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Universidade de Brasília

Disciplina: Física 3 Experimental - Turma A


Professor: Leonardo Luís e Castro

EXPERIMENTO 6 – DEFLEXÃO ELÉTRICA E MAGNÉTICA


DE ELÉTRONS

Alunos:

Lorena Nunes de Macena 13/0121142


Gabriel Carvalho Albuquerque Cunha 13/0111066
Jorge Matheus Ribeiro Santos 13/0011444

Brasília, 12/09/2018
1) OBJETIVOS

O objetivo dos experimentos realizados era, experimentalmente, analisar as deflexões de


partículas elétricamente carregadas (elétrons) consequentes da exposição destes a campos
vetoriais, tanto elétricos como magnéticos. Ainda, é interessante salientar que outro objetivo era
compreender o funcionamento do tubo de raios catódicos, ferramenta imprescendível ao
experimento.
Por fim, como em todos os experimentos realizados na disciplina, o objetivo final foi
averiguar se os dados experimentais coletados condiziam com previsões teóricas hipotéticas
embasadas no conhecimento teórico sobre o assunto (ações de campo elétricos e de campo
magnético sobre partículas carregadas).

2) INTRODUÇÃO TEÓRICA

Um tubo de raios catódicos é um tubo de vidro cujo interior é feito vácuo, e onde há um
cátodo aquecido e vários eletrodos. Um desses eletrodos focaliza o feixe de elétrons emitido pelo
cátodo, o outro acelera esse feixe. O feixe de elétrons passa, então, entre duas placas, chamadas
placas de deflexão, que geram um campo elétrico que desvia a trajetória do feixe, de acordo com
a intensidade do campo. Isso porque o campo elétrico faz surgir uma força elétrica sobre as
partículas do feixe, a qual altera a direção de sua velocidade.
Por fim, o feixe de elétrons atinge uma tela no fim do tubo, feita de material fluorescente,
de forma que o ponto atingido pelo feixe se ilumina, o tornando visível. O mesmo tubo de raios
catódicos é submetido a um campo magnético gerado por duas bobinas, e a força magnética
sofrida pelos elétrons também altera a direção da velocidade dos elétrons, porém na direção
perpendicular à força elétrica observada anteriormente, seguindo a regra da mão direita.

3) MATERIAIS UTILIZADOS

- Um tubo de raios catódicos;


- 3 fontes tensão/corrente;
- 2 bobinas (máximo 4A);
- 2 tripés;
- 2 placas de apoio;
- Régua;
- Cabos para conexão.
4) ANÁLISES E RESULTADOS

A) Campo elétrico.

Nesta etapa do experimento, a motivação era a análise das deflexões dos elétrons,
implicadas pela ação de um campo elétrico atuante. Tais deflexões foram justificadas pelas forças
elétricas atuantes sobre as partículas carregadas (elétrons), consequentes da exposição destas ao
campo elétrico gerado pelas placas defletoras.
Para tanto, foram realizadas 4 séries de análises variando a tensão do cátodo (nos valores
exatos de 300V, 400V, 500V e 600V). Em cada série, ainda, foram variadas as tensões das placas
defletoras (de -60V a 60V), ou seja, o módulo e a direção do campo elétrico atuante foram
variados no experimento.
Desta forma, sendo o referencial para deflexão o centro do tubo de raios catódicos (sendo a
direita deste, o referencial positivo para a deflexão) os dados coletados são apresentados nas
tabelas 1 e 2.

Tabela 1: Variação da deflexão em função da tensão das placas defletoras.

Va= 300 V Va= 400 V

DDP das placas DDP das placas


Deflexão (cm) Deflexão (cm)
defletoras (V) defletoras (V)

-3.5 -60 -2.8 -60

-3 -50 -2.3 -50

-2.4 -40 -1.9 -40

-2 -30 -1.4 -30

-1.3 -20 -0.9 -20

-0.6 -10 -0.6 -10

-0.3 0 -0.2 0

0.4 10 0.2 10

1 20 0.6 20

1.5 30 1.1 30
2.5 40 1.5 40

3 50 2 50

3.5 60 2.5 60

Gráfico 1: Deflexão em função da tensão das placas defletoras e tensão no cátodo constante

Deflexão x VPP' ( Va=300V)


80 y = 16,841x + 1,5546
60 R² = 0,9966

40
20
VPP' (V)

0 Série1
-4 -2 0 2 4 Linear (Série1)
-20
-40
-60
-80
Deflexão (cm)

Gráfico 2: Deflexão em função da tensão das placas defletoras e tensão no cátodo constante

Deflexão x VPP' ( Va=400V)


80 y = 23,241x + 3,9331
60 R² = 0,9986

40
20
VPP'( V)

0 Série1
-4 -2 0 2 4 Linear (Série1)
-20
-40
-60
-80
Deflexão (cm)
Tabela 2: Variação da deflexão em função da tensão das placas defletoras.

Va= 500 V Va= 600 V

DDP das DDP das


Deflexão (cm) placas defletoras Deflexão (cm) placas defletoras
(V) (V)

-2.5 -60 -2 -60

-2 -50 -1.7 -50

-1.5 -40 -1.3 -40

-1.1 -30 -1 -30

-0.6 -20 -0.6 -20

-0.4 -10 -0.5 -10

-0.2 0 -0.3 0

0 10 0 10

0.4 20 0.4 20

0.8 30 0.7 30

1.3 40 0.9 40

1.7 50 1.2 50

2.1 60 1.6 60
Gráfico 3: Deflexão em função da tensão das placas defletoras e tensão no cátodo constante

Deflexão x VPP' ( Va=500V)


y = 27,534x + 4,236
80 R² = 0,9894
60
40
20 Série1
VPP' (V)

0 Linear (Série1)
-4 -2 0 2 4
-20
-40
-60
-80
Deflexão (cm)

Gráfico 4: Deflexão em função da tensão das placas defletoras e tensão no cátodo constante

Deflexão x VPP' ( Va=600V)


y = 34,494x + 6,8988
R² = 0,995
80
60
40
20
VPP'(V)

0 Série1
-3 -2 -1 -20 0 1 2 Linear (Série1)
-40
-60
-80
Deflexão(cm)

Sabemos que a fórmula da deflexão é dada por:

𝑙 𝑙
𝐷=( ) ( + 𝐿) 𝑉𝑝𝑝′
2𝑑𝑉𝑎 2
Onde:
L (Distância da placa até a tela de visualização), l (Comprimento da placa defletora) e d
(distância entre as placas defletoras), valor da tensão no cátodo (Va).
Ainda, podemos escrever a equação na forma:

𝐷 = 𝑘 𝑉𝑝𝑝′
𝑘 = 𝑘 (𝑉𝑎; 𝐿; 𝑙 ; 𝑑)

onde k, quando são estabelecidos os valores de L, l, d e Va, é uma constante. Ou seja,


quando tais valores são pré-estabelecidos, a relação entre as deflexões D e as diferenças de
potencial Vpp’ tornam-se lineares, sendo k o coeficiente angular da função.

Assim, pela análise apresentada, fica claro como maiores deflexões estão associadas a
maiores diferenças de potencial VPP’, pois maiores diferenças de potencial implicam maiores
forças elétricas resultantes sobre as particulas, que, por conseguinte, condicionam maiores
acelerações sobre os estes corpos, condizentes com maiores desvios de suas trajetórias.
Outra análise interessante é a da influência da tensão Va dos cátodos quanto a deflexão
provocada sobre as partículas. De fato, para os parâmetros L , l e d fixados no experimento,
valores de Va crescentes implicaram maiores valores para os coeficientes lineares k, ou seja,
implicaram distribuições também lineares, porém mais inclinadas (deflexões menores para
variações fixas nas tensões VPP’ das placas defletoras, quando analisados os fatores Va na ordem
crescente). Tal fato já era esperado pelo conhecimento teórico no qual o experimento está
embasado, pois sendo Va proporcional a aceleração do elétron na direção ortogonal a aquela na
qual sofre deflexão, quanto maior Va, menos tempo o elétron levará para sair da região na qual
sofre influência de forças elétricas, ou seja, menos tempo passará sobre a ação de forças que
causam a sua deflexão. Assim, defletindo menos para maiores tensões de cátodo Va.

B) Campo magnético

Nessa parte do experimento, conectou-se as bobinas em série com a fonte. Então


verificou-se um feixe curvo luminescente que indicava que a polaridade do campo magnético
estava correta. Variou-se a corrente nas bobinas, de forma a variar, portanto, a intensidade do
campo magnético, avaliando a dependência da deflexão do feixe pela corrente..
Assim, como na análise do campo elétrico, foram realizadas 4 séries de análises variando
a tensão do cátodo (nos valores exatos de 300V, 400V, 500V e 600V). Desta vez, diferente da
análise de campo elétrico (onde a DDP entre as placas defletores foi variada) variou-se
gradualmente a corrente elétrica a percorrer a bobina, de modo a variar o campo magnético.
Desta forma, sendo o referencial para deflexão o centro do tubo de raios catódicos (sendo
a direita deste, o referencial positivo para a deflexão) os dados coletados são apresentados nas
tabelas 3 e 4.
Tabela 3: Variação da deflexão em função da corrente nas bobinas.

Va=300V Va=400V
Corrente na Bobina
Deflexão (cm) Corrente na Bobina (A) Deflexão (cm)
(A)
-1.5 -2.8 -1.5 -2.5
-1.2 -2.2 -1.2 -2.0
-0.9 -1.6 -0.9 -1.4
-0.6 -1.1 -0.6 -0.9
-0.3 -0.6 -0.3 -0.5
0.3 0.6 0.3 0.6
0.6 1.1 0.6 1.0
0.9 1.6 0.9 1.4
1.2 2.4 1.2 1.9
1.5 3 1.5 2.3

Gráfico 5: Deflexão em função da corrente nas bobinas e tensão no cátodo constante

Corrente na bobina x Deflexão (Va=300V)


4

2
Deflexão (cm)

0
-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
-1

-2

-3

-4
Corrente (A)
Gráfico 6: Deflexão em função da corrente nas bobinas e tensão no cátodo constante

Corrente na bobina x Deflexão


(Va=400V)
3

2
Deflexão (cm)

0
-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
-1

-2

-3
Corrente (A)

Tabela 4: Variação da deflexão em função da corrente nas bobinas.

Va= 500V Va= 600 V


Corrente na Bobina
Deflexão (cm) Corrente na Bobina (A) Deflexão (cm)
(A)
-1.5 -2.2 -1.5 -2.1
-1.2 -1.7 -1.2 -1.7
-0.9 -1.3 -0.9 -1.2
-0.6 -0.9 -0.6 -0.8
-0.3 -0.4 -0.3 -0.4
0.3 0.4 0.3 0.4
0.6 0.8 0.6 0.8
0.9 1.3 0.9 1.2
1.2 1.8 1.2 1.6
1.5 2.3 1.5 2
Gráfico 7: Deflexão em função da corrente nas bobinas e tensão no cátodo constante

Corrente na bobina x Deflexão


(Va=500V)
3
2,5
2
1,5
Deflexão (cm)

1
0,5
0
-2 -1,5 -1 -0,5 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
-1
-1,5
-2
-2,5
Corrente (A)

Gráfico 8: Deflexão em função da corrente nas bobinas e tensão no cátodo constante

Corrente na bobina x Deflexão (Va=600V)


2,5
2
1,5
1
Deflexão (cm)

0,5
0
-2 -1,5 -1 -0,5 -0,5 0 0,5 1 1,5 2

-1
-1,5
-2
-2,5
Corrente (A)

Análago ao que ocorreu na análise de campo elétrico, na análise de campo magnético,


notou-se como a maiores correntes elétricas nas bobinas implicaram maiores deflexões nas
partículas. Isto se justifica pelo fato de que, quanto maiores forem tais correntes, maior será o
campo mangético atuante gerado, e, desta forma, maiores são as forças magnéticas atuantes sobre
a partícula, que implicam maiores deflexões destas (por implicarem maiores acelerações, em
módulo).
Por fim, quanto a tensão nos cátodos, maiores valores de Va estão associados a menores
deflexões das partículas, quando todas as outras variáveis foram mantidas. Isto se deve ao mesmo
fato descrito para os campos elétricos, pois, de novo, quanto maiores forem as tensões Va,
maiores serão as acelerações iniciais das partículas na direção ortogonal ao qual sofrem desvio,
implicando menor tempo para que deixem as regiões onde sofrem ação das forças magnéticas que
causam suas deflexões. Destarte, novamente, para valores crescentes de Va, encontramos valores
menores de deflexão para os mesmos intervalos de variação de corrente na bobina.

5) CONCLUSÃO

Com o experimento realizado, foi possível concluir que no caso de uma deflexão causada
por um campo elétrico, a deflexão é inversamente proporcional ao potencial de aceleração, e é
diretamente proporcional à tensão aplicada nas placas. Já na segunda parte, onde foi gerado um
campo magnético, a deflexão foi diretamente proporcional à corrente que atravessa as bobinas e
inversamente proporcional à raiz quadrada do potencial de aceleração. Os resultados de ambos os
itens do experimento obedeceram os comportamentos estabelecidos pelo modelo teórico, sendo
assim, o experimento foi bem sucedido mesmo com erros experimentais.

6) REFERÊNCIAS

- HALLIDAY, D. & RESNICK, R. Fundamentos de Física – 3 –Eletromagnetismo. 8.


ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009;

- Roteiro do experimento.

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