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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS.

URGENTE RÉU PRESO

PROCESSO ORIUNDO DA COMARCA DE CONTAGEM NºXXXXXXXXX – VARA DE


EXECUÇÕES DE XXXXXXXXX

COMARCA DE RIBEIRÃO DAS NEVES – VARA DE EXECUÇÕES


IMPETRANTE: XXXXXXXXXXXX
IMPETRADO: JUSTIÇA PÚBLICA
PACIENTE : XXXXXXXXXXXX

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara

XXXXXXXXXXXXX, brasileiro, divorciado, Advogado, devidamente inscrito na


OAB/MG sob o nº XXXXXXXX, com escritório à Rua XXXXXXXX, Bairro
XXXXXXXXl, Contagem, Minas Gerais, CEP: XXXXXXXXXXX, ao final assinado,
vem, por esta e na melhor forma de direito, respeitosamente à honrosa presença de
Vossa Excelência,com fundamento no artigo 5º , LXVIII, da Constituição Federal de
1988 e no artigo 648, incisos II e III, do Código de Processo Penal, para impetrar o
presente:

Rua Vasco de Azevedo, nº 699 - Bairro Jardim Industrial


Contagem - MG - CEP 32.215-110 | Tels. 2557-7857 | 982077741 | 999973247
HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR

em favor do Paciente XXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, ajudante de


almoxarifado, portador da CI. Nº XXXXXXXX SSP/MG, CPF XXXXXXXXX, residente
e domiciliado à Rua XXXXXXXXl, Contagem, MG, CEP: XXXXXXXXXXXX,
cumprindo atualmente pena pelo crime de roubo na Penitenciária José Maria
Alkimin, Ribeirão das Neves, no regime FECHADO, vem mui respeitosamente ante
V. Exa. , expor e por fim pedir o que segue.

DOS FATOS E DO DIREITO

O paciente se encontrava recluso no CENTRO DE REMANEJAMENTO DA


SSPMG- CERESP em Contagem, desde 29 de março de 2017, por cumprimento de
ordem de prisão expedida em razão de condenação, proveniente do processo penal
nº 007908445395-4, DA 4ª VARA CRIMINAL DE CONTAGEM, ABSOLVIDO EM 1ª
Instância e posteriormente em sede de apelação, condenado, e inicialmente
cumpriria a pena em regime semi-aberto.

Em 06/04/2017, foi transferido para a Penitenciária José Maria Alkimin para o devido
cumprimento da pena.

Necessário é lembrar que onde o preso se encontra, aí também deve se encontrar o


seu processo, ou seja, o “processo sempre acompanha o preso”.

Ocorre que o paciente, até a presente data 05/06/2017 encontra-se em total


desconformidade com a lei, e presenciamos a omissão no cumprimento do dever
legal do órgão público. Isso baseado no princípio constitucional do
cumprimento da pena, e dos direitos a que o preso possui, onde podemos ver
que tal ordenança não foi observada, está cumprindo a sua pena em regime
fechado até este momento, em discordância com a sua sentença condenatória,
que determinou o seu cumprimento inicialmente em REGIME SEMI-ABERTO.

Os benefícios de progressão de pena e benefícios de saídas temporárias, a que faz


jus, até a data de hoje não foram concedidos ao detento.

E pior, seu processo até o momento, encontra-se em local incerto e não sabido.

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Quando este procurador foi até a Vara de Execuções de Contagem foi afirmado que
seu processo já havia sido transferido para a Vara de Execuções de Ribeirão das
Neves, conforme anotação emitida pela vara de Contagem para acompanhamento
do processo transferido (anotação em anexo).

Quando procurado o processo em Ribeirão das Neves, dia 24/05/2017 quarta-feira e


sexta-feira dia 26/05/2017, na Vara de Execuções, fomos informados pelo atendente
que o processo não se encontrava ali e que teriam de procurar um pouco mais, pois
até o presente momento não o haviam localizado ali na vara e tinham ainda que
verificar qual malote tinha vindo, e somente após localizar o processo, poderiam dar
um novo número de processo pela distribuição, para posteriormente requerer
qualquer benefício.

Uma verdadeira ilegalidade, um absurdo. Um calote para com o preso condenado.


Uma omissão no cumprimento do dever legal do poder judiciário, que agrava o
congestionamento judicial.

Pois, está a mercê de “quando” “achar” o processo e “quando” for distribuído etc.

Dessa forma, diante da supressão de seus direitos, faz-se necessário a impetração


do presente remédio constitucional.

Pois, como pode o condenado cumprir a sua pena, se “ninguém” sabe nem quanto
e nem como é a sua pena e nem aonde se encontram seu processo?

A demora escandalosa não seria possível com o Ministério Público, titular da


acusação, atento e diligente. Além do que a lentidão do judiciário não deve servir de
desculpas para a prática da injustiça.

O PACIENTE já se encontrava regenerado, membro a mais de 4(quatro) anos da


Igreja Pentecostal Renovada Sal da Terra ( em anexo), onde exerce a função de
Obreiro, casado, com um filho menor de 10 anos, está no momento recebendo
Seguro Desemprego ( em anexo), e tem proposta de emprego para ser admitido
pela empresa TERMOLOG TRANSPORTES RODOVIÁRIO EIRELI – ME ( em
anexo) como auxiliar de serviços Gerais.

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Conforme em seu art. 122 da Lei de Execução penal, o Regime semi-aberto permite
a autorização de saída do estabelecimento prisional para que o apenado participe de
atividades que concorram para o retorno ao convívio social.

“Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter
autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes
casos:
I - visita à família;
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na
Comarca do Juízo da Execução;
III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.
Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de
monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. (Incluído pela
Lei nº 12.258, de 2010)”

O condenado até o presente momento não tem gozado dos benefícios do regime
semi-aberto a que tem direito, onde se faz necessário inclusive a revisão do
benefício, principalmente por estar a mais de três meses no REGIME FECHADO,
além do tempo que já havia cumprido por ocasião da prisão preventiva.

È notório o prejuízo causado a LIBERDADE DO DETENTO, que poderia estar no


momento trabalhando, sustentando sua família, mas por inércia do Estado, sofre o
relatado constrangimento, E POR ISSO FAZ JUS A MEDIDA DE URGÊNCIA.

Com efeito, Nobres julgadores, a desnecessidade da manutenção da custódia do


Paciente é medida que se insere.

O paciente se trata de trabalhador com carteira assinada, endereço fixo, não


pertencendo à facção criminosa e nenhum tipo de relação com o mundo do crime,
conforme fundamentação da decisão do Meritíssimo juiz na prolação da sentença
em anexo, e não possui nenhum outro processo em andamento.

Não possui nenhum impeditivo prisional. Tendo o sistema prisional atestado o seu
bom comportamento.

Assim, venia concessa, se revela a manutenção da custódia do paciente em


Regime Fechado, totalmente ilegal.

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O Paciente tem residência fixa, exerce profissão lícita, não se vislumbra que a sua
liberdade representa risco para a ordem pública, não se justificando, pois, em termos
de necessidade, a sua segregação para garantia da ordem pública.

Resumindo, venia concessa, dúbio o fumus boni iuris, e ausente o periculum in


mora, não se justifica, na hipótese dos autos, sob nenhum aspecto a manutenção da
prisão do Paciente em Regime Fechado, cuja a concessão do regime semi-aberto é
o que determina a sua condenação, é medida da mais pura e cristalina Justiça.

Assim, se impõe a concessão da presente Ordem de Habeas Corpus, para a


concessão imediata dos benefícios do Regime Semi aberto que faz jus o Paciente.

Por isso o presente pedido, justificando-se a concessão de medida liminar,


determinando a expedição de imediato alvará de soltura em favor do Paciente, já
que presentes os requisitos legais do fumus boni iuris e do periculum in mora, e
também determinado na Carta Magna de 1988, em seu art. 5o, inciso LXV, que a
prisão ilegal será imediatamente refogada pela autoridade judiciária, fundamento
maior da possibilidade da concessão de medidas liminares em sede de habeas
corpus.

Em virtude de a empresa ofertadora do serviço ser localizada em local distante do


cumprimento da sentença condenatória, postula-se a prisão domiciliar (albergue
domiciliar) de forma que o condenado tenha o direito de trabalhar de dia e recolher-
se a noite, pois não é possível chegar em tempo hábil na volta ao estabelecimento
prisional, o caso abaixo citado é semelhante a situação do reeducando Cristiano.
Em recente decisão, datada de 17 de fevereiro de 2011, o Superior Tribunal de
Justiça, mais uma vez, se mostrando garantidor do cumprimento da lei, garantiu a
um preso o direito de trabalhar mesmo em local distante do presídio onde ele
cumpria pena em regime semiaberto.
No regime semiaberto, o condenado deve cumprir sua pena em colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar (art. 33, 1o, b, CP), ficando sujeito ao
trabalho em comum durante o período diurno (art. 35, §1o, CP), podendo ainda
realizar trabalho externo, inclusive na iniciativa privada, admitindo-se também a
freqüência a cursos de instrução ou profissionalizantes (art. 35, §2o, CP).

Nesse caso, o condenado conseguiu um emprego em uma cidade distante de


onde vinha cumprindo sua pena em regime semiaberto. Caso fosse trabalhar, não
daria tempo de voltar ao estabelecimento penal, e se ficasse no estabelecimento,
não conseguiria chegar a tempo ao trabalho. Para lhe garantir o direito ao
trabalho, mandou-se o preso para prisão domiciliar, para que ele pudesse
trabalhar.
Decisão justa e correta. “APENADO. PENA. LOCAL. TRABALHO.
O apenado cumpre pena em regime semiaberto pela prática de roubo e conseguiu
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um emprego em cidade distante da comarca do juízo da execução. Logo, a Turma
negou provimento ao recurso do MP e manteve o réu em prisão domiciliar, não se
aplicando o art. 117 da LEP. Assim, em razão da peculiaridade do caso, visando à
ressocialização do condenado e levando em consideração suas condições
pessoais, entendeu ser possível enquadrá-lo como exceção às hipóteses
discriminadas no referido artigo. O condenado tem direito garantido de trabalho,
além de possuir obrigação de fazê-lo como meio de promover a cidadania e a sua
ressocialização, objetivo principal da pena na moderna concepção de Estado
democrático de direito. REsp 962.078-RS, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu
(Desembargador convocado do TJ-RJ), julgado em 17/2/2011. (Informativo 463-5ª
Turma)”

DO PEDIDO:

EX POSITIS, impetra-se a presente Ordem de Habeas Corpus para,


LIMINARMENTE, determinar-se a expedição de alvará de soltura, em favor do
Paciente, e, ao final, depois de prestadas as devidas informações e colhido o
parecer da Procuradoria Geral da Justiça, conceder a ordem, para o fim de revogar-
se o decreto de prisão do Paciente, tornando, em qualquer caso, definitiva a liminar
concedida, atendendo-se, destarte, aos reclamos da mais pura e cristalina Justiça.

Convertendo a prisão do Regime Fechado para o REGIME SEMI-ABERTO,


conforme determina a sentença condenatória e seus benefícios , definindo o
presente mandamus.

Conforme o STJ, uma vez que o emprego ofertado é distante da sede prisional,
pedimos a Vossa Excelência a Concessão da prisão domiciliar na forma da Lei.

Julgando procedentes todos os pedidos.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Belo Horizonte, 05 de junho de 2017.

XXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXX
OAB/MGXXXXXX OAB/MGXXXXXXXX
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