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6945: Greenberg, Jay R. Relagoes Objetais na Teoria Psicanaltiea / Jay R. Greenberg ‘Stephen A. Mitchel trad, Emilia de Oliveira Diehl. - Porto Alegre: Artes Médicas, 1994 1. Psicanlse - Relagaes Objtais 1, Mitchell, Stephen A. I, Titulo. cpu 159,964.2 Catalogagée na publicagéo: Ménica Ballejo Canto - CRB N? 10/1023 138 lay R. Greenberg and Stephen A. Mitchell 7 D.W. Winnicott e Harry Guntrip I ney and anater we compromise tiny steps ui, we cameo realte perhaps oth ashok we | {te stancing on en ground To make such ducer, and retrace our ps, fesse nto bs ‘ial uot ap in Stain an sion of rahteling is hand encugh oat es ese K Farber, Sobre 0 Cine visdo ampla e nova da experiéncia e das dificuldades hummanas: Klein, na sua gradual redefinicao eno reenfoque da teoria freudiana; Fairbairn, na sua dramética refutacao do trabalho de Froud. Winnicott e Guntip, em contraste, estavam preocupados com queslées singulares. Ambos declararam a sua lealdale & tradig6es anteriores: para Winnicott, sua pr6pria mistura pessoal do pensamento | freudiano e Kleiniano; para Gunirip,ateotia das relagées abjetais recentemente criada or Fairbaim. Noentanto, cadawmachouqueatadigaoqueemuloutinhaomitidouma rea entcial de preocupacdo e tentou corrigit aquela omissao. Winnicott e Guntrip apresentam assuas proprias contibuicdes como circunscitas ¢ limitadas, meras emendas de tradicdes tedricas anteriores, As formulagoes de Winnicott quanto & emenéncia do self, no entanto, fomecem um fundamento paraa | {eoriadesenvolvimentalradicalmenteclferente daqueledeseuspredecessoresfroudlianos | e Mleinianos. As formulagoes de Guntrip quanto a regressao do ego conduzem a teoria, de relagoes objetais de Fairbaim numa ditecao que diverge de algumas de suas remiss mais basicas. | 7 lein e Fairbaim foram construtores de sistemas. Cada um constituiu uma | D. W. Winnicott Winnicott, um colaborador extremamente inovadore influente para o desenvol vvimento da teotiae pratica psicanaltica, fomeceu um relato completo, sutile muitas ‘vezes poderosamente poético do desenvolvimento do self a partir da sua matiz 1 Be,ua forma ou de otra austamosnes em pequenos posses a que chegunasa compreendir —tlee com | lum chonue ~ que eam em terreno desconhesda. Para fone tis deseobeta e Teer noscs pos, ‘sence mo estamos obsiradamentedeterminadas «sutra suseo de cota terdade Fee © Safle sem io Lee K Fate, Sobre oCuime | Rolagies Objetais na Teoria Psicanalitca 39 zelacional. A forma e a maneira do seu trabalho paralisam algumas de suas preocupa- 60s temstcascentrais de duas minoriassurpreensdentes. Pmeiro, aprosade Winnicot. fem uma qualidade elusiva. Quase todos os seus trabalhos foram apresentados criginalmente como palestras e seu estilo reflete uma informalidade mais adequada & palavra falada do que & escita, Cada um & curto, com observagées clnicas as vezes brilhantes, alinhadas frouxamente com vigorosas formulagées tedricas quase ‘epigramaticas. Os temas centais sao geralmente apresentados na forma de paradoxos ‘evocativos que seduzem jocosamente o leitor. Os argumentos s80 mais discursive do ‘queraciocinados finniemente; Winnicoitseque as uasapresentacoesonde elasolevam. Deviclo a este artifcio, Masud Khan, seu editor e maior disefpulo, adequadamente ‘aracterizou o seu estilo como “enigmatico” ‘Um segundo trago surpreendente da apresentacao de Winnicott é a sua curiosa ‘maneita de se localizar com relacio a tradicéo psicanaltica. Winnicott alega grande Jealdade para com seus antecessores tebricos, principalmente Freud e, em menor grat, Klein, Apresenta suas prdprias contibuiges como uma continuagao do trabalho deles ‘que descreve com reveréncia, Na ralidade, o impeto central de uma crtica um tanto severa por Winnicott e Khan (1953) do trabalho de Fainbaimn é uma extca da rejeicéo deste ikimoas formulagoes metapsicolégicasde Freud. Noentanto, Winnicottconserva a tradicdo de uma maneira curiosa, em grande parte distorcendo-a, Asuainterpretacio dos onceitosfreudianos¢ Kleinianos tao idiossinersicae tio pouco representative da formulagsoe inengao originals deles a ponto de tomévlas,svezes, imeconhecives. Ele reconta a histéria das idéias psicanaltcas nao tanto como se desenvolveu, mas como ele gostaria que tvesse sido, reeserevendo Freud para toré-lo um predecessor mais claro e mais facil da propria visao de Winnicot. Esta tencéncia de absorverereelaborar os conceitos dos outrosestarefletda na descricao de Khan daimpacincia ce Winnicott, comaleitura: “Naoadianla me pedir paraler algo, Masud! Seme entedia, pegonosono 'no meio da primeira pagina, e se me interessa comego a reeserevé-o ao fim daquela pagina” (1975, p. XVI}, Harold Bloom (1973) sugeriu que todo grande poetadentro da tradigio ocidental distorce a visio dos seus predecessores famosos para dar lugar & sua pr6pria visdo pessoal. Amaneira de Winnicott de posicionar suas peopriascontibuicoes inovadorase importantes vis--vis a radicéo psicanalitica sugere ur processo maisclo ‘que qualquer dos outros teéricos considerados neste volume. Ele poderia estar ddescrevendo sua prépria abordagem da tradicao psicanalitica quando di: “Os adultos maduros razem vitalidade aquilo que é antigo, velho e ortodoxo, recriando-odepois de destrutto” (1965b, p. 94) Estas caracteristicas fommais dos escritos de Winnicott — 0 seu modo elusive de apresentagao @ a sua absorcio, com transformacéo dos antecessores te6ricos — paralelisam 0 seu interesse temético central: a dialética delicada e complexa entre contato ediferenciacio, Quase todasassuascontribuigéeslocalzam-seemtomodoque descreve como a luta continuamente amiscada do self por uma existéncia individuada ‘queao mesmo tempo permita contato intimo com outros. A descricao de Winnicott do seffsaudvel descansa sobre um dos seus muitos paradloxos — através da separacao, nada se perce, mas, 20 conttio, algo se ganha e é conservado: “Este éo lugar que me determinei a examinar, a separagio que nao é uma separagio, mas uma forma de uniao” (1971, p.115; fosno original). Alcancareste estado nao 6, de maneiraalgurna, facil, o desenvolvimento do self ests rodeado de perigos. Como a erianga descobre-se dentro dos cuidaclos de sua mae sem se perder para ela? Como pode a crianga diferenciar-see ainda reter os recursos matemos? Como podemos nos comunicar sem semos esvaziados, ser vistos sem que se apoderem de nés, ser tocados sem sermos explorados? Como podennos preservar uma esséncia pessoal sem ficarmos isolados?

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