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Responsabilidade Social Empresarial

e Empresa Sustentável

José Carlos Barbieri


Capa
da Obra
Jorge Emanuel Reis Cajazeira

|2009|
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da Obra

Responsabilidade Social Empresarial e


Empresa Sustentável
José Carlos Barbieri
É professor do Departamento de Administração da Produção e
Operações da FGV-EAESP desde 1992. Graduado em Administração Pública
pela FGV-EAESP em 1979, concluiu o mestrado e doutorado em
Administração nesta instituição em 1983 e 1992, respectivamente.
Foi professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Como
pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo,
desenvolveu atividades nas áreas de propriedade industrial e transferência
de tecnologia. É fundador e atual coordenador do Centro de Estudos de
Administração e do Meio Ambiente na FGV-EAESP (CEAMA).
Atua nessas áreas como professor convidado em diversas instituições de
ensino e pesquisa, como no programa de mestrado da UNIFECAP.
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Responsabilidade Social Empresarial e


Empresa Sustentável

Jorge Emanuel Reis Cajazeira

Engenheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia, mestre e


doutor pela FGV-EAESP. Executivo da área de competitividade da Suzano
Papel e Celulose. Eleito pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro
executivos mais inovadores do Brasil.
Em 2004 foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê
internacional da ISSO, o Working Group on Social Responsibility (ISSO
26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional de
Qualidade.
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Responsabilidade Social Empresarial e


Empresa Sustentável

O livro traz informações sobre o conceito da


responsabilidade social empresarial e ferramentas que
permitem planejar, implementar e avaliar a gestão socialmente
responsável. Apresenta a complexidade da responsabilidade
social sem cair na superficialidade, abordando temas como
ética e desenvolvimento sustentável. Traz, ainda, aplicações
práticas e instrumentos gerenciais.
Introdução
Introdução
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É inegável a importância da responsabilidade social na


atualidade, tanto que existe um verdadeiro movimento
mundial em torno do tema.

Prova disso são as inúmeras iniciativas promovidas por


empresas, entidades empresariais, instituições de ensino,
governos, ONGs e órgãos vinculados à ONU.

Vale mencionar a construção de uma norma de


responsabilidade social pela International Organization for
Standardization (ISO), a entidade de normalização mais
importante da atualidade.
Introdução
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Responsabilidade é um substantivo, derivado da palavra


responder, originado do verbo latino respondeo, des, ere, que
significa produzir efeito, satisfazer, justificar, pagar,
comprometer-se da sua parte e prometer, entre outras
acepções.

Em termos gerais, a responsabilidade de um agente


refere-se à obrigação de responder pelas conseqüências
previsíveis das sua ações em virtude de leis, contratos,
normas de grupos sociais ou de sua convicção íntima.

Em administração, é comum encontrar a palavra


responsabilidade designando a condição de quem responde
pelo seu desempenho no exercício de um cargo, de uma
função ou de um poder investido.
Introdução
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da Obra

A responsabilidade das organizações, em especial das


empresariais, não é um assunto pacificado, a não ser o
reconhecimento da sua importância.

Esse é um tema importante para diversas áreas do


conhecimento, como Direito, Economia, Sociologia, Ciência
Política, Ética e Administração.
Capítulo I

Enfoques Teóricos
Capítulo I
Enfoques Teóricos
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da Obra

Debates em torno da responsabilidade social das


empresas ocorrem desde que elas começaram a surgir, no
início da Era Moderna, mas só recentemente passaram a ter
um destaque sem precedente.

Muito do que se faz e se pensa sobre esse tema se deve a


uma infinidade de trabalhos acadêmicos de longa data, porém
a partir da década de 1970 eles passam a ser produzidos com
maior freqüência.

Empresários bem sucedidos como Henry Ford e Andrew


Carnegie, também contribuíram para popularizar o assunto.
Capítulo I
Enfoques Teóricos
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Teoria do Acionista

Na opinião de Archie B. Carroll, apesar de inúmeros


trabalhos publicados desde as primeiras décadas do século
passado, foi a partir de um texto de Milton Friedman, de
1962, que o debate sobre a Responsabilidade Social
Empresarial realmente decolou.

Ao acusar a doutrina da responsabilidade social de


subversiva, gerou uma polêmica que chegou aos dias atuais
com muita vitalidade.
Capítulo I
Enfoques Teóricos
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Teoria do Acionista

As idéias de Friedman sobre esse tema ganharam mais


notoriedade no meio empresarial com um pequeno artigo
publicado no The New York Times, no qual afirma de modo
categórico que a responsabilidade social da empresa é gerar
lucros dentro da lei.

Para esse autor, somente as pessoas possuem


responsabilidades; as corporações, por serem artificiais,
podem ter apenas responsabilidades legais, mas não se pode
dizer que os negócios como um todo têm responsabilidades,
mesmo em sentido vago.
Capítulo I
Enfoques Teóricos
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Teoria do Acionista

A abordagem do acionista, a rigor, só se aplicaria às


sociedades anônimas, as corporations, segundo a terminologia
anglo-saxônica, sendo esse um caso no qual a expressão
Responsabilidade Social Corporativa faria sentido pleno.

É comum associar a origem dessa teoria de


responsabilidade social à obra fundadora da economia
capitalista, A riqueza das nações, de Adam Smith, de 1776,
onde encontra-se a célebre frase, amplamente repetida:

“não é da generosidade do açougueiro, do padeiro, do


verdureiro, do leiteiro que esperamos nosso almoço,
mas porque cada um está atuando em seu próprio
interesse.”
Capítulo I
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Teoria do Acionista

É a idéia da mão invisível do mercado promovendo o


bem-estar coletivo.

As considerações de Smith sobre a ausência de


benevolência do verdureiro e do padeiro, e a descrença na
possibilidade de promover o bem público simulando exercer o
comércio, como manifestadas nas citações mencionadas,
estão coerentes com a sua argumentação de que a riqueza
das nações deriva da divisão do trabalho, cujo limite é dado
pelo tamanho do mercado.
Capítulo I
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Teoria do Acionista

A idéia de que o ser humano se move impulsionado pelo


auto-interesse restringe-se nessa obra de Adam Smith apenas
em relação ao mercado e não à totalidade das motivações
humanas.

Em outra obra, Teoria dos sentimentos morais, Smith


mostra a importância da simpatia, da benevolência e do
interesse pelos outros como fatores fundamentais da coesão
social.
Capítulo I
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Teoria do Acionista

Adam Smith vivia em uma época de empresas individuais,


embora já houvesse muitas grandes empresas para as quais
dedicou um capítulo em A riqueza das nações. Ele não via com
bons olhos essas empresas, não vendo razão de ser com
exceção de poucos setores, como o bancário e o de seguros,
como também não tinha boa impressão de seus dirigentes.

Friedman trata a questão da responsabilidade social no


âmbito das sociedades anônimas, que ele entende como
instrumentos dos acionistas, seus proprietários, de modo que
as doações e contribuições para outras finalidades que não
sejam a de gerar tanto quanto possível constituem uso
impróprio dos recursos da empresa.
Capítulo I
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Teoria do Acionista

A teoria do acionista (stockholder) aproveita-se da obra


de Adam Smith no que se refere ao auto-interesse como
convergente com o interesse da coletividade, e acrescenta os
esforços para resolver os conflitos resultantes do processo de
separação entre a propriedade e a administração nas grandes
empresas.

Berle e Means mostram-se pessimistas quanto à


possibilidade dos indivíduos que as controlam de gerar o
máximo lucro com o mínimo risco para os acionistas.
Capítulo I
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Teoria do Acionista

A responsabilidade social segundo a abordagem do


acionista teve e continua tendo como um de seus pilares a
separação entre a propriedade e a administração nas grandes
empresas, notadamente nas sociedades anônimas.

Um de seus objetivos é minimizar os conflitos entre os


proprietários e os administradores quanto à alocação de
recursos das empresas, tendo em mente a idéia de que estes
são agentes dos proprietários e devem aplicar os recursos da
empresa com vistas a maximizar o retorno sobre o capital
investido.
Capítulo I
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Teoria do Acionista

Os conflitos entre administradores e acionistas foram em


parte solucionados pelas legislações e pelos tribunais que de
alguma forma acataram os argumentos da prevalência dos
interesses desses últimos como uma extensão do direito de
propriedade.
Capítulo I
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Teoria do Acionista

A legislação brasileira não se rendeu totalmente ao


princípio da primazia dos acionistas, e nem poderia fazê-lo,
pelo conceito de função social da propriedade, que passou a
ter status constitucional.

Como diz a Constituição Federal de 1988, a ordem


econômica, fundamentada na valorização do trabalho humano
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, observando os seguintes princípios:

soberania nacional

propriedade privada

(continua)
Capítulo I
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Teoria do Acionista

função social da propriedade

livre concorrência

defesa do consumidor

defesa do meio ambiente

redução das desigualdades regionais

busca do pleno emprego

tratamento favorecido a empresas de pequeno porte


Capítulo I
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Teoria do Acionista

Diante de um clima disseminado de aversão ao


capitalismo, aos lucros e às corporações sem alma, entre
outras opiniões negativas, Friedman admitia que a concessão
de recursos para atividades em benefício de outros que não
sejam os proprietários pode ser considerada e plenamente
justificada em nome do auto-interesse destes.

Um modo de contestar essa teoria é atacando a


convergência do interesse individual com o interesse coletivo,
que é a sua principal coluna de sustentação.

A idéia de que cada um buscando o melhor para si não


gera o melhor resultado para todos tem sido mostrada por
meio do dilema do prisioneiro.
Capítulo I
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Teoria do Acionista

Como se vê, o melhor resultado coletivo seria a


cooperação. Mas como cada um procura o melhor pra si,
confessar é a melhor opção para ambos os prisioneiros.

Em outras palavras, a busca do melhor resultado em


termos individuais não conduziu ao melhor resultado para
ambos.
Capítulo I
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Teoria do Acionista

Axelrod fez simulações com número indefinido de


interações e diversas posturas com o objetivo de verificar
como a cooperação pode emergir entre agentes egoístas sem
uma autoridade central e chegou a resultados encorajadores:
a cooperação não se funda na confiança, mas na duração do
relacionamento entre os agentes.

O oportunismo tende a ser maior quando se trata de uma


única transação ou quando não se vislumbram repetições no
futuro.
Capítulo I
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Teoria do Acionista

Assim como nos jogos com lances repetidos, nas relações


reais entre agentes econômicos a possibilidade de repetir as
transações, ao permitir antever ganhos futuros, estimula
práticas cooperativas, evita o oportunismo e faz da boa
reputação um fator redutor dos custos de transação que
podem ser repassados para ambas as partes.
Capítulo I
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Teoria do Acionista

A teoria do acionista pode ser contestada com mais


propriedade argumentando que maximizar o lucro para o
acionista agindo dentro da lei é insuficiente, pois não atende
às expectativas da sociedade em relação às empresas.

Outra contestação aos argumentos da teoria do acionista


concerne ao fato de que estes não são os únicos interessados
nas empresas, sendo que outras partes interessadas podem
manifestar interesses que não sejam apenas o lucro e os
benefícios econômico-financeiros.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

As preocupações com o bem-estar humano, com o meio


ambiente, com a capacidade de influência das empresas,
principalmente das grandes corporações multinacionais,
trazem novos questionamentos sobre a responsabilidade
social das empresas.

O poder crescente das empresas também contribuiu para


esta nova teoria.

Como observam Berle e Means, a moderna sociedade


anônima acumula um tremendo poder econômico controlado
por poucos, podendo prejudicar ou beneficiar multidões,
afetar distritos inteiros, deslocar as correntes comerciais,
etc...
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

Nas teorias administrativas, a base da contestação da


teoria do acionista tomou grande impulso com as abordagens
de gestão baseadas na visão sistêmica, na medida que
enfatizam o ambiente das empresas e o entende constituído
de diferentes segmentos da sociedade com expectativas e
interesses próprios, de modo que os dirigentes das empresas
deveriam identificá-los para dar respostas adequadas para
lidar com eles.

Esses novos entendimentos sobre a responsabilidade


social das empresas foram acolhidos nos tribunais, atenuando
o princípio da primazia do acionista consagrado até então.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

A expressão stakeholder tornou-se comum nos textos


administrativos brasileiros a partir de meados dos anos 1990.

Stakeholder é alguém que tem direitos em um negócio ou


empresa ou que nela participa ativamente ou está envolvido
de alguma forma.

O uso dessa palavra associado à administração e ao tema


Responsabilidade Social Empresarial expande-se com as obras
de Freeman do início da década de 1980.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

A emergência desse termo nessas áreas deve-se à


constatação de que os interesses dos proprietários não são os
únicos a serem considerados na condução das empresas.

Desse modo, a teoria do stakeholder, das partes


interessadas ou dos participantes da empresa, se contrapõe à
do stockholder ou do acionista.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

Uma definição recorrente de stakeholder é a seguinte:


pessoa ou grupo com interesse na empresa ou que afeta ou é
afetado por ela.

Outra definição: são as pessoas ou grupos que têm, ou


reivindicam, propriedade, direitos ou interesses em uma
empresa e nas atividades presentes, passadas e futuras.

Duas questões problemáticas: o crescimento da lista de


partes interessadas não envolvidas diretamente nas atividades
da empresa e o modo de tratar os interesses que elas
manifestam.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas


Capítulo I
Enfoques Teóricos
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Teoria das Partes Interessadas

Um meio para clarificar a complexidade decorrente da


diversidade das partes interessadas é classificá-las segundo
algum critério. Clarkson considera dois grupos de
stakeholders:

Primários: são os que as empresas não sobreviveriam


sem a sua contínua participação. Se caracterizam por
apresentar um elevado nível de interdependência com
a empresa.

Secundário: são os que influenciam ou afetam as


empresas, ou são influenciados ou afetados por elas,
mas não estão engajados em transações e tampouco
são essenciais para a sobrevivência delas.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

Outro esquema classificatório para efeito de gestão


procura segmentar os grupos de stakeholders segundo suas
influências sobre a estratégia da empresa com base em dois
critérios orientadores: o nível de dependência da empresa em
relação a esses grupos e a dependência desses grupos em
relação a ela.

Verifica-se para cada grupo de stakeholder se ele depende


da empresa e se a empresa depende dele. Assim, tem-se
quatro tipos de stakeholder. Cada tipo corresponde a formas
diferentes de estratégias de influência dos grupos de
stakeholders identificados em relação aos recursos da
empresa e diferentes formas de relacionamento entre eles.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

Um dos maiores problemas decorrentes da expansão das


partes com interesse nas organizações empresariais é que não
há limites para o seu surgimento. E não se trata de identificar
qual grupo será considerado parte interessada.

À princípio, qualquer pessoa ou grupo é parte interessada


na empresa, mesmo que não compre seus produtos, não
trabalhe para ela e não resida em sua área de influência.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

Tem sido freqüente considerar três grandes fases desse


movimento envolvendo três gerações de direitos humanos.

Primeira geração: ligada aos direitos humanos individuais,


como liberdade de pensamento e expressão,
locomoção, associação, etc...

Segunda geração: é a dos direitos humanos sociais, que


se desenvolve com as lutas sociais para garantir
direitos de trabalho, à saúde, à velhice, etc...

Terceira geração: trouxe o direito ao desenvolvimento,


que tem como pressuposto que os direitos individuais
e sociais não se efetivam em situação de pobreza.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

Os direitos humanos, considerando esses três conjuntos


de preocupações trazidas pelas três gerações já comentadas
constituem valores universalizáveis, que devem moldar as
ações de todas as instituições públicas e privadas.

Mas o que isso tem a ver com os stakeholders das


organizações empresariais? Tudo a ver, pois trata-se de um
movimento globalizante que busca a adesão de todos os
humanos de todos os lugares e condições para que participem
dos processos de desenvolvimento e se beneficiem deles.

A rigor, a participação de todos é extensiva aos que ainda


não existem fisicamente, como as gerações futuras e os que
não tem voz própria.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

A inclusão do meio ambiente como stakeholder de uma


organização é controversa. Mesmo que essa tese encontre
receptividade em dada organização, a dificuldade ainda irá
persistir de modo intenso, pois pessoas diferentes vêem o
meio ambiente e suas relações com ele de diferentes modos.

Donaldson e Preston constataram que a teoria do


stakeholder pode ser apresentada e usada de modos distintos,
envolvendo diferentes métodos, tipos de evidências e critérios
de avaliação.
Capítulo I
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Teoria das Partes Interessadas

Um dos três tipos de uso dessa teoria é o


descritivo/empírico.

Outro tipo de uso é de natureza instrumental.

O terceiro tipo de uso, o normativo, visa interpretar as


funções das empresas.

Como adverte Hasnas, a teoria do stakelholder é


frequentemente confundida como que ele denomina teoria
empírica da administração, na qual o sucesso da empresa em
termos financeiros pode ser mais facilmente alcançado
atendendo aos interesses dos acionistas, fornecedores, etc...
Capítulo I
Enfoques Teóricos
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Teoria das Partes Interessadas

Para não cair em prática embalada pela teoria empírica,


as partes interessadas não poderiam ser tratadas como meios
para alcançar objetivos para a empresa, seus proprietários e
dirigentes.

A sobrevivência da companhia no longo prazo seria obtida


mediante o atendimento balanceado das expectativas das
múltiplas partes interessadas, sendo os proprietários apenas
uma delas.

Diante de tantas críticas a essa teoria segundo essa


abordagem, Freeman a defende procurando mostrar que ela
não deve ser entendida de forma instrumental.
Capítulo I
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Teoria do Contrato Social

A teoria do contrato social aplicada à Responsabilidade


Social Empresarial é recente, mas seus precursores vêm de
longa data.

A teoria contratualista clássica considera que a sociedade


e o governo têm suas origens em um contrato hipotético entre
os indivíduos, o que permite a passagem de um estado de
natureza para um estado de direito.

Estado de natureza é uma ficção construída para indicar


uma situação anterior ao contrato, não correspondendo a
nenhum período de tempo histórico ou pré-histórico.
Capítulo I
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Teoria do Contrato Social

Há certas leis da natureza, como justiça, eqüidade e


gratidão, que significam fazer aos outros o que queremos que
nos façam, mas que só podem ser respeitadas se for instituído
um poder suficientemente forte.

Outra visão é dada por John Locke (1632-1704), para


quem no estado de natureza há paz, benevolência e liberdade,
vigorando uma lei da natureza que estabelece que ninguém
deve prejudicar a vida, as posses e a liberdade dos demais.

Para que essa lei possa ser observada em benefício de


todos, a sua execução deve ser colocada na mão de todos,
para que cada um tenha poder sobre os outros, mas não um
poder absoluto.
Capítulo I
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da Obra

Teoria do Contrato Social

Entre os nomes mais conhecidos do contratualismo


contemporâneo está John Rawls, autor ligado às ciências
jurídicas, e cuja preocupação básica também é de natureza
política mais ampla e envolve a idéia de um contrato social
hipotético, no qual criam-se as obrigações políticas e as leis.

Mas a questão central de Rawls é a justiça como eqüidade


e como introduzi-la como princípio universal.
Capítulo I
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Teoria do Contrato Social

Rawls formula os princípios da justiça, que são aqueles


que as pessoas racionais escolheriam. Por não
conhecerem as condições particulares em que se
encontram na posição inicial, a atitude racional é a de
serem justas e isentas de favoritismo. São esses
princípios:

1. Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente


sistema total de liberdades básicas iguais;

2. As desigualdades econômicas e sociais devem ser


ordenadas de modo que tragam o maior benefício possível
para os menos favorecidos e sejam vinculadas a cargos e
posições abertos a todos em condições de igualdade
eqüitativa de oportunidades.
Capítulo I
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Teoria do Contrato Social

O primeiro princípio é o da igual liberdade para todos e tem


prioridade sobre o segundo.

Segundo Rawls, todos irão escolher esses princípios: o da


liberdade porque permite defender melhor o interesse de
cada um.

Quanto ao segundo princípio, a distribuição de renda, riqueza


e posições de autoridade e responsabilidade devem ser
consistentes com as liberdades básicas e com a igualdade
de oportunidades.

Um exemplo do próprio Rawls para estereótipos é o problema


relativo à justiça entre gerações,.
Capítulo I
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Teoria do Contrato Social

Os problemas relativos aos interesses das gerações


futuras são centrais para o movimento do desenvolvimento
sustentável, que é um dos pilares da nova ética planetária.

As preocupações dos contratualistas clássicos e


contemporâneos centram sua atenção nas instituições, no
poder político da sociedade como um todo e na relação com
os seus membros.

Com isso, trouxeram esclarecimentos sobre as


responsabilidades de cada um e dos governantes decorrentes
dessas relações, bem como das relações que ocorrem no
âmbito das empresas.
Capítulo I
Enfoques Teóricos
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Teoria do Contrato Social

Em reconstrução histórica sobre essa abordagem, no


âmbito da Responsabilidade Social Empresarial, Dunfee e
Donaldson mostram que a sua evolução em grande parte se
deu pelas dificuldades da teoria do stakeholder, algumas
comentadas anteriormente.

Na opinião desses autores, as teorias gerais sobre ética


não provêem respostas adequadas para essas questões.
Assim, uma abordagem teórica baseada na teoria contratual
política foi se desenvolvendo como alternativa válida para dar
respostas a questões desse tipo.
Capítulo I
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Teoria do Contrato Social

O ponto central da teoria do contrato social está no fato


de que compreenderemos melhor as obrigações das
instituições sociais fundamentais, se entendermos o que
implica um pacto ou contrato justo entre estas instituições e a
sociedade, ou entre as diferentes comunidades que integram
tais instituições.

Como em qualquer outra teoria, a do contrato social


também tem recebido críticas severas e amigáveis. Um
balanço sobre as questões não resolvidas essa teoria relaciona
várias delas.
Capítulo I
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Teoria do Contrato Social

A relação entre a teoria do contrato social nos negócios e


a do stakeholder é outra questão a ser equacionada. Há
muitos problemas com essa teoria.

Concluindo, as três teorias apresentadas constituem


fontes de idéias para a prática da responsabilidade social das
empresas, bem como para a proposição de modelos gerais de
gestão da responsabilidade social das empresas, assuntos que
serão mostrados oportunamente.

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