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TÉCNICAS DE ARTESANATO

Tita Mascarenhas

CURSO BÁSICO DE PATCHWORK À MÁQUINA

1. A HISTÓRIA – PRIMEIROS REGISTROS E A EVOLUÇÃO

Registros históricos mostram que o homem faz patchwork e quilt desde que aprendeu a tecer. Nas paredes das pirâmides egípcias
há desenhos de faraós trajando peças com essa técnica. Na idade média, cavaleiros usavam roupas acolchoadas como proteção,
sob as armaduras pesadas de metal.

A origem do patchwork é incerta, no entanto, foi nos Estados Unidos que a tradição herdada dos ingleses e galeses se
desenvolveu, chegando ao auge no final do século 19. As colchas eram feitas com tecidos de linho ou lã, em panos inteiros ou a
partir de medalhões centrais e bordas. Durante a Guerra da Independência prevaleceram colchas com temas patrióticos,
descrevendo batalhas, heróis e símbolos da revolução.

A partir de 1795 aparecem os blocos de patchwork e bordas “despedaçadas”, mas ainda em torno de um medalhão central. Em
1800, surgem o “NINE PATCH” e o “GRANDMOTHER’S BASKET” (blocos dos NOVE PEDAÇOS e a CESTA DA VOVÓ). Em 1806,
ficou conhecido o padrão de cadeia irlandês, quando é feito o primeiro trabalho totalmente em blocos.

Em 1851é patenteada a invenção da máquina de costura caseira, e novos métodos e padrões de blocos são conhecidos, como os
DRESDEN, ESTRELAS, PATA DE URSO, etc.

De 1929 a 1939, época da Grande Depressão, são muito usados os métodos que fazem aproveitamento de sucatas (sobras).

Na década de 70, novos produtos como réguas, cortadores circulares e pezinhos especiais foram desenvolvidos para facilitar a
atividade. A partir daí, a indústria têxtil desenvolveu novos padrões de tecidos para atender os anseios dos “artistas” que, com
habilidade, conseguiram expressar seu talento ao mundo, dando ao patchwork e quilt estatus de arte.

2. A TÉCNICA – UNIÃO DE RETALHOS

Ao pé da letra, a palavra inglesa “patchwork” significa a união de trabalho (work) com remendo (patch).

Mais do que unir retalhos, a técnica do patchwork vai muito além do sentido original do termo. Quando surgiu, como fruto da
necessidade, não passava efetivamente de um “trabalho com remendos”. Tratava-se de costurar entre si partes ainda boas de
roupas já rasgadas, para com elas formar uma nova peça.

Com o passar dos séculos, o patchwork foi deixando de ser um “trabalho com remendos” para transformar-se na técnica de costurar
juntos retalhos de várias cores ou padrões, cortados em formas idênticas ou diversas, de modo a compor um desenho de efeito
estético.

Boa parte dos trabalhos confeccionados em patchwork são acolchoados, isto é, consistem em duas ou mais camadas de tecido,
entremeadas de material macio, como algodão, manta de fibra, espuma, etc., que chamamos de quilt. No Brasil este trabalho
também pode ser conhecido como matelassé.

3. OS MÉTODOS TRADICIONAIS

Existem vários métodos para patchwork, porém os mais usados são o inglês e o norte-americano. O primeiro consiste em costurar a
mão retalhos de formas geométricas, cortadas com ajuda de molde. É ideal para confeccionar peças pequenas e médias, porém
muito complexo para trabalhos maiores. O método norte-americano também utiliza costura a mão e retalhos cortados em formas
geométricas, mas ao invés de trabalhar com estes individualmente, junta-os em unidades quadradas, que levam o nome de “blocos
emendados”. A vantagem desse método é facilitar o trabalho, tanto para principiantes como para pessoas versadas em patchwork.
Para uma peça pequena como uma almofada, basta usar um “bloco emendado”, tratando-o como se fosse um pedaço inteiro de
tecido. Para peças grandes – uma colcha, por exemplo – unem-se vários blocos, compondo padrões de belo efeito visual.
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4. A NECESSIDADE DE PLANEJAR

O bom planejamento é uma etapa essencial no processo do patchwork, cabendo-lhe a maior parte da responsabilidade pelo
resultado final.

Seja qual for o método adotado, antes de iniciar a execução de um trabalho dedique algum tempo à escolha dos tecidos e das
cores. Faça um esquema para a composição da peça, procurando harmonizar os retalhos não só pelo formato, mas também pelas
estampas e tonalidades selecionadas. Use papel quadriculado ou papel milimetrado para fazer o gráfico do trabalho. Sobre ele
distribua as várias formas geométricas que pretende dar aos retalhos: quadrados, triângulos, losangos. Risque, rabisque, teste
várias combinações. Quando estiver satisfeita com o resultado, comece a executar seu trabalho.

5. MATERIAL DE TRABALHO

Para fazer patchwork você vai precisar de muitos tecidos. Use, de preferência, tecidos 100% de algodão, que são os mais
indicados. No entanto, se quiser trabalhar com retalhos de seda, poliéster, veludo e outros, certifique-se de que todos os pedaços
são compatíveis em textura e espessura.

Importante medida a ser tomada antes de iniciar o trabalho é lavar (deixar de molho) e passar todos os tecidos que serão usados.
Assim você evita surpresas desagradáveis com aqueles que encolhem ou desbotam.

A escolha das linhas deve ser criteriosa, pois a má qualidade da linha pode estragar todo o trabalho. Prefira as 100% de algodão.
Para combiná-las, observe a cor de fundo ou predominante dos tecidos. Para montar blocos, use as de cores neutras (natural,
branca, creme).

Dê atenção especial às tesouras: reserve uma apenas para cortar os tecidos, caso contrário seu corte é perdido rapidamente.

Infelizmente, algumas pessoas esbarram na iniciação do patchwork pelos preços não muito baratos de suas principais ferramentas,
como cortadores, réguas e placas. Portanto, ao comprá-los tome cuidado especial e guarde-os corretamente.

1 – Placa ou Base para Corte (ou cutting mat), é a base de apoio


para usar o cortador.

2 - Réguas são fundamentais para os cortes exatos dos tecidos.


Ao adquiri-las procure pelas mais espessas. Para atender as
técnicas do patch existem vários formatos, mas comece pela
retangular e, conforme sua experiência e necessidade, invista, aos
poucos, em outros modelos.

5 – Cortadores: O cortador é imprescindível para cortar tecidos com


rapidez e precisão. O mercado oferece vários tamanhos. Quanto
mais larga for a lâmina, mais camadas de tecido você irá cortar.
Para prolongar sua durabilidade, use-o apenas para cortar tecidos
sobre a base para corte.

4 e 6 – Agulhas de mão e alfinetes: Tenha sempre por perto um


alfineteiro para lhe facilitar o trabalho.

6. BLOCOS BÁSICOS

Agora vamos começar a montar alguns blocos básicos, com técnicas diferenciadas:

NINE PATCH BLOCK (BLOCO DOS NOVE PEDAÇOS)

O NINE PATCH é o bloco mais conhecido do patchwork tradicional. É uma técnica extremamente simples e versátil, pela qual
costuma-se iniciar no aprendizado do patchwork.

Para fazer o bloco NINE PATCH você não precisa de moldes, basta saber o tamanho final que você deseja dar ao bloco e dividir
por 3 (três), ou seja, para um bloco de 15 cm você irá precisar de 9 (nove) quadrados de 5 cm (mais o acréscimo para as costuras).
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A técnica mais utilizada para fazer o bloco NINE PATCH é a “STRIP PIECING”, ou seja, tiras são costuradas e depois são
recortadas e costuradas até alcançar o objetivo final.

Veja a seqüência para fazer o bloco NINE PATCH EM DUAS CORES (A e B).

1. Corte dois jogos de tiras: A+B+A e B+A+B (figura 1).

(figura 1)

Cada tira deverá ter de largura a medida desejada para o bloco dividida por 3, mais o acréscimo para as costuras.

Exemplo: 15 : 3 = 5 + 1,5 para costuras = tira de 6,5 cm de largura.

O comprimento varia de acordo com a quantidade desejada de blocos.

2. Em seguida, costure as tiras formando dois grupos (figura 2).

(figura 2)

Passe a ferro, pelo avesso, dirigindo as sobras de costuras para o lado escuro.

3. Corte as tiras, no sentido da largura, na medida de 6,5 cm (mesma medida da tira inicial), formando novas tiras compostas por 3
quadrados (figura 3).

(figura 3)
4. Para montar seu bloco NINE PATCH junte as tiras recortadas (figura 4).

(figura 4)

Ao modelo tradicional do NINE PATCH pode ser acrescentados triângulos ou retângulos, dando origem a vários outros blocos. Veja
os exemplos:
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LOG CABIN BLOCK (BLOCO CABANA DE TORAS ou TRONCOS)

Considerado um dos mais tradicionais na arte do patchwork, o bloco LOG CABIN foi inspirado nas cabanas primitivas, feitas com
toras de madeira. O quadradinho central, que tradicionalmente era feito em vermelho, representa a lareira, o fogo central, que
ficava sempre aceso para manter o calor e cozinhar. A cabana era construída em toras de madeira superpostas, como o desenho
do bloco, onde cada pedaço representa um tronco que vai sendo agregado.

Este bloco pode ser feito usando-se várias cores e estampas, desde que obedeça ao padrão, ou
seja, de um lado cores claras, e do outro, cores escuras (ver figura).

MONTAGEM DE UM BLOCO LOG CABIN COM A TÉCNICA COSTURA E VIRA

No método costura e vira trabalha-se diretamente sobre uma base de tecido (forro), sobre a qual coloca-se o recheio (manta
acrílica).

Inicia-se então a montagem do bloco, colocando o forro (com o centro marcado), a fibra e depois o miolo (no centro marcado).
Iniciar a costura das tiras pela primeira cor clara sobre um dos lados do quadrado central. Vire-a.
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Seguir costurando as tiras, sempre no sentido horário, até completar o bloco.

SUGESTÕES PARA MEDIDAS DE BLOCOS LOG CABIN

Bloco de 35 x 35 cm = quadrado central 6 x 6 cm, largura das tiras 5 cm.


Bloco de 40 x 40 cm = quadrado central de 8 x 8 cm, largura das tiras 6 cm.

(nas medidas acima não estão incluídas as sobras para as costuras)

Estas são as medidas mais comuns para a confecção de colchas com blocos LOG CABIN, mas você poderá montá-los com
qualquer medida.

SUGESTÕES DE QUANTIDADES X MEDIDAS DE BLOCOS PARA A CONFECÇÃO DE COLCHAS DE CASAL E DE SOLTEIRO

Para uma colcha de casal tamanho padrão, com 2,40 x 2,20 m, usamos:

36 blocos de 35 x 35 cm + barrado
24 blocos de 40 x 40 cm + barrado

Para uma colcha de solteiro tamanho padrão, com 2,40 x 1,60 m, usamos:

24 blocos de 35 x 35 cm + barrado
15 blocos de 40 x 40 cm + barrado

MONTAGEM DO TRABALHO – UNIÃO DOS BLOCOS E ACABAMENTOS

Antes da união dos blocos, aparar as sobras, deixando todos os blocos do mesmo tamanho.

Sobre a cama, ou mesmo no chão, distribua os blocos segundo o diagrama pré-estabelecido. Numere a seqüência dos blocos para
não confundir quando for costurar. (o número pode ser preso com alfinetes)

Faça a união dos blocos costurando junto com o “tapa costura” que irá disfarçar as emendas, formando tiras que deverão ter a
largura da colcha, alternando a direção das costuras (figuras 1, 2 e 3).
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(figura 1) (figura 2) (figura 3)

Depois de emendadas as tiras, também com “tapa costuras”, faça a montagem final da peça com a adição de barras e colocação do
viés.

COURT-HOUSE STEPS (ESCADARIAS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA)

Este é também um bloco tradicional, uma versão e de construção igual ao bloco LOG CABIN.

O bloco COURT-HOUSE STEPS tem como característica lados opostos em cores iguais. O quadrado
central, é tradicionalmente feito na cor preta, para simbolizar a toga do juiz (ver figura ao lado).

Como no Log Cabin, o bloco Escadarias do Tribunal de Justiça nos proporciona uma infinidade de
composições.

Fontes de consulta:
Patchwork n°s 1, 2 e 3 – Casadois Editora
Patchwork e Matelassé – Ponto & Arte – Editora Globo

AGOSTO/2005

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