Gersonantonio.p@gmail.com
2016
Gerson Pagarache
Resumo:
Abstract: This study stands to comprehend the function of dubling and legend, as audiovisual
translation mechanisms, ending to show the posetives and negatives implications of adopting
them and indicates the adequate mechanism to be adopted, for the Mozambican context.
1.0 Introdução
Moçambique é, tal como a maioria dos países africanos, um país multilingue e multicultural onde
coexistem muitas línguas africanas do grupo bantu com outras não africanas, entre europeias e
asiáticas (Ngunga&Mbavo, 2011). E com a consagrada globalização, arrisca-se a dizer que todos
os países do mundo são multilingues, pois que os constantes movimentos geográficos efectuados
pelas pessoas, de diferentes pontos para diferentes pontos, permite o entrosamento de povos,
culturas e de ´´línguas´´.
Após a independência do país, em 1975, escolheu-se o português, uma língua europeia, como
língua oficial, com vista a evitar-se conflitos étnicos, já que o país apresentava (e continua a
português como língua oficial passa a significar, automaticamente, que ela seja usada em todos
os contextos formais, como em escolas, hospitais, tribunais, bancos, parlamentos, e entre outros
espaços, nos órgãos de comunicação social.Neste último, a maior parte das informações
éveiculada por via do português, para uma comunidade composta maioritariamente por falantes
Durante algumas matérias efectuadas pelos jornalistas de televisão, dá-se o caso de encontrar-se
entrevistados falantes de uma língua bantu. E a televisão, para poder transmitir tais informações
fornecidas em bantu para os seus espectadores, adopta um dos seguintes mecanismos: Dublagem
Este ensaio, regido pelo tema ´´As línguas bantu na televisão: Entre a dublagem e a
mecanismo adequado para a tradução de uma fala bantu para o portugues, num contexto
fim de mostrar o mecanismo adequado para a transmissão de informações fornecidas em bantu por
via oral para a comunidade de telespectadores. Toda a discussão terá em conta o contexto
moçambicano.
dublagem, e algumas vezes, a mesma emissora televisiva adopta ambos os sistemas, dependendo
do programa, o que pode constituir evidência de que elas adoptam ora um ora outro mecanismo
suas línguas nativas: as línguas bantu. E segundo vários autores, a televisão constitui um dos
órgãos máximos para esta tarefa. Entretanto, tendo visto que estas televisões ora adoptam a
dublagem ora a legendagem para traduzir mensagens proferidas em bantu, nasceu a preocupação
as implicações de ordem sociolinguística que poderão estar por trás do uso de cada um desses
Visto que em Moçambique se tem pouco discutido em torno da adopção desses dois mecanismos
primeira instância, de um acervo bibliográfico novo, que inaugura um campo fértil de discussão.
Num segundo plano, o ensaio contribuirá para o campo sociolinguístico como forma de mostrar
até que ponto a adopção de cada um desses mecanismos fere com questões de ordem
audiovisual (Barros, 2006). E este campo é, por Ramos (2012), definido como sendo:
"todo o texto falado- televisão, cinema, DVD, vídeos, pecas, etc, que pode ser traduzido tanto para um
discurso escrito, como para outro discurso oral, sendo a tela um elemento preponderante desta
actividade tradutória''.
Carvalho (2005), citado por Ramalho (2009), define, também, a tradução audiovisual como
sendo um conjunto de práticas que envolve a tradução oral e escrita de programas e filmes
veiculados através de diversos meios visuais, como filmes, fitas, DVDs, etc.
A tradução audiovisual engloba vários mecanismos, dentre os quais nos interessam a dublageme
a legendagem. E diversos autores definem cada um desses mecanismos tendo em conta os seus
pontos de vista.
Segundo Ramos (2012), no seu artigo sobre a recepção da dublagem e da legendagem no Brasil,
a dublagem consiste em traduzir todo material auditivo da língua estrangeira para a língua
materna suprimindo o som das vozes originais e adicionando outras vozes no lugar. Este
conceito mostra-se ser dos mais específicos de dublagem, pois que tem em conta a noção de
língua estrangeira e de língua materna, onde língua estrangeira é a língua fonte a ser dublada, e
Para Sousa & Neto (2009), a dublagem corresponde a um dos processos que permite a tradução
da fala fílmica de uma língua para a fala de uma outra. De um modo geral, e socorrendo-se de
Ramalho (2009), a dublagem consiste em substituir todas as falas do filme original por
Segundo Sousa & Neto2009), ela consiste em traduzir um discurso verbal oral pertencente a uma
Para Martins &Amorin (2013), que trás um conceito um pouco mais aturado de legendagem, esta
por via de um código escrito patente na tela. Este conceito é corroborado por Ramos (2012),
quando advoga que a legendagemconsiste em manter o áudio original e colocar na parte inferior
central da tela um texto escrito condensado com tudo que está sendo dito.
desvantagens que cada um dos mecanismos tem. E o tema em questão incide, exactamente, sobre
Autores como Martins & Amorim (2013), Ramos (2012) e Ramalho comparam a dublagem e a
mecanismos de tradução audiovisual. Sousa & Neto (2009) faz um estudo prática da dublagem e
conclusões sobre qual dos mecanismos se mostra estar mais próximo da língua de partida, da
Todavia, são dois os autores escolhidos para este ensaio, que abordam de forma antagónica a
superioridade da dublagem, e por outro lado e em forma de resposta àquela posição, o escritor
aparecem a considerar as televisões como fundamentais promotores das línguas bantu, daí
deverem enveredar pela utilização dessas línguas como veículo melhor de comunicação.
Apôs a exibição de diferentes obras que abordam questões relacionadas com o tema em questão,
segue-se o capítulo III, onde se faz a análise e interpretação dos dados recolhidos.
3.1 A Dublagem
Como se viu anteriormente, pode-se, de forma breve, definir dublagem como sendo o processo
de substituição da fala de uma língua por fala de uma outra língua, enquanto as imagens originais
Nos últimos tempos, este processo vem sendo bastante preferido pelos países europeus e
maior parte dos filmes encontrados em cinemas é dublado. O mesmo se pode dizer de Brasil,
onde a maior parte das emissoras adopta o mecanismo de dublagem para a tradução de filmes,
preponderante na valorização e divulgação das línguas bantu. Lopes (2004), por exemplo,
advoga que as línguas bantu nacionais devem usufruir dos mesmos direitos usufruídos pelo
todos os aspectos positivos da Dublagem defendidos pelos autores, eles podem ser agrupados em
Nível técnico
A dublagem, para Martins & Amorim (2013), permite manter intacta a visualização do filme. Ou
seja, assistindo a um vídeo dublado, o telespectador pode acompanhar todo o vídeo sem nenhum
impedindo de visualização. Este aspecto é reforçado por Machado &Venticinque (2012), quando
diz que ´´ao optar por ouvir, o espectador volta sua atenção para detalhes do filme´´.
do vídeo, devido aos caracteres escritos na tela, como alerta Martins & Amorim (2013).
Nível económico
preferência do público a vídeos dublados em relação a legendados faz com que as emissoras de
televisão adoptem cada vez mais o mecanismo de dublagem do que o de legendagem, de modo a
venderem mais materiais, para o caso de filmes, peças, etc, ou a terem mais audiência, para o
caso das televisões. Para o caso de Moçambique, a adopção da Dublagem pode estar
realacionada com a intenção de as emissoras facilitarem a apreensão da mensagem por parte dos
Nível social
Este nível centra-se, por um lado, nas atitudes do público em relação à Dublagem, e por outro, no
Para Martins & Amorim (2013), a dublagem permite que os espectadores tenham a sensação de
estarem ouvindo os personagens conversando em seu próprio idioma, contribuindo, não só para o
acesso à informação por parte do falante, mas também para a valorização da língua do falante.
Isto significa, para o contexto moçambicano, que quando se opta por dublar a fala bantu por uma
fala em português, está-se a valorizar e promover o português. No entanto, quanto a esse aspecto,
não se poderá dizer o mesmo da legendagem, pois esta promove, em simultâneo, as duas línguas
envolventes.
3.1.2 A Legendagem
Recuperando o conceito trazido por Ramos (2012), a Legendagem, como processo de tradução
audiovisual, consiste:
´´Em manter o áudio original e colocar na parte inferior-central da ela um texto condensado com
tudo que está sendo dito e informações extras que são relevantes para o entendimento da
narrativa´´(Ramos, 2012)
Por um lado, este mecanismo busca preservar o áudio original. E por outro, adopta o código
escrito como forma de transmitir o que está sendo dito noutra língua.
Em Brasil, nos últimos tempos, este mecanismo vem sendo substituído pela Dublagem, como
descreve estilisticamente Machado & Venticinque (2012), no seu artigo A dublagem venceu as
legendas, quando diz ´´o triunfo da voz sobre a palavra escrita reflecte uma nova demanda dos
espectadores´´. Este fenómeno, deve-se, segundo esses autores, à crescente preferência dos
espectadores, pois alegam que assistir a filmes legendados leva-os a imensas leituras em pouco
tempo.
Em Moçambique, mais uma vez como se disse anteriormente, não se começou ainda a discutir
Assim como no capítulo anterior, neste se agrupará os argumentos a favor da Legendagem, suas
vantagens e implicações em dois níveis: Nível técnico e nível social. O nível económico é
relegado pois os autores não ressaltam a superioridade da Legendagem tendo em conta este
aspecto.
Nível técnico
Segundo Martins & Amorim (2013), a legendagem de um filme mostra-se ser o único meio
capaz de preservar intactos os diálogos e os sons originais do vídeo. Este aspecto mostra-se ser
de tamanha relevância quando se assiste a um vídeo Dublado, e nota-se que a voz dublante não
daquele uma fala português, nota-se, na maior parte das vezes, uma dublagem inadequada e
infiel. Em casos, por exemplo, onde o falante bantu sendo entrevistado esteja a reivindicar algum
direito, o estado sonoro que ele vai apresentar devido à sua insatisfação, terá, com certeza, uma
transmitido pelo entrevistado, o que vai harmonizar a intervenção: onde aquilo que o falante diz
está de acordo com o seu estado fonético-acústico. Caso contrário, será causado no espectador,
Nível Social
pedagógico, segundo Giron (2012). Por esta via, forma-se uma sociedade de leitores. Para Giron
Num segundo plano, adoptar a Legendagem significa conservar a língua original (Martins &
Amorim, 2013). Este mecanismo permite a manifestação da língua do vídeo original falada, e a
Como se pode observar em Sitoe (2015), Moçambique debate-se com a questão da promoção das
suas línguas autóctones, isto é, as línguas bantu. E Ngunga & faquir (2012) reforçam a ideia
postulando que ‘’é do esforço de todos e de cada um de nós que leva as rádios e, timidamente, as
televisões e os jornais a reconhecer o seu valor e a enveredarem pela utilização das línguas
Entretanto, a Legendagem assume adequadamente esse papel, na medida em que ela ajuda na
valorização e divulgação das línguas bantu, elevando o seu status social e concedendo o mesmo
direito ostentado pela língua portuguesa. Já a dublagem, que segundo Martins & Amorim (2013),
consiste em camuflar a língua original do vídeo para dar lugar à língua de chegada, não se mostra
4.0 Conclusão
reduzindo o seu status, visto que ela, como afirma Martins & Amorim (2013), consiste em
camuflar a língua original do vídeo para dar lugar à língua de chegada. E já a opção por
Legendagem mostra-se ser adequada para o contexto moçambique, pois que ela consegue manter
a fala bantu dos falantes, permitindo a manifestação das línguas bantu e a promoção das mesmas.
Enfim, pode-se afirmar que a nossa pergunta de partida foi respondida com sucesso. E espera-se
audiovisual, com vista a se ter uma posição contrária a esta, e criar-se um campo de discussão.
DE SOUSA, Aída carla Rangel & NETO, João Gomes da Silva. Radução e Interculturalidade:
O caso do filme Frances O fabuloso destino de Amélie Poulain Traduzido para o português.
2013.
Maputo, 1997.
RAMOS, Jamille Santos Alves. A recepção da dublagem e da legendagem no brasil. Vozes dos
SITOE, Bento. Estarão as línguas nacionais em via de extinção? 1ª edição. Maputo. 2015