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O Pós-positivismo jurídico

Terceira via ou continuidade das escolas jusnaturalista e juspositivista?

No atual momento jurídico vivenciamos o chamado pós-positivismo. A indagação que


agora fazemos é se o pós-positivismo não é uma continuação das escolas anteriores ou
se verdadeiramente é uma nova opção ao Direito. Para respondermos esta indagação,
discorreremos sobre o que é hermenêutica, as escolas jusnaturalista e juspositivista,
além, é claro, da escola pós-positivista.

HERMENÊUTICA
Com o fim de conhecer melhor sobre o tema, iremos tratar da definição de
hermenêutica. A nomenclatura hermenêutica significa interpretação do sentido das
palavras, o que elas significam. Atribui-se o nome ao Deus grego Hermes (intérprete da
vontade divina aos homens). Em ambas as correntes, a nomenclatura significa
compreender melhor o texto. A forma como interpretamos as normas atualmente (pós-
positivismo) é uma forma nova em relação ao período anterior.

JUSNATURALISMO
O Jusnaturalismo pode ser definido como o conjunto de valores e princípios jurídicos
que estariam acima da lei estatal, sendo estes valores inerentes ao ser-social e à
sociedade. Esta escola jurídica ascende no momento de ruptura com o Estado
Absolutista, e sua derrocada se dá no momento de codificação do Direito na fase da
Revolução Francesa.

JUSPOSITIVISMO
Já o positivismo ou juspositivismo defende que o Direito deve ser apartado dos demais
ramos das ciências sociais, em especial deve ser apartado da moral. Refuta a visão
jusnaturalista e afirma que o Estado é o único promotor do Direito através das normas e
regras.

O positivismo ascende na fase áurea do conhecimento científico, e entra em crise com a


derrocada do governo Nazifascista do Século XX (MARANHÃO, 2009).

No momento em que se instala a crise do positivismo, aos poucos começa a a surgir o


pós-positivismo como um meio alternativo a estas correntes anteriores, como aponta o
prof. Luís Barroso.
PÓS-POSITIVISMO
O pós-positivismo é aquele que é definido pelo Professor Barroso como: “designação
provisória e genérica de um ideário difuso, no qual se incluem a definição das relações
entre valores, princípios e regras, aspectos da chamada nova hermenêutica
constitucional, e a teoria dos direitos fundamentais, edificada sobre o fundamento da
dignidade da pessoa humana”.

Basicamente o pós-positivismo leva em consideração princípios e valores para


determinar a interpretação legal.

O pós-positivismo não nega o positivismo, mas transcende sua visão de Direito apartado
das outras ciências sócias, o que quer dizer que este nega a separação entre Direito e
moral. Vale lembrar ainda que os princípios ganham força neste momento histórico,
sendo não mais apenas utilizados quando de vácuo legal, como até fazendo parte da
legislação.

Também falemos, por fim, que esta fase do Direito tem como principal a distinção entre
regras e princípios, amplamente estudados por Ronald Dworkin e Robert Alexy.

CONCLUSÃO
Assim sendo, opto por crer que o pós-positivismo, embora tenha buscado uma nova
direção para o Direito através da superação do positivismo, utiliza de vários
fundamentos positivistas e também naturalistas.

A afirmação de que existem direitos supralegais converge muito com os ideais da escola
jusnaturalista. Porém vale lembrar que os direitos humanos foram a codificação
internacional dos Direitos do homem. Ou seja, no fundo o pós-positivismo foi a junção
entre ideias do jusnaturalismo e do juspositivismo como meio de solucionar
parcialmente um positivismo em crise, de meados do século XX em diante.

Sendo assim, o positivismo acaba por perpetuar um pensamento evolutivo que


atravessou alguns séculos, passando pela escola jusnaturalista, juspositivista até
chegarmos ao pós-positivismo.

No fundo, o pós positivismo parece ser um meio termo entre entre a escola
jusnaturalista e a juspositivista, não negando estas, mas evoluindo-nas. Logo, não seria
uma terceira via.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

AZEVEDO, Rodrigo Silveira Rabello de. A QUEDA DO POSITIVISMO JURÍDICO E


O DIREITO CONSTITUCIONAL NO PÓS-GUERRA.

BUSTAMANTE, Thomas Da Rosa De. Uma defesa do pós-positivismo.

MARANHÃO. Ney Stany Morais. O fenômeno pós-positivista

MACIEL, José Fabio Rodrigues. MORELLI, Cristina Y. Kusahara. INTERPRETAÇÃO


DO DIREITO NO PÓS-POSITIVISMO: A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS. Revista do Curso de Direito da Faculdade de Humanidades e
Direito.

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