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1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 CONCEITUANDO INICIATIVAS COLETIVAS AO LONGO DA HISTÓRIA DA
ARTE ........................................................................................................................ 16
2.1 DAS SOCIEDADES, ASSOCIAÇÕES, SINDICATOS E COOPERATIVAS ........ 16
2.2 DOS MOVIMENTOS E GRUPOS ....................................................................... 22
3 PRÁTICAS COLETIVAS NO BRASIL ................................................................... 27
4 LABORATIVO: EM BUSCA DE NOVOS ESPAÇOS DE VISIBILIDADE E
COLABORAÇÃO ...................................................................................................... 31
4.1 POSTO DE INCONVENIÊNCIA: PROCESSOS DE COLABORAÇÃO E
COMUNICAÇÃO EM ARTE ...................................................................................... 33
4.2 SEMANA DE OCUPAÇÃO URBANA: PROCESSOS DE VISIBILIDADE .......... 39
4.2.1 Rua Monstro de Deise Pessi ......................................................................... 42
4.2.2 Você acha que engana a morte? de Sossiedade Urbana ........................... 43
4.2.3 TRANSGENERISMO VIRTUAL por Jefferson Kielwagen ............................ 46
4.2.4 LEVE por Luana Conti.................................................................................... 48
4.2.5 RELAXART por A. Neumaier ......................................................................... 49
4.2.6 Ca-FÉ por Frank ............................................................................................ 52
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 54
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1 INTRODUÇÃO
1Compreendendo por produção sólida, toda produção fruto de uma maturação estética que reflete
em sua trajetória e define sua personalidade artística. Essa personalidade pode ser moldada pelo uso
de materiais específicos, assuntos, traços, pesquisas entre outras características.
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BIFF, Vanessa Levati. Intervenção urbana e o espaço da arte na cidade de Criciúma/SC:
olhares, perspectivas e (im)posições. 2011. 64 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) -
Curso de Artes Visuais Bacharelado, UNESC, Criciúma, 2011. Disponível em:
<http://repositorio.unesc.net/bitstream/handle/1/409/Vanessa%20Levati%20Biff.pdf?sequence=1>.
Acesso em: 16 dez. 2012.
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www.laborativo.blogspot.com.br
5 O Posto de Inconveniência é um projeto artístico que surgiu em 2013, sendo um local-ação de
coleta que visa registrar, armazenar pontos de inconveniência coletados por esta proposta.
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6 A Semana de Ocupação Urbana é um projeto proposto pelo Laborativo e aprovado pelo fundo
municipal de cultura de Criciúma (SC), que possibilitou a execução de seis propostas artísticas no
espaço urbano da cidade.
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Como pontua Ricardo Rosas (2002, p.129), “coletivos, em si, nada têm de
novo. Já são uma tradição na arte, na literatura, que percorreu todo o século vinte,
aqui como lá fora.”
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O propósito da Sociéte dês Artistes Indépendants baseado no principio de abolir a admissão do júri,
é permitir que os artistas apresentem suas obras ao julgamento público com total liberdade.
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A ideia da American Art Union não é nova, anteriormente não só os Estados Unidos mas parte da
Europa já havia presenciado este acontecimento. As "Art Union" eram instituições do século XIX de
patrocínio de arte organizada no princípio da associação comum pela qual a receita de pequenas
quotas anuais individuais foram gastos em arte, que era então redistribuído entre os membros.
Segundo Joy Sperling este conceito surgiu na Suíça por volta de 1800 e se espalhou para cerca de
vinte locais nos principados alemães de 1830. Em 1850 havia cerca de trinta sindicatos de arte no
Reino Unido e na Irlanda. Sperling coloca que encontrou evidências deles também na França,
Austrália e Nova Zelândia. A Art-Union of London (AUL) foi o primeiro e maior sindicato de arte na
Grã-Bretanha, e foi único entre os sindicatos de arte por sua distribuição de cupons com os quais a
comprar arte ao invés de arte em si. A primeira American Art-Union (AAU) foi fundada em Nova York
em 1842. Embora os sindicatos de arte apareceram em outras cinco cidades dos Estados Unidos em
1850, a AAU foi a maior nos Estados Unidos. Uma distinção importante entre a antiga AAU e a nova é
sua gestão, enquanto a antiga união tinha sido executada pelos empresários, a nova seria regida por
artistas, e sua distinção de faz pelo uso do hífen. HOUSER, Craig. Disharmony and Discontent:
Reviving the American Art-Union and the Market for United States Art in the Gilded Age. Nineteenth-
century Art Worldwide, New Jersey, v. 11, n. 2, ago/dez. 2012. Disponível em: <http://www.19thc-
artworldwide.org/index.php/summer12/craig-houser-disharmony-and-discontent#anco>. Acesso em: 8
nov. 2013.
10As guildas eram associações de profissionais surgidas na Baixa Idade Média (séculos XIII ao XV).
O surgimento das guildas estava relacionado ao processo de renascimento comercial e urbano que
ocorreu neste período, e tinham como objetivo principal a defesa dos interesses econômicos e
profissionais dos trabalhadores que faziam parte delas. Para manter o funcionamento destas
associações de mutualidade, os trabalhadores associados eram obrigados a pagar uma determinada
quantia. Existiam guildas de alfaiates, sapateiros, ferreiros, artesãos, comerciantes, artistas plásticos
entre outros profissionais. GUILDAS. Disponível em:
<http://www.suapesquisa.com/idademedia/guildas.htm> Acesso em: 13 ago. 2013
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No livro “Ismo: para entender a arte”, Stephen Little (2010, p.7) coloca
que:
Art for them was not a de luxe product of consummate artistic technique, it
was not an investment or an object of exchange to be bought and sold and
transferred at will from one owner and one location to another, nor was it
simply a source of pleasure […] they believed art at its best had been and
should once again become part of the fabric of a community's daily life and
an expression of its highest values, inseparably linked to the public
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Arte para eles não era um produto de luxo ou de técnica artística consumada, não era um
investimento ou um objeto de troca a ser comprado e vendido e transferido à vontade de um dono e
um local para outro, nem foi simplesmente uma fonte de prazer [...] eles acreditavam que a arte no
seu melhor tinha sido e deve voltar a ser parte do tecido da vida cotidiana de uma comunidade e uma
expressão de seus mais altos valores, inseparavelmente ligadas às construções públicas - igrejas
prefeituras, palácios - ou de propósito particular, tais como oração ou lembrança, para a qual tinha
sido encomendada.
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13 “A prática dos coletivos no Brasil não é tão nova assim, se pensarmos nos seus “antecedentes”.
Podemos enumerar os compromissos estéticos que conectavam o chamado “grupo dos cinco” (Anita
Malfatti, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral), passando
pelas revistas organizadas e publicadas por um conjunto de artistas visuais, poetas e críticos (como a
Malasartes, que, em seus três números lançados, entre setembro de 1975 e junho de 1976, teve
entre seus editores nomes como Bernardo Vilhena, Carlos Vergara, Carlos Zilio, Cildo Meireles, José
Resende, Ronaldo Brito e Waltercio Caldas; A Parte do Fogo, que – em sua única edição, nos anos
1970 – contou com Tunga, Brito, Resende e Zilio entre os seus colaboradores; e, mais recentemente,
re-vistas coordenadas por coletivos de críticos e artistas como a Tatuí, no Recife, e a Número1, em
São Paulo), divisão de ateliês (como o espaço que ficou conhecido como Casa 7, em São Paulo, que
em meados dos anos 1980 foi dividido entre Carlito Carvalhosa, Fábio Miguez, Nuno Ramos, Paulo
Monteiro e Rodrigo Andrade), agências de artistas (como foi o caso do Agora e do Capacete2, no fim
dos anos 1990, no Rio de Janeiro), galerias coordenadas exclusivamente por artistas (como foi o
caso do Grupo Rex, formado por Carlos Fajardo, Frederico Nasser, Ge-raldo de Barros, José
Resende, Nelson Leirner e Wesley Duke Lee, em meados dos anos 1960, e que ainda editaram o
jornal Rex Time, e A Gentil Carioca, criada em 2003 pelos artistas Er-nesto Neto, Franklin Cassaro –
que não faz mais parte da direção –, Laura Lima e Marcio Botner como um espaço experimental para
produção e reflexão sobre as artes visuais) e espaços de exposição e debate geridos por artistas,
como foi o Torreão, em Porto Alegre (que teve Elida Tessler e Jailton Moreira à frente), recentemente
desativado. Travamos contato, portanto, com diversas formas de como esse termo, “coletivo”, foi e
está sendo empregado na história das artes visuais brasileira.” SCOVINO, Felipe. Do que se trata um
coletivo? In.: RESENDE, Renato; SCOVINO, Felipe. (Orgs.). Coleção Circuito Coletivos. Rio de
Janeiro: Editora Circuito, 2010. p. 10-17.
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14 Coletivo de artistas do Rio de Janeiro que possuiu uma curta duração. Reunido inicialmente em
meados de 1999 para uma única intervenção de escala pública, o Atrocidades realizou atividades até
2002 participando de mostras coletivas e ações independentes. Participaram de ações do
Atrocidades, os artistas Adriano Melhen, Alexandre Vogler, Allan Dunn, Ana Paula Cardoso, André
Amaral, Arthur Leandro, Bruno Lins,Clara Zúñiga, Cláudia Leão, Ducha, Edson Barrus, Felipe
Barbosa, Geraldo Marcolini, Guga, hapax (coletivo formado em 2001, no Rio de Janeiro, que opera
com música, performance, intervenção urbana e arte sonora), João Ferraz, Marcos Abreu, Rosana
Ricalde, Roosivelt Pinheiro, Romano, Ronald Duarte, entre outros. Não se apresentava como grupo
(com número de participantes determinado), mas pelo contrário, seu caráter era aberto e se
configurava por ações, agindo sempre em um contexto público. RESENDE, Renato; SCOVINO,
Felipe. (Orgs.). Coleção Circuito Coletivos. Rio de Janeiro: Editora Circuito, 2010. p. 10-17.
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Rés-do-chão, localizado no apartamento no centro do Rio de Janeiro, pretende instaurar um espaço
aglutinador de experimentação criativa baseado na convivência e no estudo de práticas artísticas
horizontais, heterogêneas e abertas. Pólo aglutinador de inúmeros artistas, o “Rés do Chão”
desdobra-se em espaço de encontro, alojamento, exposições e edição da revista “Nós
Contemporâneos”, sem um regulamento pré-estabelecido, o local funciona como um estabelecimento
artístico não-comercial e vem cavando um lugar autônomo no institucionalizado meio das Artes,
abrigando diversos projetos experimentais: ocupações e intervenções (seja no próprio espaço como
nas ruas adjacentes ao Rés), performances, instalações musicais, festas temáticas e o que mais
puder ser inventado. NAJIMA, Fabiana Mitsue. Coletivos Em Rede: Novas Formas De Organização.
2010. 151 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Estética e Historia da Arte, Departamento de
Programa de Pos-graduação Interunidades Estética e Historia da Arte, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2010.
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bem como seus limites, pois “ao se reconhecer como um propositor coletivo, está
ampliando a autoria para além de sua própria produção poética” (PAIM, 2004, p.24)
O segundo ligado ao fomento à produção artística e a prática da reflexão.
Para ela, as instituições convencionais que abrigam os espaços de visibilidade
artística favorecem o individualismo e um certo isolamento do artista. Os coletivos
fruto de associações podem atuar como contrapartida, já que o fazer é fruto do
refletir, produzir coletivamente, ações que não podem ser pensadas na concepção
individualista do artista, e isto acaba criando espaços de discussão e promoção de
encontros que incentivem formas de pertencimento.
O terceiro ligado ao questionamento sobre os espaços da arte. Para
Paim, as realizações propostas através desses agenciamentos coletivos de artistas
podem formar novos espaços nas quais a distinguem: “Os espaços da arte são
aqueles apresentados pelas iniciativas de artistas como frutos de seus esforços e
intenções, os espaços de arte são os do circuito tradicional de exibição.” (PAIM,
2004, p.20)
Assim, encontramos outras especificidades ao analisar como cada
coletivo se articula, e como ele proprõe uma alternativa ao sistema tradicional das
artes sobre os espaços de arte convencionais, criando outros espaços de circulação
para a arte.
Desta maneira, os coletivos têm contribuído para “a criação de outros
espaços de circulação para a arte e que, inclusive podem ser abertos às propostas
de artistas que ainda não tenham suas carreiras consolidadas (o que passa pela sua
inserção no sistema das artes)". (PAIM, 2004, p.24)
Paim ainda afirma que estes espaços, visto que são concebidos,
organizados e gerenciados pelos próprios artistas, podem ser provisórios ou
permanentes.
Provisórios quando não pretendem permanecer além do tempo determinado
de alguma exposição ou projeto realizados em espaços excêntricos aos do
circuito artístico tradicional (instituições públicas ou privadas e espaços
comerciais). Permanentes, obviamente, é quanto são criados com a
intenção de permanência, quando não são pensados apenas em função da
realização de um único acontecimento. (PAIM, 2004, p.24)
Com tudo isto, pode-se afirmar que os coletivos no Brasil vêm atuando,
mesmo que com dificuldades e lentamente, a um redimensionamento do sistema
das artes brasileiro, na medida em que outras trajetórias de legitimação foram e
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continuam sendo criadas, e buscam definir novos caminhos a uma outra dinâmica de
seu funcionamento.
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InterCIDADES é uma exposição urbana coletiva, itinerante e internacional de arte contemporânea,
criada para investigar as possibilidades de colaboração e intercâmbio artístico entre duas cidades de
contextos, idiomas e geografias diferentes: Joinville/Brasil e Lansing/USA.
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www.laborativo.blogspot.com
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www.postodeinconveniencia.wordpress.com
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19 Sob o termo arte "contextual" vai entender todas as formas de arte que diferem da arte do sentido
tradicional: arte de intervenção, arte comprometida de caráter ativista (acontecimentos no espaço
público, "manobras"), arte que aproveita o espaço urbano ou paisagem, arte participativa. ARDENNE,
Paul. Un arte contextual: creación artística en medio urbano, en situación, de intervención, de
participación. Cartagena: Cendeac, 2006. 176 p.
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Arte relacional é o conjunto de práticas artísticas que tomam como ponto de partida teórico e
prático o grupo de relações humanas e seu contexto social, em vez de um espaço autônomo e
privativo. BOURRIAUD, Nicolas. Estética Relacional. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2009.
21 Arte dialógica significa uma prática de tomada especial de arte, enfatizando o envolvimento da
comunidade e colaboração. Em muitos casos, a arte dialógica ou de base comunitária está
interessado na mudança social e envolve a capacitação dos membros da comunidade que se reúnem
para criar arte com os artistas. KESTER, Gran. Conversation Pieces: Community and
Communication in Modern Art. Berkeley: University of California Press, 2004.
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Figura 10 - Um modelo socialmente interativo da prática da arte pelo artista Stephen Willats
Fonte: Penoncello, 2010
qualquer coisa. 2 Dir Posse de uma coisa com direito ou sem ele. [...]
Antôn (acepções 1 e 3): abandono; (acepção 4): ociosidade.
(MICHAELIS, 2013, s.p)
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www.facebook.com/sossiedadeurbana
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www.facebook.com/virtualtrans
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passam a ser exibidas com pronomes do sexo oposto (por exemplo, “Jefferson
postou uma foto no mural DELA”).
Isso gera um estranhamento que inicia conversas, interações e sugestões
de uma normatividade de gênero nas redes sociais. Ao mesmo tempo, a mudança
expõe o “truque” do Facebook: ao alterar-se as informações pessoais no perfil, o
usuário passa a receber anúncios de produtos diferentes.
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http://poesiadealuguel.blogspot.com.br/
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7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
HOUSER, Craig. Disharmony and Discontent: Reviving the American Art-Union and
the Market for United States Art in the Gilded Age. Nineteenth-century Art
Worldwide, New Jersey, v. 11, n. 2, ago/dez. 2012. Disponível em:
<http://www.19thc-artworldwide.org/index.php/summer12/craig-houser-disharmony-
and-discontent#anco>. Acesso em: 8 nov. 2013.
LITTLE, Stephen. Ismo: Para entender a arte. São Paulo: Globo, 2010. 159 p.