n o momento em que uma tal pantomima
começa a deitar</c>
family:Liberation Sans">Q u a n d o e como exatamente a troca dos diferentes se
originou dele está imerso</c>
family:Liberation Sans">as mãos em t o r n o de si, já se preparou o próximo passo
da profanação. Pois</c>
family:Liberation Sans">em sombras. Algo, porém, é certo: muita coisa significativa
tinha de acontecer</c>
family:Liberation Sans">agora t a m b é m há pessoas interessadas em substituir a
oferenda de seres vivos</c>
family:Liberation Sans">até que a troca esporádica, casual, de diferentes se
tornasse u m a f o r m a própria</c>
family:Liberation Sans">pela de metal. Animais abatidos estragam facilmente. Mesmo
o sacerdote mais</c>
family:Liberation Sans">de comércio: o mercado. Para isso, em primeiro lugar, era
necessário q u e hou-</c>
family:Liberation Sans">comilão só p o d e aproveitar uma certa quantidade deles.
Dádivas em ouro e</c>
family:Liberation Sans">vesse excedentes. Era preciso aprender, p o r exemplo, a se
aproveitar dos des-</c>
family:Liberation Sans">prata são, ao contrário, duráveis. Podem ser acumuladas
ilimitadamente sob a</c>
family:Liberation Sans">pojos de guerra, em lugar de oferecê-los aos deuses
propiciadores da vitória:</c>
family:Liberation Sans">forma de figuras sagradas, lanças ou tigelas. Mais ainda:
se um boi ou cordeiro</c>
family:Liberation Sans">inimigos como força de trabalho, animais c o m o alimento,
armas para f u t u r a s</c>
family:Liberation Sans">é confiado ao sacerdote como dádiva, ele queima uma parte e
guarda a outra</c>
family:Liberation Sans">expedições de pilhagem. Também um sistema de trabalho que
produzia mais</c>
family:Liberation Sans">para seu uso próprio. Se o que lhe é confiado é metal, ele
tanto pode otertar o</c>
family:Liberation Sans">alimentos do que a coletividade consumia ainda estava para
ser criado. Além</c>
family:Liberation Sans">t o d o c o m o deixá-lo ficar. Basta depositá-lo no
templo. O local sagrado se tor-</c>
family:Liberation Sans">disso, tribos nômades tinham de se tornar sedentárias —
ramificadas em u m a</c>
family:Liberation Sans">na, assim, local da formação de um tesouro 55 , de uma
"acumulação primitiva",</c>
family:Liberation Sans">aliança de tribos, mas reunidas em torno de um centro de
culto c o m u m : a sede</c>
family:Liberation Sans">que merece m u i t o mais esse nome que aquele grande
processo de formação do</c>
family:Liberation Sans">de uma autoridade sacerdotal geralmente reconhecida. A
palavra grega agora,</c>
family:Liberation Sans">que traduzimos por "mercado", significava originariamente
apenas "lugar de</c>
family:Liberation Sans">reuniões": locais centrais de culto. Nas sociedades
agrárias d o espaço mediterrâneo e do Oriente Próximo ela se tornou um p o n t o de
cristalização da cultura urbana: talvez propriamente o epítome de centro da cidade.
Ali se reúnem</c>
family:Liberation Sans">as tribos e clãs isolados para o sacrifício c o m u m . E
para ali eles levam não apenas a oferenda sacrificai prevista, mas pouco a pouco t
a m b é m certos excedentes. Não que se arrastasse para lá t u d o quanto se
pudesse passar nos cobres com</c>
family:Liberation Sans">5 4 N o espaço m e d i t e r r â n e o esse c o m p o r t a
m e n t o foi vivido possivelmente como</c>
family:Liberation Sans">E m t o d o caso se e n c o n t r a em H e s í o d o uma
genial indicação de tempo m.tológca^ Quando os deuses</c>
family:Liberation Sans">os m o r t a i s se s e p a r a r a m ' . Exatamente nesse
p o n t o ele faz Prometeu entrar ^ ^</c>
family:Liberation Sans">^ Z o eSma</c>
family:Liberation Sans">boi": " D e u m lado. ele coloca a carne e as gordas
entranhas em u n - pele em</c>
family:Liberation Sans">l ^ n d o - on o s</c>
family:Liberation Sans">go d o t o u r o ; de o u t r o , ele coloca os
ossos</c>
family:Liberation Sans">c o m g o r d u r a brilhante» "para iludir os
sentidos</c>
family:Liberation Sans">s e g u n d o M a r x "o mais d i s t i n t o s a n t o c m
á r t i r d o calcndáno hloso</c>
family:Liberation Sans">Berlim, 1974, p. 263, volume complementar), é, segundo
Hes.odo, antes de ma,s</c>
family:Liberation Sans">c e r d o t c q u e negocia pelas costas dos
deuses.</c>
family:Liberation Sans">55 B. L a u m , Heiliges Geld., pp. 109 c segs.</c>
family:Liberation Sans">, parte.</c>
family:Liberation Sans">d o ja _</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>capital no início da m o d e r n i d a d e ao qual
Marx deu esse nome 5 6 . Pois a graça</c>
family:Liberation Sans">tcrior</c>
family:Liberation Sans">desse tesouro não é a de repousar apenas c o m o reserva
para o caso de necessi-</c>
family:Liberation Sans">partes d o tesouro do templo se desprendiam furtivamente,
contra um paga-</c>
family:Liberation Sans">dade e sim a de constantemente se multiplicar de m o d o p
r o f a n o cm virtude de</c>
family:Liberation Sans">m e n t o p r o f a n o , da circunscrição dc, sagrado para
retornar a ele como dádiva</c>
family:Liberation Sans">sua força sagrada. C o m o p o d e ser? M u i t o
simplesmente: desobrigam-se, aque-</c>
family:Liberation Sans">sacrificai. C o m isso, porém, abria-se uma porta decisiva
na fronteira nevrálgica</c>
family:Liberation Sans">les que vêm aos locais de culto, de trazer suas próprias
dádivas. Antes sc coloca</c>
family:Liberation Sans">entre a esfera sagrada e a profana e sc prenunciava uma
forma de troca inau-</c>
family:Liberation Sans">à disposição deles — mediante pagamento, é claro — u m a
peça digna d o te-</c>
family:Liberation Sans">d i t a m e n t e p r e n h e de futuro. Faltava apenas
compreender que o tesouro do</c>
family:Liberation Sans">souro d o templo. D e um p o n t o de vista teológico:
subtrai-se essa peça dos</c>
family:Liberation Sans">deuses para que ela possa ser de novo o f e r t a d a a
eles. D e u m p o n t o de vista</c>
family:Liberation Sans">templo era copiávcl, que também fora dc sua circunscrição
se podia acumular</c>
family:Liberation Sans">econômico: retira-se por um m o m e n t o a peça d o
tesouro para que ela possa</c>
family:Liberation Sans">p r a t i c a d o lá d e n t r o . Pois cies próprios já
eram negociantes. Os negociantes</c>
family:Liberation Sans">voltar a ele imediatamente e multiplicada — para ser
trocada pelo atalho mais</c>
family:Liberation Sans">profanos apenas profanaram uma prática sacerdotal. Eles
fazem explicitamente</c>
family:Liberation Sans">curto por algum bem profano pelo qual o clero tenha desejo.
Mas aqui é per-</c>
family:Liberation Sans">do metal aquilo que no tesouro do templo era apenas,
implicitamente, capital.</c>
family:Liberation Sans">ceptível um p o n t o no qual a troca de objetos diferentes
cessa definitivamente</c>
family:Liberation Sans">Capital c t e s o u r o d o templo profanado. Ele é, como o
tesouro, trocado por</c>
family:Liberation Sans">de ser apenas esporádica e casual. Ela ganha um m é t o d o
. J u s t a m e n t e c o m o</c>
family:Liberation Sans">c o n t a dc sua f u t u r a acumulação. Utensílios são
adquiridos em troca de metal,</c>
family:Liberation Sans">m o t o r da multiplicação d o tesouro d o t e m p l o ela
c o m e ç a a desenvolver seu</c>
family:Liberation Sans">para serem vendidos em troca de mais metal. Essa circulação
profana de metal</c>
family:Liberation Sans">capricho profano.</c>
family:Liberation Sans">c utensílios constitui o mercado. Ele sc destaca da troca
dc oferendas — e com</c>
family:Liberation Sans">d a casca de u m a árvore algumas partes se desprendem,
aqui também</c>
family:Liberation Sans">metal. Em s u m a : era preciso imitar lá fora o que os
sacerdotes tinham antes</c>
family:Liberation Sans">A troca p r o f a n a p o d e ter t i d o seus c o m e ç o
s e s p o r á d i c o s a r e b o q u e d o</c>
family:Liberation Sans">isso, n o entanto, não cessa dc se alimentar dela.
Justamente a compulsão arcai-</c>
family:Liberation Sans">potlatsch, às margens da existência comunitária. Não o
sabemos. Mas o merca-</c>
family:Liberation Sans">ca para a unanimidade, que fazia com que coletividades
humanas originalmente</c>
family:Liberation Sans">do como instituição sólida, por sua vez, se forma n o
centro, ali o n d e sc imagi-</c>
family:Liberation Sans">se lançassem sobre a vítima eleita, sc torna o anjo da
guarda dessa vítima. Essa</c>
family:Liberation Sans">na estar a ferida sagrada d a f u n d a ç ã o ou o eixo
sagrado em t o r n o d o qual o</c>
family:Liberation Sans">c o m p u l s ã o tem um avesso humano. Nos locais sagrados
não é permitido por</c>
family:Liberation Sans">m u n d o gira. Seu surgimento, porém, apresenta uma
estrutura sistemática que</c>
family:Liberation Sans">preço a l g u m erguer a mão contra nada que não seja a
vítima. E exatamente</c>
family:Liberation Sans">já encontramos uma vez em outro contexto. Assim c o m o o c
o r p o dolorido gira</c>
family:Liberation Sans">p o r isso o m e r c a d o começa à sombra protetora do
santuário. Ele precisa da</c>
family:Liberation Sans">em torno do trauma, o culto, em t o r n o da oferenda, a
linguagem, em t o r n o d o</c>
family:Liberation Sans">garantia de que aqui as armas se calam, que de fato se
troca e não se rouba. A</c>
family:Liberation Sans">gemido de pavor, assim o m e r c a d o gira em t o r n o da
"acumulação original"</c>
family:Liberation Sans">palavra grega para troca, katallagé, significa não apenas
dar e receber, c sim</c>
family:Liberation Sans">do tesouro do templo. O mercado é um sedimento d o culto:
por assim dizer,</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m compensação pacífica, reconciliação. Ela está
muito próxima do he-</c>
family:Liberation Sans">sua casca de proteção "calcinada". N o metal utilizado c o
m o meio de pagamen-</c>
family:Liberation Sans">braico berit (aliança). Aí se abre a perspectiva de uma
troca não compulsória</c>
family:Liberation Sans">to essa casca sc torna palpável, representa, porém, u m
sacrifício h u m a n o con-</c>
family:Liberation Sans">de bens, de costumes, de habilidades e de idéias. E a agora
tem no espaço do</c>
family:Liberation Sans">gelado, enrijecido, neutralizado — uma couraça q u e p r o
t e g e t a n t o contra a</c>
family:Liberation Sans">mediterrâneo, especialmente nas cidades gregas, algo dessa
atmosfera de alian-</c>
family:Liberation Sans">proximidade arcaica, devoradorade homens, do sagrado, c o m
o t a m b é m inicia</c>
family:Liberation Sans">ça, da utopia dc um comércio pacificado.</c>
family:Liberation Sans">sua vida própria em defesa do sagrado. E, dc fato, essa
vida própria começa a se</c>
family:Liberation Sans">movimentar no próprio tesouro d o templo. Em sua q u a l i
d a d e de "casca", o</c>
family:Liberation Sans">mercado provavelmente envolvia e adornava a oferenda de
seres vivos q u e continuava a ser realizada no interior d o templo. Mas assim c o
m o da camada ex-</c>
family:Liberation Sans">56 Cf. K. M a r x , Das Kapital I, p p . 741 e segs. O p r
ó p r i o M a r x sabe disso: " E m t o d o s os p o v o s a n t i g o s o</c>
family:Liberation Sans">acúmulo dc o u r o c prata aparccc originalmente c o m o
privilégio clcrical e real." " O t e s o u r o d o Estado c o m o</c>
family:Liberation Sans">f u n d o de reserva e o t e m p l o são os primeiros
bancos o n d e essas coisas sagradas são conservadas. A a c u m u lação e o a r m a
z e n a m e n t o [ a l c a n ç a m ] sua ú l t i m a evolução n o s b a n c o s m
o d e r n o s : m a s a q u i c o m u m a</c>
family:Liberation Sans">d e t e r m i n a ç ã o mais desenvolvida" ( K . Marx,
Grundrisseder Kritik der Politischen Ofonomie. Berlim, 1974,</c>
family:Liberation Sans">p. 141). E esta já não é mais "primitiva".</c>
family:Liberation Sans">Aqui, diante dos navios, rodeados de templos, edifícios
públicos, monumentos,</c>
family:Liberation Sans">lojas e casas de câmbio, tantos deles para quantos pudesse
haver lugar, o grego sc</c>
family:Liberation Sans">dedicava ao w m m t í n . aquela atividade que para os
nórdicos náo pode ser traduzida</c>
family:Liberation Sans">por nenhuma palavra. Os dicionários dizem: "comerciar no
mercado, comprar ^</c>
family:Liberation Sans">cursar, aconselhar etc.", mas náo podem traduzir o
agrupamento e a perambulaçao</c>
family:Liberation Sans">feitos da mistura de negócio, conversa e ócio feliz5
.</c>
family:Liberation Sans">57 J. B u r c k h a r d t , Grieschische
Kultiirgcschicbte.</c>
family:Liberation Sans">Munique. 1977. v o l I. p.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Mas essas diferentes atividades só p o d i a m
combinar-se de m a n e i r a tão</c>
family:Liberation Sans">despreocupada p o r q u e elas não cessavam de se
desenrolar em tomo daqueles</c>
family:Liberation Sans">santuários dos quais elas se t i n h a m desprendido, mas
em cuja s o m b r a elas,</c>
family:Liberation Sans">todavia, continuavam a se abrigar.</c>
family:Liberation Sans">ele, de o u t r o lado se torna aquilo que o sagrado era
anteriormente: instância</c>
family:Liberation Sans">social,zadora. Metaforicamente falando: torna-se ele
próprio o ponto central</c>
family:Liberation Sans">que até então envolvia como casca. O que é qualitativamente
novo nesse pon</c>
family:Liberation Sans">t0</c>
family:Liberation Sans">central: ele é sem lugar, ubíquo, exatamente como no mundo
que se revelou</c>
family:Liberation Sans">a G i o r d a n o B r u n o como universo infinito, não há
mais um ponto central - e</c>
family:Liberation Sans">por isso está em toda parte 58 . O mercado se adapta à
cosmologia de Bruno59.</c>
family:Liberation Sans">O point d'bonneur da troca</c>
family:Liberation Sans">Ele se volatiliza em um eixo mundial que não se pode mais
localizar fixamente em parte alguma e, não obstante, está em toda parte onde uma
equação de</c>
family:Liberation Sans">troca é realizada: " O n d e dois ou três se reunirem em
meu nome, eu estarei</c>
family:Liberation Sans">Até hoje a aura d o mercado não se dissipou c o m p l e t a
m e n t e . Visitantes dc</c>
family:Liberation Sans">entre eles" 60 .</c>
family:Liberation Sans">cidades antigas sentem-se atraídos magneticamente para a
praça d o mercado.</c>
family:Liberation Sans">O que a faz encher-se de turistas é a saudade do centro u r
b a n o perdido. T a n t o</c>
family:Liberation Sans">mais surpreendente o longo tempo durante o qual,
supraculturalmente, a praça do mercado foi esse centro. Entre a Atenas de Péricles
e a Florença dos</c>
family:Liberation Sans">Médicis há uma distância de dois milênios. D u r a n t e
esse t e m p o quase t u d o se</c>
family:Liberation Sans">modificou: o nível econômico, técnico e cultural, a
estrutura social, o culto.</c>
family:Liberation Sans">Mas m u i t o p o u c o se modificou o papel da praça d o
mercado. T a m b é m nas</c>
family:Liberation Sans">cidades renascentistas a vida e a atividade u r b a n a a c
o n t e c e m n o m e r c a d o :</c>
family:Liberation Sans">"rodeadas de templos, edifícios públicos, monumentos, lojas
e casas de câmbio",</c>
family:Liberation Sans">apenas que agora os templos se chamam igrejas; os edifícios
públicos, câmaras</c>
family:Liberation Sans">municipais e as lojas tendem a se tornar palácios. A
estrutura f u n d a m e n t a l do</c>
family:Liberation Sans">mercado manteve uma constância digna de nota. Ela chega até
a modernidade.</c>
family:Liberation Sans">Não por acaso a dupla camada de sentidos da palavra grega
agora, originalmente local de culto, só depois praça do mercado, e n c o n t r o u
sua exata continuação no latim missa. Missa (messe): assim se chama de início o
serviço divino cristão. O mercado que o rodeia, que, nas datas solenes do ano, c o
m o o</c>
family:Liberation Sans">solstício de inverno e o de verão ou o equinócio da
primavera e o d o o u t o n o ,</c>
family:Liberation Sans">cresce e se torna mercado anual, não foi d u r a n t e
séculos senão uma "casca"</c>
family:Liberation Sans">profana em torno da celebração da eucaristia, antes q u e o
comércio internacional, que desde o século XIV pouco a pouco se espalhou pela
Europa Central,</c>
family:Liberation Sans">transformasse os mercados anuais em espetáculos de massa.
Agora eles é que</c>
family:Liberation Sans">são chamados de "messe" ("feira"). O nome se transfere do
núcleo sagrado para</c>
family:Liberation Sans">a "casca" profana. Aparentemente apenas um p e q u e n o
deslocamento dc significado. Apenas pouco a pouco é que se manifesta o q u a n t o
ele é i m p o r t a n t e .</c>
family:Liberation Sans">Esta é exatamente a singular inversão levada a cabo pelo
capitalismo moderno: a inversão d o m u n d o que ele iniciou. Seu passo em direção
à completa</c>
family:Liberation Sans">profanidade é u m passo da ressacralização. O capital
comercial que circundava o</c>
family:Liberation Sans">santuário era um meio de troca completamente profano que
circulava segundo</c>
family:Liberation Sans">suas próprias leis: a u t ô n o m o em contraposição à
troca sacrificai sagrada. Mas</c>
family:Liberation Sans">justamente em contraposição a ela. Sua profanidade se
define por meio da delimitação d o sagrado — mas com isso também em relação ao
sagrado —, na qual a</c>
family:Liberation Sans">originalidade e a autoridade do sagrado permanecem nolens
volens pressupostas.</c>
family:Liberation Sans">O passo d o capital comercial para o moderno capitalismo é
o passo de uma</c>
family:Liberation Sans">delimitação de u m mercado profano autônomo para a abolição
de seus limites.</c>
family:Liberation Sans">O surgimento da possibilidade de compra de terra e solo, e
com isso também</c>
family:Liberation Sans">a da força de trabalho que neles atua foi o rompimento de
dique do século</c>
family:Liberation Sans">XVI que permitiu que o dinheiro acumulado, que até então
apenas regulava a</c>
family:Liberation Sans">troca de utensílios, se transformasse em um poder que se
alastrou para todo o</c>
family:Liberation Sans">processo de produção de bens materiais, de modo que a força
de trabalho não</c>
family:Liberation Sans">pode ser empregada de outro modo que não em sua qualidade
de mercadoria</c>
family:Liberation Sans">vendida, os instrumentos com os quais ela trabalha já são
mercadorias e os produtos de sua atividade já vêm ao mundo como mercadoria: como
produzidos</c>
family:Liberation Sans">para o mercado. Mas com isso "os tremores sagrados do
entusiasmo religioso</c>
family:Liberation Sans">[...] são afogados na água gelada do cálculo egoísta".
Apenas, essa profanaçao</c>
family:Liberation Sans">d o sagrado é ao mesmo tempo o prelúdio de uma nova
consagraçao por meio</c>
family:Liberation Sans">da qual a mercadoria profana é novamente carregada
justamente com aquela</c>
family:Liberation Sans">sacralidade arcaica da qual ela parecia tão
emancipada.</c>
family:Liberation Sans">O mercado anual, ao tomar o nome de "messe", faz algo que n
e n h u m mercado</c>
family:Liberation Sans">Cf. G i o r d a n o</c>
family:Liberation Sans">antes fez: ele se transforma numa feira que dura o ano
todo, ele se desliga d o</c>
family:Liberation Sans">santuário, se torna literalmente absoluto e isso tem dois
significados: de um</c>
family:Liberation Sans">59 A d c B r u n o é, dc rcsro. apenas a f o r m a
primitiva da cartes.ana; uma r „</c>
family:Liberation Sans">lado ele se torna completamente profano. J u s t a m e n t
e por causa disso é q u e</c>
family:Liberation Sans">B r u n o , Zwiegesprãcbe</c>
family:Liberation Sans">vom uncndlicbcn</c>
family:Liberation Sans">m i r a d a , é u m universo infinito, desprovido de
centro.</c>
family:Liberation Sans">60 Mateus 18,20.</c>
family:Liberation Sans">Ali und dc» f f i t o *</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">. „</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Ser mercadoria significa possuir valor de troca. O
valor de troca começa sua</c>
family:Liberation Sans">ccr</c>
family:Liberation Sans">Cd e</c>
family:Liberation Sans">â d a</c>
family:Liberation Sans">menores coisas. Claro que ser vendido não signi-</c>
family:Liberation Sans">história ali o n d e pela primeira vez algo foi considerado
d i g n o de ser trocado:</c>
family:Liberation Sans">fica ser r e d i m i d o ou salvo, mas salva de ser deixado
ficar e por isso continua</c>
family:Liberation Sans">onde pessoas foram sacrificadas c o m o p a g a m e n t o
pelo favor divino. A d q u i r i r</c>
family:Liberation Sans">efetivamente associado à salvação que não é. É salvação,
mas sob a forma de seu</c>
family:Liberation Sans">valor de troca e ser consagrado eram originalmente a m e s
m a coisa, e o valor dc</c>
family:Liberation Sans">p r ó p r i o sucedâneo: como sombra de si mesma. De onde
se esclarece contun-</c>
family:Liberation Sans">troca era o mais alto valor: a vida h u m a n a . N ã o a
entregavam p o r q u e possuís-</c>
family:Liberation Sans">d e n t e m e n t e c o m o o caráter de fetiche deve ser
entendido: a mercadoria é feti-</c>
family:Liberation Sans">sem um excedente dela, mas a arrancavam compulsoriamente d
o coração. Q u e</c>
family:Liberation Sans">che na m e d i d a em q u e o mercado no qual ela é
oferecida é realmente uma</c>
family:Liberation Sans">seres humanos sejam insubstituíveis não era de início u m a
defesa de sua into-</c>
family:Liberation Sans">instância p r o d u t o r a de sentido, salvadora; e ela é
apenas como um fetiche na</c>
family:Liberation Sans">cabilidade e de seu desenvolvimento individual, e sim o f u
n d a m e n t o d o sacri-</c>
family:Liberation Sans">medida em que o mercado é apenas como um salvador, a saber,
seu mísero suce-</c>
family:Liberation Sans">fício h u m a n o . E vice-versa: sua substitutibilidade
significava inicialmente a</c>
family:Liberation Sans">dâneo, sua s o m b r a vazia de sangue. Na sociedade
produtora de mercadorias, a</c>
family:Liberation Sans">salvação do sacrifício h u m a n o . A profanação t i n h a
o sentido h u m a n o de asse-</c>
family:Liberation Sans">mercadoria tem caráter de fetiche tanto em sentido
traduzido quanto em sen-</c>
family:Liberation Sans">gurar uma esfera da vida poupada do ataque d o sagrado, e
podia considerar-se</c>
family:Liberation Sans">tido direto, sem que se possa dizer que um sentido seja o
verdadeiro e o outro,</c>
family:Liberation Sans">poupado o que se tornara disponível, calculável. O
desenvolvimento de um</c>
family:Liberation Sans">o que atua paralelamente. Antes, ambos coincidem e dão ao
fetiche da merca-</c>
family:Liberation Sans">equivalente geral, do dinheiro, prestou de início um
serviço inestimável para</c>
family:Liberation Sans">doria o status ambivalente de uma metáfora real ou metáfora
de si mesmo. E</c>
family:Liberation Sans">o estabelecimento de um â m b i t o assim protegido:
possibilitou uma oferenda</c>
family:Liberation Sans">justamente aí reside tanto seu poder quanto também sua
impalpabilidade.</c>
family:Liberation Sans">recíproca entre pessoas que não custa n e n h u m sangue,
que serve à vantagem</c>
family:Liberation Sans">Evidenciar essa ambivalência é imprescindível. Numa época
em que lojas e</c>
family:Liberation Sans">mútua e está sob o primado do prazer e não d o pavor. N ã o
se precisa mais ar-</c>
family:Liberation Sans">bancos se t o r n a m templos das global cities, as
vitrines, altares e os arquitetos,</c>
family:Liberation Sans">rancar, cheio de temor, algo do coração para impedir algo
ainda mais temível,</c>
family:Liberation Sans">cada vez mais semelhantes a sacerdotes 61 , é uma
inadvertência capital ignorar</c>
family:Liberation Sans">mas pode-se entregar algo prescindível para receber em
troca o que se deseja. E</c>
family:Liberation Sans">a teoria marxista do caráter de fetiche da mercadoria.
Deve-se antes torná-la</c>
family:Liberation Sans">só sobre essa base é que a atribuição de valor se p o d e p
r o f a n a r e completar sua</c>
family:Liberation Sans">mais forte e clara do que é no próprio Marx — o que só é
possível porque ela não</c>
family:Liberation Sans">mudança de significado, que marcou época: de ligação
libidinosa para taxação</c>
family:Liberation Sans">se integra de m o d o algum sem fraturas ao conceito geral
da crítica da economia</c>
family:Liberation Sans">sóbria. Só agora pode começar a busca de uma m e d i d a de
valor profana, obje-</c>
family:Liberation Sans">política c o m o M a r x sugeriu. Enquanto a luta em torno
de Marx constituía</c>
family:Liberation Sans">tiva, em relação à qual as coisas trocadas são iguais. Em
suma, ser trocável p o r</c>
family:Liberation Sans">troca de socos entre os inimigos e defensores desse
conceito geral, o olhar não</c>
family:Liberation Sans">dinheiro significa inicialmente adquirir a forma de
mercadoria profana, ter-se</c>
family:Liberation Sans">estava livre para os decisivos pontos de fratura. Mas eles
são visíveis à luz do</c>
family:Liberation Sans">tornado alheio à troca sacrificai sagrada, ter escapado ao
c u l t o fetichista. O</c>
family:Liberation Sans">dia. C o m o se sabe, passa por ser o maior dos artifícios
de Marx o fato de ele ter</c>
family:Liberation Sans">chiste da mercadoria profana a qual n o r m a l m e n t e
se tem em m e n t e q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">derivado "o m o d o de produção capitalista e as relações
de produção e comércio</c>
family:Liberation Sans">nós falamos em troca é que ela não tem em si, ou seja, c o
m o simples encarnação</c>
family:Liberation Sans">a ele correspondentes" 6 2 de seu embrião: da mercadoria.
Da mercadoria pro-</c>
family:Liberation Sans">de algo que a faça digna de troca, o caráter de fetiche, e
sim q u e ela só adquire</c>
family:Liberation Sans">fana, é claro. A sua longa pré-história sagrada não conta.
A forma tardia profa-</c>
family:Liberation Sans">esse caráter justamente ao entrar num mercado cujos limites
foram abolidos,</c>
family:Liberation Sans">na é t o m a d a irrefletidamente como a forma primeva da
mercadoria a troca,</c>
family:Liberation Sans">um mercado que cessa de ser casca do sagrado e, nesse
sentido, absoluto, com-</c>
family:Liberation Sans">c o m o ação genuinamente profana -</c>
family:Liberation Sans">pletamente profano; m o d e r n a m e n t e falando, a
mercadoria se t r a n s f o r m a de</c>
family:Liberation Sans">subsistema em sistema por excelência — e justamente com
esse e n o r m e passo</c>
family:Liberation Sans">para frente inicia furtivamente aquele m o v i m e n t o
para trás que realiza o fato</c>
family:Liberation Sans">como uma equiparação sóbria de coisas</c>
family:Liberation Sans">naturais qualitativamente diferentes que, descontadas as
suas primeiras tateantes tentativas, devem ter seguido desde o início um princípio
claro: a comparação das quantidades de trabalho. Essa tese se deve a um postulado,
e precisa-</c>
family:Liberation Sans">daquele "retorno ao fundamento". Exatamente isso é a
inversão d o m u n d o : n o</c>
family:Liberation Sans">m o m e n t o em que o mercado começa a se tornar absoluto,
seu mecanismo profano de seleção se eleva a uma instância de eleição e rejeição, do
destino, da</c>
family:Liberation Sans">produção de sentido. Todos sabem o quanto esse sentido é
miserável, mas todos</c>
family:Liberation Sans">têm de percebê-lo como um sentido elementar por meio do
qual sua vida ma-</c>
family:Liberation Sans">61 " ' Q u e m m a i s a i n d a oferece orientação, o n d
e ficamos nôs</c>
family:Liberation Sans">d o u t o r H e n n (o a r q u i t e t o de Wolf sburg. a
c.dade da \ W )• * g</c>
family:Liberation Sans">ideologias p e r d e r a m seu poder. O q u e</c>
family:Liberation Sans">f u t u r o ' " ( H . R a u t e r b e r g . "Glaube, Liebe.
Auspuft . DieZeU.</c>
family:Liberation Sans">/, p. 12.</c>
family:Liberation Sans">as c r j a d o r a s d e ic,u,do</c>
family:Liberation Sans">P- 38).</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>mente a um cujo impulso moral mal se p o d e
subestimar. Nisso se reflete aque-</c>
family:Liberation Sans">p r e e n d e r isso, p o r e m , e preciso pensar também
no pressuposto sagrado da</c>
family:Liberation Sans">le poderoso processo p o l í t i c o - e c o n ô m i c o q
u e Marx descreveu de m o d o tão</c>
family:Liberation Sans">troca</c>
family:Liberation Sans">impressionante pelo exemplo da Inglaterra: o afastamento de
u m a grande par-</c>
family:Liberation Sans">o pavor e p o r isso tinha por objetivo nada menos que o
equilíbrio nervoso e</c>
family:Liberation Sans">te da população de camponeses ou artesãos de seus meios de
t r a b a l h o heredi-</c>
family:Liberation Sans">cósmico da excitaçao, deuses apaziguados, poderes naturais
não mais ameaça-</c>
family:Liberation Sans">tários, a transformação da força de trabalho desprovida de
meios em uma mer-</c>
family:Liberation Sans">dores, relações pacificadas, em suma, um mundo aprumado.
Também a cele-</c>
family:Liberation Sans">cadoria, o seu arremesso ao mercado de trabalho que se
formava e que abrangia</c>
family:Liberation Sans">bração de alianças por meio da troca de reféns, penhores e
presentes está a</c>
family:Liberation Sans">toda a sociedade, sua sucção pela grande maquinaria
incipiente na qual ela se</c>
family:Liberation Sans">serviço dessa pacificação, e relações equilibradas de troca
entre pessoas se dis-</c>
family:Liberation Sans">gasta até a exaustão para o enriquecimento desproporcional
dos d o n o s d o ma-</c>
family:Liberation Sans">tinguem pelo fato de que elas se ressarcem reciprocamente
pelas próprias per-</c>
family:Liberation Sans">quinário. Marx está sob a avassaladora impressão de massas
de trabalhadores</c>
family:Liberation Sans">das. N ã o se p o d e recuperar a pessoa que foi entregue e
arrancada do coração,</c>
family:Liberation Sans">que são sugadas e estropiadas por um salário de fome. Seu
postulado, p o r isso,</c>
family:Liberation Sans">mas se recebe p o r ela uma outra pessoa, um ser semelhante
que recebeu uma</c>
family:Liberation Sans">é o seguinte: é necessário que haja uma troca justa. Ele t
e m razão: se não h o u -</c>
family:Liberation Sans">dose semelhante de doação, com o que entrou em jogo o
paradoxo que até hoje</c>
family:Liberation Sans">vesse essa troca, haveria justiça em t o d a p a r t e o n
d e pessoas c o n c o r d a m em</c>
family:Liberation Sans">o c u p a os tribunais sob o nome de "indenização
adequada". Nenhuma inde-</c>
family:Liberation Sans">vender sua força de trabalho, indiferentemente de sob q u e
condições — o que</c>
family:Liberation Sans">nização é adequada, pois nenhuma dor pode ser compensada
por dinheiro*,</c>
family:Liberation Sans">de resto é a conseqüência cínica de toda e c o n o m i a
para a qual a troca não tem</c>
family:Liberation Sans">mas, n o e n t a n t o , não há nenhuma pacificação,
nenhuma reconciliação sem a</c>
family:Liberation Sans">nenhum critério que não oferta e demanda, e a d e m a n d a
, n e n h u m motivo que</c>
family:Liberation Sans">tentativa de adequar um equivalente ao dano, à dor, à perda
existente. Nesse</c>
family:Liberation Sans">não a atribuição de valor puramente subjetiva; de acordo
com ela colhedores</c>
family:Liberation Sans">sentido a h e c a t o m b e é uma indenização para os
deuses, a saber, cem bois pela</c>
family:Liberation Sans">de café, cortadores de cana-de-açúcar e crianças que tecem
tapetes estão todos</c>
family:Liberation Sans">pessoa q u e lhes escapou, assim como os reféns tomados são
indenização pelos</c>
family:Liberation Sans">ansiosos por vender sua torça de trabalho apenas p o r q u
e eles têm em tão altís-</c>
family:Liberation Sans">que f o r a m entregues. Mas a adequação de um substituto
para o dano sofrido</c>
family:Liberation Sans">sima conta a oferta.</c>
family:Liberation Sans">permanece sempre uma aproximação puramente gradual e com
isso quantita-</c>
family:Liberation Sans">p r o f a n a : que a troca foi nos seus primórdios uma
legítima defesa contra</c>
family:Liberation Sans">C o m tão maior urgência se coloca a q u e s t ã o : o n d
e é q u e existe a troca</c>
family:Liberation Sans">tiva, e n q u a n t o a troca só é bem-sucedida quando o
sucedâneo é aceito como</c>
family:Liberation Sans">justa? E tão pior a resposta: ela só existe mentalmente — c
o m o postulado. Mas</c>
family:Liberation Sans">se ele restituísse de fato e totalmente o que se perdeu. O
postulado da justiça</c>
family:Liberation Sans">não como um qualquer, e sim como raciocínio necessário,
inteiramente segun-</c>
family:Liberation Sans">da troca é o da reparação. Nele está contido de antemão e
inextinguivelmente</c>
family:Liberation Sans">do o modelo da filosofia moral de Kant. Nela a existência
de D e u s não é con-</c>
family:Liberation Sans">um salto e n t r e quantum</c>
family:Liberation Sans">siderada pura e simplesmente c o m o desejável, e sim c o m
o algo que nos é im-</c>
family:Liberation Sans">uma vida h u m a n a é calculada em termos de uma quantia,
por exemplo, cem</c>
family:Liberation Sans">posto pela própria lei moral. Essa lei é em si, c o m o se
sabe, implacável —</c>
family:Liberation Sans">bois ou u m a outra vida humana, e a essa quantia, por sua
vez, é atribuída uma</c>
family:Liberation Sans">simplesmente um imperativo categórico. O u a c u m p r i m
o s ou somos imorais.</c>
family:Liberation Sans">qualidade que ela em si não tem: a de reparar o dano, a
dor, a perda, o esgota-</c>
family:Liberation Sans">Mas o próprio moralista Kant não se c o n t e n t a r i a
com isso. A lei moral seria</c>
family:Liberation Sans">mento. Apenas atribuindo-se a uma quantia uma tal força
qualitativa é que ela</c>
family:Liberation Sans">francamente inconsistente, insensata, jogaria a criança
fora com a água d o ba-</c>
family:Liberation Sans">p o d e ser reparadora, e é justamente essa atribuição que
constitui o efeito paci-</c>
family:Liberation Sans">n h o se os que se esforçam honestamente, que sempre d e m
o n s t r a r a m boa von-</c>
family:Liberation Sans">ficador da troca. O que acima chamamos de transplantação
recíproca por meio</c>
family:Liberation Sans">tade, mas nem sempre puderam t u d o o que queriam, fossem
gcneralizadamen-</c>
family:Liberation Sans">da celebração de u m a aliança -</c>
family:Liberation Sans">te julgados imorais, exatamente c o m o qualquer patife.
Por isso, segundo Kant,</c>
family:Liberation Sans">ta na o u t r a -</c>
family:Liberation Sans">há a necessidade, por força da própria razão prática, de u
m D e u s misericor-</c>
family:Liberation Sans">logia cristã mais tarde c u n h o u a bela fórmula</c>
family:Liberation Sans">dioso que tome a boa vontade pela ação, sempre que a ação
verdadeira não se</c>
family:Liberation Sans">comunicação recíproca de qualidades. A troca postula uma
tal reconahaçao.</c>
family:Liberation Sans">realizar tão bem quanto a vontade 6 3 . Nesse sentido t a m
b é m a troca justa é um</c>
family:Liberation Sans">Ela sempre é algo mais que a permuta profana de bens entre
os proprietários.</c>
family:Liberation Sans">e quale-. um bem em si insubstituível, por exemplo,</c>
family:Liberation Sans">cada coletividade dá uma parte de si e a plan-</c>
family:Liberation Sans">já contém aquela perspectiva de reconciliação para a qual a
teocommunicatio</c>
family:Liberation Sans">idiomatum,</c>
family:Liberation Sans">postulado, e precisamente um não tão distanciado da idéia
de Deus. Para com;</c>
family:Liberation Sans">6 3 Cl. I. Kant, Kritikderpraktiscben</c>
family:Liberation Sans">Vernunft,</c>
family:Liberation Sans">Livro 2, capítulo 2. P a r t e principal. V.</c>
family:Liberation Sans">O a u t o r j o g a a q u i c o m a s palavras. I n d e n i
z o , em alemão</c>
family:Liberation Sans">pela d o r (causada)". D a í sua afirmação: "nenhuma dor
pode ser compensada</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Ela já pressupõe u m espaço tão pacificado que nele
se p o d e trocar sem perigo.</c>
family:Liberation Sans">podem medrar aqueles cálculos de custos e benefícios que os
economistas cha-</c>
family:Liberation Sans">certo que existem indicadores para a reparação, mas nenhuma
medida objetiv</c>
family:Liberation Sans">etiva.</c>
family:Liberation Sans">ar</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">< * " « « )
</c>
family:Liberation Sans">de reparação (.Entschãdigung,I, mas ocorre com o ponto em
que a reparação se</c>
family:Liberation Sans">mam de atribuição de valor.</c>
family:Liberation Sans">torna dano, o acordo extorsão, o mesmo que com o ponto
fronteiriço entre</c>
family:Liberation Sans">Apenas no espaço protetor da circunscrição de um templo ou
de u m a aliança</c>
family:Liberation Sans">s i n a i</c>
family:Liberation Sans">d c</c>
family:Liberation Sans">O espaço pacificado é postulado em exato sentido k a n t i
a n o : u m dever-ser</c>
family:Liberation Sans">prazer e desprazer: pode-se em todo caso delimitá-lo, mas
nunca indicá-lo com</c>
family:Liberation Sans">que é. De um lado ele é fato; se nele as armas não se
calassem de fato, não se</c>
family:Liberation Sans">chegaria a n e n h u m a troca. De outro, ele é justamente
apenas u m dever-ser. A</c>
family:Liberation Sans">exatidão. Ele permanece objeto de um postulado - e no
entanto, ou justamente</c>
family:Liberation Sans">por isso, o point d honneur de toda troca.</c>
family:Liberation Sans">atividade mercadológica cotidiana o desmente a cada passo.
N o espaço pacifi-</c>
family:Liberation Sans">N i n g u é m postulou a justiça nas trocas com tanta
ênfase quanto Marx. Mas</c>
family:Liberation Sans">cado regateia-se, logra-se, extorque-se à vontade. Ele t a
m b é m é a zona f r a n c a</c>
family:Liberation Sans">apenas postulá-la era muito pouco para ele. Ela deveria ser
um fato averiguá-</c>
family:Liberation Sans">para uma forma de violência nova, mais refinada, não mais
evidente, que aparece</c>
family:Liberation Sans">vefc estar à disposição dos proletários como medida
objetiva, a fim de que eles</c>
family:Liberation Sans">sob a pele de cordeiro do acordo pacífico. Q u e isso se dê
c o m t a n t o sucesso,</c>
family:Liberation Sans">pudessem demonstrar de modo efetivo que a sua miséria
brotava da troca in-</c>
family:Liberation Sans">deve-se à debilidade específica dos postulados. O da
justiça nas trocas não pode</c>
family:Liberation Sans">justa. Em suma, o postulado tinha de se tornar prova, e
isso tem tão poucas</c>
family:Liberation Sans">nem impor-se e nem livrar-se dos pontos cegos em seu
interior: o espaço vazio</c>
family:Liberation Sans">probabilidades de acontecer com a justiça nas trocas quanto
com Deus. Que</c>
family:Liberation Sans">da avaliação subjetiva. Justamente p o r q u e a justiça
nas trocas é tão s o m e n t e</c>
family:Liberation Sans">na troca de bens materiais não fossem as suas diferentes
qualidades a serem</c>
family:Liberation Sans">um postulado, a sua realidade nunca pode ser mais q u e u m
"como se". O n d e as</c>
family:Liberation Sans">igualadas, e sim apenas a quantidade de trabalho contida
neles, que a troca</c>
family:Liberation Sans">pessoas não decidem de c o m u m acordo aceitar u m
sucedâneo para o que foi</c>
family:Liberation Sans">fosse definitivamente justa quando de ambos os lados
estivessem quantidades</c>
family:Liberation Sans">dado como se ele fosse a própria reconstituição do que foi
dado, não se chega</c>
family:Liberation Sans">iguais de trabalho, que desde que fazem trocas os seres
humanos já se tenham</c>
family:Liberation Sans">à troca. Essa decisão é a avaliação sem a qual qualquer m e
d i d a de diferentes</c>
family:Liberation Sans">o r i e n t a d o p o r essa "lei", embora, até Marx, ela
ainda não estivesse tão clara</c>
family:Liberation Sans">quantidades de bens nunca conduz à equivalência. N e n h u
m a equivalência existe</c>
family:Liberation Sans">teoricamente 6 ': todas essas afirmações têm logicamente a
estrutura de uma</c>
family:Liberation Sans">sem o postulado, a decisão ou ainda a "celebração de uma
aliança" que diz: entre</c>
family:Liberation Sans">nós deve ser assim, de m o d o que o diferente valha c o m
o igual, o sucedâneo,</c>
family:Liberation Sans">como reconstituição da própria coisa entregue. Assim como,
segundo a práxis</c>
family:Liberation Sans">moral de Kant, só é possível que a lei dos costumes, que
afinal exige tão categoricamente uma moral, seja enfim possível de ser seguida
pelos homens, se se</c>
family:Liberation Sans">postula um Deus que veja os atos que se originam de u m a
boa vontade como se</c>
family:Liberation Sans">eles mesmos fossem bons, assim também a justiça nas trocas
só é possível onde</c>
family:Liberation Sans">existe a decisão tomada de boa vontade de considerar bens
oferecidos e quantidades de serviços prestados como encarnação da "boa vontade" de
reparação,</c>
family:Liberation Sans">de completa reconstituição do que foi dado — e dc t o m a r
a boa vontade por</c>
family:Liberation Sans">ato. Sem esse mínimo de boa vontade n e n h u m objeto
físico poderia adquirir</c>
family:Liberation Sans">a forma de mercadoria. Apenas q u a n d o ele é lido e
efetivamente aceito c o m o</c>
family:Liberation Sans">sinal de boa vontade e como reconstituição de algo que ele
apenas substitui,</c>
family:Liberation Sans">como urna reparação que ele apenas pode significar, mas não
realizar, é q u e ele</c>
family:Liberation Sans">é revestido sem hesitação da forma de mercadoria. Esse
"aceitar c o m o se", esse</c>
family:Liberation Sans">postular que algo seja o que não é, é. de um lado o que há
de reconciliador na</c>
family:Liberation Sans">troca, de outro lado o que há dc subjetivo-arbitrário nela
— e com isso o portão</c>
family:Liberation Sans">de entrada para toda a violência e exploração que a forma
da troca adquire. E</c>
family:Liberation Sans">6 4 "Ao c o n s i d e r a r os seus diferentes produtos
como valores iguais no momento da troca, eles igualavam rec i p r o c a m e n t e c
o m o trabalho h u m a n o os seus diferentes trabalhos." E então a frase famosa,
sem fundament o a l g u m , q u e trouxe em sua esteira t o d o um discurso
exegético: "Eles não sabem disso, mas o praticam</c>
family:Liberation Sans">(Das Kapitai /, p. 88). Alfred Sohn-Rethel fez do
esclarecimento dessa frase algo como uma missão de vida.</c>
family:Liberation Sans">A s s i m c o m o a Crítica da razão pura teria d e m o n s
t r a d o c o m o seria possível uma ciência natural pura,</c>
family:Liberation Sans">era p r e c i s o q u e houvesse a sua c o n t r a p a r t
e históríco-materialista: a demonstração das condições pelas</c>
family:Liberation Sans">q u a i s os d i f e r e n t e s são igualados na troca de
mercadorias (cf. A. Sohn-Rethel, Geistige und kõrperliche</c>
family:Liberation Sans">Arbeit — Revidierte undergãnzteNeuaufiage.</c>
family:Liberation Sans">Weinheim 1989, p. 7). Enquanto Marx pensava a equiparação c
o m o u m processo m u i t o simples, a saber, c o m o comparação entre quantidades
dc trabalho, ficando</c>
family:Liberation Sans">apenas e n i g m á t i c o p o r q u e não se deveria
afinal perceber o que se faz nele, em Sohn-Rethel ele se torna</c>
family:Liberation Sans">algo q u e n ã o se p o d e de m o d o algum perceber, pois
ele se dá "por trás das costas dos participantes (idem,</c>
family:Liberation Sans">o p . cit., p. 21): uma "abstração real" (p. 9). Ele a
constrói assim: " O ato da troca e o ato de usar se excluem</c>
family:Liberation Sans">m u t u a m e n t e n o t e m p o . E n q u a n t o
mercadorias são objetos de negociações de troca [...] e as nao poderiam</c>
family:Liberation Sans">ser t o m a d a s e m uso." " N o mercado, nas lojas, nas
vitrines etc. as mercadorias estão paralisadas. estão sujeitas a "ficção de c o m p
l e t a inalterabilidade material [...] Mesmo da natureza se pensa que ela como
que</c>
family:Liberation Sans">r e t é m sua respiração no c o r p o da mercadoria e n q u
a n t o o preço continuar o mesmo (p /). Por , s o</c>
family:Liberation Sans">e n t ã o , a troca é abstrata", e "abstrata aqui significa
descontadas todas as marcas de uma p o - ' . ^</c>
family:Liberation Sans">das m e r c a d o r i a s " E q u e se (possam?)
"observaras mercadorias, e v e n r u a l m e n c c ^</c>
family:Liberation Sans">rimentá-las, q u e se possa m a n d a r fazer uma
demonstração de seu uso (p. 18). fa» s e r v u ao omen e</c>
family:Liberation Sans">i n s t r u ç ã o m e n t a l e l f o r m a ç ã o de um
juízo por parte do cliente : o uso d f co.sas</c>
family:Liberation Sans">i n t e r e sados, pura imaginação'" cm todo caso, cheia de
consequencas:</c>
family:Liberation Sans">m e r c a d o a imaginação se separa da ação dos
seres</c>
family:Liberation Sans">' " ^ à troca seria! porwnto^â ação abstrata</c>
family:Liberation Sans">consciência privada» (p. 19). E m b o r a se,a uma
açao</c>
family:Liberation Sans">tae^ZO).</c>
family:Liberation Sans">jaoc</c>
family:Liberation Sans">po ^ ^ m c , m 0 s j m u .</c>
family:Liberation Sans">p o r excelência: de tal f o r m a distanciada d o contexto
da produção e do con</c>
family:Liberation Sans">L i a a p a r a d a d o t e m p o , p o r t a n t o um
verdadeiro "vácuo no</c>
family:Liberation Sans">a natureza" ( p . 22), algo c o m o u m buraco e m , £
«</c>
family:Liberation Sans">m a s u m b u r a c o m u i t o real. Ainda mais: uma vez
que c a troca</c>
family:Liberation Sans">concreta da vida.</c>
family:Liberation Sans">* estrutura social, esse</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>petitio principiu de u m a imputação do que deve ser
d e m o n s t r a d o . Para que a</c>
family:Liberation Sans">t o r n o u moeda corrente nas máquinas a vapor do século
XIX. Quando alguém</c>
family:Liberation Sans">justiça nas trocas seja lei, é necessário torná-la
apreensível quantitativamente,</c>
family:Liberation Sans">era c o n d e n a d o a fazer durante ,2 a 15 horas por dia
sempre os mesmos onco</c>
family:Liberation Sans">reduzi-la a uma verificação de quantidades de trabalho: a u
m algoritmo, hpara</c>
family:Liberation Sans">gestos estúpidos num tear, então o "desgaste de cérebro,
nervo, músculo e órgã</c>
family:Liberation Sans">que essa lei seja verdadeiramente uma, ela teria de ter
valido desde sempre. Po-</c>
family:Liberation Sans">do sentido h u m a n o etc.</c>
family:Liberation Sans">vos naturais que promovem os feitiços sacrifkais mais
sangrentos apenas para</c>
family:Liberation Sans">parecer c o m o se fosse simplesmente o «portador» de uma
quantia: a do tempo</c>
family:Liberation Sans">obter melhor clima ou astros mais propícios, e de m o d o
algum consideraram</c>
family:Liberation Sans">de trabalho. Apenas, Marx se deixa iludir por essa
aparência. Justamente o tra-</c>
family:Liberation Sans">desproporcional imolar seus pertences mais preciosos para
isso, devem estar</c>
family:Liberation Sans">balho capitalista remunerado desqualificado, desumanizado,
que afinal deveria</c>
family:Liberation Sans">a postos com u m olhar examinador, comparador de
quantidades de trabalho,</c>
family:Liberation Sans">ser abolido, deve desmascarar-se como "trabalho
sanspbrase"" e trazer à luz</c>
family:Liberation Sans">assim que se tratar da troca de bens profanos. Esse a n a c
r o n i s m o crasso nem</c>
family:Liberation Sans">que a "essência" do trabalho é a quantidade, enquanto tudo
que seja qualitativo</c>
family:Liberation Sans">dá na vista do excelente historiador Marx, por ele perceber
aqui a pré-história</c>
family:Liberation Sans">nele não passa de "aparência", acessório, exterioridade. No
entanto é claro que</c>
family:Liberation Sans">humana através das lentes daquele trabalho altamente
desqualificado que se</c>
family:Liberation Sans">esse trabalho remunerado mesmo é apenas uma forma de
manifestação histó-</c>
family:Liberation Sans">quer dizer, o trabalho qualitativo, pode sem J L a</c>
family:Liberation Sans">rica c o m o todas as outras buraco real passa a ser um
buraco central, o n d e se realiza a síntese social, a p u r a socializaçao ( p .
22). Este</c>
family:Liberation Sans">seria porém, o segredo d a q u i l o q u e K a n t c h a m
a de "síntese t r a n s c e n d e n t a l d o s p u r o s c o n c e i t o s de e n
t e n d i m e n t o " - t a n t o seu f u n d a m e n t o real q u a n t o o p o n
t o cego nela. Assim, p o r t a n t o , a Critica da razao pura</c>
family:Liberation Sans">deve virar de cabeça para baixo, "por meio da d e d u ç ã o
d o s p u r o s c o n c e i t o s de e n t e n d i m e n t o a p a r t i r d
o</c>
family:Liberation Sans">ser social, mais exatamente: da fisicalidade abstrata da
ação de troca" ( p . 21). " D o p o n t o d e vista matérialista o p e n s a m e n
t o p u r o se a p r e s e n t a [...] c o m o a s o c i a l i z a ç ã o d o p e n
s a m e n t o ' ( p p . 20 e segs ).</c>
family:Liberation Sans">Se ao m e n o s esse " p o n t o de vista materialista" n ã
o fosse t ã o e x c e n t r i c a m e n t e idealista e d e s p r o v i d o
de</c>
family:Liberation Sans">qualquer sensibilidade para o p e n s a m e n t o m í t i c
o - d i f e r e n t e m e n t e , aliás, de M a r x , q u e desenvolveu seu</c>
family:Liberation Sans">c o n c e i t o de fetiche j u s t a m e n t e a p a r t i
r de u m c o n h e c i m e n t o í n t i m o d a m i t o l o g i a a n t i g a . S
o h n - R e t h e l</c>
family:Liberation Sans">i n t r o d u z nos conceitos "puros" u m a socialização i
g u a l m e n t e "pura", em vez d e d e m o n s t r a r a i m p u r e z a d o
s</c>
family:Liberation Sans">conceitos e d a socialização. Ele t r a d u z "abstrato" p
o r *não e m p í r i c o " ( p . 19), e m vez d e p e r c e b e r q u e nen h u m a
abstração escapa do e m p i r i s m o . Ela é quase sempre abstração d e algo —
apenas reconhecível c o m o</c>
family:Liberation Sans">abstração q u a n d o aquilo de q u e ela abstrai deixa
seus rastros e resíduos t r a n s p a r e c e r e m nela. E abstração</c>
family:Liberation Sans">não começa c o m o mercado, e sim c o m o devir h u m a n o
. O ritual sacrificai é f r a n c a m e n t e u m a r q u é t i p o d e</c>
family:Liberation Sans">abstração real: r e p e t i ç ã o c o m p u l s i v a de u
m p a v o r t r a u m a t i z a n t e , m a s n ã o o p r ó p r i o p a v o r o s o
, e sim</c>
family:Liberation Sans">s o m e n t e a sua representação, algo c o p i a d o dele,
p o r mais h o r r i p i l a n t e q u e seja. A a b s t r a ç ã o , c o m o
foi</c>
family:Liberation Sans">m o s t r a d o no capítulo 3, c inicialmente performance.
O s q u e a realizam " n ã o s a b e m disso, m a s a praticam".</c>
family:Liberation Sans">E q u a n d o eles finalmente c o m e ç a m a i m a g i n a
r a p o d e r e s d i a n t e d o s quais r e p r e s e n t a m seus rituais, q u a
n d o "representação", p o r t a n t o , p o u c o a p o u c o se sublima d o
teatral p a r a o m e n t a l , e n t ã o a abstração e n t r a</c>
family:Liberation Sans">em sua segunda grande fase: a da imaginação. É absurda a
idéia de q u e apenas c o m a " f o r m a ç ã o d o sistema</c>
family:Liberation Sans">de mercado a imaginação" se t e n h a separado "da ação d o
s seres h u m a n o s " c o m o sc t o d a a r i q u e z a da fantasia mitológica
tivesse sido ligada j u s t a m e n t e p o r aqueles bens d e uso q u e já se p o
d i a m t o c a r a i n d a a n t e s</c>
family:Liberation Sans">do pagamento d o preço e utilizar "na imaginação". D e i x
a r as imaginações c o a g u l a r e m n u m sistema categorial fixo foi o trabalho
seguinte da abstração, q u e abrangeu milênios, e já sc pensava em t e r m o s de
conceitos, juízos e conclusões m u i t o antes q u e fossem fixados aqueles c o n c
e i t o s e s p e c i a l m e n t e a b s t r a t o s c o m</c>
family:Liberation Sans">os quais sc inicia a filosofia ocidental. E m e s m o entre
cies n e n h u m é tão a b s t r a t o q u e n ã o mais se colasse a</c>
family:Liberation Sans">ele nada do complexo dc r e p r e s e n t a ç ã o d o qual
ele foi a b s t r a í d o . E j u s t a m e n t e o e x e m p l o d e c i s i v o d
e</c>
family:Liberation Sans">S o h n - R e t h e l , aquele ser (to on) q u e P a r m é
n i d e s p r o c u r a c o m p r e e n d e r a p e n a s p e l o p e n s a m e n t
o ( p . 6 4 )</c>
family:Liberation Sans">s o m e n t e aos p o u c o s se descola de um m i t o de
assunção e está b a s t a n t e c r i v a d o dc insígnias d o m u n d o</c>
family:Liberation Sans">empírico d a representação. Por c e r t o é d i g n o de t
o d a a t e n ç ã o q u e o i n í c i o d a filosofia o c i d e n t a l
quase</c>
family:Liberation Sans">coincida c o m a incipiente circulação de m o e d a s , mas
n ã o de f o r m a q u e o d i n h e i r o fosse o d i s t i n t i v o d e</c>
family:Liberation Sans">uma socialização "pura" ocasionada pela abstração da troca,
d i s t a n c i a d a da "troca m e t a b ó l i c a c o m a n a t u reza" que se
imprimiu insidíosa, mas d i r e t a m e n t e na cabeça d o s filósofos c o m o
"pura" conceituai idade. D c</c>
family:Liberation Sans">resto, um e n t e n d i m e n t o notavelmente estreito d o
"processo de troca m e t a b ó l i c a h u m a n a c o m a n a t u r e z a
,</c>
family:Liberation Sans">caso apenas fizessem parte dela a p r o d u ç ã o e o c o n
s u m o , mas n ã o a troca, n a q u a l e m t o d o caso matérias</c>
family:Liberation Sans">naturais p e r m u t a m da maneira mais palpável, j u s t
a m e n t e seus p r o p r i e t á r i o s . Em t o d o caso. deve-se
apenas</c>
family:Liberation Sans">a essa estreiteza a existência de espaço livre para a
sugestão de que a troca seria o b u r a c o real-abstrato n o</c>
family:Liberation Sans">processo social empírico-concreto. É espantoso c o m o essa
" d e d u ç ã o d o p u r o c o n c e i t o d c e n t e n d i m e n t o a</c>
family:Liberation Sans">partir d o ser social" p ô d e ser p o r t a n t o t e m p
o considerada a g r a n d e t e n t a t i v a d c d e c i f r a r u m e n i g m a
da</c>
family:Liberation Sans">teoria marxista.</c>
family:Liberation Sans">com a particularidade de ser desproporcional e</c>
family:Liberation Sans">compulsivamente fixado em quantidade, tempo e velocidade de
trabalho. Mas</c>
family:Liberation Sans">essa particularidade não constitui a essência [Wesen) do
trabalho, e sim apenas</c>
family:Liberation Sans">a aberração (Unwesen) do trabalho remunerado.</c>
family:Liberation Sans">N ã o existe n e n h u m a lei do "valor", O próprio Marx
percebeu isso cada vez</c>
family:Liberation Sans">mais. Entretanto, ele deixou inacabado o terceiro volume do
Das Kapital, no</c>
family:Liberation Sans">qual deveria apresentar ao proletariado a luz definitiva
sobre essa lei. Aparentemente, ele não mais se convenceu tanto de sua própria tese
nos anos posteriores,</c>
family:Liberation Sans">mesmo se esforçando para mostrar que, em princípio, as
mercadorias seriam</c>
family:Liberation Sans">vendidas "pelo seu valor" e que as mudanças nos preços
seriam apenas uma</c>
family:Liberation Sans">oscilação em volta desse "valor", isto é, da quantidade de
trabalho presente nas</c>
family:Liberation Sans">mercadorias. Mas, com certeza a elas adere um caráter
fetichista na sociedade</c>
family:Liberation Sans">capitalista. Marx o evidenciou de uma vez por todas, embora
de um modo</c>
family:Liberation Sans">discutível. Pois ele toma, como todos os economistas
contemporâneos, a troca</c>
family:Liberation Sans">c o m o algo genuinamente profano. Isso se vinga. Em Marx,
de um modo que a</c>
family:Liberation Sans">ignorada pré-história sagrada da troca celebra um retorno
especial. Já em atos</c>
family:Liberation Sans">de troca completamente elementares, Marx vê algo quase
religioso em ação:</c>
family:Liberation Sans">um m e c a n i s m o de projeção não analisado mais de
perto. Sobre ele ficamos</c>
family:Liberation Sans">sabendo apenas que alcança até a fisiologia da percepção e
tende ao engano</c>
family:Liberation Sans">geral. E de fato já se sucumbiu a ele quando se diz que uma
certa quantia de</c>
family:Liberation Sans">grãos valeria uma certa quantia de carne. Pois aí já se
trataria o valor como se</c>
family:Liberation Sans">ele se prendesse às coisas por natureza, como o seu brilho,
sua dureza ou acidez.</c>
family:Liberation Sans">Mas o seu valor é - e aqui Marx tem toda razão - o
prestígio que elas tem em</c>
family:Liberation Sans">I. p. 86.</c>
family:Liberation Sans">66 Idem, Grundrisse der Kritik da Politiscben Õkonomie, p.
25.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>uma sociedade, e náo sua propriedade natural. Esse
prestígio - Marx o chama</c>
family:Liberation Sans">de "relação social" - é, porém, uma trama complexa. Ele
abrange t u d o o que</c>
family:Liberation Sans">de troca sc t o r n a com isso um deus ou um fetiche.
Projeção de um valor em</c>
family:Liberation Sans">uma coletividade considera c o m o sagrado e p r o f a n
o , p u r o e impuro, d i g n o de</c>
family:Liberation Sans">tais e tantas outras. Querer pegar aqui a formação de
ídolos pela raiz significa</c>
family:Liberation Sans">preservação e estima, vendável ou invendável. E a isso
pertencem t a m b é m obje-</c>
family:Liberation Sans">praticar a critica da religião no objeto errado. Não que
faltassem objetos "cer-</c>
family:Liberation Sans">tos de troca. U m a certa quantidade de grãos é vista c o m
o se ela ressarcisse u m a</c>
family:Liberation Sans">tos". Pois a troca começou no meio dos mais sombrios
processos de formação</c>
family:Liberation Sans">certa quantidade de carne. Isso obviamente não é possível
sem q u e se atribua</c>
family:Liberation Sans">de ídolos. A aliança arcaica, por exemplo, que então se
selava com uma equi-</c>
family:Liberation Sans">aos objetos uma força de ressarcimento que eles por
natureza não possuem. Em</c>
family:Liberation Sans">paração projetiva de vidas humanas desiguais em comum
acordo, era inteira-</c>
family:Liberation Sans">outras palavras: sem projeção. Projeção é condição da
possibilidade de troca.</c>
family:Liberation Sans">mente, n o sentido do jovem Marx, um "suspiro da criatura
oprimida": um ar-</c>
family:Liberation Sans">Mas justamente isso a "lei d o valor" não quer permitir. N
e n h u m " c o m o se"</c>
family:Liberation Sans">q u é t i p o daquela projeção por pressão do sofrimento
que na troca profana é</c>
family:Liberation Sans">pode ser equivalente. Marx exige uma igualdade verificável,
legal — a u m alto</c>
family:Liberation Sans">s u b l i m a d a até se t o r n a r irreconhecível. Só que
para Marx a troca sagrada</c>
family:Liberation Sans">preço. N o ato de troca como ele o imagina, toda a "relação
social" se c o m p r i m e</c>
family:Liberation Sans">é inexistente — nada mais que a pré-história reprimida da
troca profana. Ele só</c>
family:Liberation Sans">em um algoritmo nu, culturalmente indiferente, de q u a n t
i d a d e s de trabalho;</c>
family:Liberation Sans">p o d e ater-se a esta última: na camada tardia, na casca
"calcinada" da troca. Mas</c>
family:Liberation Sans">o que há de projetivo na equiparação de desiguais, a margem
de avaliação na</c>
family:Liberation Sans">ela é t o m a d a c o m o se fosse o núcleo. Isso se chama
deslocamento psicanalítico.</c>
family:Liberation Sans">troca aparece já apenas c o m o fator de perturbação, falta
de agudeza, afasta-</c>
family:Liberation Sans">A projeção que Marx acredita perceber na troca profana não
mora nela de modo</c>
family:Liberation Sans">mento da "lei"; e a própria "lei", embora p r e t e n s a m
e n t e atuante desde sempre</c>
family:Liberation Sans">algum. Por isso ela dá a impressão de ser imotivada em dois
sentidos: de um lado</c>
family:Liberation Sans">como instância de avaliação insubornável de quantias de
trabalho efetivamente</c>
family:Liberation Sans">não ficamos sabendo o que obriga a ela. Fica
incompreensível o que é que tem</c>
family:Liberation Sans">despendidas, seria, não obstante, obstinadamente i n c o m
p r e e n d i d a c o m o essa</c>
family:Liberation Sans">o e n o r m e p o d e r de levar a humanidade inteira desde
milênios a tornar nebu-</c>
family:Liberation Sans">instância, porque as pessoas não poderiam deixar de
obscurecer m e s m o as suas</c>
family:Liberation Sans">losa a simples, clara "lei do valor" por meio da
autonomização mental do valor</c>
family:Liberation Sans">relações mais claras por meio de projeções.</c>
family:Liberation Sans">de troca, q u a n d o ela afinal também já obedeceu
bravamente a essa "lei" por</c>
family:Liberation Sans">É preciso ler isso através da psicanálise. Transformar a
equivalência e m algoritmo significa racionalizá-la. Isso não é possível sem negar
e separar o que</c>
family:Liberation Sans">há de projetivo nela. A palavra técnica para isso é
repressão. Mas c o m o não</c>
family:Liberation Sans">pode existir equivalência sem projeção, o reprimido tem de
retornar. A projeção emerge subitamente, e precisamente, c o m o aquilo que não p o
d e ser: c o m o</c>
family:Liberation Sans">o mau costume, o obscurecimento, a c o n d u ç ã o enganosa
q u e envolve a "lei"</c>
family:Liberation Sans">em sombras. A projeção é, portanto, entendida c o m o
inversão d o m u n d o — totalmente segundo o m o d e l o da religião, que M a r x
já nos anos de j u v e n t u d e</c>
family:Liberation Sans">chamara de "uma consciência invertida d o mundo". Apenas,
naquela época ele</c>
family:Liberation Sans">sabia fornecer um motivo convincente para essa inversão: a
pressão d o sofrimento. As pessoas projetam seus desejos terrenos em figuras
divinas, a fim de</c>
family:Liberation Sans">suportar a miséria terrena. "A religião é o suspiro da
criatura o p r i m i d a , a alma</c>
family:Liberation Sans">de um m u n d o sem coração, [...] o ópio d o povo" 67 . Q
u a n d o , pelo contrário, as</c>
family:Liberation Sans">pessoas concordam que uma saia vale 20 côvados de tecido, e
p o r isso é algo</c>
family:Liberation Sans">valioso, então elas precisamente projetaram nela um valor
de troca. Mas tão</c>
family:Liberation Sans">certo que aí a pressão do sofrimento se reduz quase a zero,
t a m p o u c o o valor</c>
family:Liberation Sans">coisas naturais diz de inicio apenas que se a considera
como ressarcimento para</c>
family:Liberation Sans">t a n t o t e m p o e nada teria a temer por confessá-lo.
De outro lado, é um mistério</c>
family:Liberation Sans">c o m o a projeção p o d e praticar a configuração de
ídolos se a pressão do sofrim e n t o não for o seu motor. O conceito de projeção
que Marx veste na troca</c>
family:Liberation Sans">p r o f a n a — u m a projeção como na religião, mas sem o
seu motivo — é o prod u t o de u m a involução. Ele se aproxima novamente da
tendência geral, em</c>
family:Liberation Sans">grande m e d i d a inexplicável dos seres humanos, ao
autoestranhamento, ao obscurecimento das próprias relações claras - portanto, do
conceito de projeção</c>
family:Liberation Sans">de Feuerbach, que o jovem Marx criticara contundentemente
como humanitarismo abstrato. Apenas em um espaço onde o caráter de fetiche da
mercadoria já estava completamente desenvolvido e a crítica da religião de Marx
gozava de crédito tão ilimitado que a vaga analogia segundo a qual na simples troca
de mercadorias as coisas se passavam o m * na religião já era tomado como</c>
family:Liberation Sans">um a r g u m e n t o irrefutável, o encadeamento das quatro
idéias seguintes poderia despertar a aparência de realizar uma dedução estrita do
carater de fetiche</c>
family:Liberation Sans">da mercadoria a partir da simples troca de mercadorias: 1)
a lei do valor com</c>
family:Liberation Sans">tal é u m claro fato algorítmico; 2) ela não tem nenhuma
culpa se a r n ^ j e n</c>
family:Liberation Sans">turada tendência humana, demasiado humana, de encobrir
relaço</c>
family:Liberation Sans">p r o j e ç ã o se sente magneticamente atraída justamente
por ela; 3)</c>
family:Liberation Sans">67 K. Marx, Kritikder</c>
family:Liberation Sans">Hegelscben Recbtsphilosophie. Einleitung,</c>
family:Liberation Sans">MKW 1. Berlim, 1977, p. 378.</c>
family:Liberation Sans">c l . s pe</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>surgiu o mau costume da projeção, aí começa t a m b é
m a idolatria, a formação</c>
family:Liberation Sans">de fetiche, e demonstra que florescências ela é capaz de p
r o d u z i r ; 4) o culto da</c>
family:Liberation Sans">plenitude que não a compra e a venda e com isso é capaz de
realizar o artifício</c>
family:Liberation Sans">de fazet a p r o f a n i d a d e e a sacralidade
coincidirem até à indiferença.</c>
family:Liberation Sans">mercadoria da sociedade moderna.</c>
family:Liberation Sans">Para gerações inteiras de marxistas havia apenas duas
possibilidades: ou</c>
family:Liberation Sans">Mercado absoluto</c>
family:Liberation Sans">sucumbir à sugestão dessa argumentação, defender até o fim
a lei do valor e o</c>
family:Liberation Sans">fetichismo da mercadoria como o coração indivisível,
imprescindível da teoria</c>
family:Liberation Sans">marxista, ou dar de mão a ambos e renegar Marx. T a n t o
mais se fazia urgente</c>
family:Liberation Sans">"Em t o d o século a humanidade tem de ser reprovada"71,
pode-se ler em Benja-</c>
family:Liberation Sans">o esclarecimento de que há uma terceira possibilidade. A
"lei d o valor" é insus-</c>
family:Liberation Sans">min, e assim é claramente necessário recapitular no século
XXI tudo o que o</c>
family:Liberation Sans">tentável. Mas com isso a idéia da justiça na troca é tão
pouco desmentida — como</c>
family:Liberation Sans">c h o q u e imagético, que o instante paralisado
fotograficamente exerce, já con-</c>
family:Liberation Sans">se ela não constituísse senão oferta e demanda — q u a n t
o a do caráter de fetiche</c>
family:Liberation Sans">centrava em si n o século XIX. Mas se ele em primeiro lugar
se mostrou como</c>
family:Liberation Sans">da mercadoria sai enfraquecida 6 8 . Ao contrário: apenas
ao se emancipar da "lei</c>
family:Liberation Sans">o retrato em miniatura no qual a Revolução Industrial se
cristalizou monadi-</c>
family:Liberation Sans">do valor" ela pode ganhar a clareza necessária. O p r ó p r
i o Marx t a m b é m admi-</c>
family:Liberation Sans">camente, então essa mônada atrai o observador para dentro
de si de modo tão</c>
family:Liberation Sans">te de passagem que o "fetichismo [...] se cola aos p r o d
u t o s d o t r a b a l h o assim</c>
family:Liberation Sans">semelhante c o m o Benjamin imaginou. "O materialista
histórico se acerca de</c>
family:Liberation Sans">que eles passam a ser produzidos como mercadoria" 69 , ou
seja, apenas em uma</c>
family:Liberation Sans">um o b j e t o histórico única e exclusivamente ali onde
esse objeto vem ao seu</c>
family:Liberation Sans">sociedade na qual os produtos já vêm ao m u n d o c o m o
mercadoria, o n d e o mer-</c>
family:Liberation Sans">e n c o n t r o c o m o mônada. [...] Ele a utiliza a fim
de extrair uma determinada</c>
family:Liberation Sans">cado, e precisamente o mercado desenfreado, solto,
absoluto, é o alfa e o ômega</c>
family:Liberation Sans">época d o curso homogêneo da história; assim também ele
extrai da época uma</c>
family:Liberation Sans">deles. Apenas por meio do mercado é que os p r o d u t o s
são t a n t o p r o f a n a d o s ao</c>
family:Liberation Sans">vida determinada, assim também uma obra determinada da obra
dessa vida. O</c>
family:Liberation Sans">extremo como t a m b é m batizados "na água gelada d o
cálculo egoísta"</c>
family:Liberation Sans">quer</c>
family:Liberation Sans">resultado de seu procedimento é que na obra a obra dessa
vida, na obra dessa</c>
family:Liberation Sans">dizer, providos de um sentido de vida e m u n d o q u e n ã
o c o n h e c e n e n h u m a</c>
family:Liberation Sans">vida a época e na época todo o curso da história está
preservado e transcendido" 72 . Ora, aqui "todo o curso da história" não foi nem de
longe completamente esclarecido, mas provavelmente foi consumado um retorno ao
fundamento,</c>
family:Liberation Sans">68 O f u l m i n a n t e ensaio de A d o r n o , " Ü b e r
den Fetschcharaktcr in der M u s i k u n d die Regression des H õ r c n s "</c>
family:Liberation Sans">[Sobre o caráter de fetiche na música e a regressão da c a
p a c i d a d e d e o u v i r ] , d e 1938, n ã o é o p i o r dos</c>
family:Liberation Sans">exemplos disso. C o m toda naturalidade ele pressupõe a
validade d o c a p í t u l o de Marx a respeito d o fetiche,</c>
family:Liberation Sans">assim c o m o A d o r n o ainda nos anos 1950 vez p o r
outra falava na "lei d o valor" c o m o se ela estivesse acima</c>
family:Liberation Sans">de todas as dúvidas (cf. Th. W . A d o r n o , Mínima
Moralia, § 147, p. 307). Mas esse frágil p r e s s u p o s t o não</c>
family:Liberation Sans">causa n e n h u m prejuízo à análise da música. A a
mercadoria-ouvir'' (Th. W . A d o r n o , " Ü b c r d e n Fctschcharakter..." in
Dissonanzen, GesammelteSchriften.</c>
family:Liberation Sans">F r a n k f u r t , 1973, vol. 14, p. 21), q u e n ã o sabe
mais apreender a composição musical c o m o u m t o d o , p r e n d e n d o - s e
apenas "ao estímulo particular, sensual" (p. 37),</c>
family:Liberation Sans">à melodia fácil, ao colorido instrumental, às peças dc
acrobacia isoladas, e n ã o percebe nela senão melodias</c>
family:Liberation Sans">reconhecíveis e de propaganda ou o equivalente d o que sc p
a g o u p o r ela, em nada recuou nos ú l t i m o s 60</c>
family:Liberation Sans">anos — tampouco q u a n t o à tentação de c o m p o r de m
o d o quase tão r e d u z i d o q u a n t o se ouve. Agarrar a</c>
family:Liberation Sans">sociedade c o m o que pelas orelhas e revelar-lhe m u s i c
a l m e n t e o caráter d c fetiche da m e r c a d o r i a c o m o</c>
family:Liberation Sans">dependência permanece u m dos grandes feitos da crítica
musical. U m a q u e s t ã o t o t a l m e n t e d i f e r e n t e é se</c>
family:Liberation Sans">essa crítica procede realmente cm tanta c o n f o r m i d a
d e com Marx q u a n t o ela pensa. Aqui há u m a necessidade imperiosa de
clarificação. Será que, p o r exemplo, q u a n d o c h a m o u à "troca a
sccularização d o sacrifício" (Dialektik der Aufklãrung, p. 56), A d o r n o tinha
idéia de que c o m isso ele n o f u n d o já tinha v o l t a d o o</c>
family:Liberation Sans">machado para a "lei d o valor"? D c m o d o que ele
possivelmente não soubesse tão e x a t a m e n t e o q u a n t o ela</c>
family:Liberation Sans">é de fato sustentável? Náo seria por isso talvez q u e para
ele a crítica da e c o n o m i a p o l í t i c a era "o c e n t r o</c>
family:Liberation Sans">p o u p a d o " (R. Johannes, 'Das ausgesparte Zentrum", in
G . S c h w e p p c n h á u s e r [org.], Soziologieim</c>
family:Liberation Sans">Spátkapitalismus. Zur Gesellschaftstheorie Tbeodor W.
Adorno. D a r m s t a d t , 1995): aquele em t o r n o d o qual gira</c>
family:Liberation Sans">toda a teoria, mas t a m b é m u m p o u c o mal, assim c o
m o em t o r n o d e m i n g a u q u e n t e ? D e t o d o m o d o é</c>
family:Liberation Sans">d i g n o de nota que em A d o r n o não haja n e n h u m
escrito que se p o s i c i o n e cm c o n s o n â n c i a c o m Marx de</c>
family:Liberation Sans">m o d o semelhante ao de seus estudos sobre Kant e
Hegel.</c>
family:Liberation Sans">69 K. Marx, Das Kapital /, p. 87.</c>
family:Liberation Sans">70 K. Marx e F. Engels, Manifestp.</c>
family:Liberation Sans">que c o m p r e e n d e o choque imagético "extraído" como
expressão da Revolução</c>
family:Liberation Sans">Industrial, a Revolução Industrial como o revolver de seu
subsolo arcaico, e</c>
family:Liberation Sans">mostra que a extensão da "sensação absoluta" só pode ser
medida quando está</c>
family:Liberation Sans">claro o que significa "mercado absoluto". O seu teórico
mais importante até</c>
family:Liberation Sans">hoje é Marx, e sem uma reflexão que retorne a ele não se
pode compreender o</c>
family:Liberation Sans">paradoxo daquele culto profano que se enreda como uma
trepadeira em torno</c>
family:Liberation Sans">da m o d e r n a mercadoria. A tese de que no capitalismo
uma nova religião apenas</c>
family:Liberation Sans">t o m o u o lugar da cristã, e, portanto, não se pode falar
em secularização, é na</c>
family:Liberation Sans">verdade tão rasa e não dialética 73 quanto a tese
contrária: a abundância de in-</c>
family:Liberation Sans">71 W. B e n j a m i n , D,is Passagen-Werk,</c>
family:Liberation Sans">72 Idem, Überden Begriffder</c>
family:Liberation Sans">Geschicbte. p. 703.</c>
family:Liberation Sans">7 3 N e m m e s m o . n o , encontrada n o e s P 6 ü o dc B
e . a m i</c>
family:Liberation Sans">Schriften, 1985. vol. VI, está completamente hvre dela . q
u a n d o h b ( t o o p »</c>
family:Liberation Sans">ção essencialmente religiosa". Ele seria "uma puta reüg.ao
de culto , el</c>
family:Liberation Sans">especial, n e n h u m a teologia" - - m o se não houvesse
toda</c>
family:Liberation Sans">e n t r e suas escolas. N ã o obstante, segue-se</c>
family:Liberation Sans">t a n t o c o m o o a p r o f u n d a m e n t o q u a n t o
c o m o o sohpamen t o d a w a ces</c>
family:Liberation Sans">capitalismo seria "provavelmente o primeiro caso de um
culto que nao expia,</c>
family:Liberation Sans">ccon6mica</c>
family:Liberation Sans">Ü</c>
family:Liberation Sans">dogmánca</c>
family:Liberation Sans">e 0 debate</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">^^</c>
family:Liberation Sans">O</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>sígnias cultuais no comércio global seria apenas um a
d o r n o metafórico. Nao,</c>
family:Liberation Sans">em c o m p a r a ç a o com os veículos de alta velocidade
de hoje! Mas em compa-</c>
family:Liberation Sans">as mercadorias são fetiches c, no entanto, c o m o objetos
de uso profano, apenas</c>
family:Liberation Sans">ração com o salto qualitativo que a irrupção de trilhos
através da paisagem a</c>
family:Liberation Sans">fetiches. O capitalismo é religião e, no entanto, c o m o c
o n t e x t o p r o f a n o</c>
family:Liberation Sans">criação de u m a continuada velocidade do transporte e a
«aniquilação de espado</c>
family:Liberation Sans">de eficiência, apenas como religião. E essa indiferença
ontológica entre "ente"</c>
family:Liberation Sans">e tempo</c>
family:Liberation Sans">significaram, os progressos vertiginosos da velocidade e do
conforto</c>
family:Liberation Sans">e "como se", essa coincidência entre sagrado e p r o f a n
o se t o r n a explícita n o</c>
family:Liberation Sans">até o r o m p i m e n t o da barreira do som são todos eles
apenas intensificações qua-</c>
family:Liberation Sans">instante fotograficamente paralisado. Sabemos q u e ele não
i u m a epifania, e</c>
family:Liberation Sans">litativas. E assim, a fotografia, que de resto constitui,
com o "fiquem parados"</c>
family:Liberation Sans">no entanto ele não se livra do caráter de epifania. O
sagrado c o n t i n u a a viver</c>
family:Liberation Sans">ali c o m o não ente, c o m o s o m b r a de si m e s m o ,
e é só q u a n d o essa s o m b r a ,</c>
family:Liberation Sans">multiplicada por meio de uma aparelhagem técnica e c o n s
t a n t e m e n t e reconjurada em milhões de variações pela revolução p e r m a n
e n t e à qual a sociedade</c>
family:Liberation Sans">produtora de mercadorias está condenada que ela faz sua
carreira mundial. Ela</c>
family:Liberation Sans">adquire um poder e uma durabilidade de espécie própria, se
torna global c o m o</c>
family:Liberation Sans">nada do que antes foi considerado sagrado -</c>
family:Liberation Sans">e, além disso, c o m p l e t a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">imune às forças da profanação e d o esclarecimento que
degradaram o sagrado</c>
family:Liberation Sans">tradicional de uma instância de socialização para um
assunto privado.</c>
family:Liberation Sans">Apenas a reprovação em choque imagético. Revolução
Industrial e seu subsolo arcaico, torna claro o q u a n t o o mercado absoluto e a
sensação absoluta se</c>
family:Liberation Sans">correspondem, até que p o n t o ele é a sua terra nutriz, e
ela a sua insígnia óptica.</c>
family:Liberation Sans">E a reprovação t a m b é m preserva de esquecer, diante da
evolução em f o r m a de</c>
family:Liberation Sans">avalanche da microeletrônica, o que foi que um dia
desencadeou essa avalanche. A terceira, ou mesmo quarta, revolução industrial — ela
nada seria sem</c>
family:Liberation Sans">a primeira, cuja mudança de trilhos marcou época. É verdade
q u e a m á q u i n a a</c>
family:Liberation Sans">vapor parece miserável diante da aparelhagem high-tech de
hoje. Mas a eclosão</c>
family:Liberation Sans">do trabalho industrial, que arrancou massas de pessoas d o
torrão natal ou da</c>
family:Liberation Sans">oficina de artesão e as impeliu para as fábricas,
transformando-as de manejadores</c>
family:Liberation Sans">de ferramentas em apêndices de máquinas, foi uma r u p t u
r a de tais dimensões</c>
family:Liberation Sans">que a evolução técnica e social que se seguiu dá a
impressão de um amorteci-</c>
family:Liberation Sans">ra m o d e m , d a d e é, claro o n o m e que Beck da ao
Estado social capitalista de modelo ocidental, especialm e n t e alemao, cu,a
dissolução ele tem em vista: "As pessoas sáo despidas das seguranças industriai e
das</c>
family:Liberation Sans">f o r m a s d e vida e s t a n d a r d . z a d a s [...]
Enquanto nas gerações passadas o nível social, a situação de renda</c>
family:Liberation Sans">profissão, c ô n j u g e s e posição política tinham mais
ou menos a mesma forma, esse pacote biográfico agora</c>
family:Liberation Sans">se d e s i n t e g r a e m suas partes constitutivas. [...]
De um lado, cada vez mais pessoas caem através das malhas</c>
family:Liberation Sans">de n o r m a l i d a d e d a rede de segurança [..,]; de
outro, escapam também os fundamentos vital-mundanos das</c>
family:Liberation Sans">instituições e as f o r m a s dc consenso que as
sustentaram em sua estabilidade." Surgem novas redes, círculos</c>
family:Liberation Sans">d c relações, linhas d e conflito, formas de associação
política dos indivíduos" (pp. 11 e segs.). "Segunda"</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n i d a d e é a p e n a s u m a outra palavra
para capitalismo neolibcral, desregulado. Para compreender o</c>
family:Liberation Sans">que há d e especificamente "reflexivo" nele, porém, é
necessário antes deixar claro que também a "primeira"</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n i d a d e é i n t e i r a m e n t e reflexiva e
não, como pensa Beck, "simples" (p. 11). Afinal, as "seguranças</c>
family:Liberation Sans">industriais e f o r m a s dc vida estandardizadas* não
caíram do céu. De início a industrialização da produção</c>
family:Liberation Sans">se fez n o t a r d e m o d o bem diferente. "Na medida em
que a maquinaria torna prescindível a força dos</c>
family:Liberation Sans">músculos, ela se t o r n a meio de empregar trabalhadores
sem força muscular ou de constituição física imatura, mas g r a n d e flexibilidade
dos membros. Trabalho feminino e infantil foi. por isso. a primeira palavra</c>
family:Liberation Sans">d a utilização capitalista d a maquínaria!"(K. Marx, Das
Kapital I, p. 416). A ruína da vida familiar num</c>
family:Liberation Sans">m o m e n t o e m q u e até mães lactantes e crianças
tinham de se empregar; o conseqüente abandono e maustratos e m massa d e crianças
pequenas; sua exploração impiedosa, desde que fossem aptas ao trabalho; a</c>
family:Liberation Sans">d i s p o s i ç ã o d e seus pais e m permitir que fossem
consumidas pelo trabalho nas fábricas; o esvaziamento</c>
family:Liberation Sans">espiritual e a r u í n a nervosa que a atividade de
autômatos em máquinas automáticas produz em todas as</c>
family:Liberation Sans">faixas etárias; a p e r d a de forças de resistência física
e social que ela traz consigo; o empobrecimento adic i o n a l q u a n d o não se t
r a b a l h a com as máquinas mais modernas: essas eram as insígnias da
"primeira"</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n i d a d e , q u a n d o ela iniciou seu cortejo
triunfal na Inglaterra do começo do século XIX. E as primeiras i n t e r v e n ç õ
e s estatais para a limitação do trabalho feminino e infantil, da jornada dc
trabalho, do arbít r i o de m e d i d a s disciplinatórias intrafabricas não
aconteceram, como Marx percebeu, chocado, por paixão</c>
family:Liberation Sans">pelos d i r e i t o s h u m a n o s , e sim por cálculo
econômico. No parlamento e no governo começou-se a comp r e e n d e r q u e o n o v
o m o d o de produção só poderia ser impedido por meio de controle de arrumar
suas</c>
family:Liberation Sans">forças de t r a b a l h o e, c o m elas, a si mesmo. Já em
seus primórdios esse modo de produção tendia a explorar</c>
family:Liberation Sans">sua p r ó p r i a base n a t u r a l até a destruição. Ele
precisava conter a si mesmo colocar freios,</c>
family:Liberation Sans">xivo - p o r c o n t a de sua mera autoconservação. O que
primeiro se mam estou na torça de " a b h o ^</c>
family:Liberation Sans">respeito h o j e t a m b é m a todas as fontes de matérias-
primas e condições climáticas. Na luta po d</c>
family:Liberation Sans">trabalhistas específicos, que primeiro tiveram de ser
interpretados a partir do</c>
family:Liberation Sans">mento posterior cada vez mais virtuoso dessa ruptura, para
que o novo m o d o</c>
family:Liberation Sans">h u m a n o s , c o m o a j o r n a d a de dez e oito
horas, f é r i a , seguro contra doenças ^</c>
family:Liberation Sans">de produção pudesse ao menos se aproximar da eficiência que
ele p r o m e t i a , e</c>
family:Liberation Sans">escolar e a p e r f e i ç o a m e n t o , começou o que
mais tarde continuou como pro eçao</c>
family:Liberation Sans">não fosse logo a pique por conta de uma jornada de 12
horas, trabalho infantil,</c>
family:Liberation Sans">política climática: a tentativa dc impedir o suicídio
do</c>
family:Liberation Sans">e m partes privilegiadas d o m u n d o é francamente uma
encarnaçao ^</c>
family:Liberation Sans">ruína dos nervos e das famílias 74 . C o m o parecem
primitivos os primeiros trens</c>
family:Liberation Sans">m e n t e inaudito" nele "que a religião n ã o [seria] mais
a r e f o r m a d o ser. c sim sua d e s t r u i ç ã o " ( p p . 100</c>
family:Liberation Sans">e segs.). Precisamente isso necessita de u m alto grau de
discussão; mas j u n t a m e n t e c o m a idéia d c q u e o</c>
family:Liberation Sans">capitalismo se teria "desenvolvido n o O c i d e n t e
parasitariamente sobre o cristianismo' ' ( p . 102), essas considerações mostram q
u e , se B e n j a m i n tivesse t r a b a l h a d o a n o t a até o fim, ele d i f
i c i l m e n t e teria p o d i d o</c>
family:Liberation Sans">ter-se d e t i d o na tese inicial.</c>
family:Liberation Sans">74 N ã o passa de um conto de fadas que apenas em t o r n o
d o final do século X X u m a "segunda" m o d e r n i d a d e</c>
family:Liberation Sans">t e n h a c o m e ç a d o a reagir à "primeira" com u m a "
m o d e r n i z a ç ã o reflexiva" c o m o sugere Ulrich Beck ( p o r</c>
family:Liberation Sans">exemplo, "Der konflikt d c r z w e i M o d e m e n " , in
DiefeindloseDemokratie.</c>
family:Liberation Sans">excmi</c>
family:Liberation Sans">S t u t t g a r t , 1995, p. 11). "Primci-</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">« «</c>
family:Liberation Sans">l i i t i q u e p e r m a n e n t e m e n t e procura
conter seu ^ ^ ^ J ^ ^ ^ g ^ ^ ^ ^ J â m e n t c ^ í a n d o , reflacão da</c>
family:Liberation Sans">m o d e r n i d a d e consiste principalmente em revogar a
primeira. u a</c>
family:Liberation Sans">, m d e v c n 0 vamenreflexão, restauração de uma imediatez
m t f a d a</c>
family:Liberation Sans">te r o d a r sem i m p e d i m e n t o s . A modernização
de nrar o ^</c>
family:Liberation Sans">f u n d a m e n t o d o qual o Estado s o c a um dia
surgiu. A</c>
family:Liberation Sans">muu</c>
family:Liberation Sans">m ^ I ^ I ^ d ^</c>
family:Liberation Sans">"simples" e "reflexiva".</c>
family:Liberation Sans">a l - ç a essa d i . e t i ,</c>
family:Liberation Sans">3 > é m rearcaização:</c>
family:Liberation Sans">de l c i r ; l " , "segunda"</c>
family:Liberation Sans">P ^ ^</c>
family:Liberation Sans">semmcntc</c>
family:Liberation Sans">c o n h e c i m e n t o n e m da pré-história d o Est ^ « r
i - l nem do Terceiro Mundo.</c>
family:Liberation Sans">, „,' V , V . I Schivelbusch,Die
ÔeschicbtederEisenbabnd</c>
family:Liberation Sans">é</c>
family:Liberation Sans">c u l o XAI —</c>
family:Liberation Sans">A. w</c>
family:Liberation Sans">o* menos</c>
family:Liberation Sans">menos de</c>
family:Liberation Sans">7 5 Assim foi a ferrovia e n t e n d i d a já no início do
secuio</c>
family:Liberation Sans">» . o u m ^ ^ , ^ c o n s i d e r a d 0 s os</c>
family:Liberation Sans">reise. F r a n k f u r t , 1989, p. 16. U m achado ridículo
d o ponto <</c>
family:Liberation Sans">( ^ a qualidade propagandística:</c>
family:Liberation Sans">30 q u i l ô m e t r o s p o r hora em que ela andava então
lanto ma</c>
family:Liberation Sans">expressa c l a r a m e n t e o princípio do a u m e n t o
da velocidade das máquu</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>que ela ordena aos instantes isolados, a exata c o n
t r a p a r t e a nova experiencia</c>
family:Liberation Sans">de guerras e epidemias, e só admitiam a salvação de alguns
poucos "justos" essas</c>
family:Liberation Sans">de velocidade da ferrovia, que faz as paragens passarem
voando, os instantes se</c>
family:Liberation Sans">eram visões extravagantes Desde que existem armas A, B e C,
elas se tornaram</c>
family:Liberation Sans">confundirem uns com os outros de m o d o nunca antes
conhecido, marca uma</c>
family:Liberation Sans">c o m p l e t a m e n t e realistas. A idéia cristã de que
Deus salvaria os eleitos trans-</c>
family:Liberation Sans">poderosa cesura. O choque específico que o instante
paralisado exerce sobre</c>
family:Liberation Sans">f o r m a n d o a existencia deles em um bem-aventurado
"agora estático" era um</c>
family:Liberation Sans">o observador é, com suafinesse técnica e incalculável
reprodutibilidade, uma</c>
family:Liberation Sans">desejo pio insustentável, até que a fotografia lhes
forneceu, através da produção</c>
family:Liberation Sans">intervenção de uma espécie tão nova no sensório humano, que
a enorme evolução</c>
family:Liberation Sans">de incontáveis "agoras estáticos" um
ccnofundamentem</c>
family:Liberation Sans">que a imagem técnica conheceu desde então se deixa
representar inteiramente</c>
family:Liberation Sans">era um axioma epistemológico facilmente refutável, até que
a moderna socie-</c>
family:Liberation Sans">como um grande laborar nesse choque. Apenas com o t r a n s
b o r d a m e n t o mi-</c>
family:Liberation Sans">dade da sensação lhe concedeu uma inesperada verdade
estético-ontológica.</c>
family:Liberation Sans">croeletrônico do m u n d o das imagens é que se torna
retroativamente claro o</c>
family:Liberation Sans">Assim, não é de admirar que o filme também tenha
proporcionado uma nova</c>
family:Liberation Sans">quanto essa cesura era verdadeiramente incisiva — assim c o
m o só se conhece</c>
family:Liberation Sans">dignidade a uma teoria filosófica de há muito
falsificada.</c>
family:Liberation Sans">in re. O</c>
family:Liberation Sans">est percipi</c>
family:Liberation Sans">a fatalidade de uma experiência traumática por t o d a s as
suas conseqüências.</c>
family:Liberation Sans">Movimento, decretou Zenão, o discípulo teimoso do grande
Parmênides, é</c>
family:Liberation Sans">E a fatalidade da fotografia consiste em que, no seu c h o
q u e imagético, a forma</c>
family:Liberation Sans">ilusão de óptica. Para nós apenas parece que a flecha
disparada voa, enquanto</c>
family:Liberation Sans">de intuição da sensação se cristaliza como m ô n a d a .
Essa m ô n a d a é o elo entre</c>
family:Liberation Sans">ela de fato se encontra simplesmente numa seqüência de
incontáveis pontos e,</c>
family:Liberation Sans">a pré-história e a atualidade da sensação: o p o n t o no
qual o seu caráter arcaico</c>
family:Liberation Sans">na verdade, parada em cada um deles. Aristóteles não expôs
esse argumento sem</c>
family:Liberation Sans">de epifania ainda cintila, e o seu já de alta tecnologia.
Aqui ambos se iluminam</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m imediatamente refutá-lo. Zenão supunha que "o
tempo se constitui</c>
family:Liberation Sans">mutuamente. Mas o p o n t o de sua sobreposição recíproca é
o p o n t o n o qual</c>
family:Liberation Sans">dos agoras'", quer dizer, de mínimos instantes colocados
uns ao lado dos outros.</c>
family:Liberation Sans">o caráter de fetiche da mercadoria se torna patente —
talvez o único a partir</c>
family:Liberation Sans">"Isso é falso, pois o tempo não se constitui dos agoras',
como também nada que</c>
family:Liberation Sans">do qual toda a sua extensão se deixa mensurar. Eis o motivo
de se permanecer</c>
family:Liberation Sans">seja estendido"</c>
family:Liberation Sans">tanto tempo diante de uma fotografia.</c>
family:Liberation Sans">desintegrassem em partes mínimas. Agora, porém, foi
inventado um meio que</c>
family:Liberation Sans">E o fato de que ela foi há muito t e m p o suplantada pelo
filme, de m o d o que</c>
family:Liberation Sans">quase ninguém mais presta atenção a retratos estáticos q u
a n d o cintilam os</c>
family:Liberation Sans">movimentados? Isso é verdade, mas não é n e n h u m a
réplica. Pois o filme é tão</c>
family:Liberation Sans">somente fotografia posta em movimento, desdobrada. E
precisamente o movimento que ele realiza é uma daquelas maluquices que a tecnologia
dos séculos</c>
family:Liberation Sans">XIX e XX produz. N o r m a l m e n t e o seu progresso cada
vez mais vertiginoso é</c>
family:Liberation Sans">percebido sob o lema "o velho é o falso". Assim que um novo
sistema de armas é</c>
family:Liberation Sans">desenvolvido, o velho pode ser empacotado — e só ser
vendido ainda n o Terceiro</c>
family:Liberation Sans">Mundo. Assim que um novo software está à disposição, é
necessário adaptar-se</c>
family:Liberation Sans">a ele o mais rapidamente possível, a fim de não perder a
conexão. Assim que</c>
family:Liberation Sans">uma nova técnica medicinal tem sucesso, a sua não
utilização já é quase uma</c>
family:Liberation Sans">quebra do juramento de Hipócrates. Mas também há uma
corrente contrária</c>
family:Liberation Sans">nessa tecnologia. Ao ultrapassá-la, ela não apenas
falsifica c o n s t a n t e m e n t e o</c>
family:Liberation Sans">estágio técnico-científico de ontem. Por vezes ela t a m b
é m é capaz de t o r n a r</c>
family:Liberation Sans">de certo m o d o verdadeiras, aposteriori,</c>
family:Liberation Sans">especulações que b r o t a r a m das cabe-</c>
family:Liberation Sans">ças de teólogos e filósofos exaltados que há m u i t o se
provaram insustentáveis.</c>
family:Liberation Sans">Zenão somente teria razão se os próprios espaço e tempo
se</c>
family:Liberation Sans">no c o n t í n u o de espaço-tempo projeta o artifício de
um movimento zenônico.</c>
family:Liberation Sans">Filme é ilusão de óptica. É verdade que a fita corre
continuamente e não através</c>
family:Liberation Sans">de u m a infinidade de pontos de agoras. Mas o que aparece
na tela ou no tubo de</c>
family:Liberation Sans">imagens como imagem em movimento é apenas a seqüência de
imagens paradas.</c>
family:Liberation Sans">Se a seqüência for de mais de 24 imagens por segundo, o
olho humano não tem</c>
family:Liberation Sans">alternativa: ele percebe um movimento corrente que
demonstravelmente não</c>
family:Liberation Sans">ocorre. Se ilusão ou não, 110 mínimo se pode dizer que o
enrijecimento fotográfico a b r u p t o do instante foi superado por ele. Isso, no
entanto, seria mudar</c>
family:Liberation Sans">de assunto para disfarçar -</c>
family:Liberation Sans">só p o d e simular continuidade 00 tempo, mas não
continuidade do tempo.</c>
family:Liberation Sans">N ã o se p o d e filmar cada ponto do mundo
ininterruptamente. Não haveria cameras suficientes, nem capacidade de armazenamento
nem filmadores, nenhum</c>
family:Liberation Sans">filme jamais ficaria pronto, e a tomada indiscriminada de
tudo o que acontece</c>
family:Liberation Sans">ao redor da câmera seria insuportável tanto para os
filmadores quanto para os</c>
family:Liberation Sans">espectadores. O filme vive da possibilidade de parar a
qualquer momento a hta</c>
family:Liberation Sans">fotográfica e de selecionar por meio de cortes muito
daquilo que foi reg.strado.</c>
family:Liberation Sans">Quando, na época do início d o cristianismo, judeus pios
escreveram os assim</c>
family:Liberation Sans">chamados "Apocalipses", que previam para breve o fim da
humanidade por causa</c>
family:Liberation Sans">reprimir, no exato sentido psicanalítico. O filme</c>
family:Liberation Sans">7 6 Aristóteles. Física Z 9, 239 b .</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Mas sempre que houver uma parada, um corte, a c o n t
i n u i d a d e é desmentida.</c>
family:Liberation Sans">O solavanco da imagem enrijecida retorna e ganha, pelo
contraste n o qual ele</c>
family:Liberation Sans">trabalha para a continuidade simulada, u m a intensidade
que ele jamais tivera</c>
family:Liberation Sans">na fotografia. O p o n t o de corte no filme potencializa o
c h o q u e imagético da</c>
family:Liberation Sans">fotografia.</c>
family:Liberation Sans">Ele é principalmente o p o n t o d o filme q u e salta, o p
o n t o no qual o filme</c>
family:Liberation Sans">se torna saltitante, associativo, o n d e u m a seqüência
se i n t e r r o m p e e o u t r a</c>
family:Liberation Sans">é acrescentada a ela por meio da m o n t a g e m . Por
isso, os p i o n e i r o s d o filme</c>
family:Liberation Sans">soviético se encontravam n o ápice d o novo m e i o q u a n
d o c o n s o l i d a r a m na</c>
family:Liberation Sans">montagem suas diferenças a respeito d o papel estético e
político d o filme.</c>
family:Liberation Sans">"Diante de mim há u m p e d a c i n h o amassado, a m a r e
l a d o de papel", escreve</c>
family:Liberation Sans">Serguei Eisenstein em 1929.</c>
family:Liberation Sans">Nele se lê uma nota misteriosa: acoplamento = P e choque =
E. Esse é o vestígio</c>
family:Liberation Sans">materializado de um acalorado duelo sobre o tema montagem
entre mim — E — e</c>
family:Liberation Sans">Pudóvkin — P — (há meio ano). Nesse meio tempo o seguinte
se tornou costume:</c>
family:Liberation Sans">em períodos de tempo regulares ele passa em minha casa
tarde da noite, e a portas</c>
family:Liberation Sans">fechadas nós nos lançamos um sobre o outro por questões de
princípios. Aqui também.</c>
family:Liberation Sans">Como discípulo da escola de Kulechov, ele defendeu
fervorosamente o conceito de</c>
family:Liberation Sans">montagem como acoplamento de segmentos. Em uma corrente.
Telhas. Telhas, que na</c>
family:Liberation Sans">série de um pensamento expõem. Eu lhe opus meu ponto de
vista sobre a montagem</c>
family:Liberation Sans">como choque. Um ponto no qual por meio do choque de duas
realidades surge um</c>
family:Liberation Sans">pensamento .</c>
family:Liberation Sans">que precisamos nao e a observaçao, e sim a ação. Não
precisamos de nenhuma</c>
family:Liberation Sans">câmera-olho, e sim de uma camera-punho. Ofilmesoviético tem
de tamborilar sobre</c>
family:Liberation Sans">o crâniol</c>
family:Liberation Sans">. Vertov, por sua vez, acusa Eisenstein de desfigurar a
realidade por</c>
family:Liberation Sans">meio da montagem encenada. Ele não montaria as coisas do
modo como elas se</c>
family:Liberation Sans">relacionam. Por isso: "Abaixo a encenação do dia a dia:
filmem-nos de improviso</c>
family:Liberation Sans">como somos! " O drama filmado é ópio para o povo." "Drama
filmado e religião</c>
family:Liberation Sans">são uma arma mortal nas mãos dos capitalistas. Com a
demonstração de nosso</c>
family:Liberation Sans">dia a dia revolucionário nós arrancamos as armas das mãos
do inimigo." Mas é</c>
family:Liberation Sans">óbvio que também Vertov encena à sua maneira. "De olhos
abertos, consciente</c>
family:Liberation Sans">do ritmo da máquina, entusiasmado pelo trabalho mecânico,
reconhecendo a</c>
family:Liberation Sans">beleza de processos químicos, nós compomos o poema-filme de
chamas e usinas</c>
family:Liberation Sans">elétricas" 79 , confessa ele sinceramente. "É totalmente
absurdo", nota por isso</c>
family:Liberation Sans">Vsevolod Pudóvkin, "classificar Vertov como um
'documentarista'" 80 . E Lev</c>
family:Liberation Sans">Kulechov pensa até que nenhum dos assim chamados filmes
documentários</c>
family:Liberation Sans">merece esse nome. Em todos o mesmo erro fundamental:
"montagem falsa", "d</c>
family:Liberation Sans">montagem não serviu o material de modo que ele que se
manifestasse." A única</c>
family:Liberation Sans">exceção: Esfir Schub. Seu grande filme 0fim da dinastia
Romanov, montado</c>
family:Liberation Sans">exclusivamente com documentos da época czarista, seria
"montagem da mais</c>
family:Liberation Sans">alta qualidade técnica" "que deixa o material falar,
organiza-o e põe a nu a</c>
family:Liberation Sans">substância de seu conteúdo" 81 .</c>
family:Liberation Sans">O p o n t o de corte no filme é o retorno do solavanco
fotográfico e ao mesmo</c>
family:Liberation Sans">t e m p o sua intensificação. Com isso a montagem se torna
opoint d'honneur</c>
family:Liberation Sans">de t o d a uma visão de mundo. Para os pioneiros do filme
soviético isso significava: o fiel da balança da revolução mundial. Por isso tanta
coisa para eles</c>
family:Liberation Sans">A montagem é para Eisenstein exatamente o p o n t o em q u
e o filme p o d e</c>
family:Liberation Sans">dependia de saber se na montagem fala "o material" ou o
autor, se ela produz</c>
family:Liberation Sans">tornar-se imediatamente combativo, no qual ele adquire a
força de u m trator,</c>
family:Liberation Sans">associações arbitrariamente ou se involuntariamente
descobre contextos que</c>
family:Liberation Sans">"que ara a consciência do espectador no sentido d o p o n t
o de vista de classe de-</c>
family:Liberation Sans">de o u t r o m o d o jamais se tornariam evidentes com
tanta nitidez. O debate dos</c>
family:Liberation Sans">sejado". Para isso, porém, é necessário também que se
encene conscientemente</c>
family:Liberation Sans">anos 1920 permanece irresolvido. Mas se ele ainda hoje
continua, não é mais</c>
family:Liberation Sans">como choque o solavanco inevitável que o corte da imagem p
r o d u z . E é isso</c>
family:Liberation Sans">por causa d o caminho certo da revolução, e sim por conta
dos índices mais altos</c>
family:Liberation Sans">que Eisenstein sente faltar em Dziga Vertov, a cabeça que
liderava o movimento</c>
family:Liberation Sans">de audiência. C o m o se constrói em segundos com um mínimo
de cortes uma</c>
family:Liberation Sans">Kinoglas (câmera-olho). "Vertov tece um tapete de u m a
imagem pontilhista,</c>
family:Liberation Sans">cadeia de associações irresistível, seja lisonjeando, seja
"tambordando sobre</c>
family:Liberation Sans">pois ele não influencia a seleção dos segmentos da vida
real por meio de uma</c>
family:Liberation Sans">o crânio", sobre isso matutam os filmadores de comerciais.
O choque imagé-</c>
family:Liberation Sans">montagem premeditada." "À semelhança dos famosos
impressionistas,'Kinoglas</c>
family:Liberation Sans">tico não é mais foco de uma visão de mundo revolucionária
especial, e sim</c>
family:Liberation Sans">persegue com o caderno de notas na mão (!) as coisas como
elas são, sem tomar</c>
family:Liberation Sans">de assalto a inevitável causalidade estatística de suas
relações." "Mas aquilo de</c>
family:Liberation Sans">7 8 Idem» o p . cir., p. 27.</c>
family:Liberation Sans">7 9 D. Vertov, in i d e m , op. cit., p. 25.</c>
family:Liberation Sans">77 S. Eisenstein, in Berlincr F i l m k u n s t h a u s
Babylon (cd.), Film. Auge - Faust - Sprache.</c>
family:Liberation Sans">20er Jahre in Sowjctrussland. Berlim, s.d., p. 17.</c>
family:Liberation Sans">F i l m d e b a t t e n der</c>
family:Liberation Sans">80 V. P u d ó v k i n , in idem. op. cit., p. 29.</c>
family:Liberation Sans">81 I,. Kulechov, in i d e m , op. cit.. p. 33-</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>apenas u m a f o r m a de intuição geral: a da
sensação. Ele coloca em inquietação</c>
family:Liberation Sans">e fermentação elementares, revolve a m o d e r n a
sociedade capitalista até em</c>
family:Liberation Sans">seus sedimentos pré-modernos, mas de tal m o d o que com
isso ele ao m e s m o</c>
family:Liberation Sans">S U B S T I T U T O DA S E N S A Ç Ã O</c>
family:Liberation Sans">tempo a redefine e revivifica. Porém p o r meio de u m a
vida verdadeiramente</c>
family:Liberation Sans">artificial. Q u e ele atue sobre o sistema nervoso h u m a
n o c o m o u m excitante</c>
family:Liberation Sans">incessantemente m i n i s t r a d o em doses m í n i m a
s , já se d e l i n e o u n o p r i m e i r o</c>
family:Liberation Sans">capítulo. Mas apenas a passagem através da história da
sensação trouxe à luz</c>
family:Liberation Sans">do dia a "química" desse meio, seus micronutrientes
fisioteológicos arcaicos em</c>
family:Liberation Sans">extensão tal que agora, pouco a pouco, seu efeito geral se
torna apreensível para</c>
family:Liberation Sans">os olhos. Pode-se resumi-lo n u m a palavra, q u a n d o se
tem presente o q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">ela é rica cm nuanças: vício.</c>
family:Liberation Sans">Frenesi e história</c>
family:Liberation Sans">O Ê X T A S E E X I S T E D E S D E T E M P O S imemoriais.
Ele é, tal como foi observa-</c>
family:Liberation Sans">do n o terceiro capítulo, um dos mais antigos efeitos
secundários do sacrifício.</c>
family:Liberation Sans">D e algum m o d o , o coletivo humano teve que preparar seu
sistema nervoso</c>
family:Liberation Sans">para o costume pavoroso de arrastar seus membros familiares
mais próximos,</c>
family:Liberation Sans">sua carne e sangue, por assim dizer, para a matança, com o
objetivo de suportála. Mas ainda não existiam drogas pesadas, capazes de
imediatamente entorpecer os sentidos. Desse modo, precisou-se do auxílio dos
recursos do próprio</c>
family:Liberation Sans">corpo, precisou-se vacinar a dor com a própria dor por meio
da automutilação</c>
family:Liberation Sans">e da automaceração, e também através de uma repetição
constante de movim e n t o s e sons rítmicos que gradativamente conduziriam ao
frenesi, de tal</c>
family:Liberation Sans">maneira que, p o r um lado, se sentia um certo padecimento
em relação àquilo</c>
family:Liberation Sans">que acontecia com a vítima do sacrifício; e, por outro, se
tornava insensível e</c>
family:Liberation Sans">anestesiado da melhor forma em relação a esse mesmo
sofrimento. Deve ter</c>
family:Liberation Sans">sido fora do c o m u m , a princípio, o processo de
autodisciplina extrema, uma</c>
family:Liberation Sans">vez q u e não se alucinava por meio de um dado estado
cultural. Pelo contrário,</c>
family:Liberation Sans">tentou-se construir morosamente, pela primeira vez, tal
situação por meio de</c>
family:Liberation Sans">u m a das mais antigas técnicas, ou seja, a
confraternização com o horror da</c>
family:Liberation Sans">vítima d o sacrifício com o objetivo de gradativamente
converter sua dor no</c>
family:Liberation Sans">"espinho da luxúria".</c>
family:Liberation Sans">A forma original da confraternização é o triunfo extático
sobre o horror. Foi</c>
family:Liberation Sans">m u i t o bem acolhido t u d o aquilo que pudesse tornar-se
comestível e potável e</c>
family:Liberation Sans">que estimulasse tal êxtase triunfante, o mesmo êxtase que
provavelmente descobre, desde os primórdios, o efeito excitante de determinadas
raízes, folhas e</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>frutos. Festa, frenesi e êxtase significaram a mesma
coisa. Deve-se ter desejado</c>
family:Liberation Sans">foi m e n c i o n a d a pela "primeira vez p o r Salernus
(aproximadamente 1,30 i</c>
family:Liberation Sans">e confiado tanto na droga que seu c o n s u m o parece não
ter provocado o vício.</c>
family:Liberation Sans">De fato, não se encontra qualquer indício de sintoma de
abstinência nem nas</c>
family:Liberation Sans">gravuras das culturas mais desenvolvidas e antigas,
situadas entre o Eufrates e o Tigre</c>
family:Liberation Sans">('onde o ópio é conhecido desde o século IV a.C.), nem nos
papiros do velho Egito</c>
family:Liberation Sans">(nos quais o ópio é mencionado, no século XVI a.C., como
parte integrante de mais</c>
family:Liberation Sans">de 700 medicamentos), ou na literatura dos médicos da
Grécia antiga, que consideravam o ópio o mais importante remédio e o usavam
freqüentemente. O mesmo vale</c>
family:Liberation Sans">para o álcool. Em muitas culturas, ele possuía tanto um
significado religioso quanto</c>
family:Liberation Sans">medicinal, além de ter uma benquista função de relaxamento
na condição de droga</c>
family:Liberation Sans">utilizada no cotidiano e nos dias festivos. E mesmo na
literatura da Grécia antiga,</c>
family:Liberation Sans">que possui muitos tratados sobre o efeito frenético do
álcool, nos quais as vantagens</c>
family:Liberation Sans">e desvantagens eram cuidadosamente avaliadas, nunca se
observou, explicitamente,</c>
family:Liberation Sans">nenhum sinal de sintomas de abstinência 1 .</c>
family:Liberation Sans">XVI a situaçao era outra, ou seja, quando a erosão da
sociedade p é-mo</c>
family:Liberation Sans">se p r o p a g o u na Europa central. Mais uma vez (a
quarta vez nes'e livro)</c>
family:Liberation Sans">p o n t o de mutaçao histonco exige atenção especial. O
desenraizamenro social</c>
family:Liberation Sans">que separou u m a parte considerável dos trabalhadores
rurais de suas glebas'</c>
family:Liberation Sans">dos artífices de suas ferramentas, da aristocracia e dos
cavaleiros de seus bens</c>
family:Liberation Sans">hereditários, sendo que uma parte dessas pessoas foi jogada
nas cidades, na</c>
family:Liberation Sans">condição de pessoas sem recursos, e outra parte foi
absorvida pelos exércitos</c>
family:Liberation Sans">nascentes c o m o aventureiros e mercenários, encontrou no
"desenraizamento"</c>
family:Liberation Sans">d o álcool, n a sua destilação uma técnica cultural
congenial. A partir de 1500,</c>
family:Liberation Sans">mencionaram-se em diversos lugares, tal como no caso da
crônica berlinense,'</c>
family:Liberation Sans">os "destiladores de f u n d o de quintal" correspondentes
aos "destiladores clan-</c>
family:Liberation Sans">E por que todo esse reabastecimento não conduziu à ruína? O
r a , tal perío-</c>
family:Liberation Sans">destinos" que fizeram concorrência ao farmacêutico. A estes
se juntaram, em</c>
family:Liberation Sans">do de frenesi coletivo não se refere a urna antiga e n o r
m a l c o n d u t a de vida, e</c>
family:Liberation Sans">1560, os primeiros grãos destilados de origem flamenga
[...]. Em 1594, o príncipe</c>
family:Liberation Sans">a p r o f u n d a relação entre frenesi e festa pronuncia-
se c o n t r a tal uso. T e m p o s</c>
family:Liberation Sans">eleitor J o h a n n G e o r g decretou uma portaria que
ameaçava com prisão "todo</c>
family:Liberation Sans">de festas eram tempos especiais. Algo diferente parece
ocorrer o n d e a cerveja</c>
family:Liberation Sans">aquele que, sob sermão, portasse bebida destilada". Deste
fato se deduz que a</c>
family:Liberation Sans">ganhou o status de alimento básico, tal c o m o nas regiões
d o n o r t e e central da</c>
family:Liberation Sans">visita à "taverna de bebida destilada" era mais atraente do
que "a visita à igreja.</c>
family:Liberation Sans">Europa no final da Idade Média. Já no café da m a n h ã de
muitas localidades se</c>
family:Liberation Sans">Ao m e s m o tempo, foi atribuído um imposto geral ao
destilado. [...] Desde o</c>
family:Liberation Sans">servia uma sopa de cerveja 2 . Entretanto, ela era p r e p
a r a d a de f o r m a bem mais</c>
family:Liberation Sans">início d o século XVII, a produção de bebida destilada
alastra-se cada vez mais"'</c>
family:Liberation Sans">fraca do que nos dias de hoje. O m e d i d o r de nível
alcoólico d o dia a dia deve</c>
family:Liberation Sans">U m a petição do parlamento inglês de 1673 assevera o
seguinte:</c>
family:Liberation Sans">ter sido suficientemente baixo, de m o d o que os frenesis
— os quais tiveram a</c>
family:Liberation Sans">oportunidade de se tornar abundantes, uma vez que a u m e n
t a r a a q u a n t i d a d e</c>
family:Liberation Sans">de dias festivos (no final da Idade Média já eram
contabilizados mais de cem</c>
family:Liberation Sans">dias ao ano!) — se tornaram mais destacados. T a m b é m
aqui vale aquilo que é</c>
family:Liberation Sans">característico de todas as formas sociais pré-modernas: o
ciclo das festas, q u e</c>
family:Liberation Sans">estruturou os cursos do ano e da vida, d e t e r m i n o u
t a m b é m o ciclo de frenesis</c>
family:Liberation Sans">Antes do êxito do destilado na Inglaterra, o qual, no
momento, pode ser encontrado</c>
family:Liberation Sans">em toda taverna, bebíamos uma boa cerveja tonificada [...].
E isso produzia benefício</c>
family:Liberation Sans">tanto para nosso comércio de cereais quanto para o nosso
corpo. Desta forma, proibir</c>
family:Liberation Sans">o consumo de destilado impediria a destruição inevitável da
saúde dos súditos de</c>
family:Liberation Sans">vossa majestade, pois muitos já morreram em virtude do
consumo de álcool5.</c>
family:Liberation Sans">que fazia com que a comunidade festiva como que
biorritmicamente regressasse</c>
family:Liberation Sans">Mas a petição não ajudou, pelo contrário, reinou no século
XVIII, sobretudo</c>
family:Liberation Sans">com maior ou m e n o r freqüência ao cotidiano
apático.</c>
family:Liberation Sans">C o m a separação da festa e d o frenesi nasce aquilo que
hoje significa vício.</c>
family:Liberation Sans">Seu princípio histórico foi uma invenção que os árabes
levaram para a Europa</c>
family:Liberation Sans">na Inglaterra, uma autêntica "epidemia de destilado",
epidemia essa que foi pouco combatida e isso quando foi. Houve pouco combate não
apenas por causa dos</c>
family:Liberation Sans">já no século XII: a destilação do álcool de alta
percentagem. A "água queimada"</c>
family:Liberation Sans">S. Schcerer, Sucht. Reinbeck, 1995, p. 15.</c>
family:Liberation Sans">Cf. W. Schivelbusch, Das Paradies, der Geschmack und die
Vcrnunft. Eine Geschicbte der</c>
family:Liberation Sans">F r a n k f u r t , 1990, p. 32.</c>
family:Liberation Sans">S. Scliccrcr e 1. Vogt ( o ^ . ) , Drogen
undDrogenpol.nl,</c>
family:Liberation Sans">Genussmiltel.</c>
family:Liberation Sans">Ibidem.</c>
family:Liberation Sans">Ein Handbucb.</c>
family:Liberation Sans">Frankfurt; Nova York, .989,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>impostos fiscais que foram atribuídos ao destilado,
mas t a m b é m p o r causa das</c>
family:Liberation Sans">cado, as drogas têm sua origem no sacrifício sacro; tal
como o mercado, elas se</c>
family:Liberation Sans">duas forças totalmente opostas presentes no seu agente
químico. A primeira</c>
family:Liberation Sans">desenvolveram na condição de inseparáveis companheiras e
benfeitoras, c o m o</c>
family:Liberation Sans">referiu-se à devastação e à corrosão do culto de Deus, da
moral do trabalho e d o</c>
family:Liberation Sans">assessório e ingrediente de ações de culto, e permaneceram,
m e s m o q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">sentido de família; já a outra força possibilitava a
disciplina com m u i t o mais</c>
family:Liberation Sans">se destacam desse c o n t e x t o de culto, a ele
relacionadas. O m e d i c a m e n t o e o</c>
family:Liberation Sans">eficácia.</c>
family:Liberation Sans">b a n q u e t e p r o f a n o s foram identificados c o m o
"camadas externas" do uso sacro</c>
family:Liberation Sans">das drogas, d a mesma forma como ocorreu a relação do
mercado com o sagrado.</c>
family:Liberation Sans">O soldado individual, que até então tinha certa liberdade
de atuação, se transforma, nos séculos XVII e XVIII, numa peça de engrenagem de uma
tropa matemática e</c>
family:Liberation Sans">racionalmente organizada. A bebida destilada, que lhe era
ministrada em porções</c>
family:Liberation Sans">diárias, serve como um tipo de lubrificante
fisiopsicológico assegurando que as funções serão executadas sem dificuldades. As
porções distribuídas de destilado parecem</c>
family:Liberation Sans">conter a exata medida que proporciona a anestesia (e não a
embriaguez), para fazer</c>
family:Liberation Sans">com que os soldados sejam membros integrados de uma tropa
mecânica. Aqui já se</c>
family:Liberation Sans">identifica o trabalho preparatório para a posterior
disciplina que será exigida nas</c>
family:Liberation Sans">indústrias6.</c>
family:Liberation Sans">E t a m b é m na virada m o d e r n a ambos se ratificam. O
mercado se t o r n a absoluto, ele desce ao chão, ao primeiro "absoluto", ou seja,
por meio da destilação</c>
family:Liberation Sans">da droga, q u e é extraída de seu meio de f e r m e n t a ç
ã o natural, ele apresenta</c>
family:Liberation Sans">seu verdadeiro cortejo triunfal. E a droga é absoluta não
apenas n u m sentido</c>
family:Liberation Sans">técnico, mas t a m b é m social. Ela é c o m o que
destilada para fora de t o d o s os</c>
family:Liberation Sans">contextos sacros e cessa de ser uma experiência que
extasiava e alçava t o d o o</c>
family:Liberation Sans">coletivo para além do seu cotidiano. Por um lado, ela se
torna i n f i n i t a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">banal, é mera substância que provoca frenesi,
sansphrase,</c>
family:Liberation Sans">sem qualquer signi-</c>
family:Liberation Sans">ficado mais elevado. Por outro, ela não tem mais nada sobre
si própria. Então,</c>
family:Liberation Sans">subitamente, ela mesma começa a representar o vago papel d
o mais elevado,</c>
family:Liberation Sans">Não se pode imaginar a aguardente fora dessa
situação.</c>
family:Liberation Sans">pois deixa de ser acessório para se tornar algo
fundamental, deixa de ser acidente</c>
family:Liberation Sans">para se t r a n s f o r m a r em substância,
filosoficamente falando. Em duplo sentido</c>
family:Liberation Sans">O trabalhador chega cansado do seu trabalho e quer relaxar
em casa; então ele</c>
family:Liberation Sans">encontra uma moradia sem qualquer conforto, úmida, pouco
agradável e suja; ele necessita urgentemente de algo que o alegre, deve ter algo
que faça valer a pena o esforço</c>
family:Liberation Sans">do trabalho, que torne suportável a expectativa do próximo
dia árduo; sua disposição</c>
family:Liberation Sans">abatida, desconfortável e hipocondríaca [...] é
recrudescida por meio da situação de</c>
family:Liberation Sans">vida que lhe resta, por meio da insegurança de sua
existência, pela sua dependência</c>
family:Liberation Sans">de todos os possíveis acasos e pela sua incapacidade de
salvaguardar sua própria situação, até o ponto de se tornar insuportável [...] e,
diante de tudo isso, o trabalhador</c>
family:Liberation Sans">não deveria ser tentado a se entregar ao alcoolismo? Ele
deveria ser capaz de resistir</c>
family:Liberation Sans">a essa tentação ? Além disso, "donos de fábricas, até o
final do século XIX, distribuíram gratuitamente aguardente para a sua força de
trabalho e, com isso, estimularam</c>
family:Liberation Sans">consideravelmente o alcoolismo entre os trabalhadores. Em
muitas fábricas, uma</c>
family:Liberation Sans">parte do salário era paga em bebida destilada'.</c>
family:Liberation Sans">ela se t r a n s f o r m a n u m concentrado. E isso ocorre
não só p o r q u e a destilação</c>
family:Liberation Sans">a u m e n t a sua dosagem alcoólica dez ou até 20 vezes,
mas sim p o r q u e seu alto</c>
family:Liberation Sans">percentual concentra t a m b é m as mais elevadas
expectativas concernentes, n o</c>
family:Liberation Sans">início, a um contexto cultural harmonioso que
posteriormente se eleva à esfera</c>
family:Liberation Sans">sacra. A a g u a r d e n t e se transforma n o sucedâneo do
sagrado desaparecido, no</c>
family:Liberation Sans">substituto da própria coisa. O frenesi absoluto p r o d u z
i d o releva-se c o m o o par</c>
family:Liberation Sans">da sensação absoluta que irradia o "olhe para cá" da
fotografia. Sabe-se que não</c>
family:Liberation Sans">existe a epifania salvadora que as fotos sugerem, mas a
sugestão não deixa de</c>
family:Liberation Sans">existir. D a mesma forma, sabe-se que a aguardente não
proporciona nenhuma experiência extática redentora e, entretanto, ela não para de
simular tal experiência.</c>
family:Liberation Sans">Há milênios as drogas e imagens coexistiram, a reboque d o
culto, c o m o meio</c>
family:Liberation Sans">heterogêneo de elevação ao sagrado. Por meio do m o d e r n
o p r o c e d i m e n t o técnico da isolação, que desprende as substâncias ativas
de seu contexto original</c>
family:Liberation Sans">Assim c o m o na Bíblia D e u s se fez h o m e m , na m o d
e r n i d a d e o m e r c a d o</c>
family:Liberation Sans">n u m piscar de olhos, sendo que uma é desprendida através
da destilação e outra,</c>
family:Liberation Sans">desenfreado se fez representar n o consumo desenfreado das
drogas. U m a co-</c>
family:Liberation Sans">por meio da paralisação do instante, t a n t o a droga q u
a n t o a imagem recebem,</c>
family:Liberation Sans">munidade antiquíssima adentrou numa nova fase. D a mesma
forma que o mer-</c>
family:Liberation Sans">repentinamente, uma inédita e conhecida h o m o g e n e i d
a d e . Nas condições de</c>
family:Liberation Sans">substância viciadora e de f o t o revelada, a droga e a
imagem, tanto na maneira</c>
family:Liberation Sans">de serem feitas q u a n t o na forma de se efetivarem, se
aproximam c o m o parentes</c>
family:Liberation Sans">F. Engels, Die Lage der arbeitenden Klasse in England>
MEW 2. Berlim, 1976, p. 33 J.</c>
family:Liberation Sans">íntimos. Inicia-se uma comunicação idiomática entre ambas,
pois compartilham</c>
family:Liberation Sans">S. Scheercr, Drogen..., p. 21.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>particularidades entre si, de tal m o d o que sem
essa comunicação não se p o d e</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m a outra droga o fizera anteriormente. O
sustentáculo d o desenraizado</c>
family:Liberation Sans">compreender seriamente a atual dependência da
sensação.</c>
family:Liberation Sans">r e p r e s e n t a d o na garrafa de a g u a r d e n t e
que, p o r sua vez, sustenta um apoio</c>
family:Liberation Sans">existencial, representa simplesmente a data-base do vício,
a chave da compreensão para o seu desenvolvimento geral que se torna cada vez mais
difuso e com-</c>
family:Liberation Sans">Condição moderna</c>
family:Liberation Sans">plexo 10 . O vício é a busca de um apoio vital n u m objeto
falso, sendo que aqueles que o p r o c u r a m n ã o devem ser informados de que se
trata de algo falso. Eles</c>
family:Liberation Sans">Meios que entorpecem não p o d e m ser desprezados. O que
seria da medicina</c>
family:Liberation Sans">sentem, eles sabem que a substância na qual se aferram não
fornece n e n h u m</c>
family:Liberation Sans">moderna sem a anestesia? A bebida destilada, usada para e n
t o r p e c e r as dores</c>
family:Liberation Sans">apoio, mas eles não têm outra e, por isso, cada vez mais se
jogam a ela, a mesma</c>
family:Liberation Sans">e angústias insuportáveis dos soldados, sendo que ocorria
inevitavelmente o</c>
family:Liberation Sans">substância que os priva daquilo que lhes deveria
proporcionar. Q u a n d o se fala</c>
family:Liberation Sans">e n t o r p e c i m e n t o do caráter do soldado, p o d e
ser p o r isso registrada c o m o a</c>
family:Liberation Sans">em sintomas de abstinência, os quais seguem o vício d o
mesmo m o d o c o m o a</c>
family:Liberation Sans">"primeira ajuda". O destilado, c o m o ração pcriódica p a
r a os soldados, c o m o</c>
family:Liberation Sans">s o m b r a segue a luz, esquece-se facilmente de que o p r
ó p r i o vício já é um sin-</c>
family:Liberation Sans">meio de lubrificação fisiopsicológico, c o m o algo que
garante o f u n c i o n a r sem</c>
family:Liberation Sans">toma de abstinência. Entretanto, a sua abstinência, que
representa uma forma</c>
family:Liberation Sans">dificuldades é, no entanto, algo qualitativamente
diferente, a saber, preparação</c>
family:Liberation Sans">de reação desamparada, silenciosa, e c o n t i n u a m e n
t e moderna, não é tão evi-</c>
family:Liberation Sans">para um cotidiano que não é de n e n h u m m o d o c o m p
o s t o apenas por estados</c>
family:Liberation Sans">dente. Deve-se deduzi-la e, para tanto, não se pode evitar
o emprego de reflexões</c>
family:Liberation Sans">de dor e de angústia cortantes, mas que se t o r n o u , em
certa medida, p r o f a n o ,</c>
family:Liberation Sans">teorético-pulsionais. O n d e há abstinência perdeu-se algo
que fora desejado. A</c>
family:Liberation Sans">e que, sem a ajuda desses meios de e n t o r p e c i m e n
t o , dificilmente seria supor-</c>
family:Liberation Sans">energia emocional, p o r meio da qual se ligou ao desejado,
vagueia p o r todos</c>
family:Liberation Sans">tado. E tal cotidiano se iniciou na época do já m e n c i o
n a d o processo de desen-</c>
family:Liberation Sans">os lados, pressiona p o r recolhimento; e o n d e ela se
vincula com algo que serve</c>
family:Liberation Sans">raizamento, datado, em grande estilo, do início da m o d e
r n i d a d e . É claro que</c>
family:Liberation Sans">c o m o alternativa para tal, e que não se distancia t a n
t o assim d o que fora priva-</c>
family:Liberation Sans">a sociedade feudal que se esfacelara não foi n e n h u m
idílio, pois ela antes cor-</c>
family:Liberation Sans">do e desejado, mas c o m o que se coloca em seu lugar e é
tratada c o m o se fosse</c>
family:Liberation Sans">respondeu a uma violenta amarra social. Os servos e
vassalos q u e vegetavam</c>
family:Liberation Sans">esse algo, realiza-se aquilo que Freud d e n o m i n o u
"fetichismo". Seja o fetiche</c>
family:Liberation Sans">sob a ameaça da fome ou do chicote dos senhores feudais,
bem c o m o a austera</c>
family:Liberation Sans">um sapato, um tecido, um lápis, uma bebida, é sempre
"absoluto" n o sentido</c>
family:Liberation Sans">disciplina dos monges e freiras nos mosteiros, tornaram n o
t ó r i o aquilo que a</c>
family:Liberation Sans">de que cie é percebido c o m o algo desatado e separado d o
objeto de desejo que</c>
family:Liberation Sans">crescente sociedade moderna obsta à vista: que a integração
é um ato de vio-</c>
family:Liberation Sans">fora privado. E n t r e t a n t o , a escolha d o fetiche
nunca é aleatória, pois ele deve</c>
family:Liberation Sans">lência, antes que suas indenizações possam ter alguma
chance 9 . Mas estas tam-</c>
family:Liberation Sans">ser percebido c o m o algo que remete ao privado, t o r n a
n d o possível tal substi-</c>
family:Liberation Sans">bém não faltaram na sociedade feudal. O efeito terapêutico
dos sacramentos</c>
family:Liberation Sans">tuição e, p o r outro lado, deve diferenciar-se dele, de
tal m o d o que o fetiche não</c>
family:Liberation Sans">e das relíquias foi tão inculcado milenarmente por meio das
festas cíclicas, dos</c>
family:Liberation Sans">lembre claramente o privado, fazendo com q u e a dor da
privação não penetre</c>
family:Liberation Sans">ritos e das preces, que finalmente ele se converteu n u m
apoio, n u m consolo,</c>
family:Liberation Sans">no limiar da consciência. O fetiche, p o r t a n t o ,
possui u m significado peculiar</c>
family:Liberation Sans">numa dada e desejada rotina. A ruína do contexto de vida
feudal não p r o p o r -</c>
family:Liberation Sans">e flutuante. Ele representa o abstraído e, ao m e s m o
tempo, oculta-se; ele é, na</c>
family:Liberation Sans">cionou apenas liberdade de espaço. Ela significou também a
fratura desse apoio,</c>
family:Liberation Sans">mesma m e d i d a , seu substituto e seu código. Freud
escolhe, e essa escolha já é</c>
family:Liberation Sans">na medida em que grupos sociais rigidamente delimitados se
t r a n s f o r m a r a m</c>
family:Liberation Sans">autorreveladora, um conceito d o arsenal religioso para p o
d e r analisar os pro-</c>
family:Liberation Sans">em massas amorfas e jogadas dc um lado para o outro, sem q
u e tivessem meios</c>
family:Liberation Sans">cessos p r o f a n o s da vida pulsional dos neuróticos.
Mas ele não c o m p r e e n d e o</c>
family:Liberation Sans">seguros de subsistência, sem uma coesão social segura,
cujos hábitos e costumes</c>
family:Liberation Sans">fetiche tal c o m o a c o m u n i d a d e religiosa, ou
seja, c o m o um objeto identificado</c>
family:Liberation Sans">tradicionais se desvaneceram. Todos sentiram a necessidade
de escapar desse</c>
family:Liberation Sans">que corporifica as forças divinas, mas sim c o m o um
objeto totalmente trivial</c>
family:Liberation Sans">estado e aspiraram a uma saída. Eis que o álcool destilado
a oferece triplamente: ele era m u i t o barato, facilmente acessível e agia de
forma rápida, tal c o m o</c>
family:Liberation Sans">C o n f e r i r p. 57.</c>
family:Liberation Sans">1() O c o n s u m o d o t a b a c o , q u e n o século XVII
já d e m o n s t r a v a , de f o r m a s e m e l h a n t e , indícios de ser algo
q u e</c>
family:Liberation Sans">vicia, foi i n i c i a l m e n t e c o n s i d e r a d o
pela o p i n i ã o pública c o m o u m a p ê n d i c e d o c o n s u m o de a g u a
r d e n t e ,</c>
family:Liberation Sans">s e n d o q u e n ã o t i n h a s e q u e r u m n o m e p r
ó p r i o , p o i s era c h a m a d o "Álcool d e névoa", " B e b e r f u m a r " o
u</c>
family:Liberation Sans">" B e b e d e i r a seca" ( W . Schivelbusch, Das
Paradies..., p. 108).</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>que é meramente sobrecarregado de significado ou,
psicologicamente falando,</c>
family:Liberation Sans">próprios pés e instituir seu próprio sentido. E isso ele
faz q u a n d o o caráter fe-</c>
family:Liberation Sans">hipercatexizado com energia libidinal. E tal hipercatexia é
observada por Freud,</c>
family:Liberation Sans">tichista da m e r c a d o r i a cresce p o r meio da
relação de concorrência e p r o d u z</c>
family:Liberation Sans">tanto na ocasião em que uma c o m u n i d a d e se a p i n
h a d i a n t e de u m a lasca da</c>
family:Liberation Sans">alienação. Recebe-se mais do que se dá: essa desigualdade
matemática trivial</c>
family:Liberation Sans">cruz de Cristo ou do hábito de São Francisco q u a n t o n
o c o m p o r t a m e n t o d o</c>
family:Liberation Sans">ganha u m a nova aparência, pois há muito não mais
significa mera obtenção de</c>
family:Liberation Sans">neurótico q u e acaricia um sapato de mulher. A neurose se
afirma t a n t o n o</c>
family:Liberation Sans">vantagem ou incremento de poder. Ela se transforma em algo
para cuja causa se</c>
family:Liberation Sans">culto privado q u a n t o coletivamente n o culto da
relíquia oficial. O conceito</c>
family:Liberation Sans">vive e, então, se obtém sentido: esse é o credo do mercado.
De fato, esse é um sen-</c>
family:Liberation Sans">freudiano de fetiche tem, metafórica e literalmente, c o n
o t a ç õ e s "profana" e</c>
family:Liberation Sans">tido que desmente a si próprio, pois é sentido apenas na
condição de ser um com-</c>
family:Liberation Sans">"sacra", da mesma forma c o m o Marx c o m p r e e n d e
tal conceito. E n t r e t a n t o , a</c>
family:Liberation Sans">parativo que consiste m e r a m e n t e n o ter mais que o
outro. E isso implica o fato</c>
family:Liberation Sans">perspectiva freudiana ajuda a iluminar aquilo que a
marxiana oculta: o mecanis-</c>
family:Liberation Sans">de que, sempre que há alguém mais rico, outro alguém se t o
r n a mais pobre. E</c>
family:Liberation Sans">mo de formação substitutiva. O caráter fetichista da
mercadoria não consiste na</c>
family:Liberation Sans">mesmo os mais ricos possuem, no final das contas, menos do
que poderiam ter,</c>
family:Liberation Sans">observação de que a sociedade de mercado venera o valor de
troca (literalmen-</c>
family:Liberation Sans">pois precisariam ser ainda mais habilidosos na venda de
seus produtos. O sen-</c>
family:Liberation Sans">te como força divina) presente em todos os seus valores de
uso. A ressacraliza-</c>
family:Liberation Sans">tido, q u a n d o atua no comparativo, é um não sentido:
nunca é autossuficiente,</c>
family:Liberation Sans">ção da troca de mercadorias resulta, antes (tal c o m o foi
observado no capítulo</c>
family:Liberation Sans">pois é s e m p r e a m e a ç a d o pelo prejuízo e pelo
excedente, o c o r r e n d o sempre</c>
family:Liberation Sans">anterior), do fato de que o mercado p r o f a n o perdeu
seu p o n t o de referência,</c>
family:Liberation Sans">ausência de sentido até se tornar um substituto de sentido:
algo que se subtrai</c>
family:Liberation Sans">seu centro p r o f u n d a m e n t e carregado de sentido
sacro, sobre o qual o m e r c a d o</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o se faz presente. O sentido comparativo da
mercadoria faz dela própria</c>
family:Liberation Sans">se alicerçou na forma de uma camada externa. U m a vez q u
e ele se sobressaiu</c>
family:Liberation Sans">um sintoma de abstinência, pois fornece a ela, t a m b é m
no aspecto teorético-</c>
family:Liberation Sans">em relação ao outro e se tornou sistematicamente
autorreferente, ele assumiu</c>
family:Liberation Sans">pulsional, um caráter fetichista, e revela a dinâmica de
expansão do capitalismo</c>
family:Liberation Sans">o lugar do sagrado que fora perdido e se t r a n s f o r m
o u e m seu sucedâneo.</c>
family:Liberation Sans">c o m o viciadora. U m a dinâmica que se origina dos
organismos h u m a n o s e que,</c>
family:Liberation Sans">O mercado absoluto desencadeado é, viciosa e t e o r i c a
m e n t e falando, um</c>
family:Liberation Sans">gigantesco sintoma de abstinência. A sua compulsão para a
expansão, para o</c>
family:Liberation Sans">"crescimento econômico", é usualmente esclarecida apenas na
d i m e n s ã o econômica. Logo que o mercado cresce na forma de u m a instância de
sociabilização, aprofunda-se a concorrência, que não se restringe mais a u m p r o
b l e m a</c>
family:Liberation Sans">específico da relação entre negociantes e compradores, mas
se t r a n s f o r m a em</c>
family:Liberation Sans">um problema existencial. A concorrência penetra em todas as
relações de trabalho e não para nem diante da relação familiar tradicional. Pai e
filho, mãe e</c>
family:Liberation Sans">filha, esposo e esposa se tornam tendencialmente
concorrentes, assim q u e os</c>
family:Liberation Sans">postos de trabalho se t o r n a m exíguos e cada um só p o
d e vender sua p r ó p r i a</c>
family:Liberation Sans">mercadoria, ou seja, sua própria força de trabalho. O
mercado é um caldeirão</c>
family:Liberation Sans">que junta os diferentes indivíduos, mas que t a m b é m os
isola n o ato d a troca.</c>
family:Liberation Sans">Cada um se troca contra o outro. Por isso, na luta geral d
o mercado só se impõe</c>
family:Liberation Sans">quem troca melhor do que o outro. E sempre que o capital é
investido, deve-se</c>
family:Liberation Sans">gerar mais daquilo que fora aplicado. A compulsão para o
crescimento e c o n ô mico é o motor do capitalismo, até aqui o seu estado e c o n
ô m i c o f u n d a m e n t a l ,</c>
family:Liberation Sans">todavia, passa p o r eles a p o n t o de não mais se
identificar com os próprios. Ela</c>
family:Liberation Sans">se t r a n s f o r m o u , em escala global, numa
necessidade autorreíerente e autorreforçadora. O simples desejar mais do que se tem
se t r a n s f o r m o u n u m a obstinação penetrante, tenaz e sistemática, e a
dinâmica sistematicamente viciadora se t o r n o u u m p a n o de f u n d o social
d o qual se servem todos os c o m p o r t a m e n t o s viciados particulares. Se o
c o n c e i t o f r e u d i a n o de fetiche auxilia a</c>
family:Liberation Sans">reconhecer a lógica d o vício n o caráter fetichista da
mercadoria, por outro lado,</c>
family:Liberation Sans">ele se revela o c o n t r á r i o d o vício pela
mercadoria, uma vez que se limita a um</c>
family:Liberation Sans">caso sobre o qual Freud constrói toda a sua teoria d o
fetichismo. Originariamente, o fetiche nada mais é d o que "um substituto para o
falo da mulher (no</c>
family:Liberation Sans">caso, a mãe), em que o garotinho acreditava e ao qual [...]
ele não queria renunciar"". Evidentemente, tais casos existiram, mas eles são
generalizados c o m o</c>
family:Liberation Sans">uma experiência original de abstinência traumática, da qual
se derivam todas</c>
family:Liberation Sans">as relações bem constituídas. " T o d o g a r o t i n h o
que, d i a n t e da constatação da</c>
family:Liberation Sans">ausência de pênis na mãe, exibe um c o m p o r t a m e n t
o análogo consideravelmente complexo (que conclui que ser mulher significa ser
castrada e que, se a mulher</c>
family:Liberation Sans">que pode ser igualmente lido como uma realidade de privação
e de substituição.</c>
family:Liberation Sans">Na medida em que o sagrado perde o seu carisma p r o f u n
d a m e n t e carregado</c>
family:Liberation Sans">de sentido (e que envolvia o mercado), o mercado deve c a m
i n h a r com seus</c>
family:Liberation Sans">11 S. Freud, "Fecichismus", Studienausgabe,</c>
family:Liberation Sans">vol. III, p. 383.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>tanto praguejaram 1 4 , na transição da Idade Média p
a r a a m o d e r -</c>
family:Liberation Sans">de destilado". Antes de t u d o , foi uma imensa
experiência de privação que en-</c>
family:Liberation Sans">nidade, c o m o prova do crescimento da alegria de viver.
Isso p o d e significar</c>
family:Liberation Sans">gendrou u m novo p a d r ã o de c o m p o r t a m e n t o
social, que se d e n o m i n a vício,</c>
family:Liberation Sans">exatamente o contrário: que se hoje se tem mais festas é p
o r q u e o particular</c>
family:Liberation Sans">assim c o m o a ele correspondeu uma dinâmica sistemática
geral que foi deno-</c>
family:Liberation Sans">não mais possui a mesma força rebelde e entusiástica de t e
m p o s passados; que</c>
family:Liberation Sans">minada "crescimento econômico", sem que seu caráter
viciador fosse seriamen-</c>
family:Liberation Sans">o aumento de sua quantidade não significou simplesmente
mais diversão, mas</c>
family:Liberation Sans">te considerado.</c>
family:Liberation Sans">formadores</c>
family:Liberation Sans">sim sintoma de abstinência. Para muitos, a inflação festiva
n o limiar dessa época representa uma instintiva (certamente não consciente de si e
difícil de ser</c>
family:Liberation Sans">Mas esse caráter pode ser levado em conta quando, súbita,
viciosa e teoricamente, se lê a famosa observação do Manifesto</c>
family:Liberation Sans">comunista-.</c>
family:Liberation Sans">demonstrada empiricamente) formação de a n t i c o r p o s
d i a n t e da fragilizada</c>
family:Liberation Sans">força de ligação do sistema cristão de referência e de
relação. P o r é m é n o t ó r i o</c>
family:Liberation Sans">o fato de que as maiores expulsões de comunidades rurais,
realizadas violentamente do século XVI até o século XVIII, cujas pessoas f o r a m
d e p o s i t a d a s</c>
family:Liberation Sans">como massas amorfas nas cidades, raramente tiveram u m f u
n d o coletivo nos</c>
family:Liberation Sans">costumes festivos locais. A perda de tais costumes não teve
q u a l q u e r relação</c>
family:Liberation Sans">de equivalência com ateísmo, mas foi sim u m dos principais
pressupostos para</c>
family:Liberation Sans">A revolução progressiva da produção, o contínuo abalo de
todos os estados sociais, a perpétua insegurança e o movimento distinguem a época
burguesa de todas</c>
family:Liberation Sans">as outras. Todas as relações rígidas, com seu séquito de
idéias e convicções veneráveis,</c>
family:Liberation Sans">se dissolvem; todas essas arcaicas convicções são
remodeladas antes que se pudessem</c>
family:Liberation Sans">ossificar. Tudo que era sólido e consistente se desmancha
no ar, todo o sagrado se</c>
family:Liberation Sans">torna profano, e os seres humanos são pressionados a olhar
sua posição social e suas</c>
family:Liberation Sans">relações recíprocas com olhos sóbrios 16 .</c>
family:Liberation Sans">sua imensa propagação no século XIX, c o m o t a m b é m
para a p r o p a g a ç ã o da</c>
family:Liberation Sans">"epidemia de destilado".</c>
family:Liberation Sans">Evidentemente, "os olhos sóbrios" são aqui identificados
como uma metáfora,</c>
family:Liberation Sans">Foi diante da impressão de um consumo excessivo de a g u a
r d e n t e p o r parte</c>
family:Liberation Sans">pois, q u a n d o o olhar não é atrapalhado pela
dissimulação metafísica, as relações</c>
family:Liberation Sans">dos trabalhadores assalariados, para os quais o c o n s u m
o de ópio se apresenta-</c>
family:Liberation Sans">podem ser finalmente reconhecidas como elas de fato são, da
mesma forma como</c>
family:Liberation Sans">va, em muitas regiões, como excessivamente caro, que Marx p
ô d e formular sua</c>
family:Liberation Sans">elas p o d e m revolucionar para melhor. Mas pode-se t a m
b é m c o m p r e e n d e r o</c>
family:Liberation Sans">famosa metáfora da religião como o "ópio do povo". D e
certo m o d o , essa me-</c>
family:Liberation Sans">termo "sóbrio" literalmente. A privação de tudo aquilo que
era sólido, duradouro</c>
family:Liberation Sans">táfora perdeu o trem da história, ela não interessa ao t e
m p o n o qual a pobreza</c>
family:Liberation Sans">e venerável p r o d u z u m a sobriedade p r o f a n a e
sem compaixão. Esse período de</c>
family:Liberation Sans">não mais se afina com o apoio transmitido pela religião.
Pelo contrário, a "ab-</c>
family:Liberation Sans">inquietude, para o qual a privação se transfere, é u m
típico sintoma de absti-</c>
family:Liberation Sans">soluta" substância viciadora assume seu lugar e se
consubstancia com a indi-</c>
family:Liberation Sans">nência. Tal sobriedade não p o u p a n i n g u é m . E, em
geral, ela é suportável? D e</c>
family:Liberation Sans">ferença confessional ou mesmo com o ateísmo m a n i f e s t
o , de m a n e i r a q u e</c>
family:Liberation Sans">acordo com Engels, a resposta é negativa, ao menos em
relação à grande massa</c>
family:Liberation Sans">ocorre, antes de tudo, a seguinte reviravolta: a aguardente
e o ó p i o se transfor-</c>
family:Liberation Sans">de proletários. Eles necessitam de forças quase sobre-
humanas para suportar a</c>
family:Liberation Sans">mam na religião do povo. Essa nova religião d o p o v o é u
m a religião q u e se</c>
family:Liberation Sans">sua condição de vida sem aguardente. Tais forças sempre a c
o m p a n h a r a m , em</c>
family:Liberation Sans">codifica e se nega a si própria. O destilado, na sua
condição p r o f a n a , oculta e</c>
family:Liberation Sans">silêncio, t o d o o raciocínio de Marx e Engels concernente
à sua teoria social, na</c>
family:Liberation Sans">substitui o sagrado negado 15 . O álcool destilado p ô d e
existir p o r séculos sem</c>
family:Liberation Sans">expectativa de que elas produzissem uma revolução geral. Q
u a n d o os proletários</c>
family:Liberation Sans">que fosse considerado uma substância viciadora. E t a n t o
as privações pessoais</c>
family:Liberation Sans">quanto os golpes do destino não eram agentes provocadores
dc uma "epidemia</c>
family:Liberation Sans">toda a sociedade, p o r meio de seu trabalho assalariado
forçado, ou, p o r meio</c>
family:Liberation Sans">pudessem escolher entre reproduzir t a n t o sua miséria q
u a n t o de</c>
family:Liberation Sans">de um esforço coletivo, acabar com essa forma de sociedade
miserável, eles não</c>
family:Liberation Sans">14 " Q u e sc retirem todas as festas e se conserve
isoladamente o domingo", "pois se f a z e m o s uso i n d e v i d o da</c>
family:Liberation Sans">bebida e d o jogo. se somos ociosos e caímos em pecado,
irritamos a D e u s sc p r o c e d e m o s dessa f o r m a mais</c>
family:Liberation Sans">nos dias santos d o q u e nos o u t r o s dias". "E devem-
se, s o b r e t u d o , e l i m i n a r as festas de i n a u g u r a ç ã o d a
s</c>
family:Liberation Sans">igrejas, pois elas se t r a n s f o r m a r a m cm nada m e
n o s d o q u e verdadeiras tavernas, feiras anuais e j o g a t i n a s</c>
family:Liberation Sans">que apenas aumentam a desonra a Deus e a desgraça da alma"
( M . L u t e r o , An den christlichen Aclel deutscher</c>
family:Liberation Sans">N.ition — Von des christlichen Standes Besserung, 1520,
trad. alemã, Auseewáhlte Schriften [ Obras escolhidas].</c>
family:Liberation Sans">Berlim, 1916, p. 73).</c>
family:Liberation Sans">15 É p o r isso q u e o ópio p e r m a n e c e c o n t i n
u a m e n t e c o m o algo exótico. C f . \V. S c h i v e l b u s c h , Das</c>
family:Liberation Sans">teriam quaisquer dúvidas e escolheriam a segunda
alternativa.</c>
family:Liberation Sans">Sabe-se n o que essa esperança se t r a n s f o r m o u .
Mas isso não m u d a em nada</c>
family:Liberation Sans">o fato de q u e a m e n c i o n a d a citação d o
Manifesto</c>
family:Liberation Sans">comunista</c>
family:Liberation Sans">formula, de ma-</c>
family:Liberation Sans">neira insuperável, a condition ynoderne, aliás, mais
profética e p r o f u n d a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">Parodies...,</c>
family:Liberation Sans">16 K. M a r x e F. Engels, Manifest</c>
family:Liberation Sans">der Kommunistischen</c>
family:Liberation Sans">Parlei. M Ê W 4. Berlim 1977, p. 465.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>do que os próprios autores poderiam imaginar. O " c o
n t í n u o abalo de todos os</c>
family:Liberation Sans">a infalibilidade de suas teses para a condição de dogma tem
pouca confiança</c>
family:Liberation Sans">estados sociais, a perpétua insegurança e o movimento",
presentes em meados</c>
family:Liberation Sans">nas suas próprias teses. Ela confessa que seu conteúdo não
é suficientemente</c>
family:Liberation Sans">do século XIX, não distam t a n t o daquilo que a c o n t e
c e u p o s t e r i o r m e n t e , tal</c>
family:Liberation Sans">crível p a r a q u e possa p e r d u r a r e procede de
acordo com os lemas: § I — O</c>
family:Liberation Sans">como aquilo que ocorre nos dias de hoje. E a formulação de
que "finalmente se</c>
family:Liberation Sans">mestre tem sempre razão; § II — Se o mestre não tiver razão
em alguma ocasião,</c>
family:Liberation Sans">é pressionado" a olhar sua posição social "com olhos
sóbrios" remete à questão:</c>
family:Liberation Sans">então passa a tê-la. A religião proclama necessariamente
sua infalibilidade por-</c>
family:Liberation Sans">e se os afetados por essa situação não conseguissem mais
suportar tal pressão?</c>
family:Liberation Sans">que ela sente q u a n t o é equivocada, a exemplo de u m
socialismo que, ao afirmar</c>
family:Liberation Sans">Então se prepara o terreno para dois fenômenos que se
pertencem intimamente,</c>
family:Liberation Sans">ser "real para poder existir", já revela, em seu próprio
nome, que a realidade não</c>
family:Liberation Sans">se iluminam reciprocamente, e deveriam ser interpretados c
o m o códigos da</c>
family:Liberation Sans">oferece grande confiança. A descrença, que não é admitida
na força de convenci-</c>
family:Liberation Sans">condition modeme, ou como o par de gêmeos d o fetichismo m
o d e r n o : vício e</c>
family:Liberation Sans">m e n t o dos dogmas, e que se expressa na infalibilidade
do próprio dogma, cer-</c>
family:Liberation Sans">fundamentalismo.</c>
family:Liberation Sans">t a m e n t e se fez presente q u a n d o a cúria publicou,
seis anos antes do Syllabus</c>
family:Liberation Sans">errorum,</c>
family:Liberation Sans">u m a lista de 80 "equívocos" da religião, da ciência, da
política e da</c>
family:Liberation Sans">economia. Tais "equívocos" foram ensinamentos incompatíveis
com os cristãos</c>
family:Liberation Sans">Vício e f u n d a m e n t a l i s m o</c>
family:Liberation Sans">e que, p o r isso, não deveriam ser considerados
verdadeiros. Q u a n d o a crença</c>
family:Liberation Sans">proíbe, com o objetivo de permanecer crível, o debate com
idéias de pensadores</c>
family:Liberation Sans">Osfundamentos,</c>
family:Liberation Sans">esta foi a designação de toda série de escritos com os
quais os</c>
family:Liberation Sans">protestantes tradicionalistas inauguraram, n o início d o
século XX, uma campanha contra a teoria da evolução darwinista, ao mesmo t e m p o
em que insis-</c>
family:Liberation Sans">tais c o m o Kant, Marx, D a r w i n e Freud, ela já é de
antemão corroída pela descrença. Ela sabe que não tem essencialmente nada que possa
opor a tais mentes</c>
family:Liberation Sans">e, q u a n t o mais sabe disso, mais se aferra ao seu f u n
d a m e n t o inconsistente.</c>
family:Liberation Sans">tiram na exatidão literal da história da criação bíblica,
bem c o m o na crença</c>
family:Liberation Sans">Desde a sua origem, o fundamentalismo é, assim como o
vício, um fenôme-</c>
family:Liberation Sans">sem reservas nessa interpretação como pressuposto de alguém
se elevar à con-</c>
family:Liberation Sans">no c u j o perfil p o d e ser n i t i d a m e n t e
traçado. C o n t u d o , seu desenvolvimento</c>
family:Liberation Sans">dição de cristão. Desta forma, designou-se um f e n ô m e n
o que, certamente, era</c>
family:Liberation Sans">consiste na sua diluição. Entrementes, são utilizadas até
mesmo lideranças reli-</c>
family:Liberation Sans">mais antigo que o próprio objeto. A autossustentação n u m
o b j e t o de apoio</c>
family:Liberation Sans">giosas para a "Luta d o f u n d a m e n t a l i s m o " , m
e s m o q u a n d o sua mensagem é</c>
family:Liberation Sans">decorativo que é, na verdade, algo fraturado é exatamente a
f o r m a de reação</c>
family:Liberation Sans">essencialmente diferente disso. Ela é cuidadosamente
articulada à luz da crítica</c>
family:Liberation Sans">relativa à condition moderne que é identificada n o vício.
Vício é, p o r assim dizer,</c>
family:Liberation Sans">moderna da religião, q u a n d o toda certeza sobre a
existência de Deus, sua singu-</c>
family:Liberation Sans">uma crença que se alça sobre a base da descrença. O viciado
sabe que a substân-</c>
family:Liberation Sans">laridade ou pluralidade, sua maior ou menor participação
nos acontecimentos</c>
family:Liberation Sans">cia com a qual ele se agarra não fornece um apoio
verdadeiro, mas ele não tem</c>
family:Liberation Sans">mundiais ou sua vitória definitiva no dia do juízo final,
recebe u m a ferroada</c>
family:Liberation Sans">alternativa e nela se aferra. O seu organismo "crê" na
substância e não para de</c>
family:Liberation Sans">fundamentalista. Localiza-se nisso u m mérito probatório
incomparavelmente</c>
family:Liberation Sans">exigi-la, embora ele duvide de seu efeito redentor. O vício
t o r n a evidente a di-</c>
family:Liberation Sans">mais sufocante do que antes da modernidade, sem que sua
própria condição de</c>
family:Liberation Sans">mensão fisiológica da crença e da descrença, na qual elas p
o d e m controlar seu</c>
family:Liberation Sans">argumentação se tivesse t o r n a d o mais convincente. Mas
ela também foi trans-</c>
family:Liberation Sans">próprio "discurso" sem que haja uma única palavra
teológica, sem que os inte-</c>
family:Liberation Sans">formada. Após Marx, Nietzsche e Freud, ela soa mais rouca e
oca do que antes.</c>
family:Liberation Sans">ressados o relacionem com sua confissão mental, seja ela
ateia ou não. O vício</c>
family:Liberation Sans">Os críticos fiéis do f u n d a m e n t a l i s m o t a m b
é m se escandalizam menos diante</c>
family:Liberation Sans">tem a sua própria criptologia. Mas se suas artimanhas forem
descobertas, então</c>
family:Liberation Sans">de seus fundamentos,</c>
family:Liberation Sans">se reconhece tanto a estrutura do vício q u a n t o a
estrutura p r o f u n d a d o funda-</c>
family:Liberation Sans">comparação a q u a n d o estes eram defendidos aberta e
agressivamente. Em geral,</c>
family:Liberation Sans">mentalismo teológico explícito. E o extraordinário surge de
seus acontecimentos</c>
family:Liberation Sans">eles são cautelosamente praticados apenas na sua variante
"branda" e não fazem</c>
family:Liberation Sans">decisivos. Em 1870, o Concilio Vaticano I impôs-se um d o g
m a m e m o r á v e l :</c>
family:Liberation Sans">tempestade contra a crítica da Bíblia e da religião à
emancipação feminina e</c>
family:Liberation Sans">o papa é infalível quando, na condição de ex cathedra, p r
o c l a m a d e t e r m i n a -</c>
family:Liberation Sans">ao rock, respectivamente, mas sim controlam e defendem
ambas as questões,</c>
family:Liberation Sans">das doutrinas. Que crença ingênua e exagerada!, afirmam m u
i t o s contemporâ-</c>
family:Liberation Sans">desde que não prejudiquem seus p r ó p r i o s f u n d a m
e n t o s . De fato, aprendeu-se a</c>
family:Liberation Sans">neos revoltados. Mas, na verdade, ocorre o contrário. U m a
religião q u e eleva</c>
family:Liberation Sans">uivar com os lobos do esclarecimento; aprendeu-se a se
imunizar tanto contra o</c>
family:Liberation Sans">os quais são m e r a m e n t e d e n o m i n a d o s
"princípios", em</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>escárnio quanto contra os argumentos; aprendeu-se a,
d e p e n d e n d o da situação,</c>
family:Liberation Sans">se ocultar ou a se manifestar obstinadamente, a utilizar ou
a ignorar as conquistas</c>
family:Liberation Sans">da crítica moderna. O f u n d a m e n t a l i s m o b r a n
d o dificilmente se deixa agarrar</c>
family:Liberation Sans">com firmeza; ele é duro na sua maleável ilegibiÜdade 17 .
Mas ambos os adjetivos</c>
family:Liberation Sans">se pertencem, se neutralizam e se apoiam reciprocamente. A
crença fossilizada,</c>
family:Liberation Sans">que reage apenas alergicamente ao esclarecimento, excita o
desejo para formas</c>
family:Liberation Sans">um papel semelhante ao representado hoje pela aspirina. Ele
teve um lugar fixo na</c>
family:Liberation Sans">farmácia da casa. O médico familiar o receitou como nenhum
outro medicamento</c>
family:Liberation Sans">[...] Ele foi mais do que parte integrante da vida da
classe trabalhadora. Marx, que</c>
family:Liberation Sans">cunhou a expressão da religião como o ópio do povo, sabia
muito bem que, na sua</c>
family:Liberation Sans">época, o povo gostava de ópio. Tal como nos distritos
fabris ingleses, também nos</c>
family:Liberation Sans">distritos agrícolas se expande diariamente o consumo de
ópio entre os trabalhadores</c>
family:Liberation Sans">e trabalhadoras adultos 18 .</c>
family:Liberation Sans">de crenças abertas e tolerantes. Porém u m a crença q u e
sempre cede de forma</c>
family:Liberation Sans">tolerante, quando, na verdade, se deseja agarrá-la com
firmeza, desperta novamente a necessidade de acreditar sem que haja meandros,
discussão e perdão. E</c>
family:Liberation Sans">a condition moderne, "o contínuo abalo de todos os estados
sociais", t a m b é m não</c>
family:Liberation Sans">parou diante do fundamentalismo. H á tempos que ele não é
mais palpável, pelo</c>
family:Liberation Sans">contrário, transformou-se n u m a variação de si próprio, p
e n d e para cá e para lá,</c>
family:Liberation Sans">entre a obstinação e a pancada, e permite jogar as mais
diferentes formas u m a na</c>
family:Liberation Sans">outra e uma contra a outra. Essa sua "lei de movimento",
tal c o m o ela p o d e ser</c>
family:Liberation Sans">denominada por meio de um conceito marxiano, de f o r m a
alguma se l i m i t o u</c>
family:Liberation Sans">ao cristianismo, pois, pelo contrário, propagou-se ao
judaísmo, ao islamismo</c>
family:Liberation Sans">e ao hinduísmo, mas o fez externamente em relação a estes
últimos, e isso faz</c>
family:Liberation Sans">Este foi um fato rapidamente esquecido,</c>
family:Liberation Sans">em vista da conhecida realidade de que a vanguarda
artística e literária do mesmo</c>
family:Liberation Sans">período consumia ópio de forma abundante, assim como
haxixe, que foi, nesse período histórico, uma droga usada de forma restrita. De
Quincey, Coleridge, Poe,</c>
family:Liberation Sans">Baudelaire, Nerval, Théophile Gautier, só para citar os
mais conhecidos, foram notórios apreciadores de ópio e haxixe. O "clube do haxixe"
de Paris destacou, na sua</c>
family:Liberation Sans">programação, a equação entre a produção literária e a
apreciação de drogas. [...] Vida</c>
family:Liberation Sans">e obra devem tornar-se uma só, elas devem ser radicalmente
separadas do crescente e</c>
family:Liberation Sans">repugnantemente vivenciado mundo burguês 19 .</c>
family:Liberation Sans">uma diferença decisiva. Q u a n d o , pela primeira vez, o
"sólido e o consistente</c>
family:Liberation Sans">se desmancharam no ar", isso significou um assunto i n t e
r n o da o r d e m feudal</c>
family:Liberation Sans">Se os n o t o r i a m e n t e desiguais ópio e haxixe são
considerados mais opor-</c>
family:Liberation Sans">cristã. A ruína dos cristãos foi c o m o que caseira, os
mesmos cristãos que não</c>
family:Liberation Sans">t u n o s d o que o álcool, isso se deve ao fato de que
ambos p o d e m exercer uma</c>
family:Liberation Sans">previram a forma como eles patrocinaram decisivamente o a u
t o s s o l a p a m e n t o</c>
family:Liberation Sans">estimulação especificamente desencadeadora de
fantasia.</c>
family:Liberation Sans">do Ocidente. Mas, quando a condition moderne invadiu as
terras localizadas fora</c>
family:Liberation Sans">E então eles foram, via de regra, c o m o fetiches, ao
encontro de uma geração</c>
family:Liberation Sans">da Europa, ela lavrou terrenos, estrutura social e vida
interior, e fez isso com um</c>
family:Liberation Sans">de artistas e literatos (os quais foram jogados para fora
dos trilhos da classe</c>
family:Liberation Sans">exotismo devastador que nunca havia sido familiar e nem
sequer experimentado,</c>
family:Liberation Sans">burguesa ou d a ideologia, p o r meio da violência da
Revolução Industrial),</c>
family:Liberation Sans">de forma imediata, pelos habitantes da Europa central. Tais
habitantes viven-</c>
family:Liberation Sans">sendo que estes não foram apenas absorvidos, como também
derrotados, de modo</c>
family:Liberation Sans">ciaram seu eco cada vez mais violentamente, o m e s m o eco
q u e se faz presente</c>
family:Liberation Sans">que u m culto religioso circunda todas as associações para
as quais a condition</c>
family:Liberation Sans">no exotismo arcaico com o qual grupos militantes, c o m o o
Talibã, rechaçam</c>
family:Liberation Sans">moderne excomungou as drogas e seus apreciadores.</c>
family:Liberation Sans">a cultura ocidental, ou na ressonância que o p e n s a m e
n t o de u m a guerra santa</c>
family:Liberation Sans">contra o Ocidente em n o m e do Oriente e n c o n t r a tal
c o m o dantes.</c>
family:Liberation Sans">A decorrida forma de fundamentalismo teológico tem sua
correspondência</c>
family:Liberation Sans">exata na forma fisiológica d o vício. T a m b é m aqui se
observa, desde o início,</c>
family:Liberation Sans">um "rígido" modelo básico: "a epidemia de destilado". É
evidente q u e o álcool</c>
family:Liberation Sans">destilado não permaneceu na condição de única substância
viciadora, pois o</c>
family:Liberation Sans">poderoso ópio seguiu os seus passos. Tal c o m o o álcool,
o ó p i o c o m e ç o u sua</c>
family:Liberation Sans">Ópio, ó terrível agente de inimagináveis prazeres e dores!
Havia ouvido falar</c>
family:Liberation Sans">dele como de "maná" ou "ambrosia", mas nada mais além
disso. Que som sem significado era essa palavra naquele tempo, e que acordes
sonoros ela faz soar agora em</c>
family:Liberation Sans">meu coração! [...] Eu o tomei e, dentro de uma hora, oh
céus! Que revolução! Que</c>
family:Liberation Sans">ascensão dos mais profundos abismos do meu espírito! Um
apocalipse do mundo</c>
family:Liberation Sans">dentro de mim! O ter-me aliviado das minhas dores era agora
insignificante diante</c>
family:Liberation Sans">dos meus olhos: todo aspecto negativo foi tragado pela
intensidade daqueles efeitos</c>
family:Liberation Sans">carreira como calmante e analgésico e representou, até o
início d o século XIX,</c>
family:Liberation Sans">17 Este assunto foi m i n u c i o s a m e n t e tratado em
C . Türcke. Kdssensturz</c>
family:Liberation Sans">— Zur Lage der Vteologie.</c>
family:Liberation Sans">Frankfurt,</c>
family:Liberation Sans">18 W . Schivelbusch, Das Parodies..., p. 217.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>positivos que se abriram diante de mim, no abismo da
alegria então repentinamente</c>
family:Liberation Sans">revelada [...] aqui estava o segredo da felicidade sobre a
qual os filósofos haviam discutido durante tantos anos. A felicidade podia agora
ser comprada com uma moeda</c>
family:Liberation Sans">e carregada no bolso do casaco: êxtases portáveis poderiam
ser engarrafados e a paz</c>
family:Liberation Sans">de espírito poderia ser remetida em galões pela diligência
do correio' 0 .</c>
family:Liberation Sans">v ã m e n t e h u m a n o s , n u m m u n d o destituído de
paraísos, fornece c o m o que a</c>
family:Liberation Sans">radiografia de cada f u n d a m e n t a l i s m o teológico
que se empenha em teoremas</c>
family:Liberation Sans">cuja insustentabilidade lhe é bem familiar 2 2 .</c>
family:Liberation Sans">A camada de verniz poética, que se coloca sobre o ópio e o
haxixe, não deve</c>
family:Liberation Sans">provocar o engano de que eles são tratados cotidianamente
conforme o prosaico</c>
family:Liberation Sans">exemplo d o álcool, ou seja, de que eles são tratados com a
intenção de destilar</c>
family:Liberation Sans">Mas ele sabe, e por isso escreve, que uma felicidade q u e
p o d e ser c o m p r a d a</c>
family:Liberation Sans">concentrados. " C o m a vitória da morfina (1817) e da
heroína (1874) sobre o ópio</c>
family:Liberation Sans">por um preço irrisório p o d e muito bem significar n e n h
u m a . A glorificação d o</c>
family:Liberation Sans">ocorre, n o cenário das drogas, algo semelhante ao papel do
destilado no cenário</c>
family:Liberation Sans">ópio é, para De Quincey, meramente o lado reverso da
descrição do sofrimento</c>
family:Liberation Sans">da bebida: uma multiplicação da eficácia tóxica com
consideráveis conseqüências</c>
family:Liberation Sans">que ele padeceu logo que se tornou viciado. As confissões
de um inglês</c>
family:Liberation Sans">consumidor</c>
family:Liberation Sans">sociais" 23 . A vitória da cocaína sobre as folhas de coca
t a m b é m é um p r o d u t o</c>
family:Liberation Sans">de ópio são um ato de desespero literário, uma tentativa de
descrever o sofrimen-</c>
family:Liberation Sans">do século XIX. C a d a vez mais as drogas concentradas,
pelas quais se erige um</c>
family:Liberation Sans">to da alma a fim de exorcizá-lo, a partir d o m o m e n t o
em que ele adquire u m a</c>
family:Liberation Sans">modelo de comportamento, a exemplo da epidemia de
destilado, se transformam</c>
family:Liberation Sans">existência literária. Não obstante, o livro p ô d e ser
lido p o r seus simpatizantes,</c>
family:Liberation Sans">naquilo q u e d e n o m i n a m o s vício: "entrega-se,
aconteça seja lá o que for, a uma</c>
family:Liberation Sans">particularmente Baudelaire, como um novo gênero literário.
O ópio e o haxixe</c>
family:Liberation Sans">fixação emocional que se expressa na forma de u m c o m p o
r t a m e n t o estereo-</c>
family:Liberation Sans">não são apenas identificados c o m o válvulas de escape d o
c o t i d i a n o , mas sim</c>
family:Liberation Sans">tipado de grande intensidade pulsional e é, por isso,
racionalmente soberana</c>
family:Liberation Sans">como parte integrante de um p r o j e t o de vida estético.
Este foi, e m s e n t i d o</c>
family:Liberation Sans">(ao menos p o r um t e m p o determinado), de m o d o que
todos os outros valores</c>
family:Liberation Sans">literal, o artifício, a chance para que o meio de e n t o r
p e c i m e n t o , suas origens</c>
family:Liberation Sans">e atividades são colocados em segundo plano" 2 '. U m a vez
instalado tal padrão</c>
family:Liberation Sans">e efeitos (para os quais o proletariado não teve voz
alguma) adquirissem u m a</c>
family:Liberation Sans">de c o m p o r t a m e n t o , ocorre algo semelhante com o
caso do f u n d a m e n t a l i s m o</c>
family:Liberation Sans">expressão saturada de experiência. E da incomensurável
necessidade foi feita</c>
family:Liberation Sans">teológico, pois ele perde seu c o n t o r n o nítido, ele
se dilui, se transforma n u m a</c>
family:Liberation Sans">uma virtude solitária. É claro que, para Baudelaire, esta é
u m a "má" virtude,</c>
family:Liberation Sans">variação de si mesmo. Esse padrão deve ser
impreterivelmente essa substância? Ora,</c>
family:Liberation Sans">tal como foi exposta no seu livro As flores do mal., e isso
n u m d u p l o sentido.</c>
family:Liberation Sans">uma outra t a m b é m o é. Ele deve ser um concentrado
puro? Parece que não, pois</c>
family:Liberation Sans">Os paraísos artificiais, para os quais o ópio e o haxixe c
o n d u z e m , têm, p o r um</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m se dilui. Talvez ele nem sequer seja uma droga.
O tipo de concentração</c>
family:Liberation Sans">lado, uma inexprimível raiz no p r o i b i d o que p e r m
i t e p o n d e r a r os paraísos</c>
family:Liberation Sans">fetichista, que é praticada nas drogas concentradas, também
pode ser transferido</c>
family:Liberation Sans">como teologicamente corretos. Por o u t r o lado, tais
paraísos possuem o sub-</c>
family:Liberation Sans">para o c o n s u m o de amendoins, hobbies, qualquer o u t
r o meio de obter prazer</c>
family:Liberation Sans">solo melancolicamente p r o f u n d o do s e n t i m e n t
o seguro de que, n o meio de</c>
family:Liberation Sans">ou quaisquer outras formas de c o m p o r t a m e n t o . E
isso tem t u d o a ver com a</c>
family:Liberation Sans">sua felicidade, o indivíduo se encontra i n f i n i t a m e
n t e solitário. Desde o prin-</c>
family:Liberation Sans">lógica de desenvolvimento d o vício, quando seu padrão
básico varia de múltiplas</c>
family:Liberation Sans">cípio eles são diabolicamente concebidos, exatamente c o m
o isso foi expresso</c>
family:Liberation Sans">formas e se t o r n a irreconhecível. O vício de comer cada
vez mais, o vício de</c>
family:Liberation Sans">na Ladainha</c>
family:Liberation Sans">de Satã: " Ó rei do exílio que se cobre com vergonha, e que
vence,</c>
family:Liberation Sans">emagrecer, o vício de jogar, de trabalhar, de fazer sexo,
de amar, são, há tempos,</c>
family:Liberation Sans">cheio de obstinação, quando levanta a cabeça apenas um p o
u c o mais alto. Satã,</c>
family:Liberation Sans">objetos de pesquisas científicas correntes. Mas continuará
infrutífero o esforço</c>
family:Liberation Sans">compadeça-se com a minha p r o f u n d a necessidade!" 2
1 . O m u n d o do ópio e d o</c>
family:Liberation Sans">haxixe é esse exílio. Este é um m u n d o de sensação
absoluta: o c o m p l e t o , isolado e desesperançoso deleite da felicidade na f o
r m a de seu fugaz substituto.</c>
family:Liberation Sans">O insistir obstinado em antiparaísos artificiais, c o m o
sendo paraísos exclusi-</c>
family:Liberation Sans">20 fliomas dc Quincey. Bekenntnisse ei>ies englisehen
Opiumessers. Berlim, s.d., p. 48. C f . idem. Confissões de</c>
family:Liberation Sans">um comedor de ópio. Trad. Ibanez Filho. P o r t o Alegre: L
& P M . 2001.</c>
family:Liberation Sans">21 C h . Baudelaire, Die Blumen</c>
family:Liberation Sans">s.d., vol. 6, p. 261.</c>
family:Liberation Sans">des Bósen. Trad. Tli. R o b i n s o n , Ges.
Schrifien</c>
family:Liberation Sans">[Obras completas].</c>
family:Liberation Sans">Kempten,</c>
family:Liberation Sans">22 A diabólica exposição estética baudelairiana d o f u n d
a m e n t a l i s m o teológico, a i n d a que f o r m u l a d a aprop r i a d a m
e n t e , c e r t a m e n t e n ã o se c o n f u n d e com cada "estetização da
religião", que foi d e n o m i n a d a p o r</c>
family:Liberation Sans">Stefan Breuer c o m o " f u n d a m e n t a l i s m o
estético" e analisada, p r i n c i p a l m e n t e , p o r Stefan G e o r g e c o m
o a</c>
family:Liberation Sans">c r e n ç a n o "santificado p o r excelência". E isso não
*por causa de seu c o n t e ú d o específico" mas sim em</c>
family:Liberation Sans">f u n ç ã o das sensações q u e suscitam o santificado,
tais c o m o o s e n t i m e n t o d e respeito, a c o m o ç ã o apreensiva, o a c
a n h a m e n t o d i a n t e d o sublime, o entusiasmo pelo t o d o , d o qual
resulta, no e n t a n t o , o espírito de</c>
family:Liberation Sans">a b n e g a ç ã o e de favor" (S. Breuer, Àstbetischer
Fundamentalismus</c>
family:Liberation Sans">— Stefan George und der deutsche Antimodernismus.</c>
family:Liberation Sans">D a r m s t a d t , 1995, p. 3).</c>
family:Liberation Sans">2 3 \V. Schivelbusch. Das Paradies.... p. 225.</c>
family:Liberation Sans">24 S. Schcercr, Drogen...,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>de discernir quais fenômenos p o d e m ser
classificados c o m o vícios e quais não</c>
family:Liberation Sans">siasmar-se para algo, são aspirações legítimas da natureza
h u m a n a . Nós pode-</c>
family:Liberation Sans">podem enquanto eles não forem c o m p r e e n d i d o s c o
m o sintomas de diluição</c>
family:Liberation Sans">mos, e devemos, c o n c e d e r a essa necessidade a
satisfação de uma qualidade</c>
family:Liberation Sans">de seu padrão básico, e n q u a n t o não se estiver atento
ao processo histórico de</c>
family:Liberation Sans">artística cada vez mais apurada e, ao mesmo tempo, fornecer
a diversão c o m o</c>
family:Liberation Sans">diluição que se livra do nítido e evidente c o m p o r t a
m e n t o de vício, assim c o m o</c>
family:Liberation Sans">ferramenta da educação coletiva, sem tutela pedagógica, sem
que se faça a in-</c>
family:Liberation Sans">de tudo que se encontra "parado" e q u e é pulverizado n o
m o i n h o da</c>
family:Liberation Sans">condition</c>
family:Liberation Sans">conveniente c o n d u ç ã o aos trilhos da verdade. A mais
i m p o r t a n t e ferramenta,</c>
family:Liberation Sans">moderne. Para falar de drogas, pesadas ou não, é u s u a l
m e n t e c o m u m , e útil,</c>
family:Liberation Sans">em relação a todas as outras, p o d e ser, atualmente, o
cinema". E l e ' e uma ferra-</c>
family:Liberation Sans">diferenciar os concentrados, ou seja, aqueles que
prejudicam perigosamente a</c>
family:Liberation Sans">menta que se impõe por si própria: o melhor instrumento da
propaganda — da</c>
family:Liberation Sans">saúde e a posse das faculdades mentais e os que p r o p o r
c i o n a m u m m o d e r a d o</c>
family:Liberation Sans">p r o p a g a n d a técnica, cultural, relativa à produção,
antialcoólica, sanitária, po-</c>
family:Liberation Sans">prazer e são, em geral, inofensivos. Da mesma forma, é
sensato distinguir entre</c>
family:Liberation Sans">lítica, em geral ao alcance de todos, atraente, além de se
fixar na memória — e,</c>
family:Liberation Sans">o vício forte e o brando, assim c o m o é sensato
diferenciar o f u n d a m e n t a l i s m o</c>
family:Liberation Sans">eventualmente, u m a coisa rentável. Q u a n d o o cinema
se torna atraente e di-</c>
family:Liberation Sans">brando do radical. SÓ se fixa no vício, tal c o m o n o
discurso f u n d a m e n t a l i s t a ,</c>
family:Liberation Sans">vertido, ele concorre, consequentemente, com a economia e
com o botequim".</c>
family:Liberation Sans">quem tem uma cabeça limpa. Apenas por meio das radicais f o
r m a s originais,</c>
family:Liberation Sans">Mas "o cinema concorre não apenas com o botequim, corno
também com a igreja".</c>
family:Liberation Sans">as quais já são, em parte, ultrapassadas, deixa-se iluminar
aquilo que se obscu-</c>
family:Liberation Sans">"Não se f r e q ü e n t a a igreja por causa da
religiosidade, pois a igreja é iluminada,</c>
family:Liberation Sans">rece nas formas atuais de vício e, respectivamente, de f u
n d a m e n t a l i s m o q u e</c>
family:Liberation Sans">bela, muitas pessoas lá se e n c o n t r a m e cantam. Esta
é t o d a uma série de m o -</c>
family:Liberation Sans">se tornaram cada vez mais difusas e fugazes. E é à luz de
tal r e t o r n o que p o d e</c>
family:Liberation Sans">m e n t o s públicos e esteticamente atraentes que não são
oferecidos nem na fá-</c>
family:Liberation Sans">tornar-se profícua a produção específica de cada pesquisa
empírica que identifica</c>
family:Liberation Sans">brica, n e m na família e nem na vida cotidiana. " 0
elemento da distração, da</c>
family:Liberation Sans">determinadas experiências traumáticas, distúrbios
psicossexuais ou ambientes</c>
family:Liberation Sans">também surgir os limites de tal pesquisa. Ela p o d e nem
dizer o q u e é vício, e</c>
family:Liberation Sans">diversão, do entretenimento, desempenha um papel colossal
na cerimônia religiosa. A igreja age, por meio de métodos teatrais, no olhar, na
audição, no oljato (por</c>
family:Liberation Sans">meio do incenso!) e, através destes, produz efeito na
capacidade imaginativa". A</c>
family:Liberation Sans">nem o m o d o como seus padrões básicos se originaram, mas
apenas c o m o esses</c>
family:Liberation Sans">p r o p a g a n d a antirreligiosa não é suficientemente
poderosa para p o d e r libertar</c>
family:Liberation Sans">padrões, quando eles já são cultivados e socialmente
praticados, exercem força de</c>
family:Liberation Sans">a g r a n d e massa d o cerimonial, da religiosidade da
vida c o t i d i a n a . E, então,</c>
family:Liberation Sans">atração sobre determinadas disposições psicossociais que
são, p o r isso mesmo,</c>
family:Liberation Sans">nosso p e n s a m e n t o é naturalmente direcionado para a
ferramenta mais podero-</c>
family:Liberation Sans">posteriormente especificadas, modificadas e
diferenciadas.</c>
family:Liberation Sans">sa, p o r q u e democrática, da teatralidade: o cinema. Ele
"liberta da necessidade de</c>
family:Liberation Sans">com tendências significativas para d e t e r m i n a d o s
tipos de vício. Mas p o d e m</c>
family:Liberation Sans">estar sob influência da igreja. O cinema é o g r a n d e c
o n c o r r e n t e não apenas</c>
family:Liberation Sans">d o b o t e q u i m , c o m o t a m b é m da igreja' 2 5 .
Esse texto é u m a pérola, pois ele é</c>
family:Liberation Sans">Igreja - Aguardente - C i n e m a</c>
family:Liberation Sans">muito mais revelador do q u e se propõe. Ele demonstra que
os três concorrentes, os quais e x t e r n a m e n t e se colocam um contra o
outro, se relevam intimam e n t e ligados. Todos os três distraem, divertem e
entretêm. A esse respeito,</c>
family:Liberation Sans">O que é o vício? Talvez uma teoria do fetichismo possa
responder essa questão,</c>
family:Liberation Sans">pois ela coloca o sintoma de abstinência e a formação
substitutiva no c o n t e x t o</c>
family:Liberation Sans">ao qual eles pertencem: o teológico. S u r p r e e n d e n
t e m e n t e , foi u m revolucionário russo quem esboçou esse contexto em alguns
traços e que, n u m p e q u e n o</c>
family:Liberation Sans">escrito dedicado meramente a uma tática política,
acidentalmente f o r n e c e u a</c>
family:Liberation Sans">tríade que compõe a fórmula do fetichismo moderno:
aguardente — igreja — ci-</c>
family:Liberation Sans">cada u m deles p o d e colocar-se n o lugar d o o u t r o ,
assim c o m o a santíssima</c>
family:Liberation Sans">trindade. Sabe-se que o cristianismo a concebeu de forma
que cada uma das</c>
family:Liberation Sans">três personagens se distinguiu das outras com as quais se
liga — Deus é sempre</c>
family:Liberation Sans">pai e nunca filho e nem espírito santo, o filho nunca é pai
ou espírito santo, o</c>
family:Liberation Sans">espírito santo nunca é pai ou filho —, sem que a personagem
isolada fosse, por</c>
family:Liberation Sans">isso, m e r a m e n t e u m terceiro deus. Cada uma é
totalmente Deus 2 6 . Essa relação</c>
family:Liberation Sans">nema. O autor se chama Trótski. "Só após a conquista d o p
o d e r por m e i o da</c>
family:Liberation Sans">classe trabalhadora, que se transforma no construtor armado
da nova economia,</c>
family:Liberation Sans">a luta estatal contra o alcoolismo recebe o seu significado
histórico, no sentido</c>
family:Liberation Sans">do esclarecimento cultural e da proibição d o álcool". " O
esforçar-se, o e n t u -</c>
family:Liberation Sans">2 5 L. T r ó t s k i . " S c h n a p s , K i r c h c u n d
Kino", in Beriiner F i l k u n s h a u s Babylon (ed.), Film. Auge — Faust —
</c>
family:Liberation Sans">S p r a c h e , p. 66.</c>
family:Liberation Sans">2 6 Cf. A. A u g u s t i n u s , De Trinitnte,</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">1. 5, 8; 6 , 9
.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>de correspondência t a m b é m é válida para a
aguardente, a igreja e o cinema.</c>
family:Liberation Sans">Cada u m dos três é apenas ele próprio e nunca um dos
outros dois e, c o n t u d o ,</c>
family:Liberation Sans">cada um deles é também o poder total, indiviso e c o n c e
n t r a d o de distrair, divertir e entreter. É nesse aspecto que Trótski
identifica a grande chance d o cinema. Entretanto, neste m o m e n t o , não há
mais analogia com a t r i n d a d e cristã</c>
family:Liberation Sans">em virtude de uma súbita e diabólica intenção oculta: o
cinema só é m e l h o r</c>
family:Liberation Sans">que a aguardente e a religião, c o n q u a n t o ele se t r
a n s f o r m e na m e l h o r aguardente e na melhor religião. Q u a n d o Marx c
u n h o u a expressão "ópio d o povo"</c>
family:Liberation Sans">isso ressoou da seguinte forma: q u a n d o as relações
miseráveis fossem transformadas, ninguém mais teria necessidade de se drogar. A
vida seria prazerosa e</c>
family:Liberation Sans">livre, livre t a m b é m das drogas, pois elas são meros
sucedâneos da felicidade.</c>
family:Liberation Sans">Uma tal liberdade já não é mais prometida pelo político
socialista real Trótski,</c>
family:Liberation Sans">uma vez que ele a substitui por um credo antropológico: "A
necessidade de o</c>
family:Liberation Sans">partir d o m o m e n t o em que a paixão em relação ao
cinema desejou meramente</c>
family:Liberation Sans">participar d o destino corrente de pessoas c o m o eu e
você e ocultou a sutileza</c>
family:Liberation Sans">messiânica. C e r t a m e n t e , o cinema oferece uma
sensação final redentora da</c>
family:Liberation Sans">mesma forma que a aguardente. Mas que ambos a sugerem, por
um m o m e n t o</c>
family:Liberation Sans">mais breve ou mais duradouro, é algo que também sai do
campo visual, restando apenas u m cálculo politicamente pragmático: sem sugestão
não há dominação, mas t a m b é m não ocorre a revolução. Então t u d o depende da
escolha</c>
family:Liberation Sans">d o meio c o r r e t o de sugestão: ele não p o d e ser o
meio embriagador do álcool</c>
family:Liberation Sans">ou da cerimônia religiosa impregnada de incenso, mas é
aquele que, por meio</c>
family:Liberation Sans">de seu imperativo categórico "olhe para cá", não apenas age
de forma mais sugestiva d o que os outros dois, como também possibilita a
propaganda "correta"</c>
family:Liberation Sans">que esclarece ao proletariado sobre sua situação social e
lhe imputa sua tarefa</c>
family:Liberation Sans">histórica.</c>
family:Liberation Sans">ser humano ter contato com o teatral, ou seja, para ver e
ouvir algo que o con-</c>
family:Liberation Sans">N o capítulo anterior, o c h o q u e imagético revelou-se c
o m o algo eminen-</c>
family:Liberation Sans">duza para o incomum, para o deslumbrante, para fora da m o
n o t o n i a da vida,</c>
family:Liberation Sans">t e m e n t e teológico, ou seja, c o m o sensação do
sagrado q u a n d o se generalizou</c>
family:Liberation Sans">é enorme, insaciável e se faz presente desde a infância até
a velhice" 2 ". Igreja,</c>
family:Liberation Sans">e se inflacionou até se tornar indecifrável. Neste
capítulo, mostrou-se o vício</c>
family:Liberation Sans">botequim e cinema oferecem isso de diversas formas, mas
eles o fazem neste</c>
family:Liberation Sans">c o m o um f e n ô m e n o de c u n h o fundamentalista m u
i t o p r o f u n d o e, p o r t a n t o ,</c>
family:Liberation Sans">mundo. É notável a sutileza messiânica que aqui passa
desapercebida pelo judeu</c>
family:Liberation Sans">não m e n o s teológico; c o m o uma peça lateral que
penetra até nas vísceras de</c>
family:Liberation Sans">Trótski. "Aquilo que n e n h u m olho viu e n e n h u m
ouvido escutou foi prepara-</c>
family:Liberation Sans">cada sensação absoluta que o choque imagético administra.
Então Trótski junta</c>
family:Liberation Sans">do por Deus para aqueles que o amam" 2 8 , diz o apóstolo
Paulo. Já Trótski diria</c>
family:Liberation Sans">aguardente e cinema — num propósito propagandístico, sem o
menor escrúpulo</c>
family:Liberation Sans">a segunda parte dessa frase da seguinte maneira: "o cinema
prepara o i n a u d i t o</c>
family:Liberation Sans">(de m o d o que t a m b é m a propaganda "correta" p o d e
ser lavagem cerebral), sem</c>
family:Liberation Sans">para aqueles que o freqüentam". O u em suas próprias
palavras: "Apaixão</c>
family:Liberation Sans">em</c>
family:Liberation Sans">a m e n o r preocupação se a necessidade do deslumbrante é
condição h u m a n a ou</c>
family:Liberation Sans">relação ao cinema se localiza no empenho de promover
distração, de ver algo novo,</c>
family:Liberation Sans">mera d e f o r m a ç ã o m o d e r n a — por meio da
religiosidade que se e n c o n t r a em</c>
family:Liberation Sans">algo que nunca existiu . Seus freqüentadores p r o c u r a
m o i n c o m u m e o deslum-</c>
family:Liberation Sans">ambos, e faz isso com grande perícia. A tríade de sua
fórmula é grosseira, mas</c>
family:Liberation Sans">brante não meramente porque algo tenha essas
características, mas sim p o r q u e</c>
family:Liberation Sans">extraordinariamente clara. C o m u m só golpe, transforma
vício em f e n ô m e n o</c>
family:Liberation Sans">eles possibilitam fazer com que se saia dos trilhos da
mesmice opaca, u m a vez</c>
family:Liberation Sans">sensacional, a sensação é r e c o n h e c i d a c o m o f e
n ô m e n o viciador e ambos se</c>
family:Liberation Sans">que rompem a limitação, a algema, o cárcere da experiência
cotidiana. Anseia-</c>
family:Liberation Sans">t o r n a m decifráveis c o m o manifestações de u m
idêntico: do sagrado inflacio-</c>
family:Liberation Sans">se pelo redentor naquilo que deslumbra: u m algo que
satisfaça t o d o o sistema</c>
family:Liberation Sans">n a d o p o r meio da técnica m o d e r n a . Isso se torna
manifesto eletronicamente</c>
family:Liberation Sans">nervoso; um tipo de sensação messiânica final. Esta é u m a
perspectiva q u e</c>
family:Liberation Sans">n o c h o q u e imagético e t e c n i c a m e n t e n a
destilação das drogas pesadas, de</c>
family:Liberation Sans">imediatamente tonteia Trótski. N o meio da frase, o ateu
Trótski recua assustado</c>
family:Liberation Sans">m o d o q u e a ingestão de drogas se revela c o m o o
equivalente d a percepção</c>
family:Liberation Sans">diante do judeu Trótski. N o m o m e n t o em que ele ainda
mencionava o e m p e n h o</c>
family:Liberation Sans">de c h o q u e s audiovisuais.</c>
family:Liberation Sans">"de ver algo novo e que nunca existiu", ele prossegue: "com
o p r o p ó s i t o de rir</c>
family:Liberation Sans">e chorar, não da própria infelicidade, mas sim da alheia 29
. Mas o novo, o nunca</c>
family:Liberation Sans">antes visto é imediata e n o v a m e n t e r e d u z i d o
ao já há m u i t o c o n h e c i d o , a</c>
family:Liberation Sans">27 L. Trótski, Schnaps..., p. 66.</c>
family:Liberation Sans">28 I Corintios 2,9.</c>
family:Liberation Sans">29 L. Trótski, Schnaps..., p. 66.</c>
family:Liberation Sans">O destilado acaba com a tradicional cultura do beber [...]
Enquanto a cervcja</c>
family:Liberation Sans">e o vinho eram consumidos em tragos e o processo de
embriaguez era mais gradativo,</c>
family:Liberation Sans">o copo de bebida destilada é rapidamente virado e o frenesi
é, por assim dizer, uma</c>
family:Liberation Sans">conseqüência imediata. O destilado representa um processo
de aceleração do frenesi</c>
family:Liberation Sans">que se vincula internamente a outros processos de
aceleração da modernidade. [...]</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>A maximização do efeito, a aceleração e a redução do
preço fazem do destilado um</c>
family:Liberation Sans">filho genuíno da Revolução Industrial. O destilado é, na
esfera do beber, aquilo que</c>
family:Liberation Sans">dificilmente se percebe o corte feito entre elas, pois não
cessam nem a mudança</c>
family:Liberation Sans">a cadeira de tear mecânica é para a tecelagem 30 .</c>
family:Liberation Sans">Mas e n q u a n t o Eisenstein tinha a intenção de golpear
o capital, por meio da</c>
family:Liberation Sans">de cenário e das regulagens, e nem a violenta e tátil
penetração no espectador.</c>
family:Liberation Sans">p r o p a g a n d a — " O filme soviético deve martelar o
crânio" ou atuar como "um</c>
family:Liberation Sans">Também nesse aspecto as drogas pesadas seguiram o e x e m p
l o da bebida</c>
family:Liberation Sans">trator que ara a psique d o espectador n o sentido de uma
desejada perspectiva de</c>
family:Liberation Sans">destilada. Até mesmo no gesto da aplicação elas m o s t r a
m que têm esse efeito</c>
family:Liberation Sans">classe" 33 — , Benjamin já considerava o sensório que deve
preparar as imagens</c>
family:Liberation Sans">brusco. Aquilo que o virar é para o aguardente o picar é
para a heroína. Da-se</c>
family:Liberation Sans">fílmicas c o m o um p o s t o ativo historicamente
decisivo. O filme necessita de</c>
family:Liberation Sans">recipientes adequados e que saibam absorver corretamente
seus projéteis 34 . Este</c>
family:Liberation Sans">um tiro .</c>
family:Liberation Sans">é um pensamento de espantosa semelhança com a passagem do
Manifesto</c>
family:Liberation Sans">comu-</c>
family:Liberation Sans">nista, citada anteriormente. Aquilo que lá se afirmou como
condition moderne é</c>
family:Liberation Sans">aqui f o r m u l a d o c o m o condition dufilm. O
"contínuo abalo de todos os estados</c>
family:Liberation Sans">O filme c o m o projétil</c>
family:Liberation Sans">sociais" tem sua concretude fílmica nas seqüências
ininterruptas dos choques</c>
family:Liberation Sans">Quando Benjamin procurou uma comparação adequada para a
imagem fílmica,</c>
family:Liberation Sans">audiovisuais. E, n o final das contas, ambas as citações
colocam aquilo a que a</c>
family:Liberation Sans">ocorreu-lhe o termo "projétil". O processo fílmico é "em p
r i m e i r o lugar u m</c>
family:Liberation Sans">descrita condition obriga: Marx e Engels mencionam a
capacidade de observar a</c>
family:Liberation Sans">processo tátil que se f u n d a m e n t a na m u d a n ç a
dos cenários e das regulagens,</c>
family:Liberation Sans">própria situação com "olhos sóbrios"; já Benjamin alude a
um estado de espírito</c>
family:Liberation Sans">as quais p e n e t r a m a b r u p t a m e n t e n o
espectador", o m e s m o e s p e c t a d o r que,</c>
family:Liberation Sans">intenso que nada mais é d o que a forma adequada de olhar
sobriamente o filme</c>
family:Liberation Sans">diante da recepção do filme, não tem n e n h u m a chance
de observá-lo de f o r m a</c>
family:Liberation Sans">c o m o meio de comunicação de massa. Mas c o m o isso é
possível se as pessoas</c>
family:Liberation Sans">não s u p o r t a m a pressão da sobriedade ? Esta foi a
pergunta presente no Mani-</c>
family:Liberation Sans">contemplativa e detalhadamente.</c>
family:Liberation Sans">festo comunista;</c>
family:Liberation Sans">O espectador quase não fixa a imagem nos olhos, pois quando
ele o faz, ela já</c>
family:Liberation Sans">mudou. Ela não pode ser fixada. Duhamel, que detesta o
filme e não compreende</c>
family:Liberation Sans">nada sobre seu significado, mas sim algo de sua estrutura,
registra essa situação acima</c>
family:Liberation Sans">da seguinte maneira: "Eu não posso mais pensar aquilo que
desejo. As imagens em</c>
family:Liberation Sans">movimento ocuparam o lugar de meus pensamentos." De fato,
essa seqüência de</c>
family:Liberation Sans">associações, que contempla as imagens, é imediatamente
rompida em função dessa</c>
family:Liberation Sans">mudança. Nisso se fundamenta o efeito de choque do filme
que, tal como todo efeito</c>
family:Liberation Sans">de choque, deseja ser absorvido por um estado de espírito
intenso .</c>
family:Liberation Sans">já a questão correspondente ao filme é a seguinte: c o m o
isso é</c>
family:Liberation Sans">possível, se o filme, através de seus choques,
impossibilita o estado de espírito</c>
family:Liberation Sans">que é necessário para absorver produtivamente esses mesmos
choques?</c>
family:Liberation Sans">Benjamin se ocupou dessa resposta em u m de seus mais
interessantes escritos:</c>
family:Liberation Sans">A infância berlinenseem</c>
family:Liberation Sans">1900, naquilo que ele denominou como "procedimento</c>
family:Liberation Sans">de vacinação". "Eu [...] clamo pelas imagens que tratam, n
o exílio, de despertar</c>
family:Liberation Sans">m i n h a saudade da forma mais intensa: as imagens da
infância. O sentimento</c>
family:Liberation Sans">3 3 S. Eisenstein, Film. Auge - Faust - Spracbe, p.
27.</c>
family:Liberation Sans">Evidentemente, Eisenstein foi o p a d r i n h o dessa
situação com o seu princípio da montagem 3 2 . C e r t a m e n t e , o c h o q u e
das e com as imagens se t o r n a ,</c>
family:Liberation Sans">para Benjamin, o p o n t o angular de uma posterior teoria
d o filme. As imagens</c>
family:Liberation Sans">fílmicas são, de acordo com Benjamin, projéteis, e o são p
o r meio de seu feitio.</c>
family:Liberation Sans">Mesmo quando são montadas umas em relação às outras, de
forma não tão veloz,</c>
family:Liberation Sans">30 W . Schivelbusch, Das Paradies..., p. 164.</c>
family:Liberation Sans">31 W . Benjamin, Das Kunstwerk</c>
family:Liberation Sans">im Zeitalter</c>
family:Liberation Sans">seiner tcchnischcn</c>
family:Liberation Sans">Reproduzierbarkeit,</c>
family:Liberation Sans">32 C o n f e r i r a instrutiva d o c u m e n t a ç ã o dc
S. K r a m e r , Monticrte</c>
family:Liberation Sans">Bi/der — Ziir Bedeutung</c>
family:Liberation Sans">derfilmischen</c>
family:Liberation Sans">Montage jur Walter Benjamins Denkcn und Schreiben, in A. L
e m k e e M. S c h i c r b a u m (eds.), In die Hóbe</c>
family:Liberation Sans">jallen — Grenzgánge zwischen Litcratur und Philosophie. W ü
r z b u r g , 2000.</c>
family:Liberation Sans">3 4 N ã o se q u e t dizer, c o m isso, q u e os filmes de
Eisenstein são t ã o p r o p a g a n d í s t i c o s , algo q u e sc d á a e n t e
n d e r</c>
family:Liberation Sans">em v i r t u d e dc m u i t a s declarações feitas pelo p r
ó p r i o d i r e t o r ou em f u n ç ã o das perspectivas de seus
clientes.</c>
family:Liberation Sans">Seu inegável t a l e n t o para a p r o d u ç ã o dc
imagens e s e q ü ê n c i a s carregadas de tensão passa desapercebido</c>
family:Liberation Sans">cm c a d a p l a n o c u j a falta de a m b i g ü i d a d e
é identificada. N a verdade, exige-se mais d o e s p e c t a d o r d o q u e
o</c>
family:Liberation Sans">m a r t e l a r em seu c é r e b r o ou o arar de sua a l m
a , o u seja, exige-se u m p o n t o de vista i m a g é t i c o novo, aceler a d o
e i n c r i v e l m e n t e ativo. u O b j e t i v a e compositoriamente> s e m
p r e m e esforço p a r a q u e as imagens n u n c a</c>
family:Liberation Sans">se restrin jam a u m a s p e c t o presente na tela. O o b
j e t o deve ser escolhido e desenvolvido, ele deve ser colocado,</c>
family:Liberation Sans">n o c a m p o de visão, c o m a i n t e n ç ã o dc q u e se
origine, ao lado da apresentação, u m c o m p l e x o de associações</c>
family:Liberation Sans">capaz d c r e c u p e r a r a carga racional e e m o c i o
n a l d a s e q ü ê n c i a . [...] O véu de nuvens verticais n o filme
Ivá,</c>
family:Liberation Sans">o terrível, de Kasan, não é s i m p l e s m e n t e a
manifestação de u m f e n ô m e n o meteorológico, mas sim a imagem</c>
family:Liberation Sans">d a s o b e r a n i a d o s Czares. E a colossal s i l h u
e t a d e s f i g u r a d a d o g o n i ô m e t r o sobre a cabeça d o
moscovita</c>
family:Liberation Sans">Z a r c n n ã o foi s i m p l e s m e n t e p e n s a d a c
o m o u m efeito de luz, mas sim associada à imagem de u m cardiogram a . q u e r e
p r e s e n t a a o r d e m de idéias de u m político perdido e m suas reflexões''
(Idem, op. cit., p. 39). E m</c>
family:Liberation Sans">geral, é d o feitio dos filmes de propaganda que eles a
praticam q u a n d o não são explicitamente filmes de propaganda. N o caso de
Eisenstein, ocorreu e x a t a m e n t e o inverso, pois a i n t e n ç ã o p r o p a
g a n d í s t i c a é confessada abert a m e n t e , m a s o filme vai além
disso.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>de saudade deve cornar-se o s e n h o r d o espírito
da m e s m a f o r m a c o m o a vacina deve assenhorear-se d o c o r p o sadio.
Através disso, p r o c u r e i conservar</c>
family:Liberation Sans">de c o m p o r t a m e n t o que o preparam para a sua
tarefa historicamente universal:</c>
family:Liberation Sans">a revolução da sociedade capitalista.</c>
family:Liberation Sans">o juízo não na irreparabilidade f o r t u i t a e
biográfica d o passado, mas sim na</c>
family:Liberation Sans">O s muitos amigos falsos que Benjamin ganhou postumamente
por causa da</c>
family:Liberation Sans">sua irreparabilidade socialmente necessária", de m o d o
"que, nesta experiência,</c>
family:Liberation Sans">sua opção de distração em relação às esferas midiática e
artística não se interessa-</c>
family:Liberation Sans">se abdicou t o t a l m e n t e dos traços biográficos
[...]. Eu me esforço para p o d e r</c>
family:Liberation Sans">ram de f o r m a alguma p o r tal revolução. Na verdade,
eles desejaram uma nova</c>
family:Liberation Sans">apoderar-me das imagens, nas quais a experiência da grande
cidade se precipita</c>
family:Liberation Sans">arte, novos meios de comunicação de massa e superlativos
estéticos. N o entanto,</c>
family:Liberation Sans">na criança de classe burguesa". "Percebe-se m u i t o b e m
, p o r meio delas ...],</c>
family:Liberation Sans">o t e o r e m a da destruição é um p e n s a m e n t o
apocalíptico, pois a despedida do</c>
family:Liberation Sans">como muitas das que aqui f o r a m m e n c i o n a d a s p
r o p o r c i o n a m , mais tarde, a</c>
family:Liberation Sans">m u n d o burguês que esse pensamento proclama é,
principalmente, uma despe-</c>
family:Liberation Sans">proteção que fora destinada à infância" . Benjamin, o
solitário e sem recursos,</c>
family:Liberation Sans">dida da arte e não a defesa de um conceito de arte dilatado
3 8 . Para Benjamin,</c>
family:Liberation Sans">intelectual burguês no exílio, apartado de sua família e de
sua classe, e q u e fora</c>
family:Liberation Sans">a arte não tem mais n e n h u m f u t u r o estético, pois
sua aura se desvaneceu, sua</c>
family:Liberation Sans">destituído de todas as gratificações com as quais o m u n d
o burguês c o r r o m p e</c>
family:Liberation Sans">promessa de felicidade se esgotou. Tal promessa de
felicidade da arte não se</c>
family:Liberation Sans">os seus membros, se consome, não obstante t u d o isso, de
desejo da infância</c>
family:Liberation Sans">deixa c o n s e r v a r viva p o r meio de gerações de
obras de arte que ainda estão</c>
family:Liberation Sans">preservada, a mesma infância que ele experimentou n o
regaço deste m u n d o :</c>
family:Liberation Sans">p o r vir, mas apenas p o r meio da sua transformação em
ação política. E os cho-</c>
family:Liberation Sans">ele sabe que não tem o u t r o remédio, além de se vacinar
c o n t r a a s a u d a d e da</c>
family:Liberation Sans">ques audiovisuais são eleitos como os que possibilitam tal
transformação. Para</c>
family:Liberation Sans">infância através das imagens dessa mesma infância, ou seja,
com imagens de</c>
family:Liberation Sans">Benjamin, tais choques se caracterizam c o m o o coveiro da
arte, assim c o m o o</c>
family:Liberation Sans">uma proteção falsa porque provenientes de um m u n d o
falso, o m u n d o capi-</c>
family:Liberation Sans">proletariado é, no Manifesto comunista, o coveiro da
sociedade capitalista. Apenas</c>
family:Liberation Sans">talista burguês. Entretanto, foram imagens d a m e t r ó p
o l e de g r a n d e f u t u r o ,</c>
family:Liberation Sans">tais c h o q u e s não são associados, de acordo com
Benjamin, àquela certeza de</c>
family:Liberation Sans">que devem ser incondicionalmente preservadas para um m u n
d o melhor (de modo</c>
family:Liberation Sans">vitória que Marx e Engels ainda observavam no caso do
proletariado. Benjamin</c>
family:Liberation Sans">que antecipem uma experiência social futura 3 6 ), u m m u
n d o no qual elas, c o m o se</c>
family:Liberation Sans">sabe m u i t o bem que as forças que sepultam essa
sociedade não devem ser as</c>
family:Liberation Sans">fossem uma casa que protege verdadeiramente, p o d e r i a
m receber seus legíti-</c>
family:Liberation Sans">forças redentoras de uma sociedade melhor. Neste sentido,
segundo Benjamin,</c>
family:Liberation Sans">mos moradores. A reflexão de B e n j a m i n c o n d u z à
seguinte q u e s t ã o : se essas</c>
family:Liberation Sans">os choques audiovisuais se transformam n o fiel da balança
histórico-mundial.</c>
family:Liberation Sans">imagens p r o p o r c i o n a r a m a ele, f i l h o da
burguesia, o êxito da p r o d u ç ã o de</c>
family:Liberation Sans">O u eles deslocam as modernas forças produtivas para um
estado de distração</c>
family:Liberation Sans">uma vacina mental que lhe possibilitou suportar a difícil
despedida d o m u n d o</c>
family:Liberation Sans">produtiva e, com elas, exercitam o "intenso estado de
espírito" que os capacita a</c>
family:Liberation Sans">burguês — da classe social de que nunca foi beneficiário
neste m u n d o , da qual</c>
family:Liberation Sans">revolucionar integralmente a formação social moderna, ou...
A alternativa foi,</c>
family:Liberation Sans">nunca recebera proteção, e que não deveria sofrer com q u a
l q u e r s e n t i m e n t o</c>
family:Liberation Sans">no máximo, insinuada por Benjamin, mas ela está presente no
subtexto obscuro</c>
family:Liberation Sans">de despedida deste m u n d o —, ele não deveria estar com a
razão ao se vacinar,</c>
family:Liberation Sans">de t o d a a sua reflexão. Se os choques não conseguirem
transformar a debilitada</c>
family:Liberation Sans">através dos meios mais desenvolvidos deste próprio m u n d
o , c o n t r a os seus de-</c>
family:Liberation Sans">promessa de felicidade da arte em realidade política, então
eles simplesmente</c>
family:Liberation Sans">saforos? Por detrás da esperança de Benjamin q u a n t o à
força revolucionária do</c>
family:Liberation Sans">atiram até arrebentá-la. A destruição da aura por meio do
filme não significa, de</c>
family:Liberation Sans">filme se encontra a idéia secreta de que os choques
audiovisuais poderiam ser a</c>
family:Liberation Sans">acordo com Benjamin, q u e a arte possa continuar a existir
mesmo sem a aura,</c>
family:Liberation Sans">vacina que tornariam o proletariado imune às contemplativas
concepções de</c>
family:Liberation Sans">mas sim que ela está n o fim. O que aparece c o m o arte
nova é m e r a m e n t e arte</c>
family:Liberation Sans">m u n d o e de arte burguesa. Em vez delas, o proletariado
seria c o n d u z i d o a um</c>
family:Liberation Sans">antiga apodrecida. Q u e a arte progredisse
infatigavelmente; que ela, p o r meio</c>
family:Liberation Sans">estado de distração salutar, f u n d a m e n t a d o "muito
menos em um reparar tenso</c>
family:Liberation Sans">do que num perceber passageiro" ; que exerce u m a nova
forma de percepção e</c>
family:Liberation Sans">35 W . Benjamin, Berliner Kindheit</c>
family:Liberation Sans">vol. II, p. 385.</c>
family:Liberation Sans">um neunzehnhundert,</c>
family:Liberation Sans">36 Ibidem.</c>
family:Liberation Sans">37 W . Benjamin, Das Kunstwerk...,</c>
family:Liberation Sans">Ges. Schrifien</c>
family:Liberation Sans">[Obras completa).</c>
family:Liberation Sans">F r a n k f u r t , 1989,</c>
family:Liberation Sans">3 8 N e s t e s e n t i d o , N o r b e r t Bolz, d a f o r
m a mais inescrupulosa, distorceu o p e n s a m e n t o d e B e n j a m i n .
Afirma</c>
family:Liberation Sans">B o l z : "Ao c o n t r á r i o d e seu a m i g o A d o r n
o , q u e p e r m a n e c e u m e l a n c o l i c a m e n t c fixado n u m c o n c
e i t o d e</c>
family:Liberation Sans">a r t e b u r g u e s a , B e n j a m i n o p t o u , n ã o
sem dor, p o r u m a d e s p e d i d a d e c i d i d a desta e, c o m isso,
corporificou</c>
family:Liberation Sans">a "interface e n t r e a galáxia dc G u t e n b e r g c o m
u n d o dos novos meios de c o m u n i c a ç ã o de massa" ( N . Bolz,</c>
family:Liberation Sans">" S c h w a n e n g e s a n g d e r Gutenberg-Galaxis",
in \V. Van Rcijen (org.), Allegorie und Melancbolie. F r a n k f u r t ,</c>
family:Liberation Sans">1992, p. 238). G e r l i a r d S c h w c p p e n h ã u s e
r asseverou o necessário sobre isso n o texto: "Bildkraft, prismatisc h e A r b e i
t u n d ideologische Spiegelweltcn. M e d i e n á s t h e t i k u n d P h o t o g r
a p h i e bei Walter Benjamin", in</c>
family:Liberation Sans">Die Flucbtbahn des Subjekts. M ü n s t c r . 2001, p.
197.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>do progresso técnico e da m u d a n ç a na f o r m a
de percepção, se enriquecesse</c>
family:Liberation Sans">incessantemente</c>
family:Liberation Sans">como arte midiática, arte conceituai, t o d o tipo de
instalações</c>
family:Liberation Sans">e obras publicizadas, até poder chegar a p o n t o de se
elevar, obra a obra, açao</c>
family:Liberation Sans">por ação ao dia de São Nunca, ora, esta é uma concepção t a
n t o estética q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">historicamente incompatível com todo o pensamento de
Benjamim O s choques</c>
family:Liberation Sans">fílmicos t a m b é m devem acabar com ela. D e u m m o d o
ou de o u t r o , eles sao</c>
family:Liberation Sans">pensados como o início do fim, pois se eles não são
salvadores, e n t ã o se t o r n a m</c>
family:Liberation Sans">destruidores, de tal modo que a h u m a n i d a d e "vive
sua própria destruição c o m o</c>
family:Liberation Sans">interessados no bem coletivo" 43 . As diversões de massa
foram muito ambivalentes: p o r um lado, foram focos de excitação incontrolável
(tal como o carnaval)</c>
family:Liberation Sans">e, com isso, formas originais de revolta; por outro,
representaram um prejuízo</c>
family:Liberation Sans">do proletário contra si próprio, uma autodestruição na
forma do alcoolismo,</c>
family:Liberation Sans">da dívida e d o a b a n d o n o . Politicamente falando:
foram tão revolucionárias</c>
family:Liberation Sans">q u a n t o reacionárias.</c>
family:Liberation Sans">Mas h á u m certo cinismo q u a n d o se repreende a massa
esgotada que "procura distração, ao passo que a arte [...] exige concentração". E n
t r e t a n t o , isso</c>
family:Liberation Sans">não é t o t a l m e n t e incorreto. E mais do que em
relação à arte, exigiu-se concen-</c>
family:Liberation Sans">u m prazer estético de primeira ordem" .</c>
family:Liberation Sans">tração d o proletariado n o seu cotidiano. Se eles não se
concentrassem na pró-</c>
family:Liberation Sans">O otimismo cansativo, com o qual Benjamin associou a força
de distração</c>
family:Liberation Sans">do filme, é apenas um verniz finíssimo de um subsolo
desesperado e t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">fraco, d o p o n t o de vista argumentativo, algo que é m u
i t o raro em relação a</c>
family:Liberation Sans">seus textos. Ele t o m a como alvo "a antiga lamentação de
que a massa procura</c>
family:Liberation Sans">distração, ao passo que a arte exige c o n c e n t r a ç ã
o m e n t a l p o r p a r t e de seus</c>
family:Liberation Sans">observadores" . Benjamin foi alérgico a isso, mas ele ouviu
a i n d i g n a ç ã o d o</c>
family:Liberation Sans">burguês saturado sobre a falta de cultura das diversões de
massa, que a própria</c>
family:Liberation Sans">massa persegue, desde que ela foi violentamente expulsa do
seu contexto de vida</c>
family:Liberation Sans">rural e procurou compensar sua desconsolada existência com
bebida destilada,</c>
family:Liberation Sans">jogos de azar, rinhas e brincadeiras rudes. C o m o uma das
reações à Revolução</c>
family:Liberation Sans">pria f o r m a ç ã o , nas f o r m a s de organização e de
convívio, não seria possível</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m a f o r m a de resistência contra a exploração.
Benjamin não quis ouvir o</c>
family:Liberation Sans">m o m e n t o de verdade presente na falsa fanfarronice
burguesa em relação à arte,</c>
family:Liberation Sans">pois ele se manteve, p o r demais intransigente, n u m a
simples alternativa. " O</c>
family:Liberation Sans">concentrado mergulha na obra de arte diante de si [...] Já
a massa distraída, por</c>
family:Liberation Sans">sua vez, m e r g u l h a a obra de arte em si própria" 4
4 . Trata-se de uma bela frase,</c>
family:Liberation Sans">mas c o m o é possível m e r g u l h a r uma obra de arte
em si p r ó p r i a ? B e n j a m i n</c>
family:Liberation Sans">expõe o alicerce da obra: " O arquiteto apresenta o p r o t
ó t i p o de uma obra de</c>
family:Liberation Sans">arte, cuja recepção ocorre na distração e através d o
coletivo. As obras são recebidas de uma dupla maneira: por meio do uso e da
percepção, ou melhor, tátil</c>
family:Liberation Sans">Industrial, especificamente na Inglaterra, observa-se a c a
m p a n h a d a recreação</c>
family:Liberation Sans">e opticamente" 4 5 . O s turistas olham embasbacados para
as obras famosas. Já "a</c>
family:Liberation Sans">racional, sendo que esta foi a primeira medida da política
de t e m p o livre m o -</c>
family:Liberation Sans">recepção tátil ocorre em meio t a n t o à atenção q u a n t
o ao hábito" ' 6 . É algo que</c>
family:Liberation Sans">derna. " N e n h u m álcool e dança, n e n h u m d i v e r
t i m e n t o rude e c o m e m o r a ç õ e s</c>
family:Liberation Sans">devassas, nada disso é útil aos trabalhadores, mas sim u m
a c o n d u t a de vida</c>
family:Liberation Sans">moderada e econômica, a reflexão e o aprendizado religioso"
' E</c>
family:Liberation Sans">interessante</c>
family:Liberation Sans">o tipo de aliança variada que se une nessa exigência. Ela
se origina de u m a igreja</c>
family:Liberation Sans">nomeadamente protestante. Devoção e oração, em vez de
bebida e jogo, foi o</c>
family:Liberation Sans">seu lema. D e seus patrões, nota-se a aliança mais severa.
Eles "precisavam de</c>
family:Liberation Sans">uma força de trabalho que trabalhasse de 7 0 a 80 horas p o
r semana, que fosse</c>
family:Liberation Sans">resistente, incansável, sóbria e pontual e que se adaptasse
a essas exigências n o</c>
family:Liberation Sans">acontece q u a n d o se está diante das obras mencionadas,
ou se mora, se trabalha,</c>
family:Liberation Sans">se compra ou se flana nos seus arredores, ou quando se
freqüentam determinados</c>
family:Liberation Sans">eventos. Na verdade, são apenas construções que representam
objetos recebidos</c>
family:Liberation Sans">tatilmente pelas massas, e muito raramente são obras de
arte. As massas podem</c>
family:Liberation Sans">habitar, utilizar e devastar as construções, mas não
mergulhá-las em si. Isso não</c>
family:Liberation Sans">é válido nem sequer para o caso do estádio de futebol. Q u
a n d o muito, as construções habitadas, nas quais se confia e que são casualmente
percebidas no meio</c>
family:Liberation Sans">cotidiano, p o d e m tornar-se parte integrante de uma
percepção familiar.</c>
family:Liberation Sans">seu tempo livre" . Já nos sindicatos dos trabalhadores,
observa-se a mais compenetrada aliança: "eles estavam convencidos de que um f u t u
r o m e l h o r seria</c>
family:Liberation Sans">Evidentemente, Benjamin se ocupa com esse estado de
percepção, pois tal</c>
family:Liberation Sans">conquistado apenas com proletários e operários obedientes,
disciplinados e</c>
family:Liberation Sans">estado deve p r o p o r c i o n a r u m m o d e l o de c o
m p o r t a m e n t o h e g e m ô n i c o . " O</c>
family:Liberation Sans">distraído t a m b é m p o d e f o r m a r hábitos. E mais,
o fato de q u e d e t e r m i n a d a s</c>
family:Liberation Sans">39 W. Benjamin, Das Kunstwerk...,</c>
family:Liberation Sans">4 3 Ibidem.</c>
family:Liberation Sans">4 4 \V. Benjamin, Das Kunstwerk...,</c>
family:Liberation Sans">40 Idem. op. cit., p. 504.</c>
family:Liberation Sans">41 K. Maase, Grenzenloses Vergnügen. Der
AufstiegderMassenkultur</c>
family:Liberation Sans">Ibidem.</c>
family:Liberation Sans">ISSO-1970. Frankfurt, 1997, p. 49.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>atividades prevaleçam na distração prova q u e elas
se diluíram a p o n t o de se</c>
family:Liberation Sans">transformar n u m hábito" 4 7 . Tal raciocínio é correto,
mas fica a p e r g u n t a : de</c>
family:Liberation Sans">que modo se forma esse hábito? A n d a r sozinho, comer e
regular a digestão se</c>
family:Liberation Sans">costuma aprender quando, na infância, a atenção é t o t a l
m e n t e canalizada para</c>
family:Liberation Sans">tais atividades. E na velhice, q u a n d o tais forças
esmorecem, essas atividades</c>
family:Liberation Sans">elementares podem perder seu caráter acidental e, n o v a m
e n t e , transformar-se</c>
family:Liberation Sans">em atividades que exigem maior concentração. Aquilo que
prevalece, p o r meio</c>
family:Liberation Sans">do hábito, na distração é, de forma alguma, a p r e n d i d
o por meio da distração.</c>
family:Liberation Sans">Todo aprendizado, até mesmo o aprendizado das funções mais
primitivas, exige,</c>
family:Liberation Sans">em princípio, atenção. O hábito nada mais é d o q u e
atenção c o m p e n e t r a d a ,</c>
family:Liberation Sans">mecanizada, ligada em redes neurais. Por isso, é
inadmissível que distração e</c>
family:Liberation Sans">concentração se coloquem superficialmente u m a em relação
à o u t r a . Isso se</c>
family:Liberation Sans">permite o demorar-se na imagem isolada, mas sim remete
imediatamente, e aos</c>
family:Liberation Sans">solavancos, a atenção para as próximas imagens. Porém ele
distrai por meio de</c>
family:Liberation Sans">um confisco ofensivo da capacidade de atenção. Ela é
desviada de seu cotidiano</c>
family:Liberation Sans">e exige mais projéteis imagéticos do que se podem absorver.
Mas a distração, que</c>
family:Liberation Sans">é o b t i d a por meio do desviar sistemático, é totalmente
diferente da distração</c>
family:Liberation Sans">que se t e m através da adaptação a um ambiente que
permanece sempre igual.</c>
family:Liberation Sans">B e n j a m i n confundiu ambos os momentos como se os
choques fílmicos, que são</c>
family:Liberation Sans">permanentemente alternados, pudessem engendrar uma forma
tranqüila de percepção distraída, como se eles pudessem produzir uma construção na
qual se confiasse.</c>
family:Liberation Sans">Isso significa o mesmo que exigir que a criança d u r m a e
n q u a n t o nela se fazem</c>
family:Liberation Sans">cócegas i n i n t e r r u p t a m e n t e , em vez de niná-
la por meio de uma canção calma</c>
family:Liberation Sans">e de u m balançar compassado.</c>
family:Liberation Sans">faz ainda menos evidente no salto da arquitetura para o
filme. "A recepção na</c>
family:Liberation Sans">E n t ã o esta é a q u e s t ã o crucial do filme: c o m o
é possível ocorrer aquela</c>
family:Liberation Sans">distração que se faz perceptível na esfera da arte com
ênfase crescente, e que</c>
family:Liberation Sans">absorção produtiva dos choques, mencionada anteriormente,
se esses mesmos</c>
family:Liberation Sans">é sintoma das m u d a n ç a s mais radicais da percepção,
tem, n o caso d o filme,</c>
family:Liberation Sans">choques impossibilitam o estado de espírito necessário para
que aconteça tal</c>
family:Liberation Sans">seu próprio instrumento de exercício. O filme vem ao e n c
o n t r o dessa f o r m a</c>
family:Liberation Sans">absorção ? Então seu efeito agitador é, ao mesmo tempo,
desordenado, seu efei-</c>
family:Liberation Sans">de recepção através de seu efeito de choque" 4 8 . Mas c o
m o ? D e a c o r d o c o m</c>
family:Liberation Sans">to mobilizador é paralisado e seu efeito que p r o d u z
distração é triturado. H á</c>
family:Liberation Sans">o raciocínio de Benjamin, assim c o m o t o d o t i p o de
p e r c e p ç ã o d i s t r a í d a da</c>
family:Liberation Sans">mesmo u m a revolução no sensório, mas não no sentido
desejado por Benjamin.</c>
family:Liberation Sans">paisagem de uma construção se t r a n s f o r m a n u m h á
b i t o , tal p e r c e p ç ã o deve</c>
family:Liberation Sans">Pelo contrário, o "contínuo abalo de todos os estados
sociais", abalo este que se</c>
family:Liberation Sans">ser precisamente exercitada por meio dos choques fílmicos.
Mas c o m o isso é</c>
family:Liberation Sans">origina d o mercado absoluto, se traduz na metralhadora
audiovisual e penetra</c>
family:Liberation Sans">possível, se cada choque diz o seu próprio "olhe para cá"?
A paisagem de u m a</c>
family:Liberation Sans">cada forma de intuição da sensação, que foi destacada no
início deste livro e para</c>
family:Liberation Sans">construção só pode ser percebida distraidamente caso tais
choques não existam,</c>
family:Liberation Sans">a qual se retorna sob um novo p o n t o de vista: o da
distração concentrada.</c>
family:Liberation Sans">ou seja, caso ela seja tocada, habitada e e n c o n t r a d
a r o t i n e i r a m e n t e . Já o filme</c>
family:Liberation Sans">distrai as massas de outra maneira: q u a n d o ele as
reúne e m g r a n d e s salas, de</c>
family:Liberation Sans">modo que as massas se tencionam e se fascinam diante das
seqüências de imagens</c>
family:Liberation Sans">Distração concentrada</c>
family:Liberation Sans">emitidas pelo filme. Elas são táteis, mas não p o r q u e
aludiriam a u m c o n t a t o</c>
family:Liberation Sans">rotineiro, mas sim porque elas p r o p o r c i o n a m um c
o n t a t o fora d o c o m u m : o</c>
family:Liberation Sans">Todos precisam de distração. A distração mais tranqüila é o
sono, n o qual o</c>
family:Liberation Sans">do choque. É ilusória a concepção de que o público senta d
i s t r a i d a m e n t e na</c>
family:Liberation Sans">o r g a n i s m o ajusta t o t a l m e n t e o seu a u t o
c o n t r o l e desperto e objetivo que foi</c>
family:Liberation Sans">cadeira do cinema da mesma forma que senta na cadeira das
casas que servem</c>
family:Liberation Sans">d e n o m i n a d o "eu". O deixar-se impulsionar físico ou
mental, o estado de relaxa-</c>
family:Liberation Sans">café e, não obstante, se comporta c o m o "examinador", c o
m o " a p r e c i a d o r " E</c>
family:Liberation Sans">m e n t o distraído é, visto dessa forma, c o m o uma f o r
m a preliminar de sono, na</c>
family:Liberation Sans">o público do cinema não se t o r n o u "examinador" ou
"apreciador" nos últimos</c>
family:Liberation Sans">qual o "trabalho" regressou no sono, o que significa que
nunca cessa totalmente</c>
family:Liberation Sans">30 anos. O filme distrai aqueles que o assistem, n o
sentido de q u e eles se esque-</c>
family:Liberation Sans">o processamento d o que fora vivenciado n o estado de
vigília. Mas o trabalho</c>
family:Liberation Sans">cem de suas necessidades pessoais no período de duração da
fita excitante. E,</c>
family:Liberation Sans">é reduzido a um m í n i m o . Porém a formação social m o d
e r n a interveio no rit-</c>
family:Liberation Sans">enquanto o filme distrai, t a m b é m atua em cada sistema
nervoso, pois ele não</c>
family:Liberation Sans">mo natural de p r o d u ç ã o da tensão — e de sua redução
—, da concentração e</c>
family:Liberation Sans">da distração, de uma maneira inaudita. A p r o d u ç ã o em
massa capitalista não</c>
family:Liberation Sans">apenas trouxe consigo a jornada de trabalho e t o r n o u
independentes as fases</c>
family:Liberation Sans">4 8 Ibidem.</c>
family:Liberation Sans">do trabalho e do descanso das fases d o dia e da noite, c o
m o também penetrou</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>no tempo livre ao regulá-lo. Por volta de meados d o
século XIX, com o cortejo</c>
family:Liberation Sans">e diversão — os quais foram abastadamente entremeados ao
longo do dia de</c>
family:Liberation Sans">triunfal da fotografia, a imprensa popular, os folhetins,
romances sensacionalistas</c>
family:Liberation Sans">trabalho artesanal, cm meio a um divagar, durante o qual os
trabalhadores se</c>
family:Liberation Sans">também começaram a i n u n d a r o mercado e e n c o n t r
a r a m , ao lado dos salões</c>
family:Liberation Sans">ocupavam, entrementes, com as crianças ou com a instrução —
se expressam,</c>
family:Liberation Sans">de festa, dos bulevares e dos teatros de revista, u m a
massa de c o n s u m i d o r e s</c>
family:Liberation Sans">posteriormente, n o "bater papo", até que, gradativamente,
passam para o final</c>
family:Liberation Sans">mista e variada. C o m o reação aos excessos de final de
semana, praticados pelo</c>
family:Liberation Sans">do dia de trabalho e, pela primeira vez, se isolam do
processo de trabalho, de</c>
family:Liberation Sans">proletariado nos bares, nas ruas e nos salões de dança,
foram tomadas medidas</c>
family:Liberation Sans">tal m o d o que duas esferas separadas são estabelecidas:
na fábrica, na loja ou no</c>
family:Liberation Sans">por meio de uma recreação racional. Ela possibilitou o i n
c r e m e n t o d o prazer</c>
family:Liberation Sans">escritório nada mais se faz d o que trabalhar, com o m í n
i m o possível de pausas.</c>
family:Liberation Sans">da leitura nos proletários, apresentou-lhes o reflexo — e t
a m b é m o lixo — da</c>
family:Liberation Sans">Mas, q u a n d o se deixa o p o s t o de trabalho, abre-se
um vácuo tão inorgânico</c>
family:Liberation Sans">cultura burguesa, ao mesmo t e m p o em que t o r n o u n o
t ó r i o o fato de o burguês</c>
family:Liberation Sans">q u a n t o a atividade cansativa d o serviço, atividade
esta que é substituída pelo</c>
family:Liberation Sans">ter mais prazer na escória cultural do que em suas grandes
obras de arte, com</c>
family:Liberation Sans">seu equivalente exato: o t e m p o livre. Ele é mesmo um p
r o d u t o do m o d o de</c>
family:Liberation Sans">as quais se fanfarronava. E então, tal recreação preparou
gradativamente cada</c>
family:Liberation Sans">p r o d u ç ã o capitalista. Agora o t e m p o se torna
perceptível, o mesmo tempo que</c>
family:Liberation Sans">disposição de massa sensório-estética que o c h o q u e
fílmico f u l m i n a c o m o se</c>
family:Liberation Sans">deve ser rejeitado q u a n d o se manifesta na forma de um
desejado e vazio boce-</c>
family:Liberation Sans">fosse um raio. Assim como outrora a fotografia concentrou,
n u m único p o n t o ,</c>
family:Liberation Sans">jar. M a s o t e m p o era t a m b é m p r e e n c h i d o
com distrações pré-modernas, tais</c>
family:Liberation Sans">a litografia, o panorama, a exibição nas feiras, e os
filmes consubstanciaram os</c>
family:Liberation Sans">c o m o os restos da romaria e da feira anual, que foram
passados para o ambien-</c>
family:Liberation Sans">espetáculos de massa em si e os transformaram em imagens
seqüenciais claras,</c>
family:Liberation Sans">te d o proletariado pequeno-burguês, ou das festas cortesãs
que foram assimi-</c>
family:Liberation Sans">velozes e impactantes, da mesma f o r m a todas as
sensações se t o r n a r a m legíveis</c>
family:Liberation Sans">ladas pelas camadas sociais elevadas.</c>
family:Liberation Sans">na imprensa e nos escritos sensacionalistas. Este é u m
resultado sintético de</c>
family:Liberation Sans">Porém a "real" subsunção d o t e m p o livre se inicia com
o filme. As várias</c>
family:Liberation Sans">primeira categoria, pois, por meio dessas imagens, o filme
p ô d e expor seu efeito</c>
family:Liberation Sans">formas de diversão são canalizadas n u m meio que exige a
atenção de todas</c>
family:Liberation Sans">de distração, exatamente do mesmo m o d o c o m o o m e r c
a d o a p r e s e n t o u seu</c>
family:Liberation Sans">as classes e categorias profissionais, de tal maneira que a
forma específica de</c>
family:Liberation Sans">efeito de exclusão graças ao seu efeito de
integração.</c>
family:Liberation Sans">exigência dos nervos, que a vida industrial na grande
cidade traz consigo tanto</c>
family:Liberation Sans">Portanto, o f u n d a m e n t o dos choques fílmicos q u e
distraem é a concentração. Por um lado, os mais diferentes p r o d u t o s e
programas de distração foram</c>
family:Liberation Sans">empacotados em um meio de comunicação de massa. Por outro,
o t e m p o livre é</c>
family:Liberation Sans">incorporado ao sistema de trabalho de uma maneira jamais
vista anteriormente.</c>
family:Liberation Sans">Q u a n d o a Revolução Industrial concentrou as massas h u
m a n a s sem recursos</c>
family:Liberation Sans">nas grandes fábricas, e as obrigou a g a n h a r seu s u s
t e n t o com a execução de</c>
family:Liberation Sans">gestos mecânicos sempre idênticos n o manuseio de grandes
máquinas, consequentemente a relação de p r o d u ç ã o capitalista conseguiu o b t
e r para si t a n t o</c>
family:Liberation Sans">os meios quanto a força de trabalho adequados. Marx d e n o
m i n o u esse processo "a subsunção real do trabalho ao capital" em oposição à m e
r a "subsunção</c>
family:Liberation Sans">formal"' 0 , na qual o trabalho assalariado m o d e r n o a
i n d a faz uso dos instrumentos de trabalho e de técnicas artesanais pré-modernas.
O r a , de f o r m a análoga à esfera da produção, pode-se aplicar tal raciocínio à
esfera d o lazer que,</c>
family:Liberation Sans">sob a forma de sociabilização capitalista, apresenta uma
fase de subsunção "formal" e outra de subsunção "real". O primeiro passo consiste n
o fato de que lazer</c>
family:Liberation Sans">no p o s t o de trabalho q u a n t o na rua, t a m b é m
passa para a esfera na qual o lazer</c>
family:Liberation Sans">deveria realizar-se. Esse processo foi expresso, de f o r m
a magistral, n u m filme</c>
family:Liberation Sans">antigo: Tempos modernos. O m o v i m e n t o brusco — que
perpassa t o d o o corpo</c>
family:Liberation Sans">de u m trabalhador numa linha de montagem, cuja tarefa
consiste unicamente</c>
family:Liberation Sans">em fixar, s i m u l t a n e a m e n t e , dois parafusos n
u m p r o d u t o que passa diante de</c>
family:Liberation Sans">si — se i n d e p e n d e n t i z a na f o r m a de u m
tique que penetra todas as situações</c>
family:Liberation Sans">vividas pelo trabalhador e que foi registrado, de forma
notável, pela mímica de</c>
family:Liberation Sans">C h a p l i n . Tal m o v i m e n t o deve ser visto c o m
o m ô n a d a , na qual a "subsunção</c>
family:Liberation Sans">real" d o t e m p o livre à "lei de movimento" da sociedade
m o d e r n a se cristaliza</c>
family:Liberation Sans">de f o r m a exemplar. Por um lado aqui se manifesta,
repentina e extremamente,</c>
family:Liberation Sans">o significado d o t r a b a l h o assalariado: p o r meio d
o c o n t r a t o de trabalho, o</c>
family:Liberation Sans">trabalho assalariado deve ser concentrado e reduzido a
determinadas funções,</c>
family:Liberation Sans">sendo que, n o pior dos casos, a uma única. A decomposição
do trabalho humano</c>
family:Liberation Sans">em d e t e r m i n a d a s operações mecânicas decompõe,
necessariamente, também</c>
family:Liberation Sans">as pessoas empregadas. Q u a n d o uma indústria faz uso de
determinadas capacidades humanas em períodos separados, ela as arranca de seu
contexto corporal</c>
family:Liberation Sans">e psicossocial, no qual elas, bem ou mal, se desenvolveram
n u m d e t e r m i n a d o</c>
family:Liberation Sans">50 K. Marx, Das KapitalI,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>indivíduo. Desta forma, tais capacidades se tornam
funções e transformam t u d o</c>
family:Liberation Sans">um slapstick após o outro. A transformação do impulso
industrial em diversão</c>
family:Liberation Sans">aquilo que o indivíduo ainda conserva como particularidade
e capacidade. E isso</c>
family:Liberation Sans">praticada n o t e m p o livre é t a m b é m a continuação
do trabalho industrial com</c>
family:Liberation Sans">também no sentido de u m arsenal de funções virtuais. A
força de concentração</c>
family:Liberation Sans">outros meios. "Após um dia de trabalho, me relaxa muito
quando sento diante</c>
family:Liberation Sans">da atividade de trabalho é, concomitantemente, u m a força
de decomposição, de</c>
family:Liberation Sans">da televisão e me deixo irrigar", dizem os trabalhadores, e
eles não mentem. E</c>
family:Liberation Sans">distração, e exatamente esse efeito duplo passa para a
imagem fílmica e para sua</c>
family:Liberation Sans">isso da m e s m a f o r m a c o m o o organismo, que se
adapta ao consumo de doses</c>
family:Liberation Sans">conduta r e c e p t i v o - e s t é t i c a correspondente.
A pancada, c o m a qual o trabalha-</c>
family:Liberation Sans">de nicotina, álcool e cocaína, t a m b é m relaxa ao
consumi-las. Por meio de tal</c>
family:Liberation Sans">dor da linha de montagem fixa os parafusos e, dessa forma,
se d e c o m p õ e c o m o</c>
family:Liberation Sans">relaxamento, pôde-se demonstrar o que se exigiu do sistema
nervoso, que não</c>
family:Liberation Sans">pessoa presente nos tempos modernos, encontra seu c o r r e
s p o n d e n t e n o c h o q u e</c>
family:Liberation Sans">suportaria mais, em estado desperto, uma quantidade menor
de excitação e de</c>
family:Liberation Sans">da imagem fílmica. De m o d o f u l m i n a n t e , o c h o
q u e c o n c e n t r a a atenção n u m</c>
family:Liberation Sans">tensão. E isso náo anula de m o d o algum o fato de que os
choques audiovisuais,</c>
family:Liberation Sans">ponto, para poder triturar essa concentração através de
incontáveis repetições.</c>
family:Liberation Sans">que oferecem relaxamento, apenas continuam, de outra forma,
a fazer aquilo que</c>
family:Liberation Sans">O meio de concentração é, propriamente, o meio de
decomposição. A impressão</c>
family:Liberation Sans">a r o t i n a de t r a b a l h o deixa transparecer: a
"subsunção real" do t e m p o livre.</c>
family:Liberation Sans">dominante, que a imagem fílmica desempenha em cada cultura
sem filme e que é</c>
family:Liberation Sans">Mas a a d a p t a ç ã o dos p r o c e d i m e n t o s de t
e m p o livre à lei de m o v i m e n t o da</c>
family:Liberation Sans">penetrada por essa imagem - leem-se aquelas lembranças, que
foram jovens como</c>
family:Liberation Sans">p r o d u ç ã o q u e d e u , n o início do século XX, com
o filme, o seu grande salto</c>
family:Liberation Sans">a juventude do próprio filme51 ou, c o m o ainda hoje se vê
em certas regiões d o</c>
family:Liberation Sans">qualitativo teve, nos anos 1970, um p o n t o de mutação
memorável. C o m a re-</c>
family:Liberation Sans">mundo, nas quais a televisão já chegou, famílias inteiras
perseguindo atentamente</c>
family:Liberation Sans">volução microeletrônica, iniciou-se, ao mesmo tempo, uma
subsunção reversa:</c>
family:Liberation Sans">cada movimento que ocorre na tela —, seguramente t a n t o
se desgasta q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">da esfera d a p r o d u ç ã o à b a t u t a da n o r m a do
t e m p o livre. A tela, o g r a n d e</c>
family:Liberation Sans">exige a sua conservação. Em seu encanto, o tiro ótico
cativa de f o r m a irresistível,</c>
family:Liberation Sans">recheio d o t e m p o livre, penetrou p r o f u n d a m e n
t e , por meio d o computador,</c>
family:Liberation Sans">pois através de uma repetição permanente ele orienta, de m
o d o gradativo, t o d o</c>
family:Liberation Sans">n o m u n d o d o t r a b a l h o ; a coordenação de
processos inteiros de p r o d u ç ã o e</c>
family:Liberation Sans">o sensório em si, tanto fisiológica q u a n t o
esteticamente, até se t o r n a r impres-</c>
family:Liberation Sans">a d m i n i s t r a ç ã o perpassa p o r ela, de tal m o d
o que se apresenta c o m o o instru-</c>
family:Liberation Sans">cindível, como se fosse uma injeção de que o organismo
precisa diariamente. E</c>
family:Liberation Sans">m e n t o de e n s i n o d o f u t u r o .</c>
family:Liberation Sans">porque toda injeção t a m b é m anestesia, torna-se u m a
conseqüência inevitável</c>
family:Liberation Sans">E m t o d o s os lugares nos quais a tela assume esse
papel, realiza-se aquilo</c>
family:Liberation Sans">a exigência de doses mais poderosas. A vacina se revela c o
m o substância que</c>
family:Liberation Sans">que t e m o aspecto de u m a unio mystica [união mística]:
o c h o q u e fílmico e</c>
family:Liberation Sans">vicia. Porém ela é ingerida na condição de vacina, mas não
tal c o m o Benjamin</c>
family:Liberation Sans">a atividade de trabalho se t o r n a m um só. O imperativo
categórico "olhe para</c>
family:Liberation Sans">pensou, ou seja, como estimulante para a realização da
revolução d o processo</c>
family:Liberation Sans">cá" se t r a n s f o r m a , ao mesmo tempo, em necessidade
econômica. As imagens</c>
family:Liberation Sans">de trabalho capitalista. Ela é ingerida para poder
imunizar-se contra esse efeito</c>
family:Liberation Sans">de c o m p u t a d o r n o local de trabalho agem, em
comparação com aquelas que</c>
family:Liberation Sans">triturador e extrair prazer de seus impulsos. N o caso da
apresentação tragicô-</c>
family:Liberation Sans">passam c o m o u m raio nas telas da televisão e do cinema,
na maioria das vezes</c>
family:Liberation Sans">mica que o clown Chaplin exibe, pode-se ver claramente q u
e não se precisou</c>
family:Liberation Sans">c o m o sedativos. Elas se m o v i m e n t a m pouco, quase
nada, não provocam sola-</c>
family:Liberation Sans">de nenhuma contribuição mental para a r e p r o d u ç ã o d
o tique a n t e r i o r m e n t e</c>
family:Liberation Sans">vancos espetaculares, tão logo apresentem cada focagem com
a autoridade de</c>
family:Liberation Sans">mencionado. C o n t u d o , ela é um highlight</c>
family:Liberation Sans">e isso não m u d a o fato de que, ao</c>
family:Liberation Sans">u m d i t a d o e c o n ô m i c o , tão logo os dados, os
quais a b r u p t a m e n t e eu acesso,</c>
family:Liberation Sans">longo do tempo, a sensação de prazer proveniente do c h o q
u e representa uma</c>
family:Liberation Sans">me acessem p a r a q u e sejam trabalhados ou deletados. E
o n d e a atividade de</c>
family:Liberation Sans">considerável reviravolta que estressa e desgasta o sistema
nervoso. É cansativo</c>
family:Liberation Sans">trabalho se t r a n s f o r m a em c h o q u e imagético, t
a m b é m todos os choques imagéticos e sonoros, os quais vão ao éter c o m o pura
diversão ou p u r o passatempo,</c>
family:Liberation Sans">adquirem a aparência de tarefas de trabalho virtuais. A
seriedade da vida palpita</c>
family:Liberation Sans">51 Por exemplo: " M i n h a juventude e a d o cinema t r a
n s c o r r e r a m p a r a l e l a m e n t e e. na efervescência
intelectual,</c>
family:Liberation Sans">q u e eu vivi nessa época tão f r u t í f e r a , era-me d
e m a s i a d a m e n t e difícil a p a g a r o f o g o juvenil — q u e n ã
o</c>
family:Liberation Sans">precisava dc n e n h u m a razão externa para se
manifestar. Era difícil evitar a excitação q u e se a p o d e r a v a dc</c>
family:Liberation Sans">m i m q u a n d o me deparava c o m o q u a d r o mais
recente de Picasso, a o b r a mais nova d c Stravinsky ou n o</c>
family:Liberation Sans">caso dos filmes a q u e eu, ainda u m a l u n o de ginásio,
c o m f e r v o r religioso, ia assistir t o d a s as tardes de</c>
family:Liberation Sans">d o m i n g o n u m a p e q u e n a sala escura no Q u a r
t i e r Latin ou cm M o n t m a r t r e " ( C . Lévi-Strauss, Ein</c>
family:Liberation Sans">llymnui</c>
family:Liberation Sans">an dieJungend. F r a n k f u r t e r R u n d s c h a u , 21
mar., 1995, p. 8).</c>
family:Liberation Sans">neles. T o d a a existência começa a depender, de uma forma
absurda, de estar</c>
family:Liberation Sans">presente, de ser percebido ou perceber, de estar
esteticamente presente, enfim,</c>
family:Liberation Sans">de estar "aí". Aquilo que se m o s t r o u n o primeiro
capítulo, em sua face externa,</c>
family:Liberation Sans">c o m o a luta pelo "aí", pela percepção, pela imagem e
pelo logotipo, produziu,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>gradativamente, sua evidência fisioteológica e p o d
e ser r e c o n h e c i d o c o m o um</c>
family:Liberation Sans">indivíduos. Entretanto, a desapropriação e a exploração
foram mais facilmente</c>
family:Liberation Sans">pressionar vício-saudosista para o contato com a vacina
scnsório-transcendental</c>
family:Liberation Sans">identificadas nas sociedades pré-modernas. As definições de
ambos os conceitos</c>
family:Liberation Sans">redentora que devem aplicar os projéteis estéticos.</c>
family:Liberation Sans">eram feitas com p r o c e d i m e n t o s elementares.
Desapropriar: tomar de alguém</c>
family:Liberation Sans">o que lhe pertence, c o m o se ele fosse sempre o dono,
seja por meio do roubo,</c>
family:Liberation Sans">da herança, da doação, da descoberta, da geração, da
compra, do trabalho ou</c>
family:Liberation Sans">Exploração: econômica - física - estética</c>
family:Liberation Sans">de o u t r a coisa. Explorar: tirar de alguém os frutos de
seu trabalho, os produtos</c>
family:Liberation Sans">nos quais alguém empregou atenção, doação e força, ou seja,
algo de si próprio,</c>
family:Liberation Sans">A metamorfose, a inflação, a codificação d o s a g r a d o
a n t i q u í s s i m o n o cho-</c>
family:Liberation Sans">com o objetivo de torná-los prazerosos física ou
esteticamente. Este é um caso</c>
family:Liberation Sans">que imagético m o d e r n o percorreram um longo c a m i n
h o . Já a carreira q u e o</c>
family:Liberation Sans">especial de desapropriação, mas um caso especialmente
agravado, pois se trata</c>
family:Liberation Sans">choque imagético fez nos últimos 150 anos foi v e r t i g i
n o s a m e n t e rápida. Ele</c>
family:Liberation Sans">de uma cisão p r o f u n d a na relação íntima entre p r o
d u t o r e produto, bem como</c>
family:Liberation Sans">foi, na forma da fotografia, o símbolo m o n á d i c o da
Revolução Industrial; já</c>
family:Liberation Sans">no manancial de riqueza social. Desde tempos imemoriais faz
parte do processo</c>
family:Liberation Sans">na condição de imagem fílmica, o c h o q u e foi a f o r m
a de a p a r ê n c i a d a sub-</c>
family:Liberation Sans">de sociabilização que os frutos do trabalho de determinados
grupos ou não lhes</c>
family:Liberation Sans">sunção real do t e m p o livre à p r o d u ç ã o
capitalista. F i n a l m e n t e , n a imagem</c>
family:Liberation Sans">pertençam ou lhes pertençam apenas em parte. Isso é
evidente n o caso dos es-</c>
family:Liberation Sans">de computador, o choque, e n q u a n t o f o r m a de
aparência, se m e t a m o r f o s e o u</c>
family:Liberation Sans">cravos ou dos servos. Para poder obter seus víveres, eles
tiveram de trabalhar um</c>
family:Liberation Sans">na própria coisa, ou seja, transformou-se n o m o t o r d o
processo de produção,</c>
family:Liberation Sans">d e t e r m i n a d o período de t e m p o do dia. Porém
eles foram coagidos a trabalhar</c>
family:Liberation Sans">realizando um clássico "retorno ao f u n d a m e n t o " ;
t r a n s f o r m o u - s e n o p o n t o</c>
family:Liberation Sans">o dia t o d o até à exaustão, de tal m o d o que lhes era
concedido apenas o m í n i m o</c>
family:Liberation Sans">de identidade e de reciprocidade d o t r a b a l h o e do t
e m p o livre, n o p o n t o de</c>
family:Liberation Sans">para que pudessem existir, ao passo que t o d o o resto era
t o m a d o para se poder</c>
family:Liberation Sans">social, num poder de concentração global sem precedentes —
e faz isso</c>
family:Liberation Sans">coesão</c>
family:Liberation Sans">todos os lugares onde ele se apresenta, c o m o n e n h u m
o u t r o meio, de f o r m a</c>
family:Liberation Sans">em</c>
family:Liberation Sans">fugaz, d i f u n d i d a e difusa. A síntese social q u e
ele f u n d a é, p o r u m lado, tão</c>
family:Liberation Sans">ter u m a vida agradável. O desenvolvimento de toda uma
teoria da exploração,</c>
family:Liberation Sans">p o r p a r t e de Marx, deve-se u n i c a m e n t e ao
fato de que a existência da explora-</c>
family:Liberation Sans">impalpável e inatingível e, p o r outro, tão instável c o m
o n e n h u m a o u t r a . Tal</c>
family:Liberation Sans">das massas em configurações embriagadas, abandonadas em
volta dos distritos</c>
family:Liberation Sans">síntese mina e frustra a si própria em cada u m a de suas p
r o d u ç õ e s concentra-</c>
family:Liberation Sans">industriais, cujas relações de trabalho eram danificadas ao
extremo. Por outro,</c>
family:Liberation Sans">das 52 . A estetização de todas as relações de p r o d u ç
ã o e de vida é t a m b é m u m a</c>
family:Liberation Sans">os t r a b a l h a d o r e s não eram colocados d i a n t e
das m á q u i n a s sob a ameaça da</c>
family:Liberation Sans">estetização da desapropriação e da exploração. E com isso
esses dois conceitos</c>
family:Liberation Sans">ação d o c h i c o t e ou de a l g u m a arma, mas sim se p
e r m i t i a m ser contratados,</c>
family:Liberation Sans">caem por terra, sendo que foram proscritos desde o colapso
d o bloco socialista</c>
family:Liberation Sans">de m o d o q u e sua força de trabalho era trocada, por
meio de um acordo com o</c>
family:Liberation Sans">oriental, e se juntam ao combalido conceito de "luta de
classes". Pode-se dizer</c>
family:Liberation Sans">c o m p r a d o r , por um equivalente: o salário d o
trabalho. Então, surge a questão:</c>
family:Liberation Sans">de tudo do capitalismo high-tech,</c>
family:Liberation Sans">ou seja, q u e ele n ã o t e m coração, q u e ele</c>
family:Liberation Sans">estressa, que rouba a orientação, que precisa de poucas
forças de trabalho, que</c>
family:Liberation Sans">distribui os rendimentos de maneira desigual, mas não q u e
ele explora. Em</c>
family:Liberation Sans">vez disso, fala-se de vencedores e de perdedores no
processo de modernização,</c>
family:Liberation Sans">como se todos sentassem diante de uma grande e n e u t r a
roleta, na qual cada</c>
family:Liberation Sans">um faz sua aposta com mais ou menos sorte. Esta é u m a
idéia e q u i v o c a d a e</c>
family:Liberation Sans">totalmente superficial, que p e r m a n e c e presente, na
m e d i d a em q u e a forma</c>
family:Liberation Sans">de sociabilização d o mercado intervém nos indivíduos, ao m
e s m o t e m p o em</c>
family:Liberation Sans">que desenvolve, cuida e desgasta as disposições e
capacidades desses mesmos</c>
family:Liberation Sans">ção não é identificada de forma tão evidente. Por um lado,
nota-se o formigar</c>
family:Liberation Sans">o n d e está a exploração?</c>
family:Liberation Sans">É nesse p o n t o que intervém a teoria de Marx sobre a
troca justa, tal c o m o</c>
family:Liberation Sans">foi discutido no capítulo anterior, ou seja, o "valor" de
uma mercadoria nada</c>
family:Liberation Sans">mais é d o q u e a quantidade de trabalho que se
corporifica na mercadoria, send o que, na média social geral, com oscilações
insignificantes, as mercadorias</c>
family:Liberation Sans">são efetivamente vendidas pelo seu "valor", e o mesmo vale
para a mercadoria</c>
family:Liberation Sans">força de trabalho. Mas, p a r a Marx, ela é uma mercadoria
totalmente especial:</c>
family:Liberation Sans">a única q u e não é apenas "valor", mas que t a m b é m p r
o d u z "valor". Ela não</c>
family:Liberation Sans">é c o n s u m i d a c o m o se fosse um pão ou um vestido,
mas sim q u a n d o ela se</c>
family:Liberation Sans">deixa produzir. E isso lhe fornece u m a tal ambigüidade
que possibilita, sob o</c>
family:Liberation Sans">52 Esta c a mediação q u e a terminologia política
internacional d e n o m i n o u c o m o globalização.</c>
family:Liberation Sans">pretexto da troca justa, a realização da mais
desavergonhada exploração. Ela é</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>vendida como cada mercadoria, por u m valor que ela
possui, mas utiliza-se o</c>
family:Liberation Sans">com o propósito dc calcular, de forma clara, a exploração,
produz também am-</c>
family:Liberation Sans">valor que ela produz e que é mais valor do que o valor da p
r ó p r i a mercadoria,</c>
family:Liberation Sans">bigüidade e imprecisão. E tal estado já se inicia com o
valor com o qual a força</c>
family:Liberation Sans">ou seja, é mais-valia, que é apropriada pelo seu c o m p r
a d o r . Marx apresenta tal</c>
family:Liberation Sans">de trabalho é pretensamente vendida. Esse valor deve
compor-se de dois tipos</c>
family:Liberation Sans">teoria num exemplo simples: q u a n d o a força de trabalho
deve ser exercida p o r</c>
family:Liberation Sans">de custo: o primeiro se refere "a alimentação, à
vestimenta, ao aquecimento e</c>
family:Liberation Sans">nove horas para poder compensar seu salário, mas, na
realidade, ela se realiza</c>
family:Liberation Sans">à moradia", os quais são necessários para que a força de
trabalho conserve uma</c>
family:Liberation Sans">numa jornada de trabalho de 12 horas, então o capitalista
se a p r o p r i a de um</c>
family:Liberation Sans">condição de vida normal, sendo que este adjetivo "normal",
para que possa ser</c>
family:Liberation Sans">quarto do quantum de trabalho c o m o mais t r a b a l h o
não pago, t a m b é m no-</c>
family:Liberation Sans">considerado válido, depende, tal como Marx bem sabe, das
"particularidades</c>
family:Liberation Sans">meado como "mais-valia absoluta" . Além disso, q u a n d o
as m á q u i n a s e n t r a m</c>
family:Liberation Sans">climáticas e naturais", assim c o m o do "nível cultural do
país" 55 . Já o outro custo</c>
family:Liberation Sans">nesse circuito t o r n a n d o o trabalho tão produtivo, de
tal f o r m a q u e a força de</c>
family:Liberation Sans">diz respeito à educação e à formação necessárias para que
"a natureza humana se</c>
family:Liberation Sans">trabalho empregada em oito horas já compensa seu salário, e
n t ã o a mais-valia</c>
family:Liberation Sans">t r a n s f o r m e n u m a força de trabalho específica e
desenvolvida, de tal m o d o que</c>
family:Liberation Sans">de u m doze avos em seu valor</c>
family:Liberation Sans">ela o b t e n h a destreza num d e t e r m i n a d o r a m
o de trabalho" 5 6 . Disso resultam</c>
family:Liberation Sans"><;eral de um terço. Naturalmente, Marx sabe que tais n ú
m e r o s cristalinos não</c>
family:Liberation Sans">cálculos que nunca são corretos, uma vez que largas lacunas
permanecem em</c>
family:Liberation Sans">se realizam no cálculo e c o n ô m i c o concreto, que tais
postos "valor" e "mais-</c>
family:Liberation Sans">relação a quais mercadorias e necessidades devem ser
avaliadas para que se tenha</c>
family:Liberation Sans">valia" não existem em lugar algum; que, para a e c o n o m
i a da e m p r e s a , não</c>
family:Liberation Sans">uma "condição de vida normal", assim c o m o sobre qual
seria a quantidade de</c>
family:Liberation Sans">tem tanta importância aquilo que a força de t r a b a l h o
rende, mas sim q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">trabalho necessária para a educação e a formação e n q u a
n t o fatores de custo.</c>
family:Liberation Sans">o investimento geral proporciona c o m o g a n h o . N o e
n t a n t o , o m a i o r dos três</c>
family:Liberation Sans">O r a , tais forças t a m b é m são empregadas na casa dos
pais e na escola primária.</c>
family:Liberation Sans">volumes do Capital concebeu a comprovação minuciosa de que
t o d o o processo</c>
family:Liberation Sans">Elas são consumidas apenas por meio dos professores pagos?
O u então apenas</c>
family:Liberation Sans">econômico moderno nada mais é do que o d e s d o b r a m e
n t o , a complexificação,</c>
family:Liberation Sans">na p r o d u ç ã o de uma d e t e r m i n a d a
habilidade?- E, principalmente, tão logo</c>
family:Liberation Sans">a ocultação desse modelo básico cristalino de valor e mais-
valia. Isso se firma,</c>
family:Liberation Sans">surjam dúvidas sobre se os m u i t o distintamente
remunerados técnicos espe-</c>
family:Liberation Sans">fundamentando-se em Hegel, c o m o a "essência", em relação
à qual os processos</c>
family:Liberation Sans">cializados, engenheiros, juristas, gerentes, professores
são contratados "pelo</c>
family:Liberation Sans">econômicos concretos representam a "aparência". E a mesma
aparência, q u e se</c>
family:Liberation Sans">seu valor", pode-se fazê-lo sob o pretexto não de u m a m é
d i a estatística, mas</c>
family:Liberation Sans">t o r n o u invisível na roupagem da troca de equivalentes
e na m a t a espessa d o</c>
family:Liberation Sans">sim de u m a m é d i a metafísica que nunca pode ser
verificada por meio de pes-</c>
family:Liberation Sans">mercado, deve tornar-se n o v a m e n t e visível p o r
meio da crítica d a e c o n o m i a</c>
family:Liberation Sans">quisas empíricas e nem desmentida, pois tais pesquisas são
sua mera aparência</c>
family:Liberation Sans">política, da mesma forma que, nos tempos p r é - m o d e r
n o s , sem q u e houvesse</c>
family:Liberation Sans">oscilante: números e preços, que m e r a m e n t e oscilam
n o "valor" e que nunca o</c>
family:Liberation Sans">teoria, os camponeses tinham a obrigação de entregar o
dízimo. Inversamente,</c>
family:Liberation Sans">expressam no u m a um, ou seja, na mesma proporção.</c>
family:Liberation Sans">"absoluta" se incrementa na "mais-valia relativa"</c>
family:Liberation Sans">isso significa que a mais-valia é pensada c o m o se fosse
u m dízimo enclausurado,</c>
family:Liberation Sans">A exploração, que é calculada sobre tal base leviana,
inicia-se, aliás, admi-</c>
family:Liberation Sans">que ela pode ser, em caso desfavorável, desapropriada t a m
b é m na "quinta", na</c>
family:Liberation Sans">ravelmente tarde: primeiramente, no m o m e n t o do dia de
trabalho, na ocasião</c>
family:Liberation Sans">"quarta" 011 na sua "terça" parte e que é, finalmente,
decifrada c o m o u m r o u b o</c>
family:Liberation Sans">d o n ã o p a g a m e n t o da mais-valia. Mas, e antes
disso? O r a , tão logo a torça</c>
family:Liberation Sans">estrutural com o objetivo de que os que foram roubados
possam lutar c o n t r a</c>
family:Liberation Sans">de t r a b a l h o apenas equilibre os custos que ela mesma
p r o d u z , de m o d o que</c>
family:Liberation Sans">tal usurpação de forma adequada. Entretanto, a "essência"
de Hegel se atrofia</c>
family:Liberation Sans">trabalhe "para si" ao invés de trabalhar para seus
compradores, realiza-se, de</c>
family:Liberation Sans">muito não hegelianamente diante de um quantitativo, pois se
trata de um tran-</c>
family:Liberation Sans">acordo c o m esse tipo de cálculo, uma troca de
equivalentes justa. Porém a rea-</c>
family:Liberation Sans">sempírico, uma base de cálculo metafísica, em s e n t i d o
literal, q u e não é 11111</c>
family:Liberation Sans">lidade da exploração — na qual também, nesse lapso de
tempo, o "apêndice da</c>
family:Liberation Sans">número, mas que "aparece" nas relações numéricas. U m tal
quantum</c>
family:Liberation Sans">metafísico</c>
family:Liberation Sans">é um ferro amadeirado. A tentativa de determinar a troca
justa em algoritmos,</c>
family:Liberation Sans">56 Idem, o p . cit., p. 186.</c>
family:Liberation Sans">57 M a r x , de m a n e i r a d e s a r m a d a e franca,
afirma o m e s m o : "Ao c o n t r á r i o de outras mercadorias, a determi53 K.
Marx, Das Kapital</c>
family:Liberation Sans">/. p. 192.</c>
family:Liberation Sans">nação d o valor d a força de t r a b a l h o c o n t é m u
m e l e m e n t o histórico e m o r a l " ( i d e m . op. e t . , p. 185).
mas</c>
family:Liberation Sans">n ã o há, p a r a isso, u m a chave de conversão.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>máquina" 58 , tal como Marx, em outra ocasião, n o m
e o u o trabalhador, executa,</c>
family:Liberation Sans">dos músculos e dos órgãos sensoriais" 6 ' também pode
recrudescer o autodes-</c>
family:Liberation Sans">de maneira fatigante, um par de gestos mecanizados —
permanece t o t a l m e n t e</c>
family:Liberation Sans">perdício, além de que o tornar-se suficientemente mutilado
numa atividade de</c>
family:Liberation Sans">sem contestação do p o n t o de vista teórico. A q u i as m
á q u i n a s se afirmam, às</c>
family:Liberation Sans">trabalho é a contrapartida rigorosa do concentrar de todas
as forças na resolução</c>
family:Liberation Sans">avessas, c o m o apêndice da criação de valor h u m a n
o ;</c>
family:Liberation Sans">falando,</c>
family:Liberation Sans">de um desafio. E n t r e t a n t o , há um delicado toque
de extremos: ou q u a n d o a</c>
family:Liberation Sans">revelam-se c o m o acidentes; p o r meio delas a
"substância" da mais-valia ab-</c>
family:Liberation Sans">relação de u m a atividade de trabalho dolorosa assume a
forma da identifica-</c>
family:Liberation Sans">soluta atinge a "substância" da mais-valia relativa. As m á
q u i n a s deveriam en-</c>
family:Liberation Sans">ção c o m o agressor, e os explorados compreendem, de forma
equivocada, sua</c>
family:Liberation Sans">trar em ação e t a n t o se p e r m i t i r i a m o p e r a
r de f o r m a agradável c o m o tam-</c>
family:Liberation Sans">exploração c o m o autodesperdício, ou q u a n d o aquele
que desperdiça prova do</c>
family:Liberation Sans">bém aumentariam consideravelmente a produtividade da força
de trabalho, a</c>
family:Liberation Sans">p r ó p r i o v e n e n o d o comparativo, ao invejar o
trotar vagaroso do seu colega e</c>
family:Liberation Sans">mesma força de trabalho que precisa apenas de uma fração do
dia de trabalho</c>
family:Liberation Sans">começar a suspeitar d o próprio desgaste das forças da
(auto)exploração 6 2 .</c>
family:Liberation Sans">filosoficamente</c>
family:Liberation Sans">para equilibrar seus custos. Desta forma, poder-se-ia
calcular, de m o d o crista-</c>
family:Liberation Sans">O juízo subjetivo não é eliminado nem da troca justa e nem
t a m b é m do</c>
family:Liberation Sans">lino, a exploração crescente na forma d o nível de ruído,
de esforço, de desgaste</c>
family:Liberation Sans">seu contrário, ou seja, da exploração. Esta ocorre por meio
de uma constelação</c>
family:Liberation Sans">nervoso, de m o d o que o trabalhador p o d e r i a voltar
para casa com mais salário</c>
family:Liberation Sans">de c o n t o r n o p o u c o nítido e nunca se deixa dizer
exatamente o n d e começa ou</c>
family:Liberation Sans">e menos desgastado. Mas a exploração calculada e a
vivenciada n ã o c o m b i -</c>
family:Liberation Sans">t e r m i n a . E n t r e t a n t o o c o n t o r n o é m u
i t o fino, em comparação com aquela</c>
family:Liberation Sans">nam entre si. O trabalho insuportavelmente desgastante é
contabilizado c o m o</c>
family:Liberation Sans">constelação q u e ele rodeia. É um absurdo querer acabar
com a exploração por</c>
family:Liberation Sans">uma parte do dia de trabalho sob a troca correta de
equivalentes, da m e s m a</c>
family:Liberation Sans">meio de m e r o juízo, pois ela é um fato global. Os
salários de f o m e que são</c>
family:Liberation Sans">forma que as horas extras não pagas que alguém pede para
fazer, u m a vez que</c>
family:Liberation Sans">pagos p o r u m a j o r n a d a de trabalho fatigan te são
objetivamente constatáveis e</c>
family:Liberation Sans">a atividade de trabalho o fascina, p e r m a n e c e m c o
m o pura exploração. A fal-</c>
family:Liberation Sans">não coincidem com toda pobreza "absoluta", na qual, de
acordo com estimati-</c>
family:Liberation Sans">ta de indenização, a não restauração das próprias forças
que foram extraídas,</c>
family:Liberation Sans">vas da O r g a n i z a ç ã o das Nações Unidas, mais de um
bilhão de pessoas vivem,</c>
family:Liberation Sans">revela-se o f u n d a m e n t o físico da exploração. Mas a
exploração tem u m sósia</c>
family:Liberation Sans">sendo que essa i n f o r m a ç ã o é raramente divulgada. A
grande série de imagens</c>
family:Liberation Sans">que, entretanto, representa exatamente o seu c o n t r á r
i o : o a u t o d e s p e r d í c i o .</c>
family:Liberation Sans">publicada n o livro Trabalhadores,</c>
family:Liberation Sans">Sentem-se e desenvolvem-se as próprias forças apenas q u a
n d o elas são expressas.</c>
family:Liberation Sans">t o r n a p ú b l i c o aquilo que é estatisticamente
flagrante: a maioria dos trabalhos</c>
family:Liberation Sans">do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado,</c>
family:Liberation Sans">Não há autodescobrimento sem que haja autoexpressão, não há
prazer se não</c>
family:Liberation Sans">houver dedicação, seja em relação às coisas, seja em
relação às pessoas, seja n o</c>
family:Liberation Sans">trabalhar, no brincar ou no viver. E n q u a n t o for
obstaculizado aos seres h u m a n o s</c>
family:Liberation Sans">paralisar seus m o m e n t o s de felicidade e serem eles t
r a n s p o r t a d o s para a glória</c>
family:Liberation Sans">eterna, a realização de tais m o m e n t o s , através d o
desperdício incondicional,</c>
family:Liberation Sans">revela-se c o m o que a "segunda m e l h o r viagem" 5 9 —
a m e l h o r possível, s o b</c>
family:Liberation Sans">as condições do efêmero 6 0 . A exploração d o "cérebro h u
m a n o , dos nervos,</c>
family:Liberation Sans">d e s p e r d i ç a d o r : sua grandeza reside no seu
esgotamento..?.</c>
family:Liberation Sans">Reconhece-se seu sacrifício, elogia-se seu 'heroísmo', sua
indiferença em relação a seu p r ó p r i o bem, sua dedicação para uma idéia, para
u m a grande obra,</c>
family:Liberation Sans">para a pátria; t u d o isso é u m mal-entendido [...] ele
sc derrama, ele flui, ele se consome, não se cuida — t u d o</c>
family:Liberation Sans">isso c o m fatalidade, funesta e i n v o l u n t a r i a m
e n t e , da m e s m a f o r m a que é involuntário o t r a n s b o r d a r de
um</c>
family:Liberation Sans">rio sobre sua m a r g e m " (F. Nietzsche, Gòtzen-
D.immerung,</c>
family:Liberation Sans">p. 146). Este é um p o n t o de grande aproximação</c>
family:Liberation Sans">entre Marx e Nietzsche.</c>
family:Liberation Sans">61 K. M a r x , Das KapitalI,</c>
family:Liberation Sans">58 Idcm, op. cit., p. 674.</c>
family:Liberation Sans">59 U m conceito magnífico de Platão cm relação ao m é t o d
o socrático d o verdadeiro ser que se priva d e t o d o</c>
family:Liberation Sans">acesso direto e que, ao ser ao menos m e d i a d o através
de sua cópia, sc t o r n a p a r t í c i p e : "Pareceu-me (...) ser</c>
family:Liberation Sans">necessário ter cuidado, para que eu não sofresse aquilo que
acontece c o m aqueles q u e observam c c o n t e m plam o Sol obscurecido. M u i t
o s c o r r o m p e m seus o l h o s q u a n d o o b s e r v a m sua imagem não na
água ou</c>
family:Liberation Sans">coisa s e m e l h a n t e (p. 279). Eu refleti c temi t o r
n a r - m e t o t a l m e n t e cego q u a n t o à m i n h a alma, q u a n d
o</c>
family:Liberation Sans">olhasse para as coisas c tentasse tocá-las com t o d o s os
sentidos. P o r t a n t o , p a r e c e u - m e q u e deveria recorrer</c>
family:Liberation Sans">aos p e n s a m e n t o s e neles contemplar a verdade d o
ser" (Platão. Fédon, 991)60 Marx sabe disso; apenas tal questão permanece, n o que
se refere a u m a teoria da exploração, sem conseqüências. " D e fato, mesmo o
trabalhar livremente, p o r exemplo, a c o n c e p ç ã o de algo, é, ao m e s m o t
e m p o ,</c>
family:Liberation Sans">de uma seriedade das mais terríveis, além dc exigir um
esforço dos mais intensos." (K. M a r x , Grundisse,</c>
family:Liberation Sans">p. 505). Nietzsche concedeu a isso u m a segunda voz: " O
gênio, e m seu trabalho, é necessariamente u m</c>
family:Liberation Sans">62 A e q u i p e dc t r a b a l h o neoliberal é o p o n t
o dc indiferença dc ambos. A autoexploração e o autodesperdício</c>
family:Liberation Sans">resvalam u m n o o u t r o até se t o r n a r e m
indiscerníveis. N ã o sc sabe mais a que se atar. não sc conhece mais</c>
family:Liberation Sans">a si próprio. O q u a n t o isso sc c o n f u n d e foi
demonstrado, de forma impressionante, p o r Richard Sennct (Der</c>
family:Liberation Sans">flexibleMensch.</c>
family:Liberation Sans">Berlim, 1998). D i a n t e da "capacidade dc t r a b a l h
a r bem e m c o n j u n t o , com um g r u p o</c>
family:Liberation Sans">d e pessoas q u e p o d e m ser trocadas entre si", n i n g
u é m p o d e levantar alguma objeção; escuta-se pacientemente, a j u d a m - s e
os outros, assume-se a direção, e n q u a n t o se troca de u m a e q u i p e para
a outra" (p. 148).</c>
family:Liberation Sans">E n t ã o , d c f a t o se crê que "os f u n c i o n á r i
o s realmente náo concorrem uns c o m os outros". "Funcionários e</c>
family:Liberation Sans">superiores n ã o são adversários. Pelo contrário, o chefe é
o m o d e r a d o r d o processo de g r u p o " (p. 149). E,</c>
family:Liberation Sans">n o e n t a n t o , cada pesquisa m o s t r a e x a t a m e
n t e o contrário: a nova " p r o m o ç ã o das capacidades individuais</c>
family:Liberation Sans">d o t r a b a l h a d o r " (p. 150) p r o d u z u m a
inaudita pressão de g r u p o . "Os diferentes g r u p o s de trabalho f o r a
m</c>
family:Liberation Sans">c o l e t i v a m e n t e responsáveis pela p r o d u ç ã o
dc t r a b a l h o de seus membros, sendo q u e os g r u p o s criticaram</c>
family:Liberation Sans">uns aos outros". "Eles f o r a m aconselhados pelos
Meetings, os quais se assemelhavam a grupos de terapia, a</c>
family:Liberation Sans">fazer u m a terapia em n o m e dos interesses d o balanço
comercial" (p. 152). Sob tais condições, cada comparação c o m os colegas se t r a
n s f o r m a n u m a identificação com o agressor.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>manuais ocorre na margem da existência mínima, a
maioria é m e c a n i c a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">dilatam, c o n t i n u a m e n t e se tramam e se permitem
engendrar novas formas de</c>
family:Liberation Sans">tosca e utiliza meios técnicos arcaicos.</c>
family:Liberation Sans">A constelação básica da exploração c o n t i n u a s e n d
o a física. E ela não se</c>
family:Liberation Sans">c o m b i n a ç ã o de maneira quase inesgotável; mesmo q u
a n d o o se tornar con-</c>
family:Liberation Sans">reduz à mais-valia que não é paga. Mas Marx esperava q u e
ela se reduzisse a</c>
family:Liberation Sans">transcorrer dos milênios, passa a ser, e m grande medida,
um autoconcentrar,</c>
family:Liberation Sans">isso. Na base de seu modelo de exploração se encontra o m o
d e l o p r é - m o d e r n o ,</c>
family:Liberation Sans">m e s m o assim a concentração nunca se t o r n o u
autárquica. M e s m o o sistema</c>
family:Liberation Sans">feudal, de pagamento do dízimo, ao passo que o capitalismo
m e r a m e n t e dis-</c>
family:Liberation Sans">filosófico mais idealizado, e que aparenta ser totalmente
assentado em si, vive</c>
family:Liberation Sans">simularia tal situação. C o n t u d o o capitalismo t r a n
s f o r m o u a p r ó p r i a situação</c>
family:Liberation Sans">dc estímulos q u e sua época lhe fornece, e lembra
involuntariamente o quão</c>
family:Liberation Sans">da exploração, sendo que o quão p r o f u n d a m e n t e
ela foi t r a n s f o r m a d a só p ô d e</c>
family:Liberation Sans">p o u c o a concentração h u m a n a se livrou de suas
origens obscuras e que foram</c>
family:Liberation Sans">ser mostrado posteriormente, pois a exploração foi
transformada no seu estado</c>
family:Liberation Sans">d e t e r m i n a d a s p o r forças externas. As
cicatrizes são códigos, pois se elas escon-</c>
family:Liberation Sans">estético, de forma que se tornou evidente o seguinte fato:
c o m o expulsar das</c>
family:Liberation Sans">dem algo, esse algo t a m b é m é indicado. Elas d o c u m
e n t a m a cura, mas também</c>
family:Liberation Sans">capacidades humanas de seu contexto de desenvolvimento e
adequação para a</c>
family:Liberation Sans">indicam q u e ela não aconteceu totalmente, uma vez que
algo ficou retido: um</c>
family:Liberation Sans">realização de atividades de trabalho isoladas, pôs-se em m
o v i m e n t o u m a con-</c>
family:Liberation Sans">resíduo f o r m a d o com a intenção de não deixar nada
para trás, de fazer com que</c>
family:Liberation Sans">versão técnica do organismo c o m o u m t o d o ; t a m b é
m na ocasião e m q u e tal</c>
family:Liberation Sans">a ferida desaparecesse totalmente e, desta forma, ele
próprio desaparecesse. A</c>
family:Liberation Sans">conversão, em casos isolados, teve suas benesses, q u a n d
o ampliou o horizonte,</c>
family:Liberation Sans">concentração é, originalmente, tal resíduo: um sinal d o h
o r r o r arcaico — na</c>
family:Liberation Sans">inaugurou novos espaços de desenvolvimento e e m a n c i p
o u , p o r meio de tais</c>
family:Liberation Sans">expressão "campo de concentração", tal h o r r o r ressurge
a b r u p t a m e n t e — e é,</c>
family:Liberation Sans">espaços, o que Marx e Engels tão maliciosamente d e n o m i
n a r a m de "idiotismo</c>
family:Liberation Sans">não obstante, o p e n h o r de sua superação. Se tão pouca
concentração em si é algo</c>
family:Liberation Sans">da vida rústica" 63 . Mas o d e s m o n t e do processo de
t r a b a l h o em atividades iso-</c>
family:Liberation Sans">vantajoso, p o r o u t r o lado, é t a m b é m certo que,
sem ela, não existe n e n h u m a</c>
family:Liberation Sans">ladas, e do indivíduo em funções separadas, penetrou
violenta e p r o f u n d a m e n -</c>
family:Liberation Sans">vantagem. O n d e ela falta não ocorre t o d o equilíbrio
interno que me permite</c>
family:Liberation Sans">te em todo o movimento e, gradativamente, em todas as
seqüências de pensa-</c>
family:Liberation Sans">concentrar recepções, representações e pensamentos c o m o
meus, de forma que</c>
family:Liberation Sans">mentos e da percepção. Q u a n t o menos a força muscular
foi aplicada às máqui-</c>
family:Liberation Sans">neles, e p o r meio deles, eu possa experimentar-me c o m o
"eu"</c>
family:Liberation Sans">centrado, compulsiva e chocantemente, através de
incontáveis repetições no</c>
family:Liberation Sans">nas colossais, quanto mais as pontas dos dedos e os m o v i
m e n t o s oculares foram</c>
family:Liberation Sans">Este concentrar-se elementar, n o m e a d o por Kant como
"percepção origi-</c>
family:Liberation Sans">motora e refinadamente alinhavados a aparelhos m i c r o e
l e t r ô n i c o s , mais se</c>
family:Liberation Sans">nal" 64 — c o m o eixo de t o d a percepção e p e n s a m e
n t o , eixo este que é incon-</c>
family:Liberation Sans">destaca para qual direção a transformação da exploração a p
o n t a : para a explo-</c>
family:Liberation Sans">d i c i o n a d o , inatingível, e que transcende a t o d a
transformação histórica —,</c>
family:Liberation Sans">ração da concentração.</c>
family:Liberation Sans">há m u i t o foi m i n a d o e se apresenta a t u a l m e n
t e apenas p o r meio da luz da</c>
family:Liberation Sans">Uma pessoa se torna o que é por meio daquilo que ela reúne,
daquilo que ela</c>
family:Liberation Sans">onipresença dos choques audiovisuais. A grande conquista
cultural d o con-</c>
family:Liberation Sans">concentra. Concentração é o seu âmago. Mas ela não lhe
"pertence" tal c o m o</c>
family:Liberation Sans">centrar-se, do ater-se em algo, do, p o r assim dizer,
tornar sedentários os sen-</c>
family:Liberation Sans">um nariz ou uma camisa. Ela sempre precisa de algo q u e
dela se diferencie: um</c>
family:Liberation Sans">timentos, as representações e os pensamentos, desde o
início dos tempos mo-</c>
family:Liberation Sans">foco ou impulso, para o qual ela se dirige ou se concentra.
Sua f o r m a original</c>
family:Liberation Sans">dernos superou-se a si própria de uma maneira singular. Q u
a n d o o mercado</c>
family:Liberation Sans">foi apresentada no terceiro capítulo deste livro: um
desdobrar-se em t o r n o</c>
family:Liberation Sans">absoluto se t o r n o u onipresente — ao desenvolver um
magnetismo social sem</c>
family:Liberation Sans">do choque traumático, cuja repetição compulsiva
gradativamente a acumula</c>
family:Liberation Sans">precedentes, ao concentrar massas humanas nas cidades e
ajustar as forças de</c>
family:Liberation Sans">c o m o se tosse uma crosta ou camada em t o r n o d o t r
a u m a . C o n c e n t r a ç ã o é</c>
family:Liberation Sans">trabalho na execução de operações isoladas —, ele
transformou a concentração</c>
family:Liberation Sans">excitação ligada, é excitação traumaticamente cicatrizada,
que se solidifica e se</c>
family:Liberation Sans">n u m m e c a n i s m o sistemático. Ela passa através do
organismo h u m a n o e não é</c>
family:Liberation Sans">resfria em formas assentadas de recepção e de expressão, as
quais</c>
family:Liberation Sans">nada sem aquela concentração nervosa, mas não é mais
idêntica a ela. A con-</c>
family:Liberation Sans">se mostraram aptas a iniciar uma vida própria e a se
sublimarem p a r a a esfera</c>
family:Liberation Sans">centração nervosa é penetrada pela sistemática e, desde que
esta se cristalizou</c>
family:Liberation Sans">mental de representações e conceitos. Mas, m e s m o q u a
n d o elas p r ó p r i a s se</c>
family:Liberation Sans">em choques audiovisuais, manifestou apenas aquilo que no f
u n d o há m u i t o já</c>
family:Liberation Sans">63 K. Marx c F. Engels, Manifcst..., p. 466.</c>
family:Liberation Sans">64 I. Kant, Kritik der reinen Verriunfi, edição B. pp. 132.
136.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>acontece: o quanto a concentração, que é empregada
nas atividades isoladas,</c>
family:Liberation Sans">A resposta é fácil: existe u m a m e d i d a básica que se
corporifica na "força de</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o toda a própria vida de trabalho de alguém se r
e d u z i u à execução de</c>
family:Liberation Sans">trabalho simples que, em média, cada ser h u m a n o possui
em seu organismo,</c>
family:Liberation Sans">poucas e simples operações de trabalho nas máquinas, é, em
geral, ainda a sua</c>
family:Liberation Sans">sem que haja um desenvolvimento especial para isso". Já o
trabalho complexo</c>
family:Liberation Sans">concentração. Desde o início da Revolução Industrial isso
se t o r n o u incerto.</c>
family:Liberation Sans">é simplesmente o trabalho simples multiplicado65.</c>
family:Liberation Sans">E muito eloqüente foi a sentença d o Tribunal Federal A l e
m ã o d o Trabalho,</c>
family:Liberation Sans">triplo d o que seu colega sem instrução, então ele gastou o
triplo de trabalho</c>
family:Liberation Sans">feita nos anos 80 do século passado: ouvir rádio n o local
de trabalho não deve</c>
family:Liberation Sans">simples. Q u e o ourives não realizou, de m o d o alc;um, o
triplo de operações</c>
family:Liberation Sans">ser proibido sem que haja o consentimento dos
trabalhadores. Em outras pa-</c>
family:Liberation Sans">manuais, mas sim apenas operações mais hábeis e complexas,
e que a conversão</c>
family:Liberation Sans">lavras: ouvir ruído de rádio é u m direito adquirido do
trabalhador, c o n q u a n t o</c>
family:Liberation Sans">dessas qualidades em quantidades dá livre acesso a qualquer
julgamento, são</c>
family:Liberation Sans">ele não prejudique declaradamente o desenvolvimento do
trabalho. U m a sen-</c>
family:Liberation Sans">aspectos ignorados por Marx, pois isso não é compatível com
seu objetivo de</c>
family:Liberation Sans">tença do mais importante órgão judicial expressou a
característica f u n d a m e n -</c>
family:Liberation Sans">provar que a força de trabalho é vendida "pelo seu valor".
Mas se ficam os dedos</c>
family:Liberation Sans">tal de trabalho moderno: foi formalmente estipulado que o
trabalho puro, sans</c>
family:Liberation Sans">da convertibilidade, então, subitamente, ganha sentido o
par de conceitos "sim-</c>
family:Liberation Sans">phrase, sem a proteção do ruído, ou melhor, sem a proteção
por meio d o ruído,</c>
family:Liberation Sans">ples/ complexo" D e qualquer maneira, é o operar, aprendido
rapidamente, da</c>
family:Liberation Sans">sem uma irrigação duradoura, se torna insuportável, se
transforma n u m horror</c>
family:Liberation Sans">máquina, a forma "simples" do trabalho industrial, só que a
forma simples não</c>
family:Liberation Sans">vacui, da mesma forma que o t e m p o livre se torna
insuportável se não há ofer-</c>
family:Liberation Sans">é o d e n o m i n a d o r da complexa, mas sim seu modelo,
seu tipo ideal, filosofica-</c>
family:Liberation Sans">tas de diversão. O " H o m e m t o m a n d o b a n h o de
sol", q u e foi caricaturado de</c>
family:Liberation Sans">m e n t e falando. O processo industrial transcorre num
duplo sentido: tanto no</c>
family:Liberation Sans">forma tão impiedosa por Anders, é, tal c o m o foi mostrado
n o primeiro capí-</c>
family:Liberation Sans">sentido de que as máquinas sejam sempre eficientes quanto
no de que a opera-</c>
family:Liberation Sans">tulo deste livro, o caso paradigmático daquilo q u e resta
da força de trabalho</c>
family:Liberation Sans">ção destas se ajuste cada vez mais ao trabalho simples 66 .
Por isso existe, com</c>
family:Liberation Sans">modernamente simplificada, q u a n d o a atividade de
trabalho s u p r i m e aquilo</c>
family:Liberation Sans">cada nova tecnologia, um novo grau de complexidade para
assimilar e simpli-</c>
family:Liberation Sans">que mantém a força de trabalho nas horas de serviço: são
órgãos isolados sem</c>
family:Liberation Sans">ficar — pois a complexidade é sempre u m mero f e n ô m e n
o involuntário da</c>
family:Liberation Sans">ocupação, que não suportam o vácuo de sua existência
desocupada e se aferram</c>
family:Liberation Sans">maior capacidade de p r o d u ç ã o — aquilo que ainda não
foi suficientemente</c>
family:Liberation Sans">à primeira coisa que lhes fornece ocupação: o ouvido n o
rádio, o o l h o na re-</c>
family:Liberation Sans">simplificado, e não simplificar algo de contrapeso
equivalente. É certo que o</c>
family:Liberation Sans">vista ilustrada, o maxilar na goma de mascar. Essa
dispersão, ocorrida n o tem-</c>
family:Liberation Sans">t r a b a l h o não se torna sempre mais linearmente
mecanizado, uma vez que as</c>
family:Liberation Sans">po livre, e lida por Anders, nos anos 50 d o século passado
c o m o o negativo do</c>
family:Liberation Sans">máquinas t a m b é m se t o r n a m mais rápidas e
inteligentes, além de que exigem</c>
family:Liberation Sans">progresso do processo de trabalho industrial, se t r a n s
f o r m a — na m e d i d a em</c>
family:Liberation Sans">e desencadeiam, tal c o m o isso se manifesta n o caso d o
aficionado em informá-</c>
family:Liberation Sans">que a tela se faz presente em todos os recantos privados,
até chegar aos locais</c>
family:Liberation Sans">tica, novas tormas e levas de construção e composição. Mas
cada uma dessas</c>
family:Liberation Sans">de direção da produção — em parte integrante de um processo
de concentra-</c>
family:Liberation Sans">levas é apenas o adiamento de uma tendência básica que esse
adiamento pode</c>
family:Liberation Sans">ção de toda uma sociedade, fato este que leva à seguinte
constatação: a concen-</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o m u i t o frear, mas não p o d e parar: a de
extrair, n o campo de ação das</c>
family:Liberation Sans">tração é roubada pela concentração, ou seja, a sistemática
rouba a nervosa. Esse</c>
family:Liberation Sans">máquinas, t a n t o trabalho q u a n t o possível e, p o r
t a n t o , torná-lo sempre cada</c>
family:Liberation Sans">processo retrata o lado interno estético-neurológico de
cada exploração, da</c>
family:Liberation Sans">vez mais simples, quero dizer, sempre mais barato. Os
violinistas que ainda</c>
family:Liberation Sans">qual o pagar menos constitui o lado externo
econômico.</c>
family:Liberation Sans">aprendem a tocar seus instrumentos como Paganini, ou seja,
de acordo com a</c>
family:Liberation Sans">Q u a n d o o ourives recebe o</c>
family:Liberation Sans">mesma técnica pré-industrial, resistem, por enquanto, a
essa esteira. Já os esEntretanto, a exploração interna não é simplesmente o reflexo
da externa,</c>
family:Liberation Sans">pecialistas em software, que são procurados, com urgência,
em toda parte e,</c>
family:Liberation Sans">mas sim uma exploração qualitativamente modificada. Para
que ela possa ser</c>
family:Liberation Sans">eventualmente, até mesmo no exterior, se inserem nesse
meio. Seu trabalho</c>
family:Liberation Sans">compreendida, utiliza-se j u s t a m e n t e u m a o p o r
t u n a diferenciação, feita por</c>
family:Liberation Sans">Marx, quando ele desejou esclarecer — e calcular — a
exploração econômica</c>
family:Liberation Sans">externa: a exploração do trabalho simples e do complexo. A
questão foi a seguinte: como é possível que um ourives ganhe o triplo d o q u e
recebe um trabalhador sem instrução, sendo que ambos tiveram o mesmo tempo de
trabalho?</c>
family:Liberation Sans">6 5 K. M a r x , Das Kapital/,</c>
family:Liberation Sans">6 6 Q u e m u i t a s o p e r a ç õ e s atuais e, s o b r e
t u d o , as mais antigas, sobrecarreguem seus c o m p u t a d o r e s e que
se</c>
family:Liberation Sans">t e n h a de operar c o m a n d o s à distância, não
significa contraprova alguma. Esses aparelhos são também fáceis</c>
family:Liberation Sans">d e operar, p r o p o r c i o n a l m e n t e \ sua
capacidade de p r o d u ç ã o , sendo que apenas eles p r o d u z e m , desproporc
i o n a l m e n t e , m u i t o mais que aquilo q u e o usuário c o m u m
precisa.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>complexo é altamente avaliado p o r q u e ele p r o m
e t e tornar-se supérfluo, a longo prazo, na f o r m a das m á q u i n a s que
operem a si p r ó p r i a s e nos p r o g r a m a s</c>
family:Liberation Sans">c o m o t a m b é m se transforma na condição de sua
possibilidade, pois o trabalho</c>
family:Liberation Sans">se t o r n a dificilmente suportável sem a presença do
ruído ambiente</c>
family:Liberation Sans">com que qualquer leigo possa trabalhar 6 7 . Sob tais
condições, t o d o t r a b a l h o</c>
family:Liberation Sans">Aqueles organismos h u m a n o s que são empregados no
trabalho simples, ou</c>
family:Liberation Sans">complexo recebe um estigma. Ele é o resíduo originado na
tentativa de se fazer</c>
family:Liberation Sans">m e s m o aqueles que não possuem trabalho, são minimamente
protegidos con-</c>
family:Liberation Sans">desaparecer, de se diluir em trabalho simples. A n d e r s
já havia d i t o q u e o tra-</c>
family:Liberation Sans">tra o efeito de dispersão, de decomposição e de
expropriação dos choques au-</c>
family:Liberation Sans">balho complexo é trabalho "retido". Nele permanece algo do
trabalho pré-ma-</c>
family:Liberation Sans">diovisuais. M a s é t a m b é m por meio deles que se torna
m u i t o claro o quão</c>
family:Liberation Sans">quinal, daquele d e m o r a r mental c o m algo, d e m o r
a r este q u e se d e n o m i n a</c>
family:Liberation Sans">p o u c o a exploração estético-nervosa é absorvida na
exploração econômica.</c>
family:Liberation Sans">concentração, de m o d o que se p o d e formular a seguinte
regra: q u a n t o mais</c>
family:Liberation Sans">N a t u r a l m e n t e , ela tem, assim c o m o dantes,
seu lado econômico. Não por</c>
family:Liberation Sans">complexo é um trabalho, mais se torna imprescindível que a
concentração, que</c>
family:Liberation Sans">acaso, a cisão entre pobres e ricos recrudesceu ainda mais,
mundialmente, com</c>
family:Liberation Sans">lhe é exigida, seja a do próprio trabalhador. Q u a n t o
mais simples ele se t o r n a ,</c>
family:Liberation Sans">a revolução microeletrônica, e m u i t o dinheiro foi ganho
pelo chefe da indús-</c>
family:Liberation Sans">mais ele se c o m p õ e de meros "tornar-se concentrados",
mais insuportável se</c>
family:Liberation Sans">tria midiática, c o m o d a m e n t e sentado em sua
poltrona. Mas o tirar proveito</c>
family:Liberation Sans">torna dever concentrar-se no trabalho. O trabalho simples p
o d e m u i t o b e m ser</c>
family:Liberation Sans">não acontece dessa forma, ou seja, toda vez que u m choque
audiovisual dá sua</c>
family:Liberation Sans">definido por meio do seguinte exemplo: ouvir rádio n ã o só
não o prejudica,</c>
family:Liberation Sans">estocada em algum lugar soa a caixa registradora em outro.
E isso dita quanto</c>
family:Liberation Sans">ainda se p o d e extrair, em geral, do trabalho simples.
Dos desempregados, pelos</c>
family:Liberation Sans">6 " M a r x - K e n n e r o b s e r v o u , p o s t e r i o
r m e n t e , q u e e n t r e os t r a b a l h o s simples e os c o m p l e x o s p
r e d o m i n a u m</c>
family:Liberation Sans">tipo de d i n â m i c a contrária e assimétrica q u e M a r
x a c r e d i t o u p o d e r d e m o n s t r a r c m algo t o t a l m e n t e
diferente: "A lei da queda tcndcncial d a taxa de lucro" (Das Kapital III, M E W
25, Berlim, 1977, p. 221). A lei</c>
family:Liberation Sans">se expressa da s e g u i n t e f o r m a : q u a n t o mais
m a q u i n a r i a u m e m p r e s á r i o a d q u i r e , m e n o r a q u o t a d
e seu</c>
family:Liberation Sans">custo geral, q u e é s u p r i m i d a nas forças de t r a
b a l h o . M a s c o m isso se tem m e n o s mais-valia, q u e . de a c o r d
o</c>
family:Liberation Sans">c o m Marx, nasce, u n i c a m e n t e , d o trabalho. J u
n t o à extorsão d a mais-valia q u e persiste, o capitalista tem</c>
family:Liberation Sans">uma margem de p o u c o lucro, ao passo q u e crescem os
custos da m a q u i n a r i a , e n q u a n t o a taxa d e l u c r o cai.</c>
family:Liberation Sans">E p a r a q u e n ã o vá à falência, o c o r r e - l h e a
q u i l o q u e M a r x n o m e o u c o m o " C a u s a s d e e l e i t o c o n t r
á r i o "</c>
family:Liberation Sans">(p. 242): "Elevação d o grau de e x p l o r a ç ã o d o
trabalho", " D i m i n u i ç ã o d o valor d o s a l á r i o d c trabalho",</c>
family:Liberation Sans">" B a r a t e a m e n t o dos elementos de capital c o n s
t a n t e " ( p . 2+2), isco é, d o m e i o dc t r a b a l h o , da m a t é r i a -
p r i m a</c>
family:Liberation Sans">etc. Essas m e d i d a s f a z e m c o m q u e a q u e d a
da taxa dc lucro seja m e r a m e n t e " t e n d e n c i a l " ; p o r t a n t o ,
q u e</c>
family:Liberation Sans">seja t e m p o r a r i a m e n t e estagnada ou m e s m o q
u e retroceda. Mas, n o geral, ela p e r m a n e c e irreversível. As</c>
family:Liberation Sans">causas de efeito contrário, c o m o t e m p o , n ã o c o n
c o r r e m c o n t r a a taxa de lucro. Para M a r x , a taxa de l u c r o</c>
family:Liberation Sans">representa a revogação segura d o colapso d o m o d o de p
r o d u ç ã o c a p i t a l i s t a . E n t r e t a n t o , se a u t i l i z a ç ã
o</c>
family:Liberation Sans">intensificada da maquinaria faz c o m que o p r e ç o das
mercadorias caia, e n t ã o os custos de m a n u t e n ç ã o dos</c>
family:Liberation Sans">trabalhadores deveriam t a m b é m ser m e n o r e s c seu
salário real deveria, p o r t a n t o , ser maior. M a s a m b o s</c>
family:Liberation Sans">p e r m a n e c e m constantes. E então, é de suspeitar q u
e m a i o r q u a n t i d a d e de m á q u i n a s p r o v o q u e , já p o r si
só,</c>
family:Liberation Sans">uma "elevação d o grau de exploração d o trabalho", e q u e
p o s t e r i o r m e n t e n ã o seja apenas causa de e f e i t o</c>
family:Liberation Sans">contrário, que, de fato, não seja uma c o n t r a m e d i d
a que e x t o r q u e e q u e se t o r n e mais i n t e n s a c q u e M a r
x</c>
family:Liberation Sans">n o m e o u c o m o " p r o l o n g a m e n t o da j o r n
a d a de t r a b a l h o e d e intensificação d o t r a b a l h o " ( p . 242), mas
sim</c>
family:Liberation Sans">u m a maquinaria mais produtiva q u e extrai mais, de lorma
incomparável (e, por v e n t u r a , c o m mais cuidado), da própria torça de
trabalho e eleva a mais-valia relativa. O a u m e n t o da m a q u i n a r i a , de
a c o r d o c o m</c>
family:Liberation Sans">Joan Robínson (Grundprobleme</c>
family:Liberation Sans">der Marschen Òkonomie, 1966: M a r b u r g 1987, p. 56), p
e r m i t e recrudescer</c>
family:Liberation Sans">ou o salário ou a taxa de exploração. De a c o r d o c o m
o c o n c e i t o de exploração e c o n ô m i c a , e l a b o r a d o por</c>
family:Liberation Sans">Marx, torna-se possível q u e a m b o s cresçam ao m e s m
o t e m p o , de tal f o r m a q u e se extraia t a n t o da força dc</c>
family:Liberation Sans">trabalho q u e algo disso acabe por reverter a si p r ó p r
i o . A m a q u i n a r i a c t ã o p o u c o o "coveiro" d o capitalism o q u a n
t o d o proletariado, c nada indica q u e ela aproxime a taxa de l u c r o a zero.
N ã o se trata d o colapso</c>
family:Liberation Sans">d o m o d o de p r o d u ç ã o capitalista, a n u n c i a d
o por R o b e r t Kurz {Der Kollapsder Modernisientng.</c>
family:Liberation Sans">Frankfurt,</c>
family:Liberation Sans">1991) há já bons dez anos. O q u e não deve significar q u
e , nos ú l t i m o s dez a n o s , n ã o o c o r r e r a m abalos</c>
family:Liberation Sans">graves e que novos abalos não lhe possam fazer s o m b r
a . Mas são abalos q u e a c o n t e c e r a m n o i n t e r i o r d o</c>
family:Liberation Sans">sistema capitalista e não d o p r ó p r i o sistema. A '
lei da q u e d a tendencial d a taxa de lucro" é u m a c o n s t r u ç ã o</c>
family:Liberation Sans">h i s t ó r i c o - í i l o s ó f i c a , talvez a m e l h
o r prova de q u e M a r x , de m o d o a l g u m , p e n s o u o d e c u r s o p o
s t e r i o r</c>
family:Liberation Sans">da h i s t ó r i a de f o r m a tão d e t e r m i n i s t a
c o m o s e m p r e lhe foi i m p u t a d o . I n f e l i z m e n t e , ela n ã o
vale c o m o lei.</c>
family:Liberation Sans">E n t r e t a n t o , a d i n â m i c a da sucção e do a d
i a m e n t o , da c o r r e n t e e da c o n t r a c o r r e n t e , q u e tal lei
descobre,</c>
family:Liberation Sans">pertence à elementar 'lei de m o v i m e n t o " da
sociedade capitalista, se b e m q u e n ã o c o m o r e s u l t a d o previsto por
Marx.</c>
family:Liberation Sans">menos, extrai-se quase que absolutamente nada. Mas ambos os
grupos são os</c>
family:Liberation Sans">mais explorados nervosa e esteticamente. Eles se põem o
mais cedo possível</c>
family:Liberation Sans">d i a n t e d o conta-gotas midiático e, através de
injeções incessantes, preenchem</c>
family:Liberation Sans">seu t e m p o vazio e esvaziam seu próprio interior. Mas e
os que tiram proveito?</c>
family:Liberation Sans">Eles são mais resistentes contra a exploração mencionada, e
isso na medida em</c>
family:Liberation Sans">q u e sua f o r m a ç ã o e sua capacidade permaneceram
mais "retidas". C o n t u d o</c>
family:Liberation Sans">eles não f o r a m , de forma alguma, poupados. Neste
sentido, artistas e intelectuais — apesar de, de vez em quando, seus salários serem
bem modestos —, são</c>
family:Liberation Sans">mais privilegiados d o que alguns milhões de executivos dos
quais as seqüências</c>
family:Liberation Sans">de c o m p r o m i s s o s se aproximam, precariamente, da
seqüência fílmica das regulagens e dos cenários.</c>
family:Liberation Sans">P o r é m n ã o h á vencedores que, nessa situação, não t e
n h a m sido t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">vítimas. E algo novo começa a se destacar: uma exploração
de todos sem que</c>
family:Liberation Sans">haja u m beneficiário identificável; ocorre, por assim
dizer, uma exploração em</c>
family:Liberation Sans">si e p o r si, e que se eleva n o v a m e n t e do mais
antigo alvorecer: de cada abuso</c>
family:Liberation Sans">do coletivo h u m a n o em si p r ó p r i o que, da mesma
forma, não teve um beneficiário reconhecível — apenas fictício — e que desperdiçou
forças humanas</c>
family:Liberation Sans">preciosas com o único objetivo de poder suportar,
neurologicamente, o próprio</c>
family:Liberation Sans">a b a n d o n o na natureza. Essa exploração se eleva, p o
r t a n t o , do sacrifício de vítimas humanas. A exploração, n o sentido de mais
trabalho extorquido, é já uma</c>
family:Liberation Sans">racionalização de tal abuso. Q u a n d o se permitiu que os
prisioneiros de guerra</c>
family:Liberation Sans">c o n t i n u a s s e m a viver e q u e trabalhassem para
os vencedores, em vez de, tal</c>
family:Liberation Sans">c o m o a lei mágica da guerra exigia, serem ofertados à
divindade vitoriosa, esta</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>foi uma "Lista da razão" em primeiro grau; foi, c o m
p a r a t i v a m e n t e , u m a descoberta humanista e também u m a descoberta da
raiz da escravidão. A racionalização da exploração que se coloca em m o v i m e n t
o — escravos n o lugar de</c>
family:Liberation Sans">vítimas de sacrifício, servos n o lugar de escravos —
atinge, na m o d e r n i d a d e ,</c>
family:Liberation Sans">seu apogeu histórico: trabalhadores assalariados em vez de
servos. E t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">neste sentido, o tal apogeu é, ao mesmo tempo, u m m o m e
n t o crítico, u m a vez</c>
family:Liberation Sans">que a imposição global do m o d o de p r o d u ç ã o
capitalista apresentou esse "retorno ao fundamento". Q u a n t o mais tal imposição
se refina audiovisuaimente,</c>
family:Liberation Sans">mais ela aproxima a exploração de sua forma original sacra,
ou seja, a exploração com a qual alguém se beneficia se torna exploração
sansphrase.</c>
family:Liberation Sans">E não se</c>
family:Liberation Sans">trata, de forma alguma, de um m o d o de falar
metafisicamente floreado, quando os choques audiovisuais são qualificados c o m o
formahigh-tech d o sagrado;</c>
family:Liberation Sans">não se trata de um caso posterior, q u a n d o as fantasias
místicas se t o r n a m reais</c>
family:Liberation Sans">por meio da alta tecnologia. O que aqui se objetiva
tecnicamente não é a forma</c>
family:Liberation Sans">de um Moloch devorador com pele e cabelo, mas sim a f o r m
a de u m vampiro</c>
family:Liberation Sans">que crava seus dentes na vítima que está à sua mercê, de m
o d o q u e a vítima a</c>
family:Liberation Sans">ele se vicia e se adapta. Os refinados vampiros
audiovisuais não sugam sangue,</c>
family:Liberation Sans">mas sim, para usar uma forma de expressão marxiana, n e r v
o e cérebro. Eles</c>
family:Liberation Sans">absorvem uma enorme quantidade de excitação q u a n d o
injetam, incessantemente, seu "ser notado", sendo que eles p r ó p r i o s n ã o c
o n s e g u e m reter nada</c>
family:Liberation Sans">disso, pois não se saciam em n e n h u m m o m e n t o e
sempre sugam mais. Evidentemente, tal p r o c e d i m e n t o é feito em doses h o
m e o p á t i c a s , de f o r m a tal que</c>
family:Liberation Sans">cada dose singular é completamente inócua. Mas q u a n d o
há u m a grande quantidade, então o caso é outro: são gotas contínuas que p e n e t
r a m na p e d r a e, há</c>
family:Liberation Sans">bém o m e l h o r filósofo deve esquecer, enquanto persegue
tais imagens, o processo de abstração que ocorre p o r detrás delas. Disso se
abstrai que nós não</c>
family:Liberation Sans">teríamos n e n h u m a imagem dessas imagens sem a forma de
pensar moderna,</c>
family:Liberation Sans">q u e d e c o m p õ e a natureza, que sente sua ausência e
que a reduz a processos</c>
family:Liberation Sans">mecânicos e eletromagnéticos. Todas as qualidades de cor e
forma, as quais</c>
family:Liberation Sans">f o r m a l m e n t e , passam para as fotos, filmes e
monitores de computador, são</c>
family:Liberation Sans">reduzidas a números e fórmulas, são pulverizadas em
minúsculos grãos, dados</c>
family:Liberation Sans">ou impulsos, sendo reunidas numa densidade e numa
velocidade imperceptíveis</c>
family:Liberation Sans">pelos órgãos humanos, de tal m o d o que se produz o
seguinte: concentrados da</c>
family:Liberation Sans">dispersão extrema. As imagens que os engendram representam,
como de costume, acontecimentos reais ou fictícios69. Mas a sua estupenda
aproximação da</c>
family:Liberation Sans">vida é simulada; sua sensualidade consiste na sua
resolução, de tal m o d o que</c>
family:Liberation Sans">q u a n t o m a i o r a sua resolução, melhor é a imagem. Q
u a n t o mais a imagem é</c>
family:Liberation Sans">penetrada de abstração, mais ela manifesta maior
concretude. Mas, nesse caso,</c>
family:Liberation Sans">abstração e concretude não se colocam num contexto de
referência, nas condições de significado e significante, de essência e aparência,
pois elas não significam e representam um ao outro, mas sim se penetram e se tornam
irreconhecíveis entre si. Um é o outro, porém ambos não se relacionam entre si.
Essa</c>
family:Liberation Sans">abstração real que se pode nomear também como aparência de
concretude foi</c>
family:Liberation Sans">i n v e n t a d a pelo cérebro h u m a n o . Mas ela
própria abstrai, c o m o cérebro, de</c>
family:Liberation Sans">outra forma, ou seja, ela o faz técnica e mecanicamente. E
logo que ela se objetiva em seu próprio curso maquinai ocorre com a abstração
aquilo que acontece c o m a concentração: a abstração independente, que se torna
sistemática,</c>
family:Liberation Sans">começa a abusar da abstração nervosa.</c>
family:Liberation Sans">muito, se reproduziram na f o r m a de uma t o r r e n t e
de estímulos. P o r t a n t o , a</c>
family:Liberation Sans">exploração estético-nervosa nunca é identificada no caso
isolado. Mas, como</c>
family:Liberation Sans">torrente de estímulos, ela também é dificilmente
identificada, pois é c o m o que</c>
family:Liberation Sans">ricamente ofertada. Ela intensifica o esvaziamento por meio
da superlotação,</c>
family:Liberation Sans">a abstração por meio do concreto. O conceito de "abstração
real", a l t a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">duvidoso quando ele deseja provar que, desde t e m p o s
mais remotos, os seres</c>
family:Liberation Sans">humanos equiparam sua quantidade de trabalho na troca 68 ,
subitamente ganha</c>
family:Liberation Sans">evidência, q u a n d o ele é voltado para a dimensão
estética. Aquilo q u e fascina</c>
family:Liberation Sans">nas imagens high-tech é que elas, mesmo q u a n d o m e r a
m e n t e c i n d i a m etérea e</c>
family:Liberation Sans">superficialmente, despertam a aparência da maior c o n c r
e t u d e e da maior presença. Sua percepção sugere que aquilo que elas representam
é algo real. Tam-</c>
family:Liberation Sans">68 Ct. A. Sohn-Rethel. Gestíge undkórperluhe</c>
family:Liberation Sans">Arbfií</c>
family:Liberation Sans">— RevidierteundergànzteNeuauHage.</c>
family:Liberation Sans">W c i n h e i m , 1989,</c>
family:Liberation Sans">69 N ã o faz s e n t i d o q u e r e r negar tal fato.
Neste p o n t o , V i l é m Flusser ultrapassou sua p r ó p r i a
originalidade.</c>
family:Liberation Sans">Ele observa, d c f o r m a t o t a l m e n t e correta, q u
e : "A imagem técnica é u m a i m a g e m p r o d u z i d a p o r
aparelhos.</c>
family:Liberation Sans">Nessas c o n d i ç õ e s , os aparelhos são, p o r sua vez,
p r o d u t o s de textos c i e n t i f i c a m e n t e utilizados, trata-se
de</c>
family:Liberation Sans">p r o d u t o s i n d i r e t o s de textos científicos n o
â m b i t o das imagens técnicas" (V. Flusser, Für eine Pbilosophie</c>
family:Liberation Sans">der Fotograjie. G õ t t i n g e n , 199-í, p. 13). Q u e m
desconsidera esse fato t o m a as imagens c o m o o real, pois o</c>
family:Liberation Sans">"caráter a p a r e n t e m e n t e n ã o s i m b ó l i c o
e o b j e t i v o das imagens técnicas c o n d u z o espectador a observá-
las</c>
family:Liberation Sans">n ã o c o m o imagens, mas sim c o m o janelas. Ele confia
nas imagens d o m e s m o m o d o c o m o c o n h a nos seus</c>
family:Liberation Sans">olhos". P o r é m elas n ã o são c o m o t o d a s as i m a
g e n s simbólicas, mas sim representam complexos simbólicos</c>
family:Liberation Sans">a i n d a mais a b s t r a t o s d o q u e as imagens
tradicionais. Elas são m e t a c ó d j g o s dos textos, as quais não significam o
m u n d o exterior, mas sim são "textos", s e n d o que, desta f o r m a , e n g a
n a m e p r o d u z e m conclusões</c>
family:Liberation Sans">e q u i v o c a d a s ( i d e m , o p . cit., p. 14). C o m
o se os meios d a representação fossem, t a m b é m e necessariamente,</c>
family:Liberation Sans">os o b j e t o s d a representação, o u seja, c o m o se as
imagens, t r a n s f o r m a d a s p o r m e i o de u m a p a r e l h o abst r a t
o , c o n c e b i d o c o n c e i t u a i e t e x t u a l m e n t e , p o r sua
vez, t a m b é m n a d a representassem e significassem</c>
family:Liberation Sans">à revelia desse a p a r e l h o . Isso seria c o m o se os
p i n t o r e s t r a d i c i o n a i s tivessem r e p r e s e n t a d o s e m p r
e , e</c>
family:Liberation Sans">a p e n a s , seu p i n c e l .</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Escrita e imagem</c>
family:Liberation Sans">cada vez mais refinadamente deduzida. Tal materialidade
refinada é o conceito. Assim como n e n h u m a pintura pode ser tão abstrata, a
ponto de não mais</c>
family:Liberation Sans">Sabe-se que coda abstração é deduzida de algo, e as
primeiras abstrações, tal</c>
family:Liberation Sans">conter vestígios d o concreto do qual ela se abstrai, da
mesma forma nenhum</c>
family:Liberation Sans">como foi discutido no terceiro capítulo, devem ter-se
concretizado de forma</c>
family:Liberation Sans">conceito pode existir sem o seu f u n d o imagético. C o m
o objetivo de significar</c>
family:Liberation Sans">pavorosa: por meio das repetições compulsivas dos choques
traumáticos que,</c>
family:Liberation Sans">tal f u n d o , Kant procurou palavras quando conjecturou
que "nossos conceitos</c>
family:Liberation Sans">no âmbito de todo seu horror, não foram mais o p r ó p r i
o susto original, mas</c>
family:Liberation Sans">sensoriais puros não se f u n d a m e n t a m nas imagens
dos objetos, mas sim nos</c>
family:Liberation Sans">apenas o seu eco, sua apresentação ou representação
gradativamente ritualizada.</c>
family:Liberation Sans">esquemas da razão" 2, portanto, uma mediação que é mais
desfigurada que a</c>
family:Liberation Sans">As representações mentais já são</c>
family:Liberation Sans">tal c o m o se pode observar na história da</c>
family:Liberation Sans">imagem concreta, mas, ao mesmo tempo, um tipo de forma
preliminar imagé-</c>
family:Liberation Sans">espécie humana — representações de segundo grau, ou seja,
são abstrações de re-</c>
family:Liberation Sans">tica e o abrir c a m i n h o do conceito. O erro foi apenas
o de desejar prescrever o</c>
family:Liberation Sans">presentações ritualisticamente t e a t r a l i z a d a s .
P o r m e i o de u m a r e p e t i ç ã o</c>
family:Liberation Sans">esquemático ou, melhor dizendo, de prescrever os esquemas
com contornos</c>
family:Liberation Sans">ritualística aquilo que traumatiza é reprimido e canalizado
em redes neurais,</c>
family:Liberation Sans">vagos, ao defini-los filosófica e transcendentalmente por
inteiro. Exatamente</c>
family:Liberation Sans">de tal modo que, custe o que for, náo deve mais ser
apresentado. Ele pode ser</c>
family:Liberation Sans">isso a sua volatilidade não suporta. Nesse sentido, é mais
adequado a tal vola-</c>
family:Liberation Sans">insinuado, significado ou imaginado. A representação
teatral exterior se inte-</c>
family:Liberation Sans">tilidade qualificar as imagens mentais como "imagens não
determinadas", re-</c>
family:Liberation Sans">rioriza em imagens, em representações mentais. Elas se c o
m p õ e m de ligações</c>
family:Liberation Sans">correndo-se exatamente ao duplo sentido do não fixado e do
não constatado,</c>
family:Liberation Sans">neurais internas relativamente consistentes, as quais, por
sua vez, são, natural-</c>
family:Liberation Sans">q u e N i e t z s c h e utilizou para d e n o m i n a r o
ser h u m a n o como o "animal não</c>
family:Liberation Sans">mente, produtos de um exercício prolongado, ou seja, de
incontáveis repetições.</c>
family:Liberation Sans">d e t e r m i n a d o " \ As imagens mentais são excitação
em estado conjunto, e são</c>
family:Liberation Sans">Mas logo que o organismo h u m a n o desenvolveu rotinas
satisfatórias e virtuo-</c>
family:Liberation Sans">relativamente consistentes. Entretanto, na condição de
massa de excitação viva</c>
family:Liberation Sans">sidade, a p o n t o de equilibrar tais ligações, ele não
reagiu da f o r m a mais gros-</c>
family:Liberation Sans">são, em grande medida, tanto inconstantes quanto
desfocadas. N e n h u m a pin-</c>
family:Liberation Sans">seira, de tal m o d o que aprendeu a catexizar em imagens
mentais t u d o q u e lhe</c>
family:Liberation Sans">tura e n e n h u m a sinfonia se originam sem que tenha
existido, primeiramente,</c>
family:Liberation Sans">impressionara, e não apenas aquilo que traumatizara. Mas o
q u e aqui significa</c>
family:Liberation Sans">u m a imagem mental observada e, então, elas são colocadas
de dentro para fora</c>
family:Liberation Sans">"imagem"? Aristóteles se manifestou a esse respeito:
"imagens m e n t a i s são</c>
family:Liberation Sans">na tela ou n o papel. A transformação do interior é,
primeiramente e em geral,</c>
family:Liberation Sans">(phántasmata)</c>
family:Liberation Sans">como imagens decorrentes da percepção (aistbemata),
apenas</c>
family:Liberation Sans">a sua gradativa "observação", ou seja, é um processo
complexo que inclui uma</c>
family:Liberation Sans">não possuem matéria" 70 , sendo esta a sua informação
concisa. Disso se d e d u z</c>
family:Liberation Sans">reação à resistência do material exterior e aos próprios
impulsos. Um comple-</c>
family:Liberation Sans">que as imagens decorrentes da percepção são intensamente
desmaterializadas.</c>
family:Liberation Sans">xo semelhante, e imageticamente excitado, é o da formação
do conceito. O</c>
family:Liberation Sans">C o n t u d o , não se pode ter na cabeça a própria coisa
percebida, mas sim as suas</c>
family:Liberation Sans">p e n s a m e n t o abstrato é um processo contínuo de
acompanhamento perceptivo</c>
family:Liberation Sans">impressões visuais, auditivas, táteis, palatáveis ou
olfativas. A imagem mental</c>
family:Liberation Sans">e imagético 7 4 . As abstrações mentais não poderiam
conservar-se, caso não fos-</c>
family:Liberation Sans">é ela própria desprendida dessas impressões físicas; ela é
um tipo de imagem</c>
family:Liberation Sans">sem forradas e revestidas dessa massa de excitação
imagética. Mesmo o mais</c>
family:Liberation Sans">deduzida dessas impressões 71 . Mas, tal como dantes, ainda
permanece u m enig-</c>
family:Liberation Sans">abstrato, a trama do mais p u r a m e n t e "original",
deve nascer do m u n d o como</c>
family:Liberation Sans">ma para a neurofisiologia o m o d o como os impulsos
nervosos se configuram</c>
family:Liberation Sans">u m t o d o e não pode ser pensado sem ser associado com a
representação de sua</c>
family:Liberation Sans">em imagens mentais e como essa materialidade se constitui.
Trata-se de uma</c>
family:Liberation Sans">luz original, que ele irradia; sem a representação de sua
fonte original, que ele</c>
family:Liberation Sans">materialidade fugaz, uma materialidade que se volatiliza em
cada nível de abs-</c>
family:Liberation Sans">deságua. Ele não pode ser pensado sem que nele ressoe algo
da experiência de</c>
family:Liberation Sans">tração posterior, quando se refina das primeiras
representações grosseiras e é</c>
family:Liberation Sans">proteção simbólica. Isso para não falar do Deus do Velho
Testamento, no qual</c>
family:Liberation Sans">pairaram várias associações de majestade, de elevação, de
inacessibilidade, tal</c>
family:Liberation Sans">70 Aristóteles, Über d/e Se ele 432'.</c>
family:Liberation Sans">71 Saussure e n g e n d r o u o c o n c e i t o "imagem
ruidosa" (F. de Saussure. Grundjragen der allgemeinen</c>
family:Liberation Sans">Spracbwissenschafi. Berlim, 1967, p. 77). T a m b é m n ã o
sc a p r e n d e a l i n g u a g e m sem d e d u z i - l a de suas r e p r e s e n
t a ç õ e s</c>
family:Liberation Sans">ruidosas, as quais devem, n u m s e n t i d o d e
transferência, significar i m a g e n s . C o m o foi visto, há, d e fato,</c>
family:Liberation Sans">imagens olfativas, palatáveis e táteis, s e n d o que, na
seqüência d o significado d a s i m a g e n s m e n t a i s , o discurso é o
significado posterior. Já os significados óticos são os d o m i n a n t e s
.</c>
family:Liberation Sans">7 2 I. K a n t , Kritik der reinen Vernunjt,</c>
family:Liberation Sans">e d i ç ã o B, pp. 180, 189.</c>
family:Liberation Sans">7 3 F. N i e t z s c h e . Jenscits von Gut und Bôse, § 62,
p. 81.</c>
family:Liberation Sans">7 4 "Sem o perceber, n ã o se a p r e n d e e n e m se c o
m p r e e n d e nada, e aquilo que é sempre pensado, o c necessar i a m e n t e c m
c o n j u n t o c o m sua representação m e n t a l " (Aristóteles, Über...
432').</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>como um coro do exército divino, assim que ele foi
colocado c o m o imagem</c>
family:Liberation Sans">linhas publiçadas em serie, sendo que se consegue isso
apenas por meio de uma</c>
family:Liberation Sans">proibida.</c>
family:Liberation Sans">O registro das imagens experimentou, a partir da
fotografia, uma abreviação</c>
family:Liberation Sans">técnica inaudita. Uma câmara filmadora capta,
repetidamente, tantas imagens</c>
family:Liberation Sans">por segundo, que o olho h u m a n o deve acreditar que elas
se m o v i m e n t a m . Essas</c>
family:Liberation Sans">imagens são ajustadas num duplo sentido: primeiramente,
para triturar grãos,</c>
family:Liberation Sans">pixels etc. N o o u t r o sentido, são ajustadas c o m o
projéteis a p o n t a d o s para o</c>
family:Liberation Sans">observador. E com a violência usada para tal preparação
elas ajustam novamente o sistema nervoso humano, como se elas desejassem vingar-se
d o q u e ele lhes</c>
family:Liberation Sans">fizera. A violência da abstração, que p e n e t r o u e
dissolveu a sensualidade da</c>
family:Liberation Sans">imagem técnica na forma da ciência decomposta, mas que
exatamente graças a</c>
family:Liberation Sans">ela se fez consistente — feita aparentemente de f o r m a
concreta e violenta —,</c>
family:Liberation Sans">contra-ataca o seu autor, o sistema nervoso vivo, pois lhe
é retirada sua própria</c>
family:Liberation Sans">capacidade de abstração, por meio das abstrações reais
altamente técnicas com</c>
family:Liberation Sans">as quais ele se adaptou. Isso poderia ser n o m e a d o c o
m o abstração real de segundo grau. As imagens internas — que não são observadas, e
q u e são, p o r assim</c>
family:Liberation Sans">dizer, impressionantemente fugazes; elas são sobrepostas e
p e n e t r a d a s pelas</c>
family:Liberation Sans">imagens externas, observáveis, bem contornadas e chamativas
—tornam-se, finalmente, pálidas e débeis, tornam-se tão abstratas, que elas não
mais conseguem</c>
family:Liberation Sans">conservar-se e necessitam das imagens externas como apoios.
Então, as imagens</c>
family:Liberation Sans">externas formam as imagens internas, assim c o m o os seres
h u m a n o s se fizeram</c>
family:Liberation Sans">imagem e semelhança d o Deus d o A n t i g o T e s t a m e
n t o . E os c o n c e i t o s — o</c>
family:Liberation Sans">produto máximo da abstração, aquilo que é mais destituído
de imagem n o sistema nervoso — se transformam naquilo que mais necessita de
imagens. Q u a n do o f u n d o imagético interior, do qual eles se elevam e se n u
t r e m , é destruído,</c>
family:Liberation Sans">então eles se tornam algo sem chão, sem referência, frios,
literalmente "absolutos", tal como eles jamais foram em nenhum sistema filosófico
anterior; tal como</c>
family:Liberation Sans">se eles fossem apenas a escrita invertida de cada uma das
fórmulas matemáticas,</c>
family:Liberation Sans">as quais transformaram as imagens externas em abstrações
reais. Eles não mais</c>
family:Liberation Sans">se conservam, pois voam para o poder da imagem e nele se
aglomeram, da mesma forma que as traças voam ao encontro da luz. Aquilo que
surrupia o apoio</c>
family:Liberation Sans">se transforma no próprio, não menos diferente do que fazem
a aguardente e a</c>
family:Liberation Sans">heroína.</c>
family:Liberation Sans">pratica continua e evidente ao passo que, quando os choques
ima ét</c>
family:Liberation Sans">o s</c>
family:Liberation Sans">t r a n s f o r m a m em seus vizinhos, isso se torna tão
fatigante quanto o p a s s l</c>
family:Liberation Sans">d o m i n g o para o m o t o r i s t a habitual. H á tempos
que o mercado de jornais</c>
family:Liberation Sans">hvros teve de reag.r a esse fato Cada um de seus produtos,
que deseja ser observado, deve imitar a técnica do choque imagético, de modo que
precisa ace</c>
family:Liberation Sans">acercar-se</c>
family:Liberation Sans">violentamente dos olhos, tal como faz o choque. Não apenas
os jornais</c>
family:Liberation Sans">sensacionalistas, mas também os mais conceituados não são
mais percebidos caso</c>
family:Liberation Sans">nao p u b l i q u e m fotos coloridas. Suas páginas se
tornam "falantes", ou seja se</c>
family:Liberation Sans">t o r n a m pobres de texto e ricas de imagens, e a forma
do livro se alinha a isso.</c>
family:Liberation Sans">T a m b é m os olhos acadêmicos se tornam cada vez mais
necessitados do comand o de um layout que é transmitido. Para que ainda se suporte,
em geral, o decifrar dos conceitos e das linhas escritas, faz-se cada vez mais
urgente a presença de u m intervalo na forma de um gráfico ou de pequenas imagens.
Pertencem</c>
family:Liberation Sans">aos pressupostos silenciosos de t o d o p r i n t design
que, sem esse intervalo, ning u é m mais tem concentração e persistência para ler
um texto do início ao fim,</c>
family:Liberation Sans">linha p o r linha. O p r o c e d i m e n t o de leitura,
não só o procedimento de folhear</c>
family:Liberation Sans">uma revista, como também o científico, assemelha-se ao
zapping, que se tornou</c>
family:Liberation Sans">normal d e f r o n t e à tela. E os teóricos da mídia, tais
como agentes de publicidade, vendem esse estado de emergência como uma nova
virtude, como se fosse</c>
family:Liberation Sans">a libertação da servidão das seqüências de letras, que
seriam substituídas por</c>
family:Liberation Sans">uma leitura divertida e espontânea que produziria, em vez
dos textos fixos, seus</c>
family:Liberation Sans">próprios textos de f o r m a criativa. Só que a
conseqüência disso seria a seguinte:</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o os textos fossem gradativamente escritos e,
posteriormente, lidos, cada</c>
family:Liberation Sans">"versatilidade", cada inconsistência e cada incontinência
se considerariam gênios</c>
family:Liberation Sans">i n c o m p r e e n d i d o s . N a verdade, os caracteres
nada podem fazer por si só, pois</c>
family:Liberation Sans">eles c o n t i n u a m a ser os m e s m o s caracteres
alfabéticos de outrora, dos quais</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m a palavra pode ser decifrada sem que suas
letras sejam conservadas na</c>
family:Liberation Sans">seqüência de linhas. N o e n t a n t o , um texto aprecia
ser tipograficamente tão</c>
family:Liberation Sans">bem estilizado, de m o d o que seu conteúdo cifrado passe a
ser observável. Então,</c>
family:Liberation Sans">as letras, enfeitiçadas pelo c h o q u e imagético, começam
a dar a impressão de</c>
family:Liberation Sans">ser imagens volátilizadas, encobertas e danificadas, as
quais clamam por imagens</c>
family:Liberation Sans">a b e r t a m e n t e expressivas e instigantes \
"Estimula-se a se tornar imagem tudo</c>
family:Liberation Sans">Pessimismo? Ora, o ler e o escrever ainda pertencem às
técnicas culturais</c>
family:Liberation Sans">elementares. Não obstante, é indubitável que a tinta se
empalidece em cada choque imagético. Ela não se acerca por meio de empurrões, tal
como faz cada choque</c>
family:Liberation Sans">imagético. É preciso inclinar-se sobre aquilo que está
escrito e d e c i f r a r suas</c>
family:Liberation Sans">7 5 O r i g i n a r i a m e n t e , a escrita é u m a i m a
g e m volatilizada e, d e s t e m o d o , ela não p o d e livrar-se d o
caráter</c>
family:Liberation Sans">i m a g é t i c o . É p o r isso q u e existe a tipografia.
Ela se origina da mesma f o r m a q u e a arte: tem c o m o objetivo</c>
family:Liberation Sans">ajustar, de m o d o o t i m i z a d o , a i m a g e m
escrita ao olhar, sendo que o b t é m tal êxito mais facilmente q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">a i m a g e m escrita, na c o n d i ç ã o d e i m a g e m ,
já n ã o mais interessa, uma vez que o leitor já toi t o t a l m e n t e</c>
family:Liberation Sans">a b s o r v i d o pelo c o n t e ú d o d o texto, d a m e s
m a f o r m a q u e o o r a d o r o t i m i z a d o é aquele q u e não é mais per-
</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>aquilo que se aferra às próprias imagens", diria,
atualmente, Fausto a G r e t c h e n .</c>
family:Liberation Sans">d i m e n t o c o m o um todo vive de uma ousada
subordinação: se cada um dos</c>
family:Liberation Sans">E a relação entre a imagem e a escrita fornece os indícios
q u e c o m p r o v a m o</c>
family:Liberation Sans">sentidos fosse tratado por si só, então as sensações
particulares se reuniriam</c>
family:Liberation Sans">quanto a abstração mental impulsiona para a imagem externa,
u m a vez q u e lhe</c>
family:Liberation Sans">n u m a vivência total, como se isso pudesse ser mais
intenso do que a natureza</c>
family:Liberation Sans">foi destruído seu f u n d o imagético, e a salvação se e n
c o n t r a apenas n o apoio de</c>
family:Liberation Sans">livre ou a selva das cidades. Mas acontece o contrário, ou
seja, disso se desen-</c>
family:Liberation Sans">seu destruidor.</c>
family:Liberation Sans">Por meio de um capacete tridimensional, pode-se colocar e
deslocar à vonta-</c>
family:Liberation Sans">volve u m a forma vulgar: aquilo que os neurofisiologistas
fazem em seus expe-</c>
family:Liberation Sans">de, mediante um pressionar de dedo, n u m espaço
audiovisual fechado e contro-</c>
family:Liberation Sans">um g r u p o de células. O estímulo vem, o neurônio
"comemora", mas a intensi-</c>
family:Liberation Sans">lado (na língua inglesa usa-se o termo cyberspace), c o m o
objetivo de renovar</c>
family:Liberation Sans">dade da sensação consiste apenas num tipo de ação reflexa,
tal como quando</c>
family:Liberation Sans">os sentidos embotados com u m a nova vivência. O r a , este
é m e r a m e n t e u m</c>
family:Liberation Sans">os sentidos se t o r n a m "fogosos", na ocasião de seus
bombardeios multimidiá-</c>
family:Liberation Sans">estágio avançado desse desenvolvimento. N o entanto, pode-
se controlar apenas</c>
family:Liberation Sans">ticos simultâneos. O "fogo", que tal bombardeio acende, é
fogo de palha. Ele</c>
family:Liberation Sans">aquilo que é concedido pelo programa de c o m p u t a d o r
, e o vigor, que cabe aos</c>
family:Liberation Sans">arde e n q u a n t o o estímulo dura, mas se apaga assim
que o estímulo cessa de</c>
family:Liberation Sans">sentidos, não é o próprio vigor, mas sim algo q u e lhes é
p o s t o d o exterior e,</c>
family:Liberation Sans">existir. A tendência é de que os sentidos retrocedam na
forma de reflexos con-</c>
family:Liberation Sans">portanto, aquilo que fora mais selecionado. O olho se t r a
n s f o r m a n o exclusivo</c>
family:Liberation Sans">dicionados e desaprendam a reunir as sensações, para que
elas sejam conserva-</c>
family:Liberation Sans">portão de entrada de uma torrente de impressões q u e não
são válidas, caso dele</c>
family:Liberation Sans">das em imagens mentais internas, ou então não mais se
afetem mutuamente.</c>
family:Liberation Sans">se isolem. Os movimentos realizados através das florestas
virgens ou sobre os</c>
family:Liberation Sans">Porém é tal relação m ú t u a dos sentidos que possibilita
o estimular e o represen-</c>
family:Liberation Sans">desfiladeiros, o f u n d o do mar e o teto dos edifícios
que são, por exemplo, suge-</c>
family:Liberation Sans">tar, a p o n t o de se poderem experimentar os sons
aveludados, as cores estridentes</c>
family:Liberation Sans">ridos pelo cenário tridimensional, são vivenciados por t o
d o o organismo. Mas</c>
family:Liberation Sans">e os olhares q u e p r o d u z e m ecos. Reduzida a mera
reação, a uma sensação es-</c>
family:Liberation Sans">tal vivência acontece apenas na medida ocular; reduz-se a u
m m e r o deslizar</c>
family:Liberation Sans">p o r á d i c a e p o n t u a l , a percepção sensorial
torna-se sem apoio e abstrata, tal</c>
family:Liberation Sans">ótico sobre superfícies. Falta aquilo que todo organismo
deveria fazer e sentir</c>
family:Liberation Sans">c o m o ocorre com a construção conceituai apartada de seu
f u n d o imagético.</c>
family:Liberation Sans">em conjunto, no caso de ser autêntica essa sensação — por
exemplo: formigar,</c>
family:Liberation Sans">Nos tempos primitivos ocorreu o seguinte fato: por meio da
compulsão à repe-</c>
family:Liberation Sans">correr, balançar, transpirar e nadar —, da mesma f o r m a
q u e falta o desgaste</c>
family:Liberation Sans">tição formou-se, gradativamente, uma camada cultural ao
redor das fraturas</c>
family:Liberation Sans">geral do cérebro, nervo, músculo e dos sentidos" e d o
dinheiro q u e custa para</c>
family:Liberation Sans">pulsionais traumáticas, na qual a sensação se cicatrizou,
se soldou e se teceu</c>
family:Liberation Sans">a preparação dessa exótica viagem, caso ela fosse realmente
e m p r e e n d i d a . En-</c>
family:Liberation Sans">c o m o u m f u n d o de experiência. Então, por meio de
minúsculos choques de</c>
family:Liberation Sans">fim, uma dimensão total de movimentos neuromusculares e de
tensão é extir-</c>
family:Liberation Sans">uma aparelhagem ajustada, sendo que cada choque particular
se encontra abaixo</c>
family:Liberation Sans">pada nesse novo espaço de vivência, no qual se imerge p o r
meio de u m pressio-</c>
family:Liberation Sans">d o limite da dor, a compulsão à repetição começa, em longo
prazo, a anular</c>
family:Liberation Sans">nar de botão, em vez de realmente se fazer u m a viagem. E
toda u m a indústria</c>
family:Liberation Sans">esse processo de tessitura e de cicatrização. Novamente nos
deparamos com a</c>
family:Liberation Sans">de vivências trabalha na compensação desse déficit. Tenta-
se j u n t a r as partes</c>
family:Liberation Sans">figura d o "retorno ao fundamento". A sensação, que se
concentra e se isola em</c>
family:Liberation Sans">do amputado pelo lado de fora. Além disso, há tempos q u e
o surrounclào</c>
family:Liberation Sans">filme</c>
family:Liberation Sans">si mesma, se faz tão intensa no m o m e n t o d o estímulo
que ela não tem mais</c>
family:Liberation Sans">é um padrão trabalhado com as sensações táteis e auditivas,
sendo q u e o empreen-</c>
family:Liberation Sans">o n d e criar raízes, adquirir significado, se aprofundar
na forma da paixão, pois,</c>
family:Liberation Sans">rimentos, q u a n d o estimulam as células nervosas de
forma isolada ou mesmo</c>
family:Liberation Sans">se isso ocorresse, ela poderia, j u n t a m e n t e com
outras sensações, ligar-se em</c>
family:Liberation Sans">cebido, t a m a n h o o interesse e m suas palavras. A
crise da tipografia m o s t r a q u e isso n ã o é mais m e r o detalhe.</c>
family:Liberation Sans">O gráfico Davi d C a r s o n é u m caso exemplar dc tal
situação. Ele o b t e v e u m sucesso i n é d i t o n a p r o d u ç ã o</c>
family:Liberation Sans">de revistas de música americana, skate e surf, nas quais
ele solapou t o d a s as regras tipográficas. As letras</c>
family:Liberation Sans">c o m o q u e explodiram e p u d e r a m ser a b r a n g i
d a s pelo olhar, nas páginas d c papel b r i l h a n t e , u m a separada</c>
family:Liberation Sans">da outra, uma sobre a outra o u uma d e n t r o das o u t r
a , dc tal m o d o q u e elas d e v e r i a m ser b u s c a d a s e m t o d
a</c>
family:Liberation Sans">p a r t e d o texto, fato esse q u e e n g e n d r o u a
discussão sobre o q u e significa "legibilidade" nas c o n d i ç õ e s em</c>
family:Liberation Sans">q u e a sensação avançou (cf. Blackwell, The
EndofPrint.</c>
family:Liberation Sans">M u n i q u e , 1995). Pa ra a clientela, a q u e m a
leitura</c>
family:Liberation Sans">consiste em decodificar, p r i n c i p a l m e n t e ,
imagens de filmes e dc c o m p u t a d o r , além d o f o l h e a r de
revistas</c>
family:Liberation Sans">ilustradas, o material de leitura p a t e n t e refere-se
apenas àquilo q u e o o l h a r capta. P o r t a n t o , isso i m p e d e o</c>
family:Liberation Sans">deslizar progressivo d o olhar, pois cada deslizar seria u
m m e r o deslizar p a r a fora d a a t e n ç ã o . A nova legibilidade é p r o d u
z i d a c o m meios q u e t o r n a m ilegível t o d o t e x t o</c>
family:Liberation Sans">mais extenso.</c>
family:Liberation Sans">experiências mais duradouras. Mas ela se deflagra, de forma
tão difusa, na excitação que se dissemina, de m o d o q u e a percepção não mais se
distingue da</c>
family:Liberation Sans">excitação concentrada. Isso é particularmente prejudicial
aos cenários sexuais,</c>
family:Liberation Sans">os quais devem proporcionar lucros aos negócios dc
vivências multimidiáticos.</c>
family:Liberation Sans">Os sentidos, que pretensamente se mostram como ativos
aventureiros, se deparam</c>
family:Liberation Sans">com o espreguiçar de sua formosura, se transformam em
letárgicos paxás, se</c>
family:Liberation Sans">massageiam e se fazem cócegas, de tal forma que meramente
reagem. Isso im-</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>plica que eles se t o r n e m mais "exigentes", ou
seja, dificilmente se excitam p o r</c>
family:Liberation Sans">d e m o r a r na forma de um impulso inicial -</c>
family:Liberation Sans">meio dos relatos e imagens pornográficas. Para que isso
aconteça, faz-se necessá-</c>
family:Liberation Sans">çk p r o p a g a n a e do flerte -</c>
family:Liberation Sans">ria toda uma indústria de refinamento audiovisual. Mas
antes ocorre uma regres-</c>
family:Liberation Sans">• oso. C o n t u d o , p r e - p r a z e r „ fc* de prazer
é uma inversão do caminho e da</c>
family:Liberation Sans">são: a sensação desejada é, p o r meio das cócegas, c o m o
que ligada. C o n t u d o</c>
family:Liberation Sans">meta, d o meio e do fim, ou seja, de acordo com Freud isso
significa perversão</c>
family:Liberation Sans">ela se apaga assim que essas cócegas não mais se fazem
presentes, as mesmas</c>
family:Liberation Sans">O o r g a n i s m o h u m a n o não p o d e deixar de se
compensar de tais perversões'</c>
family:Liberation Sans">cócegas que dificilmente ultrapassam aquele estado de
estímulo inicial q u e de-</c>
family:Liberation Sans">q u e se instalam na infância, pela renúncia pulsional,
pela frustração e pela</c>
family:Liberation Sans">veria, em geral, ser a p r o f u n d a d o na forma d o
gozo e da experiência prazerosa.</c>
family:Liberation Sans">decepção. Elas são t u d o menos "artificiais", pois são
expressões de dano Faz</c>
family:Liberation Sans">que</c>
family:Liberation Sans">se coloca nas formas eróticas</c>
family:Liberation Sans">é fruído como se fosse o próprio e s t í m u l "</c>
family:Liberation Sans">uma poderosa diferença se o prazer de olhar e o de mostrar
são ingredientes da</c>
family:Liberation Sans">tensão sexual que caminha para a sua satisfação, ou se eles
se independentizam</c>
family:Liberation Sans">Prazer virtual</c>
family:Liberation Sans">nas formas d o voyeurismo e d o exibicionismo e conseguem,
assim, um gozo</c>
family:Liberation Sans">substituto, cujo ser golpeado por meio da frustração e da
impotência é tão mais</c>
family:Liberation Sans">Freud d e n o m i n o u esse estímulo inicial c o m o "pré-
prazer". O n d e o prazer se</c>
family:Liberation Sans">claro q u a n t o mais é exaustivamente negado.</c>
family:Liberation Sans">inicia não há prazer de fato, mas sim algo que a palavra
latina appetitus expressa</c>
family:Liberation Sans">Se o pré-prazer é uma forma de real idade virtual, então
não é necessária grande</c>
family:Liberation Sans">de forma precisa: u m alentador estado de tensão. O apetite
já c o n t é m algo pró-</c>
family:Liberation Sans">perspicácia para se reconhecer, n o que hoje em dia se
denomina abertamente</c>
family:Liberation Sans">prio do pleno prazer, sobretudo q u a n d o o aroma da c o
m i d a q u e assa o instiga.</c>
family:Liberation Sans">virtualreality,</c>
family:Liberation Sans">Mas quando a comida não vem, então o desprazer se impõe. O
m e s m o ocorre</c>
family:Liberation Sans">q u e possui t o d o s os sinais de independentização na
condição de substituto do</c>
family:Liberation Sans">com o apetite sexual. A n t e s de t u d o , tal a p e t i
t e é prazer a p e n a s n o c r é d i t o</c>
family:Liberation Sans">prazer. O s uniformes (virtuais) de vivência são,
obviamente, um caso extremo,</c>
family:Liberation Sans">de um máximo de prazer, para o qual o apetite i m p u l s i
o n a , ou seja, p a r a "o</c>
family:Liberation Sans">mas mostram para onde caminha a tendência. Para a vida de
negócios global, na</c>
family:Liberation Sans">prazer final". "Ele é provocado por meio da descarga, é u m
prazer t o t a l m e n t e</c>
family:Liberation Sans">qual se t o r n a r u i m alguém se apresentar com o
capacete tridimensional, foram</c>
family:Liberation Sans">satisfeito e, com ele, a tensão da libido desaparece
temporariamente" 6 . Mas este</c>
family:Liberation Sans">desenvolvidas redes comunicativas com o objetivo de
possibilitar a existência</c>
family:Liberation Sans">é um passo posterior. O prazer deve ser gradativamente c o
n s t r u í d o p o r meio de</c>
family:Liberation Sans">de conferências simultâneas através de todos os
continentes. Seus participantes</c>
family:Liberation Sans">movimentos minúsculos, quase imperceptíveis. Faz parte de
seu c o n t í n u o estado</c>
family:Liberation Sans">não se ligaram apenas acusticamente, mas sim também por
meio da visão e do</c>
family:Liberation Sans">de carência o fato de o prazer ser f r e q ü e n t e m e n
t e o b s t a d o , s e n d o q u e isso é</c>
family:Liberation Sans">tato, de tal m o d o que puderam, pela tela, acompanhar a
mímica e os gestos dos</c>
family:Liberation Sans">tão antigo q u a n t o o seu próprio cultivo. Às
satisfações substitutivas, que são</c>
family:Liberation Sans">parceiros; elaborar, coletivamente, projetos de construção
e contratos; realizar</c>
family:Liberation Sans">procuradas pela vida pulsional desde tempos imemoriais, p e
r t e n c e o c o n t e n -</c>
family:Liberation Sans">intervenções médicas em c o n j u n t o ou então, no final
do dia de serviço, enviar,</c>
family:Liberation Sans">tar-se com estados nos quais o prazer ainda está em seus
estágios iniciais, fato</c>
family:Liberation Sans">n o mesmo instante, o próprio trabalho para que os colegas
da Califórnia que</c>
family:Liberation Sans">este que é expresso no sentido original da palavra
"virtual". Virtual significa a</c>
family:Liberation Sans">estão acordando possam continuá-lo. "Hoje", assevera o
entusiasmado McLuhan,</c>
family:Liberation Sans">"força ou a possibilidade para o existente". O que é
possível n ã o c o r r e s p o n d e</c>
family:Liberation Sans">"ampliamos o sistema nervoso central para uma rede de
abrangência mundial e,</c>
family:Liberation Sans">ainda ao real, mas também não é u m nada. As possibilidades
existem, já têm</c>
family:Liberation Sans">com isso, superamos o espaço e o tempo, tanto quanto isso
seja possível em nosso</c>
family:Liberation Sans">um grau de realidade consciente. Visto dessa forma, o pré-
prazer é u m a f o r m a</c>
family:Liberation Sans">planeta" . Q u e m acredita nisso se torna feliz. O
princípio básico multimidiático</c>
family:Liberation Sans">original de realidade virtual. Se ele aparece c o m o
prelúdio d o prazer ou c o m o</c>
family:Liberation Sans">é o mesmo d o caso do capacete tridimensional: desenvolver,
para cada um dos</c>
family:Liberation Sans">seu substituto, de forma alguma se p o d e notar isso 110
caso concreto, u m a vez</c>
family:Liberation Sans">sentidos humanos, uma transferência de dados adequada ao
capacete e, então,</c>
family:Liberation Sans">que os limites entre ambos se tornam fluidos. Porém eles
são decisivos. N a d a é</c>
family:Liberation Sans">consubstanciar todas as transferências particulares n u m a
impressão geral. As</c>
family:Liberation Sans">mais promissor que os primeiros m o v i m e n t o s tênues
de u m prazer; aliás, esses</c>
family:Liberation Sans">teleconferências n ã o dilatam o sistema nervoso central q
u a n d o m e r a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">primeiros movimentos são tão estimulados que o seu
retardar, seu segurar, seu</c>
family:Liberation Sans">potencializariam o ver, o ouvir e o tocar milhares de vezes
e, à parte disso, tais</c>
family:Liberation Sans">7 7 H . M a r s h a l l M c L u h a n , Die
magischen</c>
family:Liberation Sans">6 S. Freud, Drei Abhandlungen</c>
family:Liberation Sans">zur Sexualtbeorie,</c>
family:Liberation Sans">Studienausgabe. F r a n k f u r t , 1972, vol. V, p.
115.</c>
family:Liberation Sans">uma maquinaria pré-prazerosa e tecnologicamente avançada
e</c>
family:Liberation Sans">Kanãle.</c>
family:Liberation Sans">Düsseldorf, W í e n , 1992, p. 11.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>sentidos permaneceriam intactos, na condição daquilo
que já foram. O meio</c>
family:Liberation Sans">lado b o m , q u a n d o ajuda o adolescente e o
notoriamente tímido a ultrapassar</c>
family:Liberation Sans">dc comunicação apenas ajuda os respectivos órgãos dos
sentidos a ultrapassar</c>
family:Liberation Sans">a barreira psicológica para que possam ter seus primeiros
contatos. Isso para</c>
family:Liberation Sans">enormes distâncias à velocidade da luz. O r a , para que
isso ocorra, faz-se ne-</c>
family:Liberation Sans">não falar dos frágeis, solitários e desesperados, para os
quais a Internet pode</c>
family:Liberation Sans">cessário um condutor. E n e n h u m c o n d u t o r
transporta estímulos sem que os</c>
family:Liberation Sans">tornar-se u m a i m p o r t a n t e ligação com o m u n d o
exterior, assim c o m o é o tele-</c>
family:Liberation Sans">próprios estímulos sejam canalizados e filtrados, seja na
forma de sons separados,</c>
family:Liberation Sans">fone. A chamada de emergência e o serviço de ajuda por
telefone [no Brasil, o</c>
family:Liberation Sans">na forma de cortes de imagens em perspectiva -</c>
family:Liberation Sans">até o n d e já se desenvolveu a</c>
family:Liberation Sans">c h a m a d o CVC — C e n t r o de Valorização da Vida]
são, sem n e n h u m a dúvida,</c>
family:Liberation Sans">seja como pressão digital mensurável. Q u a n d o se trata
de</c>
family:Liberation Sans">organizações benéficas. Por meio da proteção do a n o n i m
a t o e da reserva, mui-</c>
family:Liberation Sans">objetivos rigorosamente delimitados, tais c o m o a
negociação de u m c o n t r a t o</c>
family:Liberation Sans">tos expressam aquilo que nunca teriam coragem de dizer de
outra maneira. Da</c>
family:Liberation Sans">ou o desenvolvimento coletivo de u m programa ou aparelho,
o filtro midiático</c>
family:Liberation Sans">mesma forma, a Internet não pode ser subestimada na
condição de um confes-</c>
family:Liberation Sans">é altamente efetivo: ele elimina, gradativamente, aquilo q
u e se desvia do obje-</c>
family:Liberation Sans">sionário m o d e r n o e lugar de um cuidado psíquico
recíproco e informal. Por</c>
family:Liberation Sans">tivo coletivo, prepara aquilo que lhe serve, e reduz, da
maneira mais drástica,</c>
family:Liberation Sans">o u t r o lado, é fatídico fazer passar a necessidade c o m
o virtude, ou seja, as esta-</c>
family:Liberation Sans">os processos de formação de vontades determinadas e de
decisão, para os quais</c>
family:Liberation Sans">ções psíquicas iniciais c o m o se fossem fóruns de
comunicação bem-sucedida.</c>
family:Liberation Sans">certamente seria necessária toda uma gama de pesquisas,
reuniões, conferên-</c>
family:Liberation Sans">E assim, n ã o é mais t e m a t i z a d o aquilo q u e o a
n o n i m a t o , a reserva e o filtro</c>
family:Liberation Sans">cias e viagens para várias partes d o globo. N ã o há
dúvida de que tais reduções</c>
family:Liberation Sans">m i d i á t i c o da a u t o c o m u n i c a ç ã o extirpam
desde o princípio. A comunicação</c>
family:Liberation Sans">podem ser entusiasticamente vivenciadas não apenas c o m o
u m a facilitação,</c>
family:Liberation Sans">presencial não é necessariamente "melhor" do que aquela
mediada midiatica-</c>
family:Liberation Sans">mas também como uma vitória sobre a natureza, como u m
salto técnico, c o m o</c>
family:Liberation Sans">m e n t e , tal c o m o c o m p r o v a m as inúmeras
relações arruinadas. Porém t o d a</c>
family:Liberation Sans">superioridade sobre todos aqueles que ainda têm de seguir
os morosos trilhos</c>
family:Liberation Sans">c o m u n i c a ç ã o m e d i a d a se n u t r e da
comunicação imediata e a ela permanece</c>
family:Liberation Sans">dos caminhos antigos. C o n t u d o espaço e tempo não p o
d e m ser superados. A</c>
family:Liberation Sans">referida. N e n h u m lactante p o d e ser h a b i t u a d
o , de forma cuidadosa, à vida</c>
family:Liberation Sans">proximidade instituída por tais aparelhos consiste
meramente n u m a superação</c>
family:Liberation Sans">h u m a n a , a n ã o ser p o r meio da p r o x i m i d a d
e corporal c o n t í n u a do m e m b r o</c>
family:Liberation Sans">de distâncias espaçotemporais, redução e aceleração ao
máximo dos limitados</c>
family:Liberation Sans">familiar mais próximo. E as cartas de amor de Kafka, ou
seja, de um ser huma-</c>
family:Liberation Sans">processos de comunicação, e isso não pode ser c o n f u n d
i d o com "proximidade</c>
family:Liberation Sans">n o t o t a l m e n t e incapaz de uma proximidade física
duradoura, respiram, linha</c>
family:Liberation Sans">humana" no sentido de uma participação m ú t u a e da
identificação, q u e só p o -</c>
family:Liberation Sans">por linha, a saudade de tal aproximação e não seriam, sem
tal sentimento, nem</c>
family:Liberation Sans">dem ser gradativamente construídas ao logo d o convívio m ú
t u o e da troca de</c>
family:Liberation Sans">escritas e n e m sequer despertariam qualquer interesse.
Toda comunicação rea-</c>
family:Liberation Sans">experiências. E para isso, necessita-se, o mais
urgentemente possível, daquilo</c>
family:Liberation Sans">lizada p o r meios técnicos, da carta até a Internet, tem
caráter secundário, se</c>
family:Liberation Sans">que as novas tecnologias desejam economizar ao máximo: t e
m p o .</c>
family:Liberation Sans">originou c o m o recurso para a superação da ausência e do
isolamento; e o cul-</c>
family:Liberation Sans">técnica para isso</c>
family:Liberation Sans">tivo de tais expedientes, para as mais detalhadas formas de
arte e de expressão,</c>
family:Liberation Sans">O mesmo ocorre no caso da Internet. É fora de questão que
esse novo meio</c>
family:Liberation Sans">só logra êxito se partilha algo da privação da qual ela
nasceu. U m a comunicação</c>
family:Liberation Sans">de comunicação ata os processos de comunicação, os quais
antigamente passa-</c>
family:Liberation Sans">secundária, q u e se isola t o t a l m e n t e da primária,
e que se relaciona com outro</c>
family:Liberation Sans">vam, um ao lado do outro, na forma dos livros, dos jornais
e d o telefone. Assim</c>
family:Liberation Sans">ser vivo exclusivamente p o r meio d o correio ou de canais
técnicos, realiza o</c>
family:Liberation Sans">como é certo que a comunicação foi intensificada e
acelerada. Porém a proxi-</c>
family:Liberation Sans">estado de coisas da tortura do isolamento. U m a teoria da
mídia, que considera</c>
family:Liberation Sans">midade obtida permanece ainda na condição de sucedâneo. E n
q u a n t o se p o d e</c>
family:Liberation Sans">a f o r m a de comunicação primária c o m o a n t i q u a d
a e a secundária c o m o uma</c>
family:Liberation Sans">ir e vir quando se deseja, por meio do clicar d o mouse,
sem que sc sintam todas</c>
family:Liberation Sans">m u i t o excitante f o r m a de trânsito d o futuro, serra
o galho da árvore n o qual</c>
family:Liberation Sans">as dificuldades e obrigações que acompanham os encontros
pessoais ou a vida</c>
family:Liberation Sans">toda c o m u n i c a ç ã o secundária se apoia e o único
pelo qual p o d e permanecer</c>
family:Liberation Sans">em comum, o contato do eterno começo permanece c o m o u m
a aproximação</c>
family:Liberation Sans">suportável. Isso é algo tão original q u a n t o a proposta
de se desabituar de comer,</c>
family:Liberation Sans">que não acontece realmente, ou seja, faz-se presente a c o
m u n i d a d e virtual no</c>
family:Liberation Sans">p o r q u e viver de brisa é m u i t o mais excitante 7
*.</c>
family:Liberation Sans">sentido original da palavra: surfa-se ao redor, realiza-se
o pré-prazer d u r a d o u ro de uma satisfação continuamente ausente. Entretanto,
até mesmo a troca de</c>
family:Liberation Sans">insignificâncias, cultivada por inúmeros cbats, pode
ocasionalmente ter seu</c>
family:Liberation Sans">7 8 E s p o r a d i c a m e n t e , tal teoria se m a n i f
e s t a c o m o as b r o c h u r a s d e p r o p a g a n d a s eróticas, q u a n d
o ela considera a rroca d e sexo, de i n t i m i d a d e e o sexo na I n t e r n e
t c o m o "novas i d e n t i d a d e s e m paisagens virtuais". As</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>A realidade virtual de uma aparelhagem midiática
onipresente obriga que</c>
family:Liberation Sans">o estado de coisas do pré-prazer seja n o v a m e n t e
soletrado, mas de u m a nova</c>
family:Liberation Sans">forma. Freud nunca deixou de falar c o m o u m velho
neurologista, q u a n d o asseverou que "uma sensação de tensão deve p o r t a r
consigo o caráter d o desprazer". "Mas, q u a n d o se avalia a tensão da excitação
sexual q u a n t o à sensação de</c>
family:Liberation Sans">desprazer, então se reconhece o fato de que ela mesma é, i
n d u b i t a v e l m e n t e ,</c>
family:Liberation Sans">sentida c o m o pleno prazer" . A tensão é n o t o r i a m
e n t e algo q u e d e p e n d e , e</c>
family:Liberation Sans">muito, do contexto. Já o pré-prazer não é algo já pleno de
prazer, mas sim o seu</c>
family:Liberation Sans">início, quando ele se transforma no f e r m e n t o do
desejo erótico. E Freud o tematizou apenas nesta perspectiva, que, aliás, n ã o é a
ú n i c a e n e m m e s m o a</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o eles não mais são c o n s u m i d o s . Eles
oferecem m u i t o mais a demolição</c>
family:Liberation Sans">d o desprazer do que a construção do prazer. Seu gozo é
muito mais pré-prazer do</c>
family:Liberation Sans">que prazer. Os choques audiovisuais trabalham
sistematicamente para o retrocesso</c>
family:Liberation Sans">d o prazer em pré-prazer; p a r a a expropriação d o prazer
e n q u a n t o aquisição</c>
family:Liberation Sans">cultural; para sua desavergonhada exploração por meio da
superexcitação. Eles</c>
family:Liberation Sans">p r o d u z e m nada menos q u e a declaração de
insolvência do princípio do prazer.</c>
family:Liberation Sans">E, p o r m e i o disso, p e r m i t e m reconhecer o q u ã
o fina é a camada de verniz d o</c>
family:Liberation Sans">prazer erigida sobre a base d o pré-prazer q u a n d o eles
a aniquilam. E então se</c>
family:Liberation Sans">faz presente o " r e t o r n o ao f u n d a m e n t o " . O
" t e m p o anterior ao princípio d o</c>
family:Liberation Sans">prazer" inicia-se na condição de seu t e m p o
posterior.</c>
family:Liberation Sans">elementar. Primeiramente, o pré-prazer é aquilo q u e se
coloca antes do prazer,</c>
family:Liberation Sans">ou seja, aquilo que Freud em outro m o m e n t o n o m e o
u c o m o " t e m p o anterior</c>
family:Liberation Sans">ao princípio do prazer". Este foi o tema do terceiro
capítulo deste livro, n o qual</c>
family:Liberation Sans">A m o r ao próximo, a m o r ao mais distante</c>
family:Liberation Sans">se mostrou que a repetição compulsiva d o h o r r o r serve
para se libertar d o próprio horror. Tal repetição foi, desde o início, demolição d
o desprazer — para</c>
family:Liberation Sans">Música d o f u t u r o ? É verdade, mas ela é tocada agora.
A forma de intuição da</c>
family:Liberation Sans">diferenciar da construção do prazer —, mas foi inteiramente
precursora e arau-</c>
family:Liberation Sans">sensação já se faz presente há muito. Agora é possível
reconhecê-la c o m o forma</c>
family:Liberation Sans">to do prazer; num sentido m u i t o literal foi seu modelo,
assim c o m o o "esque-</c>
family:Liberation Sans">de vício; agora se vê obrigada à confissão de que é vício
do particular em vias de</c>
family:Liberation Sans">ma" kantiano é modelo d o conceito. O pré-prazer se t r a n
s f o r m a em f e r m e n t o</c>
family:Liberation Sans">se t o r n a r geral, de que c a m i n h a d o estado de d
e p e n d ê n c i a de d e t e r m i n a d a s</c>
family:Liberation Sans">da construção do prazer, primeiramente é preparação para o
prazer, é a p r o d u -</c>
family:Liberation Sans">substâncias q u e viciam para se t o r n a r u m a
existência básica global. Agora se</c>
family:Liberation Sans">ção de um estado de relativos alívio e tranqüilidade,
estado este que se sente</c>
family:Liberation Sans">a p r e n d e a p e n s a r o vício p o r m e i o de
categorias políticas, antropológicas e</c>
family:Liberation Sans">agradecido pela minimização da dor. O pré-prazer é condição
para q u e possa</c>
family:Liberation Sans">teológicas, e não mais c o m o algo que se distingue p o r
si. Todos nós somos vi-</c>
family:Liberation Sans">tornar-se, em geral, prazer. Ele é inseparável da redução
da tensão sexual, mas</c>
family:Liberation Sans">ciados e q u e m reflete sobre isso é t a m b é m parte d o
problema. S e g u i n d o essa</c>
family:Liberation Sans">tampouco é por ela absorvido. O pré-prazer é uma p r o d u
ç ã o cultural, da qual</c>
family:Liberation Sans">linha de raciocínio, o p r i m e i r o problema, o qual se
deveria aprender a consi-</c>
family:Liberation Sans">participou todo o sensório do Horno sapiens. U m a
aparelhagem midiática, que</c>
family:Liberation Sans">derar com novo e a d m i r a d o olhar, é a característica
essencialmente conformis-</c>
family:Liberation Sans">irradia estímulos iniciais na forma de contínuas repetições
compulsivas, leva</c>
family:Liberation Sans">ta d o vício: a disposição de u m a q u a n t i d a d e
colossal de seres h u m a n o s de se</c>
family:Liberation Sans">essa produção cultural à loucura. Tal aparelhagem prepara,
de f o r m a constan-</c>
family:Liberation Sans">colocar d i a n t e d o conta-gotas de uma aparelhagem
multimidiática e deixar-se</c>
family:Liberation Sans">te, o c a m i n h o para o prazer, cuja construção ela
frustra ao m e s m o t e m p o . A</c>
family:Liberation Sans">explorar neurológica e esteticamente. A q u i l o que foi n
o m e a d o n o p r i m e i r o</c>
family:Liberation Sans">inflação de tal preparação resulta diretamente na f o r m a
clássica d o estado de</c>
family:Liberation Sans">capítulo c o m o "compulsão para emitir" é apenas o lado
exterior dessa explora-</c>
family:Liberation Sans">abstinência. U m organismo, n o qual tais estímulos
iniciais já a t u a m h á u m</c>
family:Liberation Sans">ção, u m a pressão q u e atua t a n t o objetiva q u a n t
o subjetivamente [daí ser tam-</c>
family:Liberation Sans">tempo suficientemente longo, não pode mais tomar algo
diferente daquilo que</c>
family:Liberation Sans">bém u m a compulsão], t a n t o c o m o pressão externa q u
a n t o c o m o necessidade</c>
family:Liberation Sans">os próprios estímulos iniciais t o m a m para si, a saber:
que eles iniciam e obstam.</c>
family:Liberation Sans">própria, de tal f o r m a que p o d e ser considerada u m
consenso global tácito que</c>
family:Liberation Sans">Os substitutos se transformam na própria coisa: em
fetiches, em substâncias</c>
family:Liberation Sans">está na base de todas as diferenças manifestas e das n o t
a d a m e n t e políticas e</c>
family:Liberation Sans">que viciam. C o n t u d o , eles são ingeridos para evitar
o desprazer que se engendra</c>
family:Liberation Sans">f u n c i o n a c o m o seu, p o r assim dizer,
inconsciente coletivo. C o n t u d o o vício é</c>
family:Liberation Sans">sempre algo p r o f u n d a m e n t e ambivalente. O s
viciados anseiam t a n t o pela subs-</c>
family:Liberation Sans">pessoas que "estão em suas casas, sentadas d i a n t e d a
tela d o c o m p u t a d o r , enviam u m a s às o u t r a s m e n s a g e n
s</c>
family:Liberation Sans">eróticas em t e m p o real. Elas c o n s i d e r a m isso e
x t r e m a m e n t e excitante e a l g u m a s e x p e r i m e n t a m isso
até</c>
family:Liberation Sans">m e s m o c o m o u m a revelação" (S. Turklc, "Ist das I n
t e r n e t m ã n n l i c h , weiblich o d e r b e i d e s ? T e l e p o l i s ,
Die</c>
family:Liberation Sans">Zeitscbrift der Netzkultur,</c>
family:Liberation Sans">n° 0 , 1 9 9 6 , p. 125 ).</c>
family:Liberation Sans">7 9 S. Freud, Drei Abhandlungen...,</c>
family:Liberation Sans">tância viciadora p o r q u e eles cobiçam dela algo
diferente daquilo que recebem.</c>
family:Liberation Sans">O vício consiste na fuga de si próprio. Ele impele para o a
u m e n t o da dose ingerida, pois ele deseja parar de ser vício. E o lado externo
disso p ô d e t a m b é m</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>ser reconhecido no primeiro capítulo deste livro. O
exigir de mais choques, dc</c>
family:Liberation Sans">Foram poucas as idéias de salvação que, de tão expressivas,
conquistaram</c>
family:Liberation Sans">reality-TV</c>
family:Liberation Sans">grandes coletivos em d e t e r m i n a d o s m o m e n t o
s da história da h u m a n i d a d e . A</c>
family:Liberation Sans">mais intensa, de mais live câmeras, de cenários
tridimensionais com mais plas-</c>
family:Liberation Sans">última delas foi a marxista. "A filosofia não p o d e
realizar-se sem a superação</c>
family:Liberation Sans">ticidade é, ao mesmo tempo, o exigir que essa maior
plasticidade e realidade</c>
family:Liberation Sans">d o proletariado, já o proletariado não p o d e superar-se
sem a realização da filo-</c>
family:Liberation Sans">sejam cenários tridimensionais, ou seja, a exigência da
explosão de t o d o um</c>
family:Liberation Sans">sofia"*1. Aliás, o m o d o c o m o filosofia e proletariado
são pensados em conjunto,</c>
family:Liberation Sans">m u n d o de sucedâneos audiovisuais, e do gozo q u e tais
sucedâneos p r o m e t e m ,</c>
family:Liberation Sans">nessa frase, é um dos mais geniais curtos-circuitos.
Percebe-se, antes de t u d o ,</c>
family:Liberation Sans">mas náo cumprem. Sem dúvida alguma, conecta-se a essa
exigência u m impul-</c>
family:Liberation Sans">q u e ele representa não apenas uma figura de p e n s a m e
n t o hegeliana, mas que</c>
family:Liberation Sans">so maquinai frenético que é, principalmente na era do
capitalismo estético, um</c>
family:Liberation Sans">c o n t é m , ao m e s m o tempo, uma figura de p e n s a m
e n t o das mais antigas, a saber,</c>
family:Liberation Sans">impulso imagético frenético: ele despedaça,
preferencialmente, a tela para cap-</c>
family:Liberation Sans">a figura d o Velho T e s t a m e n t o d o povo maltratado,
mas t a m b é m escolhido, no</c>
family:Liberation Sans">tar aquilo que ela finge dar, mas não concede. Todo aquele
que ainda t e m algum</c>
family:Liberation Sans">qual repousa a expectativa de que a sua salvação inclua a
salvação de t o d o s os</c>
family:Liberation Sans">senso deve reprimir tal impulso, caso ainda não t e n h a
sido t o t a l m e n t e exposto</c>
family:Liberation Sans">povos, de m o d o que não receba para si n e n h u m a
objeção. Em várias ocasiões</c>
family:Liberation Sans">ao ridículo. Mas n e n h u m a repressão consegue eliminá-
lo. E a luta iconoclasta</c>
family:Liberation Sans">p ô d e ser c o n s t a t a d o c o m o as idéias
teológicas p o d e m , subitamente, tornar-se</c>
family:Liberation Sans">é, como que, por natureza, teologicamente impregnada:
revolta contra o subs-</c>
family:Liberation Sans">e x t r e m a m e n t e reais. Foi p e r f e i t a m e n t
e a d e q u a d o à situação social do meio d o</c>
family:Liberation Sans">tituto, contra a idolatria das imagens. Elas devem ser
destroçadas p o r q u e me-</c>
family:Liberation Sans">século XIX o p e n s a m e n t o de que o proletariado é a
classe que, graças às máqui-</c>
family:Liberation Sans">ramente simulam a verdade e o salvador em vez de r e a l m
e n t e traze-los. E m</c>
family:Liberation Sans">nas produtivas até então nunca vistas, p r o d u z não
apenas uma riqueza inaudi-</c>
family:Liberation Sans">poucas palavras, a luta iconoclasta sopra no vício
imagético midiático, a revol-</c>
family:Liberation Sans">ta, c o m o t a m b é m , c o n c o m i t a n t e m e n t e
, sua própria miséria e, com isso, a es-</c>
family:Liberation Sans">ta fermenta no seu c o n f o r m i s m o político, e um
impulso m u i t o básico agrade-</c>
family:Liberation Sans">t r u t u r a de t o d a u m a sociedade. Q u e m p o d e r
i a , senão essa classe, solapar o</c>
family:Liberation Sans">ce ao seu f e r m e n t o teológico. Ele bate no saco, mas
o b u r r o empaca, ele se di-</c>
family:Liberation Sans">m o d o de p r o d u ç ã o capitalista? D e forma alguma
foi equivocada a dedução de</c>
family:Liberation Sans">rige contra as telas, mas interdita aquilo que está p o r
detrás delas e que encon-</c>
family:Liberation Sans">que, por meio dela, seria proposta uma constelação
histórico-mundial que der-</c>
family:Liberation Sans">trou n o i m p u l s o i m a g é t i c o sua c o e s ã o i
m p a l p á v e l : a p r ó p r i a f o r m a d e</c>
family:Liberation Sans">rubaria o sistema capitalista, de tal m a n e i r a que sua
riqueza, a n t e r i o r m e n t e</c>
family:Liberation Sans">sociabilização existente. Porém é preciso, neste m o m e n
t o , diferenciar entre as</c>
family:Liberation Sans">c o n c e n t r a d a em poucas mãos, passaria para o
controle de uma administração</c>
family:Liberation Sans">palavras manifestas dos viciados e a linguagem latente d o
vício. O s viciados</c>
family:Liberation Sans">coletiva que coordenaria o a t e n d i m e n t o de todas
as necessidades. E os obstá-</c>
family:Liberation Sans">querem, via de regra, mais e mais substância viciadora. Já
o vício deles deseja</c>
family:Liberation Sans">culos empilhados diante desse objetivo foram quase todos
nomeados p o r Marx:</c>
family:Liberation Sans">mais do que tal substância. Mas a linguagem latente d o
vício, q u e se faz pre-</c>
family:Liberation Sans">que os senhores e proprietários, os "expropriadores" d o
coletivo, fariam de t u d o</c>
family:Liberation Sans">sente nas palavras manifestas dos viciados, n u n c a é
expressa em tais palavras</c>
family:Liberation Sans">para conservar seu p o s t o e que a "expropriação dos
expropriadores" 8 2 não seria</c>
family:Liberation Sans">de forma direta e isenta de censura, ou seja, ela se
expressa de f o r m a m e d i a t a ,</c>
family:Liberation Sans">possível sem custos consideráveis na f o r m a de suor e
sangue. E, caso essa classe</c>
family:Liberation Sans">dissimulada e modificada, de m o d o semelhante à f o r m a
c o m o o p e n s a m e n t o</c>
family:Liberation Sans">tivesse êxito na t o m a d a d o poder, ainda se
conservaria o sinal m a t e r n o da an-</c>
family:Liberation Sans">do sonho latente se expressa no c o n t e ú d o do s o n h
o manifesto, tal c o m o Freud</c>
family:Liberation Sans">tiga sociedade em cada relação econômica, sensorial e
espiritual, de tal m o d o</c>
family:Liberation Sans">observou. É por isso que o conformismo do vício é u m caso
clássico da negação</c>
family:Liberation Sans">q u e se adiariam p o r um p r a z o as mais árduas
atividades de distribuição e de</c>
family:Liberation Sans">da negação: a negação manifesta de sua própria base
latente, a saber, da ânsia</c>
family:Liberation Sans">gerência, para as quais ela ainda não estaria preparada.
Mas todos esses obstá-</c>
family:Liberation Sans">de "romper com o contínuo da história" 80 . Só que tal
ânsia em seu estado bru-</c>
family:Liberation Sans">culos são m e n c i o n a d o s sob o pressuposto de que
eles são, em princípio, superá-</c>
family:Liberation Sans">to não leva consigo a beleza destas palavras aqui citadas.
E e n q u a n t o tal estado</c>
family:Liberation Sans">veis, de tal m o d o que, após um longo período difícil, q
u a n d o "com o crescente</c>
family:Liberation Sans">não passa de excitação espalhada, perturbação m o t o r a e
de uma difusa dispo-</c>
family:Liberation Sans">d e s e n v o l v i m e n t o geral d o i n d i v í d u o e
de suas forças produtivas, bem c o m o</c>
family:Liberation Sans">sição para a agressão, ele se torna exatamente o contrário
da esperança, ou seja,</c>
family:Liberation Sans">com todas as fontes de riqueza fluindo cooperativa e
plenamente", a "sociedade"</c>
family:Liberation Sans">choques audiovisuais em doses cada vez maiores, na f o r m
a de uma</c>
family:Liberation Sans">um estado de tratamento e, por que não dizer, dc carência
de salvação.</c>
family:Liberation Sans">81 K. M a r x , Kritik derHegelscben</c>
family:Liberation Sans">80 \V. Benjamin, Über den Begrifder</c>
family:Liberation Sans">Gescbicbte, p. 701.</c>
family:Liberation Sans">Recbtsphilosopbie.</c>
family:Liberation Sans">E i n l e i t u n g , MKW 1. Berlim, 1956, p. 391.</c>
family:Liberation Sans">82 L i t e r a l m e n t e foi d i t o isto: " C h e g a a
h o r a d e r r a d e i r a da p r o p r i e d a d e privada ( P r i v a i eigen tu
ms</c>
family:Liberation Sans">p. 302). O e x p r o p r i a d o r se corna expropriado." k
. M a r x , Das Kapital/,</c>
family:Liberation Sans">schãgt,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>possa efetivamente fixar a seguinte m e t a : "cada u
m p o r suas aptidões e cada</c>
family:Liberation Sans">u m por suas necessidades!" 8 3 . As p r ó p r i a s
cabeças q u e giravam e m t o r n o de</c>
family:Liberation Sans">Max H o r k h e i m e r não hesitaram em portar consigo o m
e n c i o n a d o pressuposto marxiano. Para elas, o socialismo soviético não
significou n e n h u m p e r í o d o</c>
family:Liberation Sans">árduo para que se chegasse ao c a m i n h o correto, mas
sim u m equívoco pavoroso da teoria marciana. Exatamente p o r esse motivo, já nos
anos 30 d o século</c>
family:Liberation Sans">passado (e não algo que ocorreu logo após 1989) elas
expressavam a necessidade</c>
family:Liberation Sans">de formular uma "Teoria Crítica" que se iniciaria d o
fracasso desse socialismo 84 .</c>
family:Liberation Sans">Da mesma forma que eles foram íntegros em rechaçar o bloco
d o leste europeu,</c>
family:Liberation Sans">nunca deixaram de supor que o socialismo lá p r a t i c a d
o era a f o r m a falsa d o</c>
family:Liberation Sans">socialismo correto: de fato, foi indiscutível o m o d o c o
m o ele se concretizou e</c>
family:Liberation Sans">talvez nem mesmo fosse reformável. C o n t u d o , disso
decorreu u m tipo de pen h o r : que um socialismo — que recebe tal designação, a
saber, u m a união de</c>
family:Liberation Sans">seres humanos livres, sendo que cada um p r o d u z suas
próprias aptidões e realiza suas necessidades — seria sempre possível, caso os
seres h u m a n o s o dese-</c>
family:Liberation Sans">m e n t e solidária? Isso não seria o m e s m o q u e p r o
p o r o passo mais belo de</c>
family:Liberation Sans">d a n ç a c o m o u m a f o r m a de m o v i m e n t o
genericamente banal, u m a vez que a</c>
family:Liberation Sans">bailarina p r i n c i p a l d e m o n s t r o u q u e tal m
o v i m e n t o é h u m a n a m e n t e possível</c>
family:Liberation Sans">de ser executado?</c>
family:Liberation Sans">É claro q u e a natureza h u m a n a é flexível, mas
percebe-se o q u a n t o ela o é,</c>
family:Liberation Sans">em geral, só q u a n d o é flexibilizada em excesso. E sua
dilatação custa um tributo.</c>
family:Liberation Sans">T ã o logo os seres h u m a n o s ficaram fora d o alcance
visível recíproco e, mesmo</c>
family:Liberation Sans">assim, desejaram c o n t i n u a r unidos, a comunicação
teve que, c o m o se sabe, se</c>
family:Liberation Sans">"estender" na forma de instâncias de aproximação, das quais
o mercado não foi a</c>
family:Liberation Sans">mais antiga, mas sim a mais rica em conseqüências. Correio,
mercado, imprensa,</c>
family:Liberation Sans">redes de telecomunicações são inevitáveis q u a n d o
mercadorias, pensamentos,</c>
family:Liberation Sans">s e n t i m e n t o s , imagens devem ser t r a n s p o r t
a d o s a grandes distâncias, e esses</c>
family:Liberation Sans">meios só são o que são p o r q u e eles possuem uma
obstinação sistêmica que, p o r</c>
family:Liberation Sans">sua vez, a m a l g a m a a m u l t i p l i c i d a d e de
vontades h u m a n a s particulares n u m</c>
family:Liberation Sans">complexo processo de formação de vontades. Assim c o m o
seria completamente</c>
family:Liberation Sans">inconcebível q u e a atual população mundial articulasse a
d e q u a d a m e n t e suas</c>
family:Liberation Sans">jassem seriamente.</c>
family:Liberation Sans">Mas esse "desejar s e r i a m e n t e " não seria u m a p a
r t e da " o n i p o t ê n c i a d o s</c>
family:Liberation Sans">pensamentos infantis" , tal c o m o Freud os analisou n o s
povos p r i m i t i v o s ?</c>
family:Liberation Sans">Seria possível que as experiências, as quais f o r a m
talvez realizadas e m g r u p o s</c>
family:Liberation Sans">pequenos, confiantes e que cresceram n o mais p r o f u n d
o e n t e n d i m e n t o , fossem</c>
family:Liberation Sans">computadas para a t o d a a h u m a n i d a d e e, com
isso, que se trocasse o desejável</c>
family:Liberation Sans">pelo factível? O r a , já nos grupos p e q u e n o s é um
feliz acaso q u a n d o cada caprichoso paralelogramo de forças nervosas, q u e n o
m e a m o s c o m o v o n t a d e s</c>
family:Liberation Sans">humanas, se transforma, j u n t a m e n t e com a maioria
de outros tais paralelogramos, num balanço solidário e generoso. E esse feliz acaso
deve, p o t e n c i a l m e n te, tornar-se um caso corriqueiro da população
mundial? C i n c o ou seis bilhões</c>
family:Liberation Sans">de indivíduos devem consubstanciar racionalmente suas
vontades particulares em vontades globais, n u m a volontégénérale</c>
family:Liberation Sans">de u m a sociedade m u n d i a l -</c>
family:Liberation Sans">necessidades sem usar a rede midiática global, da mesma f o
r m a é seguro que</c>
family:Liberation Sans">essa articulação canaliza e trivializa tal fato até chegar
às vias da desfiguração.</c>
family:Liberation Sans">Assim c o m o é c o m p l e t a m e n t e enigmático o m o
d o como, sob tal articulação,</c>
family:Liberation Sans">os víveres devem ser imparcialmente distribuídos sem o
instrumental do mercado,</c>
family:Liberation Sans">da m e s m a f o r m a é seguro que essa força de
distribuição global p r o d u z injustiça e miséria colossais. E finalmente: de que
m o d o as capacidades humanas da</c>
family:Liberation Sans">emparia e d a consideração, do sentimento e do pensamento
para com os outros,</c>
family:Liberation Sans">as quais, e m geral, dificilmente se p r o p a g a m para
outras pessoas que não sejam</c>
family:Liberation Sans">os parentes mais próximos, p o d e m ser estendidas, de
maneira que engendrem</c>
family:Liberation Sans">u m "amor ao mais distante" 8 6 , tal c o m o Nietzsche o
previra para, no máximo,</c>
family:Liberation Sans">ser aplicado ao círculo de discípulos de Zaratustra, e que
um dia pudesse tornarse u m a v o n t a d e de p o d e r de todos? Aborígines,
indianos, bantos, ianomâmis,</c>
family:Liberation Sans">ianques, escandinavos, quirguizes, árabes e muitos outros
separados por milhares</c>
family:Liberation Sans">de q u i l ô m e t r o s são jogados e j u n t a d o s n u
m a vontade organizatória e cultural-</c>
family:Liberation Sans">8 3 K. Marx, Kritik des Gothaer Programms,</c>
family:Liberation Sans">M E W 19. Berlim, 1976, p. 20.</c>
family:Liberation Sans">84 Isso foi bem c o m u m nos anos 1930. "Na sociedade f u
t u r a [...] produzir-se-á a vida d o geral e d o p a r t i c u l a r</c>
family:Liberation Sans">[...] c o m o conseqüência dc p r o j e t o s racionais, os
quais a l u d i r ã o à felicidade d o s i n d i v í d u o s da m e s m a</c>
family:Liberation Sans">forma" ( M . Horkheimer, Materialismus und Moral, Ges.
Schriften [Obras completas], F r a n k f u r t , 1988 [1933],</c>
family:Liberation Sans">vol. 3, p. 128,). O u então se lê na carta de A d o r n o ,
na qual se e n c o n t r a a sua crítica ao ensaio de B e n j a m i n ,</c>
family:Liberation Sans">intitulado y-/ obra de arte na era de sua
reprodutibilidade</c>
family:Liberation Sans">técnica: "[...] a teoria da distração, c m q u e pese
sua</c>
family:Liberation Sans">evidente sedução, não m e convence. Seria apenas p o r
razões simples q u e o trabalho, na sociedade c o m u nista, se tornaria tão
organizado, q u e os seres h u m a n o s não mais se t o r n a r i a m tão cansados
e e n t o n t e c i d o s</c>
family:Liberation Sans">para que precisassem de distração" (Th. W . A d o r n o
e \V. B e n j a m i n , Briefwechsel, 1928-1940. F r a n k f u r t .</c>
family:Liberation Sans">1994, p. 172).</c>
family:Liberation Sans">8 5 S. Freud, Totem und Tabu, Studienausgabe. F r a n k f u
r t , 1974, vol. IX, p. 374.</c>
family:Liberation Sans">m e n t e u n i f o r m e . Q u a n t o mais a rede de
telecomunicações real p e n e t r a nos</c>
family:Liberation Sans">mais recônditos lugares d o m u n d o e nas suas
particularidades e caprichos, mais</c>
family:Liberation Sans">ilusória e alarmante se t o r n a essa apresentação e mais
propagandística parece</c>
family:Liberation Sans">ser a tese de M c L u h a n de que nós teríamos "muito mais
do que um século da</c>
family:Liberation Sans">8 6 F. N i e t z s c h e , Also spracb Zaratbustra,</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>técnica da eletricidade" pois "ampliamos o sistema
nervoso central para uma</c>
family:Liberation Sans">se localiza à mão, o u seja, ela não se deixa realizar. A
"expropriação dos ex-</c>
family:Liberation Sans">rede de abrangência mundial" 8 .</c>
family:Liberation Sans">propriadores" revelou-se algo factível, mas ela fez com que
regressassem todos</c>
family:Liberation Sans">Já se m o s t r o u o quão p o u c o isso é correto. E, e n
t r e t a n t o , a euforia pela técnica, demonstrada por McLuhan, tentou
simplesmente Fazer com q u e a teoria</c>
family:Liberation Sans">do amor ao mais distante, q u e foi pensada t a n t o d o p
o n t o de vista b u r g u ê s</c>
family:Liberation Sans">quanto do socialista, pudesse tornar-se realmente
eficiente, na m e d i d a em q u e</c>
family:Liberation Sans">caminhasse p o r meio de p e r n a s capitalistas. O q u a
n t o ele confia nas forças</c>
family:Liberation Sans">eletrotécnicas — confiança esta que p o d e ser c o m p a r
a d a à expectativa q u e os</c>
family:Liberation Sans">grandes críticos socialistas t i n h a m em relação às
forças espirituais h u m a n a s ,</c>
family:Liberation Sans">até que, finalmente, as adversidades d a f o r m a de
sociabilização existente se</c>
family:Liberation Sans">tornaram dominantes — se expressa na aproximação d o a m o
r ao p r ó x i m o e d o</c>
family:Liberation Sans">amor ao mais distante numa nova unanimidade de seres h u m
a n o s ligados entre</c>
family:Liberation Sans">si. Esta é a pitada da fantasia de onipotência que a teoria
socialista d o processo</c>
family:Liberation Sans">de formação da vontade concreta já previra na essência da
natureza h u m a n a ,</c>
family:Liberation Sans">e não p r i m e i r a m e n t e a práxis. E é p o r isso q
u e se simplifica demais q u a n d o ,</c>
family:Liberation Sans">simplesmente, se joga a boa idéia d o socialismo c o n t r
a a sua má realização. O</c>
family:Liberation Sans">fim da má realização sugeriu t a m b é m a fraqueza da p r
ó p r i a idéia. Ela n u n c a</c>
family:Liberation Sans">foi simplesmente pensada, em sua forma intensa e séria, ou
seja, a marxiana,</c>
family:Liberation Sans">os p r o b l e m a s de abastecimento, distribuição e
gerência, cujas falsas soluções</c>
family:Liberation Sans">são p o r ela despedaçadas, da m e s m a f o r m a c o m o
crescem n o v a m e n t e as cabeças decepadas da hidra, ou seja, com crescente
impertinência. Mesmo quando,</c>
family:Liberation Sans">p a r a a sua realização, se desejam c a m i n h o s d i f
e r e n t e s daqueles p e r c o r r i d o s</c>
family:Liberation Sans">p o r L ê n i n , Stálin ou M a o — tal c o m o n o caso da
c o n c e p ç ã o elaborada p o r</c>
family:Liberation Sans">G r a m s c i de u m a sociedade civil socialista —, em n e
n h u m desses casos a exp r o p r i a ç ã o d o e x p r o p r i a d o r seria o p
r e l ú d i o de u m a s o c i e d a d e m u n d i a l</c>
family:Liberation Sans">u n a n i m e m e n t e socialista. Mas, tão logo tal
expropriação não mais aconteça,</c>
family:Liberation Sans">realizam-se todas as transformações dos f u n d a m e n t o
s sociais capitalistas. Elas</c>
family:Liberation Sans">não são políticas socialistas, mas sim, n o máximo,
políticas com intenção socialista. A respeito da questão de c o m o é ainda
possível a existência de uma</c>
family:Liberation Sans">p o l í t i c a socialista, há apenas u m a resposta: ela
não é possível. N e m m e s m o</c>
family:Liberation Sans">C u b a a executa seriamente, e da C h i n a , então, nem
se fala. E partidos c o m o</c>
family:Liberation Sans">o PDS [ParteidesDemokratischen</c>
family:Liberation Sans">Sozialismus</c>
family:Liberation Sans">— Partido d o Socialismo D e m o -</c>
family:Liberation Sans">c r á t i c o ] d e s e n v o l v e m - s e c o m o v a r i
a n t e d a s o c i a l - d e m o c r a c i a com restos</c>
family:Liberation Sans">de retórica socialista.</c>
family:Liberation Sans">c o m o o reino de D e u s na Terra, tal c o m o foi m a l
i c i o s a m e n t e i m p u t a d o p o r</c>
family:Liberation Sans">O d e s l o c a m e n t o n o irreal, ou seja, isso que
ocorre com a visão socialista,</c>
family:Liberation Sans">seus adversários, mas sim apenas c o m o u m estado d e c i
d i d a m e n t e m e l h o r d o</c>
family:Liberation Sans">não faz dela algo ilegítimo e t a m b é m algo
necessariamente destituído de força.</c>
family:Liberation Sans">que o e n c o n t r a d o , sendo que isso tornaria
suportável a c o n s t a t a ç ã o d a não</c>
family:Liberation Sans">As idéias teológicas p o s s u e m um p o d e r o s o elo:
a vida pulsional h u m a n a , o</c>
family:Liberation Sans">existência do reino de Deus' 8. Mas sua visão d o a m o r
ao p r ó x i m o e d o a m o r ao</c>
family:Liberation Sans">n ú c l e o a r d e n t e dos desejos h u m a n o s e a f o
r m a de sociabilização capitalista</c>
family:Liberation Sans">mais distante numa sociedade unânime e m u n d i a l m e n
t e solidária, e possuidora</c>
family:Liberation Sans">atiçam esse ardor com t o d a sua torça maquinai. A p r o d
u ç ã o do c o n t í n u o pré-</c>
family:Liberation Sans">do estado técnico mais desenvolvido, c o n t é m uma
pretensão d o reino de D e u s</c>
family:Liberation Sans">prazer, p o r meio de choques visuais incessantemente
repetidos, é c o m o o tor-</c>
family:Liberation Sans">maior do que lhe poderia ser apropriada. Imagina-se isso c
o m o a fachada social</c>
family:Liberation Sans">nar imagem de cada estimulador de apetite básico que forma
a lei de movimen-</c>
family:Liberation Sans">da h u m a n i d a d e que se reconcilia consigo p r ó p r
i a e c o m a n a t u r e z a , ou seja,</c>
family:Liberation Sans">t o da s o c i e d a d e desde a Revolução Industrial. A g
r a n d e m a q u i n a r i a q u e se</c>
family:Liberation Sans">algo que a teologia n o m e o u c o m o glória
eterna.</c>
family:Liberation Sans">instala e q u e é, desde então, c o n s t a n t e m e n t e
refinada, p r o m e t e realmente a</c>
family:Liberation Sans">O colapso do bloco do leste europeu t o r n o u evidente
para o n d e apontava</c>
family:Liberation Sans">libertação do cansaço e da fome, da mesma forma c o m o a
rede de telecomuni-</c>
family:Liberation Sans">a visão socialista da vida reta: para o lado das idéias
teológicas 8 9 , cuja fraqueza</c>
family:Liberation Sans">cações p r o m e t e o juntar-se n u m a aldeia global. P o
r t a n t o , ela p r o m e t e aquilo</c>
family:Liberation Sans">q u e a visão socialista apenas expressava. Apesar do
naufrágio de t o d o socialis-</c>
family:Liberation Sans">87 H . Marshall M c L u h a n , lhe Meditou</c>
family:Liberation Sans">is tbe mcssagc. R e i n o U n i d o : P e n g u i n Books,
1987, p. 2.</c>
family:Liberation Sans">m o real, ainda vale o seguinte: q u e m deseja aquilo que
a sociedade capitalista</c>
family:Liberation Sans">8 8 A esfera da p r o d u ç ã o social p e r m a n e c e
"sempre u m reino de necessidade. Para além desse reino, o desenvolvimento das
forças humanas, que se coloca c o m o objetivo próprio, inicia o verdadeiro reino
da liberdade,</c>
family:Liberation Sans">que só p o d e d e s a b r o c h a r daquele reino d a
necessidade que r e p r e s e n t a sua base Para que isso o c o r r a , a</c>
family:Liberation Sans">redução d a j o r n a d a de t r a b a l h o é c o n d i ç
ã o f u n d a m e n t a l ( K . Marx, Das Kapital///,</c>
family:Liberation Sans">p. 828). U m a u t o p i a</c>
family:Liberation Sans">m o d e s t a notável.</c>
family:Liberation Sans">p r o m e t e , deve desejar um o u t r o tipo de
sociedade. E p o r isso, apela-se para a</c>
family:Liberation Sans">89 N ã o deixou de ser charmosa a parábola de B e n j a m i
n c o n c e r n e n t e ao invencível a u t ô m a t o q u e joga xadrez</c>
family:Liberation Sans">diante de u m a boneca de h á b i t o turco, em c u j o
interior se e n c o n t r a u m a n ã o c o r c u n d a q u e n ã o p o d e
ser</c>
family:Liberation Sans">visto, que fora um mestre d e xadrez, e q u e c o n t r o l
a a m ã o d a b o n e c a p o r meio de cordas. M a s a i n t e r p r e tação de
Benjamin coloca algo cm evidência: "A b o n e c a deve ser sempre vitoriosa e se c
h a m a "materialismo</c>
family:Liberation Sans">histórico". E tal êxito é o b t i d o mais f a c i l m e n
t e se ela p u d e r c o n t a r com o auxílio da teologia, q u e é hoje,</c>
family:Liberation Sans">c o m o se sabe, p e q u e n a e o d i a d a e n ã o d e v
e deixar-se ã m o s t r a . " ( W . B e n j a m i n , Über den Begrijj der</c>
family:Liberation Sans">Geschichte, p. 693). Isso mostra o s e g u i n t e : o
materialismo histórico é mais d o que mero casulo da teologia,</c>
family:Liberation Sans">pois ele criou suas p r ó p r i a s raízes nela: criou sua
camada, sua pele e n r u g a d a exterior, n ã o m e n o s d i m i n u í d
a</c>
family:Liberation Sans">e o d i a d a , n o s ú l t i m o s 30 anos, d o q u e a
teologia que ressurge hoje na forma o b s t i n a d a da euforia f u n d a m e n t
a l ista.</c>
family:Liberation Sans">idéia de salvação marxiana, que não é tão diversa daquilo
que Kant prognosti-</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>S O C I E D A D E E X C I T A D A : F I L O S O F I A
DA</c>
family:Liberation Sans">SENSAÇÃO</c>
family:Liberation Sans">S U B S T I T U T O DA S E N S A Ç Ã O</c>
family:Liberation Sans">cou, teleologicamente, c o m o prova da existência de Deus,
011 seja, a i n d a não</c>
family:Liberation Sans">teológicas na f o r m a racional significa t o m a r o
presunçoso juízo que elas fazem</c>
family:Liberation Sans">se p o d e m tomar da crítica mais c o n t u n d e n t e a
fascinação e a plausibilidade de</c>
family:Liberation Sans">de si, juízo esse que elas utilizam para se inserir na
vida; significa fazer com que</c>
family:Liberation Sans">seu p o d e r de argumentação. Prevê-se, p o r t a n t o ,
um verdadeiro renascimento</c>
family:Liberation Sans">elas, nas condições de desejos prometidos, se t o r n e m
transparentes. Mas sig-</c>
family:Liberation Sans">das idéias de Marx, e não apenas o seu p o n t o t e m p o
r a l e sua f o r m a teórico-</c>
family:Liberation Sans">nifica t a m b é m perceber q u e elas são, nessa
qualidade, o extremo da razão; são,</c>
family:Liberation Sans">prática. "Ele intensifica o estudo da natureza, assim c o m
o ele p r ó p r i o deriva</c>
family:Liberation Sans">p o r assim dizer, razão par excellence, manifestações
diretas de sua essência, pois</c>
family:Liberation Sans">seu ser desse e s t u d o e, p o r isso, sempre recebe nova
força" 9 0 , assevera K a n t</c>
family:Liberation Sans">razão Í-' O desejar traduzido. O intelecto h u m a n o não
p o d e deixar de, constan-</c>
family:Liberation Sans">sobre a prova teleológica da existência de Deus. Pelo menos
este seria o seu uso</c>
family:Liberation Sans">temente, avaliar, esclarecer, interpretar, ou seja, de
fazer a unidade da multipli-</c>
family:Liberation Sans">racional, seu uso limitado, deve-se acrescentar. E a visão
de u m a s o c i e d a d e</c>
family:Liberation Sans">cidade, de trazer c o n t e x t o e sentido àquilo que é
disparate. E, em sua infatigá-</c>
family:Liberation Sans">mundial u n â n i m e ? Ela não intensifica o estudo da
sociedade, assim c o m o de-</c>
family:Liberation Sans">vel busca p o r consistência lógica e determinação, ele
empresta, à sua maneira,</c>
family:Liberation Sans">riva seu ser desse estudo e, p o r isso, recebe sempre nova
força? Isso ocorre em</c>
family:Liberation Sans">u m a f o r m a coerente à necessidade, à expressão de toda
dor e privação de um</c>
family:Liberation Sans">completa sintonia com seu uso racional. E mais ainda: o m o
n s t r u o s o jogo de</c>
family:Liberation Sans">m u n d o cicatrizado. Ele transforma em conceito aquilo
que o "suspirar da cria-</c>
family:Liberation Sans">pré-prazer que promove a sociedade existente; cada p e r m
a n e n t e iniciar e obs-</c>
family:Liberation Sans">tura" 9 2 expressava antes d o p r ó p r i o conceito. Nas
idéias teológicas, esse fazer</c>
family:Liberation Sans">tar de possibilidades, que atinge seu ápice apenas na p r o
d u ç ã o c o n t í n u a dc</c>
family:Liberation Sans">é s i m p l e s m e n t e explicitado, confessado e, q u a
n d o convém, consciente de si</c>
family:Liberation Sans">sensações audiovisuais, não p o d e ser concebido sem o
desejo de sua superação.</c>
family:Liberation Sans">p r ó p r i o . Mas ele pode, na m e l h o r das hipóteses,
na condição de megafone para</c>
family:Liberation Sans">E o n d e esse desejo se aclara, de tal m o d o que da
obscura pressão afetiva se en-</c>
family:Liberation Sans">o "suspirar" viciado — que constitui o estado de i n q u i
e t u d e latente da socie-</c>
family:Liberation Sans">gendram representações mentais, c o m e ç a m a transitar
"imagens não observa-</c>
family:Liberation Sans">d a d e em geral —, p r o d u z i r um inestimável serviço
de esclarecimento. Talvez</c>
family:Liberation Sans">das" da sociedade mundial unânime. Elas são os d e m ô n i
o s socialistas da f o r m a</c>
family:Liberation Sans">u m c o n c e i t o de vício, voltado a u m a dimensão
político-teológica, possa auxi-</c>
family:Liberation Sans">de sociabilização capitalista; são, p o r assim dizer, os "
f a n t a s m a s de Marx", e</c>
family:Liberation Sans">liar a esclarecer o irritante estado de coisas em que o c o
n f o r m i s m o e a resistên-</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m a autoconsciência racional é capaz de torná-las
mais livres. E n t r e t a n t o</c>
family:Liberation Sans">cia se t o r n a m difíceis de discernir um d o outro.
Assim c o m o o c o n f o r m i s m o</c>
family:Liberation Sans">o c o n t e ú d o dessa imagem e dessa representação não é
t o t a l m e n t e evidente. O</c>
family:Liberation Sans">m a n i f e s t o dos d e p e n d e n t e s de imagens c o
n t é m em si uma revolta latente, da</c>
family:Liberation Sans">desejo de salvação, que se e n c o n t r a nessa f o r m
a , n u n c a é assepticamente se-</c>
family:Liberation Sans">m e s m a f o r m a as erupções manifestas d o c o t i d i
a n o high-tech — tais c o m o se</c>
family:Liberation Sans">parado dos desejos de vitória, de vingança e de desforra. N
ã o existe a u t o p i a</c>
family:Liberation Sans">lançar n u m a aventura, as drogas pesadas, as gangues,
seitas, até chegar ao apa-</c>
family:Liberation Sans">pura. A saudade que ela dá à luz é t a m b é m p o r ela
obscurecida. É p o r isso que,</c>
family:Liberation Sans">r e n t e m e n t e sem motivos A m o k , com o qual nos
ocupamos n o primeiro capí-</c>
family:Liberation Sans">em certas ocasiões, se torna tão difícil distinguir a
saudade socialista d a fascis-</c>
family:Liberation Sans">tulo — p o r t a m consigo u m a reação conformista. E na
sua revolta pode-se ler</c>
family:Liberation Sans">ta. E tão urgente é o trabalho mental em ambas. "A razão
sempre existiu, mas</c>
family:Liberation Sans">facilmente a "luta pelo aí", a necessidade de ser
observado, de estar integrado</c>
family:Liberation Sans">não sempre na forma racional" 91 , afirma Marx. Isso se
aplica, de f o r m a p r i m o -</c>
family:Liberation Sans">e m vez de ser d e p e n d e n t e ou excluído, e tal
necessidade se faz presente não</c>
family:Liberation Sans">rosa, às idéias teológicas, as quais são sua m e n o r e
maior expressão. Sabe-se q u e</c>
family:Liberation Sans">apenas o n d e ela se expressa n a f o r m a de um
potencial difuso de intranqüilida-</c>
family:Liberation Sans">elas surgiram pequenas. Fisiologia e teologia foram, em
princípio, dificilmen-</c>
family:Liberation Sans">de e de d e s c o n t e n t a m e n t o , mas t a m b é m
na ação política visada. Tal c o m o</c>
family:Liberation Sans">te diferenciadas. O sagrado, tal c o m o foi d i t o n o
terceiro capítulo deste livro,</c>
family:Liberation Sans">existe na filosofia transcendental de Kant um "eu penso"
que p o d e acompanhar</c>
family:Liberation Sans">é código de um p o d e r o s o excesso de excitação. Para
expressá-lo e m palavras</c>
family:Liberation Sans">"todas as m i n h a s representações", há t a m b é m , sob
todas as condições quase</c>
family:Liberation Sans">entra em ação a p r o d u ç ã o elementar teológica. Essas
palavras são razão na</c>
family:Liberation Sans">t r a n s c e n d e n t a i s de u m a c o m p u l s ã o
universal para emitir, um "eu devo ficar</c>
family:Liberation Sans">forma irracional; em princípio, elas não têm n e n h u m
vislumbre daquilo que</c>
family:Liberation Sans">n o loco q u e a c o m p a n h a t o d a s as m i n h a s
ações de resistência". Fisiologica-</c>
family:Liberation Sans">são, ou seja, feixe de excitação, mas sim representam
aquilo que não são: fiado-</c>
family:Liberation Sans">mente, observou-se esse "devo ficar no foco" na qualidade
de vício; mentalmen-</c>
family:Liberation Sans">res de forças incrivelmente redentoras que norteiam o m u n
d o . C o n v e r t e r idéias</c>
family:Liberation Sans">te, ele instituiu a consistência da forma de intuição da
sensação; e na dimensão</c>
family:Liberation Sans">90 I. Kant, Kritik der reinen..., p. 550.</c>
family:Liberation Sans">91 K. Marx. Briefe aus den "Deustcb-
Franzõsischenjahrbüohern",</c>
family:Liberation Sans">M E W I , p. 345.</c>
family:Liberation Sans">9 2 R o m a n o s 8, 22.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>política, o "ficar no foco" se revela o impulso c o n
f o r m i s t a q u e se t o r n o u con-</c>
family:Liberation Sans">estimativa d o factível. E este é o pressuposto de sua
autopetulância, que Ben-</c>
family:Liberation Sans">dição da possibilidade de roda subversão.</c>
family:Liberation Sans">jamin a p o n t o u n u m a nota explosiva. "Marx afirmou
que as revoluções são as</c>
family:Liberation Sans">locomotivas da história mundial. Mas talvez sejam algo t o
t a l m e n t e diferente.</c>
family:Liberation Sans">Talvez as revoluções sejam a alavanca para o Ireio de
emergência da humani-</c>
family:Liberation Sans">Alavanca para o freio de emergência</c>
family:Liberation Sans">dade que viaja nesses trens" 95 . Essa imagem é mais
verdadeira do que a imagem</c>
family:Liberation Sans">da c o n s t r u ç ã o triunfal da sociedade comunista
mundial, pois ela expressa, de</c>
family:Liberation Sans">"Usar a propaganda para a transformação do m u n d o , que
disparate!" deixaram</c>
family:Liberation Sans">f o r m a incomparavelmente mais realista, as efetivas
relações de forças entre os</c>
family:Liberation Sans">escapar H o r k h e i m e r e A d o r n o em 1944.</c>
family:Liberation Sans">indivíduos e a obstinada esteira sistêmica que os arrasta.
C o n t u d o , isso também</c>
family:Liberation Sans">é ainda mais falso, pois o que a alavanca para o freio de
emergência ainda tem</c>
family:Liberation Sans">A propaganda manipula os homens; onde ela grita
"liberdade!" ela contradiz a</c>
family:Liberation Sans">si mesma. A falsidade é inseparável dela. É na comunidade
que os líderes (Fübrcr)</c>
family:Liberation Sans">e seus liderados se reúnem, graças à propaganda, mesmo
quando os conteúdos enquanto tais são corretos. A própria verdade torna-se para ela
um simples meio de</c>
family:Liberation Sans">conquistar adeptos para sua causa. Ela já a falsifica
quando a coloca em sua boca.</c>
family:Liberation Sans">Por isso, a verdadeira resistência não conhece nenhuma
propaganda. A propaganda</c>
family:Liberation Sans">é inimiga dos homens 9 ".</c>
family:Liberation Sans">de revolucionário ? Ele não transforma nada; conduz, na
melhor das hipóteses,</c>
family:Liberation Sans">para a interrupção, para uma greve geral, politicamente
falando, sendo que não</c>
family:Liberation Sans">se p o d e viver dela, e tem-se que regressar para o velho
trabalho, e isso q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">não são apresentadas novas relações de vida e de trabalho
que não se originam</c>
family:Liberation Sans">p o r meio dos freios. Interpretar a revolução c o m o
freio de emergência leva ao</c>
family:Liberation Sans">desmentir da própria revolução. Mas o p o n t o é este: a
idéia de revolução ainda</c>
family:Liberation Sans">se conserva apenas na sua f o r m a desmentida. O freio é
meramente a sombra da</c>
family:Liberation Sans">ação revolucionária, mas é apenas c o m o sombra dela
própria; c o m o sucedâneo</c>
family:Liberation Sans">Estas são frases c o n t u n d e n t e s , nas quais se p o
d e ver o ato solidário anti-</c>
family:Liberation Sans">daquilo q u e ela deveria ter sido é que a revolução p o d
e tornar-se real. Ela é um</c>
family:Liberation Sans">fascista de Roosevelt e os atos de Stálin f o r m a l m e n
t e d i a n t e de si; são frases</c>
family:Liberation Sans">caso exemplar da "segunda m e l h o r viagem". Em
comparação com a primeira, a</c>
family:Liberation Sans">que esclarecem o quão decisivo é o c o n t e x t o das
palavras em relação aos seus</c>
family:Liberation Sans">segunda melhor viagem é a falsa. Porém, e n q u a n t o a
melhor viagem ainda não</c>
family:Liberation Sans">significados. Além do que são um t e s t e m u n h o d o
fato de que "a verdade tem</c>
family:Liberation Sans">é factível, ou seja, e n q u a n t o seu objetivo for
inalcançável, a segunda m e l h o r</c>
family:Liberation Sans">um núcleo temporal" 9 4 , tal c o m o afirmaram os próprios
H o r k h e i m e r e A d o r -</c>
family:Liberation Sans">viagem é a única verdadeira. Nessa perspectiva, a idéia d o
freio p o d e tornar-se</c>
family:Liberation Sans">no. Mas não existe mais o t e m p o n o qual se podia
isolar a p r o p a g a n d a de sua</c>
family:Liberation Sans">e x t r a o r d i n a r i a m e n t e p r o d u t i v a ,
pois p o d e tornar-se o d e n o m i n a d o r c o m u m</c>
family:Liberation Sans">perspectiva exterior, na crença de que ela seria percebida
de f o r m a pura. Talvez</c>
family:Liberation Sans">de i n ú m e r a s ações e atividades dispersas e
desconexas, nas quais o potencial</c>
family:Liberation Sans">tenha sido assim nos anos 1940. Porém, nesse m e i o - t e
m p o , isso se t o r n a evi-</c>
family:Liberation Sans">d i f u s o de revolta, presente na c o n d i ç ã o de
vício e m geral, recebe o perfil de</c>
family:Liberation Sans">dente, pois ninguém p o d e articular-se fora da forma de
intuição da sensação;</c>
family:Liberation Sans">resistência. P r i m e i r a m e n t e é para se pensar nas
ações p o u c o espetaculares das</c>
family:Liberation Sans">ninguém pode criticá-la, n i n g u é m p o d e fazer-se
ouvir c o n t r a ela sem que par-</c>
family:Liberation Sans">c a m p a n h a s c o n t r a o vício d o cotidiano. Seria
absurdo simplesmente recomen-</c>
family:Liberation Sans">ticipe de seus canais e filtros amplificados, diluídos e a
d u l t e r a d o s . Por isso é</c>
family:Liberation Sans">dar abstinência em relação à onipresente irradiação
audiovisual. Dificilmente</c>
family:Liberation Sans">tão simplório o insistir em um "verdadeiro" ato de
resistência q u e seja livre de</c>
family:Liberation Sans">alguém é capaz de viver sem ela, t a n t o e c o n ô m i c
a q u a n t o neurologicamente.</c>
family:Liberation Sans">p r o p a g a n d a . Não há n e n h u m a resistência
verdadeira q u e não fosse t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">D i a n t e dela é possível apenas ainda se vacinar,
exatamente c o m o Benjamin se</c>
family:Liberation Sans">falsa. Verdadeiro, no sentido enfático, só p o d e ser
aquele que não se c o n t e n t a</c>
family:Liberation Sans">vacinou c o n t r a a saudade de sua infância burguesa com
imagens da própria,</c>
family:Liberation Sans">com as medidas insuficientes que preparam o fim do c o n t
e x t o da globalização,</c>
family:Liberation Sans">mas n ã o c o m o o p r ó p r i o Benjamin r e c o m e n d
o u a vacina do proletariado por</c>
family:Liberation Sans">ou seja, com todos os protestos, greves, boicotes,
executados com a i n t e n ç ã o</c>
family:Liberation Sans">meio de imagens fílmicas. A dosagem pertence à vacina, e t
o d o dosar é freio,</c>
family:Liberation Sans">de obter uma revolução coroada de êxito. Mas exatamente
essa verdadeira re-</c>
family:Liberation Sans">ou seja, alimentar o organismo com substância tóxica em
doses pequenas, de tal</c>
family:Liberation Sans">sistência é e m i n e n t e m e n t e falsa, pois é s o m b
r e a d a pela crassa e e q u i v o c a d a</c>
family:Liberation Sans">9 3 M . H o r k h e i m e r e Th. W . A d o r n o .
Dialektik</c>
family:Liberation Sans">der Aujklârung,</c>
family:Liberation Sans">9 5 W . B e n j a m i n , " N o t i z e n u n d V o r a r b
e i t e n zu den Thesen. Ü b e r d e n Begrift der Geschichte". Ges.</c>
family:Liberation Sans">[Obrascompletas],</c>
family:Liberation Sans">1974, vol. l , p . 1.232.</c>
family:Liberation Sans">Schriften</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>modo que ele a domine ao invés de ser por ela
subjugado. Pais e professores agem</c>
family:Liberation Sans">arte de vanguarda foi a resposta prospectiva e sentida,
assim c o m o chocante e</c>
family:Liberation Sans">diariamente como freios q u a n d o eles dosam o c o n s u
m o de imagens televisivas</c>
family:Liberation Sans">chocada. A ascese específica de um Schõnberg, de um Klee,
de um Gropius não</c>
family:Liberation Sans">das crianças, sendo esta u m a atividade p o u c o
valorizada. Algumas pessoas que</c>
family:Liberation Sans">p e r m i t e um fácil ajustar artístico, de m o d o que
ela se impõe, nesse meio-tempo,</c>
family:Liberation Sans">procedem dessa forma se sentiriam estimuladas, caso lhes
fosse claro em qual</c>
family:Liberation Sans">de f o r m a c o m p l e t a m e n t e não artística: nas
ruas, nas lojas, nos restaurantes,</c>
family:Liberation Sans">tradição o seu penoso fazer se coloca. N o início do século
XX, q u a n d o pintores</c>
family:Liberation Sans">nos bancos, nos postos de trabalho, ou seja, o n d e
geralmente se tenta buscar</c>
family:Liberation Sans">começaram a dar a impressão de se retirar do c a m i n h o
do estilo c o n c r e t o e de</c>
family:Liberation Sans">u m isolamento d o r u í d o e d o cintilar contínuos, q u
a n d o se deseja permanecer</c>
family:Liberation Sans">reprodução de retratos, estilo esse que eles desejavam c o
n t i n u a r ; q u a n d o mú-</c>
family:Liberation Sans">j u n t o aos sentidos. A alavanca para o freio de
emergência, que outrora a arte</c>
family:Liberation Sans">sicos deformaram, gastaram o m u n d o dos tons tonais para
que eles pudessem</c>
family:Liberation Sans">realizou de maneira espetacular, elementarizou-se aqui em
pequenas ações de</c>
family:Liberation Sans">ser atualizados, aconteceu algo não m u i t o diferente d o
q u e a alavanca p a r a o</c>
family:Liberation Sans">legítima defesa cotidianas. Mas elas recebem, em sua
completa trivialidade, um</c>
family:Liberation Sans">freio de emergência, ou seja, ocorreu u m opor-se ao e m b
o t a m e n t o , àquilo que</c>
family:Liberation Sans">peso significativamente i n c o m u m . Algo tão trivial c
o m o decidir se a música</c>
family:Liberation Sans">foi anteriormente nomeado c o m o exploração estético-
neurológica. O sensório</c>
family:Liberation Sans">de f u n d o de um restaurante agrada ou não, subitamente
pode transformar-se</c>
family:Liberation Sans">desses artistas foi suficientemente refinado para perceber
as linguagens imagética</c>
family:Liberation Sans">n u m a questão de princípios e n u m a prova de valor
cívico. E isso para não falar</c>
family:Liberation Sans">e tonai concretas c o m o linguagens gastas. E p r o c e d
e r a m dessa f o r m a q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">da luta em ouvir rádio n o local de trabalho, que recebe,
de mais a mais, situações</c>
family:Liberation Sans">ainda mal se podia perceber isso, ou seja, q u a n d o a
aparelhagem audiovisual,</c>
family:Liberation Sans">bizarras, pois as gerências que proíbem esse ouvir rádio
lutam contra o vício,</c>
family:Liberation Sans">p o r meio da qual eles teriam tido tal percepção, a i n d
a estava em seu início.</c>
family:Liberation Sans">ao passo que os empregados que o exigem apenas lutam contra
seu sintoma de</c>
family:Liberation Sans">O traço estético da arte de vanguarda é evidente; ele é,
para A d o r n o , exata-</c>
family:Liberation Sans">abstinência. A transcrição de textos e fórmulas,
antigamente a marca c o m u m da</c>
family:Liberation Sans">m e n t e o seu critério qualitativo, ou seja, o traço de
que "a arte de v a n g u a r d a</c>
family:Liberation Sans">chamada pedagogia tradicional f u n d a m e n t a d a na
memorização dos conteúdos,</c>
family:Liberation Sans">não se p e r m i t e f r u i r " "Toda arte simples' e
admissível t o r n o u - s e a p a r e n t e e</c>
family:Liberation Sans">p o d e tornar-se, de repente, sob as condições gerais da
agitação d o m o n i t o r da</c>
family:Liberation Sans">mentirosa [...], e a promessa de felicidade, tal c o m o
certa vez se definiu a arte,</c>
family:Liberation Sans">tela de c o m p u t a d o r — das quais t a m b é m as
salas de aula se distinguem cada</c>
family:Liberation Sans">não se encontra mais em parte alguma, uma vez que foi
arrancada a máscara</c>
family:Liberation Sans">vez menos —, u m a m e d i d a de concentração motora,
afetiva e mental, de reco-</c>
family:Liberation Sans">da falsa felicidade" 9 6 . Evidentemente, esta não é n e n
h u m a recusa d o p r a z e r</c>
family:Liberation Sans">l h i m e n t o interior e, por que não dizer, de
recordação, ou seja, uma medida não</c>
family:Liberation Sans">em geral, mas sim do prazer "falso", do prazer desgastado e
d e g r a d a d o a m e r o</c>
family:Liberation Sans">m u i t o d i f e r e n t e daquilo que, na linguagem
teológica, se chama devoção. O s</c>
family:Liberation Sans">estímulo. As formas rigorosamente abstratas, atonais e g e
o m é t r i c a s d e v e m ,</c>
family:Liberation Sans">professores q u e a t e n t a m rigorosamente para esse
fato, que aqui não é subesti-</c>
family:Liberation Sans">por si próprias, p r o p o r c i o n a r prazer. Mas j u s
t a m e n t e cada prazer m e d i a d o ,</c>
family:Liberation Sans">mado, p r o d u z e m resistência, m e s m o que para eles
seja válida uma terminolo-</c>
family:Liberation Sans">cada "segundo melhor prazer" parece ainda prazeroso, uma
vez q u e o prazer</c>
family:Liberation Sans">gia política tradicional e conservadora. Se cada
complacência diante da comichão</c>
family:Liberation Sans">imediato se deteriorou na forma de uma simples comichão de
sentidos externa</c>
family:Liberation Sans">de sentidos midiática estimula a autodesapropriação
estético-neurológica, já o</c>
family:Liberation Sans">e prometeu salvaguardar a percepção da sua regressão a u m
m e r o m e c a n i s m o</c>
family:Liberation Sans">isolamento diante da irradiação audiovisual t o m a o
partido da sensualidade dos</c>
family:Liberation Sans">de reação a estímulos.</c>
family:Liberation Sans">sentidos. Ele os conserva abertos p a r a a experiência
duradoura, transforma-se</c>
family:Liberation Sans">naquele q u e fixa a posição d o "segundo m e l h o r
prazer" e traz à luz o sentido</c>
family:Liberation Sans">É conhecida a fúria que tal p o s t u r a desencadeia. I m
a g e n s nas quais n ã o</c>
family:Liberation Sans">se pode identificar nada; tons que não mais se relacionam h
a r m o n i o s a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">são um escárnio à fruição artística — a tentativa i n f a m
e de d e n u n c i a r o prazer</c>
family:Liberation Sans">artístico como sucedâneo por meio dos deploráveis
sucedâneos de prazer. Ora,</c>
family:Liberation Sans">a indignação gradativamente se amaina e a arte não cessa de
se fazer presente</c>
family:Liberation Sans">na forma da nova Escola de Viena, da Blauem Reiter e d o m
o v i m e n t o Bauhaus.</c>
family:Liberation Sans">básico da ascese. Tal c o m o m o s t r a d o n o terceiro
capítulo, a ascese foi, no início, algo c o m o uma defesa d o c h o q u e antes de
ter sido racionalizada na forma</c>
family:Liberation Sans">de u m a s u p e r e s t r u t u r a teológica c o n c e r
n e n t e a Deus. Ela foi a luta contra o</c>
family:Liberation Sans">mais elevado desprazer, e na mais rigorosa manifestação
monástica que a ascese recebeu p o s t e r i o r m e n t e aparece algo dessa sua
característica. Sua negação</c>
family:Liberation Sans">d o prazer foi — Nietzsche d e m o n s t r o u isso de f o
r m a grandiosa 9 — sempre</c>
family:Liberation Sans">Entretanto, ainda era bem p e q u e n o o e m b o t a m e n
t o dos sentidos para o qual a</c>
family:Liberation Sans">96 Th. \V. A d o r n o , "Llbcr den Fetschcharakcer in der
Musik u n d die Regression d e s H õ r e n s " p. 19.</c>
family:Liberation Sans">9 7 " W a s b e d e u t e n asketische Ideale?" (F. N i e t
z s c h e , Genealogie der Moral.</c>
family:Liberation Sans">D r i t t e A b h a n d l u n g , p. 339).</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>código da negação d o desprazer; ela sempre ansiou
por i n d e n i z a r o prazer</c>
family:Liberation Sans">de sua dignidade estética a recusa em simplesmente se
entregar a tal força de</c>
family:Liberation Sans">fugidio com u m prazer maior. O r a , ocorre exatamente
isso q u a n d o t a m b é m</c>
family:Liberation Sans">gravidade de u m meio de comunicação. N ã o se trata de a
arte fazer aquilo que</c>
family:Liberation Sans">a ascese se dirige ao "retorno ao fundamento". Q u a n d o
ela se t r a n s f o r m a na</c>
family:Liberation Sans">o usuário c o m u m faz. Fotografias, cartazes, filmes,
videoinstalações reivindicam</c>
family:Liberation Sans">ultima ratio contra o vampirismo audiovisual, acaba por
nutrir-se n o v a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">para si o posto de ser arte. Mas, para isso, eles são
avaliados no q u a n t o conse-</c>
family:Liberation Sans">da legítima defesa arcaica.</c>
family:Liberation Sans">A legítima defesa cotidiana diante da torrente de estímulos
se coloca, tenha-</c>
family:Liberation Sans">guem ter êxito em voltar o meio de comunicação contra si
próprio ou, moralm e n t e falando, fazer com q u e ele fale por si
próprio.</c>
family:Liberation Sans">se consciência ou não, em aliança com a arte de vanguarda e
a revela c o m o um</c>
family:Liberation Sans">O r e t a r d a m e n t o das seqüências de imagens e sons
que o sensório conserva,</c>
family:Liberation Sans">passado que não se esvaeceu. H á tempos que ela foi
encoberta pelas posteriores</c>
family:Liberation Sans">sendo q u e eles desejam ir além, ou sua aceleração até
chegar às raias da implo-</c>
family:Liberation Sans">correntes artísticas e, entretanto, as gerações posteriores
não conseguem livrar-</c>
family:Liberation Sans">são; o colocar-se n o lugar da perspectiva externa de
marginalizados, crianças,</c>
family:Liberation Sans">se dela. Seu escândalo não se refere mais ao seu conteúdo,
mas sim ao fato de</c>
family:Liberation Sans">animais, anjos etc.; regulagens micro e telescópicas; o
recurso de um meio téc-</c>
family:Liberation Sans">que ela não cessa de ser u m marco. Por mais q u e a arte
se articule, de f o r m a</c>
family:Liberation Sans">nico arcaico, da câmera escura, no m o m e n t o em que a
câmera digital já é anun-</c>
family:Liberation Sans">heterogênea, ao redor das atuais mudanças de final de
século, ela não deixa de</c>
family:Liberation Sans">ciada; partículas de filme p r e t o e branco à altura da
técnica do filme colorido;</c>
family:Liberation Sans">ter um denominador c o m u m . Q u a n d o se pergunta,
quase t o d o s os artistas di-</c>
family:Liberation Sans">a b e m calculada incidência ou falta de linguagem, da
música ou do barulho; a</c>
family:Liberation Sans">zem ter como prioridade o rompimento c o m u m a forma de
percepção adorme-</c>
family:Liberation Sans">anulação d o material representativo, algo c o m o q u a n
d o as figuras principais</c>
family:Liberation Sans">cida e acabada; todos lutam contra o prazer insosso dos
estímulos superficiais</c>
family:Liberation Sans">não mais aparecem por si próprias; apagar gradativamente
showdowns-, senti-</c>
family:Liberation Sans">e a favor de um outro tipo de prazer. T a m b é m q u a n d
o incluem a própria arte</c>
family:Liberation Sans">mentos que não são mais pormenorizadamente considerados;
mostrar o horror,</c>
family:Liberation Sans">de vanguarda como uma forma de percepção adormecida e lutam
contra isso,</c>
family:Liberation Sans">tal c o m o o da Shoah, n u m mosaico de testemunhos em vez
de ser realística e</c>
family:Liberation Sans">eles mesmos continuam a batalha com outros meios. A forma
de intuição da</c>
family:Liberation Sans">falsamente apresentado na forma de "autênticos" bastidores
nazistas e de cam-</c>
family:Liberation Sans">sensação tornou a arte difusa, de forma inédita, na sua
forma de aparência, mas</c>
family:Liberation Sans">pos de concentração; transformações da concretude em
abstração, na repro-</c>
family:Liberation Sans">na sua intenção ela a fez u n i f o r m e t a m b é m de m
o d o inédito. Isso significa o</c>
family:Liberation Sans">dução minuciosa d o interior altamente tecnologizado da
sociedade, a mesma</c>
family:Liberation Sans">seguinte: a própria maquinaria da sensação se d i f u n d e
em incontáveis estímulos</c>
family:Liberation Sans">sociedade q u e p e r m i t e q u e se veja t u d o no seu
detalhe mais preciso e, não</c>
family:Liberation Sans">sensoriais, ao mesmo tempo em que ela, em sua dinâmica,
uniformiza de forma</c>
family:Liberation Sans">obstante, que t u d o oculta, pois se retirou o
representado de cada compreender</c>
family:Liberation Sans">rasante. E o estado de coisas da distração concentrada t a
m b é m pertence a isso.</c>
family:Liberation Sans">identificante: estas são apenas alusões vagas, cada
particular é caracterizado em</c>
family:Liberation Sans">Q u e os atos de sexo e de violência, os corpos nus e
mutilados, as faces trans-</c>
family:Liberation Sans">u m conglomerado de obras de arte. " Q u a n t o mais de
perto se observa a palavra,</c>
family:Liberation Sans">bordantes de lágrimas e sangue passem rapidamente nas telas
com freqüência</c>
family:Liberation Sans">para mais d i s t a n t e ela remete de volta o olhar" 9
s , afirma Karl Kraus. Se essa</c>
family:Liberation Sans">cada vez maior — desde que a luta pela percepção se
transformou na luta existen-</c>
family:Liberation Sans">experiência é empregada n ã o apenas para os caracteres
gráficos, mas também</c>
family:Liberation Sans">cial dos canais de televisão —, todas essas situações não
implicam u m abuso</c>
family:Liberation Sans">para as imagens técnicas, então se injeta no c h o q u e
imagético c o m o que um</c>
family:Liberation Sans">dos meios de comunicação de massa, mas sim a ostentação
desenvolta daquilo</c>
family:Liberation Sans">interruptor, de tal m o d o que ele se contorce na forma de
u m c h o q u e reflexivo.</c>
family:Liberation Sans">que significa choque imagético. Antes de tudo, o c h o q u
e é simplesmente algo</c>
family:Liberation Sans">Q u a n d o isso dá certo, o c h o q u e imagético é
forçado a se separar da quase na-</c>
family:Liberation Sans">formal: a forma brusca como as imagens penetram na
aparência. Mas essa forma</c>
family:Liberation Sans">tural força de gravidade d o meio de comunicação. Sempre se
teve de lutar com</c>
family:Liberation Sans">como que grita pelos conteúdos que lhe são adequados. Esta
é a própria força</c>
family:Liberation Sans">o material para q u e a pedra, as cores, os sons e a ação
recebessem as formas que</c>
family:Liberation Sans">de gravidade do meio de comunicação, ou seja, quando se
traduz o choque ima-</c>
family:Liberation Sans">lhes concernem. Mas a flexão d o meio audiovisual para
reflexão assemelha-se</c>
family:Liberation Sans">gético em conteúdos chocantes, que o tornam mais forte; ou
até se encarregam</c>
family:Liberation Sans">c o m um trabalho de Sísito. E cada flexão vitoriosa se
parece com o gotejar de</c>
family:Liberation Sans">da estimulação sensorial e da comichão de nervos que ele
não mais produz. Sob</c>
family:Liberation Sans">um óleo de freio, que é incerto se será mais do que óleo
lubrificante do empreen-</c>
family:Liberation Sans">tais condições t u d o aquilo que ainda pode receber o n o
m e de arte atua c o m o</c>
family:Liberation Sans">d i m e n t o artístico. Portanto, não há n e n h u m a
razão para esperar efeitos revo-</c>
family:Liberation Sans">freio de emergência contra tal força de gravidade. E isso
não p o r q u e os artistas</c>
family:Liberation Sans">fossem avaliados, sobretudo, como revolucionários, mas sim
p o r q u e faz p a r t e</c>
family:Liberation Sans">9 8 K. Kraus. Pro domo et mundo.</c>
family:Liberation Sans">Leipzig, 1919. p. 164.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>anos 1960. N ã o há dúvidas de q u e esse m o v i m e
n t o teve um núcleo marxista</c>
family:Liberation Sans">lucionários, dignos de nota, da ação de freio da arte, pois
isso d e p e n d e de seu</c>
family:Liberation Sans">contexto. O autovacinar e a autoblindagem diante da
torrente de estímulos são</c>
family:Liberation Sans">como que a preparação silenciosa, sem a qual o sensório não
poderia preservar</c>
family:Liberation Sans">n e n h u m a capacidade de registro para fins de p r o d u
ç ã o do freio da arte. E essa</c>
family:Liberation Sans">produção adquire novamente atualidade contextual em c o n j
u n t o com as ações</c>
family:Liberation Sans">de freio, as quais são, essencialmente, agarradas de m o d
o mais direto. T a m b é m</c>
family:Liberation Sans">sob esse aspecto a arte de vanguarda é um passado que não
se desvanece. N o</c>
family:Liberation Sans">início do século XX ela prefigurou a alavanca p a r a o
freio de emergência e o</c>
family:Liberation Sans">que restou, em seu fim, c o m o única f o r m a de
resistência. N ã o foi n e n h u m a</c>
family:Liberation Sans">coincidência o fato de ter sido u m teórico de p r o f u n
d o vínculo c o m a estética</c>
family:Liberation Sans">aquele que encontrou a fórmula dessa f o r m a de
resistência. U m a f ó r m u l a que</c>
family:Liberation Sans">adoece p r o f u n d a m e n t e . Aqueles que se o c u p a
r a m , na U n i ã o Soviética, com a</c>
family:Liberation Sans">construção do socialismo desejaram estar à frente, ser
locomotivas. A maioria</c>
family:Liberation Sans">fervoroso que se disseminou t a m b é m , em algumas
ocasiões, sobre seus sequazes marginalizados, e que sugeriu a derrocada do sistema
capitalista "tardio".</c>
family:Liberation Sans">Mas o m o v i m e n t o não foi além da condenação da
Guerra do Vietnã, da prática de desobediência civil, da flexibilização dos m o d o
s de c o m p o r t a m e n t o e,</c>
family:Liberation Sans">na Alemanha, da tematização d o passado nacional-
socialista, o que, convenhamos, não é p o u c a coisa. Já nos dias de hoje, os
zapatistas mexicanos e os semterra brasileiros só p o d e m ser racionalmente
apoiados se não forem poupados</c>
family:Liberation Sans">da ofensa de q u e eles não são o novo c o m e ç o d o
socialismo, mas que são, na</c>
family:Liberation Sans">verdade, m o v i m e n t o s de freio da desavergonhada
exploração e que lutam por</c>
family:Liberation Sans">uma distribuição justa da riqueza social. São, p o r t a n
t o , m o v i m e n t o s vivos d o</c>
family:Liberation Sans">fato de q u e a idéia socialista de uma sociedade
igualitária t a m p o u c o se deixou</c>
family:Liberation Sans">eliminar, a exemplo d o suspiro teológico de Nietzsche: "A
dor fala: desfaça-se!</c>
family:Liberation Sans">E n t r e t a n t o , t o d o prazer quer ser eterno' , | (
, n .</c>
family:Liberation Sans">deles percebeu a arte de vanguarda e x a t a m e n t e c o
m o ação de freio, da qual</c>
family:Liberation Sans">Benjamin fala, mas c o m o traição à revolução e não c o m
o seu segredo. L o g o</c>
family:Liberation Sans">N a m e d i d a em que a arte de vanguarda se destaca c o m
o o arquétipo da re-</c>
family:Liberation Sans">após o colapso do bloco socialista d o leste europeu, pôde-
se, e n t r e t a n t o , ousar</c>
family:Liberation Sans">sistência m o d e r n a , associa-se a ela u m valor de r e
c o n h e c i m e n t o político pós-</c>
family:Liberation Sans">ter o pensamento de que a vanguarda, sem que se
suspeitasse, já naquele t e m p o</c>
family:Liberation Sans">t u m o . E o peso d o estético t a m b é m cresce, às
avessas, nas formas de resistência</c>
family:Liberation Sans">preludiava a sua melodia c o m o música do futuro, ou seja,
q u e t a m b é m o socia-</c>
family:Liberation Sans">q u e n ã o t ê m n e n h u m a a m b i ç ã o de serem
caracterizadas c o m o artísticas. A</c>
family:Liberation Sans">lismo não teria sido nada além de um grande p r o j e t o c
o n t r a a globalização ca-</c>
family:Liberation Sans">c a m p a n h a d o Não-Logol,</c>
family:Liberation Sans">pitalista, sendo que esse freio executou medidas inumanas
pelas quais ele não</c>
family:Liberation Sans">talvez u m exemplo de vida curta, mas, ao m e s m o tempo,
bastante instrutivo.</c>
family:Liberation Sans">se responsabilizou e que, com t o d a violência, desejou
ser mais d o que freio de</c>
family:Liberation Sans">Ela foi direcionada c o n t r a empresas tais c o m o a M c
D o n a l d s , a C o c a - C o l a e a</c>
family:Liberation Sans">emergência. E o que é válido para o bloco do leste europeu
aplica-se m u i t o bem</c>
family:Liberation Sans">Nike, cujos logos literalmente conquistaram o m u n d o .
Mas, no m o m e n t o em</c>
family:Liberation Sans">para os movimentos anticapitalistas realizados nos centros
do m u n d o ocidental</c>
family:Liberation Sans">q u e tais logos se a p r e s e n t a m a b e r t a m e n t
e c o m o insígnias de culto, reluzem</c>
family:Liberation Sans">na segunda metade do século XX. Foi i n j u s t a m e n t e
esquecido o m o v i m e n t o</c>
family:Liberation Sans">t a m b é m c o m o s í m b o l o s de uma d u p l a
exploração. Por detrás da exploração</c>
family:Liberation Sans">da Internacional Situacionista, uma ousada mescla de Marx e
surrealismo que,</c>
family:Liberation Sans">e c o n ô m i c a , da qual seus c o n s u m i d o r e s p
a d e c e m , s o b r e t u d o os do Terceiro</c>
family:Liberation Sans">na Paris do final dos anos 50 d o século passado, esboçou o
"conceito de u m</c>
family:Liberation Sans">M u n d o , encontra-se a exploração estético-neurológica,
a exploração sansphra-</c>
family:Liberation Sans">urbanismo unitário" e desejou compor revolucionários
"campos de força", "meio</c>
family:Liberation Sans">se que ocorre o n d e tais logos, na condição de f u n d a
d o r e s de identidade e de</c>
family:Liberation Sans">ambientes", "atmosfera de bairro" e "situações" 99 nos
espaços a n ô n i m o s e abs-</c>
family:Liberation Sans">fetiches, absorvem um n ú m e r o incomensurável de
sistemas nervosos. Esse mo-</c>
family:Liberation Sans">tratos da grande cidade, sob a "utilização de todas as
direções artísticas e téc-</c>
family:Liberation Sans">m e n t o de revelação se alastrou, n u m abrir e piscar de
olhos, em escala mundial</c>
family:Liberation Sans">nicas", por meio dos quais se chegaria à revolução das
metrópoles. Visto retros-</c>
family:Liberation Sans">e converteu d e s c o n t e n t a m e n t o s vagos n u m a
rede de ações tais c o m o convoca-</c>
family:Liberation Sans">pectivamente, o situacionismo se revela a vanguarda na luta
pela salvação d o</c>
family:Liberation Sans">ções para greves, boicotes e protestos. E n t r e t a n t o
, tal rede afrouxa num duplo</c>
family:Liberation Sans">lugar concreto contra o espaço abstrato, do vivenciável
aqui e agora c o n t r a o</c>
family:Liberation Sans">sentido e se distancia t a n t o dos grupos de ação mais
sólidos q u a n t o dos grupos</c>
family:Liberation Sans">impalpável aí do espetáculo midiático. Ele aciona o freio
de emergência e isso</c>
family:Liberation Sans">de ambições mais exaltadas. Deseja-se um "novo m o v i m e
n t o de protesto", mas</c>
family:Liberation Sans">de m o d o não diferente do que fez o m o v i m e n t o de
p r o t e s t o internacional dos</c>
family:Liberation Sans">não c o m o o dos anos 60 do século passado. "Eles foram
tão ingênuos, tão ro-</c>
family:Liberation Sans">inspirada n o livro h o m ô n i m o de N a o m i Klein,
foi</c>
family:Liberation Sans">mânticos [...] tão diretos, de tal m o d o que eles t i n h
a m mesmo de ser derrotados,</c>
family:Liberation Sans">99 (i. D e b o r d , " R a p p o r t ü b e r die K o n s t
r u k t i o n von S i t u a t i o n e n u n d d í e O r g a n i s a t i o n s u n d
A k c i o n s b e d i n gungcn der internationalen situationisdschen Tendcz" in Der
Beginn einerEpocbe. Tcxte der Situationiscen.</c>
family:Liberation Sans">H a m b u r g o , 1995 [ 1957], p. 39.</c>
family:Liberation Sans">F. N i e t z s c h e , Also..., p. 404.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>pois, caso se t e n h a p o u c o d i n h e i r o , e
n t ã o se tem p o u c o poder. N ó s t e m o s a</c>
family:Liberation Sans">meio da qual eles se vinculam, promove também sua desunião.
É possível fazer de</c>
family:Liberation Sans">Internet, organizamos passeatas e fazemos protestos em p e
q u e n o s grupos. N ó s</c>
family:Liberation Sans">u m a p e q u e n a ação uma avalanche tão rapidamente q u
a n t o um clicar de mouse,</c>
family:Liberation Sans">somos descentralizados e esta é nossa força, já os
consórcios e c o n ô m i c o s são</c>
family:Liberation Sans">mas rapidamente t a m b é m eles se desconectam, tão logo o
objetivo comum exija</c>
family:Liberation Sans">vulneráveis" 101 . Naturalmente, este é o p o n t o de
prazer da campanha. O c h o q u e</c>
family:Liberation Sans">paciência e persistência. Porém a ligação entre mobilidade
e profissionalismo</c>
family:Liberation Sans">imagético, como tal, é impalpável. Mas se for possível
agarrar, p o r um m o m e n -</c>
family:Liberation Sans">a i n d a é a mais p r o m i s s o r a e o p o r t u n a m
e n t e se realiza nas organizações não</c>
family:Liberation Sans">to, um de seus mais poderosos representantes, ou seja, o
logotipo de um con-</c>
family:Liberation Sans">governamentais (ONGs), m e s m o q u a n d o paira a
suspeita de que elas sejam "o</c>
family:Liberation Sans">sórcio econômico mundial, então isso se t o r n a um t r i
u n f o palpável, u m scntio,</c>
family:Liberation Sans">ator mais superestimado dos anos 1990" 105 , e isso não sem
f u n d a m e n t o : basta</c>
family:Liberation Sans">ergo sum, sem o qual se ataca de forma tosca e desenfreada,
a exemplo das gan-</c>
family:Liberation Sans">recordar, s o b r e t u d o , a ação d o Greenpeace e as
esperanças exaltadas que foram</c>
family:Liberation Sans">gues juvenis mencionadas n o p r i m e i r o capítulo deste
livro. E, n u m s e n t i d o</c>
family:Liberation Sans">e n g e n d r a d a s após a c a m p a n h a vitoriosa c o
n t r a a Shell. "Os negócios de um</c>
family:Liberation Sans">semelhante, pode-se asseverar o seguinte: os "logos", nos
quais o impalpável</c>
family:Liberation Sans">consórcio e c o n ô m i c o m u n d i a l e dos governos
nacionais são atropelados pela</c>
family:Liberation Sans">estado de coisas da globalização se t r a n s f o r m a e m
imagem, são os p o n t o s de</c>
family:Liberation Sans">pressão de uma opinião publica mundial que se forma",
generaliza, de supetão,</c>
family:Liberation Sans">encontro de seus mais poderosos representantes: os
dirigentes d o b a n c o m u n -</c>
family:Liberation Sans">Ulrich Beck, na ocasião em que a Shell desistiu de a f u n
d a r uma plataforma de</c>
family:Liberation Sans">dial, o FMI e os m e m b r o s do G-7. É algo iconoclasta q
u a n d o críticos da globa-</c>
family:Liberation Sans">óleo após os boicotes aos t a n q u e s de gasolina e
protestos internacionais. " O</c>
family:Liberation Sans">lização, provenientes de todas as partes d o m u n d o ,
chegam para tais reuniões.</c>
family:Liberation Sans">cidadão descobriu que o ato de c o m p r a é c o m o se
fosse u m voto. A sociedade</c>
family:Liberation Sans">Neste caso, nuanças inteiras d o significado da sensação
aparecem u m a em re-</c>
family:Liberation Sans">ativa de c o n s u m o se vincula com a verdadeira
democracia no ato do boicote" ,0i .</c>
family:Liberation Sans">lação à outra. U m a delas se refere à necessidade de uma
sensação palpável, u m a</c>
family:Liberation Sans">Mas, e n q u a n t o se assegura a existência de postos de
gasolina concorrentes, a</c>
family:Liberation Sans">vez que se deseja agarrar a globalização ao m e n o s em
sua imagem. Esse est per-</c>
family:Liberation Sans">mesa posta e as férias, deve-se, entretanto, acrescentar e
sublinhar que a maioria</c>
family:Liberation Sans">cipere (ser é perceber). Logo em seguida, surge a
necessidade da sensação n o</c>
family:Liberation Sans">da população mundial se encontra excluída desse pressuposto
inexprimível, pois</c>
family:Liberation Sans">sentido de que algo se torne perceptível, ou seja, a o n i
p o t ê n c i a e n c o n t r a seu</c>
family:Liberation Sans">o n d e se inicia a existência m í n i m a t e r m i n a o
boicote de compras. P o r t a n t o ,</c>
family:Liberation Sans">p o n t o mais sensível. Esse est percipi (ser é ser p e r
c e b i d o ) . M a s o p o d e r só é</c>
family:Liberation Sans">é u m exagero m u i t o g r a n d e dizer q u e o
Greenpeace é u m a organização que</c>
family:Liberation Sans">encontrado q u a n d o ele o é de forma espetacular. Em
outras palavras: percebe-</c>
family:Liberation Sans">incentiva "um c o n t e x t o de responsabilidade
global".</c>
family:Liberation Sans">se apenas o que é sensacional.</c>
family:Liberation Sans">Será q u e se examina a realidade das coisas, de forma
eficaz, q u a n d o se analisa essa o r g a n i z a ç ã o u n i c a m e n t e c o m
o algo que c o n t r i b u i para a r u í n a d o</c>
family:Liberation Sans">capitalismo? O r a , se for esse o caso, e n t ã o ela só p
o d e ser mesmo um fracasso.</c>
family:Liberation Sans">Em associação "com o p o d e r de dirigentes da e c o n o m
i a , antes de tudo, com</c>
family:Liberation Sans">Contrafogo</c>
family:Liberation Sans">o p o d e r político de governantes", e "a serviço de u m a
política e c o n ô m i c a naN e n h u m a alavanca para o freio de emergência, no
sentido benjaminiano, deixa</c>
family:Liberation Sans">cional", soa o juízo a n i q u i l a d o r de ' g r u p o
marxista". O Greenpeace "denuncia</c>
family:Liberation Sans">de produzir sensação. Trata-se de ser, c o n t u d o , uma
sensação qualitativamente</c>
family:Liberation Sans">os custos c o n c e r n e n t e s à d e s t r u i ç ã o d o
meio a m b i e n t e , p r o p õ e alternativas</c>
family:Liberation Sans">diferente daquela produzida pela C o c a - C o l a ou pela
Nike: u m contrafogo, tal</c>
family:Liberation Sans">financiáveis</c>
family:Liberation Sans">como Pierre Bourdieu d e n o m i n o u de f o r m a tão
bela , ( , i . Dificilmente esse fogo</c>
family:Liberation Sans">s u p o s t a m e n t e estatais, preocupa-se com o uso de
procedimentos químicos que</c>
family:Liberation Sans">tem ainda alguma chance nos partidos políticos
estabelecidos ou nos sindicatos.</c>
family:Liberation Sans">não c o n t a m i n e m e que, ao m e s m o t e m p o ,
sejam rentáveis, c o m possíveis al-</c>
family:Liberation Sans">Seu toco é representado, prioritariamente, pelas redes de p
e q u e n o s grupos de</c>
family:Liberation Sans">ternativas p a r a a pesca de baleias; p r e o c u p a - s
e com refrigeradores que não</c>
family:Liberation Sans">factíveis para o balanço comercial e para os p o n t o s de
vista pres-</c>
family:Liberation Sans">ação, cuja torça é a mobilidade, e a fraqueza é a
inconstância. A I n t e r n e t , p o r</c>
family:Liberation Sans">N. Klein, apud N . M. L í n n a r t z , " D e n
Seelenverkàufern auf d e r Spur", Frankfurter</c>
family:Liberation Sans">17 mar., 2001, p. 3.</c>
family:Liberation Sans">102 Cf. P. B o u r d i e u . Gegenjeur. Konstaz,
1998.</c>
family:Liberation Sans">Rundschau</c>
family:Liberation Sans">Magazin,</c>
family:Liberation Sans">Cf. P. W a h l , " N G O S — d e r a m meisten ü b e r s c
h ã t z t e A k t e u r der 9 0 e r j a h r e " in F r i e d r i c h - E b e n - S
r i f t u n g</c>
family:Liberation Sans">(org.)> Globale</c>
family:Liberation Sans">Trends und Internationale</c>
family:Liberation Sans">Zivilgeselhchafi</c>
family:Liberation Sans">oder: Die NGOisierung</c>
family:Liberation Sans">B o n n , 1996.</c>
family:Liberation Sans">U. Beck, " W a s C h i r a c mie Shell verbindec",
DieZeiU</c>
family:Liberation Sans">n ü 3 7 . 1995, p. 9.</c>
family:Liberation Sans">der (Welt-)</c>
family:Liberation Sans">Politiki</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>agridam o meio ambiente". Ele faz t u d o isso sob a
ocultação de questões de-</c>
family:Liberation Sans">organizado sc faz necessário, se p o d e m evitar, nem que
seja por um m o m e n t o ,</c>
family:Liberation Sans">cisivas: " p o r q u e os p r o b l e m a s e c o l ó g i c
o s f u n d a m e n t a i s [...] são o b j e t o</c>
family:Liberation Sans">a c o o r d e n a ç ã o , a conexão, a decisão rápida, o c
o m u n i c a d o objetivo, enfim, os</c>
family:Liberation Sans">de tão p o u c a atenção dos responsáveis pela e c o n o m
i a , u m a vez que tais pro-</c>
family:Liberation Sans">c h a m a d o s m é t o d o s de g e r e n c i a m e n t
o , d o r m i u d u r a n t e t o d o o século X X .</c>
family:Liberation Sans">blemas são reconhecidos em geral? Por que o meio ambiente
não se t o r n a mais</c>
family:Liberation Sans">A n t e s de t u d o e s q u e c e u q u e os g r a n d e s
r e v o l u c i o n á r i o s , cuja t r a d i ç ã o o</c>
family:Liberation Sans">saudável, as armas atômicas não desapareceram e não se t o
r n o u m e n o r a p o -</c>
family:Liberation Sans">Greenpeace presume seguir, se preocupavam com cuidados
gerenciais políticos</c>
family:Liberation Sans">luição causada por agentes químicos, os quais, pelo
contrário, se t o r n a r a m cada</c>
family:Liberation Sans">q u e se d i s t i n g u i a m um d o o u t r o tal c o m o
u m a casca de ovo se diferencia de</c>
family:Liberation Sans">vez mais refinados?" E m vez de irem à raiz social da
desgraça, os ativistas se</c>
family:Liberation Sans">o u t r a casca. É claro q u e pessoas c o m o L ê n i n ,
Trótski e Rosa L u x e m b u r g o</c>
family:Liberation Sans">preocuparam com "a imagem q u e eles passam e com a atenção
que lhes cabe</c>
family:Liberation Sans">desejaram a derrocada da f o r m a ç ã o social
capitalista. Porém eles nunca pode-</c>
family:Liberation Sans">nos programas de televisão" 105 . D e f o r m a vaidosa, o
p o r t u n i s t a e ingênua, o</c>
family:Liberation Sans">riam fazer isso de f o r m a imediata, mas e m p r e e n d
e r a m os passos que deveriam</c>
family:Liberation Sans">Greenpea.ce se descreve c o m o um juízo f o r m a t i v o
exclusivo a M a r x e q u e se</c>
family:Liberation Sans">ser seguidos. E m v i r t u d e desse fato, eles tiveram
de, c o n s t a n t e m e n t e , tomar</c>
family:Liberation Sans">f e c h o u o b s t i n a d a m e n t e à lição da alavanca
para o freio de emergência. Evi-</c>
family:Liberation Sans">u m n ú m e r o ilimitado de decisões de longo alcance sob
condições transforma-</c>
family:Liberation Sans">d e n t e m e n t e , o Greenpeace não se iniciou c o m o
crítica ao c a p i t a l i s m o , m a s</c>
family:Liberation Sans">d o r a s q u e não haviam sido previstas. C o m o se
organizou a resistência dos</c>
family:Liberation Sans">sim, c o m o seu f u n d a d o r coloca a b e r t a m e n t
e , c o m o "um g r u p o t o t a l m e n t e</c>
family:Liberation Sans">trabalhadores c o n t r a os czares? N a direção de um m o
d e l o da social-democra-</c>
family:Liberation Sans">apolítico", "formado por pessoas t o t a l m e n t e c o m
u n s que d e f e n d e m a idéia de</c>
family:Liberation Sans">cia ocidental ou p o r meio de um q u a d r o partidário
rigorosamente organizado?</c>
family:Liberation Sans">que as atividades nucleares devem ser suspensas" 106 . E m
decorrência da resis-</c>
family:Liberation Sans">C o m o é possível que o desejo revolucionário se articule,
do m o d o mais intenso,</c>
family:Liberation Sans">tência que eles tanto p r o d u z i r a m , c o m o t a m b
é m daquela que s o f r e r a m , aca-</c>
family:Liberation Sans">n u m país atrasado economicamente, em vez de ocorrer, tal
como Marx previra,</c>
family:Liberation Sans">baram sendo tão pressionados, no ú l t i m o q u a r t o de
século, a se profissionali-</c>
family:Liberation Sans">n o país mais desenvolvido? Tal desejo deveria ter sido
abafado até que a Ale-</c>
family:Liberation Sans">zar que, finalmente, convidaram u m a d m i n i s t r a d o
r d o b a n c o m u n d i a l para o</c>
family:Liberation Sans">m a n h a se tornasse m a d u r a para a revolução, ou ele
deveria ter sido incitado</c>
family:Liberation Sans">posto de chefia. E ele não teve papas na língua: "Na m i n
h a opinião, é essencial</c>
family:Liberation Sans">p a r a q u e a A l e m a n h a pudesse t a m b é m dela
participar? O que se deve fazer,</c>
family:Liberation Sans">que uma associação tal c o m o a do Greenpeace, que
trabalha de f o r m a c o n f r o n -</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o se é s u b i t a m e n t e pressionado a
construir o comunismo por sua própria</c>
family:Liberation Sans">tativa e que polemiza com interesses de grupos poderosos,
reaja de m o d o ráp i d o e flexível". " O Greenpeace tem, a t u a l m e n t e , p
r o b l e m a s s e m e l h a n t e s a</c>
family:Liberation Sans">outros empreendimentos, ou seja, problemas de
administração, de burocracia</c>
family:Liberation Sans">e de falta de controle de qualidade". Ele deve aprender a
"definir e aperfeiçoar</c>
family:Liberation Sans">a qualidade de seu 'produto', ou seja, de suas campanhas".
" T o d a s essas deficiências podem, por sua vez, ser superadas apenas com m é t o
d o s de gerenciam e n t o modernos"</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">10-</c>
family:Liberation Sans">. Mas c o m o isso é possível? A c o n t a m i n a ç ã o d
o mar, d o</c>
family:Liberation Sans">solo e do ar, o extermínio de espécies de animais, a
destruição de matas virgens</c>
family:Liberation Sans">colossais, ou seja, t u d o isso, que é p a r t e i n t e g
r a n t e d a ação de u m gerenciam e n t o e c o n ô m i c o globalmente
organizado, p r e d a t ó r i o e lucrativo, deve ser</c>
family:Liberation Sans">combatido p o r meio de "métodos de gerenciamento". Isso
não seria o m e s m o</c>
family:Liberation Sans">que exorcizar Satanás por meio da ajuda de Belzebu? O r a ,
parece e x a t a m e n t e</c>
family:Liberation Sans">isso, pois c o m o poderia ser diferente? Q u e m acredita
que lá, o n d e o negócio</c>
family:Liberation Sans">c o n t a , n o seu p r ó p r i o país ? Deve-se promovê-lo
ou desistir de tal possibilidade, u m a vez q u e não se p o d e c o n t a r com o
auxílio do proletariado ocidental ?</c>
family:Liberation Sans">Em todas essas ocasiões, exigiram-se, constantemente,
energia, visão de f u t u ro, capacidade de decisão, capacidade para reagir rápida,
flexível e cooperativam e n t e , além de d i s p o s i ç ã o p a r a inovar e para
correr um alto risco, ou seja,</c>
family:Liberation Sans">exigiu-se, e m excesso, t u d o a q u i l o q u e se p r o
c u r a hoje c o m o qualificações</c>
family:Liberation Sans">desejadas p a r a cargos de alta gerência, os quais são
anunciados nas seções de</c>
family:Liberation Sans">ofertas de empregos. N a q u e l e t e m p o , os maiores e
m p r e e n d e d o r e s não eram</c>
family:Liberation Sans">a i n d a tão a f e t a d o s pelas altas pressões
internacionais, de m o d o que tiveram</c>
family:Liberation Sans">um e m p r e e n d i m e n t o de m u i t o peso, tal c o m
o foi o m o v i m e n t o trabalhador</c>
family:Liberation Sans">revolucionário. Já hoje em dia, os dirigentes precisam,
para m a n t e r o embalo</c>
family:Liberation Sans">em t o r n o de u m a única empresa ou consórcio high-tech,
sempre mais daquelas</c>
family:Liberation Sans">características que a n t i g a m e n t e eram necessárias
para revolucionar toda uma</c>
family:Liberation Sans">f o r m a ç ã o social.</c>
family:Liberation Sans">Mas não se trata mais de desejar ou não o empreendimento,
mas sim se há ou</c>
family:Liberation Sans">105 W . M õ h l , "Lõsungcn sind da". Konkret,</c>
family:Liberation Sans">106 D . McTaggart, Unternehmen</c>
family:Liberation Sans">out., 1995. p. 16.</c>
family:Liberation Sans">Greenpeace — Fahrt in den Atompilz.</c>
family:Liberation Sans">F r a n k f u r t , Berlim, 1980, p. 16.</c>
family:Liberation Sans">107 Th. Bode, "Ein Õ k o v e r b a n d muss wie cin K o n z
e r n g e f ü h r r werden", Spiege/Speciid,</c>
family:Liberation Sans">nov., 1995, p. 122.</c>
family:Liberation Sans">não "contrafogo" nele. Q u a n d o o empreendimento
Greenpeace sc encontra com</c>
family:Liberation Sans">ministros, d e m i t e pessoas e desenvolve novos produtos,
ele não se diferencia de</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>um outro e m p r e e n d i m e n t o tal c o m o o p
r o m o v i d o pela Volkswagen. Q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">seus membros se organizam e se acorrentam sobre trilhos de
uma via térrea para</c>
family:Liberation Sans">impedir o t r a n s p o r t e de substâncias tóxicas; q u a
n d o r o u b a m barris d o novo</c>
family:Liberation Sans">material substituto do CFC [clorofluorcarbono] e os r e m e
t e m aos fabricantes;</c>
family:Liberation Sans">q u a n d o exigem a redução do envio de lixo a t ô m i c o
para a Albânia ou q u a n d o</c>
family:Liberation Sans">o c u p a m barcos de energia atômica n o p o r t o de H a
m b u r g o , e n t ã o a situação</c>
family:Liberation Sans">é qualitativamente outra. E q u a n d o se reconhece q u e
tais violações de regras</c>
family:Liberation Sans">acabam em nada, caso elas não sejam sustentadas p o r meio
de o u t r o tipo de</c>
family:Liberation Sans">ação, tal como a produção de aparelhos (automóveis,
refrigeradores etc.) q u e</c>
family:Liberation Sans">não causam danos ao meio a m b i e n t e , e n t ã o se
realiza u m a d u p l a estratégia,</c>
family:Liberation Sans">que trabalha na base do bate e assopra, tão logo ela esteja
n o p o n t o de ser deflagrada. N o entanto, a dupla estratégia é sempre u m sinal
de fraqueza. Seria</c>
family:Liberation Sans">melhor se ela não fosse necessária e que se pudesse ir, tal
c o m o o m o v i m e n t o</c>
family:Liberation Sans">dos trabalhadores acreditou, direto ao t o d o , de tal m o
d o q u e o mal da f o r m a</c>
family:Liberation Sans">de sociabilização existente fosse cortado pela raiz. Mas t
u d o aquilo que é feito</c>
family:Liberation Sans">hoje contra esse mal é mísera ação compensatória. Lênin ou
Rosa L u x e m b u r g o</c>
family:Liberation Sans">teriam apenas balançado a cabeça, em sinal de d e s c o n t
e n t a m e n t o e em n o m e</c>
family:Liberation Sans">da dignidade do p o d e r t r a b a l h a d o r
revolucionário. Mas o n d e tal p o d e r foi</c>
family:Liberation Sans">fraturado ou dissipado como aparência, tais ações
compensatórias p e r d e m sua</c>
family:Liberation Sans">miserabilidade. Elas se t o r n a m dignas de compaixão e,
até m e s m o , o s í m b o l o</c>
family:Liberation Sans">da compaixão, ou seja, "expressão da verdadeira impotência
e t a m b é m protesto</c>
family:Liberation Sans">contra a real impotência", parafraseando uma bela
formulação de Marx sobre a</c>
family:Liberation Sans">religião. Elas expressam algo que deveria ser urgentemente
feito, sendo que esse</c>
family:Liberation Sans">algo, ninguém sabe c o m o deve ser feito. Deste m o d o ,
elas i n j e t a m c o n t e ú d o</c>
family:Liberation Sans">simbólico n a situação histórica.</c>
family:Liberation Sans">p e r m a n e c e na imagem sempre de f o r m a i n f i n i
t a m e n t e eficaz e inacessível e,</c>
family:Liberation Sans">m e s m o se se tentasse p r o n u n c i á - l a e m todas
as línguas faladas, ela permaneceria inexprimível" 1 0 8 . E m outras palavras: o
símbolo se refere ao inacessível</c>
family:Liberation Sans">p a r a o q u a l ele a p o n t a . Já o c ó d i g o o c u
l t a tal inacessível e se coloca n o seu</c>
family:Liberation Sans">lugar. O r a , mas dificilmente ele consegue ocultá-lo tão
completamente, de tal</c>
family:Liberation Sans">m o d o q u e o c ó d i g o revela algo daquilo que oculta,
caso contrário não existiria a psicanálise. E, inversamente, n e n h u m s í m b o
l o é tão revelador de algo</c>
family:Liberation Sans">d i f e r e n t e , a p o n t o de ele cessar de ser s í m
b o l o e, desta forma, desviar-se daquilo a q u e se refere. N ã o há n e n h u m
código d e s t i t u í d o de m o m e n t o sirnbolizador, assim c o m o n e n h u
m símbolo p o d e existir sem que haja um m o m e n t o</c>
family:Liberation Sans">c o d i f i c a d o r e, p o r isso, há u m a situação-
limite p o u c o nítida, na qual código</c>
family:Liberation Sans">e s í m b o l o possam sobrepor-se um ao o u t r o até
chegar ao p o n t o da indiferença. Mas isso não altera em nada a diferença
qualitativa entre ambos. A poderosa força de gravidade da aparelhagem sensacional
midiática t e n d e a fazer</c>
family:Liberation Sans">com q u e todas as injeções audiovisuais se t r a n s f o r
m e m em códigos 1 " 9 . Mas é</c>
family:Liberation Sans">possível resistir a isso. Sempre q u e as sensações são
"contrafogo", elas possuem</c>
family:Liberation Sans">caráter simbólico. Por u m lado, os símbolos são algo
próprio, mas, p o r outro,</c>
family:Liberation Sans">são simplesmente imagens de um outro. O s símbolos p o d e
m apenas significar</c>
family:Liberation Sans">esse o u t r o e não "produzi-lo". D e vez em q u a n d o
eles têm u m a taceta bem</c>
family:Liberation Sans">robusta. Para os ativistas, e para aqueles q u e são
usualmente afetados, a redução d o lixo a t ô m i c o n o país q u e o p r o d u z
é u m a ação, antes de t u d o , totalm e n t e perigosa e u m a i n t e r v e n ç
ã o efetiva n o seu c o t i d i a n o , antes que dela</c>
family:Liberation Sans">desabroche uma d i m e n s ã o simbólica e possibilite a
referência às práticas existentes de eliminação desse tipo de lixo e à questão da
remoção de detritos, a</c>
family:Liberation Sans">qual a i n d a não tem solução. O s c h a m a d o s
automóveis e refrigeradores ecológicos são, antes de t u d o , freios t o t a l m e
n t e reais e não simbólicos dos usos da</c>
family:Liberation Sans">E, com isso, pode-se perceber a diferença decisiva
existente entre os tipos</c>
family:Liberation Sans">gasolina e d o C F C antes q u e eles simbolizem o
paralelogramo de forças polí-</c>
family:Liberation Sans">de substituto. Neste capítulo, "substituto da sensação"
significou, primeira-</c>
family:Liberation Sans">t i c o - e c o n ô m i c a s p o r meio d o qual as
possibilidades técnicas de interesses</c>
family:Liberation Sans">mente, substância que vicia. A metralhadora audiovisual se
revelou c o m o sua</c>
family:Liberation Sans">sociais p e r m a n e c e m desperdiçadas.</c>
family:Liberation Sans">injeção coletiva e ela p r ó p r i a c o m o u m a s u b s
t â n c i a a l t a m e n t e l i b i d i n o s a ,</c>
family:Liberation Sans">que adquire t o d o o c o n t e ú d o daquilo que na
terminologia religiosa significa</c>
family:Liberation Sans">fetiche, até chegar ao p o n t o da i r r e c o n h e c i b
i l i d a d e . Fetiches são s i n t o m a s</c>
family:Liberation Sans">de abstinência, ou seja, sucedâneos de algo que tora d o l
o r o s a m e n t e privado.</c>
family:Liberation Sans">Mas eles agem c o m o se fossem o p r ó p r i o privado;
são códigos, esteticamente</c>
family:Liberation Sans">falando. Eles ocultam o privado, sendo que são sua
aparência, ao m e s m o tempo em que despertam a aparência de ser o p r ó p r i o
privado o c u l t a d o ; são c o m o</c>
family:Liberation Sans">que a maquiagem da ferida que se apresenta c o m o pele i n
t a c t a . T a m b é m os</c>
family:Liberation Sans">símbolos são meros substitutos, imagens, mas, tal c o m o G
o e t h e diz, "a idéia</c>
family:Liberation Sans">108 J. W . G o c t h c , Maximen</c>
family:Liberation Sans">und Reflexionen.</c>
family:Liberation Sans">S.imtlicbe</c>
family:Liberation Sans">Werke [Obras reunidas],</c>
family:Liberation Sans">Artemis-Ausgabe. Z u r i q u e ,</c>
family:Liberation Sans">1950, vol. 9. p. 39.</c>
family:Liberation Sans">Este f a t o é u s u a l m e n t e m e n c i o n a d o na q
u e i x a de q u e a política real se atrofia, na m e d i d a em q u e é dirig i d
a p e l o s m e i o s d e c o m u n i c a ç ã o de massa, em mera política
"simbólica", q u e consiste, p r i o r i t a r i a m e n t e ,</c>
family:Liberation Sans">e m " e n c e n a r a c o n t e c i m e n t o s , d e t e r
m i n a r temas, d e s i g n a r c o n c e i t o s e e n d e r e ç a r sinais
óticos" (U. Sarcinelli, Symbolische Politik — Zur Bedeutungsymboliscben</c>
family:Liberation Sans">Handels in der Wahlkampjkotmnunikation</c>
family:Liberation Sans">der</c>
family:Liberation Sans">Bundesreptiblik</c>
family:Liberation Sans">Deutscbland.</c>
family:Liberation Sans">O p l a d c n , 1987, p. 6). C ó d i g o s e símbolos são f
a c i l m e n t e trocados apenas</c>
family:Liberation Sans">e m situações c o m o essas.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Algumas vezes, as ações simbólicas são, desde o
princípio, concebidas c o m o</c>
family:Liberation Sans">retaguarda, uma potência e c o n ô m i c a e / o u
política, não pode ser nada melhor</c>
family:Liberation Sans">imagens: q u a n d o os ativistas d o Greenpeace colocam
cinco mil cruzes d i a n t e</c>
family:Liberation Sans">q u e u m agir simbólico de meia-luz. E n t ã o se corre o
risco de não apenas ser</c>
family:Liberation Sans">da usina de força Bohunice, uma das mais perigosas da
Eslováquia; q u a n d o eles</c>
family:Liberation Sans">criticado, p o r t o d o s os lados, c o m o u m a
associação que p r o d u z um ativismo</c>
family:Liberation Sans">espalham, na ocasião de uma feira militar parisiense, peças
de c o r p o s dc ma-</c>
family:Liberation Sans">i n c o n s e q ü e n t e e e s p a l h a f a t o s o —
vide o juízo de que "o g r u p o marxista" se</c>
family:Liberation Sans">nequins borradas de vermelho para expor o efeito das minas
terrestres em vez</c>
family:Liberation Sans">encontra com a direção da Shell —, como também de se cegar
e, por assim dizer,</c>
family:Liberation Sans">dos próprios explosivos; q u a n d o eles colocam máscaras
mortuárias n u m a praça</c>
family:Liberation Sans">imergir na própria encenação ao tomar o símbolo ao pé da
letra — ao menos</c>
family:Liberation Sans">pública para visualizar o efeito da usina de força
britânica Sellafield. H á q u e se</c>
family:Liberation Sans">c o m o a c o n t e c e u r e c e n t e m e n t e , q u a n
d o , após o sucesso sensacional contra a</c>
family:Liberation Sans">mencionar também o grupo italiano Tutte Bianche, que tem p
o u c o e m c o m u m</c>
family:Liberation Sans">Shell, os eufóricos ativistas a n u n c i a r a m
publicamente, n u m a espécie de aluci-</c>
family:Liberation Sans">com o Greenpeace, e que intervém, em primeiro lugar, a
favor dos perseguidos e</c>
family:Liberation Sans">nação coletiva, o início de uma política mundial sob a
direção d o Greenpeace</c>
family:Liberation Sans">dos exclu ídos, principalmente os refugiados. N u m a
verdadeira ação fulminante,</c>
family:Liberation Sans">e se esqueceram de que o sucesso foi apenas simbólico 1 1 2
.</c>
family:Liberation Sans">esse grupo consubstanciou o robusto com o simbólico, uma
vez que seus membros</c>
family:Liberation Sans">C a d a u m a de tais ações simbólicas é ameaçada, pela
força de gravidade da</c>
family:Liberation Sans">vestidos com macacões brancos, ao p o r t a r e m a não cor
d o fantasma, t o r n a r a m</c>
family:Liberation Sans">aparelhagem midiática, de se rebaixar para a condição de
código, de deixar de</c>
family:Liberation Sans">visível a "invisibilidade dos sem'", ou seja, daqueles que
são "sem trabalho, sem</c>
family:Liberation Sans">d o c u m e n t o s , sem garantias, sem cidadania e sem
direitos"</c>
family:Liberation Sans">ser um "contrafogo" para se atrofiar n u m fogo t o t a l m
e n t e c o m u m .</c>
family:Liberation Sans">. C o n t u d o eles</c>
family:Liberation Sans">receberam uma visibilidade fantástica na f o r m a de u m a
massa b r a n c a sobre</c>
family:Liberation Sans">as ruas e praças, além do que houve um efeito secundário t
o t a l m e n t e prático,</c>
family:Liberation Sans">pois os macacões brancos foram admiravelmente revestidos
com espumas de</c>
family:Liberation Sans">borracha e câmaras de ar, de m o d o que, nas passeatas,
eles p u d e r a m proteger-se</c>
family:Liberation Sans">dos porretes da polícia. Tais imagens p r o d u z e m
força, e isso não p o r q u e teriam</c>
family:Liberation Sans">tido pretensões artísticas, mas sim p o r q u e elas c o n
s e g u i r a m atuar, na condição de estenogramas sensoriais, de m o d o c h o c a
n t e n u m a complexa situação</c>
family:Liberation Sans">social, de forma tal que o c h o q u e imagético imediato
se contorce n u m c h o q u e</c>
family:Liberation Sans">de reflexão; de imagens eles se t r a n s f o r m a m em i
m a g e n s - p e n s a m e n t o 1 " . Em</c>
family:Liberation Sans">relação àquilo que realmente deveria acontecer, tais ações
simbólicas são u m</c>
family:Liberation Sans">nada, mas em relação àquilo que é feito e, s o b r e t u d
o , àquilo que é p e r m i t i d o</c>
family:Liberation Sans">fazer, há um espaço enorme, pois tais ações simbólicas não
são apenas irritação</c>
family:Liberation Sans">real, não são apenas representações estenográficas, mas sim
a prova viva de q u e</c>
family:Liberation Sans">mais p o d e ser feito em relação àquilo que já foi feito.
O p r ó p r i o s í m b o l o já é</c>
family:Liberation Sans">algo daquilo que ele representa. Mas ele não se livra de
sua discrepância, de</c>
family:Liberation Sans">seu lusco-fusco: ele é intervenção e, p o r o u t r o lado,
é, n o v a m e n t e , n e n h u m a .</c>
family:Liberation Sans">É p o r isso que virtuosos do símbolo, tais c o m o os m e
m b r o s d o</c>
family:Liberation Sans">Greenpeace,</c>
family:Liberation Sans">Muitas ONGs existem [...] apenas para a cobertura de
despesas correntes e para a</c>
family:Liberation Sans">segurança de postos de trabalho que são mantidos às custas
de um fluxo dc donativos</c>
family:Liberation Sans">constantes, para os quais, em primeiro lugar, se faz
necessária uma presença midiática</c>
family:Liberation Sans">permanente. A ocupação com os assim chamados "conflitos
esquecidos", com crises</c>
family:Liberation Sans">e catástrofes eventuais que não combinam com a imagem
midiática, pois ou elas não</c>
family:Liberation Sans">têm mais nada de excitante para oferecer, ou então
simplesmente aconteceram no</c>
family:Liberation Sans">tempo e no lugar errados, não se presta para a produção da
visibility. Para que possam</c>
family:Liberation Sans">ser notadas, as ONGs devem, com freqüência cada vez maior,
agarrar os temas de cada</c>
family:Liberation Sans">um dos problemas que são espetacularmente colocados pela
mídia. Questões abstratas (mas que são as mais significativas para a sobrevivência
da espécie humana), tais</c>
family:Liberation Sans">como a proteção do clima e a problemática do CFC, são menos
interessantes de serem</c>
family:Liberation Sans">discutidas pela publicidade midiática do que ações
relativas à preservação das baleias,</c>
family:Liberation Sans">por exemplo 113 . E, finalmente, todos os pequenos tocos de
"contrafogos" correm o</c>
family:Liberation Sans">grande risco de ser engolidos pelo gigantesco togo
passageiro, que os retém da mesma</c>
family:Liberation Sans">forma como as imagens de salvação socialistas retêm sua
caricatura desmesuradamente</c>
family:Liberation Sans">fascista. O pavoroso ataque ao World Trade Center e ao
Pentágono, pelo qual eu fui</c>
family:Liberation Sans">surpreendido enquanto escrevia estas linhas, e que
empalidece tudo o que foi escrito,</c>
family:Liberation Sans">são uma associação meia-luz — e o são não por livre
escolha, mas sim p o r q u e</c>
family:Liberation Sans">cada proceder contra a destruição dos recursos naturais que
n ã o tenha, na sua</c>
family:Liberation Sans">110 T u t t e Bianche, Aufitandder</c>
family:Liberation Sans">Cl. Benjamin, Denkbilder.</c>
family:Liberation Sans">Gespenster. K o n k r e t . set., 2001. p. 16.</c>
family:Liberation Sans">Ges. Schriften</c>
family:Liberation Sans">{Obras completas],</c>
family:Liberation Sans">1972, vol. IV, p. 305.</c>
family:Liberation Sans">Aliás, este f a t o é t a m b é m p o u c o esclarecido,
pois tal sucesso se apoia e m registros falsos sobre a quantid a d e d e ó l e o na
p l a t a f o r m a m a r í t i m a , s e n d o q u e até hoje a i n d a não se
esclareceu se sua s u b m e r s ã o n o</c>
family:Liberation Sans">m a r não teria s i d o a solução m e n o s i m p a c t a n
t e .</c>
family:Liberation Sans">1 13 T h . G e b a u e r , "... v o n n i e m a n d e m g e
w á h l t ! " Ü b e r die d e m o k r a t i s c h e L e g i t i m a t i o n von N G
O " , in</c>
family:Liberation Sans">U. B r a n d ; A. D e m i r o v i c ; C h . G õ r g e J. H
i r s c h (orgs.), Niehtregierungorganisationen</c>
family:Liberation Sans">in der Transforma tion des Staates. Münsrer, 2001, p.
113.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>é algo que dificilmente será ultrapassado em termos
de violência simbólica. Ele é uma</c>
family:Liberation Sans">intervenção real com milhares de mortos, mas também
simboliza a destruição dos</c>
family:Liberation Sans">Estados Unidos. Ele é "meramente" um ataque terrorista, mas
é também um ataque</c>
family:Liberation Sans">que significa a guerra numa forma inaudita. Ele semeia o
lusco-fusco de uma guerra</c>
family:Liberation Sans">simbólica, ou seja, trata-se de uma guerra, mas também dc
nenhuma. E pertence à</c>
family:Liberation Sans">sua força simbólica o fato de que ele se refere
imperiosamente à guerra, ou seja, de</c>
family:Liberation Sans">que ele parece obrigar a existência da guerra real, da
guerra não simbólica. Diante</c>
family:Liberation Sans">desses acontecimentos, considera-se o "contrafogo", que
aqui se coloca para debate,</c>
family:Liberation Sans">de forma semelhante àquilo que Israel raptado é para os
profetas no cativeiro babilônico: um filamento brilhante" 4 .</c>
family:Liberation Sans">Ele queima, meramente, de m o d o simbólico. Mas a ele c o
r r e s p o n d e exatamente aquilo que Benjamin nomeou c o m o alavanca para o
freio de emergência.</c>
family:Liberation Sans">Ele é uma alavanca real, freia de fato, mas m e r a m e n t
e f o r n e c e significado à</c>
family:Liberation Sans">revolução redentora, e isso não p o r meio de u m destaque
espetacular, mas sim</c>
family:Liberation Sans">através de um m o v i m e n t o que é t a n t o ação q u a
n t o i n t e r r u p ç ã o ; age tão bruscamente q u a n t o se c o n t o r c e em
si p r ó p r i o . As sensações e n g e n d r a d a s desse</c>
family:Liberation Sans">modelo traçam a figura da reflexão. Elas são sensações p r
o f u n d a s , as "segundas</c>
family:Liberation Sans">melhores sensações" e, p o r isso, elas não vêm na f o r m
a d o c h o q u e e d o grito.</c>
family:Liberation Sans">Pelo contrário, elas possibilitam entender o segredar que é
sobreposto p o r cada</c>
family:Liberation Sans">sensação superficial e que, não o b s t a n t e , se
anseia: a c h e g a d a de um n u n c a</c>
family:Liberation Sans">existido, "que n e n h u m olho viu e que n e n h u m
ouvido e s c u t o u " 1 " . Pulsão deseja quietude, já o vício deseja cessar. A
sensação p r o f u n d a é viciada n u m este</c>
family:Liberation Sans">aí, que certamente satisfaz o sistema nervoso b e m - a v e
n t u r a d o de u m a vez p o r</c>
family:Liberation Sans">todas, e que para com o inquietante e sem-fim a u t o c o n
t i n u a r de sensação para</c>
family:Liberation Sans">sensação. Cada sensação superficial dissimula e explora o
esteai. Posteriormente, torna-se claro que tal sensação apenas n o v a m e n t e
fecha as lacunas d o mercado e, então, fornece a próxima pedra que é usada pela
sociedade da sensação</c>
family:Liberation Sans">para construir o seu muro: another brick in the wallx u\ Já
as sensações p r o f u n das expressam o este aí final, e isso n u m d u p l o
sentido: em p r i m e i r o lugar, revelam que a construção desse muro forma o p o
n t o de fuga dissimulado de cada</c>
family:Liberation Sans">sensação ainda tão profana. N u m o u t r o sentido, t o r
n a m claro q u e elas n u n c a</c>
family:Liberation Sans">I s a í a s 4 2 , 3.</c>
family:Liberation Sans">115 I C o r í m i o s 2 , 9 .</c>
family:Liberation Sans">116 Esta é a famosa canção da b a n d a d e rock Pink H o y
d , que, p o r volta de 1980, c o n s e g u i u t r a d u z i r o sentim e n t o de
vida de t o d a uma geração.</c>
family:Liberation Sans">t r a r ã o o este aí r e d e n t o r — o messias, t e o l
o g i c a m e n t e f a l a n d o —, mas elas</c>
family:Liberation Sans">continuarão sempre significando-o. Toda redenção efetiva
pode ser apenas uma</c>
family:Liberation Sans">provisória, frágil e segunda melhor redenção — e isso
quando, por meio dela,</c>
family:Liberation Sans">se p o d e sentir que ela mesma poderia ser melhor. As
sensações p r o f u n d a s são</c>
family:Liberation Sans">o frágil luzir desse melhor. E p o r isso atraem a atenção
para si na condição de</c>
family:Liberation Sans">um filamento brilhante que não deve apagar-se.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>ÍNDICE</c>
family:Liberation Sans">ONOMÁSTICO</c>
family:Liberation Sans">A d o r n o , T h . W . 17, 3 5 - 7 , 5 9 - 6 0 , 63, 165,
182, 2 0 4 ,</c>
<c props="font-family:Liberation
Sans">224,259,296,302,304</c>
family:Liberation Sans">A g o s t i n h o 91, 153</c>
family:Liberation Sans">Burkert, W . 139</c>
family:Liberation Sans">Busch, B. 1 7 3 , 1 7 5 - 7 , 1 8 2</c>
family:Liberation Sans">Busch, W i l h e l m</c>
family:Liberation Sans">Anaximandro 33</c>
family:Liberation Sans">A n d c r s , G. 4 1 , 4 3 - 4 , 4 6 , 7 1 . 2 7 6 , 2 7
8</c>
family:Liberation Sans">C a m p e , J. H .</c>
family:Liberation Sans">A r e n d t , H . 196-7</c>
family:Liberation Sans">C a r s o n , D. 2 8 6</c>
family:Liberation Sans">A r i s t ó t e l e s 6 6 , 7 9 , 8 8 - 9 1 , 9 9 . 157,
162-3. 170, 179,</c>
family:Liberation Sans">Cassirer, E.</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">229,282-
3</c>
family:Liberation Sans">A s s m a n n . J . 140</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">109-10,112-
7</c>
Sans">131.137,145,157,159</c>
family:Liberation Sans">Chaplin.C. 265-6</c>
family:Liberation Sans">C í c e r o 19-20</c>
family:Liberation Sans">Copérnico, N. 80-1,83-4,86,196</c>
family:Liberation Sans">B a c h o f e n , J. J. 140</c>
family:Liberation Sans">C u s a , Nicoiau dc 8 7 - 9 2 , 1 7 9</c>
family:Liberation Sans">Bacon, F. 9 8 - 9</c>
family:Liberation Sans">Bakhtin, M. 96</c>
family:Liberation Sans">Daguerre. L.J. M .</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">174-5,177,181-
2,184,187</c>
family:Liberation Sans">Barthes, R. 176, 186, 190</c>
family:Liberation Sans">Daniels, D. 15</c>
family:Liberation Sans">Baudelaire, C . 2 4 9 - 5 0</c>
family:Liberation Sans">D a n t o , A. C . 191</c>
family:Liberation Sans">Beck, U. 2 2 6 - 7 , 311</c>
family:Liberation Sans">Darwin, C. 247</c>
family:Liberation Sans">B e n j a m i n , W . 7 4 , 161, 168-9, 175, 177, 184,
195,</c>
family:Liberation Sans">D e b o r d , G. 1 1 , 3 0 8</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">225-6, 256-63,
266, 294, 296. 298-9. 303, 308.</c>
family:Liberation Sans">Demócrito</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">178-9</c>
Sans">316.318</c>
family:Liberation Sans">Descartes, R. 8 3 , 9 9</c>
family:Liberation Sans">Berkeley, G . 3 9 - 4 0 , 103-8. 118-9, 189</c>
family:Liberation Sans">D e u t s c h m a n n , C . 201</c>
family:Liberation Sans">Blackwcll, L. 2 8 6</c>
family:Liberation Sans">D o u g l a s , M . 138</c>
family:Liberation Sans">Bode, Th. 3 1 2</c>
family:Liberation Sans">D u c h a m p , M . 50</c>
family:Liberation Sans">Boécio 153</c>
family:Liberation Sans">D u r k h c i m , E. 138</c>
family:Liberation Sans">Bolz, N . 2 5 9</c>
family:Liberation Sans">B o u r d i e u , P. 3 1 0</c>
family:Liberation Sans">Eisenberg, G. 76</c>
family:Liberation Sans">B r e c h t , B. 3 1 , 8 9</c>
family:Liberation Sans">Eisensteín, S. 2 3 0 - 1 , 2 5 6 - 7</c>
family:Liberation Sans">Bredekamp, H . 94</c>
family:Liberation Sans">Eliade, M . 149, 164</c>
family:Liberation Sans">Brcton, A. 51</c>
family:Liberation Sans">Engels, F. 2 1 . 1 4 4 , 1 6 7 . 1 9 3 . 1 9 7 , 2 2 4 . 2
3 6 , 2 4 5 , 2 5 7 ,</c>
family:Liberation Sans">Breuer, S. 2 5 1</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">259, 2 7
4</c>
family:Liberation Sans">B r u n o , G. 8 0 , 8 3 , 2 1 3</c>
family:Liberation Sans">Epicuro 8 4 . 1 2 7</c>
family:Liberation Sans">B u r c k h a r d t . J . 211</c>
family:Liberation Sans">Erikson, E. 2 4 2</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Fenichel, O .</c>
Sans">152,154</c>
family:Liberation Sans">Feuerbach, L. 2 2 3</c>
family:Liberation Sans">Flusser, V. 281</c>
family:Liberation Sans">Foucault, M . 6 2 - 3 , 7 9</c>
family:Liberation Sans">Freud, A. 143</c>
family:Liberation Sans">Freud,S. 121-5. 1 2 7 - 9 , 1 3 1 . 133-5, 143. 1 4 7 , 1 5
0 - 5 ,</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">169, 180, 2 0
7 , 2 3 9 - 4 1 . 2 4 3 , 2 4 7 , 2 8 8 - 9 , 2 9 2 ,</c>
family:Liberation Sans">Quincey, Th. D c 249-50</c>
family:Liberation Sans">Lacan, J. 4 8</c>
family:Liberation Sans">Tillich, P. 15</c>
family:Liberation Sans">Landbeck, H . 24-5</c>
family:Liberation Sans">L a u b . D . 155</c>
family:Liberation Sans">Rath, N. 38</c>
family:Liberation Sans">T o m á s de A q u i n o 5 3 , 8 9 , 9 1 , 179</c>
family:Liberation Sans">Laum, B. 2 0 3 - 4 , 2 0 9</c>
family:Liberation Sans">Rautêrberg, H . 215</c>
family:Liberation Sans">Toscani, O . 4 9</c>
family:Liberation Sans">Leibniz, G . W . 1 0 5 , 1 3 1</c>
family:Liberation Sans">R i f k i n . J . 86</c>
family:Liberation Sans">Trótski, L. 2 5 2 - 5 . 3 1 3</c>
family:Liberation Sans">Lênin, W . I. 2 1 , 2 9 9 , 3 1 3 - 4</c>
family:Liberation Sans">R o b i n s o n , J. 2 7 8</c>
family:Liberation Sans">Tiircke, C . 5 4 , 5 6 , 8 3 , 141, 1 7 4 , 2 4 8</c>
family:Liberation Sans">Lévi-Strauss</c>
family:Liberation Sans">Roth.G.</c>
family:Liberation Sans">Turklc, S. 2 9 2</c>
Sans">138,266</c>
Sans">125,132,134</c>
family:Liberation Sans">Turner, V. 146</c>
family:Liberation Sans">Locke,J. 9 8 - 1 0 4 . 1 0 6 - 7 , 114</c>
Sans">294,296</c>
family:Liberation Sans">Gebauer.Tli. 3 1 7</c>
family:Liberation Sans">G e n n e p , A. 146</c>
family:Liberation Sans">Gcorge, S. 251</c>
family:Liberation Sans">G i r a r d . R . 164</c>
family:Liberation Sans">T a l b o t , W . H . F. 175-6</c>
family:Liberation Sans">Luhmann, N. 28-33,97</c>
family:Liberation Sans">Salgado, S. 2 7 3</c>
family:Liberation Sans">Lukács, G. 3 6 , 3 8 , 135</c>
family:Liberation Sans">Sarcinelli, U. 3 1 5</c>
family:Liberation Sans">Lutero, M. 3 3 . 2 4 2 , 2 4 4</c>
family:Liberation Sans">Saussure, F. 2 8 2</c>
family:Liberation Sans">L u t t w a k , E. 22</c>
family:Liberation Sans">Scheercr, S. 2 3 4 - 6 , 2 5 1</c>
family:Liberation Sans">Vogt, I. 2 3 5</c>
family:Liberation Sans">Luxemburgo, R. 313-4</c>
family:Liberation Sans">Schivelbusch, W . 2 2 7 , 2 3 4 - 5 , 2 3 9 , 2 4 4 , 2 4 9
, 2 5 1 , 2 5 6</c>
family:Liberation Sans">Vertov, D. 230-1</c>
family:Liberation Sans">Usener, H . 160</c>
family:Liberation Sans">Schlesier, R. 123</c>
family:Liberation Sans">G o e t h e , J. W . 1 0 9 , 3 1 4 - 5</c>
family:Liberation Sans">Winldcr, H . 69</c>
family:Liberation Sans">Maase. K. 2 6 0</c>
family:Liberation Sans">Schncider, K. 6 7</c>
family:Liberation Sans">M a r c i n k o w s k i , F. 15</c>
family:Liberation Sans">Schóffski, O . 4 0</c>
family:Liberation Sans">H a b e r m a s . J . 97</c>
family:Liberation Sans">Marcuse, H . 155</c>
family:Liberation Sans">Schwcppenhãuser, G. 7 4 , 2 2 4 , 2 5 9</c>
family:Liberation Sans">Zcnáo 229</c>
family:Liberation Sans">H a u g . W . F . 189</c>
family:Liberation Sans">Marx, K.</c>
family:Liberation Sans">S e n n e t , R. 2 7 3</c>
family:Liberation Sans">Zielinski, S. 7 0</c>
family:Liberation Sans">Z o l a 189</c>
family:Liberation Sans">G r u s c h k a , A. 76</c>
Sans">11.21,33,61,72,144,183,192-3,197-201,</c>
family:Liberation Sans">Hegel. G. W . 3 3 . 3 8 . 119, 1 7 1 , 1 7 9 , 2 0 0 . 2 2
4 , 2 7 0</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">206,209-
10,215-6,219-25,227,240,244-5,247,</c>
family:Liberation Sans">S o h n - R e t h e l . A. 2 1 9 - 2 0 , 2 8 0</c>
family:Liberation Sans">Heidegger, M. 4 1 , 4 5 . 1 6 3</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">249, 254, 257,
259. 264, 269-74. 276-8, 295-6,</c>
family:Liberation Sans">Stálin,J. 2 9 9 , 3 0 2</c>
family:Liberation Sans">Hesíodo 164,209</c>
Sans">298,300,303,308,312-4</c>
family:Liberation Sans">Steincrt, H . 3 9</c>
family:Liberation Sans">Holmes. O . W . 178-80. 188-9</c>
family:Liberation Sans">M a t u r a n a , H . 102</c>
family:Liberation Sans">H õ r i s c h . J . 201</c>
family:Liberation Sans">Mauss.M.</c>
family:Liberation Sans">H o r k h e i m e r , M. 3 5 - 6 , 6 0 , 1 8 2 , 2 0 4 . 2
9 6 , 3 0 2</c>
family:Liberation Sans">McLuhan, H. 4 7 , 6 8 . 2 8 9 , 2 9 7 - 8</c>
family:Liberation Sans">H u m e . D . 118</c>
family:Liberation Sans">McTaggart, D. 3 1 2</c>
Sans">137,207</c>
family:Liberation Sans">M e f f e r t , E. 9 1</c>
family:Liberation Sans">J a n i n . J . 181</c>
family:Liberation Sans">Menzel, U. 5 8</c>
family:Liberation Sans">J o h a n n e s , R. 2 2 4</c>
family:Liberation Sans">Mõhl, W. 312</c>
family:Liberation Sans">Jütte. R. 7 6</c>
family:Liberation Sans">Molière 7 0</c>
family:Liberation Sans">M o r s e . S . 177</c>
family:Liberation Sans">Kafka.F. 2 9 1</c>
family:Liberation Sans">Kant, 1. 52-3. 80-1, 118, 130-1, 187, 2 0 0 , 2 1 6 , 2 1 8
,</c>
Sans">220,224,247,275,283,299-301</c>
family:Liberation Sans">Niépce, J . N . 173-5. 182, 187</c>
family:Liberation Sans">N i e t z s c h e , F. 2 5 . 3 8 , 7 0 , 8 1 - 3 , 9 0 ,
123-4, 127, 137,</c>
family:Liberation Sans">Klein, M. 155</c>
Sans">141,146,149,165,173,179-80,194,247,272-3,</c>
family:Liberation Sans">Klein, N . 3 0 9 - 1 0</c>
<c props="font-family:Liberation Sans">2 8 3 , 2 9
7 , 305, 3 0 9</c>
family:Liberation Sans">Kloepfer, R. 2 4 - 5</c>
family:Liberation Sans">Novalis (Fricdrich von H a r d e n b c r g )</c>
family:Liberation Sans">Klüger, R. 64</c>
family:Liberation Sans">Krainer, S. 2 5 6</c>
family:Liberation Sans">Kraus.K.</c>
family:Liberation Sans">O t t o , R. 135-7, 1 4 3 , 1 5 8 , 1 6 7</c>
Sans">18,135,307</c>
family:Liberation Sans">Krõll, K. 9 5</c>
family:Liberation Sans">Parmênides</c>
family:Liberation Sans">K u h n , T h . 79, 83-5</c>
family:Liberation Sans">Platão 4 5 . 9 0 , 170, 1 7 9 , 2 7 2</c>
family:Liberation Sans">Kulechov, L. 230-1</c>
family:Liberation Sans">P l o t i n o 179</c>
family:Liberation Sans">Künzj® A. 86</c>
family:Liberation Sans">P o e . E . A. 33, 1 1 8 , 2 4 9</c>
family:Liberation Sans">Kurnitzky, H . 2 0 7</c>
family:Liberation Sans">Portirio 163</c>
family:Liberation Sans">Kurz, R. 2 7 8</c>
family:Liberation Sans">P u d ó v k i n , W . 230-1</c>
Sans">163,220,229</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>Título</c>
family:Liberation Sans">Sociedade excitada: filosofia da sensação</c>
family:Liberation Sans">Autor</c>
family:Liberation Sans">C h r i s t o p h Türcke</c>
family:Liberation Sans">Tradução</c>
family:Liberation Sans">Antonio A. S. Zuin, Fábio A. Durão,</c>
family:Liberation Sans">Francisco C. Fontanella, Mario Frungillo</c>
family:Liberation Sans">Revisão técnica</c>
family:Liberation Sans">Assistente técnico dc direção</c>
family:Liberation Sans">Coordenador editorial</c>
family:Liberation Sans">Secretária editorial</c>
family:Liberation Sans">Secretário gráfico</c>
family:Liberation Sans">Preparação dos originais</c>
family:Liberation Sans">Revisão</c>
family:Liberation Sans">Editoração eletrônica</c>
family:Liberation Sans">Design de capa</c>
family:Liberation Sans">Formato</c>
family:Liberation Sans">Papel</c>
family:Liberation Sans">Oswaldo Giacóiajr.</c>
family:Liberation Sans">José Emílio Maiorino</c>
family:Liberation Sans">Ricardo Lima</c>
family:Liberation Sans">Eva Maria Maschio Morais</c>
family:Liberation Sans">Ednilson Tristão</c>
family:Liberation Sans">Grazia Maria Quagliara</c>
family:Liberation Sans">Luis DolhnikofF</c>
family:Liberation Sans">Silvia Helena P. C. Gonçalves</c>
family:Liberation Sans">Ana Basaglia</c>
family:Liberation Sans">1 6 x 1 3 cm</c>
family:Liberation Sans">Ofísct 75 g / n r - miolo</c>
family:Liberation Sans">Cartão supremo 2.50 g/m 2 - capa</c>
family:Liberation Sans">Tipologia</c>
family:Liberation Sans">Número dc páginas</c>
family:Liberation Sans">Garamond Premier Pro</c>
family:Liberation Sans">32S</c>
family:Liberation Sans">ESTA O B R A F O I I M P R E S S A NA R E T T E C A R T E S
G R Á F I C A S</c>
family:Liberation Sans">P A R A A E D I T O R A DA U N I C A M P EM J U N H O DE 2
0 IO.</c>
family:Liberation Sans"><pbr/>L .</c>
family:Liberation Sans">ti-00</c>
family:Liberation Sans">ChristophTürcke, nascido em</c>
family:Liberation Sans">1948, é professor de filosofia</c>
family:Liberation Sans">na Hochschule für Grafik und</c>
family:Liberation Sans">Buchkunst em Leipzig. Dentre</c>
family:Liberation Sans">suas principais publicações,</c>
family:Liberation Sans">destacam-se: Der tolle Mensch.</c>
family:Liberation Sans">Nietzsche und der Wahnsinn</c>
family:Liberation Sans">der Vernunft (4a ed., 2000), livro</c>
family:Liberation Sans">que foi traduzido para a língua</c>
family:Liberation Sans">portuguesa com o seguinte</c>
family:Liberation Sans">título: O louco: Nietzsche e a</c>
family:Liberation Sans">mania da razão (Vozes, 1993);</c>
family:Liberation Sans">Sexus und Geist:</c>
family:Liberation Sans">Philosophie</c>
family:Liberation Sans">im</c>
family:Liberation Sans">Geschlechterkampf</c>
family:Liberation Sans">(3a ed., 2001); e Rückblick aufs</c>
family:Liberation Sans">Kommende: Altlasten der</c>
family:Liberation Sans">neuen</c>
family:Liberation Sans">Weltordnung.</c>
<c props="font-family:Liberation Sans"><pbr/></c>
</section>
</abiword>

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