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NA IGREJA DO
SÉCULO 21
INTRODUÇÃO
Chegamos à cidade de Luz - MG, tão logo o sol nascera e,
apesar do cansaço depois de tantas horas de viagem,
fiquei observando as pessoas, as casas a movimentação
nas ruas de terra. Enquanto me envolvia naquela
atmosfera o Espírito Santo ministrava ao meu coração que
aqueles dias seriam de muito aprendizado e muita luta
espiritual, podia sentir que nunca mais iria me esquecer
daquele lugar e daquela gente. Estávamos ali com um
grupo de aproximadamente 18 jovens da minha igreja, e
tínhamos a missão de apoiar na plantação de uma pequena
igreja, que até aquele dia contava com pouco mais de 15
irmãos. Os líderes eram muito simpáticos e logo nos
sentimos em casa para compartilharmos planos para o
evangelismo e visitas aos membros da igreja e para os
não-crentes. A cidade de Luz é um lugar que apesar de
uma pequena população e sem nenhuma repercussão
nacional é espiritualmente muito importante, pois ali se
encontra o bispado mineiro. No ponto mais alto da cidade
ergue-se a Igreja Matriz e defronte a ela se destaca a Casa
do Bispo. Seus habitantes apesar de muito simpáticos e
receptivos não escondem as tradições católicas e quase
todos devem favores e obediência eterna ao bispo. Sob a
orientação do Espírito Santo começamos a buscar em
oração maneiras de atingirmos os corações das pessoas e
mostrar-lhes o amor de Deus.
Pedíamos milagres, curas, quebra das correntes do pecado,
autoridade sobre os demônios e uma verdadeira revolução
nas vidas daquele povo. Depois de alguns momentos de
muito clamor e adoração, decidimos sair às ruas e sentir de
perto o que nos esperava, queríamos mostrar a nossa cara
e desde aquele primeiro dia deixar que as pessoas nos
conhecessem. Resolvemos que a melhor estratégia para
isso era nos misturarmos com a multidão, aproveitarmos
para fazer algumas compras, visitar a “Igreja Matriz”, e
conhecermos as redondezas da casa onde estávamos
hospedados. O dia passou rápido e à noite alguns do grupo
resolveram sair e quem sabe ter a oportunidade de
evangelizar alguém. Passadas duas horas eles voltam
todos animados, pois haviam evangelizado um grupo de
garotos que “vagavam” próximos à Praça da Matriz. Assim
que amanheceu o próximo dia já tínhamos um programa
traçado e depois de uma manhã de meditação na palavra,
intercessão e louvor estávamos prontos para visitar
algumas pessoas e começar um contato mais próximo com
os irmãos. A semana passaria bem rápida e graças a Deus
veríamos muitas conversões. Tudo parecia muito bom,
mas, nós pensávamos em um evento maior, alguma coisa
que realmente chamasse a atenção de toda a cidade.
Começamos a estudar as possibilidades, e juntos com a
nossa liderança de São Paulo, imaginamos usar o salão de
um clube onde faríamos uma grande concentração com um
conhecido grupo de louvor e no final uma poderosa
ministração evangelística.
Perfeito, já tínhamos alguns nomes e eram grandes as
chances de alugarmos o salão. Quando tudo parecia
acertado o nosso pastor em São Paulo, sabiamente, não
nos deixou ir adiante, ele entendia como nós, que aquela
seria uma oportunidade única, só que ainda não era a hora
de Deus. Relutamos em mostrar os nossos argumentos,
porém a palavra daquele líder já tinha sido dada e ponto
final. No final do dia refeitos da momentânea frustração, já
que não iríamos promover o maior evangelismo que aquela
cidade já vira só nos restava usar as armas que tínhamos
nas mãos. Antes de sairmos na nossa cidade havíamos
preparado algumas peças teatrais e vários esquetes -
estávamos usando-as na igreja e em creches (aliás, estes
foram os momentos mais marcantes de toda aquela
viagem para mim) - porém chegava à hora de mostrarmos
nossa “cara pintada” nas ruas e praças da cidade de Luz.
Os líderes da igreja local já tinham conseguido a liberação
das praças e até um palco cedido pela prefeitura já estava
a nossa disposição. Todos os dias um carro corria toda a
cidade anunciando nossas apresentações, espalhamos
faixas pelas ruas e distribuíamos convites de casa em casa.
Como numa dessas inexplicáveis providências de Deus,
acabamos chegando à sala do Senhor Prefeito; pedimos a
ele que nos promovesse em anúncios nas rádios e nos
desse todo o apoio necessário para a realização dos
evangelismos ao ar livre. Depois de muita conversa foi-nos
dado o consentimento para uso de qualquer dos lugares
públicos, e todo o apoio logístico para as apresentações
das peças.
Encorajados por esta conquista começamos os Impactos
Evangelísticos, várias e várias pessoas passaram a aceitar
Jesus, os cultos na congregação ficavam cheios e um
sorriso restaurador brotava em todos os rostos que
conhecemos naqueles dias. Evidentemente o diabo por
várias vezes tentou nos atrapalhar, mas estávamos tão
envolvidos com o trabalho, tão cheios de Deus que os que
chegavam possuídos por demônios eram libertos e muitos
deles aceitavam a Cristo. Lembro-me de uma noite em que
estávamos numa praça, surgiu do meio do público um
homem e tentou atacar uma das garotas, alguns dos
irmãos da igreja logo o seguraram. Assim que terminamos
a apresentação aquele homem pôs-se a gritar tão alto que
todos na praça ficaram assustados e começaram a sair dali
apressadamente (estavam reunidas umas duzentas
pessoas), mesmo os que estavam mais afastados puderam
ouvir os gritos daquele homem. Levamos o aquele senhor
para longe da multidão e oramos por ele, o demônio o
deixou e várias pessoas naquela noite tiveram suas vidas
transformadas pelo poder da Palavra de Deus. Numa outra
noite, enquanto orava com os que haviam se decidido por
Cristo, uma senhora se aproximou e pediu que eu orasse
por ela, assim que coloquei minhas mãos sobre o seu
ombro ela começou a se debater com uma força
sobrenatural; o Espírito Santo deu-me forças maiores que a
dela e usei a autoridade do nome de Jesus para expulsar o
demônio e a mulher em prantos entregou seu coração a
Jesus. Tantas outras histórias poderiam ser contadas
daqueles vinte dias, os cultos sempre lotados, as visitas
nas casas dos irmãos, nossas caminhadas de
oração pela cidade, a receptividade das pessoas. Acho que
precisaria de vários dias para tentar me lembrar de tudo.
Porém, a grande lição que aprendi nessa viagem
missionária e durante os seis anos que fui missionário de
tempo integral na JOCUM (Jovens Com Uma Missão), é que
Deus quer se revelar à todas as pessoas em todos os
lugares e para isso Ele sempre irá usar todos os meios
necessários e disponíveis para que essa tarefa seja
cumprida. Logo no início da minha conversão lembro-me
que era comum ouvirmos falar de mutirões e congressos
missionários pelas igrejas. O grupo das mulheres sempre
estava em campanha para conseguir alguma coisa para um
grupo de missionários no interior da Amazônia ou em
alguma tribo africana. Nosso pastor sempre usava as
experiências de algum missionário para ilustrar os seus
sermões e todos nós tínhamos por muito corajosos aqueles
que decidiam “deixar tudo” em obediência ao chamado de
Deus. Desde que assumi o meu chamado missionário em
1991 já estive em diversos lugares e conheci muitas
comunidades que talvez a maioria dos crentes nunca
conheça em toda a sua vida. Nós vivemos em tempos de
crises no meio evangélico e me parece que cada vez
menos cristãos estão interessados em fazer diferença no
lugar em que vivem. Hoje em dia, e já se vão vinte e cinco
anos da minha conversão, parece que esse “papo” de
missões não agrada mais as pessoas, ouvir um missionário
pregando passou a ser “Programa de Índio” . Não ouvimos
mais falar dos congressos e conferências missionárias que
influenciaram tantos jovens, os mutirões e viagens
missionárias são cada vez mais raros e como consequência
as ofertas missionárias das igrejas caem a cada ano. Um
dia desses li uma pesquisa onde revelava que os cristãos
gastam muito mais com chicletes e balas do que ofertam
para missões. Ainda existem grupos e igrejas que insistem
em não abandonar a visão missionária, algum tempo atrás
na minha igreja criamos uma equipe móvel de jovens e
adolescentes que cooperavam com as igrejas de pequeno
porte no treinamento e apoio evangelístico; algumas
comunidades evangélicas estão presentes com equipes
missionárias em eventos como carnaval e eventos
esportivos, mas isso se torna cada vez mais uma
“exceção”. Nossos jovens pastores estão preocupados
muito mais com novas estratégias para o crescimento
numérico da igreja do que com maneiras de cumprir com a
Grande Comissão. Parece-me que a Igreja Evangélica hoje
se preocupa muito mais com os seus problemas
institucionais do que com as necessidades do mundo não
alcançado ou com os “sem igreja” da sua própria
comunidade. Visitei vários bairros onde os moradores
jamais tinham ouvido falar da igreja que estava ali há 50
anos; outro dia conhecemos uma igreja localizada num
bairro nobre que estava programando a compra de um
prédio no valor de um milhão de reais, o
problema é que essa igreja não tinha mais de 70 membros
e só sonhava atingir o número de 100 pessoas depois de
10 anos. EU NÃO POSSO CRER NISSO! Participei de uma
reunião de pastores onde o pregador cheio de carisma
deixava exposta toda a sua indignação com os que
defendem o crescimento da igreja, dizia ele: - Qual o
problema em se ter 50 membros por 20, 30 anos? – Ora, se
um pastor dirige uma igreja pra ela mesma é melhor
transformá-la num clube privativo, somos chamados pra
alcançar o maior número possível de pessoas para Jesus,
isso requer amor por aqueles que estão longe de Deus.
Estamos construindo templos tão luxuosos apenas para
atender a nossa necessidade de conforto, queremos ar-
condicionado, cadeiras acolchoadas, cantina, multimídia só
para que as reuniões sejam agradáveis para os próprios
crentes. Preocupam-se muito mais em um culto que atenda
as suas próprias expectativas, um evangelho que lhes
garanta sucesso instantâneo e um agradável “lugar ao
sol”. Ou mudamos a maneira de ver as coisas ou seremos
vencidos pelo nosso ego e traídos pela nossa
concupiscência . Nasce uma incomodação com toda essa
“teologia da pós-modernidade”, a mesma que Paulo teve a
respeito da igreja na Galácia: “Admiro-me que tão depressa
estejam abandonando aquele que os chamou pela graça de
Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade,
não é o evangelho”.
CONHECENDO O REINO DE DEUS
Os Cidadãos do Reino
Já mencionei anteriormente que o Reino de Deus não é
formado só pelos cristãos, na verdade o domínio de Deus
está estendido sobre toda a terra. Quando aceitamos essa
verdade precisamos notar como Deus administra o Seu
governo, como Ele age para que o Seu reinado permaneça
sólido e todos os Seus planos sejam cumpridos. A maneira
que Deus se utiliza para comandar o mundo é através do
controle da história. Há algum tempo atrás eu pensava que
Deus nunca se importava com aqueles fatos da história que
nós ouvimos na escola ou lemos nos livros. Quando passei
a estudar sobre o Reino de Deus, passei a perceber que
toda a história da humanidade é controlada por Deus; não
existe um único fato na história que tenha fugido do Seu
controle, uma única situação que tenha sido uma surpresa
para Ele. Todos os líderes, as guerras, governos,
catástrofes,
descobertas, destruições, tudo isso estava sendo
observado e controlado pelo Criador. Perceba que no
Antigo Testamento os profetas de Deus avisavam o povo
das situações históricas que estavam por vir, eles sempre
advertiam o povo acerca dos inimigos de Israel, as pragas,
a fome, a seca, os reinados bons e maus. Deus sempre
protegeu o Seu povo, em nenhum momento Ele disse que
não sabia o que iria fazer diante das situações na história.
Quando a Igreja se distanciou da verdade bíblica, Deus
ungiu homens para preservar a Sua verdade e Sua Palavra
na história humana. Foi assim com os Pais da Igreja, ou
durante a Reforma com Martinho Lutero, John Wycliffe, John
Wesley e tantos outros que pagaram até com suas vidas
para que a verdade de Deus não se perdesse com o passar
dos anos. Durante a perseguição dos judeus imposta por
Hitller, podia-se pensar que não havia ninguém ao lado do
povo escolhido, mas hoje nós ouvimos falar dos
extraordinários milagres que Deus operou nos campos de
concentração em meio a tanto sofrimento. O que dizer
então da rivalidade entre os países de 1o Mundo, o
movimento da Unificação Mundial, a situação de miséria
dos países do 3o Mundo, os conflitos no Oriente Médio, a
fome nos países Africanos, as enchentes, os terremotos, as
epidemias, será que Deus perdeu o controle da história,
será que nesta geração o diabo pegou Deus de surpresa?
Quem sabe você não se preocupe com nada disso, mas o
fato é que Deus nunca perde o controle das situações,
mesmo quando elas são tão contraditórias e negativas
como as que acabo de mencionar. Diz a Bíblia em Daniel
4.35: "Todos os moradores da terra são por Ele reputados
em nada; e segundo a Sua vontade Ele opera com o
exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe
possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?”. Veja só
isto, o texto está dizendo que segundo a Sua vontade,
Deus faz o que quer, quando quer, para cumprir o que bem
quiser. Isto Ele faz usando os meios que achar necessário.
É Deus quem decide o que é bom ou mal para este mundo.
O que muitas vezes julgamos ser mal, para Deus pode
resultar em bem. O que rejeitamos como sendo imundo,
para Deus é o começo de um novo caminho de vitórias
para o Seu povo. No livro dos Atos dos Apóstolos, Pedro é
acometido por uma visão de animais impuros que desciam
a sua frente, é claro que como um bom judeu, ele sabia
que aqueles animais não poderiam ser comidos, porém as
suas convicções são inteiramente desfeitas quando ele
houve a ordem expressa de Deus: - Toma e come! -
Infelizmente ele não obedeceu diante da visão, e mais
tarde ele se vê na casa de Cornélio, um pagão, pregando
para uma multidão que recebe o Espírito Santo na mesma
hora (Atos 10.9-48). Foi daí que ele entende que o que
Deus purifica não pode ser mundanizado pelo homem.
Deus nos deixou a Lei como referência e não como juiz,
quando lemos toda a Lei Mosaica encontramos uma série
de decretos de morte. Quando o
sexto mandamento diz: Não matarás! - essa advertência
era para que os homens não agissem segundo a justiça
humana, mas buscassem a justiça de Deus. Muitas vezes
nós não queremos ser legalistas na nossa forma de culto
ou adoração, mas somos muito mais legalistas nas nossas
"interpretações" do que seja à vontade de Deus. Queremos
determinar o que Deus pode ou não pode fazer, criamos
princípios que nos permitam controlá-Lo, não deixamos que
Ele nos prove ser amoroso e bondoso, mesmo tendo que
agir com dureza em algumas situações. São essas as
razões que nos impedem de conhecer a verdade sobre o
Reino de Deus, nos desviamos quando queremos que este
Reino se pareça com as nossas ambições, definimos o
Reino de Deus de acordo com os padrões do nosso próprio
coração, queremos que este Reino nos dê vantagens ao
invés de responsabilidades.
A EDUCAÇÃO
GOVERNO E NEGÓCIOS
A MÍDIA
CIÊNCIA E TECNOLOGIA