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geometrias

e medidas

O experimento

Experimento
Estradas para estação
Objetivos da unidade
1. Interpretar problemas de natureza geométrica;
2. Estudar relações entre pontos e retas experimental
e analiticamente.

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Secretaria de Ministério da Ministério


Educação a Distância Ciência e Tecnologia da Educação
O experimento
Estradas Sinopse

para estação Este experimento trata de um problema de otimização que envolve


a escolha da localização de uma estação ferroviária e a construção de
estradas. As questões serão apresentadas aos alunos, que deverão
discutir e chegar a um consenso sobre suas soluções. Após a discussão,
os alunos resolverão os problemas experimentalmente, descobrindo,
posteriormente, como encontrar as mesmas soluções de forma analítica.

Conteúdos
„ Geometria Analítica: Estudo do Ponto, Reta e Circunferência;
„ Geometria Plana: Problemas de Otimização no Plano.

Objetivos
1. Interpretar problemas de natureza geométrica;
2. Estudar relações entre pontos e retas experimental e analiticamente.

Duração
Uma aula dupla.
Introdução
A otimização está muito presente no nosso
dia-a-dia, até mesmo em questões simples
como escolher um caminho para ir ao
mercado. Porém, na maioria dos problemas
do cotidiano, existem muitas variáveis
a serem consideradas, por exemplo: é melhor
ir pelo caminho mais curto ou pelo mais
seguro?
Neste experimento apresentamos
a seguinte situação: dada uma linha reta de
trem, devemos construir uma estação e duas
estradas minimizando o material, isto é,
o objetivo é obter o traçado das estradas de
forma que o comprimento total seja o menor
possível.
Em seguida, de outra forma, almejamos
que duas estradas de mesma extensão
liguem as cidades à estação. Esta situação
não é a ideal para uma construção real, mas
permite estudos matemáticos e discussões
interessantes.
As resoluções desses problemas
serão desenvolvidas sob três aspectos:
experimental, geométrico e analítico.

Estradas para estação O Experimento 2 / 14


O Experimento
Material necessário

„ Papel quadriculado (ou papel milimetrado);


„ Régua;
„ Tesoura;
„ Compasso;
„ Papelão (ou isopor);
„ Tachinha;
„ Barbante;
„ Caneta hidrográfica (ou caneta comum).

fig. 1

Material complementar
„ Plástico transparente;
„ Laser;
„ Espelho pequeno;
„ Caneta para cd (marcador permanente).

Estradas para estação


Preparação

Professor, divida a classe em duplas e apre-


sente aos alunos o seguinte problema:

Um trilho ferroviário retilíneo passa próximo


a duas cidades. É preciso, então, construir
uma estação e duas estradas de acesso a ela.
Esta construção deve gastar o mínimo de
material possível.
Qual seria o melhor local para construir
a estação?

Cada dupla deve receber, por enquanto,


apenas uma folha de papel quadriculado.

etapa
Material mínimo
1
Após explicar o problema, inicie esta etapa
com uma reflexão: a classe deve chegar a
um consenso sobre como garantir a condição
de gasto mínimo para a construção das
duas estradas. Pretendemos que os alunos
percebam a necessidade de a soma das
medidas das estradas ser a menor possível.

O Experimento 3 / 14
Em seguida, peça aos alunos que façam º Para simplificar os cál-
uma representação gráfica da situação. culos da etapa final,
Verifique se os alunos representam o trilho sugira para os alunos
ferroviário por uma reta horizontal no escolherem os pontos
papel milimetrado, pois esta configuração das cidades nas inter-
secções do quadriculado.
simplificará os cálculos no Fechamento.
Feito o trilho, peça que desenhem dois
pontos, que serão as cidades A e B, como
na figura 2.

fig. 2

Professor, os alunos não devem desenhar


as cidades em uma mesma reta horizontal,
pois este é um caso particular que será
discutido posteriormente.
Finalizada a discussão, o novo problema
a ser resolvido é: º Comente com seus alunos
que neste problema
estamos considerando
Questão para os alunos que as dificuldades
Onde deve ser construída a estação para que de construção das
estradas podem ser
a soma das distâncias entre as cidades e
desconsideradas.
a estação seja mínima?

Estradas para estação


Neste momento, a Folha do Aluno deve ser
entregue.

Conforme a configuração de cada


desenho, os alunos devem tentar encontrar
a melhor posição para minimizar os custos
da construção. Para isso, eles devem seguir
o procedimento descrito abaixo:

1. Escolha 5 pontos distintos sobre o trilho;

fig. 3

2. Posicione o papel milimetrado em cima


do isopor (ou papelão);
3. Corte um pedaço de barbante que passe
por A, por B e por um dos pontos escolhido,
prendendo-o com as tachinhas;

O Experimento 4 / 14
fig. 4

4. Pinte o barbante com a caneta hidrográfica º Pinte entre as tachinhas


e separe-o; de A e B e o ponto
numerado. Não pinte
o barbante que sobrar.

fig. 5

fig. 6

Estradas para estação


5. Faça o mesmo com os 5 pontos do trilho.
Deixe os barbantes ordenados em relação
aos pontos;

fig. 7

6. Terminado o procedimento com todos


os pontos, compare-os e veja em qual deles
a soma foi menor, ou seja, qual barbante teve
a pintura de menor extensão; º Professor, este refina-
7. Caso ache necessário, pegue mais alguns mento só será útil se
pontos e faça o mesmo procedimento. o trilho for um segmento
de reta muito grande.
Terminado o experimento, os alunos terão No exemplo aqui apre-
sentado, isso não seria
uma estimativa sobre o ponto onde a soma
necessário.
das distâncias é mínima, isto é, um local
para a estação. Nesse caso, observando
a figura 7, podemos concluir que a estação
! Professor, não será
estará entre os pontos 3 e 4, onde as pinturas
possível encontrar o ponto
do barbante são menores. exato, pois, usando
barbante e caneta,
Alternativa para encontrar a estação alcançamos apenas
O ponto onde será construída a estação uma aproximação da
também pode ser encontrado usando laser localização da estação.

e espelho. A realização desta parte em


sala de aula fica a seu critério, professor,
pois ela não é fundamental para a conclusão
do experimento.

O Experimento 5 / 14
Posicione um espelho sobre o trilho.
Coloque o laser sobre a cidade A apontando
para a cidade B refletida no espelho e
acione-o, como mostrado na figura 8,
(o resultado será o mesmo se o laser for
colocado sobre a cidade B):

fig. 8

O laser irá tocar o espelho no local exato


da estação.

fig. 9

Estradas para estação


Neste caso, é possível visualizar um traço
vermelho indicando o caminho do laser: este
sai de A, toca o espelho no local exato da
estação e chega até B.
A imagem de B refletida no espelho foi de
suma importância para encontrar a estação.
Podemos observar esse fato da seguinte
maneira:
„ Primeiramente, reproduzimos a figura
do trilho e das cidades num plástico
transparente com a ajuda de uma caneta
(marcador permanente);
„ Dobramos o plástico no trilho e marcamos
outro ponto (B’) em cima da Cidade B,
como mostrado na figura 10;

fig. 10

„ Abrimos o plástico novamente (figura 11);


„ Desenhamos um segmento de reta que ligue
A a B’ .

Ao dobrar o plástico, temos o mesmo


efeito da reflexão no espelho. O ponto
observado na imagem formada no espelho
é o ponto B’, que tem a mesma distância até
o trilho que o ponto B.

O Experimento 6 / 14
fig. 11

Justificativa geométrica
Mas, geometricamente, como podemos
encontrar este ponto onde a soma é a menor?
Proponha a seguinte questão aos alunos:

Questão para os alunos


Se a cidade B estivesse do outro lado
do trilho, onde seria construída a estação?

A menor distância entre dois pontos é uma


reta; assim, se a cidade original estivesse
do outro lado do trilho, (B’), uma simples reta
unindo-as seria a solução do problema.
Dessa maneira, podemos dizer que se
construirmos uma cidade B’ simétrica a B ,
do outro lado do trilho, teríamos a solução
simplesmente traçando uma reta entre elas:

Estradas para estação


Cidade B’

Trilho Estação

Cidade B

Cidade A
fig. 12

Notação
A partir de agora usaremos cidade A = A,
cidade B = B, trilho = T , estação = E e
cidade B’ = B’ para simplificar a escrita
do texto.

Por serem simétricos, a distância de B’


ao trilho deve ser a mesma que de B ao trilho
e, traçando uma reta entre elas, esta deve ser
perpendicular ao trilho.
A reta traçada entre A e B’ cruzará º Este resultado será
o trilho no ponto P, que será o local exato discutido adiante.
da construção da estação. Assim, basta
traçar uma reta de E a B e teremos as
estradas desejadas.

O Experimento 7 / 14
Cidade B’

Trilho Estação
P

Cidade B

Cidade A
fig. 13

Este procedimento é possível, pois


os dois triângulos formados são congruentes.
(Os segmentos PB e PB’, e EB e EB’ são
iguais.)
Assim, é possível encontrar o ponto onde
a soma das distâncias é mínima e compará-lo
com o ponto encontrado na Etapa 1.

etapa
Distâncias iguais
2
Na Etapa anterior, foi encontrado um ponto
onde os gastos são minimizados. Porém,
nesse ponto as estradas não têm o mesmo
comprimento, ou seja, os moradores de

Estradas para estação


uma das cidades percorreriam uma distância
mais longa que os da outra para chegar à
estação.
Professor, sugira uma ambientação
do problema, dizendo que os moradores
da cidade mais distante não gostaram
do projeto de construção e acharam que
seria mais justo se as estradas tivessem
o mesmo tamanho.
Discutido isso, questione-os:

Questão para os alunos


Onde deve ser construída a estação para que
as estradas tenham a mesma extensão?

Para responder a essa questão, os


alunos devem utilizar inicialmente o mesmo
método experimental da Etapa 1. Os pontos
escolhidos anteriormente podem ser reutili-
zados, mas outros podem ser escolhidos se
necessário.
A principal diferença no procedimento
desta etapa é que os segmentos AE e BE
devem ser pintados com cores diferentes.

fig. 14

O Experimento 8 / 14
Finalizado o experimento, devemos
comparar os barbantes e verificar em qual
ponto as partes pintadas de cores diferentes
têm o mesmo tamanho (ou são próximas).

fig. 15

Observando a figura, podemos verificar


que os pontos 2 e 3 são os que têm
os tamanhos das partes pintadas mais
próximos. Com isso, podemos concluir que
a estação deve ficar entre estes pontos.

Alternativa para justificar a posição


da estação
A solução desta etapa pode ser justificada
com o uso de um espelho. A realização
desta parte em sala de aula fica a critério do
professor, pois ela não é fundamental para a
conclusão do experimento.
Primeiramente, traçamos um triângulo
com o ponto E estimado, A e B. Após isso,
posicionamos um espelho sobre o desenho
de forma que ele passe por E.

Estradas para estação


fig. 16

Movimente o espelho, mantendo a


estação como eixo, até encontrar um triân-
gulo com lados formados pelo ponto A e pelo
ponto A-imagem do espelho.

fig. 17

fig. 18

O Experimento 9 / 14
Como mostrado na figura 17, o espelho
ficará posicionado no ponto médio
do segmento AB, ou seja, sobre a mediana
do triângulo formado por E, A e B.

Justificativa geométrica
Vamos supor que as cidades e o ponto onde
ficará a estação sejam os vértices de um
triângulo. O que poderíamos dizer sobre esse
triângulo?

Trilho

Cidade B

Cidade A

fig. 19

O primeiro fato que podemos notar é que


o triângulo é isósceles. Afinal, ele tem dois
lados iguais, já que queremos estradas com
a mesma distância da estação.
O fato de o triângulo da figura 19 ser
isósceles nos traz algumas consequências
(figura 20), como:
1º Se temos dois lados iguais (o lado a é igual
ao lado b), consequentemente temos dois
ângulos iguais, θ;
2º A bissetriz do vértice do ponto procurado é
coincidente com a mediana desse vértice.

Estradas para estação


Trilho Ponto procurado

lado b

Bissetriz
lado a e mediana
Cidade B

Ponto médio

Cidade A

fig. 20

Assim, os alunos podem encontrar o ponto


da maneira descrita acima e verificar se
o procedimento experimental feito no início
da Etapa 2 foi suficiente para encontrar
o ponto com precisão.

Caso particular
Em situações reais, é preferível a minimi-
zação do custo de construção, deixando
de lado outros fatores, como as diferentes
distâncias entre as cidades. Existe alguma
situação onde este conflito não ocorreria?
Ou seja, existe alguma situação em que
ambos fatores sejam levados em conta,
ou seja, em que a construção da estação
seja a mais barata e também a que atende
às duas cidades igualmente?

Questão para os alunos


Como deveria ser a configuração das
duas cidades para que o ponto encontrado
na Etapa 1 seja o mesmo da Etapa 2?

O Experimento 10 / 14
Para a estação estar à mesma distância
das duas cidades e ainda ser a obra que
minimiza o material gasto, basta colocar
as cidades em uma mesma reta, paralela à
reta do trilho.

Fechamento
Após finalizar a parte experimental, inicie
com seus alunos um estudo analítico sobre
como encontrar os pontos das Etapas 1 e 2.

Material mínimo (Etapa 1)


Para o caso em que as duas estradas devem
ter soma mínima, sugerimos um método
de resolução, usando geometria analítica.
Primeiro, definimos um eixo cartesiano.
Para facilitar os cálculos, vamos defini-lo de
modo que o eixo x seja paralelo aos trilhos.
Também facilita defini-los de modo que um
dos pontos esteja sobre um dos eixos.
Agora, definimos a escala dos eixos
seguindo o quadriculado da folha e podemos
começar os cálculos.

Estradas para estação


11

10
Trilho
9

4 Cidade B
3

1 Cidade A
−1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

−1

fig.
−2
21

A coordenada de B é: B = (13; 3).


B’ é simétrico a B em relação ao T . Assim,
a sua coordenada x é a mesma, mas preci-
samos encontrar sua nova coordenada y.
Note que a distância de B a T é 6 e
a coordenada y de B’ deve ser igual à
coordenada y de B somada com duas vezes
essa distância. Assim,

yB  = y B + 2 · 6
B’ = (13; 15)

Precisamos agora encontrar a reta definida


pelos pontos A e B’. Assim:
Δy 15 − 0 15
mAB  = = = = 1, 36
Δx 13 − 2 11

O Experimento 11 / 14
é o coeficiente angular. A equação da reta
deve ser, então:

y − y0 = mAB  (x − x0 ),

onde y0 e x0 são as coordenadas de


algum ponto dessa reta. Escolhendo as
coordenadas de A, a equação torna-se:

A = (2; 0)
y − 0 = 1, 36(x − 2)
y − 1, 36 · x + 2, 72 = 0

Agora, fazendo a intersecção da equação


encontrada com a equação do trilho (y=9),
teremos o local da estação:

9 − 1, 36 · x + 2, 72 = 0
x = 8, 6

A coordenada da estação é: (8, 6; 9).

Distâncias iguais (Etapa 2)


Usaremos o mesmo eixo cartesiano
desenhado anteriormente.

Estradas para estação


11

10
Trilho
9

4 Cidade B
3

1 Cidade A
−1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

−1

fig.
−2
22

Trace um segmento de reta entre A e B.


Com as coordenadas em mãos, calcule
o ponto médio Pm:
x +x y +y 
A B
Pm = ; A B
,
2 2
onde xA e yA são as coordenadas de A,
e xB e yB são as coordenadas de B. Assim:
 
2 + 13 0 + 3
Pm = ; = (7, 5; 1, 5).
2 2
Calcule o coeficiente angular da reta
definida por A e B:
Δy 3−0 3
mAB = = = = 0, 27 .
Δx 13 − 2 11

O Experimento 12 / 14
Precisamos encontrar a reta perpendicular º Se duas retas são
ao segmento que passe pelo ponto médio. perpendiculares, sabemos
Para isso, através do coeficiente calculado que seus coeficientes
anteriormente, é possível encontrar o coefi- angulares, μ1 e μ2,
ciente da reta perpendicular: obedecem a relação:
μ1 = −1
μ .
2
−1 −1
m Pm = = = −3, 7 .
mAB 0, 27
A partir desse novo coeficiente, podemos
encontrar a equação da reta perpendicular
y − y Pm = m Pm (x − x Pm ), onde x Pm e y Pm
são as coordenadas do ponto médio. Assim:

y − 1, 5 = −3, 7(x − 7, 5).

Essa reta perpendicular cruza a reta que


representa o trilho em algum ponto, onde
será a estação. Para isso, precisamos usar
a equação da reta do trilho: y = 9.
Com isso podemos encontrar o ponto de
intersecção entre essas retas:

y=9
y − 1, 5 = 3, 7(x − 7, 5)

Substituindo y = 9 na segunda equação,


temos:

9 − 1, 5 = −3, 7(x − 7, 5)
7, 5 = −3, 7(x − 7, 5)
− 3, 7x + 27, 7 − 7, 5 = 0 x
x = 4, 6 .

Portanto, a estação deve ser construída


no ponto (4, 6; 9).

Estradas para estação


O Experimento 13 / 14
Ficha técnica
Autor Projeto gráfico Universidade Estadual Matemática Multimídia
Marcelo Firer e ilustrações técnicas de Campinas Coordenador Geral
Preface Design Reitor Samuel Rocha de Oliveira
Coordenação de Redação Fernando Ferreira Costa Coordenador de Experimentos
Rita Santos Guimarães Ilustrador Vice-Reitor Leonardo Barichello
Lucas Ogasawara de Oliveira Edgar Salvadori de Decca
Redação Pró-Reitor de Pós-Graduação Instituto de Matemática,
Mariana Sacrini Ayres Feraz Fotógrafo Euclides de Mesquita Neto Estatística e Computação
Augusto Fidalgo Yamamoto Científica (imecc – unicamp)
Revisores Diretor
Matemática Jayme Vaz Jr.
Antônio Carlos Patrocínio Vice-Diretor
Língua Portuguesa Edmundo Capelas de Oliveira
Carolina Bonturi
Pedagogia
Ângela Soligo

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