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Para que haja a mais completa compreensão possível do cenário atual, é

necessário o estudo das origens e do decorrer da história da tributação no Brasil.


Desde a fase Colonial do país até a presente data, foram diversas as formas da
onipresente arrecadação de tributo.

Primeiramente, etimologicamente, a palavra tributo é de origem latina, da


expressão tributum, que tem o significado de divisão entre tribos. Atualmente, a
Constituição Federal de 1988, estabeleceu que a definição de tributo devesse ser
dada por Lei Complementar, em seu artigo 164:

“Art. 146. Cabe à lei complementar:

III - estabelecer normas gerais em matéria de


legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como,


em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a
dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes;”

Entretanto, o Código Tributário Nacional (Lei 5.172 de 25 de outubro de


1966) contém a definição de tributo em seu artigo 3º:

“Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária


compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.;”

Alguns autores criticam tal definição contida na lei. Para Luciano Amaro, a
doutrina tem o papel de definir e classificar tributos. Além disso, ele destaca a
redundância de expressões, visto que se é “prestação pecuniária”, conforme cita o
artigo, obviamente se trata de moeda. Logo, não há de se tornarem duas
alternativas, conforme o texto diz, considerando ser tratar do mesmo objeto[1].

Porém, nem sempre a prestação se deu em moeda. Muito pelo contrário:


no Brasil-Colônia, nos primórdios, as prestações eram dadas em forma de parte da
matéria produzida, por não haver moeda à época. Sendo assim, embora pareça
redundante, na verdade, o código utiliza de ideia arcaica, fora do contexto atual.

Como explanado acima, a primeira forma de tributação no Brasil, de forma


não escrita e nem declarada, foi a exploração de pau-brasil e outras riquezas do
solo brasileiro na chegada dos portugueses, no ano de 1500, que, de certo ponto de
vista, é um tributo à monarquia portuguesa daquela época.

Inclusive, tal riqueza das terras brasileiras incentivou a vinda de


saqueadores e aventureiros treinados de outros países, como franceses, por
exemplo, para extrair o máximo possível da costa, conquistando a simpatia dos
nativos.

Dessa forma, a princípio, a descoberta do Brasil, por maior que fosse seu
potencial, causava grande preocupação na realeza portuguesa, visto que não havia
suporte para proteção do vasto território encontrado. Logo, foi houve dispêndio de
grande esforço humano e financeiro para que ocorresse tal proteção.

Diante desse cenário, criou-se a conhecida primeira fase de tributação no


Brasil, constituída diante das quinze Capitanias Hereditárias, antes chamadas
Donatárias, que serviam exclusivamente aos interesses do então rei português D.
João III. Nessa divisão, foi escolhido um “Capitão-Mor” para cada, sendo o
representante da monarquia, atuando como órgãos tributários das atividades de
suas jurisdições.

Somente terras concedidas através da carta de sesmaria estariam livres de


tais tributos. Tais terras pagavam apenas dízimos para a chamada Ordem de Cristo,
que era destinada à catequese e cristianização dos nativos. Uma espécie de
imunidade tributária que atualmente é destinada às igrejas, por exemplo, que já se
manifestava desde os primórdios da civilização brasileira.

Porém, em 1548, foi criado um governo-geral para substituir a atuação das


capitanias hereditárias, porém mantendo-as como divisão, e foi nomeado um
governador-geral, chamado Thomé de Souza, para representar os interesses do rei
no Brasil. Com isso, os sesmeiros, donos das terras sob a carta das sesmarias, agora
eram sujeitos a impostos, tributos e obrigações.
Nesse momento, o Brasil entrava na chamada segunda fase da
administração tributária, em que foi nomeado um provedor-mor da Real Fazenda,
Antônio Cardoso de Barros, e provedores-parciais nas diversas capitanias, sendo
Brás Cubas, em São Vicente, o primeiro, através da edição da Lei Tributária.

Com isso, os tributos foram classificados em três espécies, e em dois


grupos, considerando a sua periodicidade, sendo ordinários e extraordinários. Os
primeiros eram decorrentes de atividades como gastos com guerras e proteção
armada; os segundos com despesas da sociedade.

A primeira espécie de tributo denominava-se Derramas. Consistia na


cobrança da diferença em relação ao que deveria ter sido pago e não foi (ex:
cobrança do quinto do ouro em atraso); a segunda se chamava Finta, esta era
proporcional à renda que o contribuinte com sua atividade; e, por fim, a terceira
englobava as contribuições de designação subsidiária, aquele que não era nem
derrama nem fintas.

Quanto aos agentes, o papel do provedor-mor, primariamente, era


superintender e fiscalizar a arrecadação dos tributos ao Tesouro da Coroa, bem
como julgar causas que excediam as alçadas de provedores-parciais (de 10.000
réis). Por sua vez, o papel destes últimos, era basicamente o mesmo, porém com
competências localizadas em suas capitanias, e arrecadando, também, bens de
pessoas falecidas sem herdeiros ou testamento,

Anualmente, os provedores-parciais tinham o dever de prestar contas ao


provedor-mor sobre a receita e despesa de cada uma. Além do papel de arrecadar,
providenciavam a segurança da capitania, sendo por meio de construção de navios
destinados à vigilância.

A primeira alfândega foi construída na cidade de São Sebastião do Rio de


Janeiro, fundada em 1565, por Estácio de Sá, que nomeou-se provedor-parcial dali.

Em 1649, após boa fase de arrecadação naqueles cem anos que se


passaram, inclusive com o monopólio do comércio através da tributação de todas
as atividades lucrativas, foi criada a Companhia Geral do Comércio, que daria, da
mesma forma, o monopólio legal e da macro economia.
Após a criação de tal órgão, a Fazenda Real agora tinha total controle
contra sonegação de impostos. Porém, na verdade, o monopólio era apenas uma
saída para o iminente problema de inicio de escassez de extrativismo barato nas
regiões litorâneas, o que custearia ainda mais a produção e, consequentemente,
dificultaria o pagamento de tributos por aqueles que detinham a matéria prima.

Um fator que melhorou, e muito, a economia e a tributação da época foi a


extração do ouro, que ganhara força em 1644 somente, após Brás Cubas ter
descoberto a primeira jazida do material em na década entre 1560 e 1570, em São
Vicente, e dali ter enviado as primeiras amostras à Coroa Portuguesa.

Inclusive, em 1601, foram criados benefícios aos descobridores de minas


de ouro, tendo o direito ao dízimo das lavras, um quarto do manancial e um prêmio
em dinheiro. Além disso, nas cartas de concessão aos donatários, já estavam
estipuladas as condições, reservando a Portugal o direito de tributar para si a
produção realizada no subsolo[2].

Nesse período, Por volta de 1630 a 1654, a região de Pernambuco era de


domínio holandês. Era, também, o centro do açúcar, e, com isso, foi criada uma
espécie de "Constituição Brasil-holandesa", onde estabelecia a figura do escuteto
(chefe administrativo municipal), ao qual cabia a função, naquela região sobre
aquela especifica atividade, de cobrador dos impostos.

Avançando na linha do tempo, ocorreu a vinda da família real portuguesa


para o Brasil, devido ao temor de Napoleão, após a revolução francesa, em 1789.
Com isso, fixou-se a sede da metrópole no Brasil e os portos foram abertos para as
nações parceiras. Consequentemente, o relacionamento comercial se tornou mais
aberto entre outras nações.

Decorrente de tal cenário, surgem os impostos de importação, dando


ensejo, não apenas, à arrecadação, como também ao protecionismo dos produtos
internos ou ao incentivo à exportação.

Fonte: https://jus.com.br/artigos/39319/a-origem-da-tributacao-no-
brasil

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