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PRIMEIRA FASE
Aula 04 - Prof. Rodrigo Martins
Pois bem. Quanto ao art. 120 do CTN, dispõe sobre regra específica
para a hipótese de desmembramento de pessoa jurídica de direito público
Como ela não tem por objeto a entrega (dever de dar) de dinheiro ao
Estado a título de tributo ou multa (obrigação principal), é uma obrigação não-
patrimonial!
Por exemplo: emitir nota fiscal (fazer), não rasurar livros fiscais (não
fazer), receber a visita do fiscal tributária (tolerar) etc.
Ele faz isso por uma questão de comodidade fiscal, pois é mais fácil
fiscalizar uma única pessoa (a fonte pagadora) quanto ao efetivo pagamento da
obrigação do que fiscalizar 100, 200, 1.000, 10.000 pessoas (a depender do
“tamanho” da fonte pagadora). Imaginem uma empresa com 10.000
empregados! Ademais, esse método também evita sonegação e inadimplência!
Por fim, apesar de o art. 121 não estipular quem é sujeito passivo da
obrigação acessória (do fazer, não fazer ou tolerar), corresponde à pessoa a
quem a legislação tributária atribui deveres diversos do dever de pagar.
3) A RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
Vejamos:
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de
modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira
pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a
responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter
supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
(...)
1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido
de que a lei que estabelece o regime da antecipação tributária, ou da
chamada substituição tributária para frente, não fere os princípios
constitucionais da capacidade contributiva, da legalidade e da
tipicidade (RE 213.396/SP, Rel. Min. ILMAR GALVÃO, Pleno, DJ de
1º.12.2000) (STF, 2ª T., RE 743.606 Agr/AP, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI, j. 11/02/2014).
final, quando o fato gerador que antes era presumido efetivamente se realizar?
Deve haver a devolução ou o pagamento suplementar?
No passado o STF decidiu que “(...) o fato gerador presumido, por isso
mesmo, não é provisório, mas definitivo, não dando ensejo a restituição ou
complementação do imposto pago, senão, no primeiro caso, na hipótese de sua
não-realização final (ADI 1851/AL, Rel. Min. ILMAR GALVÃO, j. 08/05/2002, DJ
22/11/2002).
Não há, nesse caso, uma cadeia produtiva ou comercial para frente ou
para trás.
Pois bem. De acordo com o art. 129 do CTN, essa responsabilidade por
transferência abrange os débitos de todos os fatos geradores ocorridos antes do
fato que desencadeia a transferência:
Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos
tributários definitivamente constituídos ou em curso de
constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos
Nesse caso temos uma regra excepcional, que pode unir, em tese,
até mesmo pessoas que não tenham interesse comum na situação que constitua
o fato gerador do tributo.
De acordo com o inciso II: se for dada uma isenção (dispensa legal
de tributo devido, como veremos adiante) ou remissão (dispensa legal de multa
devida, como também veremos adiante) de crédito tributário, os efeitos dessa
isenção ou remissão exonerará todos os demais obrigados (devedores solidários),
exceto se outorgada (dada) pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse
caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo da dívida não
alcançada pela isenção ou pela remissão (atenção a essa hipótese, tendo
em vista a frequência com que é cobrada pelo examinador da OAB/FGV).
parágrafo único do art. 174 do CTN, que pode ser (i) pelo despacho do juiz que
ordenar a citação em execução fiscal; (ii) pelo protesto judicial; (iii) por qualquer
ato judicial que constitua em mora o devedor; ou (iv) por qualquer ato inequívoco
ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor,
essa interrupção ocasionada em função de um dos devedores solidários surtirá
efeitos em relação aos outros (favorecendo ou prejudicando).
Atenção! Não é todo e qualquer tributo que pode ser transferido para
a responsabilidade do adquirente!
Pois bem. O caput do art. 130 do CTN traz a regra, de que aqueles
tributos, acaso não pagos pelo contribuinte, são transferidos para a
responsabilidade do adquirente do imóvel.
Atenção: nesse caso o débito será quitado com o valor pago por meio
do lance dado.
De fato, não há neste art. 131 que estamos vendo (referente à aquisição
de bens imóveis) uma regra igual ou sequer semelhante àquela constante no
parágrafo único do art. 130 que vimos antecedentemente (muito embora haja
decisões isoladas do STJ aplicando a mesma regra do art. 130, mas, reitera-se,
são decisões isoladas).
O mesmo artigo 131 prescreve, no seu inciso II, que também são
pessoalmente responsáveis:
Conceito de Fusão:
Conceito de Transformação:
Conceito Incorporação:
Pois bem. Há outra forma de se “alterar” uma pessoa jurídica que não
foi contemplada no art. 132 do CTN: é pela cisão?
Conceito de Cisão:
1
Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente
constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos
posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a
referida data.
Pois bem. O parágrafo único do art. 132 do CTN em questão traz uma
regra residual para a hipótese de continuação da atividade por sócio ou espólio
em caso de extinção da pessoa jurídica:
ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, passa a ser responsável
tributário pelos tributos devidos até a data do ato pelo fundo ou estabelecimento
adquirido.
2
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial: direito de empresa. 20. ed. rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2008, p. 13.
Por exemplo: acaso João tenha sido diretor da pessoa jurídica XYZ nos
anos de 2015 e 2016, ele só poderá ser eventualmente responsabilizado por
tributos cujos fatos geradores tenham ocorrido nesses anos de 2015 e 2016. Se
o ato irregular (e o fato gerador do tributo) foi cometido no ano de 2014, então
é o Diretor da época quem deve, em regra, ser responsabilizado.
Isso deu fundamento ao STJ para editar a Súmula 435, com o seguinte
enunciado:
Pois bem. Explicamos acima que muito embora o dispositivo legal não
esclareça, em regra a jurisprudência do STJ entende que diretor, gerente ou
representante da pessoa jurídica só pode ser responsabilizado pelos atos
irregulares cometidos no período em que estiveram investidos nessas
funções.
Essa é a regra!
Por fim, apesar de ser uma abordagem processual, sendo, pois, dessa
forma, matéria a ser tratada mais adiante (quando formos estudar a parte
processual tributária), pela importância que tem cumpre-nos explicar que essa
responsabilização dos diretores, gerentes ou representantes pode ocorrer antes
ou após a distribuição do Processo de Execução Fiscal: se feita antes, o nome
daqueles responsáveis solidários (diretores, gerentes ou representantes) já
constará na CDA – Certidão da Dívida Ativa da Execução, presumindo-se
(presunção juris tantum, isto é, que admite prova em contrário) que praticaram
atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos;
porém, se após, significa que o nome daqueles responsáveis deverá ser incluído
no processo de execução, mediante prova a ser produzida pela Fazenda Pública,
razão pela qual não é possível simplesmente presumir que eles praticaram atos
com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos (a
Fazenda Pública deve provar).
curso do processo de execução, caberá esse meio de defesa (nesse caso a defesa
não fica restrita aos Embargos à Execução Fiscal, cabendo, também, Exceção de
Pré-executividade):
de uma obrigação principal) que, a princípio, não é crime (a não ser que configure
sonegação, o que dependerá do enquadramento da conduta no tipo penal
específico).
Ocorre que o art. 138 do CTN traz uma “premiação” àquela pessoa que
tenha cometido uma infração à legislação tributária e que decida “autodenunciar-
se”. Vejamos:
Nesse sentido:
(...)
É cediço o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no
sentido da legalidade da cobrança de multa pelo atraso na
entrega da declaração de rendimentos, inclusive quando há
denúncia espontânea, pois esta "não tem o condão de afastar a
multa decorrente do atraso na entrega da declaração de
rendimentos, uma vez que os efeitos do artigo 138 do CTN não
se estendem às obrigações acessórias autônomas”. (AgInt. no
AREsp. Nº 1022862/SP, T2, Rel. Min. Mauto Campbell Marques, j.
13/06/2017).
dar o benefício àquele que só tomou essa iniciativa porque teve contra si iniciada
uma fiscalização.
A não ser que a lei específica de cada ente tributante (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios) disponha de modo diverso (e não conhecemos um
único caso, importa mencionar), as convenções particulares (contratos
particulares) relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributo não
podem ser opostas à Fazenda Pública.
QUESTÕES DA OAB
C) Francisco não poderia ser incluído no polo passivo, ainda que fosse
administrador da XYZ Ltda. e tivesse encerrado ilegalmente as atividades da
pessoa jurídica.
D) Francisco não poderia, unicamente em razão da decretação de falência de XYZ
Ltda., ser incluído no polo passivo da execução fiscal.