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Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n.

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CIDADANIA E ENSINO DE SOCIOLOGIA nos


manuais do professoR
dos livros didáticos APROVADOS NO PNLD 2015.

Amurabi Pereira Oliveira1


Ana Martina Baron Engerroff2

Resumo
Neste trabalho analisamos os manuais do professor dos seis livros didáticos
de Sociologia aprovados no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)
2015, focando na relação que estabelecem entre o ensino da Sociologia no
Ensino Médio e o exercício da cidadania. Para uma melhor análise desse
material recorremos também aos documentos que vêm sendo produzidos em
torno do ensino de sociologia, especialmente a partir da promulgação da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação (lei n. 9.394/96), bem como a literatura
na área. Visando realizar uma melhor contextualização, apresentamos uma
sucinta discussão sobre a relação entre educação e cidadania no Brasil, e
sobre o ensino de sociologia e a formação para a cidadania. No processo de
análise dos manuais dos professores classificamos estes materiais em três
grupos, a partir da concepção presente neles acerca da relação entre ensino
de sociologia e formação para a cidadania: a) que relaciona a sociologia
com o exercício da cidadania como condição formal da finalidade última
da educação; b) que considera que a finalidade do ensino de sociologia
é formar o jovem para o exercício da cidadania; c) que não realiza esta
relação diretamente.

Palavras Chaves
Ensino de Sociologia; Livro Didático de Sociologia; Manual do Professor.

1 Professor Adjunto, Departamento de Sociologia e Ciência Política, Universidade Federal


de Santa Catarina (UFSC). E-mail: amurabi_cs@hotmail.com
2 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Sociologia Política (UFSC). E-mail:
anambaron@hotmail.com
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CITIZENSHIP AND TEACHING SOCIOLOGY IN THE


TEACHER’S GUIDE
OF APPROVED TEXTBOOKS IN THE NTP 2015.

Abstract
In this paper we analyze the teacher’s manual of the six textbooks of
sociology approved in the National Textbook Program (NTP) in 2015,
focusing on the relationship established between the Teaching Sociology
in high school and the exercise of citizenship. For a better analysis of
this material we appealed also to the documents that have been produced
around the teaching sociology, especially since the enactment of the Law of
Education Guidelines and Bases (Law n. 9.394 / 96), as well as literature
in the area. Aiming to achieve better context, we present a brief discussion
of the relationship between education and citizenship in Brazil, and the
teaching sociology and training for citizenship. In the process of analysis
of teachers’ manuals we classify these materials into three groups, from the
design present in them about the relationship between educational sociology
and training for citizenship: a) that relates to sociology with citizenship as
a formal condition of purpose last of education; b) that believes that the
purpose of the teaching sociology is to train young people for citizenship;
c) not realizing this relationship directly.

Keywords
Teaching Sociology; Sociology Textbook; Teacher’s Guide.

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1. Introdução

Este artigo tem como finalidade discutir os sentidos de cidadania

contidos nos livros didáticos aprovados no Programa Nacional do Livro

Didático (PNLD) de 2015. Mais especificamente, buscam-se os sentidos

de cidadania nos manuais do professor, na medida em que estes explicitam

seus objetivos para o ensino da sociologia no ensino médio, dando relevo às

propostas pedagógicas e justificam a seleção de conteúdos. Justifica-se ainda

a escolha por esse material considerando a centralidade que o livro didático

possui na realidade dos docentes da educação básica. Ademais, considerando

que os conteúdos dos livros didáticos são produzidos visando dialogar tanto

com os discentes quanto com os docentes, os manuais do professor lançam

um discurso almejando impactar nas práticas docentes desenvolvidas em sala

de aula, incluindo aí o planejamento escolar e a avaliação dos conteúdos.

Buscar os sentidos de cidadania nos livros didáticos mostra-

se relevante uma vez que o tema da cidadania mantém sua importância

nos estudos educacionais, e também a manifesta relação do ensino da

sociologia com o exercício da cidadania suscitados outrora na legislação,

que permanecem no ideário da disciplina escolar. Além disso, no atual

contexto de exclusão da sociologia enquanto disciplina curricular no ensino

médio, novamente levanta-se a discussão dos sentidos da própria área do

conhecimento na escola.

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No contexto da redemocratização do Brasil com mudanças nos

campos políticos, sociais e econômicos, a cidadania é retomada como uma

questão social a ser resolvida, tomando-se a cidadania como elemento de

inclusão do sujeito em sociedade (participação, conhecimento de direitos

e deveres, dentre outros), residindo na escola o instrumento social para a

sua resolução, bem como para a consolidação de um projeto de sociedade

democrática (WEBER, 1996). Em paralelo, a luta pela retomada da

Sociologia como disciplina escolar, que se acelera na década de 1980

capitaneada principalmente por associações profissionais, passa a ser

largamente justificada pela via da cidadania, assentando-se nela a finalidade

de preparar o aluno ao exercício da cidadania3, o que foi reforçado pelo

artigo nº 36 da Nova Lei de Diretrizes e Bases.

A partir desta formulação legal, foram elaborados os Parâmetros

Curriculares Nacionais (1999), preconizando-se que o ensino de sociologia

deveria se voltar para a formação cidadã do aluno para a prática política,

seguindo-se pelas Orientações Curriculares Nacionais (2006) que, embora

relembre a formação do aluno para o exercício da cidadania, propõe uma

abordagem voltada para a desnaturalização e estranhamento, que seriam

3 Interessante notar que essa relação surge também em outros contextos nacionais
(OLIVEIRA, 2014a), como no caso americanos (DECESARE, 2014), francês (CHATEL,
GROSSE, 2014), ou mesmo espanhol, nesse último caso pensando o ensino de Ciências
Sociais de forma mais ampla (DE ALBA FERNANDEZ, 2007), o que pode ser objeto de
reflexão mais aprofundada por parte de outras pesquisas que se proponham a comparar o
processo de institucionalização da Sociologia na escola brasileira com outras realidades
educacionais.
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princípios epistemológicos para o ensino dessa ciência, possuindo como

princípio metodológico a pesquisa. Cada um destes documentos, portanto,

reelabora diferentes sentidos para cidadania, perpassando uma ideia de

conformação do aluno aos conhecimentos de seus supostos direitos e

deveres.

Com as modificações legais na Lei de Diretrizes e Bases em 2008

que reintroduziram a Sociologia no currículo do Ensino Médio, esmaece-se

a relação explícita da sociologia com o exercício da cidadania, o que nos

leva a uma problematização em torno de que bases assentam-se os objetivos

desta disciplina escolar transmitidos via livros didáticos aprovados em

relação à cidadania.

Apesar desse elemento (a formação para a cidadania) ser recorrentemente

utilizado no discurso da finalidade do ensino de sociologia, é importante

rememorar que a sociologia escolar demarca mais rupturas que continuidades

com relação às finalidades outrora presentes nas escolas entre as décadas de

1920 e 19404. De tal modo que, não podemos afirmar que a “formação para

a cidadania” é a finalidade última da sociologia na escola, pois isto só se faz

possível ante determinadas condições sociais, culturais e políticas.

4 Na literatura recorrente sobre o tema se aponta que a introdução da Sociologia no currículo


escolar se deu a partir da Reforma Rocha Vaz em 1925, tendo sido a primeira experiência
no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. Em verdade, no Atheneu Sergipense houve uma
experiência com o ensino desta ciência ainda no final do século XIX (OLIVEIRA, 2013b),
porém, como as reformas curriculares no nível federal não incidiam sobre todas as escolas
no começo do século XX, mas apenas sobre o Colégio Pedro II, é importante destacar esse
marco, tendo em vista que esta escola servia de modelo para outras escolas Brasil afora.
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Para melhor organizarmos nossa argumentação, primeiramente

apresentaremos de forma sucinta a discussão sobre a relação entre cidadania

e educação; em seguida apresentaremos algumas perspectivas sobre a

conexão entre o ensino de sociologia e a formação para a cidadania, tanto

no nível dos documentos oficiais, quanto da discussão acadêmica; por fim,

apresentaremos como a questão da cidadania se apresenta nos manuais do

professor nos seis livros de sociologia aprovados no PNLD 2015, buscando

analisar como que entre eles há diversas concepções sobre qual a relação

entre o ensino de sociologia e a formação para a cidadania.

2. A cidadania como uma questão para a educação.

Ao se falar de cidadania não se pode esquecer que, antes de tudo, esta

é uma expressão polissêmica, que guarda diferentes significados. Em nossa

sociedade, em sua profusão de relações, não se poderia reduzir seus sentidos

a aquisição de direitos e deveres, na medida em que esta classificação não

dá conta da realidade (PINSKY, 2008, p. 12). Carvalho (2010, p. 12-13)

afirma a este respeito que a maneira como se formaram os Estados-nação

condiciona a construção da cidadania. Neste sentido, como lembrado por

Moraes (2009, p. 51), os registros históricos e sociológicos permitem

evidenciar que no Brasil se idealizou a construção de uma cidadania do

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tipo comunitária, baseada no sentimento de pertencimento nacional, de uma

identidade nacional. Porém, no final do século XX, com a crise do Estado-

nação, afetou-se os direitos sociais, políticos e civis (e o entendimento do

que estes representariam, vez que antes baseados na relação direta com o

Estado), e, por conseguinte, debatendo-se a “questão da cidadania”. Assim,

se, até meados do século XX, é possível falar de uma cidadania como sentido

de pertença, no final daquele século as mudanças ocorridas tanto no Brasil

quanto internacionalmente enfraquecem àquele significado, ampliando-se

para uma cidadania construída pela sociedade civil, através dos processos

de democratização.

Em meios aos processos de redemocratização, é promulgada a

Constituição Federal de 1988, apelidada de “Constituição Cidadã”, que

dedicou todo um capítulo (Capítulo III da Constituição) à educação,

atribuindo expressamente no art. 205 à educação o papel de preparar

o indivíduo para o exercício da cidadania, tomada como necessária à

transformação social. Sendo assim, se considerarmos estas questões temos

que a sociologia enquanto disciplina escolar se insere dentro de uma

compreensão mais ampla sobre o lugar da educação na formação para

cidadania na sociedade brasileiro no contexto pós-redemocratização.

Ainda que não caiba aprofundar aqui, é relevante apontar a

centralidade dos movimentos sociais no processo de alargamento e

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redefinição do exercício da cidadania nesse cenário, o que impactou certamente

a própria concepção sobre o lugar da escola em tal conjuntura.

Em meio a este debate, de intensa produção intelectual acerca da

cidadania e da educação, e ainda tendo como escopo a proteção constitucional à

educação, é editada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB

(BRASIL, 1996), que novamente deu ênfase à relação cidadania e educação.

Naquela ocasião, a Filosofia e a Sociologia foram os únicos conhecimentos

em que explicitamente foram atrelados ao exercício da cidadania (art. 36),

coparticipando da ideia geral de educação contida no documento de preparação

do aluno para o trabalho e para o exercício da cidadania.

Para Moraes (2009, p. 121-124), embora houvesse conflitos pelo

significado de cidadania no final do século XX, expressando-se na área

educacional especialmente a partir do universal e do particular, no contexto

de paradigma de inclusão social de minorias, o documento oficial educacional

traduzido na LDB constituiu-se em tentativa de estabilização, na busca

pelo consenso em torno da cidadania, baseando-se em questões universais,

comportando a ideia de vida social harmoniosa, de adaptação do aluno para a

realidade social mais ampla.5


5 Moraes (2009) realiza a sua análise dos sentidos de cidadania enfocando especialmente
o campo político do final do século XX, e, portanto, a sua ênfase está na ideia de
governabilidade e estabilidade perseguida no governo de Fernando Henrique Cardoso, que
visava afastar a participação da sociedade civil no Estado. Em uma perspectiva econômica,
realizada por Santos (2002), destaca-se na LDB mais a preocupação com as transformações
do período envolvendo o mundo do trabalho (sob o viés da competitividade) do que com
o mundo político (cidadania), mantendo assim o primeiro no critério de modernização do
país e o segundo, em uma cidadania para conservar e estabilizar.
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É neste contexto de redemocratização que a relação de cidadania

e educação ganha espaço, na medida em que esta é vista como elemento

importante na consolidação de um projeto de sociedade democrática,

apropriando-se diferentemente dos sentidos de cidadania, especialmente os

presentes na LDB.

3. A sociologia e o exercício da cidadania.

Os debates em torno da escola apontavam para ela como uma

instância capaz de oferecer o conhecimento sistematizado para propiciar

o exercício pleno da cidadania e de ação consciente no novo projeto de

sociedade. Weber (1992, p. 28) já havia atentado que a vinculação da

educação escolar como um projeto de sociedade passa a ser claramente

admitida, como um reconhecimento da educação escolar como ação política.

A cidadania, como um problema social (a falta de cidadania, de interesse

e conhecimento político) a ser resolvido pela escola, é também, assim, um

problema sociológico.

Destarte, em meio à retomada do debate da sociologia no ensino

médio e no contexto brasileiro do final do século XX, os estudos acadêmicos

acerca da sociologia na educação também ganharam fôlego (NEVES, 2002),

ainda que se deva destacar aqui o fato de que os estudos da Sociologia da

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Educação desenvolvidos nas Faculdades de Educação prioritariamente têm

se voltado para a Educação Básica, ao passo que aqueles realizados junto

aos Departamentos e Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais

têm tido como foco o Ensino Superior (MARTINS, WEBER, 2010).

Handfas e Maçaira (2014), investigando o estado da arte da produção

científica sobre o ensino de sociologia na educação básica, identificaram uma

descontinuidade destes estudos, argumentando-se que na década de 1990 o

ensino de sociologia gozava de pouco prestígio nas ciências sociais devido

a diversos fatores, tais como: a) os cientistas sociais não se viam como

educadores, partindo de uma noção de improvisação foram introduzidas

majoritariamente pelos governos; c) a separação e autossuficiência das

Faculdades de Educação frente à rejeição das ciências sociais.

Há de se considerar ainda que, apesar das mudanças propulsionadas

pelos mecanismos legais, ao se pensar na sociologia na escola, a LDB garantiu

o ensino de seu conteúdo, porém não a existência da sociologia enquanto

disciplina nos currículos escolares. Todavia, esta relação cristalizada pela

LDB entre sociologia e formação para o exercício da cidadania, se pouco

auxiliou na compreensão dos sentidos da sociologia na escola, contribuiu

para deixar marcas profundas no imaginário dos professores que lecionam

esta ciência e nos alunos (OLIVEIRA, 2013a, p. 357), além de ter reflexo

nas leituras acerca do papel da disciplina que viam como positiva a relação

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sociologia-cidadania.

De um lado, algumas pesquisas demonstram que o entendimento

de professores acerca do papel da sociologia na escola permanece atrelado

à noção de cidadania (SANTOS, 2002; MOTA, 2003), baseada em

características jurídicas e formais (conhecimento de direitos e deveres),

cabendo à sociologia uma função informativa. Junto deste imaginário,

vê-se na sociologia um horizonte de mudança social (um preparar para o

“depois”), vinculando-a a transformação social e pessoal (MOTA, 2003,

p. 97-98). Entende-se, então, que a relação educação-sociologia-cidadania

como elemento transformador está muito mais alicerçada no senso comum

e nos diferentes projetos educacionais em disputa, do que propriamente no

contexto histórico das ciências sociais. Sem embargo, pesquisas como a de

Santos (2002), apontam que essa concepção mostra-se mais recorrente em

professores que não possuem a formação inicial nas Ciências Sociais, que

representam a maior parte do contingente que atua na Educação Básica.

Todavia, Moraes (2009, p. 08) aponta que em eventos envolvendo o

ensino de sociologia, não eram raros os debates acerca da relação sociologia

e preparação para a sociologia, com alguns sociólogos reforçaram a

positividade desta relação, enquanto outros a percebiam alicerçada

sobretudo no senso comum. Tal disputa também é refletida nas análises

acerca da ausência/presença da sociologia nos currículos da educação

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básica, relacionando-se comumente a retirada da sociologia dos currículos

em razão de contextos políticos autoritários no Brasil (e a permanência da

disciplina em momentos democráticos), alargando-se a discussão acerca

dos sentidos da sociologia como disciplina escolar.6

É importante ressaltar nesse ponto que no seu percurso histórico,

a sociologia vinha assim justificada duplamente, por seu caráter científico

e pela expectativa cívico-redentorista.7 Todavia, como bem alerta Oliveira

(2013b, p. 181), a sociologia também pode assumir um caráter conservador

em termos teóricos:

Percebemos que longe de constituir uma discussão


assentada num pensamento crítico, ideologicamente
questionador, a Sociologia pode ser apresentada
também como uma disciplina conservadora, preocupada
em afirmar uma visão harmônica da realidade social,
preocupada ainda com o processo de construção de
determinada concepção de homem (...). (OLIVEIRA,
2013b, p.181)

Percebe-se, portanto, que apesar referência na LDB à sociologia

como uma disciplina voltada para a formação cidadã, houve margem para

diversas interpretações do que seria o papel da sociologia na escola. Os


6 Por exemplo, Santos (2002) defende que a disciplina de sociologia, com o seu propósito
primeiro de crítica social, aterrorizava as autoridades educacionais, dispensando a sua
presença nos regimes autoritários (como a Era Vargas e na Ditadura Militar). Noutro lado,
Silva (2007) tende a compreender estes momentos entrelaçados com o projeto político
e educacional de cada período, e não por uma suposta essência crítica da sociologia,
interpretação também partilhada por Moraes (2011) e Oliveira (2013b).
7 Baseamo-nos conjuntamente nos estudos de Meucci (2000), Santos (2002), Silva (2007,
2010), Moraes (2011) e Oliveira (2013b).
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Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) de

1999, por exemplo, relacionaram o ensino de sociologia à ação política, para

que esta dotasse o aluno do capital político necessário (MORAES, 2009).

Além dos PCNEM, não se pode esquecer foram editados posteriormente

o chamado PCN+ (BRASIL, 2002), como orientações educacionais

complementares, colhendo também a ideia de cidadania como participação

social e política.

Nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCN) de 2006,

por sua vez, trouxe-se proposta diferente ao ensino de sociologia do antes

apresentado nos PCNEM e foi documento importante para fomentar a

discussão em torno da volta da disciplina ao currículo escolar, defendendo-se

a identidade de sociologia através do panorama histórico da constituição da

disciplina no currículo escolar, possuindo um viés político de consolidação

da disciplina de sociologia (CASÃO, QUINTEIRO, 2007, p. 233-234). Ao

apresentar esta abordagem, o documento (que não possui força de lei, mas

sim de orientação aos professores, a nível nacional) questionou o vazio da

expressão “formar o cidadão”, atribuindo a relação mais aos temas tratados

pela área do que a uma natureza ideológica própria.

Pode-se afirmar que os argumentos centrais contidos nas OCNS

repercutiram na campanha pela inclusão da disciplina de sociologia, estando

menos preocupados com um caráter intervencionista sobre a realidade que

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poderia ser esperado da própria sociologia e mais calcados na intenção de

assegurar a formação dos alunos acerca dos princípios epistemológicos

das ciências sociais. A atuação política do cidadão seria, neste viés,

consequência do próprio processo educacional, na visão da escola como

espaço de transição ao mundo político.

Frisa-se ainda que os avanços e retrocessos institucionais para

firmar a sociologia como disciplinar escolar e que foram acompanhados

pela ampla luta por parte de sociólogos organizados especialmente em

lutas não acadêmicas, acabou reforçando uma identidade “politicamente

engajada” da disciplina, popularizando a noção de que a sociologia deveria

formar o cidadão, intervir na realidade e despertar a consciência crítica

(OLIVEIRA, 2013b). Ou seja, ainda que não disposto expressamente no

texto legal, o imaginário ligado à sociologia como interventora da realidade

(uma “sociologia cidadã”, e não pensar sociologicamente a cidadania)

permaneceriam, tal como confirmados pela visão dos professores (MOTA,

2003 e LIMA, 2012) e na visão dos alunos (RESES, 2007). No trabalho

de Leithauser e Weber (2010, p. 92), para os professores de sociologia

brasileiros esta ciência seria “(...) um saber prático capaz de interferir,

de modo diferente da lógica, tecnologia e conhecimentos de línguas, nos

processos político-práticos da sociedade.”

Na discussão mais recente em torno da Base Nacional Comum

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Curricular (BNCC) a relação entre ensino de sociologia e cidadania não

desaparece totalmente, entretanto nela o exercício da cidadania não emerge

como finalidade dessa disciplina, mas sim como conceito a ser explorado.

Segundo o documento atualmente disponível para consulta pública:

Conceitos como fato social; interações; relações sociais;


instituições sociais; classe; status; poder; cidadania;
trabalho; formas de solidariedade, de conflito e de
dominação; estruturas sociais e padrões de mobilidade
social; representações sociais e culturais; identidades
sociais, políticas e culturais; movimentos sociais; formas
de organização do Estado e de regimes de governo são
básicos para o ensino de Sociologia, permitindo que
os/as estudantes ampliem seu vocabulário, adquirindo
novas formas de percepção, de compreensão e de crítica
da sociedade em que vivem. (BRASIL, 2015, p. 292
[grifo nosso]).

Neste documento a cidadania é ainda referida como tema transversal

na Educação Básica, e de forma mais específica como temática que

compõe os conteúdos a serem lecionados no terceiro ano do Ensino Médio,

inserindo-se no eixo “Compreensão das formações políticas, da democracia

e da cidadania e compreensão sociológica do trabalho.”

Podemos supor que esse documento terá um grande impacto na

realidade das escolas, tendo em vista que a ausência de um currículo nacional

comum mínimo muitas vezes é apontada como uma das dificuldades para

a “transmissão” do conhecimento escolar, o que é aprofundado ante a

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ausência de uma formação teórica no campo das ciências sociais, que possibilite

ao docente a produção de uma “ruptura epistemológica” com o senso comum

(HAMLIN, 2010; OLIVEIRA, 2014b). Todavia, a de se enfatizar a complexa

relação existente entre o processo de elaboração dos documentos de referência

curricular e sua circulação e utilização entre os docentes (FERREIRA, 2015).

No entanto, é importante ressaltar que após a divulgação da versão da

BNCC, no atual contexto de disputas políticas intensas e com mudanças de

governo por meios questionáveis frente ao Estado democrático, foi editada

Medida Provisória, nº 746/2016, convertida na Lei nº 13.415/2017, que reformou

o ensino médio e novamente retirou a obrigatória da sociologia dos currículos

(dentre outras disciplinas). Diante da reação da classe e manifestações, passou

a constar na Reforma que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) deva

incluía “estudos e práticas” de sociologia em seu conteúdo, o que, teme-se, leve

novamente à inexistência da sociologia na escola, uma vez que a nova versão da

BNCC para o ensino médio não foi divulgada e não há certeza que a sociologia

seja contemplada como disciplina autônoma.

Portanto, não estando sequer garantida a sociologia como disciplina no

ensino médio, permanecem as disputas pelos seus sentidos, que são também

expressados nos livros didáticos produzidos para a disciplina de Sociologia e

que compõem o Programa Nacional do Livro Didático – PNLD, aos quais nos

deteremos de forma mais incisiva a partir daqui.

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4. A cidadania nos livros didáticos de sociologia.

Ainda que não caiba aqui analisar em profundidade, é importante

frisar que o PNLD é uma política de Estado iniciada na década de 1980 e

que vem sendo paulatinamente ampliada. Inicialmente, este programa se

voltava exclusivamente para a aquisição e distribuição de livros didáticos

para as escolas públicas, passando posteriormente a também avaliá-los.

Sua atuação se restringia ao Ensino Fundamental, tendo sido criado com

a Resolução nº 38 do PNDE o Plano Nacional do Livro Didático para o

Ensino Médio (PNLEM) apenas em 2004 (CASSIANO, 2013). A Sociologia

passou a figurar no PNLD a partir da edição de 2012, tendo sido aprovados

apenas dois livros, sendo uma das áreas que aprovou o menor número de

livros.

É importante dar relevo ao fato de que entre o PNLD de 2012 e o

de 2015 houve um aumento substancial no número de livros aprovados, ao

passo que no edital referente ao ano de 2012 houve 14 livros de sociologia

inscritos e dois aprovados, como já indicamos, e em 2015 foram 13 inscritos

e 6 aprovados. Esta mudança tanto pode indicar um incremento em termos

de qualidade dos livros nessa área, como uma maior conformação dos

livros ao modelo avaliativo do PNLD, ainda que tais hipóteses não sejam

excludentes.

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Analisando os manuais do professor dos seis livros didáticos de

sociologia aprovados no PNLD 2015 no intuito de perceber qual o sentido

de cidadania contida neles, realizamos uma divisão das obras em três grupos,

tomando como base para a divisão a análise de conteúdo dos manuais. Em

termos metodológicos, pode-se realizar a análise tomando como base os textos

de apresentação existentes em cada um dos manuais do professor, que constam as

principais referências dos autores para compreender a sociologia, justificando-a

enquanto disciplina escolar. Além disso, foram localizados nos indicativos

de atividades e procedimentos de orientação aos professores, referências à

cidadania e à finalidade da sociologia. A partir disso, pode-se contemplar três

categorias de análise tendo como orientação a relação sociologia-cidadania

enfocada no trabalho, sendo: a) que relaciona a sociologia com o exercício

da cidadania como condição formal da finalidade última da educação; b) que

considera que a finalidade do ensino de sociologia é formar o jovem para o

exercício da cidadania; c) que não realiza esta relação diretamente.

No primeiro grupo incluímos os livros de Silva et al. (2013) e Machado,

Amorim e Barros (2013). Silva et al. (2013, p. 4) relaciona a educação como

instrumento de mudança e emancipação do indivíduo, concebendo a escola

como um núcleo de formação, sociabilização e de construção da autonomia do

estudante, para assim formar um cidadão pleno e autônomo, capaz de atuar na

sociedade de forma produtiva, crítica e criativa. A sociologia, por sua vez, faz

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parte deste projeto de educação, mas não há referência a ação transformadora

no seio da disciplina escolar per se.

Baseados em preceitos pedagógicos de competências e habilidades a ser

desenvolvidas, os componentes didáticos e pedagógicos eleitos no livro (SILVA

et al., 2013, p. 5) são apresentados como necessários para a formação de cidadãos

ativos na sociedade democrática. Deste modo, para além da compreensão da

temática, quer-se induzir a planejar medidas sociais, que atuem no concreto (há,

por exemplo, a seção “MovimentAção”, que entende a ação como finalidade

educativa, colocando-a no intuito de levar para toda a comunidade a reflexão

sociológica).

Destaca-se, dentro da proposta do manual, a seção “instrumento jurídico”,

presente em todos os capítulos, em que se apresenta ao aluno leis e normas que

se relacionam com o tema abordado. Para os autores,

O “instrumento jurídico” proporciona ao estudante


o contato com as bases jurídica que regulamentam
a vida em nossa sociedade e que caracterizam a
institucionalização de qualquer Estado democrático
de direito. A oportunidade de avaliar as bases legais e
institucionais de determinada questão ou problema social
contribui para a formação política e para o exercício da
cidadania do estudante na medida em que ele percebe
como o direito é uma construção social, que parte das
relações sociais reais para a normatização jurídica, e
ainda que, uma vez institucionalizada, ofereça meios de
transformação social. (SILVA et al., 2013,p. 7)

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Introduzindo-se este tópico deixa-se clara a relação dos sentidos da

sociologia pelo viés da cidadania, na medida em que possibilita e valoriza-

se o conhecimento da lei como modo de examinar mecanismos que façam

valer os direitos então prescritos (ou os modificando). Ser cidadão é, neste

caso, ter direitos.

Justificando a sociologia como conhecimento, situa-a como

necessária para, por meio da explicação científica dos fenômenos sociais,

oferecer recursos para que os problemas sociais possam ser superados.

Então, por meio dos autores clássicos e contemporâneos e das temáticas

centrais recortadas no livro, mostra-se a “vitalidade da pesquisa sociológica

e despertam nos estudantes a curiosidade sobre os meios efetivos de

conhecer a sociedade e produzir ações que possam de fato transformá-la”

(SILVA, et al., 2013, p. 10). Assim, o sentido de cidadania, como ação e

composição jurídica de deveres e direitos relaciona-se com o ensino de

sociologia, esta voltada para a formação do cidadão, como condição final

da prática educativa.

Machado, Amorim e Barros (2013) também traz a noção de

cidadania, como ação transformadora para o mundo, como finalidade

última da educação. Pensa-se em uma educação que permita desenvolver

a consciência crítica e, por ela, se permita o livre exercício da cidadania.

Tomando por base os PNCs para dar sentido ao ensino de sociologia no

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Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

ensino médio, tem-se que a disciplina deve introduzir o aluno nos principais

saberes, conceituais e metodológicos, que fundamentam as Ciências

Sociais, e através deles prepara-se o aluno para o mundo do trabalho e de

prática social, capacitando-o para o aprendizado contínuo e autônomo e

para o exercício da cidadania (Machado, Amorim e Barros, 2013,

p. 332). A sociologia, portanto, seria instrumento necessário à construção

da cidadania, na medida em que “ocupa relevante papel na construção

de uma consciência crítica e reflexiva diante das questões do mundo

contemporâneo”, mas que se dá pela compreensão da complexidade social

e das formas de responder e agir em sociedade. Assim:

A contribuição das Ciências Sociais reside, pois,


justamente na formação humana, ao promover
constantemente a problematização da realidade, sempre
confrontada pelo olhar inquieto e crítico, não apenas
do que se encontra ao redor, mas de si próprio e de sua
própria perspectiva. Trata-se, portanto, de desenvolver
um distinto modo de pensar a vida em sociedade.
(Machado, Amorim e Barros, 2013, p. 333).

O sentido de cidadania utilizado não se apresenta como ação social

imediata, mas sim como um processo que se constrói pelo conhecimento

crítico. Através dos fundamentos de desnaturalização e estranhamento,

fomentando a imaginação sociológica, a sociologia contribuiu para a

produção de um sujeito crítico, que percebe que pode intervir, agir,

255
Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

produzir e transformar o mundo, no conceito de inconformismo intelectual

(Machado, Amorim e Barros, 2013, p. 334).

No segundo grupo destacam-se aqueles que consideram a finalidade

do ensino de sociologia a formação para o exercício da cidadania, sendo

eles: Araújo, Bridi e Motim (2013); Bomeny et al. (2013).

Araújo, Bridi e Motim (2013) explicita no manual a importância da

educação e da sociologia para “tornar a educação formativa, e não apenas

instrumental como a que se viu ao longo da história brasileira” (Araújo,

Bridi e Motim, 2013, p. 307). A partir disso, dando o sentido da

sociologia atrelado à formação do aluno para a cidadania, tomada como

agência, propõe-se uma educação que vise à “formação cidadã, por meio

da qual possamos vislumbrar esperanças de um futuro melhor, mais justo,

igualitário, pacífico. (...)” (Araújo, Bridi e Motim, 2013, p. 307).

Tem-se, portanto, o sentido da sociologia em fomentar o ensino

das teorias, conceitos e temas das ciências sociais, mas mantendo-se “a

missão de ajudar o aluno a compreender a importância da disciplina para

a sua formação cultural e cidadã” (Araújo, Bridi e Motim, 2013,

p. 307). Do mesmo modo, ao sugerir-se a realização de pesquisas como

atividade, busca-se “ensinar e aprender com prazer e espírito crítico para

a formação cidadão dos jovens estudantes brasileiros.” (Araújo, Bridi

e Motim, 2013, p. 320). Assim, os sentidos de cidadania, tomada como

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Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

ação social, são apresentados como finalidade e sentido ao ensino de

sociologia:

O conhecimento sociológico mostra-se fundamental


para a compreensão da realidade na medida em que tira
da zona de conforto as questões presentes na sociedade,
as problematiza e as desnaturaliza. Assim, muitas
coisas que vemos com “normais” ou “naturais” no dia
a dia têm esse estatuto questionado. (...) Uma vez que
compreendemos o funcionamento das relações sociais,
podemos pensar em saídas para melhorá-las. (Araújo,
Bridi e Motim, 2013, p. 330).

Bomeny et al. (2013) apresenta no manual a proposta pedagógica

baseada na ideia de contribuição da sociologia para que desenvolvam

a imaginação sociológica, para que “com isso, sejam capazes de se

orientar e fazer propostas de intervenção na realidade como cidadãos

conscientes, críticos e participantes da vida social e política brasileira.”

(BOMENY et al., 2013, p. 05). Assim, o papel do conhecimento da

sociologia escolar está aliado ao exercício da cidadania, e esta entendida

como ação política e social.

O livro didático, na concepção das autoras, serve para oferecer

estímulos e catalisar as pré-noções dos alunos, possibilitando uma

aprendizagem com “sentido”. A sociologia, por sua vez, ajudaria a

refletir sobre as opiniões dos alunos, fornecendo o conhecimento que

modifica a percepção do aluno sobre a própria vida e o mundo a sua

257
Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

volta, por meio do estranhamento e desnaturalização. (BOMENY et al.,

2013, p. 06-07). E, ao pensar sociologicamente:

O livro busca contribui para que os estudantes


desenvolvam uma visão crítica da sociedade
contemporânea. Ao compreender melhor a dinâmica
da sociedade, eles poderão perceber que são agentes,
que tem força política e capacidade para construir uma
sociedade mais justa. Por isso, os alunos são estimulados
a elaborar propostas de intervenção na realidade.
(BOMENY et al, 2013, p. 07).

Vê-se que o sentido de cidadania está colocado no caráter de

intervenção da realidade, como ação social necessária e consequência

do ensino de sociologia. Aponta-se no manual (BOMENY et al, 2013, p.

08) para a necessidade das ciências sociais em colher novo sentido para a

disciplina na escola.

A partir da discussão do trabalho multidisciplinar e interdisciplinar,

apontam as autoras à preocupação acerca do esvaziamento do caráter crítico

do ensino das Ciências Sociais especialmente em razão da disciplina de

Educação Moral e Cívica, que estava presente nos currículos escolares.

Destacam ainda que:

Há uma preocupação legítima dos educadores em relação


à possibilidade do ensino de Sociologia se converter em
aulas de educação cívica (com orientação ideológica
de direito) ou em aulas doutrinárias (com orientações
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Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

ideológicas de esquerda). No entanto, as Ciências Sociais


e todas as disciplinas escolares estão comprometidas
com os aspectos formativos da educação, ou seja, a
escola não se presta plenas ao ensino de conteúdos, mas
visa formar as novas gerações. . (BOMENY et al., 2013,
p. 14).

Então, a escola forma valores e cultiva o senso de responsabilidade

– no sentido de ensino transversal, cabendo aos professores de ciências

sociais “saber transitar entre a reflexão, análise e crítica desses temas

no aporte de suas disciplinas e, ao mesmo tempo, exercer seu papel de

formador” (BOMENY et al., 2013, p. 14). Explicita-se que não há conflito

entre aprendizagem de conhecimentos e formação para a cidadania,

sendo necessário articular estes dois caminhos. A sugestão para tanto

é o desenvolvimento da pesquisa escolar, utilizando-se dos métodos das

ciências sociais. Não se nega, portanto, a relação sociologia e cidadania, na

medida em que se confirma a necessidade de um ensino transformador – ao

mesmo tempo em que é formador.

Pode-se localizar no manual sugestões de pesquisas que sejam

complementadas e associadas pela intervenção na realidade. A valorização

do exercício da cidadania, entendida como direitos, deveres e participação,

é um dos objetivos do capítulo 19, “participação política, direitos e

democracia” (BOMENY et al., 2013, p. 97). Assim, na proposta de

assimilação dos conceitos, articula cidadania e participação, desafiando os

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Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

estudantes em “abordar a participação cidadão dos jovens (protagonismo

juvenil), ou seja, mostrar como eles podem usar a autonomia para enfrentar

desafios sociais e desenvolver propostas de ação” (BOMENY et al., 2013,

p. 101).

Se o sentido de cidadania no manual transita no aspecto de

civilidade para a ação política, o ensino de sociologia também está imbuído

deste espírito. Pode-se extrair que objetivos da sociologia como disciplina

escolar contidos no manual dizem respeito às normas de conduta, trazendo

a “ideia de respeito e de tolerância ao ponto de vista do outro, a importância

do diálogo/debate na convivência social como forma de expressão da

liberdade.” (BOMENY et al., 2013, p. 74).

Por fim, pode-se destacar dois livros que não apontaram para a

relação cidadania e sociologia diretamente, tratando da cidadania como

tema das ciências sociais (TOMAZI, 2013; e OLIVEIRA, COSTA, 2013),

o que se aproxima da proposta disponível da BNCC.

Tomazi (2013, p. 373-374), baseando-se nas OCNs, das quais ele

foi um dos autores, parte do estranhamento e da desnaturalização como

fundamentos teórico-metodológicos e que devem ser ensinados pelo

professor aos alunos, como condição necessária às ciências sociais na

busca pela análise sistemática da realidade. Buscando introduzir o caráter

científico ao aluno, aponta-se que sociologia constrói diferentes conceitos

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Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

para a compreensão da sociedade dos indivíduos, e, apropriando-se destes

conceitos, os alunos poderão “analisar de modo mais profundo a realidade

social em que vivem.” (TOMAZI, 2013, p. 389). Propõem atividades de

pesquisa que possam apresentar ao aluno os fundamentos da pesquisa

científica afeita às ciências sociais, além de seminários e debates que

possam contribuir para que o aluno seja integrado, resguardado o nível de

conhecimento, ao conhecimento sociológico. Assim, para Tomazi (2013), o

sentido do ensino está na compreensão dos pressupostos da área da área de

conhecimento:

É tarefa dessa ciência dessacralizar os fenômenos sociais,


mediante o compromisso de examinar a realidade
além da aparência imediata, “informada” pelas regras
inconscientes da cultura e do senso comum. Despertar
no aluno a sensibilidade para perceber que o mundo a
sua volta é resultado da atividade humana – e, por isso,
pode ser modificado – deve ser essa a tarefa de todo o
professor. (TOMAZI, 2013, p. 375)

O tratamento e sentido dados à cidadania são como temática

(destinado à unidade 5 do livro), trabalhando a noção deste conceito

como destinatário de direitos e deveres, ou seja, em suas características


jurídicas.

Oliveira e Costa (2013), por sua vez, explicitam os desafios para o

ensino de sociologia no ensino médio, dado a intermitência da disciplina

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Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

escolar, apontando que cabe á sociologia na escolar fortalecer sua tradição

pedagógica, tendo-se como objetivos de ensino de sociologia:

a partir de reflexões conceituais, teóricas e


temáticas, incentivar o estudante na desconstrução e
desnaturalização das opiniões de senso comum. Ou
seja, a partir de fatos do cotidiano, da realidade vivida
pelos alunos e das ideias e representações sociais sem
base científica, trabalhar a imaginação sociológica e
problematizar o senso comum. (OLIVEIRA; COSTA,
2013, p. 411)

Quer-se, assim, em cada capítulo, problematizar o senso comum,

fomentando a imaginação sociológica, baseados nos conceitos, temas

e teorias das Ciências Sociais, propiciando aos alunos a ampliação dos

repertórios acerca das leituras sociológicas para além do senso comum,

estranhando a realidade e compreendo-a como relação social (OLIVEIRA;

COSTA, 2013, p. 420).

No entanto, ainda que não tenha se localizado uma relação

entre sociologia e o exercício da cidadania, e tomando cidadania como

direitos e deveres (dentro da temática das ciências sociais), percebe-se

um posicionamento da sociologia engajada e prescritiva. Afirma-se que

a matemática é uma disciplina estanque e descontextualizada do mundo

real e que é apresentada na escola com fins específicos em sua própria

essência (OLIVEIRA; COSTA, 2013, p. 424); na sugestão de atividades de

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Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

intervenção nas paredes deve-se pedir a autorização dos proprietários para

tal, “justamente o que os pichadores não fazem” (OLIVEIRA; COSTA,

2013, p. 426); “discutir a crise ambiental através de uma crítica ao consumo

na sociedade capitalista” (OLIVEIRA; COSTA, 2013, p. 428); “incentivar

o aluno a buscar uma associação entre o crescimento do homem burguês,

o aparecimento de uma subjetividade individualizada e o espaço privado.”.

O mesmo é observado quando da descrição dos objetivos e atividades

por capítulo: propõe-se que se organize um debate sobre “de que forma o

conhecimento sociológico nos ajuda a compreender o uso do cigarro e o vício

que ele provoca” (OLIVEIRA; COSTA, 2013, p. 436); ou que se relacione,

como objetivo do capítulo, “os dados que apontam para o diagnóstico de

que a terra está vivendo um período de aquecimento global, relacionado à

ação predatória do homem e da natureza.” (OLIVEIRA; COSTA, 2013, p.

456).

Esses apontamentos representam um conjunto de preconcepções,

de relações preconcebidas, as quais devem ser apresentadas aos alunos,

seja nos objetivos ou na justificativa do projeto. Isto demonstra o sentido

da sociologia aliado ao caráter prescritivo de conduta do aluno, que não

está explicitamente atrelado à cidadania ou do exercício cidadão, mas sim

de um entendimento de uma natureza crítica da própria sociologia e que

acaba impondo normas de conduta e de civilidade. Mais explicitamente,

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Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

é desejável e esperado da escola a orientação comportamental, onde o

professor exerça “o seu papel de educador, acompanhando com seriedade

os passos da pesquisa realizada pelos alunos, avaliando o seu desempenho

e comportamento destes antes e durante a atividade” (OLIVEIRA; COSTA,

2013, p. 479).

5. Considerações Finais

Diante dos elementos dispostos, pode-se perceber nos manuais do

professor dos livros didáticos aprovados no PNLD 2015 que não há um

único sentido para a cidadania, tampouco que a tríade relacional educação-

sociologia-cidadania permaneça estática. Como se pode observar, alguns

dos livros sequer fazem menção à formação para a cidadania, mas propõe

normas de conduta a ser realizado pelo professor ao aluno (como o livro de

Oliveira, Costa, 2013), enquanto outros trabalham a questão da cidadania

como fim último da educação, estando portanto a sociologia inserida neste

contexto, formalmente. Destacam-se na manutenção da relação da sociologia

com o exercício da cidadania, esta tomada como ação necessária e esperada

da sociologia, os livros de Araújo, Bridi e Motim (2013) e Bomeny et al.

(2013).

Devemos compreender essa heterogeneidade como reflexo do

próprio processo de produção dos livros didáticos, bastante polifônicos nesse


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Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

momento, uma vez que apenas um é redigido por um único autor. Portanto,

há de se supor que haja uma maior diversidade em termos de concepções

sobre a finalidade do ensino de sociologia e sua relação com a cidadania na

medida em que se amplia o número de autores. Ademais, considerando que

os livros aprovados pertencem, em sua maioria, a grandes conglomerados

editoriais, que possuem uma vasta equipe que assessora todo o processo de

produção da obra, pode-se ainda inferir que essas equipes também deixam

suas marcas, incluindo aí suas concepções sobre ensino, no produto final.

O que pudemos observar aqui acaba por confluir, em certa medida,

com as críticas outrora realizadas por Meucci (2013) a respeito dos livros

de sociologia aprovados no PNLD 2012, que dariam sentido à sociologia

escolar em forma de prescrição de conduta politicamente correta, e denúncia

das injustiças da sociedade atual. Em alguns livros haveria uma espécie

de “etiqueta cidadã”, enquanto outros se assemelhariam a manifestos

antiliberais, que parecem permanecer ainda em alguns dos livros do PNLD

2015.

Podemos supor, considerando os resultados indicados nas pesquisas

que analisaram as concepções de ensino presentes entre professores

de sociologia, que os livros didáticos que apresentam uma perspectiva

mais engajada acerca dessa ciência tenderiam a encontrar uma maior

receptividade entre os professores, especialmente entre aqueles que não

265
Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

possuem formação na área das ciências sociais.

Em que pese as críticas tecidas aqui, reconhecemos os avanços

qualitativos da produção dos livros didáticos de sociologia, e acreditamos

que o debate amplo dentro da comunidade acadêmica tende a impactar no

próprio processo de reelaboração desses materiais e também nas lutas pela

permanência da sociologia na escola. Por fim, vale a pensa afirmar que a

heterogeneidade de concepções sobre a relação entre o ensino de sociologia

e o exercício da cidadania reflete também, em última instância, as próprias

disputas existentes no campo das ciências sociais em torno do lugar destas

ciências no mundo contemporâneo.

266
Estudos de Sociologia, Recife, 2016, Vol. 2 n. 22

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