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Balanceado X Não-Balanceado

Informação técnica para usuários de produtos de áudio profissional da Yamaha

Conexões não-balanceadas empregam dois condutores: um no potencial do aterramento e o outro conduzindo o sinal. Os equipamentos
que operam em nível de -10 dBV quase sempre usam conexões não-balanceadas.

Conexões balanceadas empregam dois condutores, cada um conduzindo o mesmo potencial de sinal, mas com polaridade invertida em
relação um ao outro. A conexão balanceada pode ter ou não uma referência de aterramento. Se não tiver, é chamada de conexão
“flutuante”. Uma conexão balanceada com referência de aterramento requer três condutores, sendo o terceiro o potencial de aterramento
(uma conexão flutuante pode também ter um terceiro condutor, mas ele é usado como blindagem e não como potencial de aterramento).

OBS.: O termo “push-pull” também tem sido usado para descrever uma saída balanceada, mas é mais adequado para descrever o tipo de
saída de amplificadores de potência, e não circuitos de sinal de linha.

Por que usar conexões balanceadas?

Particularmente em sistemas de sonorização, ou em sistemas complexos de gravação e radiodifusão, as conexões balanceadas são
preferenciais porque elas são bem menos suscetíveis a captação de interferência. Os equipamentos profissionais que operam em +4 dBu
usualmente (mas nem sempre) possuem entradas e saídas balanceadas. Conexões não-balanceadas podem operar muito bem em
sistemas de áudio de pequeno porte, ou em sistemas fixos (permanentes), onde os problemas de loops de terra podem ser eliminados de
uma vez, e esquecidos. Em sistemas de sonorização portáteis, é melhor evitar conexões não-balanceadas.
Entradas balanceadas com e sem transformadores
Muito freqüentemente. equipamentos profissionais modernos usam acoplamento direto (e não transformadores). A entrada balanceada
com acoplamento direto muitas vezes é chamada de “entrada diferencial”. Uma das desvantagens dos circuitos diferenciais é que eles
podem não estar “flutuantes”, e por isso às vezes é preciso adicionar transformadores auxiliares para eliminar o ruído induzido (devido
aos loops de terra ou a níveis muito altos de sinais de ruído). As entradas (e saídas) balanceadas algumas vezes são implementadas
usando um transformador, que pode ou não possuir um tap central. Quando presente, o tap central em geral não deve ser aterrado. A
presença de um transformador não garante o balanceamento do circuito; uma conexão não-balanceada pode estar acoplada por
transformador, e uma saída balanceada pode ser desbalanceada se conectada à uma entrada não balanceada.

Como interconectar vários tipos de circuitos

A natureza da saída ativa determina o tipo de cabo que deve ser usado quando aquela saída balanceada é conectada a uma entrada não
balanceada. Usualmente deve ser empregado um cabo blindado com dois condutores, permitindo ao cabo permanecer razoavelmente
balanceado até a entrada do equipamento não-balanceado. Isso realmente ajuda a cancelar o ruído porque a blindagem drena o ruído
para o terra, e não é ela quem conduz o sinal. A resistência finita da blindagem faz com que seja diferente aterrar a blindagem e a parte
baixa do cabo na entrada não-balanceada do que aterrá-los na saída do equipamento balanceado.
A Fig.2 ilustra as práticas recomendadas para se manipular conexões balanceadas e não-balanceadas em várias combinações. Há outras
formas de fazer, mas estas representam um bom ponto de partida para quem ainda não está bem certo de como fazer.

Quais conectores usar?

A Fig.2 descreve quais circuitos de entrada se ligam a quais circuitos de saída, e se o cabo é de um ou dois condutores, com blindagem.
Também é mostrado como a blindagem deve ser conectada (em uma ou outra extremidade do cabo, ou em ambas). Mas a ilustração não
mostra os conectores.

Geralmente, não há a escolha quanto ao tipo de conector a usar, pois os equipamentos já determinam isso. Em alguns casos, pode-se ter
alternativas, como com conectores de 1/4”, que podem estar disponíveis para dois ou três condutores. É preciso saber previamente, antes
de efetuar as conexões. Veja na Fig.3 as sugestões de cabos e conectores para cada caso.

No mercado, há conectores bem feitos, com baixa resistência de contato (e pouca tendência em desenvolver uma resistência a longo
prazo), e mal feitos. Eles podem estar bem firmes no cabo, com blindagem e condutores internos bem soldados, e o cabo bem preso à
braçadeira do plug. E podem também ser construídos com pouca atenção a esses detalhes. Consulte o vendedor sobre as características
construtivas do cabo, e você se certificará de que, no longo prazo, será mais econômico não comprar o cabo mais barato.

Além disso, é possível usar vários tipos de cabos com um determinado conector, e por isso você poderá encontrar cabos melhores ou
cabos não tão bons para uma mesma aplicação. O que faz tudo isso complexo é que o “adequado” depende da natureza dos circuitos de
entrada e de saída que estão sendo interconectados.
A importância de um bom cabo

Um cabo possivelmente custa menos do que qualquer outro componente do sistema de sonorização (exceto os multi-cabos - “snakes” -
que de fato são caros). Claro, pode-se ter dezenas de cabos num único sistema, e o custo até chegar a um valor razoável. Ruídos de
“hum”, perda de sinal, ou falhas nas saídas por causa de curto-circuito, tudo isso pode ser causado por um cabo. Nunca tente economizar
dinheiro nos cabos.

Todo fio é diferente, assim como nem todos os conectores são feitos da mesma forma. Mesmo que o diâmetro final, calibre do cabo e a
montagem em geral seja similar, dois cabos podem ter propriedades elétricas e físicas diferentes, tais como resistência, capacitância e
indutância entre condutores, flexibilidade, densidade de blindagem, durabilidade, capacidade de suportar esmagamento, dobramentos,
tração, fricção, etc.

Os cabos de microfone devem sempre ter braçadeiras amarrando-os aos plugs.

A melhor blindagem que se pode ter em instalações fixas (permanentes) ou dentro de racks é a blindagem por folha, mas esses cabos
não são particularmente fortes e a blindagem se deteriorará caso eles sejam muito flexionados.

As blindagens trançada e enrolada são mais usadas em cabos de microfone e de instrumentos. A trançada é preferida porque a enrolada
tende a se abrir quando o cabo é flexionado, o que não só degrada a densidade de blindagem, mas também causa ruído no microfone.

Se a capacitância do cabo se altera quando este é flexionado, isso pode modificar o nível de ruído induzido. Esse é o maior problema com
a alimentação “phantom power” em cabos de microfone, embora isso possa ocorrer em qualquer cabo, e é algo que ninguém deseja num
sistema de sonorização. Pode-se evitar esse problema usando-se cabos com material dielétrico (isolante) estável, e com uma blindagem
bem trançada que esteja bem presa ao plug, de forma que não ocorram aberturas na blindagem quando o cabo é flexionado. Os cabos de
microfone e de instrumentos costumam ter plugs com uma capa de borracha, que dá uma boa pegada e é flexível numa faixa ampla de
temperatura. Também se usa para isso vinil de boa qualidade.

Alguns cabos com um condutor e blindagem parecem similares aos cabos coaxiais usados para sinal de TV e rádio (ex: RG-58, RG-59),
mas existe uma diferença maior. Os cabos coaxiais para uso com rádio-freqüência (RF) geralmente possuem condutor central rígido (ou
condutor feito com poucos fios grossos), e sua capacitância é bem diferente da dos cabos de áudio O cabo coaxial também é menos
flexível, por isso não use cabos de RF para aplicações de áudio.

Cabos sem blindagem e cabos para caixas acústicas

A blindagem adiciona capacitância, massa, peso e custo a um cabo, e por isso algumas pessoas tentam evitá-la. Isso é aceitável no caso
de linhas telefônicas, mas jamais considere a possibilidade de usar cabos sem blindagem para microfones ou instrumentos.

Nas caixas acústicas, o nível de sinal é tão alto que o ruído eletromagnético é insignificante e por isso pode-se usar cabos sem blindagem.
Na verdade, cabos blindados em caixas acústicas apresentam uma reatância maior e podem induzir a oscilações parasitas!

Leia também Sound Reinforcement Handbook, de Gary Davis e Ralph Jones, 2a. edição revisada, fev/1990, publicada por Hal Leonard
Publishing Co.

© 1992 Yamaha Corporation of America


Tradução: Miguel Ratton

Este artigo foi publicado no music-center.com.br em 2003

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