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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

DISCIPLINA: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO II

Higor Kleizer de Oliveira Moreira


Curso de Ciências Sociais

(RE)PENSANDO O FRACASSO ESCOLAR

É muito comum ouvirmos a reprodução do discurso de que o


fracasso escolar está associado à relação e estrutura familiar dos sujeitos, em
geral jovens. É exatamente em contraponto a esse pensamento que o texto de
Heckert e Barros vai ser formulado. A crítica clara a essa generalização do
fator família enquanto causa do fracasso é o principal foco do texto e isto se faz
muito importante na medida em que busca romper com a visão padrão
apresentando outras perspectivas de possíveis princípios que podem ser
responsáveis pelo insucesso.

Tal concepção simplista é nos melhores dos casos apenas uma


ingenuidade de quem a reproduz através dos discursos. Nos piores, acredito
que pode acabar sendo uma forma intencionada de perpetuar a dominação da
hegemonia sobre certos segmentos sociais.

É sabida a construção de normativas e padrões que classificam


hierarquicamente características sociais com base em um referencial
legitimado. O intento, daqueles que dominam, em manter tal relação de poder e
dominação, portanto, culmina a função da (re)produção de verdades por meio
dos discursos e neste, como em muitos casos, a verdade serve para justificar e
sigilar uma opressão.

Toda a predicação que afirma com veemência a igualdade de


oportunidades para todos está pautada na dualidade de inocência e intenção.
Se por um lado temos aqueles que reproduzem tal falatório por insuficiência de
visão crítica, temos por outro aqueles que buscam mantê-lo para sua própria
regalia.
Afirmar a igualdade de oportunidades, justificando o fracasso
condenando a estrutura familiar é ignorar toda a construção invisível e
hierárquica que existe em desfavor de identidades minoritárias. Apontar
sujeitos diferentes como iguais, é apagar todas as vivências, subjetividades e
impasses econômicos, sociais e culturais que circundam a vida dos jovens.

Acredito que pensar as diferentes realidades possíveis pode ser o


inicio para um rearranjo da culpabilização da vítima, que é comumente
apontada como o principio, meio e fim de sua própria desgraça. Entender a
existência da diversidade e procurar encontrar padrões que incessantemente
buscam negá-la é o ponto para, de fato, enxergar as cordas que controlam o
fracasso escolar dos jovens.

REFERÊNCIA:

HECKERT, Ana Lucia Coelho e BARROS, Maria Elizabeth Barros


de. Fracasso escolar: do que se trata? Psicologia e educação, debates
“possíveis”. Aletheia [online]. 2007, n.25, pp. 109-122. ISSN 1413-0394.

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