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o poema em tempos sombrios

e seu velho novo dilema de anjo


da história
sabe-se ruína
a cada interlúdio entre
o espasmo e a tentativa de levante

o poema e sua matéria


cobrada a peso de infâmia
e bandeiras a meio-pau

o poema e o dolo do cotidiano:


país sem margem
um reflexo de água-forte
esterilizando a memória e seus domínios
como se todas as estações são fossem finitas
e desconhecidos os mártires os lacerados
e o poema
imperfeita testemunha
atenta ao cadáver dos sonhadores
vaticinando o jugo a aflição a sujeira sem pombos
o poema
breve poema
lacônico expectante
entrecortado de dissonância
e alguma reparação
em seu ínfimo motim

s.

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