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ORIGINALIDADE DE DISCURSOS
- O autor não nega a qualidade questionável de algumas adaptações, mas ressalta outros
fatores importantes, como a propagação cultural e a manutenção da “aura”, recuperando aqui
um termo de Walter Benjamin, de determinada obra literária.
- Com o advento dessa desmistificação da literatura enquanto arte, mas também pensada em
contexto, “A teoria da adaptação tem à sua disposição, até aqui, um amplo arquivo de termos
e conceitos para dar conta da mutação de formas entre mídias – adaptação enquanto leitura,
re-escrita, crítica, tradução, transmutação, metamorfose, recriação, transvocalização,
ressuscitação, transfiguração, efetivação, transmodalização, significação, performance,
dialogização, canibalização, reimaginação, encarnação ou ressurreição”.
- “O problema que importa para os estudos da adaptação é que princípio guia o processo de
seleção ou “triagem” quando um romance está sendo adaptado? Qual é o “sentido” dessas
alterações?”
- Ater-se apenas a aspectos teóricos e formais nos estudos de adaptação poderá empobrecê-
los. Ignorar aspectos outros, como o contexto de produção, recepção e afins é fundamental
para uma análise comparativa completa.
- Stam cita alguns elementos, como o contexto temporal (adaptações mais ou menos próximas
da publicação), contexto de censura (filmes que dialogam com pesados momentos de
censura), de adaptações ao discurso hegemônico. O autor cita também adaptações que
atualizam os períodos históricos de seus textos-base. Podemos também levar em consideração
o contexto de recepção – leituras feministas de filmes de princesas Disney, por exemplo.
Partindo desses conceitos, como vocês veem a adaptação de A história de sua vida e A
Chegada? O foco, de um texto pro outro, muda? O que é mantido, o que é modificado? Que
elementos do discurso literário aparecem no texto cinematográfico? Que recursos cada um
dos textos usa, em sua forma, para construir uma coisa sua? O filme de Villeneuve, pra você,
é bem sucedido em sua adaptação?
Um dos temas muito presentes no filme, em minha leitura, é a visão de alteridade. O conto
história de sua vida também trata disso, mas o faz em uma perspectiva muito mais pessoal,
dramática, contando como a percepção de mundo e tempo de uma única pessoa é modificada.
O filme adiciona elementos de tensão mundial, tornam a heroína uma intercessora entre
culturas completamente alienígenas. Se o conto trata da perspectiva de Louise Banks em
relação aos alienígenas e a sua própria vida, o filme trata da alteridade também em relação a
outros países e culturas, trata da beligerância interna de nossa espécie, a incapacidade de
colaboração interna mesmo diante de uma suposta ameaça.
Em minha tese, separo um tópico para falar de pós-humano como um conceito que tenta ir
além do humano estabelecido na era moderna (o período que, como falamos nas aulas
anteriores, foi aquele em que a ficção científica pôde surgir enquanto gênero). O texto de
Stuart Hall vem a calhar nessa discussão:
- Posteriormente, essa concepção de indivíduo tornou-se mais social, movimentado por dois
grandes eventos: a biologização do ser humano e o surgimento das ciências sociais. O
indivíduo passou a ser localizado em processos de grupo e nas normas coletivas sociais. Então
o conceito de sujeito começou a ser descentralizado pelas rupturas do conhecimento
moderno.
- Hall cita cinco grandes momentos de ruptura no conhecimento da teoria social e ciências
humanas: