Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sobre a obra:
Sobre nós:
AVANÇAR SUMÁRIO [ »» ]
Introdução MAPADACRÍTICA
[1] CRÍTICAELITERATURAINFANTIL
[2] SITUAÇÃODALITERATURAINFANTIL
Por queestudar a literatura infantil?
Conflitos deopinião
Confusões típicas
Enfrentando nossos preconceitos
[3] DEFINIÇÃODELITERATURAINFANTIL
Aspectos da definição
Modos deler
Definição de“literatura”
Definição decriança
Definição de“literatura infantil”
[4] ABORDAGEMDOTEXTO
Uma estratégia mais detalhada
Oleitor
Olivro
Leitura deumexemplo: TheEighteenthEmergency
[5] OTEXTOEOLEITOR
Oqueestá implícito nos textos
Oleitor eo sentido
Decodificação do texto
Outros aspectos da leitura
[6] ESTILOEESTILÍSTICA
Introdução à estilística
Aimportância da linguagem
Estilo e“registro”
Estilística econtrole
[7] NARRATIVA
Anarrativa eo leitor
Leitura deuma narrativa: umexemplo
Aforma da história
Coesão egênero: como entendemos a narrativa?
[9] PRODUÇÃODELITERATURAINFANTIL
Uma nota sobrea censura
[10] ACRÍTICAEOLIVRO-ILUSTRADO
[11] CRÍTICAPARAALITERATURAINFANTIL
ApêndiceREDEFININDOALITERATURAINFANTIL[*]
Notas
Bibliografia
Índiceonomástico
Sobreo autor
Créditos
Redes sociais
Colofão
ALITERATURAINFANTIL BRASILEIRA, emtermos históricos, éuma menina. Conta com
pouco mais deumséculo e, por consequência, o discurso teórico, crítico ehistoriográfico
quesobreela setemproduzido no país éfenômeno ainda mais recente. Marcos inequívocos
nesseterreno são Problemas da literatura infantil (1951), deCecília Meireles, e
Literatura infantil brasileira: ensaio de preliminares para a sua história e suas fontes
(1968), deLeonardo Arroyo, quefundam, emtommaior, nossa tradição crítica na área.
No entanto, ésomentea partir dos anos 1980, no bojo da grandeexpansão do mercado
editorial brasileiro deliteratura infantil ocorrida na década anterior, como crescimento
da publicação detextos nacionais edetraduções, quea produção crítica no Brasil setorna
mais regular esubstantiva. São editados, então, trabalhos pioneiros da maior relevância,
deautores como Nelly Novaes Coelho, Regina Zilberman, Marisa Lajolo, Eliana Yunes,
Ligia Cademartori eEdmir Perrotti.
Chama a atenção, no entanto, que, seo aumento da produção literária nacional
contou coma contrapartida deinúmeras traduções, fenômeno queconferiu uma dimensão
cosmopolita ao campo da literatura infantil no país, o mesmo não sedeu coma produção
teórica sobreo gênero. Embora nas últimas décadas tenhamproliferado disciplinas de
pós-graduação edegraduação sobreliteratura infantil, bemcomo cursos de
especialização eformação continuada sobreo assunto, o mercado editorial limitou-sea
publicar –quasequedeforma exclusiva –a obra dos pesquisadores nacionais.
Uma raríssima exceção detradução deobra teórica sobreliteratura para criança que
circulou no Brasil foi A literatura infantil (1944), do pesquisador uruguaio Jesualdo
Sosa, publicada em1978, emtradução deJames Amado, pela Editora Cultrix, emcoedição
coma usp. Para alémdeseus méritos epioneirismo, a obra atingiu muitas edições nos
anos 1980 e1990 possivelmentepor ser umdos únicos títulos estrangeiros sobreo tema,
atéentão.
Oleitor brasileiro teve, assim, pouca chancedeseatualizar sobrea pesquisa produzida
emépoca mais recenteno exterior, tendo decontentar-secomo heroico esforço denossos
acadêmicos para divulgar aqui as ideias deautores estrangeiros relevantes na área.
Estiveramfora denosso alcanceas matrizes deuma produção teórica das mais
significativas, quevemdespontando desdelonga data empaíses comoo Reino Unido, a
Alemanha, a França eos Estados Unidos.
Umdos principais nomes desseprocesso, cuja contribuição para colocar a discussão
sobreliteratura infantil numpatamar bastanteelevado semostra admirável, éPeter Hunt
(1945), professor emérito emliteratura infantil da Cardiff University, País deGales, Reino
Unido. Autor deobras teóricas, críticas ehistóricas sobreo tema, obtevereconhecimento
emnível mundial, tendo sido agraciado comimportantes distinções, como o International
Brothers GrimmAward (Japão) ou o Distingued Scholarship
Award (Estados Unidos).
Atradução deCrítica, teoria e literatura infantil, publicado pelo escritor em1991, dá
umpasso decisivo para superar a distorção provocada pelo mercado editorial brasileiro
ao privar nossos leitores detextos teóricos essenciais sobreliteratura infantil quecirculam
já há algumtempo emescala globalizada. Aobra, como poucas, inserea reflexão sobreo
gênero no contexto mais amplo da teoria da literatura. Discutea literatura infantil no
âmbito das tendências mais marcantes da teoria literária do século XXecoloca empauta
questões fulcrais ligadas à produção literária contemporânea, tais como as relações entre
literatura, política eideologia, a função do leitor na constituição do literário ou o estilo,
entretantos outros aspectos.
Por sua perspectiva abrangentee, ao mesmo tempo, verticalizadora, detópicos
candentes do campo do conhecimento sobreo qual sedebruça, a obra certamenteirá
desempenhar umpapel tão marcantequanto o detítulos teóricos quetiveramlarga
circulação no país nos últimos anos, integrando bibliografias as mais variadas na área
das letras, como Teoria da literatura (1983), deTerry Eagleton, ou O demônio da teoria
(1998), deAntoineCompagnon.
Otrabalho deHunt, entretanto, tempossibilidadedeatingir público bemmais amplo,
faceà natureza interdisciplinar da literatura infantil eao franco interessequedesperta em
áreas como a psicologia, a educação ou a sociologia. Valeressaltar, ainda, quea edição
brasileira foi cuidadosamenterevista, ampliada eadaptada ao público brasileiro,
constituindo uma contribuição ímpar para queo gênero “literatura infantil”, cada vez
mais, reafirmesua maturidadeno interior denosso sistema literário.
JOÃOLUÍS CECCANTINI
Prefácio à edição brasileira
SEYMOUR CHATMAN
AIDANCHAMBERS
Ofato dequeo critério dulcis et utile sobreviva na crítica delivros para criança por
muito tempo, mesmo depois deseu quasedesaparecimento emoutras áreas, éum
indicador dequeestamos lidando coma preservação da “tradição” emuma área
marginalizada da cultura.[8]
[a] Sugestão detradução para o termo picture books, tipo delivro no qual texto e
ilustração combinam-sedetal maneira quea relação entreeles torna-seessencial para a
compreensão da narrativa. Aexclusão deumou outro elemento do objeto livro
descaracteriza a obra. Opõem-seao livro comilustração, quando a informação da
imagemémeramentedecorativa ou redundanteao texto. Ver ainda capítulos 7 e10. [N.E.]
[b] Vertentecrítica da literatura infantojuvenil na qual o livro sejustifica, como bomou
ruim, a partir do queo adulto supõequea criança irá gostar (ou não). Uma explicação
mais completa apareceno capítulo 11. [N.E.]
POR QUEESTUDAR ALITERATURAINFANTIL?
CONFLITOS DEOPINIÃO
Muitas vezes, a reação a essetipo deargumento érejeitar esses padrões como irrelevantes, o
mesmo quejogar fora a água do banho do elitismo cultural como bebêdo juízo dentro.
Odebatemostra a necessidadededefinir a literatura detal maneira queela não seja
igualada (tanto fora como dentro dos Departamentos deLiteratura da universidade) como
inacessível, o pretensioso eo difícil, gerando a reação dequea “literatura infantil” éuma
contradição emtermos. Por umlado, écompreensível quealgo visto como fora do alcance
das crianças não deva ser imposto a elas; por outro, há umanti-intelectualismo queleva
diretamentea uma restrição implícita àquilo queas crianças são capazes deler. Conforme
veremos, os editores receiama influência debibliotecários eprofessores e, por isso, não são
experimentais. Há uma tendência à segregação.
Esseanti-intelectualismo émuito difundido; éuma desconfiança da teoria quepodeser
encontrada nas áreas mais inocentes edignas. Tomemos, por exemplo, a British
Federationof Children’s Book Group [Federação Britânica deGrupo do Livro para
Crianças]. Esses grupos são regionais, envolvendo uma cidadeou uma aldeia. Levantam
dinheiro para adquirir livros para escolas, pré-escolas esalas deespera deconsultórios
médicos; tambémprogramameventos comlivros econcedemprêmios –tudo queincentive
o ato deler econtar histórias. AFederação éapolítica ealtamentelouvável. Sua publicidade
proclama tanto o queela é:
repleta deintelectuais;
séria emaçante.
CONFUSÕES TÍPICAS
Foram-seos detalhes do banco deareia; a Dona Coelha, agora jovem, émais polida com
os filhos; Pedro respondecomuma pergunta nummundo mais igualitário. Foi adicionado
umsubtexto urbano emqueapenas ocasionalmentesepermitequeas crianças brinquem
fora decasa. E, embora pareça muito previsível quea brincadeira da mortetenha sido
removida (mesmo queela apenas tenha sido, para nós queconhecemos o original,
ironicamentesubstituída por outra), écurioso queas palavras deadvertência, outrora
explícitas, sejamagora apenas ameaças veladas.
Certas sutilezas tambémseperderam; aquilo queBeatrix Potter secomprazia emdeixar
queo leitor deduzisse(muitas vezes no intervalo deumvirar depágina) tornou-seexplícito.
Na versão original, Pedro:
[…] foi direto para a horta do Seu Gregório. Seespremeu, seespremeu, passando por
baixo do portão!
[Página] Primeiro elecomeu umas alfaces eumpunhado devagens quenão estavam
nemmaduras. Depois comeu uns rabanetes.
[Página] Mas então ficou enjoado eresolveu procurar umpouco desalsa.[20]
Ea nova versão:
Depois a Dona Coelha olhou Pedro mais deperto. “Meu Deus!”, pensou. “Os bigodes
deleestão baixando! Elenão está muito bem!” Assim, a Dona Coelha decidiu dar a
Pedro alguma coisa para queelesesentissemelhor. Ela apanhou o chá decamomila
eesperou a água ferver. Pedro gemeu quando viu o chá. Elesabia queo gosto era
horrível. Pedro tevedesentar-sena cama ea Dona Coelha lhedeu umpouco dechá.
“Tomar uma colher ao deitar”, disseela, enquanto o aconchegava. Mas Flópsy,
Mópsy eRabinho-de-Algodão comerampão fresco, leiteeamoras no jantar.
Também receberam a dose que Pedro tomou e apreciaram cada gotinha do chá.
[Grifo meu.]
Como era deseesperar, muitos leitores acusaramos editores depura ganância. Mas, pior
queisso, sentiram-setraídos; ea história por trás da sensação detraição ésignificativa.
Quando os direitos autorais dos livros deBeatrix Potter estavamprestes a expirar, em
1993, os editores da PenguinBooks fizeramuma reedição emformato grande, mas de
gosto impecável; o Peter Rabbit abc [Pedro Coelho abc, 1993] (alfabeto comilustrações
dePotter) éummodelo emseu gênero; o licenciamento deprodutos como quebra-cabeças
foi cauteloso efiel às ilustrações da autora; e, o melhor detudo, a Penguinproduziu uma
nova edição detodos os livros, voltando às aquarelas originais. Atéaí, tudo bem. Outra
instituição entra emcena, a Ladybird Books. Talvez não haja uma criança britânica nos
últimos cinquenta anos quenão tenha sido influenciada por esses volumes primorosos,
todos demesmo aspecto –uma figura colorida, luminosa, ao lado deuma página detextos
simples, criada para leitores decinco anos deidade. Sua enormevariedadeincluiu roteiros
deleitura, contos defadas epoemas simplificados, alémdelivros informativos para os
mais novos. São edições benfeitas, mas, verdadeseja dita, não são arte.
Quando Pedro Coelho foi publicado comfotografias pela Ladybird, a reação foi
violenta epodeser resumida da seguintemaneira:
Eo pior detudo:
tais alterações sebaseiamna ignorância; elas ignoramo conjunto
crescentedepesquisas queevidencia queas respostas das crianças são
sutis evariáveis, enão despreparadas, como tudo o quevimos acima
sugere.
São essas, portanto, as frentes debatalha. Mas, por trás delas, espreita umconjunto bem
mais simples etosco depremissas quepermeia toda a discussão sobreos livros para
criança. Trata-sedequeos “favoráveis às edições originais” deBeatrix Potter são elitistas
esnobes, queachamqueo velho ébom, per se. São fascistas liberal-humanistas –talvez
nemseja umparadoxo –queapelampara valores “absolutos” quenão passamdeummeio
deapropriar-sedo Livro para si mesmos. Do outro lado estão os queprefeririamqueas
crianças lessemalguma coisa, por mais degradada edegradantequefosse, a quenão
lessemnada. Eles não entendemou não sepreocupamcoma cultura livresca, eapenas
desejamapropriar-sedela para fins pessoais subversivos ou práticos. Ao fazeremisso,
tratama criança comsuperioridadeeacabamdestruindo o livro: crianças queleemesse
tipo deescrita tornam-seviciadas emtelevisão evideogames, euma parcela importantede
sua cultura seperde.
Entretanto, ninguémsesurpreenderia coma publicação dePedro Coelho “alterado”
caso selembrassedo magnífico ensaio deRumer Goddenna revista The Horn Book em
1963, “AnImaginary Correspondence” [“Uma correspondência imaginária”]. Aautora
apresentou uma troca decartas entreBeatrix Potter eo sr. V. Andal da DeBasePublishing
Company, quedesejava publicar Pedro Coelho compalavras “simples o bastantepara
uma criança entender”. Asuposta réplica deBeatrix Potter poderia hojesoar assim: “Amim
meparecequeo senhor correo risco deusar ‘simples’ no sentido dementalmentedeficiente.
Serão as crianças dehojetão menos inteligentes queseus pais? Devemos enriquecer o
legado depalavras deuma criança –não diminuí-lo”.[25]
Essa confusão pelo tema tambémseaplica a questões decensura. Tomemos o exemplo
do livro Abigail at the Beach [Abigail na praia, 1988], deFelix Pirani. Otexto começa
assim:
Abigail eseu pai foramà praia. Opai deAbigail levou umguardasol euma
espreguiçadeira, uma garrafa térmica cheia desuco delaranja etrês latas decerveja,
alémdeuma caixa debiscoitos eumlivro. Abigail levou umbaldeeuma pá. Opai de
Abigail armou o guarda-sol ecolocou a espreguiçadeira embaixo. Sentou-see
começou a ler seu livro.[26]
Enquanto isso, o pai deAbigail está bebendo “três latas decerveja” […]. Oautor nem
mesmo teveo bom-senso desugerir quea cerveja era debaixo teor etílico […]. “Eu
diria queisso incentivaria uma criança a pensar quebeber cerveja era uma coisa boa
desefazer”, comentou [o mp]. Ah, as perversas mentiras dos editores deAbigail![27]
Isso podeter sido engraçado, mas não impediu quemuitas discussões fossemtravadas na
mídia, esalientou-sequeos mps estavamadotando uma ideia primitiva, simplória eliteral
deleitura –a dequehavia uma relação primária entrecausa eefeito. Oeditor concordou em
retirar o livro, mas somentese“pelo menos uma criança fosseincentivada… a beber”, ea
controvérsia diminuiu. Mas tornou a manifestar-seem1995, quando o livro foi
republicado por uma importanteredenacional desupermercados, a Sainsbury’s. O
supermercado recebeu quatro reclamações sobreo livro, econsequentementeo retirou das
prateleiras.[28] Tudo isso mostra a existência defundamentos superficiais para debates
entreos queapoiamo ideal deliberdade(“toda censura éruim”) eos queapoiama ideia de
responsabilidadeadulta emrelação às crianças.
Essenão chega a ser umproblema novo. Para cada leitor quecondenaria o quebem
entendepor heresia, sexo ou violência nos livros para criança, existemescritores
sustentando queesses textos deveriamser visionários elevar ao crescimento. Queos textos
deveriamser “abertos”, confrontar enão confirmar. Defato, como problema central da
relação depoder entreadultos ecrianças, o quedevemos incluir eo quedevemos excluir?
Para evitar algumas dessas discussões, precisamos definir claramentenossos termos.
Qual éexatamenteessa categoria detextos? Epara queserve? Entretanto, as dificuldades de
definição tambémsurgemdos detalhes práticos das resenhas sobreos livros ea
comercialização deles. Umexemplo clássico éo caso deWatership Down [A colina de
Watership, 1972], deRichard Adams, umbest-seller mundial (cujos heróis eram
coelhos). Como escreveu AlecEllis: “Watership Down éumfenômeno queocorreapenas
uma ou duas vezes numa existência, enão érazoável exigir mais deumtesouro tão raro”.
[29]
Esselivro tambémpossuía a singular característica deestar simultaneamente
disponível emedições para adulto epara criança. Quando publicado nos Estados Unidos,
foi resenhado comperspicácia na revista Newsweek, eo contrastecoma opinião deEllis é
surpreendente: “Farei umtrato comvocês. Senão disseremnada estúpido do tipo ‘Não
estou interessado numa história sobrecoelhos’, não direi nada estúpido do tipo ‘Éum
granderomance’”.[30] Asituação aqui implícita équehá uma escala devalores quevai dos
clássicos adultos atéo lixo para crianças, comos livros adultos deuma aceitável segunda
classeeos melhores livros para criança compartilhando o mesmo patamar. Tal sugestão
podenão resistir ao exameminucioso, mas éuma sugestão quecontinua presentena
cabeça decríticos acadêmicos e, defato, na cabeça dos quelidamcomo livro para criança.
(Umproblema parecido ocorreu mais recentementecomos livros da sérieHarry Potter.)
Devido a certas características deconfiguração do enredo, vocabulário econtrole
narrativo –exigidas empartepor causa da necessidadedeoferecer uma opinião
equilibrada quenão podeser concluída pelo leitor –, o livro para criança denível médio é
comparado ao romanceadulto denível baixo. Olivro escolhido pelo adulto “abaixo desua
capacidadedeleitura” (quepoderia ser chamado delivro de“banca deaeroporto”) é
semelhantea muitos livros para criança; eletendea ser umtexto “fechado” (como definiu
Barthes –ver capítulo 5) –daí a confusão, ea necessidadedeuma definição clara.
Nemmesmo os autores ajudameo sistema deprodução tambémgera problemas. Isso
resulta numcerto ceticismo entreos próprios autores. Frank Eyreobservou que:
ENFRENTANDONOSSOS PRECONCEITOS
Havia uma massa demetal enferrujado, dois aros ligados por uma corrente. Bob a
sacudiu, começando a identificar o quehavia encontrado. Umaro surgiu,
decompondo-seemescamas. Comelevinhamalgumas pedrinhas brancas que
tornarama cair suavemente. Eramossos. Eramos ossos deuma mão; eno outro aro
estavamos ossos separados do pulso deoutra mão; eos braços estavamadiante, eo
crânio, limpo eredondo esurgido do solo coma água queseassentava, ealémdo
crânio eda coluna, as bacias gastas da pélvis, umfêmur partido eseu par inteiro, eos
ossos inferiores das pernas. No punho algemado do esqueleto, Bob viu umpequeno
objeto queera deouro mas não uma moeda, epreso a umminúsculo edefeituoso
osso do dedo umanel; eesses eletirou para [Maggie]; eesteera o marido dela. E
retirou os grilhões, as algemas quelhehaviamsido postas.[33]
K. M. NEWTON
Cada vez mais sou da opinião de que não existem livros para criança. Eles
são um conceito inventado por motivos comerciais e mantido pela
tendência humana de classificar e rotular. O autor honesto […] escreve o
que está dentro de si e precisa sair. Às vezes o que ele escreve terá
ressonância nas inclinações e interesses dos jovens, outras vezes não […].
Se precisa haver uma classificação, é de livros bons e ruins.
MARCUS CROUCH
ASPECTOS DADEFINIÇÃO
Tal como a maioria das perguntas sugeresuas respostas, assimtambémas definições são
controladas por seu propósito. Dessa maneira, não podehaver uma definição única de
“literatura infantil”. Oqueseconsidera um“bom” livro podesê-lo no sentido prescrito pela
correnteliterária/acadêmica dominante; “bom” emtermos deeficácia para educação,
aquisição delinguagem, socialização/aculturação ou para o entretenimento deuma
determinada criança ou grupo decrianças emcircunstâncias específicas; ou “bom” em
algumsentido moral, religioso ou político; ou ainda emumsentido terapêutico. “Bom”,
como uma aplicação abstrata, e“bompara”, como uma aplicação prática, estão em
constanteconflito nas resenhas sobrea literatura infantil.
Há, também, uma tensão entrea aceitação intelectual da pluralidadedesentidos da
palavra “literatura” e, não obstante, uma suposição deumconceito cristalizado devalores
absolutos. Assim, o personagemBisonho deA. A. MilneeHamlet deShakespearenão são,
no sistema atual devalores críticos, figuras comparáveis: não porqueumseja, efetiva e
universalmente, melhor queo outro, mas por queassimdiz o sistema.
Mas, seformos desenredar o emaranhado dejulgamentos, devemos considerar
maneiras dedefinir. Como vimos, embora haja certas características queparecemtornar
óbvia a leitura deum“livro para criança”, os aspectos textuais não são confiáveis. Quando
W. H. Audendeclara que“existembons livros quesão apenas para adultos […] não há bons
livros quesejamapenas para crianças”,[1] ou C. S. Lewis “Sou quasepropenso a definir
como cânonequea história infantil queédesfrutada apenas por crianças éuma história
infantil ruim”,[2] esses livros tendema gerar mais calor queluz.
Existe, ainda, uma ampla discordância quanto à possibilidadedeseabordar a
literatura infantil da mesma maneira quea literatura adulta. Podemos contrastar a
opinião deRebecca Lukens, para quem“a literatura para criança difereda literatura para
adulto emgrau, não emespécie[…] eescrever para crianças deveser avaliado pelo mesmo
padrão queescrever para adultos. Não aplicar a mesma norma crítica à literatura infantil
é, defato, dizer queela éinferior à literatura adulta”,[3] coma deJames SteeleSmith:
“Podemos ainda nos enredar na concepção equivocada dequea literatura infantil envolve
os mesmos critérios deexcelência literária quea literatura adulta”.[4]
IsabelleJandesconsidera, comimpaciência, a “norma acadêmica” quedistribui juízos
devalor:
Houve, também, uma certa confusão quanto à literatura ser uma criação diferente, bem
como sobreo modo como ela deveser tratada. Sheila Egoff, GordonStubbs eRalphAshley,
na introdução deOnly Connect: Readings on Children’s Literature [Apenas conecte;
leituras sobre literatura infantil, 1980], “não endossama opinião dequea crítica da
literatura infantil exigeadotar uma escala especial devalores”.[6]
Emcerto sentido, andamos para trás; conformerealça LanceSalway: “Acrítica se
ocupou, emgrandeparte, da literatura infantil duranteo século XIX[…]. Emmuitos
aspectos, a discussão crítica […] era menos restrita do queéhoje: livros para os jovens
pertenciamao corpo geral da literatura eescrever sobreeles não serestringia a periódicos
especializados”.[7]
Como consequência, temos a perspectiva deNicholas Tucker:
MODOS DELER
Estamos lidando comtextos destinados a umpúblico não adulto, textos quesão criados
por adultos numambientesocial complexo. Emtermos do queisso significa para uma sub
ou anticultura, equivalea ler uma tradução.
Três situações deleitura precisamser distinguidas: o adulto quelêumlivro destinado a
adultos, o adulto quelêumlivro destinado a crianças ea criança quelêumlivro destinado
a crianças. As diferenças entreessas situações são fundamentais para a nossa discussão. A
crítica tendea falar delas como sefossemiguais –mas não são, exceto deuma maneira um
tanto perigosamenteilusória.
As duas situações quemais seaproximamentresi são a primeira ea última, pois
compartilhamumfator básico deleitura. Nas palavras dePatricia Wright:
Emoutras palavras: nossas referências eintenções são decisivas. Éclaro queos leitores
adultos nunca podemcompartilhar as mesmas referências queas crianças, emtermos de
experiência deleitura evida. Omenos evidenteéquesó raramentecompartilhemo mesmo
propósito na leitura (tal como os resenhistas são leitores totalmenteatípicos). Quando os
adultos leemlivros para adulto, emgeral o fazempara sedistrair ou seinstruir, tomando a
obra emseus próprios termos edesempenhando ou reagindo contra o papel deleitor
implícito no texto. Ou, ainda, estão lendo por umpropósito externo –criticar, comentar ou
discutir.
Quando os adultos leemlivros para criança, normalmenteprecisamatentar para
quatro sentidos diferentes, ao mesmo tempo. Primeiro, apesar deocasionais protestos em
contrário, os adultos emgeral leemlivros infantis como se fossem textos escritos para
adultos. Sea leitura for motivada por algo quenão o prazer, registraremos a presença do
leitor implícito, mas “leremos contra” ele–o quecertamenteexplica o baixo status dos livros
para criança.
Assim, umtexto deve“implicar” umleitor. Ou seja, o tema, a linguagem, os níveis de
alusão etc. “escrevem” claramenteo nível deleitura. (Não por acaso, os livros deA. A. Milne,
ou vários deRoald Dahl, tornaram-sepopulares tanto entreadultos como entrecrianças: o
público implícito neles étanto adulto quanto infantil.) Isso fica mais fácil deperceber
quando o nível implícito éalto; semdeterminado conhecimento ou experiência, o texto não
será –não poderá ser –“entendido” emumnível “razoável”. Mas, da mesma forma, quase
sempreestá implícito umgrau limitado deexperiência: pode-seexplicar emexcesso para
umleitor experiente. Isso ocorreemníveis muito elementares enos leva a formar umjuízo
sobrea relação entrea criança eo texto como texto.
Mas não temos obrigação nenhuma deaceitar o papel do leitor implícito. Éo que
geralmentefazemos emumtexto escrito para adulto: selecionamos o livro deacordo como
nível queeleexige(é“difícil” ou “fácil” deler?). Mas, no caso dos livros para criança, éfácil
ler contra essa premissa. Épor isso queo contexto da leitura –a atitudeemrelação ao texto,
eos objetos queo circundam, o “peritexto” –étão importante. Emmuitas circunstâncias,
essa primeira maneira deler provavelmentedominará; podeser uma leitura mais
profunda eperspicaz do quea feita por uma criança, mas trata-sedeuma leitura
apropriada?
Emsegundo lugar, normalmente, quando o adulto lêtextos infantis, quasesempreo
estará fazendo em nome de uma criança, para recomendar ou censurar por alguma
razão pessoal ou profissional. Os critérios aqui utilizados certamentesupõemo público
implícito elevama umjuízo intelectual quanto ao livro emquestão ser ou não apropriado a
essepúblico. Logo, os critérios para o primeiro deveriamser: a preferência pessoal
(política, sexual, temática); a conveniência do conteúdo (como o adulto o percebe) para o
uso queserá dado ao texto (formação dehabilidades, educação social, diversão); e, talvez o
mais fácil, a complexidadelinguística. (Como veremos, esseespaço ideológico revela, na
maioria das vezes, as cegueiras dos leitores eeditores.)
Raramente, embora o fenômeno cresça cada vez mais, o adulto podeler o texto com
vistas a discuti-lo com outros adultos. Nessecaso, o olhar analítico podeser dominante, e
podemos não nos envolver como livro como o faríamos emuma primeira leitura. É, por
assimdizer, a leitura do superego, transformando tanto o primeiro como o segundo tipo
deleitura emcomunicações aceitáveis.
Quemquer quetenha lido muitos livros para criança quando adulto provavelmente
concordará queéo tipo mais gratificantedeleitura –e, outra vez, o mais inadvertido por
aqueles emdúvida quanto ao status da atividade–, o queenvolveaceitação do papel
implícito; équando o leitor se rende ao livro nos termos do próprio livro. Corresponde
ao mais próximo quepodemos chegar deler como uma criança; porém, está ainda muito
longeda leitura feita por uma criança deverdade.
Há aqui outras sutilezas complicadoras. Vocêlêcomo a criança quefoi, ou como a
criança quevocêpensa ser? Recorreà sua autoimagemdecriança ou à memória da
“sensação” deleitura da época da infância? Atéqueponto os leitores conseguemesquecer
sua experiência adulta?
Pesquisas como a deMichael Bentonet al.[12] mostramqueas crianças são muito mais
competentes emlidar comtextos do quegeralmentesesupõe; mesmo assim, édifícil
reproduzir essa relação. Não podemos nos basear, como disseumcrítico, “na autoridade
decomunidades interpretativas”[13] –nas quais a maioria dos leitores terá o mesmo
entendimento geral deumtexto. Afinal, muitas das teorias derecepção eresposta se
baseiameminvestigações sobretextos escritos para adulto.[14]
Dessa maneira, sedesejarmos definir nosso campo deestudo, devemos admitir quea
própria percepção dos textos dentro dessecampo éproblemática. Há uma confusão entre
qualidadeepúblico, quetantas vezes temagrupado os livros para criança comos livros de
“cultura popular”, emgeral, debaixo nível.[15]
DEFINIÇÃODE“LITERATURA”
Essa desistência podeser vista como uma cortina defumaça colocada pelo sistema para
evitar expor a simples verdadedequealgo ébomporquenós, autoeleitos, assimo dizemos.
[17]
Amáxima da teoria eda crítica sobrea literatura ser acessível somenteaos dotados de
“intuição treinada” tambémexclui automaticamentetodos os leitores infantis etodos os
livros para criança. Amáxima éequivalenteà deHenry James emThe Future of the Novel
[O futuro do romance, 1990]:
Podeparecer uma afirmação radical ou óbvia –ou ambas, segundo desconfio. Emminha
experiência, os alunos deliteratura na graduação carregamuma resistência enraizada a
valores do sistema dominante, bemcomo uma compreensão perspicaz do queseespera
quedigam(o queéumalento). Isso não significa uma mera obviedadeeducacional; é
importantepara os livros infantis, emquea oralidade, a subcultura, ou anticultura, ou
cultura paralela da infância são fatores relevantes na interpretação dos textos.
“Literatura”, portanto, éumtermo muito persuasivo. Resumamos seus significados. A
primeira distinção éentreo quegeralmentesepensa ser a literatura eo queela, emtermos
lógicos ou conjeturais, podeser. Quando comparada a outros textos, considera-sea
literatura “mais elevada”, “mais densa”, “mais carregada”, “especial”, “à parte” eassim
por diante. Considera-se, também, queela seja o “melhor” queuma cultura podeoferecer.
Parecehaver nisso duas maneiras dedizer a mesma coisa, mas elas dão origema umtipo
deesquizofrenia –como temos visto –entreas pessoas ligadas ao “universo do livro
infantil”, uma vez quea “literatura” évista como não “adequada” para crianças –sem
questionar a aptidão queas crianças têmpara coma literatura, mas queesta não se
relaciona como universo infantil.
As definições deliteratura podemser convenientementeseparadas emcaracterísticas,
normas culturais esegundo os usos queos indivíduos dão ao texto.
Para muitos leitores, não está claro queédifícil especificar seumtexto éou não
“literatura” apenas por observá-lo. Émais importanteo valor queseatribui a eledo queas
características quepossui. Certamente, o texto literário temuma tendência a apresentar
determinados aspectos linguísticos. Tais aspectos muitas vezes representamuma função
da mensagemlinguisticamente“autossuficiente”, quenão precisa deumcontexto de
interação humana imediata para ser compreendida. Existem“marcadores” típicos no
texto, tais como: enquanto no discurso normal o emissor eo receptor, remetentee
destinatário são marcados como primeira eterceira pessoa, na literatura não é
necessariamenteassim. Mas isso não faz do texto “literatura” emseu sentido geralmente
aceito. Éo contexto cultural quedetermina a classificação.
Tal percepção éimportantepara a literatura infantil porque, na maioria das vezes, se
supõequehaja um“registro” adequado dos livros para criança –palavras eestruturas
características –queidentifica o tipo tão prontamentequanto o “conteúdo”. Tambémse
costuma supor queesseregistro élimitado a ponto deexcluir a “literariedade”. Dessa
forma, seo queconstitui as características superficiais da literatura éuma decisão cultural,
quer a imagemcorrenteda infância seja positiva, quer negativa, os livros para criança
serão inevitavelmenteexcluídos do sistema dejuízos devalor. Via deregra, as normas
culturais não são aplicadas a umgênero pouco considerado ou demá reputação.
Mas, sea literatura não podeser definida como útil por seus aspectos superficiais, pode
ser definida por seu uso? Lemos a literatura deuma maneira diferenteda não literatura:
extraímos do texto sensações ou reações. No entanto, no caso dos livros para criança, não
podemos fugir ao fato dequesão escritos por adultos, dequehaverá controleeestarão
envolvidas decisões morais. Da mesma forma, o livro será usado não para acolher ou
modificar nossas opiniões, mas para formar as opiniões da criança. Assim, os tipos de
leitura queos textos para crianças recebemdelas envolvemaquisição da cultura eda
língua. Isso significa quea definição “não funcional” de“literatura” exclui toda literatura
infantil ou não seaplica a ela.
Nessecaso, também, como o único elemento quedistinguea literatura infantil éseu
público, torna-secomumsupor quea apreciação estética não seja algo disponível à
criança e, consequentemente, tenda a ser inerenteà sua literatura. Vimos quea narrativa,
atébemrecentemente, temsido considerada uma parteinferior dos estudos literários. Mas
tomemos o seguintecomentário deC. S. Lewis, umescritor quenormalmentesesupõeestar
do lado da criança. Ao escrever On Stories [Sobre histórias, 1966], elecomenta:
Valea pena considerar o subtexto deLewis, pois a escolha desuas palavras trai umrespeito
básico por seu público. Acriança éigualada com“as massas”, a narrativa é“uma rede”, e
redes apanhamos ingênuos eincapazes, eos aprisionam. Estamos nos aproximando da
noção dequeas crianças devemnecessariamenteter algo não apenas diferente, mas
menor.
Não temajudado a ideia dequea narrativa seja a estrutura dominantedos livros para
criança. EmAspectos do romance (1927/2005), E. M. Forster lamentava que: “Sim–
minha nossa, sim–o romanceconta uma história”.[21] Claro queo estudo da narrativa
proliferou a partir de1949, quando, numcompêndio fundamental, Theory of Literature
[Teoria da literatura, 1942], os norte-americanos RenéWellek eAustinWarren
afirmaramquea “teoria ea crítica literárias voltadas ao romancesão muito inferiores,
tanto emquantidadecomo emqualidade, à teoria eà crítica da poesia”.[22] Comisso,
abrirama possibilidadedeaceitar outros textos como sujeitos à crítica. Mas, como mostra
o subtexto deLewis, a narrativa emsi não éconsiderada a mais elevada das estruturas,
como o autor demonstrou emsua própria ficção para crianças, na qual a narrativa, por
mais habilidosa queseja, não passa deuma mera portadora deideias abstratas.
Isso podeparecer umpântano e, então, abordemos a definição do ponto devista da
lógica, da linguagemeda cultura evejamos quais são as implicações. JohnM. Ellis salienta
quea palavra “literatura” écomo a palavra “erva”: antes dedescrever o mundo, ela o
organiza. Não são as características da planta quefazemdela uma erva, mas antes o lugar
ondeela está crescendo. Do mesmo modo, “os textos literários não sedefinemcomo textos
deumtal formato ou estrutura, mas como peças delinguagemutilizadas deuma
determinada maneira pela comunidade”.[23] Essa definição diz queo texto não é tomado
como especificamente relevante ao contexto imediato de sua origem. Ou seja, o texto é
usado demodo estético, não prático. Por conseguinte, elepodetornar-se literatura, eser
usado dediferentes maneiras emmomentos diferentes. Diários ecartas, por exemplo, se
tornamliteratura emvirtudedeseremlidos por umpúblico para o qual não eram
destinados epara umpropósito diferente. Claro queisso gera problemas para os livros
destinados a crianças, quetendema ser usados para fins práticos como a educação ou
socialização.
Há tambémumproblema coma literatura “popular”, ou seja, livros usados (e
consumidos) especificamentepara o prazer imediato (policiais, pornografia etc.). Quando
usados como tal, não são (pelo senso comum) literatura; mas, quando usados para outra
finalidade, são –evice-versa.
Aliteratura infantil temesseproblema, coma dificuldadeadicional dequenão
podemos saber como uma criança a lê–como uma experiência “literária” ou como uma
experiência funcional. Qualquer texto podereceber uma leitura “literária” –edevemos
tomar cuidado coma contradição ao dizer quealguns textos agradammais queoutros –,
pois os valores queneleaplicamos tambémpertencemao sistema cultural.
Como já vimos, umlinguista podecaracterizar como textos “literários” partedeuma
pequena edesviantecomunicação humana queficou “fossilizada”. Tais textos sedesviam
da linguagem“normal”, etais desvios tendema seguir padrões. Essa definição não faz
referência a juízos devalor gostos ou aversões; ela meramentedescreveecomisso evita a
redundância dedefinições como a dada por Raymond Williams emKeywords [Palavras-
chave, 1976], quefaz uso determos como “bemescrito”, “substancial” ou “importante”.
Nada disso satisfaz a ideia básica dequealguns textos são “melhores” queoutros –em
termos culturais, não terapêuticos. Precisamos adotar o conceito óbvio deque“literatura”
éa escrita autorizada epriorizada por uma minoria influente. Anoção de“cânone” ou
“correnteprincipal” éuma construção social. Esse“cânone” temsido influenciado pelas
universidades e, para quea literatura infantil aceda a essa condição privilegiada, devese
tornar parteda estrutura depoder ou essa estrutura precisa mudar.
Umresumo muito convincentedessa discussão seencontra no livro deTerry Eagleton,
Teoria da literatura (1983/2001). Destaco os pontos mais incisivos:
DEFINIÇÃODECRIANÇA
Éclaro queno caso dos livros para criança isso érelativamenteverdadeiro. Aadaptação de
textos, a remontagemdecontos defadas ou a reescrita e/ou reilustração dos livros de
Beatrix Potter são exemplos das maneiras decomo a cultura do livro toma decisões sobrea
infância, eemdiversos sentidos a cria ou a destrói.
Assim, lidamos comduas definições muito “abertas” evariáveis.
DEFINIÇÃODE“LITERATURAINFANTIL”
Como, então, definimos literatura infantil? Nas palavras pragmáticas dePaul Heins,
“talvez devamos distinguir a longo prazo duas maneiras deabordar os livros para
criança: (1) a crítica dos livros quedizemrespeito às várias pessoas queutilizame
trabalhamcomeles, e(2) a crítica literária da literatura infantil”.[32] Eu estenderia isso aos
próprios livros. Existemlivros “vivos” elivros “mortos”, livros quenão mais dizemrespeito
a seu público principal (enão interessama ninguémmais senão aos historiadores).
Paradoxalmente, embora muitos livros “afundem” rumo à infância, outros tantos se
elevamrumo à idadeadulta. Portanto, o livro para criança é, por definição, algo imediato.
Eo imediato tendea ser efêmero ea interagir coma cultura imediata. Não são muitos os
livros queascendempara setornarem“alta cultura”.
Definimos literatura infantil segundo nossos propósitos –o que, no fimdas contas, éo
princípio das definições: dividir o mundo segundo nossas necessidades. Aliteratura
infantil, por inquietantequeseja, podeser definida demaneira correta como: livros lidos
por; especialmenteadequados para; ou especialmentesatisfatórios para membros do
grupo hojedefinido como crianças. Entretanto, tal definição complacentenão émuito
prática, já queobviamenteinclui todo texto lido por uma criança, assimdefinida.
Amaioria denós, imagino, tambémtenderia a considerar como livros infantis apenas
os essencialmentecontemporâneos; há umlimitequesepara os livros infantis sobreviventes
dos livros “vivos”. Os conceitos deinfância mudamtão depressa queos livros não mais
aplicáveis à infância devemcair numlimbo, ondesetornamo domínio do bibliógrafo, já
quenão interessammais ao bibliotecário ou à criança atuais. (Essa éuma opinião quetem
sido fortementecontestada.)
Consequentemente, embora possa identificar os argumentos, eu excluiria deumestudo
prático dos livros para criança os escritos sumérios de2112 a.C.[33] ou o Orbis
sensualium pictus (1658), deComênio, ou mesmo o Treatise on the Astrolabe [Tratado
sobre o astrolábio, c. 1391], deGeoffrey Chaucer, que, semdúvida, éumlivro infantil, já
quefoi concebido edirigido a uma criança específica; a infância à qual elesedirigia étão
diferenteque, hoje, o livro édeinteresseapenas para sebos ou lojas delivros raros e
antigos.
Temos decolocar os livros históricos para criança –comisso quero dizer livros quesó
comalgum“aparato” podemser apresentados a crianças letradas modernas –emuma
categoria distinta. Quasenão tenho dúvidas dequeuma pesquisa sobreas disciplinas
universitárias mostraria uma sólida tendência rumo ao romancecontemporâneo. No caso
da literatura infantil, éverdadeque, por restrições históricas –sociais, educacionais e
morais, manifestações da síndromede“proteção econtrole” –, foi apenas no século XXque
os talentos mais notáveis sededicaramà literatura infantil. Mas, examinando livros do
passado (no passado inacessível), precisamos assumir uma nova perspectiva: a deque
estamos defato envolvidos emumestudo acadêmico.
Orbis sensualiumpictus, 1658:
“Omundo visível empinturas”. Comxilogravuras, esta obra do tcheco Comênio foi a
precursora dos livros didáticos para criança
Toda tentativa dedefinir os livros por suas características podeser cuidadosa, mas na
verdadedescreveos aspectos menos transgressores do texto –epor conseguinteos menos
interessantes. Nessenível, a definição deMyles McDowell temseus méritos:
FRANK SMITH
Embora “sentido” sugira uma propriedadedo texto (umtexto “tem” sentido), edesse
modo sejamos levados a distinguir umsentido intrínseco (ainda quetalvez
inapreensível) às interpretações dos leitores, o “sentido” vincula as qualidades deum
texto às operações queneleexecutamos. Umtexto podefazer sentido ealguémpode
encontrar sentido numtexto […]. “Produzir sentido” sugereque, para investigar o
significado literário, épreciso analisar as operações deinterpretação.[3]
Tanto a noção depalavras como a desentido são conceitos complexos. Épreciso distinguir
entreos usos funcionais eos usos literários da língua. Na boa escrita funcional (instruções,
por exemplo, ou umlivro sobrecrítica), a ambiguidadeéreduzida ao mínimo e,
teoricamente, o pensamento leva à palavra queleva à ação. Mas, aténo caso deinstruções,
temos deser cuidadosos quanto ao tom. Como escreveu Lewis Carroll, em1896, sobreseu
poema nonsense The Hunting of the Snark [A caça ao Turpente, 1876]:
UMAESTRATÉGIAMAIS DETALHADA
OLEITOR
Seaceitarmos queas crianças são diferentes dos adultos, devemos assumir o argumento de
Culler:
a atitudepara comeles;
as atitudes para coma vida;
o conhecimento ea experiência comlivros;
o conhecimento ea experiência da vida;
a formação epreconceitos culturais;
a raça, classe, idadeeatitudes sexuais;
Walter Nash, emseu livro The Language of Humour [A linguagem do humor, 1985],
observa que:
[…] a alusão, emsua acepção mais ampla, nunca está ausentedenosso discurso;
semprehá algumfato deexperiência compartilhada, alguma circunstância implícita
na cultura comuma queos participantes deuma conversa podemaludir com
confiança […]. [Essas] citações […] são uma espéciedeteste, confirmando as
credenciais do iniciado, confundindo o intruso.[12]
Omesmo acontececoma leitura. Por nos tornarmos letrados, entramos numa sociedade
exclusiva, mas seu vocabulário podeser muito preciso.
Oentendimento deumtexto exigeduas habilidades: compreender tanto o quea língua
significa –isto é, a queela serefere–quanto as regras do jogo –ou seja, como o texto
funciona. Esses entendimentos dependemda alusão: a objetos ea regras.
Apartir deumtexto, produzimos significado devárias maneiras:
Para entender os elementos da estrutura detextos, personagem, pano defundo etc., a teoria
emgeral lida comdiferenciações criadas a partir demétodos analíticos (emlugar dos que
residemnos textos) epela segregação cultural. Normalmente, dentro dos grupos deleitores
adultos queconstituemas “comunidades interpretativas”, isso não importa; mas com
livros para criança não podemos fazer nenhuma suposição simples sobretexto ou público.
Como assinala Stanley Fish, sempreexiste“umpadrão formal, mas elenão ésempreo
mesmo”.[15] Nossas percepções depadrões narrativos, emuitas outras, sebaseiamna
empatia comuma cultura comum, ea cultura dos principais leitores deliteratura infantil
não énecessariamentea mesma quea dos adultos. Podeser oposta a ela, ou ser uma de
suas subculturas, ou atédesenvolver uma relação depoder. Seja como for, temos deestar
cientes dequea teoria, os métodos ea terminologia “comuns” podemnão ser relevantes. A
antropóloga elinguista Shirley BriceHeathmostrou queas duas culturas queestudou nos
Estados Unidos “estruturamsuas histórias demodo distinto; adotamdiferentes escalas de
aspectos sobrequais histórias são reconhecidas como histórias ejulgadas boas ou ruins”.
[16] Emsuma, o leitor afeta o texto queafeta a análise. Eisso significa queo adulto temde
aceitar contraleituras, quepareçamperversas ou ilógicas, como processo necessário de
interpretação detexto pela criança.
Aexperiência (ou “criação”) como texto converge(ou causa o embate) entredois
conjuntos decódigos: os da “vida” (conhecimento do mundo/causalidade/probabilidade
etc.) eos do “texto” (conhecimento deconvenções, expectativa genérica, referência
intertextual etc.). Ambos são importantes para a teoria epara a produção detextos para
crianças, mas aqui mededicarei principalmenteaos códigos-texto [text-codes].
Opúblico implícito em“literatura infantil” éumpúblico em desenvolvimento. A
integração entrecódigos detexto edegênero será uma parteimportantedo processo de
leitura. Embora, diacronicamente, umleitor emdesenvolvimento possa mudar a si mesmo,
entreleituras delivros, deuma maneira mais radical queum“leitor qualificado” ou
“maduro”. Aleitura “costumeira” nos permite, quando lemos o texto pela primeira vez,
“alcançar uma hipótesepreliminar sobreo gênero, tendo-a emmenteao repassar trechos
anteriores, ereler o trabalho inteiro à luz denossas premissas sobresua forma literária”.
[17] Mas temos deconhecer as divisões ediscriminações implícitas no gênero a fimde
formular hipóteses ou fazer suposições. Margaret Meek escreveu que“leitores precoces
bem-sucedidos descobremqueas histórias são como brincadeiras. Eles […] sesentem
muito seguros […] porquesabemqueuma história éumjogo comregras”.[18] No entanto,
como nota E. D. Hirsch, “umgênero separecemenos comumjogo emais comumcódigo de
comportamento social”.[19]
Por isso, desenvolver o contato como texto acarreta reação contra –bemcomo
adaptação a emanipulação de–convenções narrativas. Para o leitor emdesenvolvimento,
as formas estabelecidas detexto podemparecer estranhas, porquenão têmnenhuma
“verdade” referencial; mesmo a estrutura mais simples decomeço, meio efimé
evidentementeartificial. (Muitas culturas não compartilhampadrões narrativos quesão
comuns e, por conseguinte, parecemser “naturais” no Ocidente.)
As percepções sobreestruturas detextos eatração ou satisfação psicológicas fornecidas
por tais estruturas não são nemuniversais nemestáticas. Os leitores podemselecionar do
mesmo texto conjuntos conceituais completamentediferentes (apesar –ou talvez por causa –
das tentativas dos autores deconfeccionar textos para públicos específicos).
Épossível afirmar queas crianças pertencem, ainda quepor umbreveperíodo, a uma
cultura primordialmenteoral, embora ela esteja emcontato direto coma cultura escrita.
Walter Ong nota emOralidade e cultura escrita (1982/1998):
Atéagora, porém, pouco sefez para entender a reação do leitor emtermos do que
hojeseconhecedas evoluções deprocessos noéticos [intelectuais] da oralidade
primária à oralidaderesidual eà alta alfabetização. Leitores cujas normas e
expectativas para o discurso formal são governadas por uma mentalidade
residualmenteoral serelacionamcomumtexto demodo bastantediferentedo de
leitores cuja percepção do estilo éradicalmentetextual […]. Mesmo hoje[…] leitores
emcertas subculturas [deculturas dealta alfabetização] ainda estão operando em
ummarco basicamenteoral, voltado antes ao desempenho queà informação.[20]
OLIVRO
Ao preparar esta edição para leitores brasileiros, fiquei muito atento ao viés anglo-
americano dos exemplos queusei na edição original. Entretanto, The Eighteenth
Emergency [A décima oitava emergência, 1971] foi umlivro para criança desucesso em
seu tempo que, sendo hojedifícil deseencontrar mesmo no Reino Unido, permaneceválido
emtudo o queelepodenos ensinar.
Otexto, diz o crítico Gerald Prince, “atécerto ponto funciona como direção efreio à
atividadedeler”.[27] Quando seconsidera como a maioria denós foi educada para
entender o texto como fontefixa designificado, esse“atécerto ponto” pareceabsurdo. A
questão, queéo mais importante, é: o queo texto nos diz ou o queentendemos?
Mas permitam-me, como leitor atípico, tomar umlivro como exemplo. (Uma
abordagemsemelhantefoi adotada por HughCrago.)[28] Éo exemplar deuma edição da
Puffin, a seção infantil da editora PenguinBooks no Reino Unido, The Eighteenth
Emergency, deBetsy Byars. Claro quenão épor acaso quehá umexemplar desselivro na
estanteao lado do queeramos quartos deminhas filhas. Eu o comprei, junto comvários
outros livros para criança norte-americanos, quando preparava umtrabalho para
apresentar numa conferência nos Estados Unidos. Os livros estavamna estanteporque
somos uma família livresca eerampara seremlidos quando as meninas aprendessema
ler.
Atéagora, como leitor atípico quesou, listarei então essas minhas reações não comuns
–por simultâneas quesejam–numa ordemaleatória. Para mim, o logotipo da Puffiné
mais ou menos umsímbolo derespeitabilidade(“canonização literária”, como disse
alguémsobreser publicado pela Penguin–a mais antiga ea mais prestigiada editora de
livros emcapa brochura do Reino Unido). Emcerto sentido, significa uma garantia de
qualidadeeestou habituado à fonteutilizada para composição do texto. Acapa do livro é
deautoria deumilustrador britânico muito famoso, QuentinBlake, cuja capacidadepara
captar nuances deexpressão evestuário admiro muito. (Tambémjá o havia encontrado
pessoalmente.) Não éuma desuas melhores capas. Há ummenino correndo, cercado por
monstros rudes queparecemmais excêntricos queaterrorizantes.
Amenina parou, segurando a mochila, edeu meia-volta para encarar Rebecca. Seus
olhos castanhos haviamseestreitado emduas fendas assustadoras. Toda a sua
aparência era impressionante, na verdade, dominadora. Ela tinha cabelos
compridos negros eondulados, feições ossudas eumnariz umtanto aquilino. Ela se
impunha a Rebecca pois era quaseadulta emuito alta eelegante. Ocasaco delã, de
magnífico corte, ela usava aberto enumestilo gracioso […].
“Vocêmedissealguma coisa?”
Rebecca baixou a cabeça, as maçãs do rosto rubras devergonha.[3]
Claro quenão são meras frases feitas. Oquea autora escolhepara a descrição implica
uma estrutura inteira depreconcepções. Tomemos agora MouseemThe Eighteenth
Emergency enfrentando o valentão:
Aprosa deBetsy Byars não émuito original: temsua cota justa defrases feitas (“ergueu os
olhos”, “meneou a cabeça”, “avançou o dedo”), mas não lança mão deuma experiência
pronta como faz o primeiro exemplo. Byars não exigequeo leitor simplesmentereconheça
uma sériedecódigos pré-programados, como no primeiro exemplo (“aquilino”, “alta e
elegante”, “magnífico corte”); tampouco diz ao leitor o quepensa, mas simo queo
personagempensa (como com“impressionante” e“quaseadulta”). Oleitor precisa realizar
pequenos atos dededução a partir dos dados, ouvir as reações deMousepor meio do
pensamento do personagem.
Devemos tomar cuidado para não nos envolvermos nos argumentos esnobes sobre
qual livro émelhor, pois isso dependedo uso quesequer dar à obra. Nessecaso, tudo o que
podemos dizer équeo estilo pré-digerido deFirst Term at Trebizon [Primeiro semestre
em Trebizon, 1980] prescreveo nível no qual o livro podeeexigeser lido. Afamiliaridadeo
torna previsível; como envolvepouca dedução, podeser lido comfacilidade; devido a
ambos os fatores, a transferência real deinformações (ou seja, novas informações) é
pequena. Emvez desugerir umpúblico leitor, o livro prescreveo nível deleitura. (Equaseo
mesmo seaplica a milhares delivros comercializados para adultos como “literatura
popular”.) Elenemdemanda contribuição do leitor nemfornecenada alémda
confirmação dos padrões do mundo ficcional. Sefor para isso quevocêdeseja umlivro –
distrair, passar o tempo, propiciar mais prática deleitura quedesenvolvimento, reforçar
estratificações sociais simplistas erecorrer à prosa do jornalismo popular –, então First
Term at Trebizon possui mais pontos positivos quenegativos. Eleestá realizando, de
modo eficiente, umtrabalho específico; comprá-lo éumbominvestimento.
The Eighteenth Emergency, por outro lado, requer bemmais interação; éumtexto
“aberto”, no sentido dequeo leitor temliberdadepara preencher as imagens eas
sensações. Claro quehá umarcabouço bemfirmepara isso; existemlimites nos quais
podemos dizer quea leitura não émais “aceitável”, mas mesmo assimo livro não está
fazendo todo o trabalho.
Émuito possível –embora devamos tomar extremo cuidado ao considerar
probabilidades –queumleitor possa ignorar, ou suprimir tudo queexija envolvimento
mental. Mas o texto dá margempara tal: permitea leitura emdiversos níveis deinteração.
No âmbito do desenvolvimento, portanto, The Eighteenth Emergency éumtexto flexível;
podemos utilizá-lo, avaliá-lo ecomeleinteragir numa sériedecompetências. Podeser quea
descrição exata, explícita, dos pensamentos deMouserepresenteo ponto-limitepara o
envolvimento coma leitura. Umleitor muito qualificado, maduro, podeachar queo autor
está trabalhando emdemasia e, comisso, esseenvolvimento épré-ajustado.
Emsuma, no lugar dedizer “melhor/pior”, ou “adequado/inadequado”, a crítica seria
empregada commais proveito ao dizer: “Essetexto temdeterminado potencial para
interação, determinadas possibilidades designificado”. Na pior das hipóteses,
escaparíamos da confusão atual de“bom” e“bompara”, queleva a escrita preguiçosa a
ser louvada –uma vez quecondená-la seria esnobismo –, eas crianças a seremexpostas a
textos indiferentes, pois os adultos não têmmeios dedistingui-los.
Expectativas genéricas, consequentemente, são autorrealizadoras: os livros para
crianças são como são porqueos autores supõem, daquilo queescrevem, queéassimque
devemser. Daí, conformejá vimos, a frequentepercepção dos livros para criança como
dotados, por definição, dequalidadeinferior, visto queo estilo édefinido principalmentede
maneira inconscientepor texturas deenvolvimento internas ao texto –eestas são mais bem
percebidas nos aspectos estilísticos, como veremos no capítulo seguinte. Os textos que
contestamessas premissas geralmenteseencontramem“terra deninguém” entreos
escritos para (os chamados) adultos eos escritos para (as chamadas) crianças.
Emtextos para adulto, o leitor (real ou não) podeseajustar ao grau decontrolequeo
autor pareceestar exercendo. Como leitor adulto, minha escolha por umtexto podeser
dirigida, emparte, pelo volumedeesforço queeu gostaria deaportar epor uma avaliação
sobrequanto deesforço éjustificado. Comlivros “para criança”, ou leitores “não
qualificados”, devido à condição do público, a relação autor-leitor (ou narrador-ouvinte) é
depoder emdesequilíbrio alémdo normal. Opúblico écriado demaneira mais imediata
pelo escritor do quepor umtexto para adultos, no sentido dequeestefaz mais do queexpor
seus códigos, gramática epactos; elesugereo queo leitor deveser ou tornar-separa
otimizar a leitura do texto. Valendo-sedos códigos depoder das relações adulto-criança,
livro-criança eescrito-oral, o texto prescreve o queo leitor deve epode ser, uma vez que
existetanto umelemento autoritário como umeducacional. Oexercício detal poder não éde
modo alguminevitável, embora seja tão marcantequanto definir o livro para criança a
muitos leitores. Via deregra, parecehaver uma tentativa deliberada delimitar a interação
da criança-leitora como texto. Podeparecer caridoso, caso alguémacreditequeo texto
“aberto” semessa interação seja fundamental ao desenvolvimento literário ou, como
sugereJacquelineRose, seja meramenteumfato da vida para a “impossível” categorização
da ficção infantil.[5]
OQUEESTÁIMPLÍCITONOS TEXTOS
Enquanto ela ficou ali parada, olhando para a roldana enviesada eenferrujada, e
para o canto do telhado acima dela, uma pequena faixa do céu subitamenteperdeu
suas estrelas.
Alguémestava deitado no teto do depósito olhando para baixo, emdireção a ela.
[Capítulo 7]
Quando Abigail percebeu queestava sendo espionada […].[10]
Temos aqui três versões ou variações do mesmo conjunto semântico básico, que
progressivamente“fecham” o texto. “Uma pequena faixa do céu subitamenteperdeu suas
estrelas” exigeumconsiderável esforço deinterpretação do leitor, etransmitevárias
possibilidades decompreensão. “Alguémestava deitado no teto do depósito” restringe
essas possibilidades. “Olhando para baixo, emdireção a ela” e“percebeu queestava sendo
espionada” passamigualmentedo “mostrar” ao “contar”, do “aberto” ao “fechado”.
Claro quesepoderia afirmar queessa progressão refleteas deduções feitas por Abigail,
para quePark seatenha ao pacto da narração por meio deuma única consciência.
Entretanto, a progressão do desvio estilístico (o advérbio emuma posição adjetivadora em
“roldana enviesada eenferrujada”) para o clichê(“sendo espionada”) retoma o controle.
Isso éainda confirmado pelo trabalho explicativo da primeira oração no novo capítulo e,
naturalmente, não precisamos supor quea presença deuma divisão decapítulo exija uma
pausa no fluxo da leitura.
OLEITOR EOSENTIDO
As crianças são leitores em desenvolvimento; sua abordagemda vida edo texto brota de
umconjunto depadrões culturais diferentes dos padrões dos leitores adultos, umconjunto
quepodeestar emoposição à oralidade, ou talvez baseado nela. Então, as crianças
realmente“possuem” os textos, no sentido dequeos significados queproduzemsão seus e
privados, talvez atémais do queos adultos. Os leitores adultos conhecemas regras do jogo,
mesmo quenão tenhamconsciência disso; eseu entendimento, como vimos, podeadvir de
participar de“comunidades interpretativas” quenão apenas conhecemas regras do jogo
mas compartilhamconhecimento eatitudes. Eu gostaria deexplicitar algumas dessas
regras esugerir queas crianças-leitoras não têmcondições deacessar todas elas. Assim,
seja o quefor queo texto instigue, elas não estão necessariamenteemposição defazer uso
desses estímulos.
Mas, por certo, podemos ter alguma noção do queas crianças entendem, caso
contrário o edifício inteiro da comunicação, publicação eensino da língua para as
crianças começa a desabar. Eo quedizer, por exemplo, dos textos queas crianças devem
interpretar ecomentar (“testes decompreensão”), ainda tão presentes nas provas públicas
no Reino Unido?
Sefizermos perguntas sobreo “conteúdo” ou “significado” deumtexto, pareceque
estamos apenas testando a competência social deuma criança (o quetalvez seja tudo o que
deveríamos fazer, ou almejar fazer). Dessa maneira, tudo o queas crianças quesesaem
bemnos testes decompreensão demonstraméquepodemencontrar a resposta implícita na
pergunta. Osignificado “real” do texto para o indivíduo continua oculto; as crianças (talvez
para sempredepois disso) desenvolvema habilidadededizer aquilo queseespera que
digam, ebempodemsupor queseus entendimentos pessoais estão, dealgummodo,
“errados” –tal como aqueles quedefinemas questões da prova devemsupor quea própria
leitura do texto é, dealgummodo, “correta”.
EmDeveloping Response to Fiction [Desenvolvendo resposta à ficção, 1983],
Robert Protheroughsugerequehá umespectro entreo queé“objetivamente” correto –isto
é, algo quetodos os falantes da língua concordarão como “presente” no texto –eo queé
subjetivo epuramentepessoal. Seu espectro (quepoderia, no meu entender, sofrer certa
modificação), emlinhas gerais, éo seguinte:
1 questões defato;
2 implicações claras;
4 associações compartilhadas;
5 significado para o leitor combaseem“uma postura particular” (isto é, uma
doutrina ou ideologia);
6 associações pessoais.[11]
DECODIFICAÇÃODOTEXTO
Pois bem, eu tinha dozeanos, ia fazer treze, quando nosso Daniel foi morto. Ué[…]
[sic] foi há muito tempo. Estou falando deuma época oitenta etrês anos atrás. Oitenta
etrês anos. Éuma época queultrapassa sua imaginação. Estou falando deum
mundo diferente. Vocêtambémpodedizer queera umplaneta diferente, o mundo em
quenasci.
Semrádio. Semtelevisão. SemGuerras Mundiais. Nemsequer haviamconstruído
o Titanic, quedirá afundá-lo.[17]
Quando nossa curiosidade será satisfeita? Ao final do primeiro parágrafo, talvez antes,
será percebido queas aparentes divagações do narrador servempara definir o
personagem, enão para o avanço do enredo. Assim, o leitor experientejulgará o tipo de
atenção queo texto está pedindo. Mesmo agora, éevidentequeo livro temumtipo
determinado. Há reflexão etambémação –embora possamos nos perguntar seisso é
apenas momentâneo. Mas, novamente, só conseguimos entender a partir da experiência
comhistórias contadas ou escritas.
Mais adiante, juntarei alguns pontos desta análisepara verificar sepodemos classificar os
tipos deconhecimento ehabilidades necessários para decodificar umtexto eatéqueponto
sepodedizer queas crianças –isto é, leitores emdesenvolvimento –os possuem. Mas,
primeiro, responderei a três objeções possíveis. Uma équeo exercício como umtodo não é
válido porqueas pessoas não leemdessejeito. Éverdade, mas, somenteapós esboçarmos
laboriosamentealguns dos possíveis processos na experiência comos textos, poderemos
passar para o estágio mais importante: o dedecidir quais desses processos são prováveis
para umdado leitor. Asegunda objeção équeuma análiseassimégrosseiramente
simplista (apesar desua aparentecomplexidade). Uma deminhas próprias objeções a
grandeparteda Readers-ResponseTheory,[b] por mais liberada quetenha sido, équeela
postula umleitor imbecil quetemdesearrastar ao longo decada linha detexto,
constantementesurpreendido pela próxima mudança lexical ou gramatical. Duvido que
isso funcionemesmo para o mais canhestro principiante. Éverdadequea escrita ea leitura,
pelo menos atécerto ponto, são lineares, equecoletamos informações demaneira
sequencial. Mas, como vimos, o nível decada sentença prediz algo emmaior ou menor
grau (ou dá deixas para o leitor fazer predições). Emnível mais simples, podemos predizer
conclusão gramatical; tambémpodemos predizer seleção léxica. Numa frasecomo “Você
tambémpodedizer queera umdiferente[…]”, a estrutura eo contexto prenunciamum
substantivo, provavelmentedelugar, talvez detempo; commenor probabilidade, algum
tipo dequalificativo. Qualquer outra palavra poderia incomodar o leitor etambémdesviá-
lo do sentido. Aescolha efetiva deJanni Howker éapenas anormal o bastantepara
demandar certa reflexão, na medida emquejoga coma expectativa do clichê“umdiferente
mundo” ea expande.
Aterceira objeção ésimplesmente: “Por quevocênão pergunta para as crianças?”. O
argumento não éapenas queas respostas obtidas dependemdas perguntas feitas, ou que
as crianças tendema dizer o quesequer queelas digam. Na realidade, o trabalho
experientecomcrianças égenerosamenteinformativo. Ofato équea maioria dos adultos
não percebeo queestá acontecendo quando lê. Por isso, precisamos traçar umroteiro
desseprocesso, desorteque, quando as crianças disseremondeestão, os adultos serão
capazes dereconhecer o queelas dizem.
As primeiras quatro categorias quanto à produção desentido lidamcoma semântica,
ou “significados”, emlugar delidar diretamentecomos códigos queos tornamacessíveis.
E, como a maioria denós seinteressa pelos significados, eu gostaria de, primeiro,
perguntar o queaconteceria seretirássemos os elementos queapenas conhecemos por
sermos leitores experientes. Éóbvio que, detudo o queésugerido por todos os leitores, uma
pequena proporção écognoscível por umúnico leitor. Oponto emqueos leitores
experientes levamvantagemsobrecrianças-leitoras éna capacidadededetectar os códigos
para uma área deescolha.
Examinemos o texto mais uma vez:
Pois bem, eu tinha dozeanos, ia fazer treze, quando nosso Daniel foi morto. Ué[…]
[sic] foi há muito tempo. Estou falando deuma época oitenta etrês anos atrás. Oitenta
etrês anos. Éuma época queultrapassa sua imaginação. Estou falando deum
mundo diferente. Vocêtambémpodedizer queera umplaneta diferente, o mundo em
quenasci.
Semrádio. Semtelevisão. SemGuerras Mundiais. Nemsequer haviamconstruído
o Titanic, quedirá afundá-lo.
Eu tinha dozeanos […] quando (nosso) Daniel foi morto. Foi há oitenta etrês anos. As
coisas eramdiferentes na época. Sem[…] televisão […] nenhumnavio quetivessesido
afundado por alguém.
Ou, seeliminarmos o conhecimento das convenções dos textos, pouco restará alémde
dúvidas:
(Alguémestá falando? Éuma carta ou o quê?) Oitenta etrês anos atrás (emrelação a
quando?) Daniel foi morto (elesematou?). (QueméDaniel?) (Ondeéessemundo
diferente?) (Éuma história marítima?)
Esas não são (na medida emqueeu puder produzi-las) leituras alternativas fantásticas ou
pessoais; são as “melhores possibilidades” deleitura depessoas destituídas dealguns dos
códigos queproduzemsignificado.
Apergunta original era: como os significados são produzidos? Isso faz parteda
resposta. São produzidos pela acumulação detipos designificado interligados, de
denotação, conotação esignificado intertextual eintratextual. Principalmentesemesses
dois últimos, ficamos numa situação precária esomos obrigados a criar umtexto muito
diferente, desdequecontinuemos a ler.
Portanto, devemos ter isso emmenteao interpretar o queumleitor nos diz sobreum
livro. Quanto mais complexas as camadas designificado (evia deregra louvamos tal
complexidadenumlivro), mais difícil será para o leitor produzir umsignificado próximo
ao queo escritor quis dizer ou ao quea maioria denós entendeu. Eisso não temnada a ver
como grau dedificuldadedo livro emtermos mecânicos.
Há, assim, uma considerável diferença entreo queuma criança podeperceber sobreo
queéo texto eo queumadulto conclui queo texto deveser. Areferência écentral para a
percepção. Ela controla a produção designificado demaneiras sofisticadas. Asátira
somentefunciona quando reconhecemos a ideia oposta oculta; a ironia não funciona a
menos quepossamos deduzir o implícito ponto devista moral oposto. Ler “com
competência” –ou seja, deummodo queatenueas diferenças entreumleitor eoutro –não é
meramenteuma questão deaquisição deconhecimento, mas deadquirir esquemas. Como
escreveo psicólogo Richard Anderson: “Possuir os esquemas para assimilar umtexto deve
ser uma causa importantedediferenças individuais no modo como as pessoas
compreendemo queleem”.[20]
contra ou anticultura;
psicologia;
experiência devida (denotação);
experiência comtextos (gênero);
diferenças na estrutura dereferências como umtodo.
Dessa forma, serão as crianças verdadeiras “desconstrutoras” detextos, prontas para ler
“contra” os textos, para usá-los como basepara leituras extravagantes, livres das
aborrecidas restrições do entendimento e, por isso, livres para interpretar mal? A
“desconstrução”, uma modalidademuito influentedecrítica, foi assimdescrita:
Uma vez quea crítica percebe[…] a inadequação desua própria produção deleis […]
ela seconverteemdesconstrução, o quenão énada mais queceticismo da linguagem
no modo dejogar, uma forma minuciosa erigorosa dejogo, mas ainda assimjogo
[…]. Afinal decontas, sea literatura éa presciência da crítica, seo texto literário –ea
desconstrução devemanter essa categoria, sua pergunta não ésea “literatura” existe,
mas quegrau deabrangência a categoria deveter –sempresabedeantemão o queo
crítico procura descobrir, os esforços legislativos do último jamais podemser
concluídos.[22]
Emcerto sentido, portanto, do ponto devista da criança-leitora, todo ato deleitura que
reinterpreteumtexto emtermos deumuniverso dediscurso (ou antidiscurso) quea criança
conheça será umato dedesconstrução, umjogo comas palavras. As crianças logo
aprendemqueas palavras não foramfeitas para sejogar comelas, mas desdequeelas
joguemsão desconstrutoras paradigmáticas.
Para todos os leitores, eemespecial os emdesenvolvimento, o contato como texto,
embora atécerto ponto comandado por regras, émuito volátil. Apergunta “as crianças
são capazes deuma leitura ‘literária’?”, emqualquer dos tipos dedefinição sugeridos, é
muito complexa. Como observa Frank Hatt:
Umleitor lerá textos diferentes demaneiras diferentes; umtexto será lido demodo
diferentepor leitores diferentes. Umleitor lerá o mesmo texto diferentementeem
ocasiões diferentes; na verdade, elelerá partes diferentes do mesmo texto demodos
diferentes duranteo curso deumsó ato deleitura, à medida queseu humor,
propósito econhecimento sealteram.[23]
[a] No original, eminglês: “Aye”, “talking about timeold day” e“past your imagination”.
[b] Teoria surgida nos anos 1960, tambémchamada deReaders-ResponseCriticism.
Apesar desemelhanteà estética da recepção, difereemessência desta. Enquanto determina
queo texto éformador desentido, a Readers-ResponseTheory considera quea reação do
leitor éo queproduz o sentido da obra. Deacordo comRegina Zilberman, emEstética da
recepção ehistória da literatura (2004, pp. 24-25), a teoria defendequeumtexto não pode
ser entendido independentementedeseus resultados, como “efeitos” psicológicos ou
outros. [N.E.]
INTRODUÇÃOÀESTILÍSTICA
AIMPORTÂNCIADALINGUAGEM
ESTILOE“REGISTRO”
Ora, imaginesó! Janey mal podia acreditar no queouvia! Tomou a mão da mãee
atravessarama rua correndo. Empoucos minutos a mãedeJaney tinha ouvido tudo
sobrecomo Janey salvara a árvoredeNatal decair emcima da mesa dechá, eJaney
estava vestindo sua túnica rosa defesta eescovando o cabelo na maior excitação!
Robinparou eobservou. Como desejava ter sido tão gentil quanto Janey! Ah, se
tivessetopado comela esalvado a árvore, talvez tambémtivessesido convidado. Mas
eletinha sido ciumento emal-humorado –eisso nunca traz convites esurpresas,
como a generosidade!
Janey foi para a festa eah, como foi bom! Todas as crianças ficaramsabendo
como Janey salvara a festa ea acharammaravilhosa.
Eo quevocês achamqueJaney tirou da árvoredo Natal? Adivinhem! Ela tirou a
linda boneca fada delá do alto, porquetodo mundo dissequeela devia receber o
melhor presentedetodos. Ela não foi sortuda? Mas ela merecia aquela boneca, não
merecia?[23]
Foi assim que Lúcia começou a andar pelo bosque, de braço dado com aquela
estranha criatura, como se fossemvelhos amigos.
Ainda não tinham andado muito quando chegaram a um lugar emqueo chão
era mais áspero, ehavia rochas por toda parte epequenas colinas para subir e
descer. Ao chegarem ao fundo de umvalezinho, o Sr. Tumnus voltou-sederepente
para o lado, indo direto ao encontro de uma rocha colossal. No último instante,
Lúcia percebeu que elea conduzia para a entrada deuma caverna. Mal se acharam
lá dentro, ela começou a piscar à vista de uma bela lareira acesa.[25]
ESTILÍSTICAECONTROLE
Ofato dequeesseéo tipo mais elementar detexto-receita émarcado pelo vocabulário (“deu
uma risadinha”, “marchava”) epela inserção óbvia de“melhoria das informações” com
suas formas convenientes (ou, para a história, formas impróprias). Omais importanteé
queo público implícito é“marcado” pelo fortecontroledeapresentação do diálogo. Dos
noveatos defala, apenas dois são apresentados demaneira direta (curiosamente, ambos
enunciados pelo adulto); do restante, umémarcado (“disseBess”), enquanto os dois
seguintes são marcados por implicação. Os quatro restantes ou são informados
indiretamente(“Bab perguntou”; “Bab comentou”) ou absorvidos na narrativa como
resumo (“Todos lheagradeceram”; “Emencionaramisso”). Essemodo deinformar parece
sugerir queo público precisará quelheexpliquemequededuzampor ele. Isso podeparecer
útil para leitores emdesenvolvimento mas, defato, define-os como limitados erestringeseu
envolvimento. Umautor quenão tenha nada a dizer talvez acheconveniente, mas muitos
pedagogos veriamisso como destrutivo do ponto devista educacional, eprovavelmente
tambémdo ponto devista literário.
No outro extremo está o diálogo emquea voz autoral éausente, ou pareceter
abandonado o controle. Há tambémaqui umparadoxo na relação entreescritor e
contador dehistórias oral. O“marcador” escrito desubstituir a mudança no tomdevoz
quepodedistinguir os falantes. Esses marcadores chamamatenção para a artificialidade
do meio escrito; mas, semeles, aumenta nossa consciência dessa artificialidademedianteo
esforço exigido para atribuir papéis. Enquanto não épossível estabelecer nenhuma
correlação entretextos abertos versus fechados eentrea quantidadedemarcação –pois os
textos queimitamoutros meios (como os quederivamderoteiros para televisão ou usama
caracterização pronta da televisão edo filme) possuemcaracterísticas semelhantes a
trabalhos “abertos” ou “contidos emtexto” –, textos compredominância deelementos
“livres” emgeral exigemmais do leitor.
Aescolha do modo, portanto, podefazer uma diferença considerável (pelo menos na
teoria) no status reconhecido da narrativa. Conformeobserva Chatman, o uso de“formas
indiretas nas narrativas implica uma intervenção maior do narrador, já quenão podemos
ter certeza seas palavras emsuas cláusulas deinformação são precisamenteas ditas pelo
citado orador”.[36] Inversamente, o diálogo “livre” acarreta “mais inferência queoutros
tipos denarrativa. Numgrau maior queo normal, exige-sequeo leitor interpretea força
ilocutória das orações quesão faladas pelos personagens […] deduza o queelas ‘querem
dizer’ no contexto […] forneça, metatextualmente, a marca correta do verbo”.[37]
Claro queestamos lidando apenas compossibilidades, enão há nenhummétodo
estatístico para provar queuma forma seja mais comumqueoutra emumdeterminado
tipo detexto ou para julgar o afeto quetransmite. Mesmo assim, as ideias deLeecheShort
são altamentesugestivas. Os romances infantis são mais propensos a marcações? O
processo podeser invertido? Sepercebermos controledecomo o discurso eo pensamento
são apresentados, deduzimos queestamos lendo umlivro para criança? Aexperiência no
primeiro capítulo destelivro sugerequeseja assim.
Umexemplo da “segunda idadedeouro” dos livros para criança britânicos
(convencionalmentetomada como o período 1950-70) podeesclarecer a questão. Parece-
mequeessa questão do estilo identifica claramentetanto o período como o público
implícito para When Marnie Was There [Quando Marnie estava lá, 1967], deJoanG.
Robinson.
Uma garrafa dechá frio; pão emeia cebola. Essa era a matula [baggin, dialeto para
“refeição”] do Pai. Mary esvaziou seu avental das pedras do campo eembrulhou a
matula emumpano.
Era a hora mais quentedo dia. AMãeestava deitada na cama sob as vigas eo
sapé, ondeo sol apenas conseguia enviar uma luz azulada. Ela havia apanhado
pedras no campo atéficar muito cansada etinha quedescansar.[39]
As palavras esclarecedoras são as não qualificadas “do Pai” e“Mãe”, emvez de“deseu pai”
ou da “mãedeMary”. Consequentemente, “Mary” na terceira oração qualifica
retroativamenteo “Pai” e, na realidade, implica uma marca para a primeira oração, queé
então vista como umpensamento queemana deMary, emlugar deuma observação do
narrador. Omesmo seaplica ao segundo parágrafo, embora a distância comparativa do
nomecontrolador “Mary” possa sugerir uma certa ambivalência destatus dealgumas
orações. Osucesso deThe Stone Book, tanto decrítica como depúblico, aponta a falácia
da prescrição nessa área.
Aestilística tendea provar o queela sepropõeprovar, porquesegueseus “palpites” com
ferramentas analíticas projetadas ou adaptadas para cada umdesses palpites. Como
assinala Stanley Fish:
Padrões formais são emsi mesmos produtos da interpretação epor isso não existeo
quesechama depadrão formal, pelo menos no sentido necessário à prática da
estilística (como ciência absoluta), isto é, o padrão quepodeser observado antes da
interpretação éperigoso e, portanto, podeser usado para seescolher uma
interpretação emdetrimento deoutra.[40]
E. M. FORSTER
ANARRATIVAEOLEITOR
Muitos livros para criança seconcentramna narrativa; decerto modo, eles são sobre a
narrativa. Mas, atémuito recentemente, a narrativa era o parentepobreda crítica. A
literatura infantil sofreu comessa associação, sendo vista como inferior, meramentefruto
de“pura luxúria narrativa”, nos termos deC. S. Lewis.[1]
Da mesma forma, no entanto, umramo importanteda teoria sobrecrítica temsuas
raízes no trabalho deVladimir Propp sobreo conto popular.[2] Teorias sobreos estágios
dedesenvolvimento deresposta ao texto apresentamnotável semelhança como modo de
entendermos a crítica,[3] eatéa história do próprio romanceno Ocidente–quepassa do
contador dehistórias “oculto” para o clássico texto realista do século XIX, edas narrativas
“encadeadas” para as narrativas complexas entrelaçadas –seassemelha à relação da
criança-leitora comos textos.
Demodo parecido, a maior parteda ficção experimental tendea substituir a narrativa
deresolução pelo enredo derevelação. Como diz Chatman, o “fortesentido de
temporalidadeémais significativo nos enredos resolvidos quenos enredos revelados”.
[4] Como vimos, os livros para criança tendema favorecer o enredo deresolução.
Claro queisso possui umeixo político. Conformesalienta Rose, todo esquema que
tenta igualar níveis dedesenvolvimento a textos adequados carrega consigo uma carga
ideológica:
LEITURADEUMANARRATIVA: UMEXEMPLO
Omundo lá decima era fortedemais, ainda o atraía, mesmo estando ali embaixo, e
sabia queteria deretornar ao palco principal. Mas tambémera bompensar que
tinha para ondevoltar, estelugar queera todo seu, estas coisas queestavamtão
alegres devê-lo novamenteecomas quais podia semprecontar para as mesmas
sinceras boas-vindas.[20]
Seexistemdois textos emO vento nos salgueiros, eles são mais sequenciais que
intercalados: uma vez resolvido o estudo sério do Toupeira, podemos passar para o mais
cômico (para não dizer ridículo) do Sapo.
Considerando os padrões deconclusão emtermos psicológicos, poderíamos notar a
progressão na história do Toupeira desdeos capítulos definal forteeseguro (o primeiro,
quetermina como Toupeira na cama da casa do Rato; o segundo, quetermina como
Toupeira entreo povo da beira do rio) atéaqueles commenos resolução, como o terceiro,
emque, embora alcancema segurança da casa do Texugo, o Toupeira eo Rato ainda estão
longedecasa, eo quarto, emqueo Toupeira está a caminho decasa saindo da Mata
Virgem, “antecipando ansiosamenteo momento emqueestaria emcasa novamente”.[21]
Pode-sedizer queesses finais simbolizama maturidadecrescentedo Toupeira; os círculos,
dentreos maiores da unidadedecinco capítulos, não precisamser concluídos.
Asuposição dequea circularidadeéumpadrão narrativo apropriado a um
determinado público edequeos textos podemser proveitosamentedescritos nesses termos
sugerequeumlivro como O vento nos salgueiros, apesar deaparentementeexigir um
público leitor experiente, podeatrair esatisfazer, emsentidos não necessariamente
explicados por leituras convencionais. Adificuldadeóbvia équebaseei todas essas
descrições emminha própria percepção de“adulto” –britânico, classemédia, branco do
sexo masculino –, deuma gramática da narrativa, supondo queum“evento” (por exemplo,
“Toupeira eRato vão para a Mata Virgem”) éumfato indiscutível do texto, comlimites que
podemser estabelecidos parcialmente. Como podemos escapar desseequívoco
autocentrado? Talvez ao considerar queos campos semânticos associativos propiciama
característica coesiva da literatura infantil, cada campo éativado por estímulos únicos
significativos.[22] Operigo –ou talvez a emoção deste–ésua própria variabilidade.
AFORMADAHISTÓRIA
Aluz do quarto éapagada eo livro termina. Alguns leitores podemassociar essa história a
uma variação do clássico The Shrinking of Treehorn,[25] a criança madura contra
adultos insensíveis. Outros podementendê-la como uma equação simples do ponto devista
adulto: Bernardo = monstro. Soubequealgumas crianças ficampreocupadas coma falta
deresolução (embora não sobreBernardo ser comido). Mas podia ser queos elementos
visuais queseestendementresucessivas “páginas duplas” do texto físico produzissem
“unidades” emtotal conflito comunidades gramatical ou “significativamente” marcadas.
Na verdade, meu resumo do texto, quesó comunica algo ao leitor porque, como entende
Stanley Fish, “ummodo depensar, uma forma devida, nos écompartilhado”,[26] quase
certamente, no quediz respeito ao público principal, éuma “leitura equivocada”, quetorna
“erradas” as unidades elocaliza eventos quenão são centrais.
Essa diferença quanto à forma surgeentreAs aventuras de Tom Sawyer
(1876/2002), deMark Twain, comumentevisto como umdos grandes livros para criança
norte-americanos, esua sequência, As aventuras de Huckleberry Finn (1885/2005).
Uma das muitas razões pelas quais sepodeargumentar queo segundo não érealmente
para crianças équeo próprio Huck Finnnunca apareceassociado a questões de
segurança, alémdea maior partedo livro ser sobrefuga eresistência ao desfecho; a coda,
querestabeleceuma espéciedenormalidade, égeralmenteconsiderada falsa emrelação à
forma etambémao tomdo livro.
Eessa indefinição éa terceira forma do romance, quepor conveniência poderia ser
chamada deo modo “adulto” ou maduro. Nesses livros, os finais são ambíguos; vemos a
narrativa como parteda textura natural einterminável da vida. Umlivro adulto tendea
solucionar uma partedo problema, mas a deixar muitas outras emaberto: o romance
clássico do século XVIIItendea “amarrar” todas as pontas soltas do enredo, epor isso é
comfrequência considerado menos complexo; no século XIX, os grandes romances
terminamcoma morteou comos problemas não resolvidos do herói. No século XX, os
finais setornammuito mais ambíguos, emuitas vezes não existeresolução.
Oexemplo clássico deumtexto ambíguo éO Senhor dos Anéis, tambémdeJ. R. R.
Tolkien, defantasia mas comvínculos às grandes lendas, umtema que, como sugeriram
muitos críticos, recebemaior atenção apenas das crianças, já queos adultos supostamente
sabemlidar comtransformações menos simbólicas da verdade. Da mesma forma, a
linguagemdeTolkienpareceser instável, uma vez quesealterna (especialmenteno início)
entrea do pseudocontador dehistórias, a do romancearcaico sofisticado ea do suspense
ágil.
Eu diria quea forma do enredo subjaz a tudo isso, tal como há uma estrutura física
subjacenteao enredo. Há, emprimeiro lugar, a estrutura fechada, pueril ereconfortanteda
história deSamGamgi, o mais infantil dos Hobbits, cuja estrutura física édecriança.
Apesar deenvolvido nos incidentes queabalamo mundo, elepermanecerelativamente
inalterado por suas experiências. Não entendetudo o queestá acontecendo; certamentese
desenvolveu deuma maneira simples; eas linhas finais do último livro da trilogia, O
retorno do Rei, propiciamumdesfecho total:
entender o suspense;
reconhecer a “coesão” emumtexto;
atribuir importância a eventos;
decidir comquetipo delivro estamos lidando;
decidir o tipo deatenção queeleexigedenós.
Precisamos ver o queésignificativo, tanto para nós mesmos como para a estrutura do
texto, antes desabermos o quesesupõequeiremos entender. Éessa habilidade, mais que
qualquer conhecimento puramente“adquirido”, quedistingueo leitor emdesenvolvimento
do leitor “maduro”. Comquerapidez percebemos o queéimportantelembrar quando
lemos uma história? Conformenotou Frank Smith, “quando o leitor começa a decodificar
o texto, as intenções do autor são substituídas por expectativas […]. Oproblema éque, a
menos quesaibamos o quedeveríamos levar emconta, não podemos organizar nossas
expectativas –e, por conseguinte, não podemos prever […]”.[29] Da mesma forma, atéo
releitor deumtexto sabe“o queesperar” deummodo muito mais sutil do quemeramente
saber “quemfez tal coisa”; eo prazer da releitura podebemvir da percepção decoisas em
umtexto às quais não demos atenção na primeira vez porqueestávamos tateando na
leitura. Emcerto sentido, portanto, os leitores experientes estão sempre relendo; leem
variações sobretemas eestruturas queabsorveramantes, algo quenão éválido para a
criança-leitora.
M. A. K. Halliday eR. Hasanlistam157 tipos deligação emquatro categorias, mas as
categorias-chavesão referências anafóricas –ou seja, retrospectivas, quer sejam
imediatas, medidas ou remotas –ecatafóricas, isto é, prospectivas.[30] Basicamente,
predição erealização ocorrememtodos os níveis delivros. “Sabemos” pela experiência que
emcertos livros o herói nunca morre, ou queeleconquista a heroína ou desmascara o
assassino. Sabemos também, antes atédecomeçarmos a ler, queéimprovável quea
heroína deO passeio de Rosinha seja comida por uma raposa. Mas, ainda queestejamos
seguros da categoria genérica do livro, podemrestar dúvidas. Como diz EricS. Rabkin:
“Ler podeser visto como umprocesso contínuo deformação dehipóteses, reforçá-las,
desenvolvê-las, modificá-las eàs vezes substituí-las por outras ou descartá-las
completamente[…]. As hipóteses rejeitadas podemcontinuar a exercer alguma influência”.
[31]
Vejamos como isso funciona na prática, tomando umtrecho mais longo deumlivro
quejá consideramos, Isaac Campion:
Pois bem, eu tinha dozeanos, ia fazer treze, quando nosso Daniel foi morto. Ué, foi há
muito tempo. Estou falando deuma época oitenta etrês anos atrás. Oitenta etrês
anos. Éuma época queultrapassa sua imaginação. Estou falando deummundo
diferente. Vocêtambémpodedizer queera umplaneta diferente, o mundo emque
nasci.
Semrádio. Semtelevisão. SemGuerras Mundiais. Nemsequer haviamconstruído
o Titanic, quedirá afundá-lo. Éisso, entende? Éo queestou tentando lhecontar.
Quando a genteolha para todos esses anos passados, a gentepensa queo que
aconteceu tinha deacontecer. Não dá para imaginar quepoderia ter acontecido
diferente.
Eles têmessa ideia sobreo passado, sobrea história –eles esquecemqueas
pessoas viviamnele–, bem, não sabíamos o queia acontecer. Éo mesmo comas
crianças, elas achamquevão viver para sempre. Eolha: boa sortepara elas! Boa
sortepara os jovens, queeles vivamaténoventa eseis! Quevivamatéos cem!
Oitenta etrês anos atrás […]. Sou eu quedevia estar morto eenterrado emminha
tumba, mas eu estou dizendo a você, eu consigo melembrar do dia emqueDan
morreu, como sefossehoje!
Eu eJoeFlitchestamos agachados nessepequeno rego barrento atrás da escola
na rua Chapel. Acocorados naquela fedorenta lama amarela, ondeninguémpodia
nos ver.
“Vai”, eu dissea Joe. “Vai emfrente. Eu tedesafio! Comeum!” Eu o estava
provocando, encorajando, entende?
Tínhamos saído da sala deaula após umdia decanto coma alta srta. Whitehead
encarando a gentedecima como o olho deDeus! Era umterror aquela professora.
Todos tínhamos pavor dela.
Mas ela não podia nos ver no rego. “Vai emfrente!”, digo a Joe. Só para ver seele
iria. OpobreJoeTonto começa a tossir ebufar. Elenão era bomda cabeça.
Estávamos sempreo desafiando a fazer coisas idiotas. Oprazer não estava em
provocá-lo. Provocar JoeFlitchera muito fácil. Não. Eu diria queo prazer estava em
inventar algo bemidiota para elefazer ea gentedepois poder contar casos a respeito.
“Eh, posso, Isaac! Eh, posso comer eles!”, elecontinuava balbuciando.
Atéposso vê-lo –agachado na lama como umpassarinho quecaiu do ninho, com
seu topeteeriçado, os cotovelos ejoelhos magros saltando das roupas. Cuspindo e
dando uma risadinha.
Eu observava a água gotejando entreseus dedos, eos dois girinos estavam
serpenteando eencalharamemsua mão. Bem, eu achava quenemmesmo JoeTonto
Flitchera maluco o suficientepara comer umgirino.
Eu devia ter imaginado.
“Ora, ponha eles devolta”, eu digo. Eu estava ficando comdor no joelho,
agachado ali, eestava mesmo querendo ir embora encontrar nosso Daniel. Assim, eu
estava esticando o braço para bater na mão deleederrubar os girinos no rego
quando Joederepentepara coma risadinha, batea palma da mão na boca esuga!
[32]
AIDANCHAMBERS
As teorias literárias não devem ser censuradas por serem políticas, mas
sim por serem, em seu conjunto, disfarçada ou inconscientemente
políticas; devem ser criticadas pela cegueira com que oferecem como
verdades supostamente “técnicas”, “auto-evidentes”, “científicas” ou
“universais” que […] nos mostrará estarem relacionadas com, e
reforçarem, os interesses específicos de pessoas, em momentos
específicos.
TERRYEAGLETON
Essa é uma literatura especial. Seus autores possuemumstatus especial no lar ena
escola, livres para influenciar semresponsabilidadedireta pela educação epelo
cuidado. Isso não devegerar irresponsabilidade–ao contrário. Émuito mais uma
questão derespeito, por umlado, pelos receios epreocupações dos quecriame
educamas crianças e, por outro, pela liberdadecriativa dos quepassama vida
escrevendo para elas. No geral tenho constatado, emdiscussões compais ou
professores, inclusiveos quesão críticos ou hostis ao meu trabalho, queesserespeito
émútuo.[6]
Mas éuma questão complexa epessoal, pois éclaro queos sentidos importantes dos textos
–ou seja, emocionais, associativos econotativos –são pessoais einvalidamos sentidos
mundanos, funcionais edenotativos. Oqueisso significa, segundo receio, équeo ponto de
vista do liberal não émeramentejustificado, mas setorna o ponto devista racionalista.
Vocêpodelevar uma criança a umlivro, mas não podefazê-la pensar do mesmo modo que
você. Todos os dados psicológicos eeducacionais sugeremqueas crianças têmuma
cultura diferenteou sobreposta, ou uma contracultura emrelação à dos adultos, equeelas
entendemefazemassociações comsignificados diferentes. Claro queessa éuma daquelas
obviedades queninguémjamais admite. Gostamos depensar queos livros produzemnas
pessoas umefeito direto, linear –porqueémais fácil assim. Semdúvida produzemefeito –
mas qual eleé, exatamente, não sepodesaber. Épor isso quea “biblioterapia” semprefoi
umexercício tão duvidoso. Quempodedizer o queumlivro faz para si? Isso semfalar nas
crianças: “As respostas literárias sempreserão impossíveis dedescrever algo como sua
variedadeessencial”.[7] Assim, não só os alvos “visíveis” do sexo, raça eclassetendema ser
invisíveis para a criança-leitora –a menos quequeiramos quesejamvisíveis –como
tambémo texto aparentementeinocente, desejável, podetransmitir sentidos que
corrompemequenão conseguimos perceber.
Oproblema principal, porém, édeatitude: a literatura infantil éuma ocupação
inocente?
IDENTIFICAÇÃODEILUSÕES
Quando fui convidado para falar emuma conferência sobreideologia eliteratura infantil,
as reações demeus amigos ecolegas forambemprevisíveis. Os não especialistas
lamentaramser uma pena quea política tivesseconseguido chegar ao mundo inocentedos
livros para criança; os acadêmicos mecongratularam(talvez comalguma ironia) pelo fato
dea crítica do livro para criança finalmenteter alcançado o restanteda crítica; epessoas
ligadas ao livro infantil disseramqueera tristequeo tema tivessesucumbido ao queestava
intelectualmente“na moda”.
Tais opiniões subjazema –eminam–muito do queédito sobreos livros para criança, e
seoriginamdeduas atitudes correlacionadas, queeu gostaria deexplorar nestecapítulo. A
primeira équequalquer umpodeser especialista emlivros para criança; a segunda, que
estamos todos do lado do bem.
Ambas são aspectos deumtemperamento muito perigoso. Aprimeira resulta no anti-
intelectualismo, já aqui observado: a ideia –ou não ideia –dequepensar não émuito
apropriado nos livros para criança. Logo essa atitudeabrecaminho para a segunda ideia:
a dequeos livros infantis, como as crianças, são inocentes equeas ambições deescritores,
críticos, pais edo restantedenós são ideologicamenteneutras. Por causa disso,
fracassamos emperceber que, alémdenão podermos ser apolíticos, grandeparteda
ideologia presentenos livros para criança eemtorno deles está oculta –ena verdade
mascarada como o oposto do querealmenteé.
Ambas as atitudes estavamcertamentepresentes na conferência dequeparticipei.
Apesar deo tema da conferência ser “ideologia”, poucas pessoas pareciampreocupadas
comquestões ideológicas abstratas epoucas teriamseinteressado, por exemplo, pela
opinião do crítico marxista Terry Eagletondeque“a história da moderna teoria literária é
parteda história política eideológica denossa época”[8] –segundo a qual não se pode
abstrair a política ao falar delivros. Por certo estavamcientes deque, como Bob Dixon
observou emseu polêmico Catching Them Young [Pegue-os enquanto jovens, 1977]:
“Qualquer umqueseinteresseemcomo as ideias –políticas no sentido mais amplo e
importante–são nutridas ecrescememuma sociedadenão podesedar ao luxo de
negligenciar o queas crianças leem”, ainda quenão concordemcomseu corolário deque
“grandepartedo material presentenos livros para criança éantissocial, senão anti-
humano, eémais provável quetolha edeformeos jovens queos ajudea crescer”.[9]
Aconferência discutiu o sexismo eo racismo nos livros para criança, bemcomo se
determinadas obras eramdeesquerda ou dedireita, declassemédia ou classeoperária, e
sepertenciamao “mundo desenvolvido” ou ao Terceiro Mundo.[a] Tomava como basea
norma dos congressistas. Duas ideias ficaramclaras à medida quea conferência
avançava. Aprimeira foi quemuitas pessoas simplesmentepressupunhamqueos livros
para crianças são fáceis, o queeu chamaria de“falácia literalista”. Ela sebaseia na crença
deumpoder da superfíciedo texto ena convicção da similaridadeentreas percepções de
crianças eadultos, queécontrária ao senso comum. Oquefaltou foi a desconfiança deque
aquilo quepodenos parecer uma característica óbvia do texto podenão ser detodo óbvia
ao leitor inexperiente; ou dequeaquilo queverdadeiramentecomunica emumtexto éa
atitudeoculta, a filosofia epostura subjacentes, o status atribuído aos livros emgeral. Não
éo ato específico deviolência quecorrompe, mas a aceitação da violência como norma.
Não éa “má” linguagememsi queépoderosa –emtodo caso, poucos denós ousamos
imprimir a linguagemdo parquinho –, mas éseu aparecimento impresso quelhedá uma
força diferente. Como disseJill PatonWalsh: “Oqueestá impresso ainda temuma
qualidadeespecial aos olhos demuita gente. Oqueestá emumlivro édealgummodo
oficial, santificado”.[10]
Asegunda foi o problema da “norma”. Seestamos todos do mesmo lado, o que
aconteceu comas enormes diferenças desexo, raça, cultura, idade, classe, ideologia e
política quetão obviamentenos separamquando não estamos conversando sobrelivros
para criança? Serão elas umtalismã mágico quepurifica eunifica todos aqueles que
conversama seu respeito?
Ondequer quesereúnampessoas ligadas aos livros para criança, parece-mequeessas
atitudes emgeral estão presentes, viciando a discussão (embora isso esteja rapidamente
mudando). Epor isso émais interessanteconsiderar essas atitudes inconscientes tal como
existem(ou existiram) mais nos críticos quenos livros. Seisso pareceperverso, eu diria que
são os críticos queemúltima instância fazem os livros, não as crianças. As crianças não
têmliberdadedeescolha; podemter liberdadepara escolher dentre o que há para ser
escolhido, mas não éa mesma coisa. Os críticos criamo clima intelectual queproduz o
texto.
Eeu iria mais longe: quando uma criança passa a escolher, sua capacidadedeescolha
já terá sido moldada pela ideologia deseus mentores.
Identificar as ideologias importantes éuma tarefa enorme. Oqueeu gostaria detentar
aqui éa tarefa mais modesta dever sepodemos revelar alguns dos processos
contraditórios quecercamos textos sobreliteratura infantil.
Oquenos dizem, então, a crítica ea escrita sobre livros para criança quanto às atitudes e
“cegueiras” dos quecontrolama produção etransmissão dos mesmos?
Eu gostaria decomeçar como fenômeno “qualquer umpodeser especialista” –o que,
naturalmente, émuito irritantepara aqueles denós queseconsideramespecialistas. Em
Suitable for Children? [Adequado para crianças?, 1976], Nicholas Tucker observou que
“a literatura infantil […] temsorte: ela normalmentepodedepender deuma resposta a
princípio interessada”, mas essa resposta sebaseia emnostalgia, e“essetipo deexperiência
comumtemsuas limitações”.[11] (Éobviamentedifícil fazer semelhantejuízo devalor sem
ser acusado deproteger o próprio território.)
Emmeu modo dever, para a maioria dos adultos “não leitores” (ea maioria não é), os
livros para criança são território livreporquenão há o quetemer neles. Adultos quese
sentiriamincapazes deexpressar uma opinião sobreumtexto dirigidos a eles sentem-se
livres para conversar sobrelivros para criança porqueestes não têma sombra da
“resposta certa” do professor pairando sobrea cabeça deles. Os livros infantis não só
podemser legitimamentelidos “aquémda capacidade” como tambémpodemser
prescritos ecensurados. Não fazempartedo domínio do sacerdócio místico literário;
fazempartedo mundo real epodemser questionados. São genuinamente“cultura
popular” edesconfio que, para muitos (talvez, numdos extremos, os incineradores delivros
do conselho das secretarias deensino locais), são uma oportunidadepara sevingaremdo
queébasicamenteumsímbolo cultural estrangeiro, elitista eexcludente: o Livro. Claro
quetodo esseenvolvimento comlivros émuito saudável. Robert Leeson, o radical escritor e
contador dehistórias britânico, anseia pelo momento emquea “crítica faça-você-mesmo se
tornará a prática universal”,[12] epor uma completa democratização do processo de
transmissão literária. Mas isso podeser feito? Resultará, mais uma vez, no anti-
intelectualismo?
Emqualquer congresso ou reunião depessoas ligadas ao livro para criança, as sessões
preferidas sempreserão aquelas emqueescritores ou ilustradores falamsobreseu
trabalho (a síndromedepersonalidade), seguidas deperto por aquelas sobrea prática de
sala deaula, o contar histórias eos contos defadas (como sobreviver como professor). As
sessões menos concorridas serão as dedicadas a análises detextos eas mais vazias de
todas, as queapresentamteoria ecrítica. Como muitas vezes sou umdos conferencistas que
dirigemestas últimas, posso legitimamenteser acusado deparcialidadeseobservo que
tudo isso melembra pessoas lendo em torno dos livros emlugar deatravés deles.
Entretanto, essa objeção tambémteria baseideológica, pois implicaria submissão aos
pilares gêmeos da crítica: a exclusividadeea descontextualização quemencionei na
Introdução. Por queos leitores não devem“ler emtorno” do texto? Sehá uma boa dosede
desconfiança emrelação ao “acadêmico” por partedos queseencontramna “linha de
fogo” do ensino eda biblioteca, não há dúvida dequeparteda desconfiança éjustificada.
As minas da literatura canônica estão seesgotando –ou, pelo menos, setornando bem
incertas –ea literatura infantil éumabundanteenovo veio para setalhar uma reputação
acadêmica. Mas devemos nos lembrar dequea academia não égarantia deseriedade, eo
fato dequedeterminada crítica épretensiosa, preguiçosa ou interesseira não deveser
usado como desculpa para a recusa empensar. Tal recusa, como vimos, podesemascarar
depragmatismo esentido prático ou derecusa sensata por tolerar interferência no mundo
jovial, prático, inocente edescomplicado das crianças edos livros.
“TODOS DOLADODOBEM”
Aprova defogo não era mais o juízo deumgrupo particular deadultos com
antecedentes literários […] eestava rapidamentemudando para o juízo degrupos de
adultos comoutros interesses especiais […]. Era comumesses guardiões fazeremda
seleção delivros quaseumfetiche, segundo dois critérios: primeiro, seo livro atendia
as exigências deseu próprio ponto devista especializado […] e, segundo, seemuma
leitura não tutelada as crianças gostavaminstantaneamentedo livro […]. Uma
questão seriamentelevantada era: o professor nunca deveria intervir entreas
crianças esua leitura?[13]
Chambers não enfatiza o tema, mas essas duas atitudes possuemraízes ideológicas; não
são meramentequestões deinteresses emétodos práticos contraditórios.
Aessência do problema foi sintetizada por Terry Eagletonemumartigo intitulado “The
Subject of English” [Osujeito da língua inglesa] emThe English Magazine, na primavera
de1985. Emtermos gerais, seu argumento, quesetornou umtruísmo ao longo dos anos,
era o seguinte: os seres humanos não produzema si mesmos. São produzidos pela
sociedadeenesseprocesso recebemcertos “modos desubjetividade”; eo modo de
subjetividadeemnossa sociedade(ocidental) nos engana fazendo-nos crer querealmente
“produzimos a nós mesmos”. A“literatura”, quesetorna “uma questão do significantee
não do significado” –isto é, o modo como conversamos sobrealgo émais importantedo
queaquilo sobreo queconversamos –, eo pensamento liberal-humanista sobre a
literatura (que, naturalmente, cria a literatura) são ambos temperamentos “certificados
pelo Estado”. Os termos-chaveda crítica liberal-humanista –“sensibilidade, receptividade,
simpatia” –eseu benefício esperado para o leitor –deter sua experiência “enriquecida,
exaltada, intensificada” –têmsegundas intenções. Eles são umfimemsi mesmos; não são
focados (ou transitivos) nemlevama lugar algum.
Pior queisso. Esses valores convencionais parecem ser liberais eapolíticos; parecem
ver todos os lados deuma questão econtribuir para o crescimento humano ea felicidade.
Mas, defato, ser apolítico significa efetivamentedefender o status quo, isto é, o
“capitalismo liberal”. (Vocêpodegostar do capitalismo liberal, mas não pode, ao mesmo
tempo, pretender neutralidade.) Para tomar emprestado o exemplo deEagleton, a crítica
liberal-humanista nos incentiva a ler, digamos, Rei Lear como umdocumento
preocupado coma opressão, ea sentir vigorosamentea peça, comisso nos absolvendo da
necessidadedefazer algo quanto à opressão real. Aempatia abstrata éumfimemsi
mesma.
“Oespaço da subjetividademoderna”, prossegueEagleton, “éumcampo de
prisioneiros queseapresenta como umhorizonteeternamenteaberto”, eos humanistas
liberais míopes patrulhamessecampo, apoiando a própria opressão quesua “literatura”
sepropõedesdenhar. Emresumo, “todo humanista liberal quedeseja paz, justiça eamor
está emabsoluta autocontradição” porquea realização dessas metas exigiria luta,
identificação, ação emudança, todas excluídas do discurso liberal-humanista. Por
conseguinte, énecessário umnovo discurso.
Lamentavelmente, não setemregistro decomo reagiu o grupo deprofessores a quem
Eagletondirigiu essas observações. Oseu argumento não éatraente, por dois motivos.
Primeiro porquesugerequetodos os professores carinhosos eatenciosos, fazendo o
máximo para educar etransmitir os melhores emais puros valores, são defato umbando
deautoritários fascistas; e, segundo porquesua própria formulação sugereque, sevocê
tiver a temeridadedediscordar, vocêmesmo semostra míopeou fascista, ou ambos.
REIVINDICAÇÃODOLIVRO
Infelizmente, éindubitável quea maioria das crianças éexcluída do uso familiar dos livros;
a pergunta para o futuro éseos previamenteexcluídos devemassumir o Livro tal como é
tradicionalmenteconhecido –o Livro, domínio da classemédia por tanto tempo, precisa
expandir seu encanto. Como sugeriu Robert Leeson:
[O] público podeser livresco ou não livresco, mas ama uma história ea aceitará com
o maior prazer deondequer queela venha. Por quenão do livro? Abandonar a busca
da verdadeira universalidade, outrora tida como o grandemérito do livro,
exatamentequando a meta está à vista, éabandonar o futuro do livro […]. Semos
“não livrescos”, o livro morrerá.[14]
Isso parecebom-senso, mas tambémhá uma cegueira ideológica no texto deLeeson, que,
segundo meparece, residena resposta à pergunta “Por quenão do livro?”, na citação
acima. Para a maioria, émuito tardepara o contato como livro. Desdesua invenção, ele
semprefoi prerrogativa depoucos. Escrever éter poder; ler éter somentea ilusão depoder.
Umdos problemas fundamentais dos “leitores relutantes” não éapenas queeles não têm
livros ou não sabemsobreeles, mas simqueo livro édeoutra cultura, estrangeira,
poderosa. Ebempodeser queo livro per se não possa setornar parteda cultura demassa.
Como salientou Charles Sarland, o status do Livro éalgo quefoi criado enutrido por um
grupo muito elitista, notadamenteo crítico F. R. Leavis eseus adeptos –queestão muito
longeda extinção:
PASSOS POSITIVOS
[a] Oautor optou por manter o termo utilizado na época da conferência –como marca de
temporalidade–para o quehojesedenomina “países emdesenvolvimento”. [N.E.]
ASINGULARIDADEDAPRODUÇÂODELIVROS PARACRIANÇAESTÁintimamenteligada
à ideologia eao mercado, à tradição eao gênero. Traçar todas as influências sociais e
literárias écomo descrever sombras numa paredeao lado deuma fogueira; a princípio, o
processo da madeira sendo queimada érelativamenteuniforme, mas não há dois
momentos iguais dessa queima. Como disseMacherey já em1970:
Como estão envolvidos leitores deidades diferentes, temos delevar emconta não só o
aspecto didático, mas as muitas reações a ele. Entretanto, como emoutras literaturas, o
processo écircular: o autor produz o texto queproduz os leitores queproduzema resposta
queproduz o autor ad infinitum.
Nestecapítulo, examinarei a posição deautor, editora ecriança no ambienteeditorial
dehoje. E, também, sealguma análisesincrônica específica éinevitavelmenteirrelevanteno
contexto deconceitos decontrolemais amplos, como políticos, econômicos ou de
psicologia social.
Oenormevolumedetextos acerca do escrever para criança deautores delivros infantis
tendea tratar deinspiração, técnica eda relação do escritor coma criança ou coma arte,
mas não comas circunstâncias quecercama produção do texto, que, emúltima instância,
têmumefeito decisivo na “poética”, na gramática crítica da literatura infantil. Por exemplo,
a recentecompilação dematerial do Simmons CollegeCenter for theStudy of Children’s
Literature, Innocence and Experience [Inocência e experiência, 1978], deHarrisone
Maguire, dedica mais detrezentas páginas à reflexão autoral, ecinco à material sobre
edição epublicação. Quasea mesma proporção podeser encontrada emoutras
coletâneas.[2]
Parecequeexistemtrês elementos no percurso do livro emdireção a uma criança: o
autor, a editora ea criança. Àeditora, geralmenteécreditado (emespecial por ela mesma) o
papel principal, pois équemidentifica o mercado emuitas vezes encomenda, modifica ou,
mais raro, seleciona textos para atender a essemercado. Claro quenão éuma ciência
exata; a muito prestigiada editora delivros para criança Julia MacRaedescreveu o “padrão
depublicação” como “sempremutável, semprefascinanteesempreimprevisível”.[3] O
autor está emuma ponta do sistema; a criança, na outra.
Como vimos, todo o processo detransmissão é, emgeral, considerado complacente,
mas podeser visto como umexercício depoder, queaflora emcaracterísticas textuais, ou
como umexercício depressões voltadas a uma classe.[4] Embora exista alguma verdadeem
todas essas opiniões, o processo real deprodução etransmissão do livro para criança é
muito mais complexo. Podemos, porém, esboçar ummodelo descritivo do processo
circular detransmissão ereação nos três elementos principais –autor, editora ecriança –,
cada umcomseu próprio grupo deinfluências.
Os autores serão influenciados por sua própria infância, pelos livros queleram, por
observação desuas famílias; eexperimentarão pressões degrupos deleitores adultos,
códigos culturais gerais econtroles genéricos. Basicamente, partirão dealguma ideia
sobreo tipo delivro quedesejamescrever, mas não sobreo livro emsi mesmo.
Voltemos ao exemplo deJeanUre, citada antes. Sua escrita épragmática; ela diz: “Tive
queeliminar duas meninas (emYou Win Some, You Lose Some [Ganham-se umas,
perdem-se outras, 1984)] emudar o final, porquedisseramqueera antigay eatrairia
cartas deódio […]. Agora tenho uma visão terrivelmenteamarga do mundo, mas não se
podecolocar isso numlivro para criança”.[5] Compreender o sentido dessa declaração é
notar a influência do grupo depressão debaixo para cima sobrea editora queimpõeum
conceito pessoal do queos livros devemepodemser. Apoética da literatura infantil éfeita
dessas confluências econflitos.
Antes decomeçarema escrever, os autores fazemajustes no gênero emqueestão
trabalhando. Dubrow cita E. D. Hirschdizendo que“umgênero émenos umjogo queum
código decomportamento”,[6] eo código decomportamento relativo aos livros para
criança possui eixos estruturais eestilísticos baseados emumsentido detexto muito mais
nostálgico emtermos pessoais emuito mais didático emtermos públicos queo dequalquer
outro tipo delivro. Tal como lemos livros para criança emvários sentidos ao mesmo
tempo, tambémo escritor, conscienteou inconscientemente, temdeconsiderar as
implicações genéricas, socioculturais edidáticas deescrever essetipo delivro. As
influências fundamentais sobreumautor para criança, alémdaquelas impostas a todo
escritor (como os controles genéricos), incluema amplitudecoma qual o livro seestendea
uma criança específica, à ideia deuma criança ou da própria infância do autor. Pode
parecer queo próximo passo seria encontrar uma editora, ou pelo menos umagente, cujo
trabalho éselecionar textos publicáveis eagir como intermediário. Entretanto, como na
Inglaterra temsido cada vez mais frequenteas grandes editoras não aceitaremoriginais a
menos quevenhampor intermédio deumagente, hojeémuito difícil encontrar umagente –
à medida quemuitas editoras encomendamaté95%desua produção, a pressão dos
aspirantes a autores tambémtemrecaído cada vez mais sobreesseprofissional.
Quanto às editoras, o final do século XXno Reino Unido assistiu a uma consolidação
quedestinou a maioria das publicações às mãos deumas poucas multinacionais. O
quadro deprofissionais no setor editorial ainda épredominantementefeminino, o que
podeou não introduzir umproblema degênero. Conformea famosa observação deJohn
Goldthwaite:
Para essas editoras, as finanças parecemdominar: não há mais (emgeral) uma única
editora controlando tudo; há, isso sim, dentro da editora, uma equipe, comárbitros
internos eexternos. Ao redor deles, estão as influências financeiras, sociais eliterárias
diretas na forma decompradores para diferentes culturas, queterão, todos, suas próprias
demandas. Umligeiro examena lista debest-sellers para crianças no século XXImostra
quedominamas séries deliteratura degênero: aventura para meninos (frequentemente
baseadas emfiguras adultas como James Bond), romanceou fantasia para meninas. Os
livros são codificados por cores, dirigidos a faixas etárias, epossuempouca margempara
inovação: defato, poder-se-ia argumentar que, por seremmotivados pela mercantilização
[commodification] da infância, mais pelo marketing quepelas seções criativas deeditoras,
os livros infantis no Ocidenteno século XXIestão entreas formas mais conservadoras e
retrógradas.
Existe, porém, umelemento novo epositivo no trabalho. Há ummovimento deretorno a
pequenas editoras independentes (embora, talvez inevitavelmente, muitas das demaior
sucesso sejamlogo tragadas pelos tubarões), motivadas pela habilidadedecomercializar
seus livros por meio delivreiros estabelecidos na internet. Os sistemas deimpressão por
demanda tambémestão aumentando as possibilidades depublicação individual.
Assim, os livreiros, queno Ocidentetêmuma relação financeira complexa comas
editoras, exercemuma influência muito forte. Eles podemdecidir quais livros recebemas
posições mais favoráveis emsuas lojas, muitas vezes cobrando honorários para a
colocação: comisso, as editoras pequenas, quenão podempagar os honorários, vendem
poucos livros. (Mais uma vez, a editoração ea venda eletrônicas delivros estão mudando
essa situação.)
Apróxima etapa do processo delevar o livro à criança éencaminhá-lo à esfera
comercial, via processos habituais demarketing eresenha. Entretanto, a resenha delivros
para criança emgeral émuito mais rara quea dos livros para adulto, eenvolveuma
camada adicional deintermediários, vários tipos deselecionadores delivros, professores e
bibliotecários.
Finalmente, o livro podeser comprado –mas por quem? Os livros para criança são
únicos no sentido dequea maioria provavelmentenão écomprada pelo usuário final, mas
por outros intermediários, como pais eavós, quebempodemestar (eprovavelmente
estarão) desavisados dos processos deseleção. Esó então o livro éfiltrado (por baixo) atéa
criança: não chega a surpreender queo hiato inevitável entreescritor eleitor éampliado ese
torna extremamentecomplexo. Emgeral, as linhas deinfluência etransmissão entreos
vários agentes são descendentes epara dentro, embora muitas influências semovamem
ambos os sentidos. Vários grupos interagemdeummodo muito complexo, como os
imediatamente“acima” da criança; umlivro podepassar do bibliotecário para o
professor, para o pai epara o colega emqualquer ordem.
Quasetodas essas “linhas” detransmissão, do autor à criança, podemser invertidas:
os filhos influenciamos pais queinfluenciamos professores queinfluenciamas livrarias
queinfluenciamas editoras queinfluenciamos autores –eassimpor diante, emuma
complexa dança interativa. Curiosamente, umdos grupos menos influentes éo dos autores
sobre os livros para criança, queocupamposição umpouco ambivalentenos extremos do
processo, equetêmuma propensão a identificar uma ou duas influências nos textos ea
elaborar teorias poético-culturais combasenessas poucas influências. Quem, por
exemplo, determina o estilo do livro para criança contemporâneo? Seriamas editoras
internacionais ou os pedagogos, os dois, ironicamente, mais envolvidos? Quemdetermina
o conteúdo (seéquesemelhanteconceito podeser cogitado emtempos pós-
desconstrutivistas)? Éa criança ou o profissional demarketing? Emseu recente
levantamento, MicheleLandsberg observa queos bibliotecários setornaram“dentes de
engrenagemna máquina deconsumo”, ecita Randall Jarrell dizendo que“os usuários
profissionais das palavras processamseu produto como sefossecomida debebê, enós, os
bebês”. Mas por queéassim?
Podebemser queo desenvolvimento ea produção delivros para criança sejamdefato
governados por outras forças, emparticular a política cultural, ou talvez política de
literatura degênero, ou, mais provável, uma dependentedestas –a economia. Emuma
brilhantepesquisa para The Signal Approach to Children’s Books em1980, ElaineMoss
resenhou as publicações dos anos 1970 edestacou umas tantas esquisitices como o fato de
que:
Aeconomia ditou quemais emais títulos novos devemser publicados para atender a
demanda reduzida por livros emgeral; as razões para isso erama escassez de
dinheiro ea necessidadedesesperada deretorno rápido do investimento […]. No
admirável mundo novo dedecisões norteadas por previsões devendas […] a batalha
entreo editor-com-talento eo departamento-de-vendas-com-cifras pareceestar
abalando alguns dos edifícios da boa publicação delivros para criança.[8]
Emmeio a tudo isso, podeparecer queo autor está realmentemorto, equeas restrições de
gênero (incluindo estilo, estrutura econteúdo) emtermos do queéaceitável no mercado
prevalecemsobreo original eo individual. Agrandeinfluência do feedback degrupos
prestigiosos não só muda diretamentea atitudedos autores como tambémaltera
expectativas gerais egenéricas. Podeser queisso sempretenha sido assim; mas, emum
mundo emqueo livro decapa dura está emrápido desaparecimento eédificílima a
publicação detrabalho experimental, pareceprovável queas restrições sociais estejam
suplantando a norma literária decrescimento eexperiência. Mesmo assim, quaisquer que
sejamas macroinfluências, elas sempreserão expressas nos microssistemas que, em
última instância, são capazes desubverter edeser subvertidos.
UMANOTASOBREACENSURA
Sua lógica, quea princípio pareceser liberal, édefato autocrática; eu não permitiria a um
rei decidir sobreo queéveneno eo queélicor.
Minha resposta, como pai, émuito específica. Posso aconselhar eeducar minha
própria família, enão parecesensato empreender uma cruzada contra o resto do mundo.
Isso não sedá apenas porqueeu não poderia ter sucesso contra todos quediscordamde
mim, mas porque, deixando delado alguns vilões (para mim) óbvios, a maioria dos
escritores está seguindo os próprios princípios. Ofato dediscordar das pessoas não mefaz
correto –nemmedá direito algum. (Uma excelenteexploração deprincípios pessoais
contra princípios populares nos livros para criança, comreferência especial a escritores
como Roald Dahl eJudy Blume, podeser encontrada no livro deMicheleLandsberg The
World of Children’s Books [O mundo do livro para criança, 1988].)[10]
Atéaqui tudo bem–ou mal –para minhas próprias filhas. Mas equanto ao restante?
Posso apenas, emsã consciência, abandonar a maioria das crianças aos dispositivos
menos-que-responsáveis deseus pais? Esteé, talvez, o clássico dilema [double-bind] liberal,
mas tenho deenfrentá-lo. Eu faria o bempara os outros, mas jamais posso saber com
certeza o que ébompara os outros.
Mas equanto à situação deumescritor para crianças mais novas? Aqui eu diria quea
existência demúltiplos significados gerados, potencialmenteedemodo incognoscível, pela
criança-leitora torna a prescrição umassunto muito duvidoso. No mínimo, sugerequenão
só os alvos “visíveis” desexo, raça eclassetendemmuito a ser invisíveis aos leitores infantis,
a menos quequeiramos queeles sejamvisíveis, mas tambémqueo texto aparentemente
inocenteedesejável possa transmitir sentidos quepossamcorromper.
Diantedessa descoberta enormeetalvez opressiva, querepresenta uma falta deféna
linguagemcomo instrumento comunicativo, alegro-memuito emdizer que, como pai,
cidadão, escritor eacadêmico, tenho padrões diferentes –equesão todos compatíveis. São
padrões controlados eresolvidos emuma crença na humanidade(apesar detoda
evidência); mas, no curso normal da vida, porquetemos deser diferentes emtempos
diferentes, esses padrões estão às vezes fadados a entrar emconflito. Passamos nossa vida –
como nossos filhos passarão –constantementeprocessando, pesando eequilibrando uma
gama fenomenal deconhecimento, percepções esensações. Não podemos ser simplistas a
respeito deles enão esperamos quenossos filhos sejam. Deveser óbvio queo mesmo
aconteça emnossas abordagens dos livros para criança ena relação comeles.
De que serve um livro sem figuras nem diálogos?
LEWIS CARROLL
Nas primeiras três imagens, há umreflexo direto das palavras: Brenda esua mãesão
mostradas na porta do apartamento deJoão; Brenda conheceJoão; os dois são mandados
brincar fora do apartamento. Nas imagens seguintes, Brenda eJoão são vistos brigando.
Atéentão, coerência. Mas, mesmo na primeira imagem, algumas perguntas ficamsem
resposta. Existemvários personagens adultos do lado defora da porta, umsegurando
chocolates, outro segurando flores, umterceiro escrevendo numbloco denotas. Duas
velhas senhoras apontampara eles. E, o mais notável, três homens descempela escada
carregando uma mão enorme. Todos esses elementos suscitamquestões imediatas da
narrativa. Chegaremos a descobrir o queos homens estão fazendo coma mão ou quemos
outros estão visitando? Ainda mais perturbador éo fato dequeas perspectivas estão
erradas; o patamar eos degraus não estão no mesmo plano queos personagens (como
vimos, as crianças conseguemler as figuras dequalquer ângulo).
Odeio meu ursinho depelúcia,
David McKee.
Martins Fontes, 1994
[…] imaginação visual profundamenteliteral. Oobjeto imaginado para elas não éde
outra ordemderealidadequeo objeto visto. Afinal, nós o podemos ver dentro da
cabeça. Elas estão dispostas a aceitar convenções flexíveis na imaginação […] ainda
quesua fantasia tenha rígidas arestas […]. Atéquesejamcorrompidas por adultos
fantasistas, elas preferemo queconhecemou podemver a invenções fantásticas.[15]
Comsua visão desinibida, as crianças não veemo mundo como nós. Enquanto
vemos apenas o quenos interessa, elas veemtudo. Elas ainda não fizeramnenhuma
escolha [;] a criança tambémtempropensão a apreciar esseseu mundo detalhado em
termos deacontecimentos, decoisas sendo feitas ou, emoutras palavras, emtermos
dehistórias.[16]
Mais uma vez, temos deconsiderar o quesequer dizer por “história” nessecontexto, eéisso
quedivergedos conceitos para adultos. Enquanto as imagens são vistas demaneira
holística, as palavras são vistas demaneira linear. Ogramático James Muir cita Randolph
Quirk sobrea imagemdeummenino afagando umcachorro:
Por isso, podemos ter alusão visual mediantea combinação deformas ecores simbólicas
deangústia eprazer.
Isso sugerequeo livro-ilustrado atravessa fronteiras, embora haja a invasão deum
certo perigo deinsipidez. Bettina Hurlimannnotou os paradoxos inerentes ao conceito de
“Europrinting”:[a] “As imagens falamuma linguagemuniversal […] mas o risco reside
numa tendência à uniformidade–as diferentes características nacionais sendo engolfadas
emproveito do “mercado europeu”.[30]
[a] Processo deprodução chamado decoedição: o mesmo livro éimpresso emlarga escala,
trocando apenas o texto emdiversos idiomas. Os exemplares são distribuídos empaíses da
Europa. [N.A.]
[b] Oautor sereferea questões deformato, escolha depapel, acabamento, composição de
texto eimagem, queexigemconhecimentos extratextuais esão fundamentais para o livro-
ilustrado. [N.E.]
[c] Oautor serefereao livro-imagem, cuja narrativa éconstruída apenas comilustrações,
sema presença do texto. [N.E.]
NESTELIVROTENTEIEVITAR TRÊS COMPORTAMENTOS: JUÍZOS DEvalor, juízos
universalizantes ecrítica especulativa –isto é, uma espéciedepsicanáliseora do autor,
como a encontrada emSecret Gardens [Jardins secretos, 1986], deHumphrey Carpenter,
ora dos personagens, como emNarratives of Love and Loss [Narrativas sobre amor e
perda, 1987], deMargaret eMichael Rustin. Para muitos leitores, podeparecer umdesvio
do próprio alvo da crítica. Entretanto, espero ter demonstrado queisso éútil simplesmente
para examinar o queestamos fazendo epor quê, quando abordamos ou começamos a
conversar sobreumlivro.
Nestecapítulo, gostaria dedar umpasso adianteesugerir a necessidadedese
reconhecer, pelo menos provisoriamente, umtipo distinto decrítica, chamada por mimde
“criancista”, quedeveríamos adotar ao trabalhar nessa área. Emsegundo lugar, gostaria
depropor uma reflexão radical sobreos fins da crítica emsi mesma e, por implicação, do
tema diantedenós.
Como vimos, existeuma interação complexa não só entrea criança eo livro, mas entrea
criança ea ideia delivro, queatécerto ponto poderia ser chamada deuma “contraleitura”.
Selevarmos a sério a contraleitura –eo depoimento deprofessores deleitura epsicólogos
sugerequedevemos fazê-lo –, acharemos suspeita grandeparteda avaliação dos livros
para criança, seja das variedades “as crianças poderiam gostar”, “as crianças devem
gostar”, “as crianças gostam” ou “as crianças gostarão”. Obviamenteos acadêmicos que
“poderiamgostar” estão solidamenteno mundo adulto, ou adultista, enquanto os que
“devemgostar” falamcoma voz do doutrinador –mas equanto aos outros? Os juízos
“gostam” e“gostarão” sebaseiamna observação, quasesempreemanos deobservação
afetuosa, comprometida, qualificada. Claro quehá o problema da influência do
observador sobreo queéobservado, bemcomo o problema da interpretação. Umbom
exemplo éo escritor Roald Dahl, quepareceproduzir livros quereflitamo ponto devista da
criança. MicheleLandsberg diz sobreele: “Como Blyton, Dahl conquista a afeição deseus
leitores jovens empartepor aliar-sea seus impulsos instintivos. Blytonforneceu padrões de
autonomia aventureira emqueos jovens triunfavamsemajuda dos adultos; Dahl parece
subverter as censuras do adulto endossando impulsos das crianças deagressão e
vingança”.[1] Dahl tambémnão subestima a capacidadedeseu leitor para lidar com
sofisticados dispositivos narrativos. Podeparecer queseus livros não estão meramenteem
contato coma cultura infantil, mas são, nas palavras deSarland, “partedeuma cultura de
oposição”.[2] Porém, embora possa explicar tanto a oposição a Dahl nos círculos livrescos
como apoio a elenos círculos não livrescos, isso érealmenteverdade? Dahl está defato
lançando suas habilidades na direção do que as crianças entendem como a ideia que os
adultos fazem de sua cultura? OqueJohnRoweTownsend chamou de“poema depivete”
(poema queusa piadas diretas, muitas vezes vulgares, eformas previsíveis, como nas rimas
dejardimda infância) é, como o texto deDahl, a “faceaceitável” da infância, uma rebelião
moderadamenteanárquica permitida pela cultura adulta dominante.
Na melhor das hipóteses, uma história não émeramenteentretenimento –setal conceito
fosseconcebível. Conformesalientou Arthur Applebee, no quenão tinha a intenção, espero,
deser uma declaração maléfica:
Mas isso éa visão da criança sobreo mundo ou sobreo livro? Por exemplo, a cultura da
criança compreendeautomaticamenteos preconceitos da cultura do adulto: homem
versus mulher, negro ver sus branco, esquerda versus direita, sujo versus limpo,
aceitável versus inaceitável? Esses posicionamentos precisamser aprendidos, ao lado da
língua, ao lado das formas dehistória. Embora recentementetenha sido considerado na
posição “deseu próprio lado”, Dahl, ao definir o aceitavelmenteinaceitável, apenas faz
partedo sistema controlador, partedo processo deaprendizagem–o quepodeexplicar seu
respaldo entreadultos queseria deesperar quecriticassemseu trabalho. Osuposto
contrato coma criança (“a camada deaçúcar da história podeapaziguar apreensões dos
adultos”)[4] distrai a atenção do quepoderia ser visto como os objetivos dissimulados,
anticrianças (etalvez anti-humanos) do livro.
Ummodo satisfatório deabordar essas dificuldades envolveria uma total releitura de
textos do ponto devista “criancista”. Omero convitea adultos para leremcomo crianças
não énenhuma novidade, eéprovável não só queressusciteantigos preconceitos mas que,
como vimos, semostremuito difícil. Temos, isso sim, quedesafiar todos os nossos
pressupostos, questionar cada reação eperguntar o quesignifica realmenteler como uma
criança, dadas as complexidades da interação cultural.
Há atébempouco tempo, conversar sobrelivros sefundava empressupostos gerais
sobresignificado, valor eaceitabilidade–assumindo tacitamentea norma do ocidental
branco do sexo masculino –queseencontrambemenraizados na linguagem. Conforme
diz JonathanCuller emOn Deconstruction [Sobre desconstrução, 1983]: “Sea
experiência da literatura dependedas qualidades deumeu leitor, pode-seperguntar que
diferença faria para a experiência da literatura seesseeu fosse, por exemplo, mulher em
lugar dehomem”[5] ou, poder-se-ia acrescentar, uma criança. Àprimeira vista, isso pode
parecer uma declaração do óbvio: mulheres leitoras devemler como mulheres. Oquemais
elas podemfazer? Bem, a resposta équeelas leemcomo mulheres enquanto assimdefinidas
pelos homens; pois os sistemas devalor eos modos deperceber emvigor emnossa cultura
são determinados pelos homens, haja vista o modo como a língua nomeia coisas quesão
neutras.
Oparalelo entreas situações demulheres ecrianças foi bemformulado por Lissa Paul:
Transpor os argumentos emfavor da “leitura “feminista” para a área dos livros para
criança só épossível comuma nova palavra. “Infantil” e“pueril” já possuemcamadas
acumuladas designificados eassociações. “Criancista” podeatender nosso propósito.
Vimos queo problema dedefinir o quequeremos dizer por “ler como uma criança” não é
secundário. Como observou AnnetteKolodny, os problemas têmraízes profundas: “O
crucial équea leitura éuma atividadeaprendida que, como muitas outras estratégias de
interpretação aprendidas emnossa sociedade, éinevitavelmentecodificada por sexo e
flexionada por gênero”.[7] Assim, ébastantepossível que, ao participar do jogo
leitura/literário, as crianças sejamprogressivamenteforçadas a ler contra si mesmas
como crianças. Eisso raramenteélevado emconta na leitura delivros infantis. (Dado o fato
dequea maioria dos profissionais do livro para criança émulher, são múltiplas as
possibilidades deleituras “tendenciosas”.)
Como transpor o hiato, para entender o querealmenteestá acontecendo nos termos da
criança, emlugar decontinuar a usar pressupostos arraigados sobreas percepções e
competências das crianças? Caímos na armadilha denossas próprias formulações?
Conformeobserva Perry Nodelman, ao escrever sobrecomo crianças típicas leemlivros
típicos: “Apergunta importanteépor quetantas crianças exigemidentificação comos
personagens sobreos quais leem? Uma resposta inquietantea essa pergunta équenós
trabalhamos duro para ensiná-las a fazer isso”.[8]
Por certo a narração dehistórias é, no dizer deBarbara Hardy, “umato primário da
mente”,[9] ea criança entendeo mundo contando histórias a si mesma. Mas há diferenças
entreas histórias da infância eas histórias do livro. Como vimos, os padrões das histórias
precisamser aprendidos; ea intertextualidadeea não especificidadedo texto fazemmuita
diferença. Alíngua escrita diz respeito a si mesma eémais reflexiva ealusiva quea língua
falada. Conformenotou D. R. Olson, os modos escrito efalado representamdiferenças nas
culturas. “Alinguagemoral […] éummeio universal decompartilhar nossa compreensão
desituações concretas eações práticas. Alémdisso, éa linguagemqueas crianças trazem
para a escola.”[10]
Ao ensinarmos a língua, estamos ensinando às crianças jogos depalavras, modos de
compartimentar a experiência:
Amaioria dos estetas ecríticos […] fala como sehouvesseapenas dois tipos de
leitores: os absolutamenteparticulares, o ser humano individual […] eo leitor ideal
ou universal cuja resposta éimpessoal eestética. Amaioria dos leitores reais, exceto
os mais ingênuos, penso eu, à medida queleemtransformam-seemseres emalgum
ponto entreesses extremos.[13]
Assim, considerando quenão haja, tanto pelo senso comumcomo pela “desconstrução”,
nenhumsignificado único ou estável emumtexto, a interpretação deumtexto pela criança-
leitora éinferior apenas emtermos do jogo imposto defora. Como assinalou HughCrago
(mencionado no primeiro capítulo), os adultos tendema trapacear ao comparar as
reações das crianças comas próprias.
Acrítica criancista éalgo queencontramos na prática. Ela sebaseia empossibilidades e
probabilidades, não na ausência dedados empíricos, mas dianteda imensa dificuldadede
lidar comesses dados. Assim, não édiferenteda crítica adulta, exceto que, nesta, quase
nunca seadmitequehaja umproblema comos dados.
Bons exemplos do modo como opera a crítica criancista podemser encontrados no
examedelivros-ilustrados edepoesia para criança. Para começar, consideremos
novamentea obra deJohnBurningham. EmCome away from the water, Shirley, as
versões deviés adulto edeviés infantil do mesmo lapso temporal são apresentadas em
páginas opostas. Nas páginas da esquerda, emcores suaves, os pais deShirley
acomodam-seemsuas cadeiras na praia elevamuma conversa unilateral (cheia de
evasivas eordens peremptórias adultas) comShirley, quepermanecenos bastidores.
Embora haja uma considerável fragmentação da “conversa”, não há nenhuma
descontinuidadena sequência temporal. As aventuras deShirley, compiratas etesouro
enterrado, sempalavras e(literalmente) muito coloridas, acontecemnas páginas opostas.
Osentido podeser óbvio, mas o contrastedecódigos éinteressante. As páginas “adultas”,
para sua inteligibilidade, dependemdereferência a experiência extratextual, ao passo que
as aventuras (imaginadas?) deShirley sebaseiamemreferência intertextual erefletemos
padrões performativos da contracultura da infância, etalvez permitamalgumintercâmbio
entrea cultura da criança ea do adulto.
Comeaway fromthewater, Shirley,
JohnBurningham,
RandomHouse, 1977
Não há nada denovo na ideia delecionar comtextos mais recentes eacessíveis; mas umdos
efeitos da passagempara textos contemporâneos, não canônicos, nos exames públicos na
Inglaterra, utilizando métodos não tradicionais deestudo eavaliação, temsido prolongar
o embateentreuma estrutura devalores supostamenteinviolável ea resposta pessoal. Há
uma ideia muito enraizada dequea estrutura devalores dominantetemvalidade
intrínseca, enão éapenas uma outra subespécie. Eisso conflita como instinto básico rumo
à liberdadeemrelação a normas “literárias” mais impostas defora quegeradas
pessoalmente. Oresultado, como vimos, temsido uma falta deféedireção na literatura
infantil. (Tampouco isso significa desconsiderar os “clássicos”; umargumento muito
persuasivo para lê-los, embora sob uma luz diferente, da perspectiva devalores diferentes,
foi apresentado por CatherineBelsey emseu artigo “Literature, History, Politics”
[Literatura, história epolíticas].)[20]
Penso queprecisamos deumnovo estilo decrítica, umestilo quevenha dos livros
infantis –umestilo quereflita a singularidadedeles eo fato dequeas pessoas comeles
preocupadas procedemdemuitos campos equeestamos escrevendo para muitos peritos de
outros campos. Assim, precisamos desenvolver ummodo depensamento crítico que
abarquetodos esses campos econfira igual status eimportância a eles. Precisamos
entender a contribuição quepodeser dada por outras pessoas.
Devemos nos certificar denão perdermos devista a diferença da literatura infantil,
caso contrário podehaver umrisco dequeseus estudos simplesmenteusemtextos apenas
como mais umconjunto demateriais comqueexercitamos nosso uso inteligenteda teoria,
ou usemtextos para ensinar umcerto tipo dealfabetização –ou mil outros usos distintos.
Quero enfatizar portanto quea literatura infantil édiferente deoutra literatura, edevia
ter umtipo diferente decrítica eteoria.
Aliteratura infantil tem:
temas diferentes;
estruturas diferentes;
diferentes modos/vozes detratamento na literatura.
dos universais;
dos juízos comparativos ou relativos;
da preguiça intelectual dos absolutos;
da fémascarada dejuízo.
Acredito queo mais importantena literatura infantil seja a interação singular deumtexto
coma criança singular emuma situação singular: esta ésemprediferente, sempre
complexa esempreproduz umconhecimento quenão podeser generalizado. Essedeveser
nosso centro e, consequentemente, a crítica apenas podeser uma intervenção –um
flagrantemomentâneo deumevento quepodemos depois discutir.
Sefizermos isso, poderemos fazer justiça ao entendimento da complexidadedetextos
quegiramemtorno do poder, da fantasia edenossas relações coma infância.
Odilema todo da literatura infantil, queespero estelivro tenha contribuído para
esclarecer, podeser resumido por duas citações. Aprimeira édeA. A. Milne, queapresentou
uma resposta enérgica ao ataqueindelicado da crítica americana Dorothy Parker a
Winnie Puff constrói uma casa (1928/1994). Emtodo o argumento deMilne, o pessoal, o
popular eo real são contrapostos ao artificial eao culturalmentedesejável:
Asegunda citação édeW. H. Auden, discutindo os livros deAlice; eéuma citação que,
segundo penso, todos nós, preocupados comas crianças eos livros, devemos ponderar
commuita seriedade:
WALTER ONG
Atéo trabalho literário podeser ajustado para setornar menos umato isolado deum
único autor, ecada vez mais o produto deumprocesso no qual o autor éumdos
membros deumgrupo devários autores –umgrupo queao final podeincluir o
“leitor”.[10]
CRIANÇA. Muito já seescreveu sobreos pressuposto s queestão por trás do uso dessa
palavra para sugerir, ou construir, umgrupo homogêneo (epor isso simples, servil e
marginalizado). Emdiversos níveis, tais definições são intrinsecamenteesquisitas e, seja
como for, muitas vezes são humilhantes tanto para os opressores como para os oprimidos.
Arelação entrecrianças einfância eentreadultos emaioridadeémuito complexa esereflete
constantementenos livros: commuita frequência eles tambémnão são o queparecem.
Assim, a infância podeser vista –pelos adultos –como uma área desejável deinocência ou
retiro e, mesmo assim, a infância éconstruída como umestado do qual a criança deseja
emergir. Defato, a própria condição de“literatura infantil” refleteuma sociedadede
adultos ansiosos por rejeitar, ou deixar delado, a infância. (Não fosseesseo caso, por que
a teoria literária sepreocuparia comleitores tão silenciosos sobreo processo de
aprendizagemna infância?)
Ainfância temsido concebida pelas sociedades como umestado quepodeser
manipulado (outra razão para seu baixo status), ou pelos românticos como umestado
puro, ou pelos psicólogos como uma sériedeestados dedesenvolvimento. Na medida em
queégeralmentedefinida, ela podeser umperíodo da vida semresponsabilidade–emcujo
caso tendea ser definida não por idademas por classeou circunstâncias sociais. Atitudes
específicas emrelação à infância, quemoldamesão moldadas pelos livros fornecidos para
crianças, podemser uma interminável surpresa. Existem, por exemplo, muitos dados
sugerindo que, no século XIX, as crianças eramconstruídas como desejosas demorrer –
para irematéDeus –como umalívio para seus pais. Oleitor do século XXpodeachar queo
alto número demortes depersonagens crianças nesses livros advémdeuma sociedade
brutal ou descuidada; na verdade, essas mortes são o resultado deuma complexa trama de
salvação, medo, controleeperda.
Dessemodo, embora seja possível fazer algumas generalizações sobrecomo uma
cultura ou sociedadeconstroema criança –ecomo as editoras fizeramefazemsuposições
(provavelmenteautorrealizadoras) –, “a criança” éumconceito infinitamentevariado, de
uma casa para outra, edeumdia para outro. Ao falar sobrelivros para criança, algumas
generalizações devemser feitas, ou a linguagemsetorna incontrolável, porémnão sepode
esquecer o fato dequeo conceito decriança éumproblema semprepresentepara a crítica
da literatura infantil.
* Nos vinteanos desdea edição original destelivro, tenho tentado esclarecer o quesequer
dizer como termo “literatura infantil”. Atentativa a seguir foi publicada deforma
ligeiramentediferenteemChildren’s Literature: A Guide (Blackwell, 2001). [N.A.]
** Oautor propõeuma nomenclatura dos tipos derelação entretexto eilustração: “texto
ilustrado”, como os romances contendo ilustração; “livro-ilustrado”, como descrito
anteriormente; eo “texto altamenteilustrado”, no qual as ilustrações agregam
informações ao texto, mas não são fundamentais para a compreensão do mesmo.
Notas
INTRODUÇÃO
1 Anita Moss, “Structuralismand its Critics”, Children’s Literature Association
Quarterly, n. 1, v. 6, verão 1981, p. 25.
2 Roderick McGillis, The Nimble Reader. Nova York: Twayne, 1996, p. 206.
CAPÍTULO1
1 Para críticas à correntepósestruturalista, ver Raymond Tallis, In Defence of Realism.
Londres: Arnold, 1988.
2 Ver Roland Barthes, O prazer do texto [1973], trad. Jaco Guinsburg. 4a. ed. São Paulo:
Perspectiva, 2008.
3 Ver Lissa Paul, “Intimations of Imitations: Mimesis, Fractal Geometry, and Children’s
Literature”, Signal, n. 59, maio 1989, pp. 128-37.
4 Ver Tessa RoseChester, Sources of Information about Children’s Books. South
Woodchester: ThimblePress, 1989; Tony Ross, I Need a Book! The Parent’s Guide to
Children’s Books for Special Situations. Wellingborough: Thorsons, 1987.
5 ElaineMoss, Part of the Pattern. Londres: Bodley Head, 1986, pp. 207-08.
6 JohnRoweTownsend, “Standards of Criticismfor Children’s Literature”, inNancy
Chambers (ed.). The Signal Approach to Children’s Books. Harmondsworth: Penguin,
1980, p. 199.
7 AidanChambers, “Tell Me: AreChildrenCritics?”, inBooktalk. Londres: Bodley Head,
1985, p. 90.
8 HughCrago, “Children’s Literature: ontheCultural Periphery”. Children’s Book
Review, n. 4, v. 4, 1974, p. 158.
9 Ver JacquelineRose, The Case of Peter Pan, or, the Impossibility of Children’s
Fiction. Londres: Macmillan, 1984.
10 Ver L. Paul, “Enigma Variations: What Feminist Theory Knows about Children’s
Literature”, Signal, n. 54, set. 1987, pp. 186-201.
11 MalcolmBradbury, Mensonge, My strange Quest for Mensonge, Structuralism’s
Hidden Hero. Londres: Arena/Arrow, 1987, pp. 22-23.
12 A. Chambers, op. cit, pp. 138-64; Michael BentoneGeoff Fox, Teaching Literature,
Nine to Fourteen. Londres: Oxford University Press, 1985; M. Bentonet al., Young
Readers Responding to Poems. Londres: Routledge, 1988; Diana Kelly-ByrneeBrian
Sutton-Smith, The Masks of Play. West Point, NY: LeisurePress, 1984; MarilynCochran-
Smith, The Making of a Reader. Norwood, NJ: Ablex, 1984; H. Crago, “TheRoots of
Response”. Children’s Literature Association Quarterly, n. 10, v. 3, out. 1985, pp. 100-
04.
13 H. Crago, “Cultural Categories and theCriticismof Children’s Literature”, Signal, n.
30, set. 1979, p. 148. Ver tambémH. eMaureenCrago, Prelude to Literacy: a Preschool
Child’s Encounter with Picture and Story. Carbondale: SouthernIllinois University
Press, 1983.
14 Frank Smith, Reading, 2a. ed. Cambridge: CambridgeUniversity Press, 1985, p. 83.
15 Ver MargarethMeek et al., The Cool Web; the Pattern of Children’s Reading.
Londres: Bodley Head, 1977; H. eM. Crago, Prelude to Literacy; M. Bentonet al., op. cit.
16 Comparar Terry Eagleton, Teoria da literatura [1983], trad. Waltensir Dutra. São
Paulo: Martins Editora, 1985; eCatherineBelsey, Critical Practice. Londres: Methuen,
1980.
17 Ver WallaceHildick, Children and Fiction. Londres: Evans, 1970, pp. 76-114.
18 A. Chambers, op. cit., p. 123.
CAPÍTULO2
1 Nancy Chambers (ed.), The Signal Approach to Children’s Books. Harmondsworth:
Penguin, 1980, p. 2.
2 Ver CliftonFadiman, “TheCasefor Children’s Literature”. Children’s Literature, n. 5,
Filadélfia: TempleUniversity Press, 1976, pp. 9-21.
3 WilliamMayne, Children’s Book Review, n. 5, v. 3, 1975.
4 Neil Philip, A Fine Anger. Londres: Collins, 1981, p. 7.
5 Ver AidanChambers, “Letter fromEngland: ThreeFallacies about Children’s Books”, in
Robert Bator (ed.), Signposts to Criticism of Children’s Literature. Chicago: American
Library Association, 1983, pp. 54-60.
6 Wendy Parsons eCatriona Nicholson, “Talking to Philip Pullman”, The Lion and the
Unicorn, n. 23, 1999, pp. 116-34.
7 Ver Sydney Bolt eRoger Gard, Teaching Fiction in Schools. Londres: Hutchinson
Educational, 1970, p. 25; MargarethMeek et al., The Cool Web; the Pattern of
Children’s Reading. Londres: Bodley Head, 1977 p. 180; Virginia Haviland (ed.), Children
and Literature, Views and Reviews. Londres: Bodley Head, 1973, p. 306; Arthur N.
Applebee, The Child’s Concept of Story: Ages Two to Seventeen. Chicago: University of
Chicago Press, 1978; A. Chambers, Introducing Books to Children. Londres:
Heinemann, 1973; JimTrelease, The Read-Aloud Handbook. Harmondsworth: Penguin,
1984.
8 Peggy Heeks, Choosing and Using Books in the First School. Londres: Macmillan
Educational, 1981, p. 50.
9 Eleanor Cameron, The Green and Burning Tree. Boston: Atlantic, Little, Brown, 1969,
p. 90; Selma G. Lanes, Down the Rabbit Hole. Nova York: Athenaeum, 1971, pp. VII-VIII;
Sheila Egoff et al. (eds.), Only Connect. Readings on Children’s Literature. Toronto:
Oxford University Press, 1980, p. XV.
10 Geoff Fox et al. (eds.), Writers, Critics, and Children. Nova York/Londres: Agathon
Press/HeinemannEducational, 1976, p. 139.
11 Apud Edward Blishen(ed.), The Thorny Paradise. Harmondsworth: Kestrel, 1975, p.
10.
12 M. Meek, Symbolic Outlining: the Academic Study of Children’s Literature.
Huddersfield: Woodfield and Stanley, 1986, p. 2.
13 BrianAlderson, “TheIrrelevanceof Childrento theChildren’s Book Reviewer”.
Children’s Book News, jan./fev. 1969, pp. 10-11.
14 StephanieNettell, “Escapismor Realism? TheNovels of JeanUre”, Children’s Books,
British Book News suplemento, mar. 1985, p. 3.
15 KathleenPeyton, Children’s LiteratureinEducation, n. 12, set. 1973, p. 63.
16 Ver CarolynField, Special Collections in Children’s Literature. Chicago: American
Library Association, 1982; Tessa RoseChester, Sources of Information about Children’s
Books. SouthWoodchester: ThimblePress, 1989.
17 Edward B. Jenkinson, Censors in the Classroom: the Mind Benders. Nova York: Avon,
1982, p. 75.
18 Beatrix Potter, A história do Pedro Coelho, trad. Leonardo Thierry. Rio deJaneiro:
Lótus do Saber, 2009, p. 9.
19 David Hately (adaptador), The Tale of Peter Rabbit. Loughborough: Ladybird, 1987,
não paginado.
20 B. Potter, op. cit., pp. 18-22.
21 Ver LanceSalway (ed.), APeculiar Gift, NineteenthCentury Writings onBooks for
Children. Londres: Penguin, 1976.
22 Ver JohnS. Bratton, The Impact of Victorian Children’s Fiction. Londres: Croom
Helm, 1981; Robert Leeson, Reading and Righting; the Past, Present, and Future of
Fiction for the Young. Londres: Collins, 1985. Trata-sedeumtrocadilho com“right”
[“direita”, oposto deesquerda], e“writing” [“escrita”], sugerindo quea política dedireita
domina a escrita.
23 B. Potter, op. cit., pp. 56-59.
24 Edward Ardizzone, “Creationof a PictureBook”, apud S. Egoff et al. (eds.), op. cit., p.
293.
25 Rumer Godden, “AnImaginary Correspondence”, inV. Haviland (ed.), op. cit., pp. 136-
37.
26 Felix Pirani, Abigail at the Beach, ils. ChristineRoche. Londres: Collins, 1988, não
paginado.
27 Craig Brown, “OnceUpona Perfect Time”, The Times, 25 dez. 1988. Ver também
Rosemary Sandberg, “Who Censors?”. Books for Keeps, n. 58, set. 1989, p. 23.
28 Peter Hunt, “Censorship and Children’s LiteratureinBritainNow, or TheReturnof
Abigail”, Children’s Literature in Education, n. 28, v. 2, 1997, pp. 95-103.
29 Marcus CroucheAlecEllis (eds.), Chosen for Children. 3a. ed. Londres: TheLibrary
Association, 1977, p. 164.
30 Apud P. Hunt, “TheGood, theBad, and theIndifferent”, inN. Chambers (ed.). The Signal
Approach to Children’s Books. Harmondsworth: Penguin, 1980, p. 227.
31 Frank Eyre, British Children’s Books in the Twentieth Century. Londres: Longman,
1971, p. 158.
32 BenjaminDisraeli, Sybil, or the Two Nations. Harmondsworth: Penguin, 1954, pp.
90-91.
33 WilliamMayne, Ravensgill. Londres: HamishHamilton, 1970, pp. 162-63.
34 E. Cameron, op. cit., pp. 141-42.
35 Peter Hollindale, Choosing Books for Children. Londres: Elek, 1974, p. 157.
36 A. Chambers, “TheReader intheBook”. Signal, n. 23, maio 1977, p. 206.
37 JohnRoweTownsend, A Sense of Story. Harmondsworth: Kestrel, 1971, p. 130.
38 Arthur Ransome, We Didn’t Mean to Go to Sea. Londres: Cape, 1937, p. 319.
39 Dennis Wheatley, To the Devil, a Daughter. Londres: Arrow, 1956, p. 99.
CAPÍTULO3
1 W. H. Auden, “Today’s ‘Wonder World’ Needs ‘Alice’”, inRobert Philips (ed.), Aspects of
Alice. Harmondsworth: Penguin, 1974, p. 37.
2 C. S. Lewis, “OntheWays of Writing for Children” inOf Other Worlds. Londres:
Geoffrey Bles, 1966, p. 210.
3 Rebecca Lukens, A Critical Handbook of Children’s Literature. Glenview: Scott,
Foresman, 1976, p. v; ver tambémLilianH. Smith, TheUnreluctant Years, a Critical
Approachto Children’s Literature. Chicago: AmericanLibrary Association, 1953, p. 7.
4 James SteeleSmith, A Critical Approach to Children’s Literature. Nova York: McGraw
Hill, 1967, p. 13.
5 IsabelleJan, On Children’s Literature [trad. CatherineStorr, deEssai sur la
littérature enfantine (1973)]. Londres: AllenLane, 1973, pp. 142-3.
6 S. Egoff et al. (eds.), Writers, Critics and Children. Nova York/Londres: Agathon
Press/HeinemannEducational, 1976, p. 139.
7 LanceSalway (ed.), A Peculiar Gift, Nineteenth Century Writings on Books for
Children. Londres: Penguin, 1976, p. 11.
8 Nicholas Tucker, Suitable for Children? Controversies in Children’s Literature.
Londres: Sussex University Press, 1976, pp. 18-19.
9 Marcus Crouch, The Nesbit Tradition. Londres: Benn, 1972, p. 8.
10 Jill PatonWalsh, “TheRainbow Surface”, inM. Meek et al., The Cool Web; the Pattern
of Children’s Reading. Londres: Bodley Head, 1977, pp. 192-93.
11 Patricia Wright, “Usability: theCriterionfor Designing WrittenInformation”, inP. A.
Kolers et al., Processing of Visible Language. v. 2. Londres: Plenum, 1980, p. 186.
12 Michael BentoneGeoff Fox, Teaching Literature, Nine to Fourteen. Londres: Oxford
University Press, 1985.
13 Stanley Fish, Is there a Text in this Class? The Authority of Interpretive
Communities. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1980.
14 Ver Rhonda Bunbury, “CanChildrenRead for Inference?” inThe Power of Story.
Victoria: DeakinUniversity, 1980, pp. 149-57; Michael Benton, “Children’s Responses to
Stories”, Children’s Literature in Education, n. 10, v. 2, 1975, pp. 68-85.
15 Ver Zohar Shavit, Poética da literatura para crianças [1983], trad. Ana Fonseca.
Lisboa: Editorial Caminho, 2003, pp. 33-42.
16 Matthew Arnold, The Study of Poetry, 1880 apud RamanSelden(ed.), The Theory of
Criticism. Londres: Longman, 1988, pp. 500-01.
17 Ver F. R. Leavis, “Literary Criticismand Philosophy: a Reply”, inScrutiny, n. 6, v. 1, jun.
1937, pp. 59-70.
18 Henry James, The Future of the Novel apud Felicity A. Hughes, “Children’s literature:
Theory and Practice”, English Literary History, n. 45, 1978, pp. 542-61; apud Peter Hunt
(ed.), Children’s Literature: the Development of Criticism. Londres: Routledge, 1990, p.
75.
19 Jeremy Tambling, What is Literary Language?. MiltonKeynes: OpenUniversity Press,
1988, pp. 8-9.
20 C. S. Lewis, op. cit., p. 24.
21 E. M. Forster, Aspectos do romance [1927], trad. Sergio Alcides. Rio deJaneiro: Globo,
2005
22 RenéWellek eAustinWarren, Theory of Literature, 3a. ed. Harmondsworth: Penguin,
1963, p. 212.
23 JohnM. Ellis, The Theory of Literary Criticism, a Logical Analysis. Berkeley:
University of California Press, 1974, p. 42.
24 Terry Eagleton, Teoria da literatura [1983], trad. Waltensir Dutra. São Paulo:
Martins Editora, 1985.
25 Robert Leeson, Reading and Righting: the Past, Present, and Future of Fiction for
the Young. Londres: Collins, 1985, p. 144.
26 Peter Dickinson, “InDefenceof Rubbish”, apud Geoff Fox et al. (eds.), Writers, Critics,
and Children. Nova York/Londres: AgathonPress/HeinemannEducational, 1976, p. 74.
27 Id., ibid., pp. 75-76.
28 Ver Diana Kelly-Byrne, “Continuity and Discontinuity inPlay Conditioning: theAdult-
Child Connection”, inBrianSutton-SmitheDiana Kelly-Byrne(eds.), The Masks of Play.
West Point, NY: LeisurePress, 1984; id., “The1984 Conferenceof theChildren’s Literature
Association… a Participant’s Response”, Children’s Literature Association Quarterly, n.
9, v. 4, 1984-5, pp. 195-98; R. eS. Scollon, Narrative Literacy and Inter-ethnic
Communication. Norwood, nj: Ablex, 1981; MarilynCochran-Smith, The Making of a
Reader. Norwood, nj: Ablex, 1984.
29 Ver Arthur N. Applebee, The Child’s Concept of Story: Ages Two to Seventeen.
Chicago: University of Chicago Press, 1978.
30 J. R. R. Tolkien, Tree and Leaf. Londres: Allenand Unwin, 1970, p. 34.
31 PierreMacherey, Pour une théorie de la production littéraire. Paris: Librairie
François Maspero, 1966, p. 70.
32 Paul Heins apud Selma G. Lanes, Down the Rabbit Hole. Nova York: Athenaeum,
1971, p. 152.
33 GillianAdams, “TheFirst Children’s Literature? TheCasefor Sumer”, Children’s
Literature, n. 14, 1986, p. 1.
34 Geoffrey Summerfield, Fantasy and Reason; Children’s Literature in the Eighteenth
Century. Londres: Methuen, 1984, p. 86.
35 JohnRoweTownsend, A Sense of Story. Harmondsworth: Kestrel, 1971, p. 9.
36 Myles McDowell, “Fictionfor Childrenand Adults: SomeEssential Differences”,
Children’s Literature in Education, n. 10, mar. 1973 apud G. Fox et al. (eds.), op. cit., pp.
141-42.
37 I. Jan, op. cit., pp. 142-43.
38 Neil Philip, “Children’s Literatureand theOral Tradition”, inPeter Hunt (ed.), Further
Approaches to Research in Children’s Literature. Cardiff: University of Wales, 1982, p.
20.
39 Z. Shavit, op. cit., pp. 63-69.
CAPÍTULO4
1 Barbara Hardy, “Towards a Poetics of Fiction: anApproachThroughNarrative”, in
MargarethMeek et al., The Cool Web; the Pattern of Children’s Reading. Londres:
Bodley Head, 1977, p. 12.
2 D. W. Harding, “Psychological Processes intheReading of Fiction”, inBritish Journal of
Aesthetics, n. 2, v. 2, 1962, p. 72.
3 JonathanCuller, The Pursuit of Signs. Londres: RoutledgeeKeganPaul, 1981, p. 50.
Ver tambémMary LouisePratt, Towards a Speech Act Theory of Literary Discourse.
Bloomington: Indiana University Press, 1977.
4 Lewis Carroll, “TheHunting of theSnark” [1896] inMartinGardner (ed.), L. Carroll,
The Annotated Snark [ed. rev.]. Harmondsworth: Penguin, 1973, p. 22.
5 LaurenceSterne, A vida e as opiniões de Tristram Shandy [1760-70], trad. JoséPaulo
Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, cap. 11.
6 Michael Stubbs, “Stir Until thePlot Thickens”, inRonald Carter eDeirdreBurton(eds.).
Literary Text and Language Study. Londres: Arnold, 1982.
7 J. Culler, “Prolegomena to a Theory of Reading’” inSusanR. SuleimaneIngeCrosman
(eds.). The Reader in the Text. Princeton: PrincetonUniversity Press, 1980, p. 50.
8 S. R. Suleiman, “Introduction: Varieties of Audience-Oriented Criticism”, inibid., p. 37.
9 M. Meek, How Texts Teach what Readers Learn. SouthWoodchester: ThimblePress,
1988, p. 11.
10 Id., ibid., p. 13. Ver tambémA. Chambers “Tell me: arechildrencritics?” inBooktalk.
Londres: Bodley Head, 1985, pp. 138-74; M. Bentonet al., op. cit.
11 HughCrago, “TheRoots of response”. Children’s Literature Association Quarterly,
n. 10, v. 3, outono 1985; apud Peter Hunt (ed.). Children’s Literature: the Development
of Criticism. Londres: Routledge, 1990, p. 128.
12 Walter Nash, The Language of Humour. Londres: Longman, 1985, p. 74.
13 Rick Rylance(ed.), Debating Texts, a Reader in 20th Century Literary Theory and
Method. MiltonKeynes: OpenUniversity Press, 1987, p. 113.
14 M. Meek et al., op. cit., p. 74.
15 Stanley Fish, Is there a Text in this Class? The Authority of Interpretive
Communities. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1980, p. 267.
16 Shirley BriceHeath, Ways with Words: Language, Life, and Work in Communities
and Classrooms. Cambridge: CambridgeUniversity Press, 1983, p. 184.
17 Heather Dubrow, Genre. Londres: Methuen, 1982, p. 107.
18 M. Meek, Learning to Read. Londres: Bodley Head, 1982, p. 37.
19 E. D. Hirsch, Validity in Interpretation. New Haven: YaleUniversity Press, 1967, p. 93.
20 Walter Ong, Oralidade e cultura escrita [1982]. Campinas: Papirus, 1998.
21 Id., ibid., p. 142. Comparar comW. Labov, Language in the Inner City. Filadélfia:
University of Pennsylvania Press, 1974, p. 363; A. K. Pugh, “Constructionand
Reconstructionof Text”, inL. JohnChapman(ed.), The Reader and the Text. Londres:
HeinemannEducational, 1981, pp. 70-80; Nancy Stein, “TheComprehensionand
Appreciationof Stories, a Developmental Analysis”, inStanley S. Madeja (ed.), The Arts:
Cognition and Basic Skills. St Louis: Cemrel, 1978, pp. 231-49.
22 W. Ong, op. cit., p. 142.
23 SuzanneRomaine, The Language of Children and Adolescents: the Acquisition of
communicative competence. Oxford: Blackwell, 1984, pp. 149-50.
24 Howard E. Gardner et al., “Children’s Literary Development: theRealms of Metaphors
and Stories”, inPaul E. McGeeeAnthony J. Chapman(eds.), Children’s Humour.
Chichester: JohnWiley, 1980, pp. 98, 111.
25 Seymour Chatman, Story and Discourse: Narrative Structure in Fiction and Film.
Ithaca: Cornell University Press, 1978, p. 27.
26 Ver JanNicholas, “TheCasefor Reading Schemes”, eJill Bennett, “Reading, But What?”,
Books for your Children, n. 23, v. 3, outono/inverno 1988, pp. 16-17, 19.
27 Gerald Princeapud SuleimaneCrosman(eds.), op. cit., p. 227.
28 HughCrago, “TheReaders intheReader: anExperiment inPersonal Responseand
Literary Criticism”, Signal, n. 39, set. 1982, pp. 172-82.
29 Mark Roberts, The Fundamentals of Literary Criticism. Oxford: Blackwell, 1964, p.
3.
30 ElaineMoss, “TheDreamand theReality: a Children’s Book CriticGoes Back to
School”, Signal, n. 34, jan.1981, pp. 22-36.
31 Betsy Byars, The Eighteenth Emergency [1971]. Harmondsworth: Puffin(Penguin),
1981.
CAPÍTULO5
1 Roland Barthes, S/Z [1970], trad. Lea deAbreu Novaes. Rio deJaneiro: Nova Fronteira,
1992.
2 Mikhail M. Bakhtin, The Dialogic Imagination: Four Essays, trad. M. Holquist eC.
Emerson. Austin: University of Texas Press, 1981.
3 AnnDigby, First Term at Trebizon. Londres: Granada, 1980, pp. 8-9.
4 Betsy Byars, The Eighteenth Emergency [1971]. Harmondsworth: Puffin(Penguin),
1981, p. 59.
5 JacquelineRose, The Case of Peter Pan, or, the Impossibility of Children’s Fiction.
Londres: Macmillan, 1984, pp. 1-2.
6 MichelleMagorian, Goodnight Mr Tom. Harmondsworth: Penguin, 1983, p. 192.
7 ShlomithRimmon-Kenan, Narrative Fiction: Contemporary Poetics. Londres:
Methuen, 1983, pp. 86-116.
8 A. A. Milne, Winnie Puff [1926], ils. E. H. Shepard, trad. Monica Stahel. São Paulo:
Martins Fontes, 1994, p. 16.
9 Robert Leeson, Reading and Righting: the Past, Present, and Future of Fiction for the
Young. Londres: Collins, 1985, pp. 15-109.
10 RuthPark, Playing Beattie Bow [1980]. Harmondsworth: Penguin, 1982, pp. 96-97.
11 Adaptado deRobert Protherough, Developing Response to Fiction. MiltonKeynes:
OpenUniversity Press, 1983, p. 30.
12 Roger Fowler, Linguistic Criticism. Londres: Oxford University Press, 1986, p. 27.
13 Id., ibid., p. 69.
14 F. Smith, Writing and the Writer. Londres: HeinemannEducational, 1982, pp. 95-96.
15 Ver MargarethMeek, How Texts Teach what Readers Learn. SouthWoodchester:
ThimblePress, 1988.
16 F. Smith, Reading. 2a. ed. Cambridge: CambridgeUniversity Press, 1985, p. 83.
17 Janni Howker, Isaac Campion. Londres: MacRae, 1986, p. 1.
18 BerkeBreathed, Toons for our Times: Bloom County. Boston,: LittleBrown, 1984, p.
91.
19 F. Smith, op. cit., pp. 88-89 e94-95.
20 Richard C. Anderson, “Schema-directed Processes inLanguageComprehension”, inR.
Hartley (ed.). The Psychology of Written Communication. Londres: KoganPage, 1980,
p. 37.
21 CatherineBelsey, Critical Practice. Londres: Methuen, 1980, p. 109.
22 Howard Felperin, Beyond Deconstruction. The Uses and Abuses of Literary Theory.
Londres: Oxford University Press, 1985, p. 131.
23 Frank Hatt, The Reading Process. A Framework For Analysis and Description.
Londres/Hamden, ct: CliveBingley/Linnet, 1976, p. 71.
24 M. Bentonet al., Young Readers Responding to Poems. Londres: Routledge, 1988, p.
IX.
25 F. Hatt, op. cit., pp. 66 e74.
26 Harold Rosen, Stories and Meanings. Londres: National Associationfor theTeaching
of English, 1985, p. 38.
CAPÍTULO6
1 Apud Terry Eagleton, Teoria da literatura [1983], trad. Waltensir Dutra. São Paulo:
Martins Editora, 1985., p. 79.
2 Id., ibid., pp. 79-80.
3 Ver JustineCoupland, Complexity and Difficulty in Children’s Reading Material. Tese
dedoutoramento. Cardiff: University of Wales, 1983.
4 Cynthia Harnett, The Woolpack [1951]. Harmondsworth: Penguin, 1981, p. 211.
5 IanWatt, O primeiro parágrafo de “Os embaixadores”, trad. Marcelo Pen. São Paulo:
CosacNaify, 2010
6 Geoffrey N. Leech, A Linguistic Guide to English Poetry. Londres: Longman, 1969, p.
225.
7 Henry Widdowson, “Stylistics”, inJ. B. R. AlleneS. Pit Corder, The Edinburgh Course in
Applied Linguistics, v. 2. Londres: Oxford University Press, 1973, p. 204.
8 Ver S. Fish, Is there a Text in this Class? The Authority of Interpretive
Communities. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1980, pp. 68-96.
9 Roger Fowler, Literature as Social Discourse. Londres: Batsford, 1981, p. 19.
10 AnneCluysenaar, Introduction to Literary Stylistics. Londres: Batsford, 1976, p. 16.
11 Ver RamanSelden, A Reader’s Guide to Contemporary Literary Theory [1985].
Brighton: Harvester, 1989, pp. 16-19.
12 Horst Ruthrof, The Reader’s Construction of Narrative. Londres: Routledge, 1981,
p. 123.
13 David Crystal eDerek Davy, Investigating English Style. Londres: Longman, 1969,
pp. 15-19; Geoffrey LeecheMichael Short, Style in Fiction. Londres: Longman, 1981, pp.
75-82.
14 M. Cummings eR. Simmons, The Language of Literature. Londres: Pergamon, 1983,
p. 218.
15 R. Fowler, op. cit., p. 28.
16 Eleanor Cameron, The Green and Burning Tree. Boston: Atlantic, Little, Brown, 1969,
p. 87.
17 JoanAiken, “Purely for Love”, inVirginia Haviland (ed.), Children and Literature,
Views and Reviews. Londres: Bodley Head, 1973, p. 148.
18 E. B. White, “OnWriting for Children”, inid., ibid., p. 140.
19 JaniceDohm, “OnEnid Blyton”, inBoris Ford (ed.). Young Writers, Young Readers.
Londres: Hutchinson, 1963, p. 99.
20 Ver Carol Chomsky, The Acquisition of Language in Children from 5 to 10. Boston:
mit Press, 1969; David McNeill, The Acquisition of Language. Nova York: Harper and
Rowe, 1970.
21 David Holbrook, The Secret Places. Londres: Methuen, 1964; id., The Exploring
World. Cambridge: CambridgeUniversity Press, 1967.
22 Geoffrey Summerfield, Topics in Education for the Secondary School. Londres:
Batsford, 1965, pp. 16-17.
23 Enid Blyton, Tricky the Goblin. Londres: Macmillan, 1950, pp. 138-39.
24 J. Dohm, op. cit., p. 100. Ver tambémSheila Ray, The Blyton Pheonomenon. Londres:
AndreDeutsch, 1982, pp. 111-31.
25 C. S. Lewis, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa [1948], ils. PaulineBaynes, trad.
Paulo Mendes Campos. São Paulo: Martins Fontes, 1997, pp. 20-1.
26 T. Eagleton, op. cit., p. 178.
27 WayneBooth, The Rhetoric of Fiction. Chicago: University of Chicago Press, 1961, pp.
2 ss.; ShlomithRimmon-Kenan, Narrative Fiction: Contemporary Poetics. Londres:
Methuen, 1983, pp. 106-08.
28 Ver Seymour Chatman, “TheStructureof NarrativeTransmission”, inR. Fowler, op.
cit., 1975, p. 230; R. Fowler, Linguistics and the Novel. Londres: Methuen, 1977, pp. 102
ss.; Helmut Bonheim, The Narrative Modes: Techniques of the Short Story. Cambridge:
D. S. Brewer, 1982, p. 51; S. Rimmon-Kenan, op. cit., pp. 108-16; David Young, “Projection
and Deixis inNarrativeDiscourse”, inNikolas Coupland (ed.), Styles of Discourse.
Beckenham: CroomHelm, 1988, pp. 20-49.
29 G. LeecheM. Short, op. cit., pp. 323-24.
30 S. Rimmon-Kenan, op. cit., pp. 110-11.
31 R. Fowler, op. cit., p. 103.
32 H. Bonheim, op. cit., p. 52.
33 G. LeecheM. Short, op. cit., p. 324.
34 Id., ibid., p. 344-45.
35 CarolynKeene, The Invisible Intruder. Londres: Collins, 1972, pp. 332-33.
36 S. Chatman, Story and Discourse: Narrative Structure in Fiction and Film. Ithaca:
Cornell University Press, 1978, p. 200.
37 Id., ibid., pp. 244-45.
38 JoanG. Robinson, When Marnie Was There. Londres: Collins, 1967, p. 200.
39 AlanGarner, The Stone Book. Londres: Collins, 1976, p. 11.
40 S. Fish, op. cit., p. 267.
CAPÍTULO7
1 C. S. Lewis, “OntheWays of Writing for Children” inOf Other Worlds. Londres:
Geoffrey Bles, 1966.
2 Vladimir Propp, Morfologia do conto maravilhoso. Rio deJaneiro: Forense
Universitária, 2006.
3 Ver Arthur N. Applebee, The Child’s Concept of Story: Ages Two to Seventeen.
Chicago: University of Chicago Press, 1978.
4 Seymour Chatman, Story and Discourse: Narrative Structure in Fiction and Film.
Ithaca: Cornell University Press, 1978, pp. 47-48.
5 JacquelineRose, The Case of Peter Pan, or, the Impossibility of Children’s Fiction.
Londres:Macmillan, 1984, pp. 63-64.
6 S. Chatman, op. cit., pp. 18-19.
7 Ver Ronald Carter eWalter Nash, Discourse Stylistics. Londres: Routledge, 1989.
8 ShlomithRimmon-Kenan, Narrative Fiction: Contemporary Poetics. Londres:
Methuen, 1983, pp. 118-19.
9 Robert L. Caserio, Plot, Story, and the Novel. Princeton: PrincetonUniversity Press,
1979, p. 8.
10 Id., ibid., p. 169.
11 Michael Zeraffa, “TheNovel as Literary Formand as Social Institution”, inTome
ElizabethBurns (eds.), Sociology of Literature and Drama. Harmondsworth: Penguin,
1973, p. 32.
12 JaneP. Tompkins, “AnIntroductionto Reader ResponseCriticism”, inJaneP. Tompkins
(ed.). Reader Response Criticism: From Formalism to Post-Structuralism. Baltimore:
TheJohns Hopkins University Press, 1980, p. XXI.
13 Ver ElspethGrahame(ed.), First Whisper of “The Wind in the Willows”. Londres:
Methuen, 1944.
14 JonathanCuller, “Defining NarrativeUnits”, inRoger Fowler (ed.), Style and
Structure in Literature. Oxford: Blackwer, 1975, pp. 138-41.
15 KennethGrahame, O vento nos salgueiros, ils. Carlos Brito, trad. IvanAngelo. São
Paulo: Salamandra, 2007, pp. 312-13.
16 Michael Stubbs, “Stir Until thePlot Thickens”, inRonald Carter eDeirdreBurton(eds.),
Literary Text and Language Study. Londres: Arnold, 1982, p. 51.
17 Ver Nicholas Tucker, The Child and the Book: a Psychological and Literary
Exploration. Cambridge: CambridgeUniversity Press, 1981, pp. 14-16, 97.
18 A. A. Milne, Toad of Toad Hall. Londres: Methuen, 1940, pp. V-VII.
19 Ver Humphrey Carpenter eMari Pritchard, The Oxford Companion to Children’s
Literature. Oxford: Oxford University Press, 1984, pp. 274-75.
20 K. Grahame, op. cit., p. 95.
21 Id., ibid., p. 74.
22 Ver A. N. Applebee, op. cit., pp. 62-63.
23 Pat Hutchins, O passeio de Rosinha [1968], trad. GianCalvi. São Paulo: Global, 2004.
24 HugheMaureenCrago, Prelude to Literacy: a Preschool Child’s Encounter with
Picture and Story. Urbana: SouthernIllinois University Press, 1983.
25 FlorenceParry Heide, The Shrinking of Treehorn. Nova York: Holiday House, 1971;
Harmondsworth: Kestrel, 1976.
26 S. Fish, Is there a Text in This Class? The Authority of Interpretive Communities.
Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1980, pp. 303-04.
27 J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis [1978], trad. Lenita Maria Rímoli Esteves. São
Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 1092.
28 Id., ibid., p. VX.
29 F. Smith, op. cit., pp. 88-89, 94-96.
30 M. A. K. Halliday eR. Hasan, Cohesion in English. Londres: Longman, 1982.
31 EricS. Rabkin, Narrative Suspense. AnnArbor: University of MichiganPress, 1973, p.
121.
32 Janni Howker, Isaac Campion. Londres: MacRae, 1986, pp. 1-2.
33 E. S. Rabkin, op. cit., p. 47.
34 Id., ibid.
35 Frank Kermode, The Genesis of Secrecy: on the Interpretation of Narrative.
Londres: Harvard University Press, 1979, p. 144.
CAPÍTULO8
1 A. Garner, The Stone Book. Londres: Collins, 1976.
2 AidanChambers, “Aninterview withAlanGarner”, inNancy Chambers (ed.), The Signal
Approach to Children’s Books. Harmondsworth: Kestrel/Penguin, 1980, p. 327.
3 SarahTrimmer, “Observations ontheChanges whichHaveTakenPlaceinBooks for
Childrenand Young Persons” [1802], inLanceSalway (ed.), A Peculiar Gift: Nineteenth
Century Writings on Hooks for Children. Londres: Kestrel/Penguin, 1976, p. 21.
4 Patrick Shannon, “Unconscious Censorship of Social and Political Ideas inChildren’s
Books”, Children’s Literature Association Quarterly, n. 12, v. 2, 1987, p. 105.
5 Id., ibid., p. 139.
6 Robert Leeson, Reading and Righting: the Past, Present, and Future of Fiction for the
Young. Londres: Collins, 1985, p. 170.
7 Nicholas Tucker, The Child and the Book: a Psychological and Literary Exploration.
Cambridge: CambridgeUniversity Press, 1981, p. 20.
8 Terry Eagleton, Teoria da literatura [1983], trad. Waltensir Dutra. São Paulo: Martins
Editora, 1985, p. 194.
9 Bob Dixon, Catching them Young: 1: Sex, Race, and Class in Children’s Books.
Londres: Plenum, 1977, pp. XV, XIV.
10 Jill PatonWalsh, “TheLanguageof Children’s Literature”, Bookquest, n. 8, v. 1, 1985,
p. 9.
11 Nicholas Tucker (ed.), Suitable for Children? Controversies in Children’s Literature.
Londres: Sussex University Press, 1976, p. 11.
12 R. Leeson, op. cit., p. 142.
13 A. Chambers, Booktalk. Londres: Bodley Head, 1985, pp. 14-15.
14 R. Leeson, op. cit., pp. 186-87.
15 Charles Sarland, “FalsePremises”, Signal, n. 37, jan. 1982, pp. 12-13.
16 Walter Ong, Oralidade e cultura escrita [1982]. Campinas: Papirus, 1988.
17 JaquelineRose, The Case of Peter Pan, or, the Impossibility of Children’s Fiction.
Londres: Macmillan, 1984, pp. 1-2.
18 WilliamMoebius, “Introductionto PictureBook Codes”, inWord and Image, n. 2, v. 2
abril-junho, 1986, pp. 141-58, na p. 151.
19 Peter Hollindale, “Ideology and theChildren’s Book”, Signal, n. 55, 1988, pp. 3-22, na
p. 7.
CAPÍTULO9
1 PierreMacherey, Pour une théorie de la production littéraire. Paris: Librairie
François Maspero, 1966.
2 Ver JustinWintleeEmma Fisher, The Pied Pipers. Nova York: PaddingtonPress, 1974;
JonathanCott, Pipers at the Gates of Dawn: the Wisdom of Children’s Literature. Nova
York: RandomHouse, 1983.
3 Julia MacRae, “Amateur Joys”, inNancy Chambers (ed.). The Signal Approach to
Children’s Books. Harmondsworth: Kestrel/Penguin, 1980, p. 100.
4 Ver JaquelineRose, The Case of Peter Pan, or, the Impossibility of Children’s Fiction.
Londres: Macmillan, 1984; Robert Leeson, Reading and Righting; the Past, Present, and
Future of Fiction for the Young. Londres: Collins, 1985.
5 JeanUreapud StephanieNettell, “Escapismor Realism? TheNovels of JeanUre”,
Children’s Books (British Book News Supplement), mar. 1985, pp. 3-4.
6 Heather Dubrow, Genre. Londres: Methuen, 1982, p. 31.
7 JohnGoldthwaite, “Notes ontheChildren’s Book Trade: All is Not Well inTinsel Town”,
inSheila Egoff et al. (eds.), Only Connect. Readings on Children’s Literature. Toronto:
Oxford University Press, 1980, pp. 389-404.
8 ElaineMoss, “TheSeventies inPictureBooks”, inN. Chambers (ed.), op. cit., pp. 56-57.
9 Marshall McLuhanapud JonWinokur, Writers on Writing. Londres: Headline, 1988,
p. 34.
10 MicheleLandsberg, The World of Children’s Books. Londres: Simonand Schuster,
1988.
CAPÍTULO10
1 Celia Berridge, “Taking a Good Look at PictureBooks”, Signal, n. 36, set. 1981, pp. 152-
58, na p. 157.
2 KennethMarantz, “ThePictureBook as Art Object: a Call for Balanced Reviewing”,
Wilson Library Bulletin, out. 1977, pp. 148-51, apud Robert Bator (ed.), Signposts to
Criticism of Children’s Literature. Chicago: AmericanLibrary Association, 1983, p. 155.
3 Philip Pullman, “InvisiblePictures”, Signal, n. 60, set. 1989, pp. 160-86, na p. 171.
4 Id., ibid., p. 172.
5 MargarethMeek, How Texts Teach what Readers Learn. SouthWoodchester:
ThimblePress, 1988, pp. 12-13.
6 Sonia Landes, “PictureBooks as Literature”, Children’s Literature Association
Quarterly, n. 10, v. 2, verão 1985, p. 52.
7 ElaineMoss, “W(h)ither PictureBooks? SomeTricks of theTrade”, Signal, n. 31, jan.
1980, pp. 3-7, na p. 3.
8 Nicholas Tucker, The Child and the Book: a Psychological and Literary Exploration.
Cambridge: CambridgeUniversity Press, 1981, p. 47.
9 BrianAlderson, Sing a Song for Sixpence. Londres: CambridgeUniversity Press/ British
Library, 1986, p. 17.
10 S. Landes, op. cit., p. 51.
11 MauriceSendak apud N. Tucker, op. cit., p. 49.
12 JoanE. Cass, Literature and the Young Child. 2a. ed. Londres: Longman, 1984, p. 5.
13 Id., ibid, p. 7.
14 Id., ibid., p. 11.
15 Frederick Laws, “RandolphCaldecott”. The Saturday Book, n. 16, 1956 apud S. Egoff
et al., op. cit., p. 322.
16 Roger Duvoisin, “Children’s Book Illustration: thePleasures and Problems”, Top of the
News, 1965 apud S. Egoff et al., op. cit., pp. 299-318, na p. 314.
17 RandolphQuirk, The Use of English. Londres: Longman, 1962, pp. 176 ss.; apud
James Muir, A Modern Approach to English Grammar. Londres: Batsford, 1972, p. 1.
18 Ver Margaret Donaldson, Children’s Minds. Londres: Collins, 1978, pp. 100-01.
19 Edward Ardizzone, “Creationof a PictureBook”, Top of the News, 1959 apud S. Egoff
et al., op. cit., p. 290.
20 B. Alderson, op. cit., p. 18.
21 JohnRoweTownsend, Written for Children. Harmondsworth: Penguin, 1983, p. 321.
22 Ray Reardon, “TheArt of IllustrationinChildren’s Literature”, inRhonda Bunbury
(ed.), Children’s Literature: the Whole Story. Victoria: DeakinUniversity, 1980, p. 167.
23 Patricia Cianciolo, Illustrations in Children’s Books. Dubuque, Iowa: WilliamC.
Brown, 1970 apud R. Bunbury (ed.), op. cit., p. 137.
24 JaneDoonan, “TheObject Lesson: Picturebooks of Anthony Browne”, Word and Image,
n. 2, v. 2, abr./jun. 1986, pp. 159-72, na p. 168.
25 C. Berridge, op. cit., p. 156.
26 WilliamMoebius, “Introductionto PictureBook Codes”, inWord and Image, n. 2, v. 2
abril-junho, 1986, pp. 141-58, na p. 147.
27 J. Doonan, op. cit., p. 159.
28 Id., ibid., p. 160.
29 Id., ibid., p. 164.
30 Bettina Hurlimann, Three Centuries of Children’s Books in Europe [BrianAlderson
(ed.)]. Londres: Oxford University Press, 1967, p. 213.
31 Margery Fisher, Intent upon reading. 2a. ed. Leicester: Brockhampton, 1974, p. 21.
32 P. Pullman, op. cit., p. 172.
33 Mary Rayner, Mrs. Pig Gets Cross and Other Stories. Londres: Collins, 1986.
34 J. Doonan, op. cit., p. 169.
35 Perry Nodelman, Words about Pictures. Athens: University of Georgia Press, 1988, p.
viii.
CAPÍTULO11
1 MicheleLandsberg, The World of Children’s Books. Londres: Simonand Schuster,
1988, p. 88. Ver tambémCharles Sarland, “TheSecret Sevenvs theTwits: Cultural Clashor
Cosy Combination?”. Signal, n. 42, set. 1983, pp. 155-71.
2 C. Sarland, op. cit., p. 100.
3 A. Applebee, The Child’s Concept of Story: Ages Two to Seventeen. Chicago:
University of Chicago Press, 1978, p. 53.
4 M. Landsberg, op. cit., p. 88.
5 JonathanCuller, On Deconstruction. Londres: Routledge, 1983, p. 42.
6 Lissa Paul, “Intimations of Imitations: Mimesis, Fractal Geometry, and Children’s
Literature”, Signal, n. 59, maio 1989, p. 181.
7 AnnetteKolodny apud J. Culler, op. cit., p. 51.
8 Perry Nodelman, “‘IThink I’mLearning a Lot’. How Typical ChildrenRead Typical
Books about Typical ChildrenonTypical Subjects”, Proceedings of the 7th Annual
Conference of the Children’s Literature Association. Texas: Baylor University, 1980, p.
148.
9 Barbara Hardy, “Towards a Poetics of Fiction: anApproachThroughNarrative”, inM.
Meek et al., The Cool Web; the Pattern of Children’s Reading. Londres: Bodley Head,
1977, p. 12.
10 D. R. Olsonapud Jeffery Wilkinson, “Children’s Writing: Composing or
Decomposing?”. Nottingham Linguistic Circular, n. 10, v. 1, jun. 1981, p. 73.
11 Id., ibid., pp. 78-79.
12 Howard Gardner apud Paul E. McGeeeAntony Chapman(eds.), Children’s Humour.
Chichester: JohnWiley, 1980, p. 104.
13 Walter Slatoff, With Respect to Readers, apud J. Culler, op. cit., p. 41.
14 Eleanor Grahame(ed.), A Puffin Book of Verse. Harmondsworth: Penguin, 1953,
página do prólogo.
15 Janet AdamSmith(ed.), Faber Book of Children’s Verse. Londres: Faber, 1953, p. 20.
16 L. A. G. Strong apud Michael BentoneGeoff Fox, Teaching Literature, Nine to
Fourteen. Londres: Oxford University Press, 1985, p. 32.
17 J. A. Smith(ed.), op. cit., pp. 20-21.
18 Iona ePeter Opie, Oxford Book of Children’s Verse. Oxford: Oxford University Press,
1973, p. IX.
19 Roger McGough, Strictly Private. Londres: Penguin, 1982, p. 174.
20 CatherineBelsey, “Literature, History, Politics”, apud David Lodge(ed.), Modern
Criticism and Theory, a Reader. Londres: Longman, 1988, pp. 400-10. Ver tambémPeter
Widdowson, Re-reading English. Londres: Methuen, 1982.
21 A. A. Milne, It’s Too Late Now. Londres: Methuen, 1939, p. 238.
22 W. H. Auden, “Today’s ‘Wonder-World’ Needs Alice” inRobert Philips (ed.), Aspects of
Alice. Harmondsworth: Penguin, 1974, p. 7.
CAPÍTULO12
1 AidanChambers, “TheDifferenceof Literature: Writing Now for theFutureof Young
Readers”, Children’s Literature in Education, n. 24, v. 1, 1993, pp. 1-18, nas pp. 13-14.
2 ChristineHall eMartinColes, Children’s Reading Choices. Londres: Routledge, 1999,
pp. 17-55, na p. 15.
3 Derek Meakin, “Breathing ElectronicLifeinto Children’s Classics: the1997 Woodfield
Lecture”, New Review of Children’s Literature and Librarianship, n. 3, 1997, pp. 1-9, na
p. 8.
4 ElaineMillard, Differently Literate: Boys, Girls, and the Schooling of Literacy.
Londres: Falmer Press, 1997.
5 C. Hall eM. Coles, op. cit., p. 6.
6 Margaret Mackey, “Playing inthePhaseSpace”, Signal, n. 88, 1999, pp. 16-33, na p. 30.
7 Carol Fox, At the Very Edge of the Forest: the Influence of Literature on
Storytelling by Children. Londres: Cassell, 1993, p. 69.
8 AnnePellowski, “Cultureand Developing Countries”, inPeter Hunt (ed.), International
Companion Encyclopedia of Children’s Literature. Londres: Routledge, 1996, pp. 662-
75, na p. 670.
9 C. Fox, op. cit., p. 70.
10 N. Woodward, Hypertext and Hypermedia. Wilmslow: Sigma Press, 1983, p. 8; ver
tambémE. Barratt (ed.), The Society of the Text. Cambridge, Mass: mit Press, 1989.
11 Walter Ong, Oralidade e cultura escrita[1982]. Campinas: Papirus, 1998.
12 M. Mackey, op. cit., pp. 24 e27.
13 Eliza Dresang, Radical Change. Books for Youth in a Digital Age. Nova York: H. W.
Wilson, 1999, p. 265.
14 C. Fox, op. cit., p. 198.
Bibliografia
AHLBERG, Janet; AHLBERG, Allan. O carteiro chegou [1986], trad. Eduardo Brandão.
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007.
ARDIZZONE, Edward. Little Tim and the Brave Sea Captain [1936]. Londres: Oxford
University Press, 1955.
BLYTON, Enid. Tricky the Goblin. Londres: Macmillan, 1950.
BREATHED, Berke. Toons for Our Times: Bloom County. Boston: LittleBrown, 1984.
BURNINGHAM, John. Come away from the water, Shirley [1977]. Londres: Cape, 1977.
_________. Granpa. Londres: Cape, 1984.
_________. Time to get out of the bath, Shirley [1978]. Londres: Cape, 1978.
BYARS, Betsy. The Eighteenth Emergency [1971]. Harmondsworth: Puffin(Penguin),
1981.
CARPENTER, Humphrey. Secret Gardens. Londres: Allenand Unwin, 1986.
CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas [1865], ils. Luiz Zerbini, trad. Nicolau
Sevcenko, São Paulo: CosacNaify, 2009.
CHAUCER, Geoffrey. Treatise on the Astrolabe. 1391
COMÊNIO, JohnAmos. Orbis sensualium pictus. Nuremberg, 1658.
DIGBY, Ann. First Term at Trebizon. Londres: Granada, 1980.
DISRAELI, Benjamin. Sybil, or the Two Nations. Harmondsworth: Penguin, 1954.
DUPASQUIER, Phillippe; WALDDELL, Martins. A grande confusão [1981]. São Paulo:
Martins Fontes, 1991.
GARNER, Alan. The Stone Book. Londres: Collins, 1976.
GRAHAME, Eleanor (ed.). A Puffin Book of Verse. Harmondsworth: Penguin, 1953.
GRAHAME, Kenneth. O vento nos salgueiros [1908], ils. Carlos Brit, trad. IvanAngelo.
São Paulo: Salamandra, 2007.
HARNETT, Cynthia. The Woolpack [1951]. Harmondsworth: Penguin, 1981.
HATELY, David (adaptador). The Tale of Peter Rabbit. Loughborough: Ladybird, 1987.
HEIDE, FlorenceParry. The Shrinking of Treehorn. Nova York: Holiday House, 1971.
HOWKER, Janni. Isaac Campion. Londres: MacRae, 1986
HUTCHINS, Pat. O passeio de Rosinha [1968], trad. GianCalvi. São Paulo: Global, 2004.
KEENE, Carolyn. The Invisible Intruder. Londres: Collins, 1972.
LEWIS, C. S. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa [1948], ils. PaulineBaynes, trad.
Paulo Mendes Campos. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
MAGORIAN, Michelle. Goodnight Mr. Tom. Harmondsworth: Penguin, 1983.
MAYNE, William. Ravensgill. Londres: HamishHamilton, 1970.
MCKEE, David. Agora não, Bernardo [1980], trad. Monica Stahel. São Paulo: Martins
Fontes, 1994.
_________. Odeio meu ursinho de pelúcia [1982], trad. Monica Stahel. São Paulo:
Martins Fontes, 1994.
MILNE, A. A. Toad of Toad Hall. Londres: Methuen, 1940.
_________. Winnie Puff [1926], ils. E. H. Shepard, trad. Monica Stahel. São Paulo:
Martins Fontes, 1994.
_________. Winnie Puff constói uma casa [1926], ils. E. H. Shepard, trad. Monica Stahel.
São Paulo: Martins Fontes, 1994.
NESBIT, Edith. Os meninos e o trem de ferro [1906], ils. Rogerio Soud, trad. Maria Luiza
Newlands Silverio. São Paulo: Salamandra, 2007.
_________. The Wouldbegoods. Londres: Fisher Unwin, 1901.
NEWBERY, John. A Little Pretty Pocket-Book. London: Worcester, 1744.
PARK, Ruth. Playing Beatie Bow [1980]. Harmondsworth: Penguin, 1982.
PHILIP, Neil. A Fine Anger. Londres: Collins, 1981.
PIRANI, Felix. Abigail at the Beach, ils. ChristineRoche. Londres: Collins, 1988.
POTTER, Beatrix. Peter Rabbit ABC. Londres: Penguin, 1993.
_________. A história do Pedro Coelho, trad. Leonardo Thierry. Rio deJaneiro: Lótus do
Saber, 2009.
_________. The Tale of Tom Kitten. Londres: Frederick Warne& Co., 1907.
RANSOME, Arthur. Swallows and Amazons. Londres: JonathanCape, 1930.
_________. We Didn’t Mean to Go to Sea. Londres: Cape, 1937.
RAYNER, Mary. Mrs Pig Gets Cross and Other Stories. Londres: Collins, 1986.
_________. Mrs Pig’s Night Out. Londres: Macmillan, 1976.
ROBINSON, JoanG. When Marnie was there. Londres: Collins, 1967.
RUSTIN, Margaret; RUSTIN, Michael. Narratives of Love and Loss. Londres: Verso/New
Left Books, 1987.
SMITH, Janet Adam(ed.). Faber Book of Children’s Verse. Londres: Faber, 1953.
SENDAK, Maurice. Onde vivem os monstros [1963], trad. Heloisa Jahn. São Paulo: Cosac
Naify, 2009.
STERNE, Laurence. A vida e as opiniões de Tristram Shandy [1760-70], trad. JoséPaulo
Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver, trad. ClariceLispector. Rio deJaneiro: Rocco,
2008.
TOLKIEN, J. R. R. O Hobbit [1937], trad. Lenita Maria Rímoli Esteves. São Paulo: Martins
Fontes, 2009.
_________. O Senhor dos Anéis [1978], trad. Lenita Maria Rímoli Esteves. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.
_________. O Senhor dos Anéis: o retorno do Rei [1955], trad. Lenita Maria Rímoli
Esteves. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
TWAIN, Mark. As aventuras de Huckleberry Finn [1885]. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 2005.
_________. As aventuras de Tom Sawyer [1876]. Porto Alegre: L&PM, 2002.
WHEATLEY, Dennis. To the Devil, a Daughter. Londres: Arrow, 1956.
Índice onomástico
A
Abigail at the Beach, 62, 248
ADAMS, Richard, 64
Agora não, Bernardo, 189, 237
AHLBERG, Janet eAllan, 43, 44, 45
ALDERSON, Brian, 50, 236, 242
Alice no País das Maravilhas, 49, 101, 170, 187, 271
ALIGHIERI, Dante, 112
ANDAL, V., 62
ANDERSON, Richard, 147
ANNA(CRAGO), 112-13, 170
APPLEBEE, Arthur N., 177, 256
ARDIZZONE, Edward, 60, 242, 249
ARNOLD, Matthew, 82
ASHLEY, Ralph, 76
Aspectos do romance, 86
AUDEN, W. H., 75, 271
AUSTEN, Jane, 35
B
BALZAC, Honoréde, 180
BARTHES, Roland, 32, 65, 127
BEATLES, The, 54
Bela Adormecida, A, 289
Bela e a Fera, A, 289
BELSEY, Catherine, 268
BENTONet al., Michael, 33, 81
BENTON, Michael, 81, 149, 265
BERRIDGE, Celia, 233, 245
Bíblia, 136, 314
BLAKE, Quentin, 122, 249
Bloom County, 141
BLUME, Judy, 35, 52, 229
BLYTON, Enid, 158, 160, 256, 275
BOOTH, Wayne, 178
BRADBURY, Malcom, 32
Branca de Neve, 289
BRITTON, James, 159
BROWN, Craig, 63
BURNINGHAM, John, 245, 248, 261, 262, 264
BURROUGHS, William, 280
BYARS, Betsy, 121, 123, 128
C
CAMERON, Eleanor, 68
CAMÕES, Luís de, 20
CARPENTER, Humphrey, 255
CARROLL, Lewis, 44, 46, 101, 106
Carteiro chegou, O, 43, 45
CASERIO, Robert L., 179
CASS, Joan, 236, 240
Catching Them Young, 207
Censors in the Classroom: the Mind Benders, 54, 314
CHAMBERS, Aidam, 26, 29, 33, 37, 46, 69, 202-03, 211-12
CHAMBERS, Nancy, 11, 44
CHATMAN, Seymour, 119, 166, 169, 177, 178
CHAUCER, Geoffrey, 96
Child and the Book, The, 91
ChooseYour OwnAdventure, 280
CIANCIOLO, Patricia, 243
CLUYSENAAR, Anne, 156
COLES, Martin, 275, 277
COMÊNIO, 96, 97
Corcunda de Notre Dame, O, 290
CRAGO, Hugh, 30, 33-4, 113, 121, 261
CRAGO, HugheMaureen, 112-13, 188
CROUCH, Marcus, 77
CULLER, Jonathan, 105, 110, 181, 184, 257
CUMMINGS, M., 156
D
DAHL, Roald, 79, 229, 255, 256-57, 275, 280
Developing Response to Fiction, 136
DICKENS, Charles, 46, 49, 77, 180
DICKINSON, Peter, 90
DISNEY, Walt, 289
DISRAELI, Benjamin, 67
DIXON, Bob, 207
DOHM, Janice, 158, 161
DOONAN, Jane, 243, 245, 246, 249
DREW, Nancy, 167
DUBROW, Heather, 223
DUPASQUIER, Phillipe, 249-50
DUVOISIN, Roger, 241
E
EAGLETON, Terry, 88, 153, 154, 165, 207, 212, 213
EGOFF, Sheila, 76
Eighteenth Emergency, The, 121, 128, 129
ELIOT, George, 77
ELLIS, Alec, 64, 86
ELLIS, JohnM., 86
English Magazine, The, 212
“Estudos Harry Potter”, 14
EYRE, Frank, 65
F
Faber Book of Children’s Verse, 263
Fantástica fábrica de chocolate, A, 280
FELPERIN, Howard, 148
Fine Anger, A, 46
First Term at Trebizon, 129
FISH, Stanley, 116, 156, 172, 190
FISHER, Margery, 247
FORSTER, E. M., 86
FOWLER, Roger, 137, 156, 157, 166
FOX, Carol, 279, 283
FOX, Geoff, 265
G
GARDNER, Howard E., 119
GARNER, Alan, 44, 46, 171, 203
Genesis of Secrecy, The, 200
GENETTE, Gérard, 179
GILDERDALE, Betty, 53
GODDEN, Rumer, 62
GOLDTHWAITE, John, 224
Goodnight Mr. Tom, 132
GRAHAME, Eleanor, 263
GRAHAME, Kenneth, 46, 109, 180, 184
Grande confusão, A, 249, 250
Granpa, 245, 248, 263, 264
Guardian, The, 14
H
HALL, Christine, 275, 277
HALLIDAY, M. A. K., 195
HARDING, D. W., 105
HARDY, Barbara, 105, 259
HARDY, Thomas, 46, 49
Harry Potter (série), 43, 64
HASAN, R., 195
HATT, Frank, 149
HEATH, Shirley Brice, 116
HEEKS, Peggy, 47
HEINS, Paul, 95
HIRSCH, E. D., 117, 223
História do Pedro Coelho, A, 54, 56
Hobbit, O, 188
HOLBROOK, David, 158
HOLLINDALE, Peter, 68, 218
HOLT, John, 158
Horn Book, The, 62
How Children Learn, 159
How Texts Teach What Readers Learn, 111
HOWKER, Janni, 139, 144
HURLIMANN, Bettina, 246
HUTCHINS, Pat, 108, 235
I
Innocence and Experience, 222
Invisible Intruder, The, 167
Irrelevance of Children to the Children’s Book Reviewer, The, 50
Isaac Campion, 139, 142, 195, 198
ISER, Wolfgang, 153, 154
J
JAMES, Henry, 82
JAN, Isabelle, 76, 100
JARRELL, Randall, 226
JENKINSON, Edward B., 54
JOYCE, James, 46
KELLY-BYRNE, Diana, 33, 92
KERMODE, Frank, 180, 200
Keywords, 87
KOLODNY, Annette, 258
L
LANDES, Sonia, 234, 236
LANDSBERG, Michele, 226, 229, 256
Language and Learning, 159
Language of Humour, The, 113
Language of Primary School Children, 159
LAWS, Frederick, 241
Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, O, 137, 162
LEAVIS, F. R., 214
LEECH, Geoffrey, 166, 169
LEESON, Robert, 133, 205, 210, 214, 215
LESNIK-OBERSTEIN, Karín, 289
LEWIS, C. S., 75, 85, 86, 108, 137, 162, 163, 164, 177, 233
Little Pretty Pocket-Book, A, 97, 287
LittleTim(série), 242, 249
Little Tim and the Brave Sea Captain, 242
LOFTING, Hugh, 48
LUKENS, Rebecca, 76
M
MACKEY, Margaret, 277
MACRAE, Julia, 222
MAGORIAN, Michelle, 132
MAYNE, William, 44, 68, 69, 100
MCDOWELL, Myles, 98
MCGOUGH, Roger, 267
MCKEE, David, 188, 189, 237, 238
MCLUHAN, Marshall, 227
MEAKIN, Derek, 276
MEEK et al., 115
MEEK, Margaret, 50, 111, 112, 117, 234
Meninos e o trem de ferro, Os, 188
MILNE, A. A., 46, 75, 78, 79, 133, 184, 217, 270
MILTON, 83, 89
MOEBIUS, William, 217, 243, 245
MOSS, Anita, 19
MOSS, Elaine, 29, 123, 226
Mrs. Pig’s Night Out, 248
MUIR, James, 241
N
Narrative Suspense, 199
Narratives of Love and Loss, 255
NASH, Walter, 113
National Committee on Racism in Children’s Books, The, 54
NESBIT, Edith, 46, 188
NEWBERY, John, 97, 98, 287
Newsweek, 64
NODELMAN, Perry, 29, 251, 259
O
Odeio meu ursinho de pelúcia, 237, 238, 240
OLSON, D. R., 259
On Deconstruction, 257
On Stories, 85
Onde vivem os monstros, 243, 244
ONG, Walter, 117, 118, 215
Only Connect:
Readings on Children’s Literature, 76
Opie(coleção), 53
OPIE, Iona ePeter, 265
Oralidade e cultura escrita, 117
Orbis sensualium pictus, 96
Ou lá e de volta outra vez, 188
Oxford Book of Children’s Verse, 265
P
PARK, Ruth, 133
PARKER, Dorothy, 270, 271
PAUL, Lissa, 258
Pedro Coelho ver A história do Pedro Coelho
Percepção e experiência, 240
Peter Pan, 290
Peter Rabbit abc, 59
PEYTON, K. M. ver PEYTON, Kathleen
PEYTON, Kathleen, 52
PHILIP, Neil, 46, 100
PIAGET, Jean, 91
PIRANI, Felix, 62, 248
Playing Beatie Bow, 134
Pocahontas, 290
POTTER, Beatrix, 54, 56, 57, 59, 61, 62, 95, 113, 247
Prática da crítica literária, A, 69
Prêmio Hans ChristianAndersen, 44
PRINCE, Gerald, 121
PROPP et al., 279
PROPP, Vladimir, 177
PROTHEROUGH, Robert, 136
PULLMAN, Philip, 44, 46, 233, 247
Q
QUIRK, Randolph, 241
R
RABKIN, EricS., 195, 199, 200
RANSOME, Arthur, 70, 192, 193
Ravensgill, 68, 70
RAYNER, Mary, 248
Reading and Righting, 205
REARDON, Ray, 243
Rei Lear, 213
Retorno do Rei, O, 191
Rhetoric of Fiction, The, 178, 295
RICHARDS, I. A., 69
RIMMON-KENAN, Shlomith, 179
ROBINSON, JoanG., 170
ROMAINE, Suzanne, 118
ROSE, Jacqueline, 30, 131, 177, 217
ROSEN, ConnieeHarold, 159
ROSEN, Harold, 150, 159
RUSTIN, Margaret eMichael, 255
S
SALWAY, Lance, 76
SARLAND, Charles, 214, 256
Secret Gardens, 255
SENDAK, Maurice, 236, 243, 244
Senhor dos Anéis, O, 107, 191
SHAKESPEARE, William, 75, 83, 88, 89, 267
SHANNON, Patrick, 204, 205
SHAVIT, Zohar, 90, 101
SHORT, Michael, 166, 169
SIMMONS, R., 156, 222
SLATOFF, Walter, 260
SMITH, Frank, 34, 104, 138-39, 142, 194
SMITH, James Steele, 76
SMITH, Janet Adam, 263, 265
STERNE, Laurence, 106
Stone Book, The, 171, 172, 203
Strictly Private, 267
STRONG, L. G. A., 265
STUBBS, Gordon, 76
STUBBS, Michael, 109, 182
Suitable for Children?, 209
SULEIMAN, SusanR., 110
SUMMERFIELD, Geoffrey, 159
SWIFT, Jonathan, 228
T
Tale of Tom Kitten, The, 113, 133
TAMBLING, Jeremy, 83
Teoria da literatura, 88
Theory of Literature, 86
Times, 63, 296
TOLKIEN, J. R. R., 92, 188, 191
TOLSTÓI, Liev, 77
Tom Fobble’s Day, 203
TOMPKINS, Jane, 180
Touchstones:
A List of Distinguished Children’s Books, 28
TOWNSEND, JohnRowe, 98, 242, 256
Treatise on the Astrolabe, 96
TRIMMER, Sarah, 203
Tristram Shandy, 106
TUCKER, Nicholas, 77, 91, 209, 236
TWAIN, Mark, 190
U
URE, Jean, 52, 211, 216, 222
V
Vento nos salgueiros, O, 109, 180, 181, 184, 186
VERNON, M. D., 240
Viagens de Gulliver, 228
VYGOTSKY, Lev, 177
W
WALSH, Jill Paton, 77, 208
WARREN, Austin, 86, 178
Watership Down, 64
WATSON, Victor, 46
WATT, Ian, 155
WEATLEY, Dennis, 72
WELLEK, René, 86, 178
What is a Child?, 91
When Marnie Was There, 170, 171
WHITE, E. B., 158
WILDE, Oscar, 46, 90
WILLIAMS, Raymond, 87
Winnie Puff, 99, 101, 133
Winnie Puff constrói uma casa, 270
WOODWARD, Nigel, 279
WOOLF, Virginia, 46
WORDSWORTH, 83
World of Children’s Books, The, 229
Wouldbegoods, The, 188
WRIGHT, Patricia, 78
Writing and the Writer, 138
Z
ZERAFFA, Michael, 180
ZIPE, Jack, 46
Peter Hunt nasceu em1945, na Inglaterra. Éfundador eprofessor emérito deliteratura
infantil da Cardiff University, o primeiro curso do gênero na Grã-Bretanha. Hunt éumdos
críticos mais importantes deliteratura infantil eobtevereconhecimento internacional que
lherenderamos prêmios: International Brothers GrimmAward (Japão) eo Distingued
Scholarship Award (Estados Unidos). Éautor deobras importantes como An Introduction
to Children’s Literature (1994), Children’s Literature: an Illustrated History (1995),
Understanding Children’s Litterature (1999), bemcomo editor dediversos números da
Children’s Litterature: a Blackwell Guide.
Esteéo primeiro livro deHunt traduzido para o português epublicado no Brasil. O
autor atualizou a obra tendo emvista umleitor brasileiro efez tambémalterações no
conteúdo.
Crédito das imagens
pp. 1-11, 17, 25, 41, 45, 56, 73, 78, 99, 103, 122, 125, 151, 163, 175, 189, 193, 201, 219,
231, 235, 238, 244, 247, 250, 253, 262, 273, 285, 326: fotos Nino Andrés
pp. 97: JohannAmos Comênio (1592-1670), sacerdoteeeducador. Obra: Orbis
sensualium pictus, livro-ilustrado emxilogravura, primeira edição prensada em
Nuremberg, 1658.
p. 98: Little Pretty Pocket-Book, JohnNewbery. Doação deElizabethBudd Bentley à
OsborneCollectionof Early Children’s Books, Toronto PublicLibrary.
©CosacNaify, 2010, e-book, 2015
©Peter Hunt, 2010
Aeditora agradeceao professor João Luís Ceccantini pela leitura atenciosa durantea
edição desta obra
ISBN978-85-405-0522-3