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Glomerulopatias
I - Síndrome Nefrítica
Outras causas que podem cursar com GNDA: endocardite infecciosa, abscesso visceral,
derivação ventrículoperitoneal infectada, meningococcemia, pneumonia
pneumocóccica, mononucleose infecciosa, Hepatite B e C, infecção pelo HIV, malaria e
toxoplasmose.
Diagnostico Diferencial:
o Outras glomerulonefrites pós-infecciosas (Endocardite bacteriana,
Mononucleose)
o Glomerulonefrite lúpica
o Glomerulonefrite membranoploriferativa
Casos com Proteinú ria nefrótica ou Hipocomplementenemia > 8
semanas.
Classificação:
Tipo I Depósitos de Anticorpo Anti-MBG (padrão linear) – 10%
Doença de Goodpasture / Idiopática
Tipo II Depósitos de imunocomplexos (Padrão granular) – 45%
Renais primárias (Berger, GNMP)
Infecciosas/Pós-infecciosas (GNPE em adultos)
Sistêmicas (LES, P.Henoch-Schonlein)
Tipo III Pauci-imunes (sem padrão) – 45%
Primária, Poliarterite microscópica, Granulomatose de Wegener
Exames:
Na biopsia renal (padrão-ouro para o diagnostico) aparecerá a formação de
Crescente em mais de 50% dos glomérulos.
Anticorpo Anti-MBG elevados = Tipo I
C3, CH50 reduzido = Tipo II
ANCA positivo = Tipo III
A proteinúria pode ser seletiva ou não seletiva. Ocorre tanto alteração na barreira de
carga quanto na barreira de tamanho. A hipoproteinemia é em grande parte em função
da albumina, mas outras proteínas também estão envolvidas. O edema é explicado pela
teoria do underfiling, devido a queda da pressão oncótica, por efeito da
hipoalbuminemia. O mecanismo da hiperlipidemia é o aumento da síntese hepática de
lipoproteínas (principalmente de LDL e VLDL – Hiperlipidemia IIa e IIb
respectivamente), estimulada pela queda da pressão oncótica. Devido a isso, aumenta a
excreção urinária de lipídeos (lipidúria), com corpos graxos ovalados e cilindros graxos.
Complicações:
o Fenômenos tromboembólicos Trombose de veia renal, TEP, trombose de
veias profundas dos mmii. (se deve às custas de perda de antitrombina III).
Trombose de veia renal = Pcte com síndrome nefrótica que
desenvolve subitamente dor nos flancos, varicocele à esquerda,
hematuria macroscópica, aumento significativo da proteinúria, redução
do debito urinário, edema renal.
A biopsia está indicada nos casos não responsivos, naqueles com recidivas
freqüentes, e nos pacientes com menos de 1 e mais de 8 anos de idade. Casos com
características atípicas como hematuria macroscópica, hipocomplementenemia,
hipertensão arterial e insuficiência renal progressiva também devem ser submetidos
à biopsia renal.
B) Glomeruloesclerose segmentar e focal:
A forma idiopática tende a ter um inicio abrupto. A maior parte das formas
secundarias entretanto tem inicio insidioso. Em ambas as formas, a proteinúria é do
tipo não seletiva.
C) GN Proliferativa Mesangial:
Curso clínico:
10-20% Remissão espontânea completa
25-40% Remissão espontânea parcial
40-50% Perda progressiva da função renal
A) Doença de Berger:
Apresentações clínicas:
Hematúria Macroscópica Recorrente (50%) É a apresentação
clássica de crianças e adultos jovens. Este grupo tem melhor
prognostico. Os episódios de hematúria macro podem se associar a IRA
reversível.
Hematúria Microscópica Persistente (30%) Costuma ocorrer em
indivíduos mais velhos. Tem pior prognostico.
Síndrome Nefrítica Clássica (10%) DD com GNPE;
frequentemente precipitada por infecção de VAS (Nefrite
Sinfaringítica).
Evolução clínica:
60% permanência assintomática de hematúria microscópica e
proteinúria subnefrótica intercalada ou não por episódios de hematúria
macro.
30% Evolução lenta e progressiva para insuficiência renal.
10% remissão completa da doença sem complicações futuras.
Para a maioria dos pacientes não está indicado nenhum tratamento específico.
Nos casos de mau prognostico à biopsia renal (glomeruloesclerose, crescentes,
atrofia tubular), indica-se tratamento com corticóides.
C) Proteinúria isolada:
Quando suspeitar de doença túbulo intersticial: Sempre que o quadro clínico for
dominado por distúrbios da concentração da urina (poliúria, isostenúria) e do equilíbrio
hidroeletrolítico-ácido-básico, sugerindo comprometimento desproporcional das funções
tubulares em relação às glomerulares.
Tem importância pela sua maior freqüência e alta morbimortalidade. É a causa mais
comum de insuficiência renal excluída a causa pré-renal (hipofluxo).
Rabdomiólise
É uma injuria ou necrose da musculatura estriada esquelética intensa, liberando na
circulação enzimas musculares (CPK), eletrólitos (potássio, fosfato), ácidos (acido
lático) e pigmentos (mioglobina).
Etiologia:
o Emergência: Trauma muscular por esmagamento, intoxicação alcoólica ou por
cocaína e ecstasy, síndrome compartimental com reperfusão muscular.
o Enfermaria: Intoxicação por medicamentos, distúrbios eletrolíticos, decúbito
permanente (litotomia dorsal), miosites infecciosas, peçonhas.
*Estatinas Risco aumenta com o uso de alguns medicamentos como
os Fibratos, ciclosporina, eritromicina, itraconazol.
Complicações:
o Precoces (primeiras 24h): Distúrbios eletrolíticos
o Tardias (após 24-48h): IRA mioglobinúrica, com exacerbação dos distúrbios
eletrolíticos, elevação rápida da creatinina e presença de CIVD. Pode ocorrer
síndrome compartimental devido ao mioedema.
A síndrome neuroléptica maligna é um grave distúrbio do tônus
muscular que evolui com lesão difusa da musculatura após o uso de
fármacos antipsicóticos como o halopurinol e também se manifesta
com IRA mioglobinúrica.
Costuma se manifestar durante 1-5 dias após a QT. Pode ocorrer grave hipercalemia,
hiperfosfatemia e hipocalcemia, potencialmente fatais. A acidose metabólica que se
instala cursa com anion gap aumentado (AC. Úrico e Lático)
Prevenção: É mais eficaz que o tratamento e deve ser instituída rotineiramente nas
primeiras 24-48h que precedem a QT para as neoplasias malignas mais agressivas.
Alopurinol + Hidratação vigorosa + Alcalinização urina (Bicarbonato de Sódio)
Etiologia: A NIC pode resultar da persistência ou progressão das varias formas de NIA,
ou devido a lesões obstrutivas, infecções crônicas dos rins, distúrbios imunes e
hematológicos, nefrotoxinas (Ciclosporina, Analgésicos – Paracetamol, Aspirina e
AINE), metais pesados (Chumbo, Cobre), Hipercalcinose e Hiperuricemia, Doença
cística renal, Sarcoidose e por Radiação.
Metade dos pacientes desenvolvem dor lombar e disúria. Hematuria micro é mais
freqüente que a macro. Mais da metade dos pacientes mostra leucocitose e uma
incapacidade de conseguir concentrar a urina. A proteinuria é freqüente (80%) estando
na faixa subnefrótica.
Formas evolutivas:
o Desenvolver curso fulminante, com necrose difusa bilateral, sepse e
insuficiência renal.
o Assumir curso insidioso, com episódios sintomáticos recorrentes.
o Desenvolver NP completamente assintomática, sendo descoberta por acaso.
Síndrome de Fanconi
o Se caracteriza por um distúrbio generalizado das funções reabsortivas do TCP,
normalmente com a presença simultânea de glicosuria, aminoacidúria,
bicarbonatúria, fosfatúria e uricosúria. Faz também parte da síndrome uma
deficiência relativa de calcitriol.
o Os principais sintomas estão relacionados à disfunção óssea (raquitismo
/osteomalácia), associado a sintomas como anorexia, náuseas, vômitos, fraqueza
muscular, poliúria e polidipsia.
o Em adultos (forma adquirida) deve-se suspeitar primeiramente de Mieloma
Multiplo. Em crianças (forma hereditária) a principal etiologia é a Cistinose.
Outras causam incluem a doença de Wilson (Intoxicação por cobre), Amiloidose e
a intoxicação por metais pesados, em particular o chumbo.
o O tratamento se baseia em medidas para a doença de base, na reposição de
fosfato neutro e calcitriol e bases (citrato de postássio) em casos de ATR-II.
*No caso do Mieloma Multiplo, como há hipercalcemia, a reposição de
fosfato e calcitriol é contra-indicada.
Distúrbios da Alça de Henle - Síndrome de Bartter:
É uma disfunção hereditária (autossômica recessiva) da porção ascendente espessa da
alça de Henle.
Apresenta-se em crianças menores que 6 anos.
Os sinais e sintomas típicos são o retardo do crescimento, poliúria e polidipsia, alcalose
metabólica, hipocalemia e hipercalciúria com hipocalcemia. Fraqueza muscular, câimbras,
poliúria e nocturia são sintomas freqüentes.
A hipocalemia grave é o que mais chama atenção nos exames.
É comum a ocorrência de múltiplos cálculos de oxalato de cálcio e/ou o desenvolvimento
de nefrocalcinose.
Os achados laboratoriais são os mesmo da intoxicação por Furosemida (diuréticos de
alça).
Três principais diagnósticos diferenciais são: Vômitos recorrentes, depleção de magnésio
e uso abusivo de diuréticos de alça.
Fisiopatologia: Defeito genético no carreador Na-K-2Cl. Ocorre perda do mecanismo de
concentração do interstício medular o que reduz a capacidade de concentração urinária,
levando à formação de uma urina aquosa, poliuria e polidipsia.
o A perda de potássio pode ser explicada devido ao maior aporte de sódio ao nefron
distal, fazendo com que o Na+ seja reabsorvido em troca de K+ ou de H+. A perda
de cálcio também é explicada pelo maior aporte de sódio no nefron distal; quanto
mais Na+ é reabsorvido, menos Ca++ é reabsorvido.
Pela sua gravidade e falta de diagnostico precoce, esta síndrome possui alta letalidade.
A perda ininterrupta de NaCl e liquido leva à hipovolemia que estimula o sistema renina-
angiotensina-aldosterona, hipertrofia o aparelho justaglomerular e mantém a pressão
arterial em níveis normais.
Um achado laboratorial é o aumento da produção renal de Prostaglandina E2.
O tratamento baseia-se na inibição da síntese de prostaglandinas renais e no bloqueio da
secreção de potássio no nefron distal. A utilização de AINES em associação com altas
doses de diuréticos poupadores de potássio como a espironolactona traz bons
resultados.
Distúrbios do Nefron Distal
Síndrome de Gitelman
É um distúrbio hereditário do TCD. Trata-se de uma disfunção do carreador Na-
Cl. Apresenta-se em crianças maiores que 6 anos ou em adolescentes. O
quadro clinico é mais brando que a síndrome de Bartter. Não há distúrbio da
concentração urinária (não há poliúria e polidipsia). Estes pacientes
manifestam-se apenas com alcalose metabólica e hipocalemia de causa
obscura. Ao contrario da síndrome de Bartter a excreção urinária de cálcio está
diminuída, enquanto a de magnésio está muito aumentada. Os sintomas
incluem câimbras (hipocalemia) + parestesias (hipomagnesemia) + tetania
(alcalose). O tratamento baseia-se na reposição de potássio e magnésio.
Etiologia:
o Aterosclerose de artéria renal:
É a entidade responsável pela maior parte dos casos (>2/3),
predominando em pacientes com mais de 50 anos. A aterosclerose
bilateral é responsável por até 20% dos casos de rim terminal.
Os fatores de risco são a hipertensão arterial, a idade avançada,
tabagismo, dislipidemia e diabetes mellitus.
A lesão acomete especialmente a porção proximal, predominando no
óstio aorto-renal.
o Displasia Fibromuscular:
É responsável por menos que 1/3 dos casos de estenose de artéria
renal.
Caracteriza-se pelo espessamento muscular ou fibromuscular de uma
ou mais camadas da artéria renal ou ramos.
A fibroplasia da camada média é a causa mais comum de estenose em
jovens, com grande predomínio no sexo feminino, e numa faixa etária
entre 15-40 anos.
O comprometimento arterial distribui-se mais comumente no terço
distal da artéria principal.
Fisiopatologia:
Estenose unilateral:
É o mecanismo mais comum de hipertensão renovascular, embora
não seja capaz de causar nefropatia isquêmica, devido ao outro rim
normofuncionante.
A estenose determina um hipofluxo ao rim acometido, fazendo com
que a pressão de perfusão glomerular torne-se bastante reduzida.
A lesão não costuma ser tão significativa ao ponto de causar infarto
renal.
O hipofluxo renal reduz a pressão na arteríola aferente e a filtração
glomerular. O rim acaba interpretando isso como uma situação de
“hipovolemia”, ativando assim o SRAA, retendo sódio e água e
levando à hipertensão arterial sistêmica.
O aumento da pressão arterial melhora a perfusão do rim estenótico.
Como a angiotensina II está agindo vasocontraindo a arteríola
eferente, aumenta assim a pressão de filtração glomerular, um
mecanismo essencial para a preservação da filtração glomerular no
rim estenótico.
Em relação ao fato de que a hipertensão renovascular poderia ser
revertida pela revascularização renal, parece ser a regra para os casos
de displasia fibromuscular, todavia no caso da aterosclerose a cura da
hipertensão é rara, visto que boa parte dos pacientes possui um
componente de hipertensão essencial.
Cerca de 20% dos pacientes com aterosclerose de artéria renal e
obstrução grave evoluem com perda progressiva da viabilidade
tecidual do rim afetado, por fibrose e atrofia do órgão (diâmetro <
8cm na USG).
Diagnóstico:
o Deve ser investigado a HRV em todo paciente de médio e alto risco.
o Exames inespecíficos revelam: USG evidenciando assimetria renal, alcalose
metabólica e hipocalemia.
o A arteriografia renal é indicada apenas para os casos suspeitos ou
diagnosticados pelos exames não invasivos e que deverão ser submetidos a
procedimentos cirúrgicos de revascularização. No entanto ainda é considerado
o exame padrão-ouro! A principal complicação desse exame é o risco de
ateroembolismo renal por colesterol.
o Os exames não invasivos utilizados na triagem são:
Cintilografia renal (com ou sem captopril) – Perde a acurácia em
pacientes com disfunção renal.
Duplex-scan (Doppler) de artérias renais e Angiorressonância nuclear
magnética (escolha nos pacientes de alto risco) – Média Acurácia
TC helicoidal e Arteriografia têm a desvantagem do uso de contraste
radiológico – Alta Acurácia
Tratamento:
o Revascularização renal (angioplastia com balão, sem stent)
Lesões menores que 50% nunca devem ser revascularizadas
A revascularização só está indicada se o rim for viável, com diâmetro
superior a 8 cm e índice de captação da cintilografia > 15%.
o IECA e BRA (indicados na estenose unilateral e são contra-indicados na
estenose bilateral)
o Antagonistas do cálcio (indicados nos casos de nefropatia isquêmica)
o Parar o tabagismo
o Terapia antiplaquetária com AAS e antilipêmica com Estatina.
Ateroembolismo Renal:
É uma complicação da ateromatose ulcerativa da aorta abdominal, geralmente em
pacientes que foram submetidos a procedimentos intravasculares ou sofreram trauma
torácico fechado.
As manifestações clinicas relacionadas à embolia renal de colesterol diferem das
observadas nos quadros de embolia por outra natureza. O quadro clínico costuma ser
dominado apenas pelo desenvolvimento de insuficiência renal.
Outros órgãos e tecidos também podem receber os êmbolos de colesterol, justificando
o desenvolvimento de déficit neurológico, mialgias, isquemia das extremidades (Sd do
dedo-azul), pancreatite e livedo reticular (manifestação cutânea).
É comum o desenvolvimento de eosinofilia, discreta leucocitose,
hipocomplementenemia, trombocitopenia, elevação do VHS, elevação de CPK, amilase
e TGO.
A biopsia renal contém alterações patognomônicas: aparecimento nos pequenos
vasos obstruídos de estruturas biconvexas em forma de fissuras.
O exame de fundo de olho pode evidenciar lesões do tipo placas de Hollenhorst.
Não há tratamento eficaz para essa condição. Os anticoagulantes não são úteis. A
hipertensão arterial deve ser manipulada preferencialmente com um IECA.