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3 qualificadoras do Dano Moral. Como evitar o Mero Aborrecimento difundido nos Tribunais Por Modelo Inicial Ha 2 dias as 00:41 Trata-se de uma tentativa de demonstrar que alguns fatos superam 0 "mero aborrecimento do cotidiano”, € desta forma, devem ser indenizados. O MERO ABORRECIMENTO - Entendendo a polémica Ao longo dos tltimos anos difundiu-se a ideia da industria do dano moral, em que qualquer tipo de ag&o dava azo ao pedido de danos extrapatrimoniais, independente das reais circunstdncias indenizaveis. Em face deste quadro, alastrou-se pelos Tribunais decisdes enquadrando a grande maioria dos pedidos em "meros aborrecimentos do cotidiano", como por exemplo: RECURSO INOMINADO. ACAO DE INDENIZACAO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. COMPRA DE PASSAGEM AEREA POR INTERMEDIO DE EMPRESA DE TURISMO. CANCELAMENTO TMOTIVADO DA RESERVA PELA RECLAMADA, SEM O CORRESPONDENTE ESTORNO DOS VALORES. (...) - No caso concreto, narrou a parte autora ter realizado a compra de uma passagem aérea por intermédio da agéncia de turismo reclamada, a qual cancelou a reserva sem disso cientificar a parte reclamante, inclusive deixando de promover o correspondente estorno da operacao. - Do que consta dos autos, considerando a inversio do 6nus da prova promovida pelo juizo de origem, de fato a reclamante logrou trazer elementos indicativos da aludida compra do bilhete, ao passo que a parte reclamada nao se desincumbiu do énus de provar tenha havido fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito da autora. .) No mais, dispée o art. 42, paragrafo tinico do CPC que 0 consumidor cobrado em quantia indevida tem direito repeti¢o do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correcéo monetaria e juros legais, salvo hipétese de engano justificdvel. - E a jurisprudéncia do STJ é firme no sentido de que a repetigéo em dobro do indébito, sangiio prevista no art. 42, paragrafo tnico, do CDC, pressupée tanto a existéncia de pagamento indevido quanto a mé-fé do credor (STJ, 4* Turma. AgRg no AREsp 196.530/SP, Rel. Min. Raul Araiijo, j. em 23.06.2015). - No caso, suas conjecturas apontam para a ma-fé da reclamada que, mesmo diante das solicitagédes da consumidora de restitui¢gio dos valores e mesmo admitindo, em sua contestagio, que de fato houve o cancelamento da passagem, nao procedeu ao respectivo estorno dos valores por aquela despendidos. - Quanto ao dano moral, forte o Enunciado n.° 12.10 das TRU/TJPR, segundo o qual “A simples cobranca de divida inexistente, sem maiores reflexos, nao acarreta dano moral”. - No mesmo sentido, a jurisprudéncia do STJ tem assinalado que os aborrecimentos comuns do dia a dia, os meros dissabores normais e préprios do _convivio social nao sao suficientes para originar _danos morais indenizéveis (STJ, 3.2 Turma, REsp. n.° 1.399.931/MG, Rel. Sidnei Beneti, j. em 06.03.2014). - A situagdo tratada na demanda nao tem o condao de, por si s6, ensejar ofensa a dignidade ou personalidade da parte autora que, alids, realizou a viagem sem maiores problemas. (..). (TPR - 12 Turma Recursal - 0002388-05.2017.8.16.0018 - Maring& - Rel.: Maria Fernanda Scheidemantel Nogara Ferreira da Costa - J. 21.03.2018) Neste exemplo, mesmo diante da evidéncia de ma fé do fornecedor, bem como demonstrado 0 cancelamento de uma viagem (muitas vezes programada com muita antecedéncia), o desconto do valor na fatura do consumidor bem como a dificuldade em ter 0 reembolso, apenas a devolugao do valor foi determinada, sem danos morais ou repeticao de indébito. Renomada doutrina ao disciplinar sobre o tema destaca sobre esta tendéncia com certa critica: "Atualmente, observa-se certa tendéncia jurisprudencial de restringir as hipéteses em que, nas relagées de consumo, o descumprimento de dever por parte do fornecedor seja reconhecido como causa de danos morais ao consumidor.Sustenta-se que o mero descumprimento de obrigacdo contratual ou dever legal, per se, ndo é suscettvel de fazer presumir o dano. (...) Critério mais utilizado para distingéo entre o dano indenizével e o mero dissabor seré a reiteragéo da conduta ou da falha do fornecedor, a lestio decorrente da exposigéo ao risco, ou ainda a falha ou negligéncia do fornecedor na corregao de falhas na sua prestacao. Esta tendéncia, contudo, nao é isenta de criticas, em especial quanto ao que se identifica como certa condescendéncia jurisprudencial em relagéo a conduta reiterada de certos fornecedores, a desconsideragGo de expectativas legitimas do consumidor em relagao a aquisig¢éo de produtos e servigos e sua __ posterior frustragéo. (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor - Editora RT, 2016. verso e-book, 3.2.3.4.1. Danos materiais e morais) E diante destas circunstancias que a indenizagéo por danos morais, apesar de devida, em muitos casos, acaba nao sendo concedida por cair na vala comum do "mero aborrecimento". O DANO MORAL - Entenda 0 conceito Pela doutrina e jurisprudéncia, o dano moral é conceituado e reconhecido como aquele que abala a honra e a dignidade humana, sendo exigido para sua configuracéo um impacto psicolégico, humilhagio ou severo constrangimento, como leciona o STJ:

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