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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO - UNIVESP

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO - 1º BIMESTRE

CARLOS ROBERTO COUTINHO

RA 1832301

ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

O FUTURO DO ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO

Semana 4

TAUBATÉ-SP

2018
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CARLOS ROBERTO COUTINHO

ATIVIDADES PARA AVALIAÇÃO:


ARTIGO SOBRE O FUTURO DO ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO
AS COMPETÊNCIAS DE UM ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO EM 2030

Atividade de avaliação da Semana 4 da disciplina


Introdução à Engenharia de Produção, do curso de
Engenharia de Produção da Universidade Virtual do
Estado de São Paulo

Professor: Dr. Maurício B. de Camargo Salles

TAUBATÉ-SP

2018
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3

2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................ 3

2.1. INDÚSTRIA 4.0 ....................................................................................................... 4

2.2. IMPACTO NAS COMPETÊNCIAS ........................................................................ 6

3 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 8

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 9
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1. INTRODUÇÃO

Durante os estudos realizados nas três primeiras semanas do presente curso abordou-se
sobre o papel do engenheiro na atualidade no geral e, em particular, na área da engenharia de
produção. Verificou-se claramente que com as novas tecnologias que estão por vir a profissão
sofrerá transformações importantes e demandará novas competências.

Nessa pesquisa discute-se como deverão ser as competências do Engenheiro de


Produção em 2030, destacando-se quais as principais mudanças nessas competências em
relação às demandadas atualmente e algumas possíveis conseqüências e implicações dessas
mudanças.

2. DESENVOLVIMENTO

É inevitável constatar que as mudanças tecnológicas têm implicado em uma


continuada transformação no perfil da força de trabalho e as conseqüentes habilidades e
competências requeridas, incluídos aí não somente a força de trabalho operacional, mas
também a técnica e a gerencial, inclusive os Engenheiros de Produção. E essas mudanças
tecnológicas tem se intensificado em ritmo e profundidade. Os habilitadores principais dessas
mudanças são, sem dúvida, os sistemas de informação, automação e inteligência artificial.

As áreas de manufatura e operações onde, predominantemente, atua o Engenheiro de


Produção, tem sido e ainda será grandemente moldada por essas mudanças tecnológicas. Na
verdade, na área de manufatura, uma verdadeira nova revolução (chamada de “Indústria 4.0”)
tem sido apontada como estando em curso, trazendo uma nova perspectiva de operação e
gestão, baseada nessas novas fronteiras tecnológicas.

Vamos analisar, a seguir, as principais características dessa nova revolução, a Indústria


4.0 e, na seqüência, de uma maneira mais ampla, as implicações dessas novas fronteiras
tecnológicas e mudanças organizacionais terão para um Engenheiro de Produção em 2030,
tomando como referência dois estudos publicados pela consultoria McKinsey & Company
sobre a Indústria 4.0 (BAUR e WEE, 2015) e sobre o impacto das novas tecnologias nas
habilidades e competências futuras da força de trabalho (MCKINSEY GLOBAL INSTITUTE
- MGI, 2018).
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2.1. Indústria 4.0

Conforme um artigo publicado pelos consultores Cornelius Baur e Dominik Wee do


escritório da McKinsey & Company em Munique (BAUR e WEE, 2015), a Indústria 4.0 é a
quarta revolução industrial após os anos 1970:

Comecemos com algumas definições. Definimos Indústria 4.0 como a próxima fase da
digitalização do setor manufatureiro, impulsionada por quatro disrupções: o surpreendente
aumento do volume de dados, da potência computacional e da conectividade,
particularmente as novas redes WAN de baixa potência [LPWANs]; o surgimento
de analytics e de novos recursos de inteligência de negócios; as novas formas de interação
entre seres humanos e máquinas, como interfaces touch e sistemas de realidade
aumentada; e as melhorias na transferência de instruções digitais para o mundo físico,
como a robótica avançada e impressão 3D. (Todavia, essas quatro tendências não são o
motivo da denominação “4.0”. Esta denominação vem do fato de se tratar da quarta
grande revolução na indústria moderna, após a revolução lean dos anos 1970, o fenômeno
da terceirização dos anos 1990 e a automação deslanchada nos anos 2000.) (BAUR e
WEE, 2015)
E eles destacam, também, o que chamam de “tendências disruptivas” trazidas pela
Indústria 4.0:

Vejamos um exemplo de cada tendência disruptiva:


 Big data. Certa mineradora de ouro africana encontrou maneiras de obter mais
dados de seus sensores. Os novos dados mostraram algumas oscilações
inesperadas nos níveis de oxigênio durante a lixiviação, um processo-chave. A
correção dessa falha aumentou o rendimento em 3,7%, equivalente a até US$ 20
milhões por ano.
 Advanced analytics. Análises mais robustas podem melhorar drasticamente o
desenvolvimento de produtos. Um fabricante de automóveis vem cotejando dados
de seu configurador online com dados de compras para identificar as opções
pelas quais os clientes estão dispostos a pagar um adicional. Com o conhecimento
assim adquirido, reduziu o número de opções de determinado modelo para apenas
13 mil – três ordens de magnitude a menos que seu concorrente, que oferecia 27
milhões de opções. O tempo de desenvolvimento e os custos de produção caíram
dramaticamente; a maioria das empresas é capaz de melhorar a margem bruta em
30% em 24 meses.
 Interfaces homem-máquina. A empresa de logística Knapp AG desenvolveu uma
tecnologia de picking [separação e preparação de pedidos] usando a realidade
aumentada. Os funcionários utilizam um headset que exibe informações vitais em
um visor transparente, ajudando-os a localizar os itens com maior rapidez e
precisão. Com ambas as mãos livres, eles podem construir paletes mais fortes e
mais eficientes, protegendo melhor as peças mais frágeis. Uma câmera integrada
captura os números de identificação de série e de lote para monitoramento do
estoque em tempo real. O número de erros caiu 40%, entre muitos outros
benefícios.
 Transferência digital-para-físico. A Local Motors constrói carros quase
inteiramente por meio de impressão 3D, com um projeto financiado
por crowdsourcing em uma comunidade online. Consegue construir um novo
modelo a partir do zero em um ano, tempo muito menor que a média do setor,
seis anos. A Vauxhall e a GM, entre outras, ainda estampam muito metal, mas
também têm usado impressão 3D e prototipagem rápida para minimizar o time-
to-market. (BAUR e WEE, 2015)
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Seguramente, todas essas “tendências disruptivas” terão impacto nas habilidades e


competências necessárias para a força de trabalho no futuro e, em especial, para os
Engenheiros de Produção, que atuam na especificação, planejamento e gestão dos sistemas
produtivos.

O artigo descreve também a chamada “bússola digital’. A bússola consiste em oito


geradores de valor e 26 alavancas práticas da Indústria 4.0. Este quadro pode contribuir para
discussões entre as várias funções e ajudará as empresas a identificar as alavancas mais
adequadas para resolver seus problemas específicos. Demonstra a extensão das mudanças.

Figura 1: Bússola digital


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2.2. Impactos nas competências

Um outro estudo produzido pelo McKinsey Global Institute (MCKINSEY GLOBAL


INSTITUTE - MGI, 2018) analisou, em detalhes, quais as novas demandas de competências e
habilidades para a força de trabalho trazidas pelas novas tecnologias, em especial a
automação, e faz uma comparação entre essas demandas em 2016 e como deverão ser em
2030, o que converge com os objetivos dessa nossa pesquisa.

O estudo aponta que nos próximos 10 a 15 anos, a adoção da automação e das


tecnologias de inteligência artificial irá transformar o ambiente de trabalho, à medida que as
pessoas interagem com máquinas cada vez mais inteligentes. Essas tecnologias, e essa
interação homem-máquina, trarão inúmeros benefícios na forma de maior crescimento
econômico, melhoria do desempenho corporativo e uma nova prosperidade. A automação irá
repor a população em idade de trabalho quando essa população, em muitos Países, está
diminuindo. Automação e inteligência artificial vão ajudar a melhorar o diagnóstico de
doenças, sem a necessidade de médicos altamente especializados, por exemplo. Vai
certamente trazer o aumento de produtividade, que vinha diminuindo ultimamente nos Países
mais desenvolvidos, e gerando considerável valor para companhias em diferentes setores,
desde o agronegócio, mídia e até saúde e farmacêutico. Firmas usam essas tecnologias para
conduzir manutenção preditiva na manufatura, personalizar as recomendações para o
“próximo produto a comprar”, otimizar preços em tempo real e identificar transações
fraudulentas, entre outros benefícios.

O estudo fez uma comparação da evolução, em bilhões e porcentagem de horas


trabalhadas, em 2016 e 2030, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, de 5 tipos de
competências ou habilidades (skills):

1. Físicas e manuais: operação e navegação geral em equipamentos, inspeção e


monitoramento.
2. Cognitivas básicas: entrada e processamento básicos de dados, leitura e números
básicos.
3. Cognitivas avançadas: criatividade e processamento e interpretação de dados
complexos
4. Social e emocional: empreendedorismo, tomada de iniciativa e liderança.
5. Tecnológicas: TI avançado, programação e habilidades digitais básicas.

Os resultados obtidos podem ser verificados na Figura 2 a seguir.


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Figura 2. Variação das habilidades requeridas em 2016 e 2030.

Os dados mostram uma redução nas demandas de habilidades físicas e manuais (-11%)
e cognitivas básicas (-14%) e um aumento nas demandas por habilidades cognitivas avançadas
(+9%), social e emocional (+26%) e tecnológicas (+60%), confirmando as projeções intuitivas
em face dos novos desenvolvimentos tecnológicos. Apesar dos estudos abrangerem a força de
trabalho como um todo, ela se reflete também nas competências e habilidades requeridas dos
Engenheiros de Produção, como projetistas, planejadores e gestores dessa força de trabalho.

Portanto, uma maior exigência nas habilidades cognitivas avançadas, social e


emocional e, sobretudo, nas competências ligadas às novas tecnologias aplicadas à
manufatura, logística e operações, é requerida de todos nesse novo ambiente de trabalho.

É interessante notar que as habilidades “Social e Emocional” projeta-se também como


sendo uma das que se exigirá mais por volta 2030, em relação a hoje. Ou seja, as habilidades
de empreendedorismo, tomada de iniciativa e liderança, deverão compor fortemente o perfil
dos Engenheiros de Produção, como já é hoje, mas que se tornará ainda mais importante
naquele ambiente mais produtivo, dinâmico e autônomo.

A Figura 3, a seguir, mostra também que há diferenças nas habilidades que serão
requeridas nos diferentes setores da economia.
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Figura 3: Habilidades requeridas nos diferentes setores da economia.

Pode-se observar que, principalmente no setor de “Saúde” (Healthcare), mas também


em menor grau nos setores de “Bancos e Seguros” (Banking and Insurance) e “Varejo”
(Retail), as habilidades físicas e manuais e cognitivas básicas permanecerão importantes. Em
especial nos setor de saúde, onde as funções de enfermagem e medicina ainda demandarão
habilidades físicas e manuais importantes. Essa compreensão, por parte de gestores e
engenheiros, pode ajudar na análise de operações, que é uma das atribuições do Engenheiro de
Produção.

3. CONCLUSÃO

As evoluções tecnológicas de automação e inteligência artificial, trazidas pela


Indústria 4.0 e o avanço das fronteiras tecnológicas, irão requerer da força de trabalho em
geral e do Engenheiro de Produção em particular, um incremento significativo nas habilidades
cognitivas avançadas, social e emocional e, principalmente, tecnológicas, por volta de 2030.
Ou seja, capacidade de análises de dados complexos, de tomada de decisões e liderança, assim
como o domínio das novas tecnologias de automação e inteligência artificial serão
fundamentais.
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BIBLIOGRAFIA

BAUR, C.; WEE, D. O Próximo Ato da Manufatura. McKinsey & Company, 2015.
Disponivel em: <https://www.mckinsey.com/business-functions/operations/our-
insights/manufacturings-next-act/pt-br>. Acesso em: 19 Setembro 2018.

MCKINSEY GLOBAL INSTITUTE - MGI. Skill Shift: Automation and the Future of
Worksforce. McKinsey & Company, 2018. Disponivel em:
<https://www.mckinsey.com/featured-insights/future-of-organizations-and-work/skill-shift-
automation-and-the-future-of-the-workforce?smid=nytcore-ios-share>. Acesso em: 19
Setembro 2018.

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