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Data da avaliação: 25/05/2015

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

Nome: Mateus Pimentel Tavares

Responsável: Adriana Pimentel (Mãe) Idade: 15 anos (DN: 18/02/2000)

Sexo: F ( ) M (X) Escolaridade: 1º ano do segundo grau – Escola Monteiro Lobato (Vitória/ES).

Encaminhamento por: Neuropediatra Dra. Rafael – Clínica Kantinho Vix.

Queixa principal: Dificuldade de aprendizagem (leitura e escrita) e TDAH.

Fonoaudióloga Responsável: Tamiris Akbart (CRFa 6-9517)

I. ANAMNESE

Mateus Pimentel Tavares, 15 anos, atualmente no 1º ano do 2º grau na Escola Monteiro Lobato, foi encaminhado pela
neuropediatra para avaliação fonoaudiológica de linguagem para complementar a investigação de dificuldades de
aprendizagem do mesmo. Durante a infância teve atraso do desenvolvimento de linguagem caracterizada por
dificuldades de expansão de vocabulário, categorização, nomeação, expressão verbal e consciência fonológica. Teve
dificuldades para se alfabetizar, finalizando esta etapa na 1ª série do ensino fundamental. Apresentou dificuldades de
aprendizagem, principalmente na leitura e escrita ao longo de toda sua jornada escolar, onde ficava de recuperação mas
recebia auxilio da equipe pedagógica para progredir nas séries. Fora as habilidades de aprendizagem escolar, Mateus
possui excelente rendimento para aprender e se desenvolver em atividades como música e assuntos que lhe interessa.
Em 18/05/2011 realizou o exame de processamento auditivo central, com laudo de Déficit de PAC nos subtipos
decodificação e integração auditiva (habilidades alteradas: figura-fundo, integração binaural/atenção auditiva dividida e
separação binaural/atenção dirigida). Possui diagnóstico neuropediátrico de TDAH e atualmente encontra-se em
acompanhamento medicamentoso (ritalina) para melhorar o desempenho atencional. Queixas principais: “dificuldade
para aprender”, “dificuldade para expressar o que aprendi na hora de escrever nas provas”, “pouca atenção durante as
atividades”, “leitura e escrita com dificuldade”, “dificuldade para entender as materiais que não se interessa”. Relatou ter
dificuldades para entender o conteúdo da maioria das disciplinas, principalmente em química, português e matemática,
por se tratar de assuntos que possui menos interesse.

II. RESULTADOS DAS AVALIAÇÕES

1) VOCABULÁRIO E HABILIDADES BASES PARA AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM

Possui bom conhecimento de significados e significantes, de acordo com o esperado para sua faixa etária, com apenas
uma dificuldade leve de evocação de palavras, atribuída a momentos de maior desatenção. Observou-se uma leve
dificuldade de equilíbrio e espacial em provas de coordenação visiomotora/espacial (nesses momentos o paciente
relatou sentir uma certa “tontura” – sic paciente). Obteve resultados abaixo do esperado no teste de memória
operacional, associado diretamente com a dificuldade de manter o foco atencional nas tarefas. Rendimento limítrofe na
avaliação de consciência fonológica (Capovilla & Capovilla, 2003) devido a dificuldades em nível fonêmico, com bons
resultados ao nível de rimas, aliteração e silábico, com apenas alguns erros durante a segmentação silábica de palavras
com menos frequentes. Teve dificuldade para lembrar a sequencia completa do alfabeto, realizando a escrita das letras
em voz alta, com pausas e hesitações, e com inversão/espelhamento de algumas letras como “j” e “z”.
2) EXPRESSÃO VERBAL

Não foram observados alterações de fala de origem fonética e/ou fonológica. Possui uma comunicação clara, com boa
articulação de todos os fonemas na linguagem oral.

3) COMPREENSÃO VERBAL

Obteve excelente rendimento durante a compreensão de ordens simples e complexas. Porém, nas atividades de
compreensão de texto teve grande dificuldade para interpretar e recontar a história, invertendo a sequência lógica dos
acontecimentos, personagens e assim modificando totalmente o sentido da história, demonstrando o mesmo
desempenho abaixo do esperado durante a leitura e narrativa de textos. Em todos esses momentos não demonstrou
perceber que estava invertendo a história, e só após a intervenção do terapeuta conseguiu perceber os erros.

4) LEITURA

Leitura lentificada de grau leve para palavras familiares e frequentes, e de grau moderado em pseudopalavras e palavras
menos frequentes. Durante a leitura fez omissões e algumas trocas grafêmicas, principalmente em palavras com formato
visual parecidos e encontros consonantais. Todos os aspectos citados anteriormente não interferiram no fechamento da
leitura e exposição dos elementos textuais principais, apenas lentificaram o processo. Após a leitura foi dada a ordem de
expressar o que foi entendido na leitura, e obteve uma dificuldade de grau moderado para explicar o que foi lido
(compreensão textual alterada). Não teve dificuldade para se orientar visualmente no texto.

5) ESCRITA

Na escrita apresentou ocorrências de erros ortográficos em 40% da amostra e na produção textual observou-se
estruturação inadequada e dificuldade no aspecto sintático da escrita. Durante o ditado e cópia realizou as tarefas em
ritmo acelerado, compactuando com erros gramaticais e sintáticos.

III. CONCLUSÃO

Mateus se manteve bastante cooperativo e comunicativo durante todos os testes, demonstrou estar se esforçando
bastante para manter a atenção nas atividades, porém ainda assim apresentou dificuldades leves de atenção dirigida
durantes as tarefas de leitura e escrita. Os resultados encontrados demonstram que o paciente apresenta déficit leve à
moderado nas habilidades de base para aquisição da linguagem (coordenação visuomotora/espacial, consciência
fonológica, memória operacional, atenção visual e auditiva), e nas esferas linguísticas de compreensão verbal e textual,
leitura e escrita, associado a um quadro de transtorno do déficit de atenção (diagnóstico neuropediátrico).
Caracterizando um transtorno específico de leitura e escrita (CID: F81.0; F81.8).

IV. RECOMENDAÇÕES

Mateus necessita de acompanhamento e intervenção fonoaudiológica semanal, continuação do acompanhamento


neuropediátrico, reforço escolar e apoio pedagógico escolar durante todo o período diário de estudos, com
modificações/adaptações nos modelos de avaliação e de exposição dos conteúdos de cada disciplina, para melhorar seu
rendimento escolar e motivação de realizar as atividades acadêmicas.

V. SUGESTÕES DE MODIFICAÇÕES/ADAPTAÇÕES NO AMBIENTE ESCOLAR PARA MELHORAR O


DESEMPENHO DA APRENDIZAGEM

 Incentive o aluno a restaurar o confiança em si próprio, valorizando os temas que tem interesse;
 Ressalte os acertos (mesmo se forem discretos), e não enfatize os erros;
 Valorize o esforço e interesse do aluno sempre;
 Atribua-lhe tarefas que possam fazê-lo sentir-se útil;
 Fale francamente sobre suas dificuldades sem, porém, fazê-lo sentir-se incapaz, mas auxiliando-o a superá-las;
 Leia as questões/problemas junto da turma e se possível ao lado do aluno, de maneira que ele entenda o que
está sendo perguntado;
 Explicite sua disponibilidade para esclarecer-lhe eventuais dúvidas sobre o que está sendo perguntado;
 Dê-lhe tempo necessário para fazer a prova com calma, seja paciente;
 Ao recolher as avaliações, verifique as respostas e, caso seja necessário, confirme com o aluno o que ele quis
dizer com o que escreveu, anotando sua(s) resposta(s);
 Ao corrigir as avaliações, valorize ao máximo a produção do aluno, pois frases aparentemente sem sentido e
palavras incompletas ou gramaticalmente erradas não representam conceitos ou informações erradas, tente
entender o conceito geral em que o aluno se esforçou para expressar seus conhecimentos;
 Diante de resultados abaixo do esperado em avaliações tradicionais, reinvente sua forma de avaliação e procure
uma forma que facilite a compreensão e expressão de ideias e conceitos do aluno, uma excelente estratégica
para indivíduos com transtorno específico de leitura e escrita é realizar testes orais com o mesmo conteúdo do
restante dos alunos, porém com a opção de expressar suas respostas oralmente;
 Respeite o seu ritmo, pois quem possui transtorno de leitura e escrita tem problemas de processamento da
informação, ou seja, precisa de mais tempo para pensar, e para dar sentido ao que viu e ouviu;
 Certifique-se de que as tarefas passadas em sala de aula foram compreendidas e anotadas corretamente;
 Certifique-se de que o aluno pode ler e compreender o enunciado ou a questão. Caso contrário, leia as
instruções para ele, e sempre que possível simplifique e torne a instrução mais clara e simples;
 Leve em conta as dificuldades de leitura, escrita e de atenção do aluno durante a correção das atividades e
avaliações;
 Dê instruções e orientações curtas e simples que evitem confusões, seja o mais claro possível e certifique-se
que está sendo entendido;
 Dê "dicas" específicas de como o aluno pode aprender ou estudar a sua disciplina, se possível forneça
“macetes” e formas criativas de memorização da matéria;
 Oriente o aluno sobre como organizar-se no tempo e no espaço;
 Não insista em exercícios de fixação repetitivos e numerosos, pois isso não diminui a sua dificuldade, só dificulta
ainda mais;
 Dê explicações de "como fazer" sempre que possível, posicionando-se ao seu lado;
 Esquematize o conteúdo das aulas quando o assunto for muito difícil para o aluno. Assim, a ter a garantia de que
ele está adquirindo os principais conceitos da matéria através de esquemas claros e didáticos. Sempre que
possível utilize estratégias de aula mais dinâmicas, concretas, rica de pistas visuais, auditivas, cinestésicas, com
diversos modelos e exemplos;
 Demonstrações e filmes podem ser utilizados para enfatizar as aulas, variar as estratégias e motivá-los. Auxiliam
na integração da modalidade auditiva e visual, e a discussão em sala que se segue auxilia o aluno organizar a
informação.
 Não insista para que o aluno leia em voz alta ou escreva perante a turma, caso ele não queira realizar essas
tarefas, evite gerar situações constrangedoras;

Encontro-me à disposição para quaisquer esclarecimentos sobre a avaliação realizada e orientações prestadas.

Atenciosamente,

___________________________
Tamiris Akbart
Fonoaudióloga
CRFa. 6 – 9517
Contato: 27 99953-3278
E-mail: tamirisakbart@gmail.com

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