Quando conheci o Carlos Ferreira ele já conhecia o
Rodrigo Rosa havia mais de 20 anos. Ele também conhecia o Rafael Sica que é de Pelotas e morou em São Paulo e que agora tá morando em Porto Alegre. O Rosa, no caso, junto com o Nik Neves mais o Moacir Martins e mais o Leandro Adriano e mais outros lançaram outras Picabus que não se chamavam assim antes. Tinham outro nome. O mesmo, mas outro. Depois o Carlos mencionou que o Pilla, que eu conhecia da Internet, tava interessado em publicar algum material também, um material novo, e profundo. Depois apareceu o Gabriel Ferreira que é um neo-desenhista e adaptou uns textos do Leandro Adriano. Tudo isso parece estranho visto assim. Mas é porque não ocorreu assim, de fato. Nos encontramos na casa do Nik, que hoje tá morando na Alemanha numa cidade que eu não sei o nome. Estávamos eu, o Carlos, o Sica, o Moa, o Gabriel e o Nik. O Rosa não, porque ele tava em San Francisco sei lá fazendo o que. Então, tínhamos essas idéias todas em cima de uma mesa no 9º andar de um apartamento no bairro judeu porto alegrense. O que fizemos naquela noite foi tentar conectar nosso processo de criação aos pedais wawa do Cambodja. Sabíamos que o Guilherme ia nos enviar material logo e havia toda essa aura eletrificada em torno daquela mesa, zumbindo. Óbvio que as coisas começaram bem antes. Mas não sabíamos de nada disso antes, pois não havia trajetória nenhuma antes de ser imaginada. Nem o Carlos sabia que porra tudo aquilo significava. Havia muito do cotidiano e dos conflitos neuróticos e havia, também, elementos belos e loucos compondo e orquestrando tudo isso que você tem nas mãos agora.