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“O VAREJO QUE NÃO SE PREPARAR

PARA AS MUDANÇAS DIGITAIS, VAI


MORRER”
Em conversa com o Canal da Peça, Francisco De La Tôrre, presidente do Sincopeças-SP e
um dos nomes mais importantes do setor de reposição brasileiro, analisa os efeitos da
digitalização no curto e médio prazo

O mundo está cada vez mais conectado e, nós, mais dependentes de soluções digitais.
Queremos otimizar nosso tempo e ganhar mais comodidade – seja para nos comunicar,
fazer um pedido em um restaurante ou pagar uma conta. O relacionamento está mais
virtual – e as compras também! – e o varejista que souber aproveitar esse momento, sem
dúvida, se destacará em seu mercado de atuação.

Para se ter ideia do potencial da internet, a consultoria americana Forrester


Research publicou um estudo, encomendado pelo Google, que indica que 10% das vendas
do varejo virão do e-commerce em 2021, mas outros 30% serão influenciadas pelo
online, apesar de acontecerem no offline.

Ou seja: ainda que o lojista resista à internet, ele tem de usar ferramentas online para, de
alguma forma, promover seu negócio. Caso contrário, perderá mercado – ou pior, poderá
ficar pelo caminho. E isso inclui o setor de reposição.

+ Leia também: O risco de não se digitalizar

Em entrevista ao Canal da Peça, Francisco De La Tôrre, presidente do Sindicato do


Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo
(Sincopeças-SP), e vice-presidente do Sincopeças Brasil, afirma que o lojista que ainda não
digitalizou suas operações, inevitavelmente, não sobreviverá no mercado.

“Ainda estamos na Idade Média da era digital, que tem muito a


crescer em termos de inovação tecnológica. O varejo que não se
preparar para acompanhar essa mudança, inevitavelmente, vai
morrer”, diz De La Tôrre.
Para o presidente da instituição, as mudanças tem de ser imediatas. “Não tem como
sobreviver se não digitalizar os seus negócios, se não se preparar para este mundo que,
apesar de já ser realidade, ainda tende a crescer exponencialmente. Ele não sobrevive no
médio e longo prazo, e morre”, afirma.

Leia a entrevista com Francisco De La Tôrre:

Canal da Peça: Como o sr. analisa o mercado brasileiro de reposição de peças nos dias de
hoje?

Francisco De La Tôrre: Estamos assistindo a um rápido processo de amadurecimento e


consolidação do mercado, com um crescimento médio que ajuda a acelerar esse processo,
atraindo capitais de fora do setor, como de fundos de investimentos.

Canal da Peça: Por que há um interesse maior em investimentos nesse setor?

Francisco De La Tôrre: A pesquisa da Roland Berger confirmou que o mercado crescerá


em média 4,6% ao ano até 2020 e a última pesquisa, feita pela consultoria internacional
McKinsey em parceria com o Sincopeças, Sicap / Andap, Sindirepa e Sindipeças, também
confirmou essa taxa média de crescimento até 2022. Essa taxa de crescimento gera
demandas e é essa expectativa de crescimento que tem atraído investidores estrangeiros
e novos players para o mercado. Vale destacar que continuaremos a ver um processo de
concentração no setor, com empresas crescendo e ganhando market share. Esse processo
acontece à medida em que os mercados se consolidam e, até chegarem a um estágio de
maturidade avançado, veremos essa concentração do varejo, com grandes grupos
assumindo fatias consideráveis do mercado.
Francisco De LaTôrre, do Sincopeças-SP, durante a última edição da Automec, que
ocorreu em 2017. Foto: divulgação

Canal da Peça: Qual é o papel da internet nesse cenário de crescimento?

Francisco De La Tôrre: A internet, como ferramenta de busca, fonte de informação e meio


de compra, já está consolidada, é uma realidade. Cada vez mais esse canal vai crescer e
tende a se tornar o principal meio de geração de negócios e busca de informações para o
varejo. As próprias demandas geradas através da rede acabam empurrando o varejista
para se utilizar dessa importante ferramenta. O que impulsiona uma decisão de
investimento por parte do empresário é exatamente essa demanda e a internet tem se
tornado um canal de demandas crescentes e isso, sem dúvida, empurra o varejista para
atendê-las.

+ O novo astro do mercado de autopeças

Canal da Peça: A distribuição também está mais digital. Como o sr. enxerga o comércio
eletrônico nesse segmento? Tem, igualmente, futuro?

Francisco De La Tôrre: Sim, a distribuição também acordou para a importância desse


universo digital, e está correndo atrás do tempo perdido, vem crescendo bastante e tem
apresentado boas propostas e dado respostas criativas. Sem dúvida, ainda tem muito a
explorar nas relações B2B.

Canal da Peça: Falando em transformação digital, que é um tema mais amplo, o sr.
acredita que ela, de fato, já chegou nas indústrias de peças?

Francisco De La Tôrre: Há muito a se fazer e, se compararmos as indústrias de autopeças


a outras cadeias produtivas, estamos atrasados, mas elas já acordaram para importância
desse universo.

Confira como é rápido e fácil ter uma loja virtual no Canal da Peça!

Canal da Peça: O Sincopeças promove programas de incentivo ao varejista que quer


ampliar seus canais de venda e se digitalizar?

Francisco De La Tôrre: O Sincopeças desenvolve fóruns, cursos e palestras com intuito de


mostrar para o varejista a importância de investir nesse canal de venda, de existir no
mundo digital, pois entendemos que é imprescindível se preparar e se desenvolver nesse
universo.

+ Veja mais: A transformação é para já

Canal da Peça: O que diria aos fabricantes, distribuidores e varejistas que, ainda hoje, têm
receio de usar a tecnologia a favor dos negócios?

Francisco De La Tôrre: A resposta é simples: o mundo digital ainda está se iniciando e


ainda estamos na Idade Média do mundo digital. Nos próximos 20 anos teremos soluções
e tecnologias que vão mudar completamente o jeito de fazer negócio e de conversar com
clientes e fornecedores. Todas as soluções de logística também passarão por um
investimento maciço em tecnologia e, para aquele que ainda tem receio, posso dizer o
seguinte: Você, empresário, já está atrasado em relação ao seu concorrente. Corra, gaste
toda sua energia e toda sua capacidade de investimento em tecnologia porque essa é a
solução. E fique atento às palestras e cursos que temos oferecido com relação à tecnologia
e gestão de negócio, senão, você caminha inexoravelmente para sua morte.

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