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FOLCLORE BRASIL

O folclore, ciência considerada indispensável para o conhecimento social e psicológico


de um povo, deve seu nome ao arqueólogo inglês William John Thoms, que no dia 22
de agosto de 1846 empregou pela primeira vez a palavra folk-lore, composta de dois
vocávulos saxônicos antigos: folk, significando povo, e lore, que quer dizer
conhecimento ou ciência. Portanto, o folclore pode ser definido como a ciência que
estuda todas as manifestações do saber popular.

No Brasil, após a reforma ortográfica de 1934, que eliminou a letra k, a palavra


perdeu também o hífen e tornou-se folclore.
O folclore é encontrado na literatura sob a forma de poemas, lendas contos,
provérbios e canções, assim como nos costumes tradicionais como danças, jogos,
crendices e supertições. Verifica-se também sua existência nas artes e nas mais
diversas manifestações da atividade humana.

Segundo a Carta do Folclore Brasileiro, aprovada pelo I Congreso Brasileiro de


Folclore em 1951, "constituem fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de
um povo, preservadas pela tradição popular, ou pela imitação, e que não sejam
diretamente influenciadas pelos círculos eruditos e intituições que se dedicam ou à
renovação do patrimônio científico e artístico humano ou à fixação de uma orientação
religiosa e filosófica".

Dia do Folclore: 22 de agosto. A data foi criada em 1965 através de um decreto


federal.
No Estado de São Paulo, um decreto estadual instituiu agosto como o mês do folclore.

Para se saber se um fato apresentado pelo povo é folclórico ou não, basta observar se
tem as suas principais características, que são:
1. Anonimato – Não tem autor conhecido. Naturalmente tudo tem um ator, mas no
folclore o seu nome se perdeu através dos tempos, despersonalizando-se. Este fato foi
aceito e modificado pela coletividade, passando a ser obra do povo. Ele sofreu
alterações no tempo e no espaço apresentando grande número de variantes.

2. Aceitação coletiva – O povo, aceitação o fato, toma-o para si como se fosse seu e o
modifica e transforma, dando origem a inúmeras variantes. O próprio poço diz “quem
conta um conto aumenta um ponto”. O mesmo acontece com a música e com as danças,
que tomam feições diferentes em cada lugar, tanto pela coreografia como pela
indumentária, mas sempre conservam uma estrutura que determina aquela dança ou
aquela música e as modificações não invalidam o modelo.

3. Transmissão oral – A transmissão do fato folclórico se faz de boca em boca, pois os


antigos e mesmo as populações mais atrasadas do interior não possuem outro meio de
comunicação. Nestes lugares mais afastados da civilização só se aprende por ouvir
dizer ou, quando se refere à técnica de artesanato, se aprende também por imitação. Na
transmissão oral vive toda a história daquele grupo e a aquisição do conhecimento dá a
cada um a possibilidade de difundi-lo, cabendo aos mais bem dotados a
responsabilidade maior na sua propaganda.

4. Tradicionalidade – Não no sentido de tradicionalista acabado, isto é, de uma coisa


do passado, mas como o modo vivo e atual pelo qual os conhecimentos foram
transmitidos, ex.: avô, pai, filho, neto. Não tendo outros meios de aprender, como
professores, escolas, imprensa, rádio, etc., as pessoas recorrem às lições do passado
para resolverem problemas do presente. Possuem mais sabedoria constituída do que a
inventiva. Essa força age no sentido de garantir a permanência de uma cultura, mas
sofre pressão de outras culturas vindas de fora, daí a sua modificação.

5. Funcionalidade – Tudo quanto o povo faz tem uma razão, um destino, uma função.
O povo nada realiza sem motivo, geralmente ligado ao comportamento do grupo ou a
uma norma psico-religiosa-social, que se perde na noite dos tempos. Por que o povo
canta? Canta para rezar, para dançar, para trabalhar, para adormecer crianças, para
enterrar seus mortos, etc., mas não dá concertos, recitais nem audições. Suas danças
têm datas marcadas e só naquelas ocasiões ele as executa (por exemplo: as congadas e
caiapós de Poços de Caldas só aparecem na festa de S. Benedito).

O fato folclórico, como expressão da experiência popular, é sempre atual, pois


encontra-se em constante renovação. O folclore não é estático, mas essencialmente
dinâmico. Apesar de transmitido de pai para filho, dentro do mesmo agrupamento
social, ele se modifica de acordo com as necessidades externas, mas conserva-se
essencialmente o mesmo (exemplo: pano da Costa das baianas, flores de plástico dos
congos, etc.).

O fato folclórico, como expressão da vida peculiar de uma coletividade, não


acompanha a moda, mas muitas vezes se contrapõe a ela, assim como às artes e
técnicas eruditas modernas, ainda que estas possam lhe dar origem (exemplo:
cerâmicas, bordados, etc.). Apesar de tradicional, ele pode ser originário de uma forma
erudita de cultura, que se despersonalizou e foi aceita coletivamente (exemplo: valsa
das “pastorinhas”).

Somente o que é popular é folclórico e o folclore é o retrato vivo dos sentimentos


populares e das reações do povo ante as transformações sociais.

Folclore Brasileiro / Nilza B. Megale - Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.


Ilustrações de Gepp e Maia (escaneadas do Calendário 2002 da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo)

fonte: http://www.terrabrasileira.net/folclore/indice1.html

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