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MÓDULO 1 - AULA 4
Metas da aula
• introduzir a lei de Gauss para o campo eletrostático;
Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Pré-requisito
• Para melhor compreensão desta aula, você deve rever as duas aulas
anteriores.
Introdução
Como você viu na aula sobre o campo elétrico, a força eletrostática
entre duas cargas é dada pela lei de Coulomb. A partir da lei de força entre
as duas cargas e do princı́pio de superposição, definimos o campo elétrico,
que nos permite calcular a força em uma carga de teste colocada em uma
posição arbitrária.
Nesta aula, vamos ver como podemos escrever a lei de Coulomb de
uma forma mais geral, o que nos permitirá calcular o campo elétrico de
distribuições de carga com algum tipo de simetria, como a simetria axial ou
esférica.
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A lei de Gauss
~ r) = 1 q
E(~ r̂ (4.1)
4π0 r 2
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A lei de Gauss
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Figura 4.1: Superfı́cie arbitrária, pela qual queremos calcular o fluxo de uma carga em
seu interior.
Como podemos usar o teorema de Gauss para calcular o fluxo por uma
superfı́cie qualquer? Suponha que queiramos calcular o fluxo pela superfı́cie
da Figura 4.1. Façamos o seguinte: consideremos uma superfı́cie esférica
muito grande, com centro na carga, e que envolva completamente a superfı́cie
S, como mostra a Figura 4.2.
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A lei de Gauss
O lado direito desta equação é fácil de ser calculado: como sabemos que a
divergência do campo elétrico é zero, o lado direito é igual a zero! O lado
Lembre que o sinal negativo
esquerdo é constituı́do de duas partes: uma é igual a menos o fluxo do
aqui é devido ao fato de campo elétrico pela superfı́cie S que queremos calcular, e o outro é o fluxo
termos invertido o sentido do
vetor normal à superfı́cie S.
pela superfı́cie esférica que introduzimos. O fluxo pela superfı́cie S é difı́cil
de encontrar, mas o fluxo pela superfı́cie esférica é direto. Como sabemos
que a soma dos dois se anula, podemos encontrar o fluxo pela superfı́cie S
calculando o fluxo pela superfı́cie S0 . O fluxo pela superfı́cie S0 é dado por
1 q 1 q q
I I
~
E · n̂dA = r̂ · r̂dA = 4πR2 = (4.6)
2 2
S0 S0 4π0 r 4π0 R 0
~ · n̂dA = q
I
E (4.7)
S 0
O que aconteceria se a carga não estivesse no interior da superfı́cie S?
Até agora, sabemos que o fluxo do campo elétrico por uma superfı́cie
qualquer que contém uma carga q é igual a q/0 . Suponha agora que a
carga q se encontra fora do interior da superfı́cie S. Procedendo como antes,
podemos envolver esta carga e a superfı́cie por uma grande superfı́cie esférica.
Sabemos duas coisas: 1) o fluxo pela grande superfı́cie esférica é igual a q/0
e 2) o fluxo definido pelas duas superfı́cies, a esférica e a inicial, tem de ser
igual a q/0 , porque, como mostramos, o fluxo por uma superfı́cie é igual
à carga que está em seu interior dividida por 0 . Concluı́mos, então, que o
fluxo pela superfı́cie S tem de ser zero! Assim temos a seguinte regra:
(
q/0 , se a carga está no interior de S;
Φ= (4.8)
0, caso contrário.
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A lei de Gauss
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Q
Φ= (4.9)
0
I Z
~ · n̂dA =
E ~ · EdV
∇ ~ ~ ·E
≈∇ ~ ∆V (4.10)
S ∆V
ρ(~r) ~ ·E
~ ∆V ⇒ ∇ ~ = ρ(~r)
~ ·E
∆V = ∇ (4.11)
0 0
∇ ~ = ρ(~r)
~ ·E (4.12)
0
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A lei de Gauss
Distribuição esférica
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A lei de Gauss
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A lei de Gauss
Atividade
Considere uma distribuição de carga esfericamente simétrica dada por ρ(~r) =
ρ0 , para 0 < r < R, e nula para r > R. Calcule o campo elétrico em todo
espaço.
Resposta Comentada
Da simetria do problema sabemos que o campo elétrico deve ser da forma
~ r ) = e(r)r̂, onde e(r) é uma função que queremos determinar. Note que a
E(~
carga total é Q0 = ρ0 4πR3 /3. Seguindo o mesmo método que acabamos de
apresentar para o caso de uma casca esférica, temos que, para r > R a lei de
Gauss fornece
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Fio infinito
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A lei de Gauss
Calculemos o fluxo do campo elétrico por esta superfı́cie. Pelas tampas su-
perior e inferior, o fluxo é 0, simplesmente porque o campo elétrico é, por
simetria, paralelo a essas superfı́cies, e portanto perpendicular ao vetor nor-
mal delas. Resta, então, o fluxo do campo pela superfı́cie encurvada do
cilindro. Matematicamente, queremos
I I I
~
E(~r) · ρ̂dA = f (ρ)ρ̂ · ρ̂dA = f (ρ)dA = 2πRHf (R) (4.22)
S0 S0 S0
Como a lei de Gauss nos diz que este fluxo é igual à carga em seu interior
dividida por 0 , e a carga no interior da superfı́cie gaussiana é λH, temos
finalmente
λ λ
2πRHf (R) = H =⇒ f (R) = (4.23)
0 2π0 R
O campo elétrico é dado, então, por
~ r) = λ
E(~ ρ̂ (4.24)
2π0 ρ
Note um aspecto interessante dessa fórmula. Apesar de o campo elétrico de
uma carga pontual, ou mesmo de uma distribuição de cargas localizada em
uma região finita do espaço “cair” com 1/r 2 , para um fio infinito o campo
depende da coordenada ρ como 1/ρ, que é mais lento do que 1/r 2 : se sua
distância ao fio dobrar, o campo cai à metade, e não a um quarto.
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A lei de Gauss
Atividade
Considere dois planos uniformemente carregados, ambos com densidade su-
perficial de carga σ. Os dois planos são paralelos e estão separados por uma
distância d. Calcule o campo elétrico em todo o espaço.
Resposta Comentada
Neste caso, basta aplicar o princı́pio da superposição à solução que acabamos
de encontrar. Entre os dois planos, o campo dos dois se cancelam, e o resul-
~ dentro = 0. Do “lado de fora”, o campo se soma e temos E
tado é E ~ f ora = σ/0 ,
já que os campos se somam.
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campo fora dela é o mesmo de uma carga pontual em seu centro, e no interior
é nulo. Para um fio infinito, o campo se comporta como 1/r, e para um plano
uniformemente carregado o campo é constante. Isso mostra que, dependendo
da distribuição de carga, o campo elétrico total pode ter um comportamento
bem diferente do comportamento de cada carga individual.
Vale ressaltar a importância da simetria nas aplicações da lei de Gauss.
Nas três aplicações que acabamos de fazer, o uso das simetrias de cada pro-
blema foi crucial, e foi o que permitiu deduzir a forma matemática do campo,
utilizando a lei de Gauss.
O Teorema de Earnshaw
Uma aplicação simples, porém poderosa, da lei de Gauss, consiste em
estabelecer a possibilidade de configurações em equilı́brio de cargas elétricas.
Será possı́vel distribuir cargas elétricas positivas e negativas de tal forma que
elas fiquem em equilı́brio? A resposta é dada pelo teorema de Earnshaw: não
existem configurações estáticas de cargas elétricas em equilı́brio.
A demonstração do teorema de Earnshaw é por absurdo.
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A lei de Gauss
Atividades Finais
1. Uma carga q se encontra no centro de um cubo de lado L. Calcule o
fluxo do campo elétrico por uma das faces do cubo.
Respostas Comentadas
1. Pela lei de Gauss sabemos que o fluxo pelas seis faces do cubo é igual
a q; 0 , independentemente da posição exata da carga. Basta estar no
interior do cubo. Se a carga está no centro, então, por simetria, o fluxo
pelas seis faces é igual, e o fluxo por uma face é dado por q/(60 ).
2. O fluxo por cada uma das faces que se encontra no vértice em que está
localizada a carga é zero, porque o campo elétrico tangencia cada uma
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A lei de Gauss
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3. Considere uma esfera de raio d/2 centrada em (0, 0, d). O fluxo pelo
hemisfério inferior é igual ao fluxo pelo plano z = 0 (por quê?) e,
portanto, Φ = q/(20 ).
4. A lei de Gauss diz que o fluxo do campo elétrico por uma superfı́cie é
igual a Q/0 , onde Q é a carga no interior da superfı́cie. Se conside-
rarmos uma carga pontual, por simetria, o seu campo elétrico deve
~ r) = e(r)r̂, onde r = ||~r|| e e(r) é uma função a ser
ser radial, E(~
determinada. Aplicando a lei de Gauss a uma superfı́cie esférica de
raio R com a carga no centro, obtemos
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Resumo
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