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António Luís de Seabra
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
António Luís de Seabra e Sousa, visconde de Seabra, (Oceano Visconde de Seabra
Atlântico, 2 de Dezembro de 1798 — Anadia, 19 de Janeiro de 1895)
foi um jurisconsulto e magistrado judicial português. Foi ministro de
estado, bacharel formado em leis pela Universidade de Coimbra,
reitor da mesma Universidade, juiz da Relação do Porto, deputado,
Par do Reino, juiz do Supremo Tribunal de Justiça e notável político
do tempo da monarquia constitucional portuguesa.
Índice
Biografia
Títulos
Caldeirão de Alcobaça
Notas
Referências
Ligações externas
Nascimento 2 de dezembro de 1798
Oceano Atlântico
Biografia Morte 19 de janeiro de
António Luís de Seabra e Sousa nasceu a bordo do navio Santa Cruz, 1895 (96 anos)
Anadia
quando esta navegava nas imediações do arquipélago de Cabo Verde.
Foi filho de Doroteia Bernardina de Sousa Lobo Barreto e de António
Nacionalidade Português
de Seabra da Mota e Silva, juiz desembargador da Relação do Porto e Ocupação Jurisconsulto e
que depois foi deputado por TrásosMontes ao Congresso
magistrado
Constituinte de 1820 e cavaleiro da Ordem de Cristo. O pai pertencia
à família Seabra de Mogofores, Anadia, de origem aristocrática.
Ainda criança, por decreto de D. João VI foi nomeado cadete honorário do Regimento de Cavalaria da Nobreza da
Comarca de Serro do Frio, Capitania de Minas Gerais, no Brasil.
"Accordai, cidadãos, que a Patria geme!
Assome, que já tarda, o fausto dia;
Vil despotismo odiosa tyrannia,
De uma vez para sempre emfim se algeme!
Se o bem da Patria o pede, oh! quem teme?
Surgi da vergonhosa lethargia;
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30/10/2018 António Luís de Seabra – Wikipédia, a enciclopédia livre
Honra, Patria, Razão, o ceu nos guia;
Ás armas, cidadãos, que a Patria geme!
Ah! pelo sangue, sangue mallogrado,
Que pelo braço atroz da iniquidade
Ao vosso amor já foi sacrificado,
Reuna os corações geral vontade
E erguei, que é tempo, oh! cidadãos o brado
Da lusitana antiga liberdade!"
António Luís de Seabra, 1820
sobre a revolução liberal do Porto[1]
Enquanto estudante universitário frequentou os meios intelectuais de Coimbra, nomeadamente a Sociedade dos
Amigos das Letras, que funcionava em casa de António Feliciano de Castilho, ganhando um apreciável cultura
humanista que demonstraria nos seus escritos posteriores. Foi amigo de alguns dos grandes vultos literários da época,
tendo traduzido algumas obras e composto poesia, actividades literárias que desenvolveu com inegável qualidade.
Formouse bacharel em Direito em 1820, ano em que fundou em Coimbra o jornal Cidadão Literato, Periódico de
Política e Literatura. No ano seguinte (1821) foi colocado como juiz de fora em Alfândega da Fé, fazendo assim o seu
ingresso na magistratura judicial, carreira que seguirá.
Mantevese no cargo de juiz de fora de Alfândega da Fé até 1823, quando, face à suspensão da Constituição em
resultado da Vilafrancada e em coerência com os seus princípios liberais, apresentou o seu pedido de demissão,
fundado no desejo de permanecer fiel ao seu juramento constitucional.
Entre os anos de 1823 e 1825 viveu em casa de seu pai, em Vila Flor, dedicandose à literatura, à poesia e à tradução de
textos clássicos. Foi nessa fase que escreveu a Ode a D. João VI, a quem foi enviada através de João Lobo Brandão de
Almeida, o 1.º visconde de Alhandra.
Na sequência do fracasso da Belfastada, em 1828 foi obrigado a procurar refúgio na Galiza, integrandose no grupo
dos emigrados liberais que partiu depois para a Inglaterra, Bélgica e França (presença em Rennes, procedente de
Ostende, Bélgica, no final de 1830, e depois em SaintServan em 1831 e 1832, com subsidios do governo francês). A
caminho do exílio levou consigo a família (mulher e dois flihos).
Em França empregouse como tradutor e ingressou na Maçonaria, sendo membro da Loja 14 de Rennes. Fazendo o
percurso típico dos emigrados liberais, regressou a Portugal em Agosto de 1833[2].
A partir da instauração do liberalismo em Portugal, fez uma carreira pública distinta como magistrado e político,
revelandose um parlamentar brilhante. Foi presidente da Junta do Depósito Público, nomeado a 5 de Setembro de
1835.
Também se interessou pelo jornalismo, sendo editor de diversas publicações e um assíduo colaborador da imprensa
periódica, tendo fundado em 1836 o semanário Independente e em 1846 o jornal Estrela do Norte.
No seu percurso como magistrado, foi procurador régio junto da Relação de Castelo Branco e da Relação de Lisboa,
funções que manteve mesmo enquanto foi deputado. Foi promovido a juiz desembargador (1840) e exerceu as funções
de presidente (1852) do Tribunal da Relação do Porto. No seu final de carreira foi juiz conselheiro do Supremo Tribunal
de Justiça.
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Foi deputado eleito por TrásosMontes (1834/18361837), por Penafiel (1837), pelo Porto (1840), por Moncorvo
(1840 e 1852), por Aveiro (1851 e 1856) e pela Anadia (1861). No Parlamento, foi presidente da Câmara dos Deputados
(1859 e 1862), e presidente da Comissão da Administração Pública, na altura em que foi encarregado de redigir a
primeira reforma do ensino depois da que foi efectuado por Sebastião José de Carvalho e Melo, o 1.º marquês de
Pombal. Depois de elevado ao pariato, foi presidente da Câmara dos Pares do Reino.
Exerceu as funções de ministro dos Negócios do Reino da Junta Provisório do Governo Supremo do Reino que se
formou em 1846 no contexto da Patuleia e foi ministro da Justiça (1852)e ministro de Estado Honorário.
Foi reitor da Universidade de Coimbra.
Entre 1850 e 1865, foi um dos principais autores do projecto do primeiro Código Civil português, aprovado por carta
de lei de 1 de Julho de 1867, tendo entrado em vigor no dia 22 de Março de 1868, permanecendo em vigor, apesar das
profundas alterações sociais ocorridas, até 1967. O mesmo código mantevese em aplicação em Goa até finais da
década de 1990. Este Código Civil foi frequentemente designado por Código Seabra, dada a importância da
contribuição do visconde de Seabra para a sua criação. Ofereceuse ainda para a elaboração de um código civil para o
Brasil por volta de 1871, que foi declinada pelo governo imperial[3].
Era senhor da Casa de São Lourenço, com direito de asilo, em São Lourenço do Bairro e da Quinta de Santa Luzia, em
Mogofores, ambas no concelho de Anadia.
Casou a primeira vez com sua prima coirmã Doroteia Honorata Ferreira de Seabra da Mota e Silva, irmã do 1.º barão
de Mogofores, e segunda vez com Ana de Jesus Teixeira.
Faleceu na Quinta de Santa Luzia, Mogofores, Anadia, a 29 de Janeiro de 1895.
Títulos
Foi elevado a Par do Reino hereditário por carta régia de 30 de Dezembro de 1862. Feito 1.º visconde de Seabra por
decreto de 25 de Abril de 1865, do rei D. Luís I de Portugal. Foi membro do Conselho de Sua Majestade Fidelíssima,
comendador da Ordem da Torre e Espada e da Ordem de Cristo, grãcruz da Ordem dos Santos Maurício e Lázaro, de
Itália, e comendador da Imperial Ordem da Rosa, do Brasil. Terá recusado a grãcruz da Ordem de Santiago da
Espada com que foi agraciado por carta régia de 20 de Julho de 1860.
Caldeirão de Alcobaça
Foi corregedor de Alcobaça em 1834, quando o Mosteiro de Alcobaça foi saqueado, no curso da extinção das ordens
religiosas, que culminou no desaparecimento de quase todo o seu recheio, inclusive os livros da sua riquíssima
biblioteca.
Este cognome ficou do desaparecimento do famoso caldeirão de cobre onde se podiam cozer 4 bois de cada vez!, que
tinha sido apanhado por Gonçalo Rodrigues Caldeira em 14 de Agosto de 1385, à logística do rei de Castela, na
Batalha de Aljubarrota. Pinho Leal diz que durante 449 anos o caldeirão foi guardado no Mosteiro de Alcobaça,
resistindo ao domínio espanhol e às invasões francesas para depois desaparecer por pilhagem interna.
Pinho Leal não o nomeou, mas acrescentou o dito popular que ficara na região de Alcobaçaː[4]
No ano de trinta e quatro, Lá se foi o Caldeirão, Só nos ficou por memória, Um visconde... e a inscrição.
Ainda a este propósito o visconde de Seabra acabou por mover um processo de difamação ao jornal Braz Tisana,
deixando explicações na carta Resposta do Visconde de Seabra aos seus Calumniadores. [5]
Notas
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1. Seabra, Visconde de (1890). «Á briosa mocidade academica». Anathema (https://digitalisdsp.uc.pt/republica/UCSI
BGHC2112/UCSIBGHC2112_item2/UCSIBGHC2112_PDF/UCSIBGHC2112_PDF_24CR0120/UCSIB
GHC2112_0001_rosto26_t24CR0120.pdf) (PDF). Coimbra: [s.n.] p. 1112
2. Archives départementales de l'IlleetVilaine:4 M 431 / 432 / 433 / 436 / 438 / 439.
3. Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti. Fontes e Evolução do Direito Civil Brasileiro. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1981, pp. 8182
4. Pinho Leal. Portugal Antigo e Moderno (1873), Volume 1, Página 74
5. Resposta do Visconde de Seabra aos seus Calumniadores. Imprensa da Universidade de Coimbra, 1871.
Referências
REIS, José Manuel de Seabra da Costa e CALHEIROS, Gonçalo Ferreira Bandeira, Genealogia da família Seabra
de Mogofores, Edição de Olga M. de Seabra C. C. da Costa Reis, Porto, 1998.
O desaparecimento dos documentos do arquivo da Inquisição de Coimbra pelo Visconde de Seabra «in» O
Conimbricence (1893) p. 4287
Ode pindárica dirigida a D. João VI, por ocasião dos acontecimentos do dia 30 de abril e 9 de maio de 1824, por
Visconde de Seabra «in» O Conimbricence (1885), p. 3998
Ordeiro e Regenerador «in» O Conimbricence (1878) p. 3187
Biografia do Visconde de Seabra «in» O Conimbricence (1881) p. 3501, (1882) p. 3668, (1885) p. 3954, (1892) p.
4720
Visconde de Seabra. Memórias «in» O Conimbricence (1885), pp. 3983, 3998
Três antigos jornalistas em Portugal, António Luís de Seabra, Simão José da Luz Soriano e José silvestre Ribeiro,
«in» O Conimbricence (1888), pp. 42794280
Notas biográficas do Visconde de Seabra, «in» O Conimbricence (1891), pp. 4617, 1893, 4806)
Morte e biografia do Visconde de Seabra, «in» O Conimbricence (1895), pp. 49444947
Cartas do Visconde de Seabra a Joaquim Martins de Carvalho, «in» O Conimbricence (1899), pp. 5393
Cartas do Visconde de Seabra e de Francisco Assis Martins Wood (1899), p. 5393
Eleições, por António Luís de Seabra «in» O Conimbricence (1854), p. 96
Ligações externas
António Luís de Seabra no Portugal Dicionário Histórico (http://www.arqnet.pt/dicionario/seabra1v.html)
Genealogia do 1.º visconde de Seabra (http://genealogia.netopia.pt/pessoas/pes_show.php?id=54000;)
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