Você está na página 1de 290

240

new hope
Para as minhas grandes irmãs, Kim e Deb.
Eu cresci desejando as estrelas.

Meu pai me ensinou a acreditar... No destino, em magia, em felizes para


sempre. Os sonhos eram a minha escritura e o céu estrelado era meu templo.
Então mamãe deixou de acreditar, deixou-o, e levou-nos com ela. Na idade de
dezesseis anos, creditei meus sonhos para pagar o aluguel, penhorei o meu
destino para manter as minhas irmãs unidas.

Agora, sete anos mais tarde, estou retornando para casa, de luto pela
morte de minha mãe, minhas irmãs e eu voltando para a vida que mamãe jogou
fora. Eu nunca quis ficar. Eu não quero lidar com o meu pai, que é tão investido
no mundo espiritual que se esquece do físico. Eu não quero enfrentar William
Bailey, cujos olhos me fazem lembrar a menina que eu era, as coisas que eu fiz e
o futuro que eu perdi.

Isso tudo seria mais fácil se Will me odiasse. Eu tenho que tomar cuidado
com meus segredos para que não me machuquem mais do que já me machucou.
Mas ele quer estar na minha vida. Ele quer o que eu não posso confessar, que
me vendi. Ele me quer.

Encontro-me olhando para minhas estrelas novamente... Perguntando-


me se posso ousar mais um desejo.
Sete anos atrás

CALLY INCLINA o rosto para o céu da noite sem estrelas, como a espera
de seu beijo. — Eu não posso ver as estrelas — Ela aperta os olhos, tentando
fazer isso através das nuvens de tempestade grossa que paira sobre nós.

Eu viro o seu rosto para o meu e trilho beijos suaves abaixo da orelha e ao
longo do seu maxilar, até que ela relaxa em meus braços. — Nós não precisamos
delas hoje à noite — Eu prometo, mas eu sei que é verdade apenas para mim.
Cally sempre precisou da reafirmação de desejos e destinos - um subproduto de
uma combinação de vida em uma casa de merda e um estranho pai perdedor.
Hoje ela precisa de tudo isso, mais do que nunca.

— Ela está sendo tão egoísta, levando-nos longe de nossa vida aqui.
Levando-me para longe de você.

Nós tivemos essa conversa uma centena de vezes desde que sua mãe
anunciou sua mudança no mês passado. Eu sei onde ela está indo com isso, e
não vou deixá-la ir lá. Hoje não. — Não desista de nós — Minha voz é dura e
tenho que me concentrar em não segurá-la com muita força, mas eu já a sinto se
esvaindo. — Ela pode fazer você mudar, mas não pode levá-la para longe de
mim. Você é minha. Em New Hope, em Nevada, em Timbuktu, você será minha
para sempre.

Rolando sobre ela, eu me apoio em meus cotovelos e pego seu rosto em


minhas mãos. Esfrego meu polegar sobre a pele pálida do seu maxilar e vejo o
rubor de seu rosto, o tom rosado dos lábios inchados dos meus beijos. Ela coloca
os dedos pelo meu cabelo e me puxa para baixo para que possa me dar beijos ao
longo do meu maxilar.

— Podemos realmente sobreviver a um relacionamento à longa distância?


— Ela sussurra.

— Ele só vai ser longa distância quando estivermos separados. Você


estará de volta para o baile. Nós veremos neste verão.

— Baile de formatura.

Eu corro minha mão até o lado dela e deslizo na parte inferior do seu seio
com o polegar. — Baile de formatura. Assim como nós planejamos. Então,
quando a escola começar, você pode me visitar no dormitório.

— Você merece o melhor — Diz ela.

Sob mim, ela abre suas pernas até que meus joelhos deslizam entre elas.
Ela geme em meu pescoço. — Não há nada melhor do que você — Eu passo a
minha língua contra sua orelha.

Quando eu recuo, lágrimas brilham nos olhos dela. — Eu não quero


esperar pela noite do baile. Eu estou pronta agora.

Durante um ano, nós estivemos juntos e não fizemos sexo porque Cally
não estava pronta. Ela temia que transar muito jovem iria deixá-la como sua
mãe. Mesmo que o medo não fosse inteiramente racional, eu entendi. — Tem
certeza?

Ela se movimenta debaixo de mim e envolve as pernas ao redor da minha


cintura, somente nossas roupas estão entre nós. Adrenalina e excitação
bombeiam em mim com a ideia de fazer amor com ela. Em seguida, uma
lágrima rola pelo seu rosto, e eu sei que eu não posso.

— Hoje não — Eu sussurro. — Não enquanto você está tão triste.


Ela levanta os olhos para as nuvens novamente. — Então isso é como um
adeus.

— Não — Eu rosno. O pedido de desculpas em seus olhos parte meu


coração.

— Nós temos que dizer adeus — Ela sussurra. — Vou embora em poucas
horas.

Eu enxugo as lágrimas em seu rosto. — Nós não vamos dizer adeus,


porque isso não é o nosso fim. É apenas o começo.

Ela aperta os olhos fechados e mais lágrimas rolam para o seu cabelo, e
eu não posso fazer nada, além de colocar beijos no rastro que elas deixaram para
trás. Eu odeio como me sinto impotente.

— Se nós não dissermos adeus, então o que podemos dizer?

— Olhe para mim — Eu não falo novamente até que seus grandes olhos
castanhos estão presos nos meus. — Isto não é um adeus.

— Nós não podemos fingir que tudo vai ser o mesmo.

— Olá, Cally.

— William...

— Não precisa ser o mesmo. Eu te amo e estou dizendo a você Olá — Meu
peito arde com este aperto, mas controlo minhas emoções, sabendo que tenho
que me segurar por nós dois. — Olá, Cally.

Ela envolve seus braços em volta de mim e me puxa para ela novamente.
Uma lágrima que não é dela espirra na sua bochecha. Eu enterro meu rosto em
seu pescoço para esconder o meu próprio medo, e ela sussurra: — Olá.
— EM CEM metros, vire à esquerda para a Dreyer Avenue — Meu GPS
instrui.

Ando uns metros para frente, espiando meu para-brisa e observando o


gramado bem cuidado à esquerda por qualquer sinal de uma estrada onde não
há nada além de grama.

— Recalcular — A voz computadorizada me diz. Seu tom sugere


frustração com a minha incapacidade de seguir instruções simples. — Há cem
metros, dar uma meia-volta, em seguida, vire à direita na Dreyer Avenue.

— Não há Dreyer Avenue, porra — Eu bato no meu volante. Esta é a


quinta vez desde que retornei dos enormes campos de milho de Indiana que o
filho da puta tentou transformar em quintal de alguém. Trinta minutos atrás,
ele repetidamente dirigiu-me para a direita no maldito rio. Ainda bem que eu
decidi largar as meninas no hotel quando chegamos à cidade, para que não
vejam a sua irmã mais velha sendo homicida de um dispositivo eletrônico.

Segurando o volante com força desnecessária, eu encosto o carro e o


coloco no parque1. Meu peito está apertado e meus olhos ardem com lágrimas

1 Posição da marcha em câmbio automático, como o ponto morto em carros de câmbios manuais.
que eu jurei que não iria derramar hoje. Eu passei o último mês sem chorar. Eu
não vou chorar agora.
É ruim o suficiente que eu tenha sido reduzida a isso. Ruim o suficiente
que tenho que confiar no meu pai distante. Ruim o suficiente que eu tenho que
acompanhar sua bunda hippie, já que ele é malditamente paranoico para
carregar um telefone celular. Mas aqui estou eu.

— Você não deveria odiá-lo tanto — Minha mãe disse-me há seis meses.
— Ele não teve uma vida fácil.

— Eu não o odeio. Eu sou ambivalente.

Mas isso foi antes da mamãe ter "ataque cardíaco" (código para overdose
de drogas que podem ou não enganar minhas irmãs). Isso foi antes do funeral e
do luto e das contas. Isso foi antes da minha vida se desintegrar ao meu redor,
como se fosse construído de nada além de poeira.

Estou exausta, uma irmã me odeia e a outra não está falando, e minha
bunda está doendo de ficar presa no carro.

Ar fresco. Isso é tudo que preciso. Então vou seguir a estrada em direção
a rodovia e pedir ajuda a um atendente do posto de gasolina.

Eu destranco e saio para a rua pavimentada. Deus, é bom me esticar.

Eu não consigo entender como tudo é verde. É como se eu tivesse


esquecido que a cor pode existir na natureza. O cheiro da grama cortada é quase
tão rejuvenescedor como uma sólida noite de sono para o meu estado de
espírito. O ar é quente e pegajoso e as crianças estão jogando o regador em um
gramado da frente pela rua.

Lembro-me de fazer isso quando criança. Antes da mudança. Antes do


fim do mundo como conhecíamos. É tarde demais para dar as minhas irmãs
uma chance de ter uma infância?

A dúvida se aloja como um caroço na minha garganta encharcada.

— Posso ajudar?

Eu ergo minha cabeça, assustada. — Não, eu estou bem. Eu... — Os meus


olhos se conectam com o dono da voz e eu perco minha capacidade de fala.
— Puta merda — O Adônis do meu passado estreita os olhos. — Cally?

O som do meu nome em sua língua me impulsiona de volta no tempo, e


de repente eu tenho dezesseis anos de novo, os lençóis de algodão fresco
deslizando contra a minha pele enquanto as pontas dos dedos traçam a linha do
meu maxilar, o oco do meu pescoço, a curva do meu quadril. Eu tenho dezesseis
anos novamente e estou lambendo vinho doce de morango dos seus lábios.

O tempo foi gentil com William Bailey. Com o peito nu e brilhando de


suor, ele tem um iPod preso ao redor de seus bíceps grossos e uma camiseta
dobrada para o lado de seu short de corrida. Ele está maior do que era aos
dezoito anos, mais construído, que está dizendo algo desde que ele era jogador
estrela de futebol da então New Hope High School. Meu olhar flutua ao sul, mas
se agarrou na onda de seu abdômen e a trilha de pelo loiro desaparecendo em
seu shorts.

Puta que pariu.

O som dele limpando a garganta puxa meus olhos de volta ao encontro


dele.

— Olhe para você. Você cresceu — Ele sorri, e meus joelhos ficam um
pouco fracos. Como eu poderia ter esquecido o efeito do sorriso que este homem
faz para os meus joelhos?

— Eu poderia dizer o mesmo de você — Eu mordo meus lábios.


Esperando que a baba não escape.

Aquele sorriso de dobrar os joelhos fica cada vez maior. Estou frita.

Isto não era o que eu esperava. Não que eu esperava qualquer coisa de
William. Eu esperava passar meus dias na cidade sem vê-lo, mas é claro que
não. Aqui está ele. Mostrando para todo o mundo como ele está realmente feliz
em me ver quando deveria me odiar.

— Você mora aqui? Quero dizer perto... — Merda. Como é que vou
construir uma frase coerente, enquanto fico olhando para o seu peito nu? Sem
contar com as lembranças que estão inundando minha mente com a visão dele.
Eu posso nunca ter feito sexo com ele, mas tenho lembranças suficientes para
fazer tudo rivalizar, até mesmo as fantasias mais criativas.
Deslocar o olhar para aqueles olhos azuis profundos não é melhor. Uma
garota não esquece aqueles olhos lhe observando como se fosse seu dono,
deslizando a mão entre suas pernas pela primeira vez.

Eu estudo o chão e aceno com a mão para indicar o local onde Dreyer
Avenue definitivamente não é. — Eu estou procurando o meu pai.

— Você está no bairro errado — Sua voz é baixa e aguda, deliciosa, que faz
o meu interior tremer.

Quando eu dou uma espiada nele através dos meus cílios, eu o pego
estudando-me com o seu olhar avaliador.

Eu posso imaginar o que ele vê. Nós estivemos na estrada por dois dias,
parando apenas para abastecer e ir ao banheiro. Paramos no Kansas ontem à
noite para que eu pudesse conseguir algumas horas de sono, e então estava de
volta no carro às quatro da manhã para mais um dia cheio.

Eu classificaria como “road trip2 chique”. Minha confortável calça de yoga


preta logo abaixo dos meus joelhos e estou vestindo uma camiseta tão velha
quanto geleia de manteiga de amendoim! O visual completa com chinelo
laranja brilhante e meu cabelo um rabo de cavalo que eu amarrei esta manhã.

Então, você sabe a roupa exata que eu não teria escolhido para estar
vestindo para um encontro com o meu primeiro amor.

Eu me inclino para o meu carro para pegar o pedaço de papel com o


endereço do meu pai e enfio-o na mão de William. — Você pode me ajudar a
encontrar isso?

Ele não olha para o papel, mas franze a testa para mim. — Sério? Você
está perdida? — Ele faz uma pausa. — Em New Hope? — Seu tom sugere como
se eu tivesse me perdido em um saco de papel. Ok, tudo bem, New Hope é muito
pequena, mas eu não tenho vivido aqui em sete anos e mudou muito. As boas
áreas estão todas degradadas agora, as fábricas estão fechadas e as vastas
extensões de terra aberta pelo rio estão desenvolvidas em bairros de luxo com
enormes casas para jovens profissionais urbanos, tão ostensivas que posso
praticamente cheirar suas hipotecas de grandes dimensões.

2road trip – viagem de automóvel por vezes não planejada ou improvisada; Longas viagens de carro
com família, amigos, etc.
— Meu GPS continua tentando me dirigir para o rio.

Isso pelo menos diminuiu a carranca do rosto. — Sim, os sistemas de GPS


não têm funcionado muito bem aqui — Ele esfrega a parte de trás do seu
pescoço, e o movimento mexe os músculos do seu braço e flexiona o ombro.
Entre seus músculos suados e minhas memórias, eu tenho certeza que minha
calcinha se desintegrou.

Eu limpo minha garganta e olho para o asfalto. Quão difícil é colocar uma
camisa? — Se você puder me apontar na direção certa, vou sair daqui. Tenho
certeza que sou a última pessoa que você queria ver hoje.

Seu grunhido me faz olhar para ele de novo. Aqueles olhos azuis, aqueles
cachos loiros. Essa boca. — Cally...

Eu afundo meus dentes em meu lábio inferior quando nossos olhares se


emaranham. Ele dá um passo em minha direção e está tão perto, que tenho que
levantar meu queixo para manter meus olhos nos dele, tenho que enrolar meus
dedos em meus punhos para não tocá-lo. Ele está suado e firme, e tão
malditamente lindo.

Eu espero - para ele me dizer o quão horrível sou pelo que fiz para ele,
para me perguntar por que eu fiz o que fiz. Eu não sei o que eu diria. É difícil
imaginar que, uma vez deixando New Hope - deixando William - parecia ser a
pior coisa que poderia acontecer comigo. Eu estava tão errada.

Mas ele não pergunta e não se afasta de mim. Seu olhar mergulha nos
meus lábios por um breve momento, e a forma como o meu corpo responde a
sua proximidade, mesmo depois de todos esses anos, mesmo depois de... Tudo...
Apenas confirma o que eu suspeitava.

Depois de sete anos. Depois da separação mais idiota da história dos


rompimentos. Depois de quebrar o seu coração e destituir o meu, eu ainda sou
sua.
Cally.

Eu mal posso respirar. Meu cérebro não tem tempo para algo tão trivial
como oxigênio, quando está tão ocupado catalogando suas feições,
memorizando o tom exato dos olhos marrons, guerreando com a raiva e pesar,
que saltaram para a vida como se nunca tivessem me deixado, para começar.

Eu nunca pensei que eu iria vê-la novamente. Eu não acho que queria.

No momento em que me aproximo mais, percebo o meu erro. Estar perto


dela é como um gole de água no deserto para os lábios secos. Isso chicoteia algo
em mim - memórias, luxúria, primeiro amor. Coração partido. Ela inclina os
lábios até os meus, e eu realmente acho que por um minuto ridículo maldito que
eu poderia beijá-la, que eu quero. Que eu iria engolir todo o meu orgulho e
perdoá-la para apenas sentir seu gosto mais uma vez.

Eu dou um passo para trás antes que possa ceder ao impulso, e suas
bochechas chamam para a vida, seu rubor é tão bonito como o resto dela. Essa é
a palavra para ela: amável. Com seu sorriso doce e rabo de cavalo, ela exala
amabilidade.

Exceto sua bunda. Sua bunda eu nem sequer consigo definir de tão
bonita, e essas calças apertadas não fazem nada para esconder suas curvas
suaves e arredondadas. E seus seios. Definitivamente não há nada engraçado na
maneira como sua camiseta se estende por toda a sua plenitude. Ou as pernas
que estendem por milhas. Sem mencionar a estreita faixa de pele exposta entre
a barra da sua camisa até cós de sua calça. Basta olhar para o único centímetro
de pele abaixo do umbigo em que eu praticamente provei o vinho de morango.

Luar. Sua pele quente sob a minha língua. O som do seu gemido com a
minha boca mergulhando mais baixo.

A memória agarra meus sentidos e não me deixará ir.

Foda-se. Eu não posso nem mentir para mim mesmo. Nada sobre ela diz
amável. Tudo nela diz sexo. E minha.

— Direções? — Pergunta. — Para a casa de meu pai?

— Quer que eu a leve lá? Está perto.

Lamento imediatamente a sugestão impulsiva. Eu deveria estar dando-


lhe as direções, colocando-a no carro, e enviando-a de volta para fora da minha
vida. Mas eu quero estar perto dela por um minuto, para provar a mim mesmo
que sou maior do que a merda de rompimento de sete anos atrás.

Ou eu quero provar a mim mesmo que ela é mais do que apenas um


sonho.

Ela está receosa, seu lábio inferior grosso está entre os dentes, porque
obviamente, ela está tentando me torturar. Como posso querê-la tanto quando
eu pensei que a odiava?

— Eu não mordo, Cally.

Ela murmura algo que eu não consigo entender. Parece como "Que pena",
mas eu não posso ter certeza, porque ela está pegando sua bolsa e evitando
meus olhos.

— Vai ficar muito tempo? — Pergunto à medida que começamos a andar.


Minha voz soa também muito esperançosa e eu odeio isso, mas quais são as
chances de que ela iria aparecer aqui de novo, muito menos se encontrar
perdida em frente a minha casa?

Ela está aqui para ver seu pai, eu me lembro. Isso não deve ser surpresa,
mas tanto quanto eu sei, este é o único momento em que ela voltou desde que se
mudou.
— Não. Não muito tempo. Talvez uns dias. Eu... Minha mãe morreu, e eu
preciso levar minhas irmãs para verem o meu pai.

Eu paro de andar e viro-me para encará-la, toda a minha amargura e


aborrecimento caem.

Ela está olhando para o chão, as linhas de preocupação fazendo uma


aparição novamente. Eu pego sua mão e aperto. — Sinto muito — Eu não
pergunto o que aconteceu. Depois de ter perdido meus pais quando eu era
criança, sei o quão rápido essa pergunta fica velha.

— Eu também.

Nós dois sabemos que não há muito mais o que dizer, então, em vez disso
caminhamos. Ela segue-me, e cortamos pelo meu quintal para o caminho
pavimentado em direção ao rio. Eu resisto à tentação de apontar a minha casa,
para mostrar-lhe o quão bem eu fiz para mim mesmo. Seria mais uma mentira,
de qualquer maneira.

— Então, você ainda vive aqui em New Hope? — Ela pergunta em voz
baixa.

— Voltei depois de graduação.

— Alguém mais ficou por aqui?

Eu estreito meus olhos para ela. Será que ela já sabe a minha história
ferrada com a família Thompson ou a pergunta é sincera? — Alguns dos caras da
equipe - Max, Sam, Grant. E todas as garotas Thompson, exceto Krystal. Ela
acabou de se mudar para a Flórida com o namorado no mês passado.

A menção de suas velhas amigas traz um sorriso aos lábios e ilumina seu
rosto, fazendo-a parecer como seu antigo eu. — Lizzy e Hanna estão na cidade?

— Você deveria ir vê-las antes de ir embora. Elas adorariam vê-la.

Ela não responde, mas há algo na maneira como seu rosto muda que me
diz que ela não vai procurá-las. Quem me dera que eu não precisasse muito para
entender o porquê. Cally não queria ir embora quando sua mãe as levou para
longe. Ela não queria deixar seus amigos ou sua família. Não queria deixar a
vida que teve aqui. Ela estava determinada a manter contato com todos nós e
ainda falou sobre voltar aqui para a faculdade. Mas ela não tinha feito isso, e
depois de alguns meses foi quando tudo mudou, e de repente ela não teria nada
a ver com qualquer um de nós. Até comigo.

A cabana de Arlen Fisher está ao longo do rio, simplesmente fora da New


Dreyer Avenue. A estrada original está fechada em favor da criação de um
espaço verde comum para a nova construção. Isso é claro, era o código para
colocar alguma distância entre o antigo bairro violento e o novo, chique.

Quando eu aponto a trilha para a casa de Arlen, ela franze a testa.

— É realmente... pequena.

Seu pai é um homem rude. Simples ao extremo. Sua cabana fica nas
árvores além da zona de inundação. É pequena, sem frescuras e caindo aos
pedaços.

— Você está nervosa?

Ela desacelera seus passos, conscientemente ou não. — Eu só o vi


algumas vezes desde que nos mudamos.

Isso me surpreende. Alguém teria me contado se ela tivesse vindo, já que


não existem exatamente segredos nesta cidade, mas eu teria esperado que o pai
dela fizesse viagens para Nevada para ver todas as três meninas. — Sério?

Ela encolhe os ombros. — Não era o que pretendíamos, mas as coisas


simplesmente nunca funcionaram. Você conhece meu pai. Ele tem outras
prioridades.

Lembro-me, vagamente. O homem gostava de livros e textos religiosos


que estudava. Ele gostava de passar o seu tempo meditando e seu dinheiro era
para visitar médiuns e líderes espirituais. — Isso é uma merda.

— A estrada vai para os dois lados — Diz ela, e eu não sei se ela está
lembrando-se de sua responsabilidade para o relacionamento ou a dele.

— Como é que suas irmãs se sentem em voltar aqui?

Ela se inclina e pega um galho de árvore retorcida. É quando suas pernas


se cruzam fazendo contraste com a pele suave de suas mãos. Eu queria ter a
minha câmera.
— Ele me mandou minhas sapatilhas de balé — Diz ela em voz baixa. —
Depois que ele descobriu sobre a morte da mamãe. Eu nem sabia que ele tinha
essa informação, elas estavam neste pacote - pantufas minúsculas que minha
mãe e eu tínhamos escolhido juntas antes da minha primeira lição — Seus lábios
se curvam em um sorriso. — Eu tinha apenas cinco anos, e me lembro dele me
dizendo: “Se você quer ser uma bailarina, apenas acredite que será” - foi sempre
assim, tão simples para ele.

Uma vez foi tão simples com Cally também. Eu estava atraído por ela
porque esse otimismo irrestrito irradiava dela. Depois de passar meus anos de
adolescência na casa da minha cínica avó, Cally era uma lufada de ar fresco.

Eu olho para a casa. O sol caiu no céu, e a pequena cabana paira


sombriamente à sombra das árvores. — Você está pronta?

— Eu acho que sim.

— Quer que eu espere aqui? — Mais uma vez, eu me surpreendo. Eu devia


estar louco para fugir dela, das lembranças do que ela fez para mim, mas tudo
parece tão sem importância há muito tempo sob o manto dos últimos anos
ruins. E ao lado da notícia da morte de sua mãe, o meu velho ressentimento
parece absolutamente trivial.

Seus ombros caem com sua expiração. Ela está nervosa. — Obrigada.

Ela manobra por entre as árvores e sobe as escadas de madeira íngremes


para a casa. Depois de bater na porta duas vezes, ela vira o ramo em suas mãos,
esperando inquieta, enquanto espero nas árvores. Essa coisa toda faz tudo
parecer mais complicada do que é.

Ela bate de novo, inclinando-se desta vez e espreitando pela janela.

Dois minutos mais tarde, ela desiste e começa a descer as escadas.

— Vocês estão procurando Fisher? — Alguém pergunta a Cally.

Cally olha para cima. — Sim. Você sabe quando estará em casa?

Reconheço Sra. Svenderson do salão de beleza da minha avó. Ela golpeia


para longe uns mosquitos quando se move em nossa direção. — Não sei quando
— Diz ela. — Ele acabou de sair, então imagino que vai ser em alguns dias, pelo
menos. Normalmente é.

Eu observo Cally enquanto ela digere isso. Emoções piscam em todo o seu
rosto - decepção, tristeza, frustração e raiva, fixando-se ao redor do seu queixo e
olhos.

— Obrigada. Eu aprecio por você ter me dito.

— Eu pensei que você fosse boa demais para vir visitar seu velho pai —
Diz a Sra. Svenderson. — O que a trouxe aqui agora?

Cally dá um sorriso educado, mas não responde a pergunta. As mulheres


mais velhas por aqui não fazem rodeios. Elas imaginam que a vida é muito
curta, eu acho, e perguntam o que querem.

— Foi um prazer conhecê-la — Diz Cally, como se a mulher não tivesse se


limitado a insultá-la. — Obrigada por sua ajuda.

Quando ela chega a meu lado, voltamos juntos e fazemos o caminho de


volta ao longo do rio.

— Será que ele sabia que você estava vindo?

— Ele sabia — Mais uma vez, a raiva pisca em seus olhos, e parece
confortável ali, como se Cally estivesse sempre irritada. A garota que eu
conhecia não era assim, mas muita coisa pode mudar em sete anos.

— Você tem um lugar para ficar? Onde estão suas irmãs?

— Deixei-as no pequeno motel da estrada. Eu queria ter certeza que meu


pai estava pronto para nós. Elas tiveram muitas surpresas recentemente.

O motel da estrada? — Espere. O Cheap Sleep?

Ela encolhe os ombros. — Parece certo.

Cally e suas irmãs certamente não estão vivendo bem se isso é onde estão
hospedadas. — Você sabe que as pessoas realmente não dormem lá, certo?

Ela ri. Eu gosto do som disso. Não é o riso feminino que ela costumava
ter, mas também não é cuidadosamente elaborado como a risada de um adulto.
É macia. Doce. Honesta. — Nós vamos ficar bem. É apenas por algumas noites.
Até meu pai voltar para casa e eu possa resolver isso com ele.

Nós caminhamos em silêncio por alguns minutos, os únicos sons da


correnteza do rio e nossos sapatos contra o caminho pavimentado.

— Você mora por aqui? — Ela pergunta. — Ou você está na cidade com
sua avó?

Quando cortamos de volta através do meu quintal para o seu carro, eu


aceno para a minha casa. — Essa é minha casa.

É estranho, vendo isso através dos seus olhos. Tenho orgulho da casa que
construí - um gigante de tijolos de dois andares, com um pátio de laje lindo
atrás - mas quando a vejo olhar, estou quase constrangido com o excesso. Cally e
sua família nunca tiveram muito. Na verdade, elas raramente tinham o
suficiente. E agora estão hospedadas no Cheap Sleep, e seu pai está vivendo
nessa velha cabana em ruínas. Não mudou muito.

Ela força um sorriso. — É linda. Estou muito feliz por você.

Ela se distancia, mas eu agarro sua mão rapidamente.

— Cally.

Ela se vira para mim com aqueles grandes olhos castanhos e lábios
rosados perfeitos.

Há uma centena de razões pelas quais eu não deveria ter nada a ver com
ela, mas tenho dois, talvez três dias antes de ela desaparecer da minha vida
novamente. Talvez para o bem desta vez. Eu não posso lidar com a ideia de ser
este o fim, e eu serei amaldiçoado se a deixarei ficar hospedada naquele motel
de merda. — Por que você e suas irmãs não ficam comigo?

Ela bufa. — Você certamente não tem espaço para nós e para a sua esposa
e seus filhos.

— Não tenho esposa. Não tenho filhos. Só eu e um maldito espaço.

Ela balança a cabeça. — Isto é gentil de sua parte, mas nós vamos ficar
bem. Você já fez mais do que a maioria teria feito — Ela caminha até seu carro,
desliza em seu assento e se afasta sem outro olhar, deixando-me sozinho com as
minhas lembranças de vinho de morango.
VINHO DE MORANGO.

Eu posso praticamente sentir o gosto quando eu dirijo para longe de Will


e de volta para o motel. É o sabor da minha vida antiga. De rebeldia adolescente
e primeiro amor, de noites estreladas na doca atrás do antigo armazém na Main.
William e eu gostávamos de sentar no concreto e beber vinho de morango
roubado da adega de sua avó (uma impressionante coleção de 500 garrafas da
Fazenda de Boone). Observávamos o luar e bebíamos direto da garrafa. Às vezes
nós olhávamos um para o outro. Em noites nubladas, dificilmente poderíamos
ver algo e tínhamos que deixar nossas mãos fazer a vez do olhar - o dedo
deslizando entre meus lábios, meu pescoço, debaixo da camisa.

Foi onde eu disse a ele que o amava pela primeira vez. Onde ele espirrou
vinho no meu estômago e se inclinou para lamber. Foi onde ele desabotoou pela
primeira vez a minha calça e beijou uma trilha pelo meu corpo até que
pressionou a boca - tão lenta, quente e molhada que eu queria morrer - direto
no algodão úmido da minha calcinha. E a noite antes de eu subir no U-Haul3
com minha mãe e duas irmãs pequenas, foi lá no cais que ele me beijou
suavemente, como se eu fosse essa coisa frágil que ele temia que pudesse

3U-Haul – empresa de transporte de mudança e locação de carros.


quebrar. Ele passou sua boca no meu pescoço e segurou meu rosto com as mãos
e sussurrou: — Olá.

Vinho de morango, William Bailey e uma vida muito mais simples.

Quando volto para o motel, a minha irmã de quinze anos de idade, Drew,
está esparramada em uma das duas camas de casal, mexendo em seu iPod e com
fones de ouvido nas orelhas. Ela está usando um top e short de algodão branco
que diz "Você deseja" em toda a parte de trás e mostra mais a sua bunda do que
esconde. Seu cabelo longo e escuro cai sobre a metade do rosto como uma
cortina, escondendo as características que parecem tanto com mamãe.

— Será que você o encontrou? — Ela pergunta, levantando a cabeça e


tirando um fone. — É melhor papai viver em uma casa grande com um spa e
uma cozinheira no local.

Eu bufo. — Ok, Princesa Mimada.

— Este motel é nojento. Tenho certeza que eles estão alugando quartos
por hora aqui, Cally.

Se Extremamente Cadela fosse um esporte, minha irmã Drew passou


treinando no mês passado para ser a campeã do mundo.

Ela está lidando com a perda de mamãe. É algo que eu tenho que me
lembrar, uma e outra vez. Em vez de gastar milhares de dólares numa visita a
um psiquiatra, que nos diria que esta é a sua maneira de lidar com a dor, eu só
preciso aceitá-la. Eu preciso ser paciente até que a minha irmã-mal-
intencionada-mas-muito-mais-suportável volte.

— Ele está fora da cidade — Eu digo. Não há necessidade de dizer a ela


como despreparado o homem está, muito menos para cuidar de suas filhas mais
novas. Eu não consegui ver muito através da pequena janela, mas a visão que
tive da antiga sala de estar me mostrou que não havia muito para ver. Livros,
livros, livros. Nem mesmo a porra de um sofá.

Nós vamos dar um jeito nisso. É um mantra de todos nós que usei nos
últimos e longos sete anos.

— Vai ficar tudo bem — Deus, eu não pareço nem um pouco convincente.
Ainda não tenho certeza sobre a sabedoria de meu plano. Mas o que eu devo
fazer? Movê-las para o meu pequeno apartamento de merda em Las Vegas com
meus três colegas de quarto? Deixar Johnny ensinar Gabby como enrolar um
baseado enquanto Drew comenta o preço aceitável de uma trouxinha de
maconha? Ou pior, implorar para Brandon me aceitar de volta para que ele
possa cuidar de todas nós? Porra nenhuma.

— Mamãe trabalhou sua bunda para nos tirar desta pequena cidade de
merda — Diz Drew.

— Então, nós estamos reescrevendo a história de hoje?

— Você realmente acha que ela gostaria que você nos trouxesse aqui de
volta?

Eu não me incomodo de responder a ela. Estou farta de sua pintar minha


mãe como o mártir que ela não era, cansada de defender a minha decisão de
rastrear o nosso pai, cansada de tentar explicar que não há nenhuma árvore do
dinheiro para colher, a fim de permitir que ela continue a viver a sua vida
antiga.

— Tanto faz — Me dispensando com um revirar de olhos, Drew recoloca o


fone de volta e pega o celular da mesa. Seus dedos voam pela tela, não há dúvida
de que está enviando mensagens a seus amigos de como sou uma cadela
hedionda.

Se maternidade é assim, Deus pode atacar meus ovários inúteis aqui e


agora.

Eu vou em direção a Gabby no canto, sentada em uma cadeira de madeira


surrada e olhando para fora da janela, para o estacionamento abaixo. Ela tem
dez anos, mas nasceu prematura e sua pequena estrutura de bebê caracteriza
que nunca pareceu recuperar o atraso, de modo que ela parece mais jovem do
que é. Ela olha para mim e me dá um sorriso triste, como se pedisse desculpas
por Drew.

Meu coração aperta tão forte e firme, meu peito e pulmões doem. Eu
preciso dessas longas respirações irregulares, de um bom choro e de sono. Cada
momento tem sido cheio desde que a mamãe morreu, e eu não tenho cedido à
tentação desde o funeral. Chorar é um luxo que estou guardando para um
momento privado.
— Que tal pedir uma pizza para o jantar? — Eu forço entusiasmo que não
sinto em minha voz.

— Tivemos pizza no almoço — Drew rola os olhos sem tirar os olhos do


seu telefone.

Ela está certa. Em uma tentativa de aliviar o baixo astral hoje, fiz uma
parada para o almoço no Chuck E. Cheese. Isso falhou miseravelmente.

Ignoro sua objeção - pizza é barato e algo que as duas vão comer e olho
para Gabby. — Pizza e então talvez nós vamos pedir um filme em Pay-Per-View,
o que você diria?

Gabby acena antes de voltar sua atenção para a janela e do


estacionamento abaixo. O que ela está procurando? Ou quem?

A médica disse que não há nada fisicamente errado com Gabby. Ela pode
falar, só está escolhendo não falar - então ela recomendou um terapeuta. Mais
uma vez.

Eu procuro a minha carteira na bolsa e conto o dinheiro, mesmo que eu


já saiba exatamente quanto tenho. Ou, mais precisamente, o quanto eu não
tenho. Eu não esperava que meu pai não estivesse aqui e estou sem dinheiro.
Tudo o que me resta são dois dólares, vinte e cinco cents, algumas moedas, dois
cartões de créditos quase estourados e uma conta bancária limpa pelas despesas
do funeral da mamãe. Pois é, vou precisar do dinheiro do papai para comprar
gasolina quando voltar para casa.

Eu retiro o Visa e pego a agenda de telefone.

Onde diabos está você, pai?


O sol da manhã é quente nas minhas costas enquanto eu bato na porta do
quarto 132 no Cheap Sleep prendendo a respiração.

O que estou fazendo? Cally não quer nada comigo, e está deixando a
cidade em poucos dias. Eu deveria estar chamando Meredith, a neta da melhor
amiga da minha avó desde a infância. Meredith tem tudo para ela - carreira,
família, personalidade. Porra, ela é até mesmo linda, e - enviou-me algumas
mensagens de textos - um pouco sujas na melhor das formas.

Mas eu não estou ligando para Meredith. Eu nem sequer respondi as


mensagens de texto da noite passada - uma promessa criativa do que ela faria
para mim se eu fosse para a casa dela esta noite. Não. Em vez disso estou aqui,
correndo atrás de Cally. Mais uma vez.

Meus pensamentos são paralisados quando ela balança a porta aberta.


Ela está vestida com um short curto, uma camiseta e seu cabelo está amarrado
para trás na base de seu pescoço.

Ela congela quando me vê. — O que você está fazendo aqui?

Eu levanto a caixa na minha mão. — Donuts?

— Oh, graças a Deus! — Diz uma voz atrás de Cally. — Se eu tiver que
comer outro sanduíche de manteiga de amendoim, vou vomitar.

A versão adolescente de Cally aparece ao lado dela na porta e arranca a


caixa da minha mão. Ela tem o cabelo escuro de Cally e está vestida com muito
pouco. Seu shorts curto e sua camiseta revelam mais do que cobrem. Estou
tentado a oferecer-lhe a minha camisa para proteger sua virtude.
— Drew, não seja grossa — Diz Cally.

Eu levanto uma sobrancelha. — Drew? Santa mer... Meleca — Claro, as


irmãs de Cally não seriam as meninas que eram quando foram embora, mas
ainda é um choque. Drew estava na escola quando deixaram a cidade e agora ela
tem seios que derramam fora de sua camiseta.

Drew bufa. — Você pode dizer “merda”. Nós não somos mais bebês.

— Drew! — Cally repreende.

— Gabby! — Drew a chama, ignorando sua irmã mais velha e abrindo a


caixa de donuts. — O namorado de Cally comprou donuts.

— Ele não é meu namorado — Cally diz, agarrando uma rosquinha doce
quadrada da caixa. — Não coma demais. Você vai passar mal.

— Você vai passar mal — Drew imita.

Os olhos de Gabby brilham quando ela olha para o caixa e tira um


croissant de chocolate.

— Você realmente não devia fazer isso — Diz Cally.

A menina olha para mim com os olhos castanhos matadores de sua irmã
mais velha e sorri, e sei que não me arrependo do impulso desta manhã, mesmo
se quisesse.

— Muito bem, mana. Estamos na cidade menos de um dia e você já está


se arrumando — Drew empurra as palmas das mãos para o teto em um gesto de
“agradecimento” — Minha irmã é uma jogadora, cara. Não diga que eu não
avisei.

— Drew! — Diz Cally em torno de um pedaço de donuts. — Sério! —


Pisando na calçada comigo, ela puxa a porta, fechando atrás dela. Ela coloca os
dedos em sua boca enquanto mastiga e engole. — Peço desculpas por Drew. Ela
está apenas à procura de atenção.

— Está tudo bem. Estou feliz que eu poderia salvá-la do horror de outro
lanche de sanduíches de manteiga de amendoim.
Ela sorri para mim, um pedaço açucarado logo abaixo do lábio. — Por que
você está aqui, realmente?

Sem pensar, eu alcanço para afastar o açúcar e o espaço entre nós de


repente pulsa espesso com a consciência.

Sua língua se lança para lamber o lábio e desliza o polegar. — Nós não
podemos fazer isso.

— Por que não? — Eu dou um passo à frente, fechando o pequeno espaço


entre nós, e deslizo os dedos em seus cabelos, então estou colocando o dedo em
seu rosto. É tão fácil tocá-la assim. Talvez seja estúpido. Talvez eu devesse ficar
longe dela. Mas não posso. E não quero. — Saia comigo esta noite, Cally.

— Você sabe que não é uma boa ideia — Ela sussurra.

— Você está indo embora, eu entendo isso. Eu só estou pedindo por uma
noite. Você, eu... — Eu sorrio porque ela já está virando o rosto na palma da
minha mão, já tão inundada pelas memórias como eu estou. — ... E um pouco de
vinho de morango.
EU NÃO deveria sair com William Bailey. Nada de bom pode vir disso.

Eu não sei quantas vezes eu já repeti estas palavras para mim desde que
ele apareceu no nosso quarto de motel esta manhã. Ontem, o vi e passou de zero
para luxurioso em cinco segundos, mas eu culpei a sua condição - suado, sem
camisa, geralmente de dar água na boca em todos os sentidos.

Eu não tinha essa desculpa esta manhã, quando ele apareceu tão
malditamente respeitável de calça cáqui e uma camisa pólo azul, da cor de seus
olhos. Com o maxilar barbeado e os cachos bagunçados ainda úmidos do seu
banho, e cheirava a loção pós-barba e sabão. Minha calcinha não tinha a menor
chance.

Então, eu ainda estou atraída por ele. E ele ainda está atraído por mim.
Mas isso não muda o que eu fiz. E não me encontrar com ele é uma boa ideia.

Isto é o que estou me lembrando uma e outra vez, enquanto empurro o


meu carrinho através da seção de produtos da mercearia. Isto é o que estou
repetindo na minha mente enquanto saboreio uma xícara de café grátis do
supermercado e me pego segurando a bochecha que ele tocou esta manhã.

— Oh meu Deus! Cally Fisher, é você?


Estou ficando cansada dessa reação estúpida aleatória, mas eu coloco um
sorriso falso no lugar e me viro para a voz feminina que fez a pergunta. Assim
que identifico os cachos loiros saltando, meu sorriso se transforma em um
genuíno e eu guincho. — Lizzy — Eu jogo meus braços e corremos uma para a
outra, abraçando como as BFFs que um dia fomos.

Seus braços magros me apertam bem forte e ela grita. — Eu nunca pensei
que iria vê-la novamente! Você desapareceu da porra da face da Terra, menina!

Minha garganta fica grossa e eu engulo as lágrimas inesperadas. Quando


à minha antiga vida aqui estava difícil, eu caí fora da Terra e não por quaisquer
boas razões. — Eu sei. Eu fui péssima.

Lizzy dá passos para trás e balança a cabeça. — Não diga isso. Você foi
viver sua própria vida. Você precisava cortar os laços aqui, a fim de seguir em
frente.

Ela é, provavelmente, a única que viu dessa maneira.

Eu olho em volta da mercearia, examinando os rostos.

— Hanna não está aqui — Explica Lizzy, sabendo que estou procurando
por sua irmã gêmea. — Mas eu não posso esperar para ver a cara dela quando
vir-la. Devemos surpreendê-la totalmente.

— Eu gostaria muito — Mais uma vez, estou engolindo, e há uma


queimadura alarmante atrás dos meus olhos. Eu não deveria ter medo de que as
meninas fossem me responsabilizar pela minha rara e excessivamente breve
comunicação. As meninas Thompson são o melhor tipo de amigas - o tipo que
nunca me fez sentir menos, nunca me obrigou a pagar minhas dívidas, nunca
pediu nada de mim.

Os olhos verdes de Lizzy acendem. — Você vai estar aqui na próxima


semana? Nós teremos uma festa gigante de fim de verão na casa de Asher
Logan. Vai ser fodidamente épica.

Eu engasgo com o café. — Não é aquele Asher Logan, certo?

Ela mexe as sobrancelhas e sorri. — Sim, aquele Asher Logan.

— Ele mora aqui? Em New Hope?


— Ao lado da minha mãe — Diz Lizzy, levantando quatro dedos. — Honra
de Girl Scout4.

Eu dobro seu dedo mindinho para baixo, e ela ri. — Cristo — Murmuro.
— Eu disse à minha mãe que New Hope não era chato.

— E veja só! Maggie está namorando com ele. Praticamente vivendo com
ele, na verdade, embora ela ainda mantenha o seu antigo apartamento no
campus.

— Maggie está namorando Asher Logan.

— Juro por Deus! E se ela não merecesse cada gota de sua doce bunda
sexy, nós a odiaríamos por isso.

— Rápido Maggie! — Meu sorriso cai quando vejo Drew se aproximando


de nós de braços cruzados e uma cara feia. — Drew, você se lembra de Lizzy?

— Vagamente — Diz ela em um tom entediado.

O maxilar de Lizzy desloca-se com a visão de minha linda irmã. — Drew?


De jeito nenhum! Você cresceu muito!

Drew revira os olhos, sem dúvida cansada de ouvir essas palavras de


todos que nós encontramos. — Eles não têm nenhum hambúrguer vegetariano.

— Não seja rude — Eu aviso.

Lizzy faz ondas para a minha preocupação. — Você está no supermercado


errado se quer uma boa seleção de pratos vegetarianos. Vá para Horner no
campus. Eles têm tudo o que você precisa. Coisas extravagantes para uma
menina extravagante.

Eu estremeço. Sem dúvida, minha irmã exigente prefere o supermercado,


mas eu vim aqui de propósito. Ou seja, eu não tenho dinheiro para gastar com
grife de hambúrgueres vegetarianos. Eu também vim para o café, mas
principalmente pelos preços.

— Graças a Deus — Drew respira, virando o nariz quando olha ao redor


da loja.

4 Girl Scout – gíria para prostituta.


Ela se tornou tão esnobe quanto pretensiosa nos últimos anos. Uma coisa
era quando a mãe estava por perto para mimá-la, mas estou cansada de sua
atuação de como ela costumava viver sua vida elegante, quando esse nunca foi o
caso. Dada a nossa situação agora, mal posso tolerar sua atitude. E quando eu
penso sobre os sacrifícios que fiz para que ela pudesse ter as coisas que tem -
alimentos, roupas, um teto sobre a cabeça - eu quero bater nela.

Sorte de Drew que sou apenas uma irmã de merda o suficiente para
pensar em bater nela e não o suficiente para realmente fazê-lo. Eu sei que ela
não pode compreender a nossa situação. Sinceramente, eu não gostaria que
compreendesse.

— Oh meu Deus — Lizzy grita. — Aquela pequena é Gabriella?

Gabby foge para o meu lado e se inclina para longe de Lizzy.

— Eu costumava ajudar a tomar conta de você, pequena fedorenta! — Diz


Lizzy, batendo palmas. — Meu Deus, você está muito linda. Onde está sua mãe?
Como ela está? Você está só de visita ou de volta? Temos tanto que conversar.
Devemos... — De repente Lizzy parece registrar o horror nos rostos das minhas
irmãs e para.

— Minha mãe faleceu no mês passado — Eu digo a ela suavemente. —


Estou aqui para as meninas ficarem com o meu pai.

— Gabby quer esperar no carro — Diz Drew, agarrando a mão da irmã e


lançando um olhar amargo a Lizzy. — Vou levá-la.

— Jesus — Lizzy respira enquanto se afastam. — Eu não tinha ideia.


Vocês estão bem? Quero dizer, considerando isso?

— Foi inesperado — Eu digo, o que é verdade. Mamãe estava realmente


bem. Eu não posso dizer que ela soltou seus preciosos frascos laranja, mas nos
últimos anos ela tinha pelo menos se tornado uma viciada funcional. A overdose
veio do nada. — Elas estão sofrendo. Retornar não ajuda.

— Sinto-me como uma cadela total — Lizzy coloca o lábio inferior entre
os dentes enquanto observa as minhas irmãs empurrarem a porta dupla para o
estacionamento. — Eu estou falando de estrelas do rock e festas e você aqui que
perdeu a sua mãe.
Eu tento respirar fundo, mas toda essa pressão doendo no meu peito a
mantém superficial. — É uma sensação boa — Eu confesso. — Falar sobre algo
divertido, para variar.

— Bem, é na próxima semana. Sério, você pode levar suas irmãs se


quiser. Ou você pode vir sozinha e embebedar-se estupidamente. Eu vou gostar,
de qualquer maneira.

Tentador. Seria bom fingir ser uma jovem normal de vinte e poucos. Eu
nunca tive essa experiência.

— Dê-me seu telefone — Ela já está agarrando-o de onde estava saindo do


bolso da frente da minha calça de brim. Antes de perceber o que está fazendo,
seus dedos estão tocando botões, e ela está entregando de volta para mim. — Eu
me enviei uma mensagem do seu telefone. Agora podemos manter contato.

— Ótimo — Eu disse fracamente. Eu sei que só iria machucá-la se eu


tentasse explicar por que hesitei em fazer isso. Mantendo-se com as pessoas da
minha antiga vida só vai lembrar-me de todas as coisas que não posso ter. Todos
os caminhos que falhei. Eu não gosto de me debruçar sobre essa merda. — Seria
melhor eu terminar essas compras e ir embora com as garotas.

Quando estou indo embora, ouço-a chamar: — Pense sobre a festa!

Eu empilho minhas compras mínimas em cima do caixa - manteiga de


amendoim de marca comum, pão de trigo, ingredientes para feijão e arroz,
macarrão, molho marinara, bananas, maçãs. Se meus pais me ensinaram
alguma coisa era como comer barato. Eu peguei os morangos frescos, uma vez
que estavam à venda e os olhos de Gabby tinham aquele olhar triste, nebuloso
quando os viram.

Isso tudo vai ter que ir para o cartão de crédito, mas deve ser a última
grande despesa antes do retorno de papai. Deus, o que eu não daria para entrar
nessa casa antes disso. Sem dúvida, ela precisa de uma boa limpeza, e suas
pilhas de notas sobre a natureza do Universo ou o que diabos é que ele esteja
sempre debruçado, provavelmente cobre toda a superfície plana na casa.

Eu já fiz longas listas dos objetos que vou verificar em sua casa antes de ir
embora. Eu trouxe tanto quanto eu podia - lençóis limpos para as camas das
meninas, alguns utensílios de cozinha básica, todas as suas roupas e objetos
pessoais. Elas não estavam exatamente tendo uma vida de luxo com a mamãe,
pois o dinheiro era escasso.

O funcionário está tocando os meus itens quando ouço alguém chamar


meu nome novamente. Desta vez, eu sei quem é, e viro-me para um sorridente
William Bailey. Seu olhar já está em meus pés, vendo-me com a minha sandália
de salto anabela de cânhamo e avançando até as minhas pernas nuas.

Eu realmente não tenho respeito por homens que fazem essa merda de
verificar de cima a baixo. Então por que é que quando Will faz isso, eu quero
fazer um strip para ele e convidá-lo para uma repetição?

Estou tentando levar isso com calma, fingir que o olhar em seus olhos
não tem efeito sobre mim, mas acho que nós dois sabemos a verdade. — Você
não está acostumado com as meninas dizendo não, certo? — Pergunto com uma
sobrancelha levantada.

Ele resmunga: — Você ficaria surpresa — Então ele pega alguma coisa do
bolso e entrega para mim. — Eu vi a vovó no centro da cidade, e ela me disse
onde está seu pai. Esse é o número do The Center. Eu estava indo no motel para
dar a você quando vi o seu carro.

Eu pego um pedaço de papel de sua mão e olho para o número que vai me
fazer entrar em contato com meu louco pai distraído, insira vinte e outros
defeitos aqui para o meu pai. — Oh. Obrigada — O fato é que estou
decepcionada que Will não está aqui apenas para me convencer a sair com ele?
Ri.dí.cu.lo. — O que é The Center?

— É um acampamento espiritualista há algumas horas daqui.

— Acampamento espiritualista. Claro.

Atrás de mim, o caixa está limpando a garganta, tentando chamar minha


atenção.

— Oh! — Eu apalpo minha bolsa e retiro o cartão de crédito. — Aqui.


Utilize este, por favor — A mulher pega o cartão e eu me viro para Will. — Sua
avó sabe o número de um acampamento espiritualista?

Ele balança a cabeça. — Não, não é minha avó. Vovó — A avó das
meninas Thompson.
Isso faz um pouco mais de sentido. Lembro-me vagamente do meu pai
encontrando a mulher para ler alguma coisa, de vez em quando. — Bem, eu
aprecio isso.

— Recusado — O caixa diz em tom de desculpa. — Você quer que eu tente


novamente?

Eu fecho meus olhos. Isso era apenas uma questão de tempo. — Vamos
tentar este — Eu retiro o meu outro cartão de crédito e seguro a respiração
enquanto ela desliza através do leitor.

— Você precisa de algum dinheiro, Cally? — Will pergunta baixinho.

A mulher morde o lábio. Quando ela se vira para mim, ela não diz nada.
Ela não precisa. Seu rosto diz tudo: Recusado.

Eu não posso olhar para Will. O constrangimento está subindo em meu


pescoço e no meu rosto, quente e vermelho. — Eu vou lhe devolver.

Eu pego meus três sacos de mantimentos, enquanto Will paga e eu quero


rastejar sob uma rocha e desaparecer, e uma centena de outros clichês de uma
vez. Quando ele pega o recibo, vou para a porta, mas ele me corta e pega os
sacos da minha mão.

— Deixe-me levar isso.

— Eu posso levar os meus próprios mantimentos.

— Mas, então eu não posso mostrar meus músculos viris e charme.

Oh, Deus. Ele é muito bom e sexy, e eu tenho um caso grave de quero,
mas não posso ter.
O som do meu celular quebra o silêncio tenso de nosso quarto de motel.
Um rápido olhar para a tela mostra um número desconhecido.

— Alô?

— Cally? — É o meu pai. Eu reconheço sua voz profunda e áspera. Liguei


para o acampamento espiritualista que Will me disse e pedi para entrar em
contato comigo. Estou impressionada que levou menos de duas horas.

— Pai? Por que não está aqui?

— Diga a ele que ganhou o prêmio de pior pai do ano — Diz Drew.

Eu estreito meus olhos para ela e saio do quarto do motel, para que ela
não possa adicionar sua piadinha a nossa conversa.

Papai pigarreia. — Onde você está?

Eu aperto meus olhos fechados. Ele é tão distraído. — As meninas e eu


estamos em New Hope. Lembra-se?

— Eu pensei que você estaria chegando dia dez.

— É dia onze, pai.

— Não, não é. É... Oh — Ele limpa a garganta novamente. — Você está


bem? A viagem foi bem?

— Nós estamos bem. Quando você vai estar em casa?

Espero através do longo silêncio. Meu pai é um homem ponderado.


Inteligente demais. Quando eu era criança, uma e outra vez que eu fazia uma
pergunta e só quando eu estava convencida de que ele não tinha ouvido, ele
finalmente respondia. — Eu tenho uma aula hoje à noite. Está tudo bem se eu
atrasar? Há um orador convidado de Seattle e eu não quero perder.

— Isso seria ótimo. Mas papai, você está realmente pronto para isso?
Educar duas meninas? Tê-las sob seu teto? Ser responsável por elas? — Eu
espero. Ouço. Espero um pouco mais. Eu o ouço respirar e quero saber o que ele
está pensando.

Finalmente. — Não era uma responsabilidade que eu pretendia desistir.


Estou feliz de ter minhas meninas de volta.
Um poço de ternura transborda em meu peito, assim como a raiva ainda
ferve na boca do meu ventre. Esmagam juntas e me faz sentir infantil e indefesa.
Porque apesar de todos os seus defeitos, ele é meu pai e eu o amo. Ele tem boas
intenções, mesmo que esteja aquém. Eu tenho que engolir a emoção antes que
possa falar. — Vejo você amanhã, então?

— Sim. Desculpe-me por eu não estar lá, Cally. Eu não vou deixar você
novamente. Eu prometo que tudo vai ficar bem.

— É bom ouvir isso — Eu sussurro, e se eu deveria ou não, meio que


acredito nele.

— Puta merda, pai. Estou de volta em 1972.

Por dentro e por fora, a casa grita por manutenção e meu pai tem uma
explicação para cada desordem. Do tapete felpudo verde que precisa de
substituição (Eu tinha profissionalmente limpado antes de me mudar). Para as
calhas que estão cheias e despencando da casa (Pelo jeito do telhado, nós
realmente não precisamos de calhas), para a cozinha pouco funcional (Se for
isso aquela chapa que esquenta).

Eu encontrei meu pai em sua casa no meio da manhã, organizamos um


filme e alguns snacks para as meninas no motel para que eu pudesse organizar
os seus quartos aqui.

Depois que mamãe deixou papai e partiu para uma "vida melhor" (oh,
doce ironia), meu pai largou o emprego na Universidade de Sinclair, vendeu
minha casa de infância e fomos todos Comer, Rezar e Amar5 a vida. As meninas
eram mais novas, então eu não acho que elas se preocupam que papai não vive
na casa antiga, mas elas se preocupam se for viver em um casebre de um louco.

5 Referência ao livro de Elizabeth Gilbert


— Você fez alguma coisa para preparar-se para elas? — Eu pergunto,
espreitando o quarto das meninas que supostamente irão compartilhar. — Você
sabia há mais de um mês que elas estariam vindo morar com você.

— O que você quer dizer? — Sua pergunta é seguida por uma longa tosse.
A terceira nos dez minutos que eu estive aqui.

— Nós temos que tirar essas estantes do seu quarto. As meninas não
precisam de seus quartos cheios de O Evangelho de Sri Ramakrishna e o Tao te
Ching e o que mais você acumulou nessas prateleiras antigas.

— Essa é a minha coleção de textos religiosos assinados por líderes


espirituais de todo o mundo. Há mais de duas centenas de livros autografados.
Acho que elas vão achar que é legal.

Estou pasma com ele. Louco. Besteira.

— Você acha que elas se importariam?

Eu pego um livro ao acaso para provar meu ponto. — Aprendendo com


suas vidas passadas: Esclarecimento através de profunda meditação. Sim, isso
vai fazer uma boa história para dormir — Eu coloco minhas mãos em meus
quadris e olho para ele. Ele começa a tossir novamente. Uma tosse violenta, com
raiva.

— Ok, ok — Diz ele, quando a tosse passa e ele está recuperando o fôlego.
— Eu posso levá-los para o sótão.

— Você já falou com um médico de verdade sobre essa tosse?

Ele balança a cabeça. — Um curandeiro — Em seguida, outro ataque de


tosse.

Eu levanto uma sobrancelha. — Um curandeiro ou um médico de


verdade?

— Eu não gosto de medicina ocidental. Você sabe disso.

— Você não gosta? Parece que você está pronto para expulsar a porra de
um pulmão, mas você não gosta?
— Eu estou trabalhando com um curandeiro muito talentoso. Eu só
preciso de algum tempo para meditar sobre o nosso mantra de cura e...

— Não! Uh-uh. Você não vai deixar a sua saúde nas mãos de uma merda
de um mantra — Ele se encolhe no meu segundo uso merda, mas eu não me
importo. Eu preciso que ele me ouça. — Jesus, Pai, você é responsável por duas
meninas agora. Você não entende isso? Eles precisam de você.

— Eu vejo que o ceticismo da sua mãe finalmente se enraizou em você.

A menina ainda vivendo em algum lugar dentro de mim recua ante essas
palavras. Eu já fui tão especial para o meu pai, porque eu também acreditava
nas coisas mágicas que ele fazia. Eu também acreditava que tudo acontecia por
uma razão, os desejos se tornando realidade e o bem sempre vencendo o mal.

Uma parte minha quer ser a sua princesa especial ainda. E mesmo que eu
não acredite em nenhuma dessas merdas mais, uma parte minha quer, só para o
meu pai ficar orgulhoso.

Foda-se. Merda. Droga. — Eu quero que você veja um médico na


segunda-feira antes de eu ir embora. Eu quero que você...

— Tudo bem.

— Cuide-se. O que foi?

— Eu disse que tudo bem — Diz ele suavemente.

Talvez eu devesse arrumar o carro e levar as meninas de volta para Vegas


comigo. Se eu pensei que poderia fazer uma vida para elas, eu provavelmente
faria, mas posso ver isso em seus olhos – o meu pai está pronto para fazer o
certo por suas garotas. E eu sei que New Hope é um lugar melhor para elas do
que o meu mundo sempre será.

— Obrigada — Digo baixinho. Então eu pego uma caixa e começo a


arrumar os livros para levar para o sótão. Esta noite, vou ligar para minha chefa
e dizer a ela que não voltarei até o fim da semana. Se farei desta casa um lar
para essas meninas, tenho muito trabalho aqui.
EU PRECISO voltar para o hotel, mas em vez disso estou sentada na
varanda do meu pai, olhando para as estrelas por entre as árvores e ouvindo o
rio correr para além delas. A casa pode ser uma merda, mas eu vou dar-lhe
crédito pela localização.

Quando meu telefone toca, eu tenho tanta certeza que Drew está
chamando para perguntar quando eu volto que nem sequer olho para a tela
antes de atender. — Está com saudade? — Pergunto com um sorriso.

— Mais do que você possa imaginar — Essa voz não é, definitivamente, de


Drew.

Pavor frio perfura-me ao ouvir o som da voz profunda e familiar. —


Brandon? É você?

— Culpado.

Foda-se. Eu engulo, me preparando para pisar com cuidado. — É uma


surpresa. Como você conseguiu esse número?

— Baby, você sabe que não pode se esconder de mim.

— Eu não estava tentando isso — Não é uma mentira completa.


— Eu sinto sua falta — Ele murmura, baixando a voz para um sussurro
que costumava usar na cama. Quatro anos mais tarde, eu ainda me lembro.

— Certamente você já encontrou alguém melhor do que eu agora — Eu


forço um sorriso no rosto como se ele pudesse me ver.

Seu baixo silvo desliza através da linha telefônica e então ouço uma
batida forte, como se ele tivesse jogado algo contra uma parede. — Jesus, Cally.
Você sabe que eu não quero mais ninguém — Sua voz suaviza e a raiva
desaparece tão rápido quanto veio. — Você é a minha garota.

Eu não respondo. Não há nenhuma resposta que eu poderia dar que não
fosse irritá-lo.

— Eu pensei que você viria para mim quando sua mãe morreu. Eu sei que
você precisa de dinheiro. Suas irmãs precisam de dinheiro. Deixe-me ajudar.

A que preço? — Estamos bem — Eu minto.

— Eu culpo essas aulas da faculdade fazendo você pensar que é menos


mulher se você aceitar o dinheiro do seu homem.

Você não é meu homem, eu quero gritar. Mas isso não importa. Brandon
está de volta a Vegas há uns meses, e logo vai se lembrar de que eu não sou mais
o seu "tipo" e que vai encontrar alguém que seja. Nesse meio tempo, eu só
preciso deixá-lo sentir-se como se estivesse no controle.

— Você tem tudo o que você precisa? — Ele pergunta baixinho. — Não
importa se você está comigo ou não, não quero que você tenha necessidades.

— Você já fez o bastante.

— Eu faria ainda mais. Para você... — Mais uma vez, o baixo sussurro. —
Porra, eu sinto falta sua, garota.

— E quanto a Quinn? Você não sente falta dela? — Deus abençoe essa
garota. Saber sobre as suas visitas com ele me deu a desculpa perfeita para
cortar os laços, enquanto ele ia embora. Ou cortá-los, tanto quanto me atrevi.

— Cally, baby, por favor.


Eu olho para as estrelas. Quando foi que eu perdi isso? Meu pai sempre
me disse para acreditar em magia, em desejos, em belo destino. E então a vida
foi à merda e o destino fodeu pela segunda vez.

— Venha me ver quando chegar em casa. Vamos falar sobre o que


podemos fazer para suas irmãs. Vamos falar sobre nós.

— Ok — Eu minto. Não irei voluntariamente de novo. Não, se eu tiver


uma escolha. Mas se eu disser não, ele vai pensar que estou me fazendo de
difícil, e isso vai deixá-lo me querendo mais. — Boa noite, Brandon — Eu
termino a ligação antes que ele possa responder.

Eu recupero o fôlego na escuridão, tentando deixar a adrenalina baixar e


minha frequência cardíaca normalizar. Apenas o som de sua voz me deixa
desejando um banho quente e um esfregão. Ou talvez apenas o toque de um
homem que faça tudo de ruim ir embora.

Eu procuro minhas mensagens enviadas para encontrar o número de


Lizzy. Eu aperto e prendo a respiração enquanto espero por uma resposta.

— Cally!

Meu peito se aquece com o entusiasmo em sua saudação. — Ei, Liz. Eu


queria saber se você tem o número de telefone de William Bailey.
O ginásio está quase vazio esta noite, exceto por Max, que está
trabalhando atrás do balcão, e Sam, que está vindo em minha direção enquanto
tento canalizar minha frustração nos pesos.

O meu telefone vibra e eu abro a mais recente mensagem de Meredith,


detalhando exatamente o que vai fazer com a língua e certas partes da minha
anatomia.

Nossas avós estão fazendo os seus melhores para nos unir e estou
começando a pensar que eu fiz um erro épico dormindo com ela. No entanto,
pensei que estávamos na mesma página. Nós dois queríamos algo casual.
Companheirismo. Divertir-nos.

Ou assim pensava eu. Mas esses textos estão se tornando mais frequentes
e, quando eu estava na casa dela na semana passada, ela escorregou e perguntou
em quanto tempo eu queria ter filhos.

Estou prestes a colocar meu telefone de volta no chão quando ele vibra
novamente com outra mensagem dela.

— Meredith? — Sam pergunta.

— A própria — Murmuro. Eu digito uma desculpa rápida e guardo meu


celular.

— Por que você de repente parece tão desinteressado? Ela é gostosa. E


inteligente. E está interessada.
— Ela está ficando muito séria. Eu acho que vai querer algo... A longo
prazo.

Sam levanta uma sobrancelha. — Então, se queixa o Prefeito de


Compromisso-Land?

— Cale a boca — Eu rosno. — Isso não é o que eu quero agora.

— Ei, eu ouvi que Cally Fisher está na cidade — Max diz atrás do balcão.

— Cally Fisher? — Sam pergunta. — Você está gozando comigo?

Eu pego um par de halteres de quarenta quilos. — Sim, eu a vi.

Max grunhe. — Você disse a ela para se foder?

Eu largo os pesos e respondo. — Não.

Max levanta as mãos em sinal de rendição. — Mensagem entregue e


recebida, homem, mas lembre-se que ela o queimou, certo?

Como eu poderia esquecer? — Isso não importa mais. Isso foi há muito
tempo atrás.

Sam ri. — Quem imaginaria que ela ainda poderia ter um poder sobre
você, o que, seis anos mais tarde?

— Sete — Murmuro, caindo para o banco para descansar a cabeça em


minhas mãos. Eu juro que minha mente não parou de girar desde que a vi
perdida na porta de minha casa.

— Você ainda a quer — Sam diz suavemente. Não é uma pergunta.

Max até se junta a nós. — Será que ela vai ficar por aqui?

— A mãe dela morreu. Ela está aqui para entregar suas irmãs para seu
pai, então voltará para Vegas.

— Que droga — Diz Max.

Max olha em meus olhos. — Foda-se. E eu pensei que você tinha uma
queda por Maggie.

O meu telefone vibra novamente.


— Meredith de novo? — Sam pergunta.

— Provavelmente.

Antes de perceber o que está fazendo, Sam pega meu telefone do chão e lê
minha mensagem, os olhos se alargando.

— Essa porra é particular — Eu protesto, mas realmente não me importo.


Não há nada que vale a pena proteger do meu relacionamento com Meredith.
Mas, em seguida, Sam solta um assobio que chicoteia meu olhar de volta para
ele.

— É Cally — Ele lê. — A sua proposta ainda está de pé para hoje à noite?

Eu arrebato o telefone longe dele, meio convencido de que ele está


tirando sarro comigo, mas com certeza a mensagem de Cally está piscando para
mim. Eu soco o botão de chamada sem hesitação.

— William? — Reconheceria a doce voz em qualquer lugar.

— Cally?

— Sim. Eu espero que você não se importe. Lizzy me deu o seu número.
Eu não queria ligar se fosse a uma má hora.

Max sorri, mas ele e Sam vão para o outro lado do ginásio, por isso tenho
um pouco de privacidade. Nós damos créditos a idiotas por muito menos.

— É claro que não é. Está tudo bem?

A linha fica em silêncio por alguns segundos, e eu olho para o meu


telefone para me certificar de que não desligou. Então, finalmente, ela diz: — Se
você não me odeia seriamente, eu gostaria de jantar com você hoje à noite. Isso
seria... Incrível.

— Posso buscá-la em uma hora?

— Tudo bem — Pausa. — William? — Eu amo o jeito que meu nome rola
da sua língua. Ela faz parecer quase exótico.

— Sim?
— Podemos ir jantar em algum lugar fora de New Hope? Eu
simplesmente lembro-me de como as pessoas falam e eu não quero isso.

Há mais do que isso, mas não vou empurrar. Agora não. — Eu sei
exatamente o lugar. Vejo você em uma hora.
— Você parece uma puta — Diz Drew atrás de mim enquanto olho meu
reflexo confuso no antigo espelho. — Você realmente tem um encontro, ou você
está planejando ficar numa esquina e fazer boquetes por cinco dólares?

Eu giro em cima dela. — Cuidado com a boca, menina! Você acha que
mamãe quereria que você falasse assim?

Ela levanta a sobrancelha, impressionada com a minha ira e retorna a sua


atenção para o seu telefone celular.

Com um suspiro longo e profundo, eu volto para o espelho. Ela tem


razão, é claro, só me irrita mais. Eu trouxe roupas adequadas para a limpeza,
desfazer as malas e dormir. Nada para um encontro com o homem mais sexy
que eu já conheci. E por mais que eu diga a mim mesma que não importa, isso é
apenas um monte de merda. Eu fui forçada a abrir uma caixa de roupas de Drew
e pegar emprestado seu vestido de algodão preto como “um favor” que ela só
permitiu depois que eu prometi que iria enviar-lhe dinheiro para um novo
vestido. Mas Drew é menor do que eu e menos cheia de curvas, então algo que
parece doce e sofisticado nela, me faz parecer uma prostituta mostrando mais
perna e decote que as dançarinas de strip. Estou tentada a ligar para Lizzy e ver
se ela tem um vestido para me emprestar, mas Will vai estar aqui a qualquer
momento, por isso não há tempo para isso.

Alguém aperta minha mão e eu olho para baixo para ver Gabby me dando
um meio sorriso. Eu não sei se eu vi o sorriso dela desde que mamãe morreu. Eu
sinto falta de seu sorriso. Eu sinto falta do som de sua voz.
Ela fica na ponta dos pés e atrás da minha cabeça e puxa o laço de cabelo
da base do meu pescoço para que o meu cabelo longo e escuro caia solto, então
ela coloca a mão no meu rosto e balança a aprovação. Ela não pode estar
falando, mas a maioria dos dias ela se comunica comigo cem vezes melhor do
que Drew.

Eu puxo Gabby para um abraço e inspiro o cheiro doce de chiclete do seu


cabelo. Quando eu a solto, Drew está olhando para nós e, pela fração de um
segundo antes que ela pode escondê-lo de novo, não há tristeza em seus olhos.

— Vocês têm certeza que vão ficar bem? — Pergunto.

Gabby aperta minha mão e Drew balança a cabeça, desviando os olhos. —


Você merece ter um pouco de diversão também.

Minha respiração trava em surpresa e essa necessidade de chorar está de


volta. Droga. Eu empurro isso para baixo. — Obrigada.

Drew levanta um ombro. — Eu posso dizer que você gosta dele. De


qualquer forma, ele é sexy.

Eu pego um travesseiro e o jogo nela. — Sexy e velho demais para você!

Ela ri e o joga de volta para mim. — Sim, mas qual de nós vai morar aqui?

— Eu não me importo o quão sexy ele é, se ele tocar em você, eu corto


suas bolas.

Algo cintila em seus olhos, um segredo espinhando do canto escondido


da sua mente. Mesmo que eu não tenha vivido sob o mesmo teto que as meninas
desde que eu tinha dezesseis anos, fui seu principal ganha-pão e estive
envolvida em suas vidas. Meu papel como mãe de aluguel não é novo. E ainda
há tanta coisa que eu não sei sobre ela. Quero consertar isso, mas há um abismo
entre nós que eu não sei se posso atravessar.

Olhando de fora para dentro, as pessoas são, provavelmente, mais


preocupadas com a Gabby. Mas eu? É Drew que me mantém acordada à noite.
Gabby vai ficar bem. Eu acredito nisso. Mas Drew é velha o suficiente para,
realmente, ficar em apuros se isso for o que ela quiser fazer.
Eu engulo em seco, empurrando para trás o medo e a tristeza, trancando-
a longe. — Eu vou esperar lá fora. Deslizo a trava e a corrente atrás de mim. Eu
vou enviar mensagem quando voltar e vocês poderão me deixar entrar.

Drew acena e recoloca seus fones de volta e Gabby me sopra um beijo.

Eu vou para fora da porta antes que possa mudar de ideia e sou
cumprimentada por uma noite com estrelas brilhando. As estrelas em New
Hope são mais brilhantes e mais abundantes do que em qualquer outro lugar
que eu já estive. Quando eu era uma garotinha, olhava para fora da janela do
meu quarto toda noite e escolhia a minha favorita, e só então que fazia um
desejo. Meu pai me ensinou a acreditar na magia de desejos e destino, e eu era
uma filha tão adorada que suas palavras eram a minha escritura e o céu
estrelado se tornou meu templo.

Quando nos mudamos para Vegas, Drew tinha oito anos, e ela disse a
minha mãe que sentia pena das pessoas que viviam ali, porque não tinham
estrelas suficientes para todos. Mamãe riu e disse: você não precisa de estrelas
quando seus desejos já se tornaram realidade.

Ela pensou que Rick era o seu sonho se tornando realidade. Foi por isso
que ela nos levou para lá, longe do meu pai, longe de New Hope. Ela conheceu
um cara on-line, ficou com ele algumas vezes dizendo para papai que tinha que
viajar para "treinamentos" para o trabalho. Em seguida, ela mostrou ao marido
os papéis do divórcio e levou suas filhas para viver com um completo estranho
que ela achava que era tudo para ela.

Nós estávamos lá menos de um mês antes de perceber que Rick não era o
homem que ela pensava. Ele era um bêbado controlador que gostava de colocar
as mãos sobre a minha mãe e às vezes nas meninas e em mim. Saímos da sua
casa de milhões de dólares, algumas vezes fomos despejadas e desabrigadas,
mas era a decisão certa. Por todos os erros que minha mãe cometeu, por todas
as decisões que eu queria que ela tivesse tomado diferente, estou orgulhosa dela
por deixar aquele homem.

Um BMW preto estaciona e William sai vestindo uma calça Oxford escura
e uma camisa cinza de botão. A visão dele aciona um interruptor em meu corpo
e estou zumbindo instantaneamente com consciência.
— Ei, linda — Diz ele em voz baixa e desliza seus olhos sobre mim, todas
as minhas preocupações sobre este vestido acabam.
O PEQUENO restaurante de tapas6ao norte de Indianápolis é o cenário
perfeito para um encontro secreto com este homem, que faz eu me esquecer de
mim mesma. Há luz de velas e música suave e estamos sentados no canto em
um estande que nos coloca em uma pequena mesa redonda compartilhando o
mesmo assento curvado.

Estamos comendo brie e frutas frescas, atum ahi grelhado e caranguejo


em miniatura e já chegando ao fundo da nossa primeira garrafa de vinho.

— Então, o que você está fazendo hoje em dia? — A sua voz soa mais
profunda e rouca, e por um minuto estou tão amarrada na atração sensual do
som das suas palavras, que eu realmente não registro o que significam.

Eu pisco quando percebo que ele está olhando para mim com expectativa.
— Oh, eu... Eu sou um massagista? — Eu odeio que a resposta me deixe
desconfortável. Na maioria dos contextos, tenho orgulho do que faço, mas
William conhecia a minha mãe. Eu resisto ao desejo de ficar na defensiva e
explicar que ela pode ter me ensinado a amar sua profissão, mas eu não
consegui grandes conselhos que ela fez pelas razões que fez. Não que eu tenha

6 tapas – comida espanhola


qualquer espaço para julgá-la, de qualquer maneira. Tenho meus próprios
segredos.

— Isso é uma pergunta?

Eu sorrio e encolho de ombros. — Eu não sei. Eu gosto do que faço, mas


há sempre pessoas que assumem o pior — As pessoas em New Hope. As pessoas
que já fizeram as suas mentes sobre mim e minha família. — E quanto a você?
Ainda gosta de fotografia?

— Eu gosto. Eu ensino em Sinclair.

— Você é um professor universitário? Sério?

Ele sorri. — Eu consegui uma bolsa depois que terminei o meu mestrado.
Eu gosto de ensinar, mas prefiro realmente ser um fotógrafo, a ensinar outras
pessoas como ser um.

— Você sempre foi muito talentoso — Eu digo baixinho. — Eu estou feliz


que você não deixou isso para trás.

— E quanto a você? Você foi para a faculdade?

— Eu tenho um certificado de massagem em uma faculdade comunitária


e eu tenho tido algumas aulas desde então, mas não consegui terminar qualquer
tipo de graduação — E não vou tão cedo, também. Eu preciso trabalhar tanto
quanto possível e enviar dinheiro para ajudar papai com as meninas.

Chegando do outro lado da mesa, William pega meus dedos debaixo dos
seus. — Por que você me ligou, Cally? O que a fez mudar de ideia?

Por que estou aqui? Porque eu o quero? Porque estou tentando esquecer
Brandon? Porque estou solitária como o inferno e precisava de um adulto para
conversar?

— Acho que isso é um mistério tão grande como o porquê você esta aqui
comigo. Depois... Devemos apenas reconhecer o elefante na mesa e falar sobre
como eu lhe dei um bolo no seu próprio baile de formatura? — Eu deixei escapar
um suspiro, aliviada por finalmente dizer as palavras em seu rosto. — Eu sinto
muito. Eu sempre me senti culpada. Eu espero que você saiba disso.

Ele deixa cair seu olhar para a minha boca. — Venha aqui.
Mordendo meu lábio, eu deslizo pela cabine, por isso estou ao seu lado.
As luzes são baixas, que mal posso ver a sua expressão, mas eu não preciso disso
para sentir o calor entre nós. É coisa da minha cabeça? Ele pode sentir isso
também? Seja o que for - hormônios, memórias, o conhecimento de que isso é
temporário e estou indo em breve - a atração entre nós é magnética, e deixo
minha coxa nua pressionar contra o tecido macio da calça.

— Assim é melhor — Ele sussurra com seus olhos quentes em mim.

— Também acho.

Ele abaixa a cabeça e desliza os lábios sobre o meu pescoço em um


movimento tão doce, tão simples que a minha respiração acelera. — Eu deveria
estar com raiva de você — Ele sussurra. — Você partiu meu coração.

— Então, por que não está?

— Quando eu vi você de novo, não havia lugar para a minha raiva. Eu


quero muito você.

Sob a mesa, sua mão se instala contra o interior do meu joelho, fazendo
pequenos círculos que fazem meu coração acelerar mais e transformam meus
músculos em geleia. — Eu também — Admito.

Seus dedos traçam uma linha invisível de dois centímetros até o interior
da minha perna e eu aperto as coxas instintivamente, prendendo a mão entre
elas.

— Eu posso parar — Diz ele em um sussurro.

— Não — Eu respiro. Eu quero o contrário e eu me forço a relaxar, e as


minhas pernas abrem-se para a exploração da sua mão.

— Você está maravilhosa neste vestido. Eu adoro a forma como ele


mostra as suas pernas, mas isso só me faz pensar em tê-las em volta de mim.

Eu enterro meu rosto em seu pescoço e gemo baixinho, lembrando a


maneira como ele costumava me tocar. Ele tem um cheiro incrível, e sua
exploração suave em minha coxa envia pequenos arrepios de prazer em mim.

Sua mão desliza mais alto até as pontas dos dedos alcançarem a borda da
minha calcinha. Eu quase espremo minhas pernas juntas novamente, não
porque eu quero que ele pare, mas porque quero muito a sua mão ali, me
tocando, me explorando, seus dedos deslizando em mim.

— Como ela é? — Ele traça o centro de cetim da minha calcinha.

Oh, Deus. Por algum milagre, eu já estou pronta para o seu toque. Eu não
tinha ficado excitada tão rapidamente desde... Desde William.

Os nós dos dedos deslizam em mim, pressionando levemente o tecido


macio contra o meu clitóris inchado.

Ele abre a boca contra a minha orelha e a puxa entre os dentes,


mordendo e chupando. Meus olhos vibram fechados. Eu quero cair no prazer
que está girando como um ciclone ao redor de cada terminação nervosa e estou
quase com medo de quão rapidamente ele vai me penetrar.

Eu balanço em sua mão instintivamente. — Toque-me.

— Diga-me — Ele sussurra. Ele faz pequenos círculos em minha calcinha.


— Como ela é?

Este desejo arranhando em mim é loucura. Neste momento, eu faria


qualquer coisa para deixá-lo deslizar sob a barreira entre nós. — Ela é preta de
cetim.

— Mmm, cetim. Eu posso dizer — Ele me recompensa rolando os dedos


contra o tecido.

Puta merda.

— O que mais? Como ela é?

Sob a mesa, eu seguro seu antebraço como se estivesse com medo que
pudesse escapar. — É um fio dental com um lacinho de cada lado do quadril.

Sua mão sai, deixando a pulsação de dor entre as minhas pernas para
explorar o meu quadril, deixando-me pronta para gritar, pedir ou ambos.

— Deus, eu aposto que está linda em você. Se eu tivesse sozinho com


você, eu ficaria na sua frente, com você somente de calcinha e desataria os laços
com os dentes.

Sim, por favor.


Eu mal posso respirar. Eu quero o que ele está descrevendo. Mais. —
Você pensou em mim ficando sozinha com você de novo? — Recuo um pouco
para que eu possa ver a sua expressão, eu vejo seus olhos e espero a resposta
que preciso ouvir.

— Cada segundo desde que você apareceu na minha rua.

— Eu também. E antes.

Sinto calor em seus olhos. A intensidade do seu olhar me assustaria se eu


já não confiasse neste homem com cada centímetro do meu ser.

Ele pressiona sua boca contra a minha quando retorna sua mão entre
minhas pernas. Não é um beijo suave. É duro - punindo e exigindo - e eu preciso
disso. Eu poderia me perder aqui, neste beijo que é parte de desejos iguais, raiva
e arrependimento. Eu poderia esquecer quem sou, o que fiz e entrelaçar língua
contra língua, absorver o prazer da sua mão trabalhando entre minhas pernas
enquanto gemo em sua boca.

Ele quebra o beijo e inclina a testa contra a minha. — Você me faz sentir
tão bem — Sua mão se move lentamente, sem problemas.

Como ele pode me afetar muito mais do que qualquer outro homem com
quem já estive? Ele sempre foi o padrão pelo qual todos os outros homens foram
medidos e todos ficaram aquém.

Eu não deveria estar aqui com ele. Eu perdi o meu direito a isto há sete
anos. Tomo um gole longo do meu vinho - buscando coragem e permissão para
aproveitar esta noite suspensa fora de hora e coração partido. Uma noite. Uma
indulgência.

Levanto os meus quadris fora do assento, em busca do seu toque.

— Quer mais? — As palavras são tão baixas que mais parecem uma
vibração em meu ouvido que um som.

— Eu vou embora há alguns dias. Eu não posso ficar — E essa é a única


razão pela qual nós podemos fazer isso.

Seus dentes beliscam minha orelha de novo, chupa o lóbulo antes de


falar. — Não foi isso que eu perguntei, Cally.
Ele empurra minha calcinha para o lado, o polegar está descansando em
meu clitóris sem barreira, é a promessa da pressão que eu preciso. Quando a
mão dele me deixa, eu ouço meu próprio gemido de protesto.

— Venha para casa comigo esta noite.

Eu aperto meus olhos fechados. Depois de semanas cuidando das minhas


irmãs, eu preciso ser algo diferente do que uma mãe substituta ressentida.
Mesmo que seja por apenas algumas horas na cama desse homem. Ele merece a
noite que uma vez lhe prometi. Eu mereço. Mas eu balanço minha cabeça. — Eu
não posso.

— Então me diga para parar — As pontas ásperas dos seus dedos brincam
com as fitas finas em meus quadris. Com a mão livre, ele coloca uma uva
cortada em meus lábios, e eu as pego, deixando brevemente meus lábios
tocarem as pontas dos dedos. Seus olhos brilham - quentes e famintos. — Esta
noite é sua. O que você quiser.

— Isto — Eu sussurro, revirando meu quadril em seu toque.

Então ele puxa e ele libera o laço da minha calcinha. Sua mão vai para o
outro quadril, e ele sorri para mim quando libera o outro lado também.

— Levante-se — Ele sussurra, e antes de eu perceber o que quer fazer, ele


escorregou minha calcinha debaixo da mesa e colocou-a no bolso. Ele pisca um
pequeno sorriso quando bebe da sua taça de vinho.

Minha calcinha está no bolso de William Bailey.

— Você tem intenção de devolvê-la?

— Sem chance — Mas então, em vez de ir direto para minha parte


feminina recém-desnuda por baixo da mesa, ele acaricia meu rosto em sua mão
e esfrega o polegar na minha bochecha. — As memórias têm essa forma incrível
de mudar em nós, e eu tinha me convencido de que você não poderia ter sido tão
bonita quanto eu me lembrava. Que eu estava idealizando você.

Eu não posso responder. O calor em seus olhos por si só é suficiente para


me fazer querer rastejar em seu colo. Adicione a maneira que ele está me
tocando, e neste momento, eu sou sua.
— Eu estava certo sobre uma coisa — Ele sussurra.

— O que é?

— Minha memória entendeu tudo errado.

— É mesmo?

— Você é muito mais bonita do que eu me lembrava.

Nossos lábios se tocam de novo e eu desejo memorizar cada segundo


desse beijo. Seus lábios macios antes de abrir a boca sobre a minha, o deslizar
paciente da sua língua quando eu me abro para ele, o seu sabor - um potente
cocktail de vinho e arrependimento.

Eu nem sequer percebo que sua mão deixou meu rosto até que eu sinto o
envoltório possessivo de seus dedos ao redor da minha coxa. Então, quando ele
desliza as pontas mais ao norte, tenho que quebrar o nosso beijo para recuperar
o fôlego.

— Jesus — Ele sibila enquanto seus dedos alcançam o meu calor úmido.

Eu quase grito quando ele pega meu clitóris inchado entre dois dedos.

— Você está tão molhada — Ele sussurra no meu pescoço. — Muito


molhada.

— Eu... William... — Eu tenho que lutar para manter baixo o volume da


minha voz, para não gemer.

Ele está tocando aquele ponto sensível e inchado em uma massagem


lenta e suave, fazendo-me balançar nele.

— Você quer saber o que eu faria com você se viesse para casa comigo
hoje à noite?

Eu sou fraca. Eu quero saber, preciso ouvir. — Sim.

— Eu pegaria você nua, inferno, porque você tem muita roupa agora.
Então, eu começaria com seus seios incríveis. Lembra-se de como eu poderia
fazê-la gozar apenas por beijar seus seios, sugando esses belos mamilos? — Ele
toca meus mamilos tensos com a mão livre, e até mesmo através do meu vestido
e sutiã fino, o contato é o suficiente para me fazer suspirar. — Responda-me,
Cally.

— Sim — Eu respiro. Seus dedos retardam seu movimento sob o meu


vestido, como se ele soubesse como está perto de me fazer gritar e ele quer
esperar.

Ele geme em apreciação. — Eu iria começar ali. Minha língua, lábios e


dentes em seus seios até que eu tenha memorizado cada curva e, até que você
esteja me pedindo por mais... — Ele retira a mão entre as minhas pernas. — Até
que você goze para mim.

— William.

— Eu vou chegar lá, baby. Eu juro. Mas ainda não — Ele desliza sua mão
mais para cima do meu vestido e circunda o umbigo. — Você quer saber mais?

Deus me ajude. Eu quero saber tudo. E então, talvez, quando eu estiver


de volta em Las Vegas e desejando que eu pudesse tê-lo, vou pensar em suas
palavras em minha própria fantasia. Minha própria lembrança do que poderia
ter acontecido. — Por favor.

— Então eu a beijaria aqui — Ele aperta meu umbigo com piercing. —


Droga, eu aposto que isso fica muito sexy em você. Quando foi que colocou isso?

— Depois que me mudei.

Ele recua com os olhos quentes nos meus, seu queixo duro. — Para um
homem?

— Não. Quando eu estava sentindo sua falta.

Ele geme no meu ouvido, em seguida coloca a mão em minha cintura. —


Então, eu teria que ter mais tempo ali. Eu ia correr a minha língua de um osso
ilíaco ao outro, em seguida, a viraria e lamberia a coluna — Ele desliza a mão
pela minha cintura e sob a minha bunda. — Quando chegasse aqui — Diz ele,
apertando. — Eu teria que ver se você é tão sensível aqui como é por toda a
parte. Sua bunda é tão incrível, e não posso me perdoar por negligenciá-la
quando tiver a chance. Estou morrendo de vontade de mordê-la aqui.
Ele aperta minha bunda e minha respiração acelera fortemente. Tremo só
em estar em seus braços e sentir seu sorriso contra o meu pescoço.

— Você estaria pronta para mim, então? — Enquanto pergunta, ele


retorna a mão entre minhas pernas e eu me vejo fazendo manobras para a borda
do assento, afastando minhas coxas para lhe dar melhor acesso. Só quero que
ele me toque. Eu preciso disso. Como a água. Como o ar. Eu preciso sentir a mão
de William entre as minhas pernas, porque agora não sou nada além da dor
pulsante da minha excitação, e é a porra da melhor coisa que senti há meses.

Nenhum homem com quem estive, pode me tocar do jeito Will faz. É
como se ele tivesse algum tipo de capacidade de saber intuitivamente como
estou me sentindo.

Mesmo agora, sentada no fundo do restaurante à luz de velas com a


equipe de garçons andando ao nosso redor, ele não apressa seus movimentos.
Seus dedos deslizam sobre mim, alternadamente provocando e acariciando,
trabalhando a antecipação em igual medida contra o prazer.

— O que mais você poderia fazer? — Eu mordo de volta um gemido. — Se


estivéssemos a sós?

— Eu ia cair de joelhos — Ele sussurra. — E eu acariciaria sua bunda


incrível em minhas mãos enquanto eu provaria você.

Dói ficar sentada aqui ouvindo isso, querer, sabendo que não posso me
deixar tê-lo. Sabendo-se que esta noite, neste momento, é tudo o que eu vejo.

Eu enrolo minhas unhas em seu braço e ele geme no meu ouvido.

— Mas, por enquanto — Diz ele. — Porque agora vou me contentar com
meus dedos, o que eu quero provar com meus lábios — Ele desliza dois dedos
dentro de mim, enrolando-os com seu polegar esfregando meu clitóris. — É isso
que eu quero que você pense da próxima vez em que se tocar.

Tremo, a pressão construindo o prazer. — William — Eu choramingo.

— Porque da próxima vez que meu pau estiver na minha mão, juro que é
nisso que vou pensar, porra. Você. Nua. O gosto da sua boceta quando gozar
contra a minha língua.
Querido Deus.

Eu tenho que morder o pescoço para abafar meu gemido quando meu
orgasmo bate duro e rápido.
O CARRO está silencioso na viagem para casa, e quando eu chego para
pegar sua mão, ela me deixa segurá-la. Eu tenho que me lembrar de que ela está
indo embora. Que isto - o silêncio doce de nosso toque, seus dedos macios
entrelaçados nos meus - isso não é normal de novo. Eu não vou conseguir ficar
com ela. Eu não vou conseguir terminar o que comecei no restaurante. Ela está
indo embora.

Quando paramos em frente ao motel, ela não corre do carro, assim que eu
me viro e pressiono meus lábios nos dela. No início, acho que ela vai se afastar,
mas ela lentamente se abre debaixo de mim, e o que pretendia ser um breve
beijo de despedida me deixa duro e sem fôlego e ela agarra minha camisa e
quase sobe no meu colo.

Nós inclinamos nossas testas juntas e recuperamos o fôlego.

— Quando você vai embora?

— Amanhã? Depois de amanhã, talvez? Eu vou colocar as meninas na


casa do meu pai e então preciso voltar para o trabalho.

Não há nada que eu possa dizer para convencê-la a ficar. Nem sei se devo
querer que ela fique. Afinal, esta noite não foi real. A realidade não teria me
deixado tocá-la em público assim. A realidade diria para eu ficar longe dela, que
eu a odeio pelo que ela fez comigo. Ou, pelo menos, que não quero nada com ela.

Mas esta noite não era a realidade. Era como visitar a memória. E foi
perfeito.

Saio para abrir a porta. No momento em que ela pisa na calçada, eu a


tenho pressionado contra a lateral do carro, minhas mãos em seu cabelo, o meu
joelho entre suas pernas, pressionando nossos corpos o mais próximo possível.
Porque tocá-la no restaurante só fez com que essa necessidade por ela crescesse,
e agora eu a quero mais do que nunca.

Ela me beija de volta e se agarra a mim, colocando a mão na minha


camisa. Sua boca e mãos coincidindo com meu próprio desespero, cada vez mais
perto, como se ela quisesse desaparecer dentro de mim.

Eu a quero mais. Quero colocá-la de volta no carro e levá-la para minha


casa, levá-la para a minha cama. Porque se hoje à noite é o único momento
roubado que teremos, eu não quero que isso acabe.

Mas apesar de tudo isso, sou eu quem quebra o beijo. Sou eu que se
afasta. Olhar para ela não deixa isso mais fácil. Porra, ela é tão bonita, isso parte
meu coração. Bochechas coradas, lábios inchados, cílios grossos esvoaçantes
quando abre os olhos.

Se eu tivesse esquecido quem e onde estamos, se eu tivesse esquecido que


ela não é mais a garota que amei uma vez, o olhar em seus olhos me traz de
volta. A garota que eu conhecia não tinha nada além de amor e o desejo em seus
olhos. Mas eu vejo a dor lá agora, a dor e o cansaço batendo seu desejo.

— O que aconteceu com você? — Eu sussurro.

— O que você quer dizer?

Engolindo em seco, eu traço o seu maxilar. — Você mudou. Há algo mais


sombrio... Em você agora.

Tristeza inunda seu rosto. — Eu me arrependo tanto. Eu deveria ter


ficado com você e eu não deveria ter... — Ela balança a cabeça e olha para mim
através de seus cílios grossos. — Você deve me odiar.
Impossível. — Eu tentei — Eu forço uma risada, mas é vazia. — Eu não sei
como.

Seus lábios se inclinam em uma sombra de um sorriso. — Você é muito


bom, William Bailey, e eu não mereço tanto de você como você deu — Ela pega a
minha mão e beija a pele áspera dos meus dedos. — Obrigada por esta noite. Foi
incrível.

Eu beijo no canto de sua boca e aperto seus dedos nos meus.

— Eu deveria ir — Diz ela. — Eu nunca vou esquecer isso. Ade...

Eu pressiono um dedo sobre seus lábios antes que ela possa dizer a nossa
palavra outrora proibida. Porque não consigo ouvir isso. — Não estrague esta
noite com essa palavra.

Ela fecha os olhos.

— Durma bem — Eu sussurro.

Ela foge em direção ao seu quarto, deixando eu me sentindo vazio. —


Durma bem — Ela diz por cima do ombro.

Eu a observo desaparecer em seu quarto, e então olho para a lua e as


estrelas, que um dia desejamos juntos. Elas me fazem sentir mais solitário do
que nunca. Porque ela pode não ser mais a garota que amei uma vez, mas é a
mulher que eu quero.
Quando Gabby tinha seis anos e Drew tinha onze, eu penhorei um par de
brincos de três quilates de diamante e levei as meninas para a Disneylândia. Nós
não ficamos em um resort de luxo e não podíamos comprar todas as lembranças
legais, mas as meninas não se importavam. Fizemos as malas no carro e
dirigimos até um motel barato, programamos o alarme assim estaríamos às
portas do parque na abertura. Talvez não fosse a coisa mais inteligente a fazer
com o dinheiro. Havia milhares de outras maneiras que poderia ter passado
isso. Havia, definitivamente, uma voz no fundo da minha mente, que dizia que
isso era porque as pessoas ricas achavam que as pessoas pobres criam seus
próprios problemas. Mas o olhar nos olhos de Gabby quando viu a Minnie pela
primeira vez, fez valer à pena. Mesmo Drew chorou quando Pateta passou os
braços ao redor dela e a girou.

Na conferência de pais e professores de Gabby, dois meses mais tarde


(onde eu estava de pé no lugar de minha mãe, que estava “doente”), a professora
me confrontou sobre isso. Era realmente o uso mais sábio dos nossos recursos
limitados? Eu não sabia que estávamos com dois meses de atraso em nossa
participação de suprimentos em sala de aula? Pense quantos pares de sapatos eu
poderia ter comprado para as meninas com o dinheiro gasto em nossas entradas
no parque.

Eu olhei para o meu colo e entendi toda a palavra de julgamento dos seus
lábios. Mas não importava o que ela dissesse, porque, por um dia, eu pude
mostrar as minhas irmãs pequenas que realmente existem coisas mágicas neste
mundo. Eu tinha que provar a mim mesma que o mundo inteiro não era tão
merda como tinha sentido nos três anos sob o regime de Brandon. Isso fez valer
mais que mil anos de material escolar e de uma centena de pares de sapatos
novos. Talvez eu seja um pouco como o meu pai nesse ponto - disposto a
sacrificar a praticidade por um pouco de magia.

Ao chegarmos à casa de meu pai, eu me pergunto se resta alguma ou se


ele já perdeu a fé em seu mundo. Eu coloco meu carro no park7 e me viro para
Drew, cujos olhos estão alargados e horrorizados no banco do passageiro.

Trovão rola na distância e nuvens de tempestade pesada caem sobre a


casa, fazendo com que pareça ainda mais deprimente do que era na luz do sol de
ontem.

— Parece pior do que é — Eu digo baixinho. — Um pouco de cuidado e vai


ficar bem.

Ela sai do carro e bate a porta atrás dela. O som ecoa pelo carro.

Viro-me para trás, para Gabby. — Vai ser uma aventura.

Seu lábio inferior treme e ela está torcendo as mãos no colo. Ela tinha
três anos quando saímos e algumas vezes viu meu pai ao longo dos anos e não
foram suficientes para criar laços de que uma criança merece ter com um pai,
especialmente se vai ser ele quem cuidará de você. Claro, ela não disse uma
palavra sobre isso, mas não precisa. Está tudo escrito em seu rosto.

Eu saio do carro e abro a porta, oferecendo-lhe a minha mão.

Entrelaçamos nossos dedos e vamos para a porta, seguindo Drew - que


decidiu dar uma de desinteressada e está colada a tela do seu celular.

Papai puxa a porta aberta antes mesmo de subirmos na varanda. — Bem


vindas ao lar. Eu estava me perguntando quando vocês chegariam aqui.
Meninas vocês estão famintas? Eu fiz um pouco de chili8? — Ele está falando
muito rápido - uma ocorrência rara para meu pai - atropelando suas palavras
sobre as outras.

Drew olha para cima do seu telefone, mas não responde. Gabby aperta
minha mão.

7 Opção da marcha de veículo automático recomendado para dar a partida e desligar o motor do
automóvel. Bloqueia as rodas de tração.
8 Chili – prato a base de carne e pimenta.
— Chili está ótimo — Eu respondo, liderando o caminho na casa.

Estou aliviada ao ver que arrumou um pouco o lugar. Os balcões da


cozinha e a pequena mesa estão livres de papéis e livros, e ele colocou tigelas
descartáveis vermelhas em cada um dos quatro assentos, uma colher de metal e
copo de água ao lado de cada um.

Gabby e eu sentamos, e Drew se junta a nós com seu maxilar tenso.

— Celular — Eu a lembro e Drew o desliza em seu bolso, rolando seus


olhos.

Nós ficamos em silêncio, enquanto papai serve-nos a sopa fina, vermelha,


que ele está chamando de chili. Nós olhamos para nossos pratos.

— Você fez isso? — Eu pego minha colher, preparando-me para dar um


bom exemplo para as minhas irmãs.

— Sim. Espero que esteja boa. Eu não estou acostumado a cozinhar para
ninguém além de mim.

— O que há nela? — Drew pergunta, cutucando-a com a colher.

— É... Vegetariana — Pai limpa a garganta. — Tomate, feijão, cebola,


pimentão verde, quiabo.

Drew deixa cair sua colher. — Eu vou passar.

— Vegetariana — Eu rosno.

— Quiabo — Ela rosna de volta. Ela cruza os braços sobre o peito e se


inclina para trás, em sua cadeira.

— Obrigada por fazer nosso almoço, pai — Eu digo, tentando salvar este
começo difícil. — Isso foi atencioso — Eu pego uma colherada grande, mantendo
minha face neutra enquanto mastigo e engulo.

Ao meu lado, Gabby levanta lentamente a colher à boca. Ela empalidece


um pouco quando a sopa atinge sua língua - o ainda crocante legume e feijão
viscoso fazem uma estranha combinação de texturas - mas ela é um soldado e
sorri para papai antes de pegar lentamente outra colherada.
— Então, em que ano vocês estão agora? — Papai pergunta entre as
colheradas da sua própria sopa. Eu nunca o vi tão nervoso. Pela primeira vez
estou percebendo que as meninas não são as únicas que sofrem uma grande
reviravolta da vida. — Drew, você deve estar, o que, na sétima série agora?

Drew me lança um olhar, como se a incompetência do nosso pai fosse


totalmente minha culpa.

— Ela está na escola, pai. Drew vai estar no segundo ano. E Gabby
começará quinta série no outono.

Papai parece surpreso com esta informação. — Você cresceu muito — Diz
ele, quase para si mesmo. Em seguida, ele vira o olhar para a sopa e termina a
refeição em silêncio.

Faço uma nota mental para conseguir dinheiro do papai para ir às


compras de supermercado para alguns alimentos básicos. Drew provavelmente
vai morrer de fome antes de comer quiabo. Ela pode ser vegetariana, mas não
deve ser confundida com alguém que realmente come legumes.

Após a refeição, eu mostro o quarto para as meninas que vão


compartilhar e por amor a Drew, eu tento vê-lo através de seus olhos. Tapete
velho verde oliva, colchões no chão que eu já cobri com os lençóis e cobertores
de casa e uma pequena mesa entre as camas.

— Isso é pior do que o bordel que nos estávamos — Diz ela em voz baixa.

— Vai ser melhor quando arrumarmos todas as suas coisas.

Ela bufa. — Claro. Tapar o sol com a peneira não ficou bom, então vamos
tentar outra coisa.

— Drew, eu preciso que você tente — Sinto Gabby agarrando minha mão
ao meu lado. — Esta situação só vai ser boa quando você deixar.

— Boa? — Sua voz treme e ela joga o telefone na cama. — O que diabos é
bom sobre tudo isso? Eu perdi minha mãe e tenho que viver com um cara que
nunca se importou o suficiente para visitar mais do que algumas vezes, ou pelo
que sei, ligou no meu aniversário. Eu tive que deixar meus amigos e minha casa.
Odeio esta casa. Eu odeio essa cidade e odeio você.
Eu cambaleio para trás quando ela torce a lâmina cega no meu coração.
— O que você quer que eu faça? — Lágrimas rolam pelo meu rosto porque eu
não sou insensível e odeio o que estou pedindo a elas. — Estou falando sério.
Por favor, diga-me, porque não sei o que fazer.

Ao meu lado, Gabby aperta minha mão. Então ela fala. É a primeira
palavra que ouço algo dos seus lábios desde que eu a encontrei de cócoras no
chão ao lado do corpo da mamãe.

— Fique.
Sete anos atrás

— ELA NÃO está atendendo minhas ligações — Eu jogo o telefone contra


a parede do vestiário. Ele a atinge com um estalo. Porra, o celular novo está
arruinado. E eu nem sou assim. Não perco minha paciência por merda
nenhuma. Mas Cally foi embora e eu ainda a amo.

No começo foi tudo bem. Nós conversamos o tempo todo. Enviei-lhe um


novo celular, uma vez que sua mãe não pagou os créditos do seu antigo e ele foi
desligado. Nós compartilhamos os detalhes mundanos sobre nossos dias.
Trocamos mensagens. Fizemos planos para o baile. Enviei e-mails com os links
da web sobre o chalé que reservei. Trocamos mensagens sobre o vinho de
morango que peguei do porão da vovó. Nós conversamos até o amanhecer sobre
a nossa primeira noite juntos. E eu confesso que não posso parar de pensar
quando vai ser finalmente deslizar dentro dela.

Esses momentos roubados não foram o suficiente, mas eles me


mantinham são. E agora eu nem sequer tenho muito.

Max e Sam trocam um olhar. Eles estão segurando as suas línguas sobre
Cally, mas eu posso ver que eles estão preocupados com isso.
— O homem — Max diz: — Você está prestes a começar a faculdade. Vai
ser incrível.

— Talvez você devesse apenas... deixá-la ir — Diz Sam. — Seja jovem.


Encontre outra.

Eu ergo o meu queixo. — Certo. Claro — Mas eles não entendem, porra.
Eu não quero namorar outra. Quero Cally.

Eu arrasto a mão pelo meu cabelo. Meu estômago queima. Ela está
ignorando minhas chamadas, respondendo minhas mensagens com respostas
vagas ocasionais sobre estar “ocupada”. — A última vez que consegui falar com
ela no telefone, ela estava distante, não disse muito, sem se preocupar em rir das
minhas piadas e inventando desculpas para sair da conversa antes mesmo de
começar. — Enviei as passagens de avião para voltar para casa para o baile. Isso
vai ajudar. Eu não deveria ter ficado tanto tempo sem vê-la. O Baile vai
consertar as coisas.

— Longa distância é difícil quando as coisas estão bem — Max avisa. —


Mas é impossível corrigir um relacionamento quebrado.

— Nós. Não. Estamos. Quebrados.

Sam enfia as mãos nos bolsos. — Tem certeza de que ela ainda virá?

— É claro que ela virá. Ela não disse o contrário.

Os caras acenam as cabeças e trocam aquele maldito olhar de


conhecimento novamente.

— Ela não está me traindo — Murmuro. Eles não disseram isso, mas é o
que estão pensando. Eles estão pensando que vou ficar melhor sem ela. Mas eles
não conhecem Cally como eu. Eles não entendem como ela me compreende
como ninguém, como preenche os lugares vazios e doloridos que eu tive desde
que mamãe e papai morreram. — Ela não iria me trair.

— Tudo bem, cara — Diz Max.

— Claro que não — Sam bate em minhas costas. — Existe alguma coisa
que podemos fazer?
A bondade deles me irrita. Eles não iriam deixar o assunto com tanta
facilidade se acreditassem que ela estava sendo fiel. — Só... Deixe-me em paz
por um tempo.

Depois que eles se vão, eu pego o meu telefone do chão. O vidro está
quebrado, fazendo uma estrela na tela que me lembra da garota que estou com
muito medo de admitir que eu perdi.
Dias atuais

Outra explosão de trovão balança o vidro das janelas na galeria e estou


feliz. A chuva ataca o deck de volta e acerta o rio como uma vingança. O dia está
cinzento e o clima violento. Ele combina com o meu humor.

Logo, Cally vai levar as meninas para seu pai e, em seguida, vai sair da
cidade. Talvez para sempre desta vez. Ou talvez ela esteja de volta muitas vezes,
uma vez que as irmãs estão aqui agora. A esperança é quase pior do que o
desespero.

Eu bato a palma da minha mão com tanta força contra o vidro, que arde.
— Foda-se.

— Bem, Olá sol.

Eu não me incomodo em virar-me na direção do som da voz de Maggie.


Fico feliz que ela esteja trabalhando hoje. Ela pode cobrir a galeria para que eu
possa dar o fora desse lugar e purgar essa energia nervosa. Uma corrida na
chuva pode ajudar. Ou uma garrafa de uísque.

— Eu vou fazer o café — Ela diz, e então ouço o clique dos seus saltos na
escada enquanto ela sobe até a cozinha no loft.

Eu deixo cair a minha cabeça e inclino-me contra o vidro frio. Eu quero


voltar para o hotel de Cally e pedir-lhe para não ir embora. Eu quero prová-la de
novo, só para ter certeza que não vou esquecer o sabor dos seus lábios, para
tocá-la mais uma vez para que eu me lembre do som que ela faz quando goza.
Quero afogar na sensação do seu cabelo e a suavidade da sua pele até lavar essa
merda de mim.

E, ao mesmo tempo, porra, eu quero brigar com ela. Eu quero dizer-lhe o


que ela fez comigo há sete anos. Eu quero fazê-la entender o quanto ela me
ferrou.

Os passos de Maggie soam acima e antes de eu perceber, ela está de volta


para baixo e empurrando uma caneca de café quente em minhas mãos. — Beba
antes que eu tenha que fazê-lo engolir — Ela repreende. — Eu deixei um homem
sexy, muito disposto na cama para conversar sobre a exposição de outono com
você. Se você vai ser um chato mal-humorado, vou voltar a sair por aquela porta
e passar minha manhã transando até os miolos.

— Estou tão feliz que chegamos a um ponto em nosso relacionamento


onde você pode ser tão aberta — Murmuro, embora fosse verdade.

Ela devolve a minha cara feia com um sorriso. — Eu sei. Não é especial?

Eu a vejo beber o seu café, seu cabelo vermelho voando em cachos soltos
e selvagens ao redor do seu rosto. Nos últimos dois meses, desde que ela e Asher
estão juntos, ela tem estado mais feliz do que eu já vi. Eu não teria pensado que
era possível, mas ela é ainda mais bonita quando está feliz.

Eu estou tão feliz por termos passado a estranheza dos primeiros dias
após o embaraço dela ter escolhido Asher em vez de mim. Chegamos lá mais
rápido do que eu esperava. Não a muito tempo, eu queria Maggie mais do que
tudo. Ou eu pensei que queria. É tão óbvio que não devíamos ficar juntos. Eu
não queria uma vida com ela. Eu queria salvá-la do meu passado de merda e
redimir da minha culpa. Há uma grande merda de diferença. Nós nunca
teríamos dado certo. Acho que Maggie entendia isso, mas e eu? Eu estendo para
o sonho. Talvez Cally ensinou-me isso.

— Quem é essa garota? — Ela pergunta, olhando para o dia triste. — É


aquela garota Meredith? Ela estava aqui procurando por você no outro dia.

Meredith. Merda. — Por que você supõe que há uma garota?

Ela levanta a sobrancelha e bufa. — Por quê. Você é Will. Com você é
sempre uma garota. Normalmente, uma quebrada ou uma proibida.
Acho que eu ganhei isso. — Cally Fisher está na cidade.

Ela assobia baixo e suave. — Sua namorada do colegial?

— A própria.

— E você a viu?

Eu não respondo, mas a verdade deve estar em meus olhos porque


Maggie passa para trás e coloca uma mão no peito. — Puta merda, Will. Você
dormiu com ela? Quão rápido você trabalha?

— Como se eu fosse lhe dizer.

— Eu pensei que você estava fazendo uma pausa de relacionamentos?

— Estou — Rosno com meu queixo tenso. Dois compromissos falhos em


poucos anos são mais do que motivo suficiente para voltar atrás por um tempo.
Não que meus sentimentos sobre o assunto abrandaram as tentativas da minha
avó para unir-me com a Sra. Correta.

— Então, Cally está na cidade. Você ainda tem sentimentos por ela, mas
você não dormiu com ela - no entanto, claramente você fez mais do que ter um
bom bate-papo. E agora você está tentando convencer a si mesmo para não
mergulhar de cabeça em outro relacionamento super intenso. Especialmente um
que está fadado ao fracasso, porque ela o deixou. Estou certa?

— Não há perigo de um relacionamento. Ela não vai ficar.

— Oooh. Isso explica o seu humor.

— Eu acho.

— Eu me lembro de quando ela foi embora — Diz Maggie pensativa. —


Ela te ferrou. Por que você ainda quer algo com ela?

— Eu sei.

— Ela te explicou?

— Explicar o quê?

Maggie estreita os olhos e cruza os braços. Ela não vai tolerar que eu seja
obtuso hoje.
— Explicar por que ela terminou comigo por mensagem de celular a noite
que deveria voltar para o baile? Por que ela mandou de volta o celular que eu
comprei a ela, então eu não conseguiria encontrá-la mais? Por que ela estava
transando com outro cara, quando eu a segui em Vegas?

Maggie levanta uma sobrancelha. — Sim, algo assim.

— Não — Eu rosno. Trovão esbraveja e treme todo o edifício. — Eu não


pedi explicação.

— Porque você não quer saber?

Eu enfio as mãos nos bolsos e me afastei de Maggie. Ela me entende


muito bem, e eu não tenho certeza se quero ser compreendido agora. Eu só
quero ser sombrio e ficar chateado. E ainda assim eu respondo. — Eu não fiz
qualquer uma dessas perguntas, porque eu sabia que ela não iria passar algum
tempo comigo, se eu fizesse. Eu a queria muito para correr esse risco.

— Oh. Meu. Deus. Você ainda está apaixonado por ela.

Eu arrasto a mão pelo meu cabelo e evito seus olhos. Eu não sei o que
estou. — Vê-la pela primeira vez em sete anos, me fez querê-la de volta
fodidamente muito, apesar de toda a lógica. Ela está aqui, linda e possui um
pedaço meu que me esqueci de que ainda tinha — Eu me inclino contra a parede
e afundo até meus quadris. — Ela estava perdida na cidade. De todos os lugares
que ela poderia estar, ela encontrava-se bem na frente da minha casa.

— Eu posso ver como isso pode ser ruim, mas... — Ela diz.

Maggie não entende. — Cally costumava dizer-me que o destino iria nos
reunir de novo e de novo, que ela era minha. Quais são as chances dela aparecer
na minha rua? Em frente à casa que eu construí?

Ela parece cética. — Ela não sabia que você morava lá?

— Não. Eu não acho que ela ainda queria me ver, mas lá estava ela. E
agora... O quê? Devo deixá-la ir?

— Você realmente quer que eu responda isso?

Engulo em seco. Eu não gostaria de ouvir isso da maioria das pessoas,


mas confio em Maggie. Concordo com a cabeça.
— Sim — Ela diz suavemente. — É preciso deixá-la ir.

— Maldição.

— Ouça-me. Você é rápido para dar e rápido para amar. Você quer
compartilhar sua vida com alguém. Eu entendo isso. Você quer o casamento e a
família que não teve. Eu entendo isso. Mas é por isso que você precisa deixá-la
ir. Porque você precisa de alguma distância para descobrir como realmente se
sente sobre ela. Agora, você está voando alto na nostalgia. Você precisa saber se
pode perdoá-la antes de pedir mais.

Eu arrasto a mão pelo meu cabelo e aceno com a cabeça. Eu sei que ela
está certa.

— Lembro-me que todos disseram depois que ela terminou com você —
Sussurra Maggie. — Lembro-me dos rumores.

— Eles eram boatos — Eu rosno. — Ninguém sabia.

Ela encolhe os ombros. — Mas e se eles estivessem certos? E se o cara que


você encontrou é a razão pela qual ela terminou com você? E se ela o traiu? E se
estava em Las Vegas, dormindo com um cara mais velho, enquanto você estava
aqui, esperando como o bom namorado que era? Você pode realmente passar
por isso?

Eu fico olhando para ela. Porque esta é Maggie, e de todas as pessoas, ela
sabe o quanto estou disposto a perdoar.

— Eu não — Ela sussurra. — Eu sei que você me perdoou, mas isso foi
porque estava tentando me salvar. Esse não é o caso com Cally. Tudo é diferente
com ela. Eu não estou perguntando se você pode perdoar qualquer um. Estou
perguntando se você pode perdoar Cally?

Ela está certa. Há uma diferença. Eu não tenho certeza de que faz sentido,
mas é verdade.

— Deixe-a ir, Will. Como um favor para si mesmo. Se toda essa baboseira
de destino for real e vocês estiverem destinados a ficarem juntos, ela vai estar de
volta. Certo?

Eu seguro minha cabeça. Porque ela está certa.


— Apenas deixe-a ir.
NOVA ESCOLA, primeiro dia. Drew foi caminhando, já que o ensino
médio é apenas há algumas quadras da casa de papai. Ofereci-me para
acompanhá-la, mas ela revirou os olhos e me acusou de tentar fazê-la motivo de
riso em seu primeiro dia em uma nova escola, assim eu a deixei ir sozinha.

Agora é a vez de Gabby e meu estômago é uma confusão de preocupação.


Além do seu pedido com a palavra na semana passada — fique — ela não falou
mais. Eu já tive uma reunião com o conselheiro da escola e troquei e-mails com
a professora. Todo mundo me garante que vão trabalhar com ela, mas odeio que
eu não posso estar na escola para ver isso por mim mesma. Minha única
garantia é que pelo menos, estarei aqui. Aqui em New Hope, vivendo com meu
pai em um futuro previsível.

Minha chefa no spa em Las Vegas concordou em manter o meu trabalho


até o primeiro dia do ano. Lutei tanto para chegar a uma posição onde eu
pudesse me sustentar, e esse trabalho é uma parte importante da equação -
ótimas gorjetas, salário decente, benefícios. Eu preciso da renda para ajudar
meu pai e apoiar as meninas. Eu preciso da renda, de modo que não preciso
confiar em Brandon novamente.

Eu teria saído do emprego se minha chefa não estivesse disposta a


segurar minha vaga? Provavelmente. Gabby precisa de mim, então vou fazer o
que precisa ser feito. Eu sempre fiz.
Nós dirigimos para a escola primária. É apenas cerca de um quilômetro e
poderíamos caminhar, mas é um dia quente e eu não quero que Gabby se sinta
constrangida em roupas suadas.

Eu ofereço-lhe a minha mão quando nos aproximamos do prédio. Ela


balança a cabeça, lembrando-me que, apesar de atualmente ter os padrões de
fala de uma criança, ela tem, de fato, dez anos de idade e não precisa da sua
irmã mais velha segurando sua mão.

Nós caminhamos em direção à frente e entramos no prédio. Assim que


chegamos à porta de carvalho pesado da sua nova sala de aula, ela me para, sua
mão apertando meu pulso.

— Estou com meu celular — Digo a ela. — Eu vou procurar trabalho o dia
todo, mas você ligue se precisar de alguma coisa.

A preocupação está escrito por todo o rosto, e eu encontro-me


questionando a nossa mudança pela centésima vez. Eu não tinha uma casa para
elas em Vegas, então presumi que seria melhor aqui. Eu achava que eu seria
capaz de trabalhar e enviar uma parte do meu cheque mensalmente. Mas agora,
já era essa parte do plano. E se eu estiver errada? E se extirpá-las de suas vidas
após a morte da mamãe foi a pior coisa para elas? E agora que eu escolhi ficar, e
se não conseguir encontrar um emprego?

Finalmente, Gabby aperta meu pulso novamente, respira fundo, e segue


para a sala de aula.

Quando me viro, vejo Lizzy Thompson. Ela está praticamente brilhando,


seu sorriso é muito brilhante. — Lizzy! O que você está fazendo aqui?

— Estágio! — Ela esfrega as mãos. — Bem, na verdade não começo por


algumas semanas, mas a Sra. Monroe disse que eu poderia vir aqui e conhecer
as crianças no primeiro dia de aula e simplesmente descobri que Gabby é uma
das alunas. Isso vai ser ótimo!

Alívio me inunda. — Estou tão feliz que você estará aqui.

Ela me abraça bem apertado e sussurra: — Ela vai adorar. Tenha um


pouco de fé.
— Eu sei — Eu dou de ombros. — Assim é como os pais devem se sentir,
certo? Eu acho que estou mais nervosa do que as meninas hoje.

— Elas vão ficar bem. Mas e você? Parece que você precisa aliviar o
estresse, e eu sei como — Ela sorri. — Eu vou mandar os detalhes por
mensagem.

“Aliviar o estresse” soa como código para “festa” e eu não tenho tempo
para isso agora, tenho que encontrar um emprego e trabalhar na casa do meu
pai. Eu não quero parecer rude, assim eu volto a sorrir. Eu sempre a decepciono
após fazer um convite. — Tudo bem. Obrigada.

Estou saindo pela porta da frente quando a secretária do escritório da


frente chama meu nome. Ela é uma coisinha pequena com um sorriso doce. —
Você é a irmã de Gabby Fisher?

— Sou.

Ela pressiona um envelope na minha mão e baixa o tom de voz. — O


cheque de livros didáticos do seu pai voltou.

— Oh — Merda. — Eu sinto muito por isso. Ele pode ser meio... Distraído.
Vou tê-lo... Um... Mover os fundos e fazer um novo cheque.

Seu sorriso sugere que ela sabe que não há fundos para mover. — Há uma
papelada nesse envelope para conseguir assistência. Você apenas peça ao seu
pai para preenchê-lo e os livros didáticos de Gabby serão arranjados. Eu
também incluí o pedido de almoço grátis.

Claro. Porque os Fisher precisam sempre dos livros. Nada muda. Eu me


forço a agradecê-la antes de sair correndo do prédio.

Estou destravando o carro quando ouço alguém chamar meu nome. Eu


coloco um sorriso falso no rosto antes de virar-me.

— Cally Fisher, certo? — A mulher repete. Eu não a reconheço. Ela é linda


e sofisticada em uma saia lápis preta e uma camisa risca de giz de botão com o
cabelo longo e loiro puxado em um rabo de cavalo baixo.

— Sim, sou eu — Eu ofereço minha mão. — E você é?


Ela deixa cair seu olhar para a minha mão e, em seguida, traz de volta
para o meu rosto. — Sou Meredith Palmer. Dona do salão de beleza Vênus?

Ela ainda não pegou minha mão. Sentindo-me como uma idiota, eu a
coloco de volta no bolso. — É bom conhecê-la — Eu digo. Esta mulher pode estar
sorrindo, mas irradia frieza. Por alguma razão, ela não gosta de mim.

— Eu vi que você estava interessada em trabalhar como minha terapeuta


de massagem.

Eu me mexo desconfortavelmente. Eu já sei onde isso vai dar. — Eu


estava procurando por isso.

— Sim — Ela ajeita a blusa e reposiciona o sorriso falso. — Mas você vê,
nós não somos esse tipo de estabelecimento, e prefiro ver o meu negócio
murchar e morrer do que ter alguém como você fazendo... — Ela levanta as
mãos e faz aspas no ar — ...Massagens.
Terça-feira traz sol e claridade. Maggie tem razão, é claro. Eu preciso
deixar Cally ir. Não que eu tenha uma escolha. Ela vai deixar a cidade em breve -
inferno, talvez ela já tenha ido embora - e eu vou esquecer que alguma vez houve
uma mulher que me pertenceu, corpo, coração e alma, tanto quanto ela o fez.

Eu ligo as luzes da galeria e inicio o computador. Maggie chegará em


breve e pode tomar conta do lugar, enquanto eu cuido de alguns papéis no meu
escritório no andar de cima. Eu preciso terminar a proposta de doação para o
evento de artes do centro e espero terminar os estudos para minhas aulas de
outono.

Quando eu abro as portas da frente, vejo Cally esperando na calçada.

— William? — Ela pisca para mim, como se não conseguisse descobrir por
que eu estaria aqui. Eu estou querendo saber o mesmo sobre ela.

— Bom dia — Deus, ela está linda. Ela deixou seu cabelo solto, escuro,
sedoso, e é como uma cortina em mais da metade de seu rosto. Eu cerro os
punhos contra a tentação de tocá-lo, dobrá-lo atrás da orelha para revelar a pele
macia de seu rosto e beijar seus lábios.

Eu deveria mandá-la embora rapidamente. Quando ela está olhando para


mim, eu não posso mentir para mim mesmo sobre estar em paz em deixá-la ir.

— Estou aqui para alugar um local? Você conhece o proprietário?

— Alugar um local?
— Sim — Ela fica na ponta dos pés e espreita para a galeria por cima do
meu ombro. — Meu Deus, é um lugar tão lindo. Você se importa?

Eu dou um passo para trás e ela entra. — Definitivamente.

Seus olhos estão arregalados, enquanto ela examina o espaço e estuda a


arte pendurada nas paredes. Primeiro, ela se aproxima de um trabalho feito em
tons pastéis. O rosto de uma criança está iluminado com o riso quando ela
aperta uma grande mão masculina entre as suas. — Uau — A boca de Cally cai
em um círculo perfeito de reverência.

— Maggie Thompson fez isso.

— Quem é a criança?

— O nome dela é Zoe. Ela é filha de Asher Logan.

— Asher Logan tem uma filha?

— Sim. Ela vive em Nova York com sua mãe a maior parte do ano, mas
passou a maior parte de julho aqui. Ela e Maggie eram inseparáveis — Eu
balanço minha cabeça, lembrando o olhar de puro contentamento nos olhos de
Maggie quando ela trouxe Zoe. — Maggie e Zoe podem não compartilhar o
sangue, mas elas foram feitas para ser mãe e filha.

— Ela a ama. Você pode ver isso na tela — Ela se move para a próxima
parede e para no panorâmico do Rio New Hope.

Eu tinha tirado uma fotografia do mesmo local a cada semana por um


ano, então digitalmente fundi as imagens em conjunto para que elas parecessem
ser uma única foto. As estações mudam pelo menor grau da esquerda para a
direita.

Ela levanta os dedos para o cartaz com meu nome logo abaixo da foto. —
Você fez isso. É incrível.

Meu coração está batendo. Cally em minha galeria. Cally olhando as


minhas fotografias. Cally perto o suficiente para tocar.

Ela gira em minha direção e afunda os dentes em seu lábio inferior.

Eu enfio as mãos nos bolsos, a tentação a três centímetros de distância.


— Bom dia? — Alguém diz da porta da frente.

Maggie para dentro da galeria com a testa enrugada de preocupação


quando vê Cally e eu juntos.

Cally pula para trás quando vê Maggie. — Eu só estou aqui por causa de
uma sala que Lizzy me falou.

Eu balanço minha cabeça. Eu já esqueci isso. Eu estava tão absorto em


observar Cally apreciar minha galeria - tão absorvido em observá-la - que perdi
o foco.

Dirijo-me a Maggie. — Você pode lidar com as coisas aqui em baixo um


pouco?

— Não tem problema. Eu ia fazer inventário hoje enquanto está calmo, e


depois preciso falar com você sobre a minha agenda de outono.

— É claro — Eu me viro para Cally. — Siga-me lá em cima? — Eu sigo


para o sótão, onde eu a noto me observando enquanto sirvo uma xícara de café.
— Quer um?

— Claro.

— Creme ou açúcar?

— Creme se você tiver.

Abrindo o pequeno frigobar, retiro o creme e adiciono uma pitada em seu


café antes de entregá-lo a ela. — Assim?

Seus olhos se fecham quando o primeiro gole atinge sua língua e o som
suave desliza do fundo de sua garganta, lembrando-me da nossa noite no
restaurante e me excitando fodidamente muito. — Deus, isso é bom.

— Jesus, pensei que eu era especial para fazer você gemer assim, mas
agora que sei que o café pode fazer o mesmo, talvez precise verificar meu ego.

Suas bochechas ficam vermelhas e ela lança um olhar em direção às


escadas, em seguida, de volta para mim. — Silêncio!

— Maggie não se importa.


— Sim — Maggie grita do showroom abaixo. — Sim, Maggie se importa.

Eu mordo de volta um sorriso e caminhamos em direção ao meu


escritório, fechando a porta atrás de nós para que possamos ter um pouco de
privacidade.

— Para ser justa — Diz ela. — Você faz uma xícara de café malditamente
boa e eu estou sobrevivendo com porcarias instantâneas. Creme em pó.

— Instantânea? Porra, deve ter sido difícil.

Seus olhos se conectam com os meus por um minuto, e o calor esclarece


qualquer dúvida em minha mente, que ela foi deixada querendo tanto quanto eu
depois do nosso encontro.

Deixe-a ir, eu me lembro.

— Estou querendo alugar uma sala para clientes de massagem


terapêutica, e Lizzy disse que havia uma acima da galeria, ela pensou que seria
bom. Obviamente você trabalha aqui também? Você conhece o proprietário?

— Você está olhando para ele.

Ela deixa cair seu olhar para o café. — Eu estava começando a suspeitar.
Lizzy poderia ter mencionado isso.

— Eu estou feliz que ela não o fez — Nós dois sabemos que Cally não
estaria aqui de outra forma. Talvez isso fosse intencional da parte de Lizzy. —
Então você vai ficar?

— Por uns meses, sim.

— O que a fez mudar de ideia?

Ela cruza os braços e seu rosto fica triste. — Minhas irmãs. Era uma tolice
da minha parte, pensar que eu poderia apenas deixá-las na casa do meu pai e
elas magicamente se sentiriam em casa — Ela balança a cabeça. — E a casa é um
desastre. Não suja, realmente, mas uma bagunça. Tomei um banho lá esta
manhã e a pressão da água é tão ruim que levou dez minutos para tirar o xampu
do meu cabelo. Então, vou ficar colocando a casa em ordem e ajudando o meu
pai a descobrir como ser um pai. Vai ficar tudo bem.
— Então você vai iniciar um negócio de massagem enquanto está aqui?

Ela encolhe os ombros. — Eu preciso de dinheiro e é o que eu faço. Lizzy


me deu algumas dicas de spas pelo campus que podem estar procurando por
alguém, mas... — Ela hesita por um momento, escolhendo as palavras. — Nada
deu certo.

— O dinheiro seria melhor por conta própria?

Ela encolhe os ombros. — As empresas estabelecidas vêm com clientela


embutida. Uma espécie de atalho, o que faz sentido já que não pretendo ficar.

— Minha amiga Meredith é dona de um salão de beleza, e acho que ela


estava à procura de uma nova massagista — Eu vou pedir um favor. Deus sabe
que Meredith deixou claro o suficiente que ela quer me ver novamente.

— Meredith Palmer? Do Salão Vênus?

— Sim, é ela.

— Ela não está interessada em contratar-me.

— O quê? Por quê? — Ela levanta o olhar para encontrar o meu, e eu


entendo. Meredith sabe sobre a mãe de Cally. Os rumores. — Eu posso falar com
ela. Vou explicar.

Ela coloca a mão no meu braço, me impedindo de pegar o meu telefone.


— Por favor, não — Ela força um sorriso. — É provavelmente melhor. Assim que
eu tiver uma lista de clientes construída, o dinheiro será muito melhor por conta
própria. Eu vou encontrar um espaço para alugar.

— Nisso eu posso ajudá-la.

Ela afunda os dentes em seu lábio inferior. — Quantas vezes você está
aqui?

— Muitas vezes, o suficiente.

— Eu acho que nós dois sabemos que isso seria uma má ideia.

— Espere um pouco — Proponho e me viro para o corredor.


Ela me acompanha pela pequena cozinha e área de recepção para o outro
lado do andar superior que mantém um pequeno apartamento.

Por algumas semanas depois do meu segundo compromisso falhar


quando eu estava abrindo a galeria, passei muitas noites aqui para escapar da
casa grande e vazia, e todos os meus planos arruinados. Agora, o apartamento
não está sendo utilizado.

Eu puxo as minhas chaves do bolso e abro a porta, acendendo as luzes


quando entramos. — Existe um acesso do lado de fora também, uma varanda
nos fundos e uma escada ao lado do edifício. Seus clientes não teriam que passar
pela galeria e são bem-vindos.

Ela acena com a cabeça, mas está franzindo a testa.

— O que há de errado?

Ela se vira em um círculo lento, observando a decoração da sala de estar e


uma pequena cozinha. — É ótimo, mas é muito.

— Você poderia estar morando aqui também?

— Não. Vou ficar com as meninas. Eu só preciso de um espaço para


trabalhar.

Eu movimento-a para o quarto. — Eu pensei que este seria um espaço


agradável para você — Eu digo, acendendo as luzes no pequeno quarto. —
Honestamente, eu já me acostumei a usar este apartamento para um banho
rápido quando não quero correr para casa. Eu faço um acordo se você quiser
alugar só este espaço, e me certificarei de ficar fora de vista quando você tiver
clientes.

Ela balança a cabeça enquanto olha ao redor da sala. Tal como o meu
escritório, esta sala tem um conjunto de janelas do chão ao teto com vista para o
rio e permitem a entrada de toneladas de luz. — Lizzy estava certa. Isso seria
perfeito.

— Então por que você parece tão desapontada?

— Não é uma boa ideia nós trabalharmos tão perto.


Apesar de ter toda a razão, não posso deixar de sorrir. — Eu não consigo
pensar em ideias melhores. Você não precisa nem me pagar adiantado. Eu sei
que agora você está apertada. Você pode me pagar quando o negócio der lucro —
Eu pareço desesperado. Talvez eu esteja. Eu quero estar perto dela, tê-la perto
de mim.

Ela balança a cabeça e olha para mim, perplexa. — Eu não estou em


posição de dizer não a isso, por isso... Obrigada.

Eu sorrio. — Você vai alugá-lo?

Lentamente, ela retorna o meu sorriso, mas o dela é mais frágil, mais
experimental. — Eu vou alugar — Ela faz uma pausa de um segundo. — William?

— Sim?

— Obrigada por não assumir o pior. Sobre o tipo de massagem que vou
fazer, quero dizer. Obrigada pela compreensão que não sou minha mãe.

— Você nunca vai ser como ela, Cally. Você é muito boa.

Um barulho ecoa nas paredes quando a xícara de café escorrega de suas


mãos e se despedaça no chão, o café espirrando sobre as pernas.

— Oh — Ela sussurra. — Eu sinto muito.

Eu corro para a cozinha para pegar algumas toalhas, e quando retorno,


ela está de joelhos, coletando fragmentos da xícara de café. Suas mãos estão
tremendo.

— Hey — Eu me ajoelho, deixando cair às toalhas e segurando uma de


suas mãos nas minhas. — Não foi grande coisa.

Uma lágrima desliza em sua bochecha. — Mamãe não era ruim. Ela só fez
o que acreditava que tinha que fazer.

— Ah, merda — Eu puxo-a contra mim e ela chora balançando o corpo,


soluços silenciosos que deixam a minha camisa molhada e me fazendo sentir
como o maior idiota do planeta.
APÓS eu me recuperar da minha pequena crise, saio da galeria o mais
rápido que posso, sem correr. Eu preciso colocar espaço entre William e eu.
Parecia bom demais chorar em seus braços, tê-lo acariciando meus cabelos e
murmurando desculpas que não me devia.

Uma vez que estou fora, vou ao redor do prédio e afundo em um banco,
deixando cair a cabeça em minhas mãos. Dou respirações profundas, calmantes.

Tudo vai ficar bem. Tudo vai dar certo.

Esse espaço é perfeito. Muito perfeito. A pequena cozinha e sala de estar


do apartamento dariam uma sala de espera confortável para os clientes.
Gostaria de colocar chás de ervas e garrafas de água na ilha de granito da
cozinha. Os clientes podem sentar-se comigo no sofá e conversar sobre as
preocupações com seus corpos. E a sala de massagem? As janelas com vista para
o rio dão-lhe um ambiente único. Eu aposto que em nenhum outro lugar na
cidade pode se igualar a isso. Eu decoraria o quarto com luxo minimalista, e
meus clientes poderiam olhar para as janelas enquanto recebem suas
massagens. Para não mencionar como ideal é a localização. O que diz “alta
classe” mais do que uma galeria de arte? E mesmo que o meu negócio não seja
uma parte da galeria, as pessoas iriam ligar os dois em suas mentes,
instantaneamente garantindo o respeito que vou precisar, a fim de escapar da
reputação da minha mãe.

É perfeito. E eu provavelmente deveria ir embora. Porque já quero muito


William e eu não posso tê-lo. Se ele soubesse a verdade, não iria me querer de
maneira nenhuma.

Alguém se senta ao meu lado, e eu olho para cima para ver Maggie
Thompson, seus cachos vermelhos emoldurando seu cenho franzido. Eu
lembro-me de estar com ciúmes dela quando Will e eu estávamos namorando.
Ela é dois anos mais nova que eu, então, não era como se ele parecesse
interessado nela romanticamente naquela época, mas eu sabia o que ela sentia
por ele. Ela tinha talvez quatorze anos, quando ele e eu estávamos juntos. Mas
ele sempre foi muito protetor com ela. De todas as irmãs. E agora ela está
trabalhando para ele. Interessante.

Endireito-me e forço um sorriso. — Ei, Maggie.

— Hey — Ela brinca com o pingente em seu colar. Parece um pedaço de


vidro quebrado, e a luz do sol dança em sua superfície. — Você acha que alugar o
espaço é realmente uma boa ideia?

— Provavelmente não — Eu deveria considerar viajar diariamente para


Indianápolis. Talvez pudesse encontrar uma posição em um spa onde eu não
estaria trabalhando sob a sombra da reputação da mamãe. Mas isso significaria
dinheiro da gasolina, e eu ficaria mais horas longe das meninas. Eu sempre quis
trabalhar sozinha, mas eu nunca tive o luxo de ser capaz de andar longe dos
benefícios de trabalhar para uma grande empresa. Esta pode ser a minha única
chance.

— Mas você vai fazer isso de qualquer maneira? — Ela pergunta.

— Às vezes, a má ideia ainda é a melhor opção que você tem.

Ela estreita os olhos e me estuda como se entendesse isso. A maioria das


pessoas não. — E Will?

Mesmo no sol quente de agosto, eu esfrego o frio dos meus braços. Eu


não quero falar com Maggie sobre meu relacionamento com William, apesar do
fato de que ela esteve aqui enquanto eu estive fora. Ou talvez por causa disso. Eu
não quero falar com ninguém que sabe que eu quebrei seu coração. Eu prefiro
fingir que isso não aconteceu. Muito maduro. — O que tem ele?

— Você vai ficar na cidade por algum tempo. Você vai voltar com ele?

— Eu... Tem...

— Não é da minha conta? — Ela pergunta com uma sobrancelha


levantada.

Deixo escapar um suspiro. — Sim. Praticamente.

Ela olha para o rio, e estou aliviada de não ter os olhos perscrutadores em
mim. — Você não pode pegar de onde parou Cally. William não é a mesma
pessoa de quando você morava aqui. Ele já passou por muita coisa.

Minha vida, por outro lado, tem sido uma caminhada em pânico no
parque. Certo. — Eu não estou tentando pegar de onde parei. Você não precisa
se preocupar com isso.

— Mas você dormiu com ele? — Seu olhar está de volta em mim agora.

— O quê? Não. Será que ele lhe disse isso?

Seus ombros caem e ela balança a cabeça. — Não, ele não o fez, mas posso
dizer que algo aconteceu entre vocês dois para ele estar todo obsessivo por você
de novo.

Eu deslizo para fora do banco. Porra, nada mudou. As pessoas nesta


cidade ainda acreditam que Will é um santo e eu sou apenas uma pobre garota
vadia que deve tê-lo enganado de alguma forma, para fazê-lo se apaixonar por
mim. Pergunto-me se Will já percebeu que foi por isso que eu não fiz sexo com
ele. Havia alguns que achavam que eu era fácil, que achavam que sexo era a
única razão pela qual um jovem de boa aparência estaria com uma garota como
eu.

Talvez, uma vez eu poderia ter sentido da mesma forma que eles. Embora
eu o respeitasse muito e pensar que ele estava me usando para o sexo, eu não
entendia por que iria me querer quando ele poderia ter qualquer menina da
nossa escola. Eu não entendia por que ele foi contra a vontade de sua avó e
namorava comigo, quando havia dezenas de meninas mais bonitas e mais
inteligentes de melhores famílias. Meninas que sua avó teria ficado feliz ao vê-lo
com elas. Meninas que seus amigos não o provocavam por amar.

Mas estou mais velha agora e eu conheço o meu valor. Engraçado que tive
que ir mais baixo para aprender.

— Eu aprecio sua preocupação — Eu finalmente disse, escolhendo as


palavras com cuidado. — Mas acho que Will pode cuidar de si mesmo.

— Eu estou apenas cuidando de um amigo.

— E isso é tudo o que ele representa para você? Um amigo? Você tem
certeza disso?

Ela hesita, então seu rosto endurece. — Não finja que me conhece ou o
que eu sou.

— Tudo bem. Mas retribuo o favor — Eu firmo o calcanhar e vou embora


com a minha raiva crescente a cada passo. Porque eu não pedi isso. Se Will está
“obsessivo” por mim de novo, certamente não foi porque eu o encorajei. E, no
entanto, eu sei que não estou com raiva de Maggie. Estou com raiva de mim
mesma.
Sete anos atrás

O restaurante está um pouco do lado escuro e sujo, mas é perto do


apartamento, e eu não teria que pegar ônibus ou usar o carro da mamãe para
chegar aqui. Eu vou direto para o bar para pedir a hostess se eu posso ver o
gerente.

A garçonete me observa mais e balança a cabeça, mas faz o que pedi.

Há um homem de cabelos grisalhos sentado no bar, me olhando por cima


como se avaliasse o valor de um cavalo. Estou tentada a perguntar-lhe se ele
gostaria de verificar meus dentes quando uma mulher baixa e atarracada sai da
parte de trás.

— Olá... — Eu paro. Seu crachá diz Gerente. Sem nome, apenas Gerente.
— Olá, eu sou Cally Fisher — Eu estico a minha mão, e a mulher segura-a com o
entusiasmo de uma pessoa pegando um pedaço de chiclete mastigado. — Eu
queria saber se você tem alguma vaga disponível para trabalhar. Tenho
experiência e eu sou trabalhadora.

— Quantos anos você tem? — Ela pergunta com a mão apoiada no


quadril.

— Vinte e um — Eu minto. Porque ninguém quer contratar uma


garçonete que não pode servir álcool.

Ela bufa. — Sim, eu também.


— Eu realmente preciso de um emprego. Minha família... — Eu me corto,
não querendo parecer muito desesperada. — Eu poderia realmente trabalhar na
folga. Eu farei qualquer coisa. Você não vai se arrepender.

Ela cruza os braços sobre o peito. — Eu preciso de uma hostess. Noites e


fins de semana, salário mínimo, sem gorjetas. É pegar ou largar.

Salário mínimo. Isso não será suficiente, mas vai ter que ser por agora.
Porque mesmo um pouco é melhor que nada. — Tudo bem.

— Volte amanhã e preencha sua papelada. Você pode começar este fim de
semana — Então, como se me despedisse, ela vira as costas e vai embora.

— Parece que é seu dia de sorte — Diz o homem.

Eu forço um sorriso. — Sim. Eu acho que sim — Eu não quero parecer


ingrata, mas o salário mínimo não vai me fazer ir longe. — Talvez eu possa
trabalhar ate ser garçonete, certo?

Ele balança a cabeça e puxa um cartão de visita do bolso. — Eu não estou


falando de nenhum trabalho ruim de hostess. Eu estou falando sobre o fato de
que estou sentado aqui.

Eu inconscientemente dou um passo para trás, para longe dele, longe de


seu olhar ganancioso e calculista.

Ele dá de ombros e joga seu cartão no bar. — Você precisa de dinheiro?


Eu posso ajudar. Um pequeno empréstimo. Com trabalho ou me paga de volta.
Tanto faz. Não é grande coisa.

Eu olho o cartão, com medo de tocá-lo. — Trabalhar fazendo o quê?

— Não se preocupe tanto. Isto é o que eu faço. Ajudo as pessoas.

Eu não preciso de um sinal de néon piscando me dizendo que este


homem é encrenca. Eu já sei disso. Eu engulo em seco e dou mais um passo a
distância. — Eu aprecio sua oferta. Mas estou bem.

Ele sorri. Não assustador, não de uma forma maliciosa, apenas um


sorriso genuíno. Ele joga um pouco de dinheiro no balcão e balança a cabeça. —
Seu funeral, querida.
O que significa isso? Eu vejo-o sair do restaurante e só depois da porta de
vidro se fechar atrás dele que pego seu cartão. Apenas no caso, digo a mim
mesma, colocando-o em minha bolsa.

Quando eu chego em casa trinta minutos mais tarde, eu esperava


encontrar mamãe drogada ou caída no sofá. Ela tem tomado Vicodin9 já que as
coisas não deram certo com Rick.

Mas ela não está dormindo. Ela está andando impaciente e de mau
humor, o que é muito pior.

— Você sabia que há uma maldita lista de espera para permanecer no


abrigo apenas mulheres decentes na cidade? — Mamãe joga o telefone do outro
lado da sala, e eu ouço um estalo uma vez que atinge a parede. Seus olhos estão
vermelhos e ela está mastigando a sua unha novamente.

— Eu consegui um trabalho — Eu digo a ela, sentada na beira da cama. —


Naquele restaurante no mesmo quarteirão.

Ela balança a cabeça, os olhos lacrimejando. — É tarde demais. Eles vão


nos expulsar se não tivermos dois meses de aluguel até o final do fim de semana.
O locador me fez um favor deixando-nos morar sem depósito antecipado, mas
agora ele quer seu dinheiro. Nós vamos estar nas ruas.

Digo a mim mesma que é o Vicodin falando. Ou melhor, a falta de


Vicodin. Ela está simplesmente vinte e quatro horas sem e os piores cenários
começam. Não é tão ruim quanto ela pensa. Embora tenha ficado muito pior,
estou começando a ficar preocupada.

— Vamos para casa, mãe. Por que ainda estamos aqui? Podemos voltar
para New Hope.

Ela ri, mas não é o riso da minha mãe. É um som assustador, quase
maníaco. — Você acha que vai ser melhor lá?

— Sim! Nós vamos voltar a morar com o papai.

9Vicodin é um medicamento a base de ópio que contém paracetamol, acetaminofeno e hidrocodona.


— Seu pai está na Índia, encontrando sua paz interior ou algo assim.
Vendemos a casa, lembra? Além do seu namorado e um bando de idiotas
julgando, o que está nos esperando por lá?

Eu aperto meus olhos fechados. Nós nunca deveríamos ter saído. Nós
nunca deveríamos ter vindo para cá. Meu pai me ensinou que tudo o que você
tem a fazer é acreditar que as coisas podem ser melhores, e elas serão - o poder
da manifestação – como ele chamou isso. Mas eu tenho acreditado tanto desde
que nos mudamos para cá, desejando tanto que estou cansada. Ele disse que era
tão simples, mas ele não conseguia nem manter a comida na mesa. Ele nem
mesmo pode salvar seu casamento. O que mais que ele me ensinou que era uma
mentira?
ESTOU indo para a casa de Asher Logan. O pensamento me faz querer
me beliscar e saltar para cima e para baixo ao mesmo tempo. Eu estava
planejando ficar em casa, mas Drew descobriu que eu estava declinando uma
festa na casa de Asher Logan (aparentemente seu novíssimo single “Unbreak
Me” é “maravilhoso”). Ela disse-me que me deserdaria se eu não fosse e depois
lhe contasse tudo sobre ele. Então, dei o braço a torcer e fui para a festa de uma
estrela de rock.

E sua namorada, que pode ou não me odiar.

Foda-se tudo. Eu poderia ter uma noite fora. Drew e Gabby tiveram um
bom dia na escola, a tosse do papai está ficando melhor depois de cinco dias de
antibióticos e alguns tratamentos respiratórios, e eu usei o cartão de crédito do
papai para adquirir alguns materiais mínimos para a minha sala de massagem.
Apesar de tudo, estou me sentindo bem de como a minha vida está indo.

Quando viro para a rua de Asher, estou surpresa de ver que não há
muitos carros aqui. Eu não sei o que esperava. Filas de Mercedes e Cadillac
Escalade? Há um Mustang azul na parte frontal da unidade e o Charger que
Lizzy disse que era dela, mas fora isso, só uma caminhonete, dois sedans e uma
Ducati amarela do outro lado da rua.
Eu estaciono ao longo da rua, então não serei bloqueada se eu decidir ir
embora rápido.

Um toque forte na minha janela me puxa dos meus pensamentos e me faz


saltar. Hanna puxa a porta aberta, os olhos brilhantes, o sorriso cobrindo todo o
seu rosto.

— Você está realmente aqui — Ela grita, envolvendo os braços em volta de


mim antes que eu possa sair.

— Eu lhe disse! — Ouço Lizzy dizer.

— Eu tinha que ver por mim mesma!

Eu me empurro levemente contra seu abraço. — Você está meio que me


espremendo, Han-Han.

Ela me solta e dá passos para trás para me deixar sair do carro.

— Maldita, menina! — Hanna tem seu olhar sobre mim. — Quando você
foi embora era uma menina bonitinha e voltou uma gata maldita!

— Ela não está gostosa? — Lizzy disse.

Eu sinto-me corar. Eu era muito estranha durante meus primeiros anos


da adolescência, geralmente escondida em camisetas gigantes e atrás do meu
cabelo grosso. Foi Brandon que me ensinou como me vestir para minhas curvas
e pernas longas. Ele até contratou alguém para me ensinar como aplicar
maquiagem com um pouco de habilidade. Estas são lembranças de um
relacionamento que prefiro esquecer.

— Está um tesão! — Hanna concorda.

— Ela é uma deusa.

Viro-me para a inesperada voz profunda masculina e encontro-me de


frente para William Bailey. Já que vamos trabalhar no mesmo prédio, acho que
devo me acostumar a encontrá-lo, mas não tenho certeza se vou me acostumar
com o calor que me enche quando ele olha em minha direção.

Ele olha o meu jeans rasgado e top de malha preta, deixando-me grata
aos meus amigos por terem enviado as caixas de roupas que chegaram hoje do
meu apartamento. Mesmo assim, sua leitura cuidadosa é digna de um vestido
formal colante, não uma roupa para sair com velhos amigos.

Minhas bochechas estão em chamas no momento em que ele retorna


aqueles olhos azuis aos meus. Os quentes olhos azuis que me lembram à luz de
velas, vinho doce e seus dedos calejados na minha coxa sob a toalha da mesa.

— Ei, Cally — Diz ele. — É bom ver você de novo.

— Você veio para a festa, Will? — Hanna pergunta.

Ele balança a cabeça. — Não, só passei para pegar algo de Maggie.

— Você deveria ficar — Diz Hanna baixinho. — Vai ser divertido. — Há


algo hesitante sobre a maneira como ela faz a oferta, e tenho certeza que está
faltando alguma coisa.

— Obrigado, mas eu tenho planos — Seus lábios inclinam em um meio


sorriso enquanto desliza o seu olhar sobre mim novamente, antes de atravessar
a rua. — Vejo você por aí, Cally.

Apenas quando eu pensei que William Bailey não poderia ficar mais sexy,
ele joga a perna sobre a Ducati e coloca seu capacete. O motor acelera em um
ronronar e, com um aceno, ele acelera e vai embora.

— Tensão sexual Santo Batman — Diz Hanna.

— Sim, depois disso vamos ter que cancelar a festa — Disse Lizzy. —
Havia tanta tensão entre vocês dois, que me deixou quente e incomodada.

— O que foi aquilo? — Hanna pergunta.

Eu me viro para as meninas para vê-las me olhando com expectativa. — O


quê? — Mas eu sei que o rubor nas minhas bochechas me denuncia e se tivessem
alguma ideia de como o meu coração está batendo...

— Mmm-hmm — Disse Lizzy.

Então Hanna diz: — Vocês dois sempre foram tão fofos juntos. Ele
precisa de alguém como você, Cally.

Alguém como eu? Elas nem sabem mais quem eu sou.


— Ele é um cara muito bom — Acrescenta Hanna. — E o ano passado foi
uma merda para ele.

— O que aconteceu no ano passado? — Eu pergunto.

Lizzy a cutuca. — Agora não.

Hanna faz ondas para minha pergunta. — Lizzy está certa. Isso é para
outra hora. Vamos entrar e cobiçar o namorado de Maggie.

— Você vai me dizer como ela acabou namorando Asher Logan? — Eu


pergunto, seguindo as meninas para a porta da frente.

— Ela foi nadar nua em sua piscina depois da recepção de Will e Krystal
— Diz Lizzy.

— Lizzy — Hanna sibila.

Lizzy estremece. — Merda.

Eu pisco. — Espere. Will e Krystal? Tipo, sua irmã mais velha? — Então a
ficha cai, e eu balanço minha cabeça. — Recepção? — Será que ele não me disse
que era casado?

Lizzy parece lamentar e Hanna morde o lábio, mas também não responde
antes que a porta se abre.

— Cally? — O sorriso de Maggie cai de seu rosto, mas ela nota isso e cola-
o de volta no lugar rapidamente. — É bom ver você.

Lizzy me cutuca para a porta. — Vamos! A tequila não vai acabar sem
nós!
— Que bom que finalmente se juntou a nós, Willy — Vovó diz quando
deslizo em uma cadeira em sua mesa de pinho na sala de jantar gigante.

— Eu tive que fechar a galeria e organizar algumas tarefas. — Eu sei que é


inútil tentar convencê-la do sentimento de culpa que vem, mas os velhos hábitos
custam a morrer.

Ela me surpreende com um beijo na minha bochecha. — Está tudo bem.


Você é um trabalhador e estou orgulhosa de você.

Eu estreito meus olhos para minha avó. A mulher não deixar passar a
oportunidade de colocar culpa em mim, a menos que queira alguma coisa.

— Há alguém especial se juntando a nós esta noite.

Então é por isso que me livrei de ganhar uma bronca. Não há nada que
minha avó goste mais do que encontrar mulheres jovens elegíveis para mim, e
tenho certeza de que o retorno de Cally à cidade só vai fazê-la redobrar seus
esforços.

Eu olho em volta da mesa, mas apenas vejo as amigas da vovó.

— Ela está na cozinha, fazendo-nos um pote de café fresco. Por que você
não vê se ela precisa de alguma ajuda?

— Calma aí, casamenteira, ok? — Eu caminho para a cozinha da vovó,


fingindo que não ouço as amigas da minha avó sussurrando: “Pelo menos ela
não é uma Thompson”.

Cerca de uma vez por semana, eu me encontro com vovó e suas amigas
para algumas horas de pôquer. Estou com a impressão de que as avós de outras
pessoas se reúnem para fazer algo respeitável, como jogar Bridge10 e beber chá,
mas as velhas em New Hope preferem o pôquer para seus jogos noturnos e
uísque em seu café. Quando tenho sorte, consigo aproveitar o jogo com as
senhoras cujas habilidades na mesa não devem ser subestimadas. Quando estou
com azar, as velhas aproveitam a oportunidade para unir-me com alguma neta,
sobrinha, prima. Tem ficado pior depois que as coisas não deram certo com
Krystal.

Na cozinha, uma loira alta vestindo jeans está enchendo a garrafa de café
com água. Seus olhos se arregalam quando ela me vê e coloca o pote no balcão e
levanta as mãos. — Eu sinto muito. Eu não tinha ideia que estaria aqui.

Eu aceno para Meredith. — Está tudo bem. Não se preocupe com isso.

— Eu só não quero que você pense que estou me jogando em você. Eu


ouvi que sua antiga namorada está de volta na cidade, e você provavelmente não
quer ter nada comigo.

Eu cruzo meus braços. — Você ouviu ou ela queria trabalhar para você e
você a recusou?

Uma onda rosa se move para cima do pescoço e aflora em suas


bochechas. — Ela disse isso?

Eu dou de ombros. — Fiquei sabendo.

Ela seca as mãos em uma toalha e suspira. — Eu não sou uma puta, você
sabe? Mas o meu negócio é tudo para mim, e eu tive que tomar uma decisão
difícil.

Eu não tenho certeza se a decisão foi difícil, mas mal posso ficar irritado
com isso. Não quando o resultado coloca Cally tão perto de mim. — Vai dar
certo. Afinal. Ela está alugando o apartamento em cima da galeria e irá montar
seu negócio lá.

Seus lábios formam um círculo perfeito de surpresa. — Você tem certeza


que é uma boa ideia? As pessoas vão pensar que você aprova o que ela faz.

Meu queixo se aperta. — O que você quer dizer com isso?

10 Bridge – jogo de cartas


Ela levanta o queixo. — Quero dizer, a mãe dela fazia punhetas por vinte
dólares em sua casa de massagem. Talvez pior. Justo ou não, as pessoas irão
assumir que tal mãe, tal filha.

Eu tenho que dar crédito à Meredith por dizer isso. A maioria das pessoas
esconde os rumores. Independentemente... — Isso é besteira.

— Claro que é — Ela franze a testa. — Mentira total. Mas as pessoas


acreditam no que querem. Isso poderia realmente difamar a galeria. Basta
pensar nisso.

Caminho para o esconderijo do licor da vovó ao lado da pia e me sirvo de


dois dedos de conhaque. Engulo a metade. — Eu pensei sobre isso. E tomei
minha decisão.

— Você é um cara bom. Ela tem sorte de ter você.

Eu balanço a minha cabeça. — Não é nada disso — Eu digo, então bebo o


resto do brandy.

— Eu prometo que não tive nada a ver com hoje à noite — Diz ela em voz
baixa. — Na verdade, estou um pouco envergonhada, mas você sabe como vovó
e suas amigas são desonestas em seus esforços de casamenteiras. Quando eu
descobri que Cally estava de volta, ficou óbvio por que você começou a me
evitar. Eu não quero estar no caminho.

E o idiota do ano vai para mim. Eu arrasto a mão pelo meu cabelo. — Eu
não tive a intenção. Pensei que estávamos mantendo as coisas casuais — Foda-
se. Eu até pareço como um idiota.

Suas bochechas florescem vermelhas novamente. — Isso é tão


embaraçoso. Eu pensei... Eu quero dizer, como parecíamos nos dar muito bem.

Inferno. — Eu nunca quis dar-lhe a ideia errada.

Ela levanta as mãos. — É totalmente minha culpa. Eu só não queria nada


sério e então você... — Ela balança a cabeça. — Está vendo? Totalmente
constrangedor. Mas sem danos, certo? Quero dizer, nós estamos na mesma
página agora e você pode continuar com Cally, sem se preocupar comigo.

— Me desculpe, Meredith.
— Não por isso. Por favor. Devo-lhe um pedido de desculpas — Ela deixa
cair sua voz para um sussurro. — Eu fui muito covarde para dizer a minha avó
que você não está interessado, e eu só quero que ela saia do meu pé um pouco,
sabe? Eu realmente espero que você não se importe. Eu prometo lhe contar
brevemente.

— Então, aqui estamos nós — Eu pego a garrafa e termino de preparar o


café. — Eu acho que seria bom se eu lhe disser que você pode encontrar alguém
melhor do que eu?

Suas bochechas inflamam. — Eu acho que nós dois sabemos que não é
verdade.

Ela é muito bonita, mas suas bochechas coradas só me faz compará-la a


Cally, que não é justo, uma vez que tudo o que sou capaz de pensar por dias é a
maneira como Cally respondeu ao meu toque na parte de trás do restaurante.

Eu pressiono o botão da máquina de café e me sirvo de uma xícara da


garrafa térmica sobre o balcão.

— Vovó só quer ótimos netos. E você sabe o quê? As coisas não dando
certo entre nós foram boas para mim.

— Foi?

— Eu percebi que simplesmente precisa fazer isso.

Eu levanto uma sobrancelha. — Fazer o quê, exatamente?

— Eu decidi não esperar para ter bebês — Diz Meredith depressa. —


Então, eu realmente gostaria se ainda pudéssemos ser amigos, provavelmente é
bom que você não vá ficar muito por aqui. Eu não quero que você fique com
ciúmes que o meu esperma seja comprado.

Eu engasgo com o café. — Eu sinto muito?

Ela derrama seu próprio copo de café e sorri. — É o século XXI. Eu não
preciso de um marido para ter uma família. Minha mãe aceitará quando eu tiver
a coragem de dizer a ela e vovó também.

— Claro, mas você é jovem — Ela é apenas alguns anos mais velha que eu,
talvez vinte e sete. — Por que a pressa?
Algo como tristeza aparece nos cantos dos olhos. — Às vezes você apenas
sabe que está destinado a algo e vai atrás dele, apesar da lógica.

— Eu posso entender isso.

A máquina emite um sinal sonoro, e trabalhamos juntos preparando uma


bandeja de canecas, café, creme, açúcar e uísque. Na minha cintura meu
telefone vibra um alerta de mensagem.

— Então, e você e Cally? — Ela indaga. — Vocês resolveram as coisas?

— É complicado — Eu puxo o meu telefone do quadril e sorrio quando


vejo o nome de Cally na tela. Talvez ela tenha decidido parar de me evitar.

— Eu espero que você possa resolver isso — Diz Meredith. — Ela é uma
garota de sorte.

Abro o texto piscando na tela.

Apenas uma semana atrás, estávamos no restaurante e você


estava me tocando debaixo da mesa.

— Deixe-me adivinhar — Diz Meredith. — Sra. Complicada?

— Pode-se dizer que, embora eu não tenha certeza que a nossa relação
evoluiu para algo tão oficial como a Sra. ainda.

— Quer mais?

Eu não respondo, mas a verdade deve estar em meus olhos, porque ela
pega o telefone da minha mão e desliza-o no bolso da calça jeans. — O que você
está fazendo?

— Ajudando você. Se você quiser mais da garota Complicada, não


responda.

Cruzo os braços. — Isso não é um pouco infantil?

Ela encolhe os ombros, piscando-me um sorriso por cima do ombro


enquanto passeia de volta na sala de jantar, para se juntar aos tubarões do
baralho. — Entro nessa mão?

— Willy, o que acha? — Norma fala.


— Entro — Eu digo e me preparo para entregar o meu orgulho e meu
dinheiro para um monte de velhinhas.
ESTA MANHÃ está fazendo um trabalho fantástico me lembrando de um
motivo para eu ficar longe de tequila. Não de três motivos.

(1) Falta de moderação. Minha primeira dose me deu aquele calor difuso
na boca do estômago. A segunda fez me sentir mais leve e despreocupada. Na
terceira, eu estava definitivamente dançando, embora não tivesse ideia se
alguém ligou alguma música. E depois havia mais doses. Eu só não me lembro
de quantas mais.

(2) memória difusa. Quase tudo após a terceira dose de tequila é difusa.
Uma colcha de retalhos de memórias inadequada - um monte de peças que
faltam, sem uma ordem clara.

Eu poderia ter tentado que Asher Logan cantasse para mim.

(3) impulsividade. Lembro-me vagamente de enviar uma mensagem de


texto... Ou duas? (Veja razão dois.) Estou com medo de olhar e ver exatamente o
que escrevi, mas tenho certeza que preciso. Talvez eu pudesse mentir e dizer que
Lizzy e Hanna pegaram meu telefone?

Eu me abraço contra o balcão e tomo um gole hesitante da minha caneca


de café. Deslizando o meu telefone do bolso, eu abro minhas mensagens de texto
e clico no nome de Will.
Não apenas uma mensagem enviada. Não duas. Quatro. Quatro
mensagens de garota bêbada desesperada por sexo. Eu abaixo a cabeça batendo
no balcão e gemo.

— Sente-se bem esta manhã? — Eu estou de ressaca, e a voz de Lizzy está


brilhante e alegre o suficiente para colocar o homicídio justificável.

Eu abro uma pálpebra para ela. — Não fale comigo.

— Não seja mal-intencionada, só porque você bebeu demais — Ela puxa


meu telefone dos meus dedos. — Alguma vez ele respondeu de volta?

Eu ergo minha cabeça. — Você sabia que eu estava enviando essas? Jesus,
Liz, você deveria ter vigiado uma garota quando ela está bêbada.

Ela bufa. — Eu estava. Deus, depois que você me disse sobre o


restaurante, eu fiz a única coisa que uma amiga de verdade faria. Entreguei-lhe
o telefone para ajudar você a transar.

— Eu disse a você sobre o restaurante?

Maggie e Hanna entram na cozinha, indo para o café. — Querida, você


disse a todos sobre o restaurante — Disse Maggie.

Minhas bochechas se enchem de calor. Eu não teria pensado que era


possível tanto constrangimento com a minha cabeça latejando tão forte. — Isso
é... Humilhante.

— Não foi muito ruim — Diz Hanna baixinho. — Quero dizer, você não
entrou em detalhes gráficos do seu orgasmo ou qualquer outra coisa.

Meu rosto está em chamas. — Você não está ajudando, Hanna.

— Embora, tenha nos contado tudo sobre sua calcinha — Diz Lizzy. —
Agora eu quero um pouco. Tão gostosa.

Asher entra na cozinha e envolve seus braços em volta de Maggie,


puxando-a de volta à sua frente antes de sussurrar algo em seu ouvido.

Eu olho para Lizzy e Hanna. — Eles são sempre assim?

Hanna inclina-se no balcão de café e coloca o queixo sobre as mãos,


suspirando. — Eles são ainda piores quando pensam que ninguém está olhando.
Estamos todos com inveja. Liz e eu dissemos a ele que tem que nos encontrar
estrelas do rock, mas até agora, nada.

Lizzy franze a testa para o meu celular. — Eu não posso acreditar que não
mandou de volta. A maioria dos rapazes teria derrubando a porta para aceitar a
oferta. E este último? — Ela assobia baixo e olha para mim com uma
sobrancelha levantada. — Você é criativa, vou lhe dar isso — Ela mostra o
telefone para Hanna, que pega e ergue a cabeça durante a leitura.

— Uau. Isso é... Você pode realmente...? E ele não apareceu? Eu me


pergunto se ele está no hospital em algum lugar.

Eu arremato meu celular de volta, então estremeço quando a dor


ricocheteia pela minha cabeça pelo movimento brusco.

— Mais do que provável que ele sabia que ela estava bêbada — Maggie diz
baixinho, olhando-me. — Will é um cara bom. Ele não tira vantagem.

Eu esfrego minhas têmporas. Ontem à noite ficou claro para mim que
Will tem uma história com Maggie e sua irmã mais velha, Krystal. Claro,
ninguém queria falar sobre isso, mas eu arquivei as informações. Esta é New
Hope, depois de tudo. Se eu for atrás não terei que ir muito longe para
encontrar alguém que conheça a história inteira e que fale tudo.

— Maggie está certa — Diz Hanna. — Ligue-o hoje sóbria, e eu tenho


certeza que ele vai ser todo seu.

— Eu não quero que ele seja meu.

Lizzy bufa. — Besteira. O cérebro de viciado em tequila não mente.

— É uma má ideia. Eu vou embora em poucos meses – no máximo.

Maggie está franzindo a testa para mim com a linha de preocupação


vincando-lhe a testa.

Hanna coloca a mão no meu braço. — Você sempre foi a única a dizer-nos
para manter uma mente e um coração aberto. Você foi quem nos convenceu de
que se nós simplesmente acreditássemos, as coisas boas entrariam em nossas
vidas. O que aconteceu com essa menina?
Ela se vendeu por um salário. — É complicado. Estar com Will só iria
machucá-lo em longo prazo.

— Então, deixe-o sozinho — Maggie dá passos em minha direção. Asher


toca em seu braço, mas Maggie balança a cabeça e ele recua. — Tudo o que Will
quer neste mundo é se casar e ter uma família. Ele pode estar atraído por Cally,
mas se ela sabe que não vai dar-lhe isso, deve ficar longe.

Hanna e Lizzy estão olhando para suas mãos e os olhos de Asher ficam
tristes. Há definitivamente mais nessa história do que eu sei.

— Eu concordo — Meu celular toca, e eu pego-o das mãos de Hanna e


vejo uma mensagem de Drew.

Gabby teve pesadelos à noite toda e eu tive que subir na cama


com ela, e meu pai fez algum tipo de salsicha de nugget de tofu no
café da manhã que cheira a gambá. Se você chegar em casa sem um
autógrafo de Asher Logan em seu peito, não é mais minha irmã.

— Eu preciso ir.

— Não se apresse por causa de alguma mensagem boba — Disse Lizzy. —


Asher vai nos fazer o café da manhã.

Não é por causa da última mensagem que recebi. É o lembrete que


mensagens de texto sensuais que enviei ao meu antigo namorado é a menor das
minhas preocupações.

— Mas antes de ir... — Eu pego uma caneta da cesta no balcão. — Maggie,


tudo bem se eu pedir a seu namorado para assinar o meu peito?
Eu não quero acordar. Eu quero me aconchegar mais perto de Cally e
respirar o cheiro dela enquanto durmo o dia inteiro. Então, quando eu acordar,
quero fazê-lo lentamente, explorando seu corpo com as minhas mãos e boca
antes de abrir os olhos.

Só que ela não tem o cheiro certo.

Eu envolvo meu braço apertado em torno de sua cintura e a puxo mais


perto. Ela deve estar usando um xampu diferente. Ela ainda cheira bem, mas
mais como perfume e menos como... Cally.

Foda-se de dormir, estou duro só de pensar em tê-la tão perto de mim.


Eu tenho sonhado com ela desde que voltou para a cidade. Em segurá-la. Tocá-
la. Deslizar para dentro dela.

Eu coloco meus dedos sob o cós de sua calça jeans, e ela geme
docemente...

Só que não é o gemido de Cally.

Meus olhos se abrem e eu pulo sentado na cama. Não é a minha cama. É


meu quarto de infância na casa da minha avó. E não é Cally ao meu lado, é...
Foda-se.

Meredith rola e sorri, olhando-me sob as pálpebras meio fechadas. Então


seus olhos se abrem e seu rosto é mascarado com horror enquanto suas mãos
caem para investigar sua roupa.

Nós dois estamos completamente vestidos com as roupas que estávamos


na noite passada e ela parece estar tão aliviada quanto eu.
Ela timidamente levanta a mão à cabeça, em seguida, pega um
travesseiro para pressionar sobre o rosto.

— Quando fomos enganados com o nosso café por essas velhas senhoras?
— Eu pergunto, esfregando meu ombro.

— Quando elas estavam meio bêbadas e chutaram nossas bundas — Ela


murmura por trás do travesseiro. — Nós decidimos dar-lhes uma vantagem.

— Erro de principiante — Murmuro.

Ela levanta o travesseiro e espreita-me debaixo dele. — Nós não fizemos?


Quero dizer... Você não acha que...? Será que Cally ficará chateada?

Eu balanço minha cabeça. — Nós não fizemos nada além de dormir.

— Eu não sei se isso é verdade — Ela murmura, sentando-se.

— O que você quer dizer com isso?

— Eu definitivamente acordei com alguém me apalpando.

Eu arrasto minha mão sobre o rosto. — Eu pensei que você fosse Cally.

Quanto mais eu acordo, mais me lembro sobre a noite passada. Foi ideia
da vovó que viéssemos aqui para cima, para o meu quarto, rindo sobre como ela
provavelmente estava planejando que nós conceberíamos seu bisneto.

Nós nos divertimos. Meredith e eu. Estou me lembrando do quanto eu


gosto dela. Ela é engraçada, despreocupada e inteligente. Ontem à noite, ela se
defendeu quando as velhinhas lhe deram um tempo duro sobre sua série de
fraquezas no amor.

Ela não se empurrou em mim. Ela até fez perguntas sobre Cally. Sobre a
nossa história.

Cally.

Ela me mandou uma mensagem ontem à noite e Meredith achou que eu


não deveria responder. — Você ainda está com o meu telefone?

Ela puxa-o do bolso e atira-o para mim na cama.


Eu rolo as minhas mensagens de texto e vejo que perdi mais três
mensagens após a primeira. Eu pisco para minha tela.

— Ela esta com raiva que você não respondeu?

Meu estômago dá reviravoltas em um misto de preocupação, nervosismo


e vertigem juvenil. — Ela deve ter bebido — Eu digo, mais para mim do que
Meredith.

— Ela está bem?

— Eu acho que vou descobrir — Eu corro a mão pelo meu cabelo e tento
alisar minhas roupas. — Posso arranjar-lhe alguma coisa? Café? Lanche?

— Eu estou bem. Vá buscar sua garota.

— Obrigado por ser tão legal com tudo, Meredith.

Ela pressiona o travesseiro contra o estômago e me dá um sorriso triste.


— Não é nada.

Eu decidir ir lá em vez de ligar, mas quando chego a casa de Arlen Fisher,


estou de repente questionando meu plano. O que achei que faria? Apontar para
a última mensagem e dizer: Aqui, por favor?

Drew e Gabby estão sentadas em cadeiras de campismo fora no deck da


frente, os olhos de Drew em seu telefone e Gabby olhando para o rio.

Subo em minha moto e vou em direção à casa, mas eu ainda não atingi o
deck quando posso ouvir a voz alta de Cally, com raiva.

— Você tinha dois mil dólares na conta poupança ontem. Para onde foi?

Eu não posso ouvir as palavras do seu pai, apenas o profundo murmúrio


dele.

— Você está brincando comigo! Um guru? Você não precisa de um guru.


As meninas precisam de livros didáticos. Elas precisam de almoço. Pare de dar
seu dinheiro para fraudes promissoras que nunca pode cumprir — Pausa. — As
crianças são caras. E esta casa está caindo aos pedaços — Pausa. — Então, o
quê? Você simplesmente não medita para ter um melhor patrimônio líquido?
Você tem que conseguir um emprego e tem que parar de gastar dinheiro com
essa merda.

— Pai deu dois mil para o aconselhamento individual com seu guru —
Drew explica. — Ele quer ser iluminado ou algo estúpido assim. E agora Cally
está brava porque não podemos pagar o uniforme para a prática de animação de
torcida. Não importa que eu não queira ser uma líder de torcida estúpida. Eu só
fiz isso porque meus amigos fizeram. Eu não tenho amigos aqui.

Mais murmúrio de dentro. Então Cally baixa sua voz menos irritada: —
Bem, você deveria ser mais esperto. Mamãe nunca foi boa com dinheiro.

— Tradução — Drew fala com sarcasmo. — Mamãe era uma drogada.

Eu engulo, imaginando o que Cally pensaria se soubesse que eu estava


aqui ouvindo isso.

— Quantas porras de livros espirituais autografados você tem? Venda


alguns desses e reforce a sua conta corrente — Pausa. — Você está escrevendo
um livro? Mostre-me um ótimo contrato de uma grande editora e eu vou
acreditar. Vá a faculdade e consiga um emprego de verdade.

Mais murmúrios.

— Nós deveríamos ter ficado em Las Vegas — Drew fala.

Cally: — Se a política é o pior que você tem que enfrentar para colocar
comida na mesa, você tem sorte. Supere isso — Então ouvimos o clack de passos
e ela está empurrando para o deck com a porta batendo atrás de si.

Ela nem sequer me vê. Ela está olhando para seus sapatos, seu peito
arfando. Eu não posso dizer se ela está chorando ou com raiva. Abro a boca para
anunciar a minha presença, mas Drew fala para ela.

— Você tem companhia.

A cabeça de Cally ergue-se e seus olhos se arregalam quando me vê. —


William.

— Cally.

— Você ouviu tudo... Merda.


— Podemos conversar? — Eu pergunto.

Ela olha para Drew, em seguida, Gabby.

— Estamos bem — Diz Drew, espantando-nos para longe.

Gabby balança a cabeça, dando-me um meio sorriso e uma meia onda


com seus dedos.

Cally coloca o lábio inferior entre os dentes, franzindo a testa enquanto


estuda as meninas.

Finalmente arrancando os olhos do seu telefone, Drew diz: — Vá dar ao


seu namorado um boquete e talvez ele vá comprar-nos um bom jantar.

Cally suga uma respiração cortante, mas antes que ela possa falar, Gabby
diz: — Comporte-se! — É uma palavra, mas é nítida e forte, isso limpa a raiva do
rosto de Cally. O maxilar de Drew cai.

Cally pressiona um beijo no cabelo de Gabby, então se vira em direção a


mim.

— Quer sair daqui? — Eu aceno para a minha moto, querendo tirar a


tensão ao redor dos seus olhos me dizendo que ela precisa disso
desesperadamente. — Nós poderíamos dar uma volta.

Ela balança a cabeça e enfia as mãos nos bolsos do seu short jeans. —
Podemos andar? — Ela aponta para a pista de cascalho que se encontra com
caminho pavimentado de jogging ao longo do rio.

— Claro.

É um dia lindo, excepcionalmente bom para o final de agosto em Indiana


e uma pausa agradável do calor da semana passada. A luz solar reflete na água e
faz com que seu cabelo escuro brilhe.

— Eu acho que você está aqui por causa das mensagens que enviei? Eu só
posso pedir desculpas. Eu bebi muita tequila.

Estou, mas parece trivial, tendo o argumento da sobrecarga entre ela e


seu pai.

— Você precisa de dinheiro? Posso emprestar...


— Por favor, não. Eu já lhe devo as compras e o espaço para o meu
estúdio de massagem — Ela olha para o rio. — Nós vamos descobrir como fazer
isso. Nós sempre fazemos

Eu deixo quieto - por enquanto - e caminhamos em silêncio.

— Você poderia fazer algo para mim — Diz ela finalmente.

Qualquer coisa. — O quê? — Nós caminhamos para um pequeno cais e


fazemos uma pausa para olhar para a água.

— Veja se existem cargos adjuntos abertos na faculdade? Papai poderia


trabalhar. Filosofia, religião. Qualquer coisa assim. Você sabe que ele é
qualificado.

— Eu vou fazer algumas ligações, mas não tenha muitas esperanças. O


segundo semestre começa na segunda-feira, provavelmente já têm todas as
classes organizadas.

Ela solta um suspiro longo e lento com seus ombros caindo. — Certo.

— Eu vou dar algumas chamadas. Há sempre posições financiadas por


subvenções temporárias que ele poderia considerar a curto prazo. Pesquisa,
talvez?

— Eu aprecio isso. Eu realmente agradeço — Ela se vira e envolve seus


braços em volta de mim e enterra o rosto no meu peito. — Eu tenho sorte de ter
você.

Eu a abraço de volta, puxando-a para perto. Deus, eu amo o jeito que ela
se encaixa em meus braços. Seu cabelo é sedoso contra meu nariz e eu inalo
profundamente.

Como se, de repente lembrando-se disso, ela endurece e se afasta. —


Desculpe-me por isso.

— Hmm... Sobre as mensagens de texto...

Ela sorri e bate no meu estômago com as costas da mão. Suas bochechas
ficam vermelhas com seu rubor. — E eu que pensei que você ia me deixar em
paz.
— Talvez para as três primeiras, mas essa última não é algo que um cara
se esqueça.

Ela deixa cair seu olhar para as pranchas de madeira do cais. — Eu acho
que esta é a parte onde eu digo que nada pode acontecer entre nós.

— Eu acho que não tenho lido o mesmo script — Murmuro.

— Você não me perguntou por que não vim para o baile. Você não
perguntou por que eu terminei as coisas.

Um pássaro abre suas asas e desliza baixo sobre a água. — Achei que você
já teria me dito se você quisesse que eu soubesse — Mas o meu estômago se
dobra brutalmente com a lembrança. Até sete anos depois, a memória ainda dói.

— Você pode prometer que não vai me perguntar? — Sua voz é tão suave
e ela está me estudando.

— Se eu perguntasse, eu gostaria de saber a resposta?

Ela balança a cabeça e seus olhos se enchem.

— Você sabe que minha mente vai responder a pergunta de qualquer


maneira. Eu tive sete anos para imaginar o que aconteceu. As respostas que eu
imaginei. Estive chateado e preocupado, então ficava com raiva novamente. Se
você acha que não saber é melhor, você está errada — Dou um passo à frente,
seguro seu rosto em minhas mãos. Seus olhos estão úmidos, mas determinados,
e suas bochechas estão secas. Eu pensei muito sobre as palavras de Maggie nos
últimos dias. — Eu acho que você ficaria surpresa com a capacidade que tenho
de perdoar as pessoas, Cally. E nenhuma delas foi você. Se você dormiu com
alguém enquanto ainda estávamos juntos... — Eu paro quando ela fecha os
olhos.

— Não — Ela sussurra.

A luz do sol do meio-dia aquece nossos ombros, e o silêncio doloroso de


arrependimento nos envolve em seu abraço farpado.

Nada pode ser feito sobre o passado e eu não preciso saber o que
aconteceu com ela para perdoá-la.

— Eu prometo — Digo em voz baixa.


Sete anos atrás

UM MOTORISTA me busca depois de escurecer. Disseram-me para usar


algo elegante. “Um vestido preto vai funcionar. Não tenha medo de mostrar
um pouco da bunda.”

Digo a mim mesma que eu não sei o que vai acontecer. Digo a mim
mesma para não tirar a pior conclusão possível.

Subo na limusine em uma saia preta e uma blusa de botão combinando, e


sou cumprimentada pelo homem do restaurante. Anthony.

— Ei, coisa doce — Ele corre os olhos sobre o meu corpo tão devagar, que
meu estômago se agita.

Quando precisei de dinheiro, eu liguei para ele e simplesmente estava


tentando manter minhas irmãs fora das ruas e colocando um pouco de comida
na geladeira. Ele me encontrou no restaurante e me deu dinheiro. Durante duas
semanas, tudo estava bem.

Então, ontem, um dos seus capangas apareceu do lado de fora do meu


apartamento, me dizendo para pagar a minha dívida com juros. Eu não sabia.
Eu ainda não sei.
Engulo de volta o meu medo. — Me desculpe, eu não tenho dinheiro
ainda. Eu pensei que poderia pegar turnos extras, mas em seguida, as meninas
ficaram doentes e...

Ele me corta com o aceno de sua mão.

— Já lhe dei tudo o que pude — Mesmo que eu digo as palavras, sei que
elas são ridículas. Não há tentativas de esforço quando se trata do dinheiro
devido a esse tipo de homens.

— Eu aprecio que você está tentando salvar sua família de viver nas ruas,
querida. Mas o seu trabalho de salário mínimo não vai ajudá-la — Ele ri, como
se isso fosse alguma grande piada. — Quanto mais você tentar conseguir moedas
de um centavo, mais para trás você irá cair.

— Podemos ir para um abrigo — Eu sussurro. — Eu vou ajudar mamãe a


ficar limpa primeiro, para que eles não chamem a CPS11. Ou... Talvez eu deveria
apenas deixá-los colocar as minhas irmãs em um orfanato — Eu não quero dizer
a última parte. Eu não vou deixar isso acontecer. Eu não posso.

Ele se inclina para trás em sua cadeira, me estudando. — Isso não resolve
a questão do dinheiro que já me deve.

Eu mordo meu lábio e sinto gosto de sangue. — O que você quer de mim?

Seus olhos deixam meu rosto e caem para os meus seios, e eu não me
importo. Ele está olhando para mim desse jeito desde o início. Eu o odeio e seus
olhos em mim fazem o meu estômago girar, mas eu deixaria olhar para mim
durante todo o dia, se isso fosse necessário para me deixar ir embora. — Você
trabalha para mim agora. Eu tenho um cliente esperando.

— Por favor — Eu sussurro. — Eu sou uma virgem. Eu não posso vender o


meu corpo.

Ele bate as mãos. — Agora, isso era o que eu pensava. Melhor notícia que
ouvi durante todo o dia.

Eu não consigo permitir que o meu cérebro processe o que isso poderia
significar.

11 CPS – serviço de proteção a criança.


Anthony estreita os olhos para mim. — Você não tem que ter sexo hoje à
noite, querida. Vamos dar-lhe somente uma amostra, mas não a relação sexual,
está me ouvindo? — Ele enfia o meu cabelo atrás da minha orelha e eu sinto um
estremecimento. — Vamos guardar isso por agora. É muito valioso.

Eles me deixam em frente a um desses arranha-céus extravagantes onde


o homem na frente recebe a permissão do inquilino para deixá-lo ir. A forte
segurança não faz nada para a minha paz de espírito, e quando sou levada para
o elevador, sinto que todo mundo está olhando para mim, como se todo mundo
soubesse exatamente por que estou aqui. Meu estômago gira em nós.

Quando as portas do elevador deslizam abertas, um funcionário me


cumprimenta e me leva para o condomínio. É bonito, com móveis
contemporâneos elegantes e um chão de mármore. E no momento em que
entro, eu quero dar a volta e sair.

Ele me leva para um quarto na parte de trás do condomínio onde os tetos


são em abóbada e as paredes são cobertas com estantes. O homem está atrás de
uma mesa polida e pede ao funcionário para sair. Ele é atraente, provavelmente
em seus trinta e poucos anos, com cabelo escuro e olhos castanhos marcantes, e
é obviamente rico. O tipo de homem que minha mãe se joga. O que ele poderia
querer comigo?

— Feche a porta — Diz ele em voz baixa.

Eu me forço a fazer o que ele pede. Isso não é real. Isso não pode estar
acontecendo.

Movendo-se por trás de sua mesa, ele desliza em uma cadeira. — Venha
aqui — Ele acena um dedo para mim.

Meus pés se movem lentamente. Um passo. Dois.

— Tire sua camisa.

Minhas mãos tremem enquanto obedeço, deslizando os botões de


plásticos pretos livres dos seus buracos, dizendo a mim mesma que não conta se
ele não me tocar. Isso não é real. Não é pior do que um voyeur olhando na
minha janela. Eu deixo a camisa escorregar dos meus ombros e cair no chão.

— O seu sutiã.
Meus braços arrepiam deixando o meu cabelo em pé. Fecho meus olhos
quando alcanço minhas costas. Eu penso em minhas irmãs.

— Agora olhe para mim — Diz ele.

Eu forço meus olhos abertos e olho para ele. Quando eu o vejo correr os
olhos ávidos sobre mim, repulsa se eleva como bile na garganta. Mas nem
mesmo a minha repulsa é tão forte como a minha determinação.

Movendo seus quadris para frente em sua cadeira, ele abre o botão da sua
calça e tira o seu pau.

Eu dou um passo para trás. — Ele disse sem sexo — Murmuro


estupidamente.

Meu telefone toca na minha bolsa. Ringtone de William.

— Hoje não — Diz ele. — Mas em breve. Posso dizer que vou gostar de
você. Então você tem dezesseis?

— Sim.

— Isso é simplesmente perfeito. Você vai ser ótima.

A felicidade brilhante do ringtone é tão afiada contra a miséria deste


momento. Minha vida com William está tão distante agora. Eu era muito “boa
menina” para me dar a Will. E eu tenho que chupar o pau de um homem
estranho pelo dinheiro que já se foi. Eu ignoro a chamada e solto minha bolsa
no chão.

— Está tudo bem, querida — Ele se levanta e caminha para mim, seu pau
salientes entre nós.

Eu o odeio por me fazer descer a isso. Eu me odeio por tomar as decisões


que me trouxeram aqui. Passei tantos anos tentando não ser minha mãe, e eu
nunca me senti tão baixa como faço agora. Nunca fui tão patética.

— Se você fizer um bom trabalho e vou chama-la novamente — Ele enfia


o meu cabelo atrás da minha orelha e acaricia-o. — Você é linda e eu vou cuidar
de você.
Estou tremendo quando caio de joelhos na frente dele. Meu estômago
solta.

— Isso garota.

Meu telefone toca novamente. William. Como se soubesse e quisesse me


salvar disso.

Meu peito aperta e minhas bochechas estão úmidas de lágrimas. Eu disse


que nunca me rebaixaria ao nível da minha mãe. Eu disse que nunca iria me
permitir ser vendida. Passei anos sendo orgulhosa disso. Tão hipócrita.

Eu pego minha bolsa do chão, agarro a minha camisa e sutiã e corro da


sala. Eu pensei que eu era melhor do que minha mãe, mas quando corro para o
elevador, me sinto mais baixa do que nunca, porque ela fez o que tinha que
fazer. E eu não consigo.
Dias atuais

— Eu simplesmente marquei uma massagem para hoje à noite — Diz


Max, tomando um gole de sua cerveja. — Estou realmente ansioso por isso.

Eu pego meu celular do bolso e entrego a ele. — Quer cancelar você


mesmo ou quer que eu faça isso por você?

Cally está trabalhando no apartamento acima da minha galeria por mais


de três semanas. Ela tem sido uma profissional exemplar, me cumprimenta
quando passamos na cozinha do apartamento, perguntando todas as pequenas
questões, evitando ter qualquer contato significativo comigo.

Max olha meu telefone, seus lábios se contraindo. — É apenas uma


massagem. Será que ela lhe deu uma?

— Não desde que tinha dezesseis anos. Cancele.

— Cara, você entendeu mal.

— Foda-se, sim, eu fiz — O cheiro de cerveja e anéis de cebola é suficiente


para azedar o almoço que está no meu estômago. Mesmo assim, eu prefiro os
bares mais perto da universidade, onde estou propenso a encontrar os meus
alunos.

— Então, faça algo sobre isso.

Eu ergo meu queixo. — O inferno, por que não pensei nisso antes?
— Você não está jogando certo, cara. Ela está confusa. Você não está nem
vendo o óbvio aqui.

Eu sento na cabine e olho para o meu amigo. Porque ele está certo. Cally
está me evitando e eu estive esperando por ela ao invés de fazer o meu
movimento. — Você sabe, eu poderia fazer uma massagem.

— Esse é meu garoto — Diz Max. — Você pode tomar o meu lugar. Esta
noite. Seis da tarde.
Eu tenho uma pausa de quinze minutos antes do meu próximo cliente
chegar e eu desabo sobre o sofá na sala de espera do apartamento. Nós
deixamos a porta entre a área de recepção da galeria e do apartamento aberta
para os visitantes da galeria verificar meu estúdio e incentivar meus clientes a
saírem pela galeria.

Através da porta, eu posso ver Will sentado no sofá na área de recepção,


olhando em seu laptop. Ele faz muito isso, tenho notado a escolha de trabalhar
no espaço comum, em vez de seu escritório, mas ele me deixa em paz.

Durante três semanas estou levando meus clientes para o meu pequeno
estúdio e evito-o da melhor forma possível. Mas entre dar massagens e o sofá
horrível que uso na casa do papai, estou exausta demais para me preocupar com
a limitação da exposição um do outro esta noite. O homem pode ser um
desintegrador mágico de calcinhas, mas a maneira que me sinto agora, ele
poderia fazer minha calcinha dançar o merengue contra as minhas partes
femininas e eu ainda não estaria interessada.

— Dia ocupado — Will diz. Ele fecha seu laptop e vem em minha direção.
Ele ensinou hoje e ainda está usando camisa de botão Oxford, desabotoada no
peito, as mangas arregaçadas até os cotovelos.

— Lizzy e Hanna estiveram com a mãe delas dizendo a todas as mulheres


no country club sobre mim e meus preços promocionais. E estou fazendo isso -
indique um novo cliente e ganhe descontos — Eu dou de ombros. — Está
funcionando. As pessoas estão me procurando.
Ele balança para trás em seus calcanhares. — Eu só estou impressionado
que você já tem negócios futuros. Quantas massagens que as pessoas precisam,
em menos de um mês?

Rolo minha cabeça para o lado para que eu possa olhar para ele enquanto
falamos. Eu não vou desperdiçar energia para levantá-la. — Eu sou boa no que
faço.

Ele enfia os dedos nos bolsos da calça jeans, seus ombros parecendo
incrivelmente grandes. — Eu me lembro.

Meu rosto inflama. Minha mãe me ensinou a massagem quando eu era


jovem, e eu gostava de praticar em Will quando estávamos namorando. Claro, o
que começou com minhas mãos em seu corpo normalmente terminou com
nossas mãos e bocas em todos os lugares. — Por favor, não use minhas técnicas
de dezesseis anos para julgar meus talentos agora — Eu digo. — Eu juro que
notavelmente evoluí e me tornei mais qualificada ao longo dos últimos sete
anos.

Ele sorri e aqueles olhos quentes correm todo o caminho desde as raízes
dos meus cabelos as pontas dos meus tênis. — Assim como eu.

Calcinhas se desintegrando.

Eu saio do sofá, me preparando mentalmente para encontrar energia


para o meu último cliente do dia. — Eu vou ter que pedir para você sair — Eu
digo tão docemente quanto possível. — Eu tenho um cliente em poucos minutos.

Will desabotoa a camisa e a desliza sobre o lado do sofá. Antes que eu


possa perguntar o que está fazendo, ele agarra a bainha de sua camiseta e puxa-
a sobre a sua cabeça, deixando-me olhando para seu lindo peito, sólido.

O que eu estava dizendo? — Eu tenho um cliente — Repito, mais para


mim do que para ele.

— Eu sei — Ele fecha a porta entre o apartamento e a galeria. Ele se vira


para mim, antes de desabotoar seu jeans e expor mais alguns centímetros da
trilha suave e dourada, que viaja para baixo em sua barriga. — Você quer que eu
tire tudo, ou deveria deixar a minha boxer?
William. Nu. Barriga sexy. Minhas mãos sobre o estômago de William.
Minha boca. Minha língua. Eu não posso mesmo... — O quê?

Ele empurra a calça jeans de seus quadris e sai dela. — Eu sou o seu
cliente das seis horas.

— Você é meu... — Ele está vestindo cueca boxer azul escura que abraça
suas coxas musculosas e minha calcinha poderia muito bem estar dançando
tanto quanto minha parte feminina está em posição de sentido.

— Cally, se você continuar olhando para mim desse jeito vou encontrar
um novo uso para essa mesa de massagem.

Meus olhos sobem para o seu rosto. Ele está dando aquele sorriso de
menino, e eu estou sobrecarregada com o desejo de chocá-lo. Deslizando
minhas mãos para baixo em seu estômago até que o sorriso desapareça.

Eu reviro os ombros para trás. Eu sou uma profissional. Orgulho-me


disso e exijo que meus clientes me tratem como tal. Isso não vai mudar esta
noite. Eu limpo minha garganta. — Eu vou sair por um minuto. Você pode
despir-se, ficar confortável e deitar-se sobre a mesa sob os lençóis — Então eu
quase corro do apartamento. Certo. Uma profissional.

Maggie está lavando as canecas na cozinha e morde o lábio quando me


vê.

— Você sabia disso? — Eu assobio, passando por ela e pegando minha


agenda. — Eu pensei que meu compromisso era com...

— Será o Max? — Ela pergunta com uma sobrancelha levantada. — Eu


não acho que Will deixaria isso acontecer. Tipo um código ou algo assim.

Droga. — Eu massageio muitos homens bonitos. William não é diferente.

— Mmm-hmm.

— Eu massageie William antes — Eu digo com teimosia.

Ela tenta parar seu sorriso. — Como isso acabou para você?
Eu giro no meu calcanhar e retorno para o apartamento e para minha
sala de massagens, bato na porta duas vezes antes de abri-la. — Você está
pronto?

Ele está entre os lençóis de barriga para baixo. Eu costumo começar com
a face para cima, mas assim vai ser mais fácil. — Eu não sei. Eu pensei que
estaria recebendo uma massagem, mas parece que você está pronta para me
bater.

— Desculpe. Você não tem tanta sorte — Murmuro. O som da sua risada
traz um sorriso relutante em meus lábios.

Preparo-me de maneira típica, baixando as luzes, ajustando o volume da


música, esfregando óleo em minhas mãos. Quando minhas mãos tocarem suas
costas, eu espero que o instinto assuma. Não tenho nenhum problema
separando meu toque como um massagista profissional do meu toque sensual.
Há pessoas que lutam com isso - é por isso que alguns não gostam de massagem
e outros pensam que implica algo sexual. Eles acreditam que cada toque entre
os adultos é sexual. Adicione o fator nu ou quase nu e eles totalmente se
esquivam disso.

Para mim, não importa se o meu cliente é homem ou mulher, atraente ou


não. No minuto em que começo a massagem, o meu toque é terapêutico e todas
as outras coisas caem enquanto eu penso sobre os músculos e tecido conjuntivo
e cura.

Eu sei que isso não vai ser o caso de William, no segundo que eu tocar as
minhas mãos em seu peito. Primeiro de tudo, ele é um reclamão. Novamente,
não é algo que normalmente me afeta. Mas com cada toque, estou
hiperconsciente de que estou tocando-o. Esta não é apenas uma massagem. É
parte desse jogo longo e arrastado das preliminares mentais que ele me levou.

Seu corpo é incrível. Eu vi um monte de corpos, e eu aprecio todos eles,


tão bonitos a sua maneira, mas se eu tivesse que escolher um corpo masculino
mais bonito para mim, seria William. Ele trabalha duro. Não há muitos homens
adultos que podemos dizer que estão em melhor forma que estavam em seus
dias de futebol da escola, mas definitivamente está.
— Você está tenso em sua parte inferior das costas — Eu aplico pressão
no ponto e fecho os olhos contra o som do seu gemido. Eu me pergunto se ele
geme durante o sexo? Será que ele gemia quando éramos adolescentes? Como
eu poderia esquecer uma coisa dessas? — Você deveria vir à minha aula de ioga
na academia. Ela vai ajuda-lo a relaxar.

— É para onde você vai quando sai daqui nas noites de quinta-feira
naquelas apertadas calças pretas e top?

— Sim — Eu subo as costas para os músculos sobre seu ombro. — Esse


trabalho exige muito do meu corpo. Preciso de ioga para manter meus músculos
sem cãibras.

— E ioga envolve vê-la muito se dobrar como pretzels12 e colocar a bunda


no ar?

— Observar a instrutora provavelmente seria mais apropriado.

— Prometo-lhe que meus olhos estariam em você. Apropriado ou não. E


acho que eu não deveria estar em público enquanto eu testemunho isso — Diz
ele, e eu pressiono um pouco mais para o cume sob seu ombro. — Ai!

— Comporte-se — Murmuro. Eu acalmo a área com movimentos suaves e


retomo a minha massagem.

12pretzels - é um pão tradicional alemão, em forma de nó, seco, estaladiço, habitualmente muito
cozido e salgado.
GEMO AO som de meu alarme e rolo para desligar meu celular. Acordar
é uma parte dolorosa e bem-vinda. A primeira noite no sofá não foi tão ruim.
Mas depois de algumas semanas sobre o “encontrei-no-exército-da-salvação”,
sou recebida todas as manhãs com uma dor nas costas e um pescoço dolorido, e
agora odeio tanto, que a privação do sono é menos torturante do que mentir
sobre a maldita coisa.

Papai tem ajudado as meninas de manhã, mas percebi que eu gosto de


passar um pouco de tempo com elas até que comecem o dia. Estou ficando no
meu estúdio de massagem até as oito da noite, pegando os clientes que gostam
de vir depois do trabalho, e às vezes eu só vejo as meninas por uma hora ou
antes de levá-las para a cama.

Meu sono esteve mais agitado do que o habitual na noite passada. Sonhei
com William, ele gemia no meu ouvido, minhas mãos escorregadias de óleo
atropelando seus músculos rígidos. Eu fiz isso por toda a massagem, sem ceder
a qualquer um dos meus... desejos mais básicos, e saí de lá o mais rápido que
pude. Mas, depois dos sonhos da noite passada, tenho certeza que preciso ir
para a galeria mais cedo e fazer bom uso do chuveiro no banheiro de luxo do
apartamento. Claro que às vezes ele toma banho lá, e se eu correr para ele no
chuveiro...
Eu me levanto e balanço a cabeça, tentando desfazer minhas fantasias
indesejáveis.

Estou quase fora do sofá antes de Gabby abrir a porta do quarto que ela
divide com a irmã. Ela me pisca aquele sorriso doce antes de ir para o banheiro.
Ela tem falado mais. Só um pouco aqui e ali, mas a professora me disse que ela
às vezes responde a perguntas em sala de aula, e a sensação geral de desespero
parece estar saindo dos ombros.

Ouço o grito dos tubos velhos do banheiro pulverizando o chuveiro atrás


da porta. Satisfeita de que as coisas estão indo na direção certa, decido fazer o
café antes de acordar Drew. Meu pai desistiu de todas as “substâncias
psicodélicas” que aparentemente inclui cafeína, então eu tive que comprar o
meu café, mas felizmente eu encontrei o velho pote no sótão e não tenho que
beber mais o instantâneo.

Depois de encher a panela e despejar a água no reservatório, acrescento o


filtro e aperto o botão para iniciá-lo antes de ir acordar Drew. Não há
necessidade de pressa, quando a casa tem apenas um chuveiro.

— Drew — Eu chamo, batendo suavemente na porta do seu quarto. — É


hora de levantar-se.

— Não — Ela responde de volta. — Vá embora.

Eu abro a porta e espreito para ver a coberta sobre sua cabeça. — Você
tem 30 minutos para tomar um banho, secar o cabelo e se vestir. Se você não
quiser que eu a mande para a escola de pijama. Saia da cama.

— Eu não vou — Diz ela, com a voz abafada por trás da coberta. — Você
não terminou o ensino médio. Eu não vejo por que tenho que fazer.

— Porque eu não quero que você tenha que fazer tudo da maneira mais
difícil como eu — Eu suspiro. Dizer que Drew “não é uma pessoa da manhã” é
um eufemismo dramático. — Levante-se e vou deixar você usar minha roupa.

Ela joga a coberta para baixo e olha para mim, como se eu tivesse
insultado em vez de prometer algo que ela está pedindo.

— Vamos lá, Drew. Isso vai...


Eu não consegui dizer mais nada porque as minhas palavras são cortadas
pelos sons dos gritos de Gabby, então Drew e eu corremos para o banheiro para
ver o que está acontecendo.

— Oh, meu Deus! — Drew grita quando eu abro a porta. — Isso é tão
nojento! Odeio este lugar.

Deixo-a sair e tento segurar meus próprios tremores de nojo. Gabby está
de pé na beirada da banheira, agarrando-se a cortina de chuveiro, de olhos
arregalados e focada no chão.

Ouço passos mais pesados do meu pai atrás de mim, mas eu ainda estou
muito horrorizada para me mover.

— O que está acontecendo? — Pergunta ele, o sono diminuindo suas


palavras.

Engulo em seco. Eu tenho que lutar com todos os instintos para não subir
em cima de alguma coisa - qualquer coisa - e tirar meus pés do chão. — Pai — Eu
digo, impressionada com a calma que sou capaz de manter minha voz. — Você
tem um rato.
— Então — Diz Meredith. — O que aconteceu com Cally? Você quis
descomplicar as coisas?

Estamos correndo ao longo do rio juntos esta manhã. Antes de Cally


voltar para a cidade, Meredith e eu corríamos algumas vezes por semana. Em
retrospecto, posso ver por que ela pode ter pensado que nosso relacionamento
iria evoluir para algo mais, então tive de encontrar desculpas para cancelar.
Quando ela me mandou uma mensagem ontem à noite para ver se eu queria
juntar-me a ela, eu concordei. Estou muito mais confortável sobre a nossa
amizade, uma vez que esclarecemos isso durante a noite de pôquer com as avós.

— As coisas ainda estão complicadas — Respondo. — Então epicamente,


eu tive que suportar uma palestra de trinta minutos da vovó quando ela
descobriu que Cally estava alugando o espaço acima da galeria para o seu
estúdio de massagem.

— Ouch. Você deveria ter adivinhado, eu acho.

Ela está certa. Eu amo minha avó e gostaria de dizer a mim mesmo que
ela está apenas me protegendo, mas às vezes ela é tão crítica. Eu não consigo
entender como é a mesma mulher doce que me fez biscoitos de chocolate frescos
todo domingo à tarde, enquanto eu estava crescendo.

— O que a vovó vai pensar quando descobrir que você e Cally estão
namorando?

Eu aponto para a virada e nós seguimos até a rua para dobrar de volta
para minha casa. Eu não sei o que eu esperava que acontecesse durante a
massagem na noite passada. Eu acho que ela ia pegar de onde paramos, há sete
anos, onde a “massagem” era um código para a pesada sessão de amassos? A
única coisa que mudou depois de uma hora das suas mãos no meu corpo era que
eu a queria ainda mais do que antes e ela parecia mais ansiosa do que nunca
para ficar longe de mim. — Eu vou me preocupar com isso quando ela
finalmente estiver disposta a gastar mais que cinco minutos na mesma sala
comigo.

Ela retarda um pouco, então eu faço também.

— Eu sinto muito — Diz ela. — Você se importa?

— Nem um pouco. Você está bem?

Ela acena com a cabeça e acena com a mão na frente do rosto. — Sim,
estou bem. Só preciso de um pouco de tempo.

— Nós não temos que correr. Vamos andar.

Ela me abre um sorriso agradecido. — Obrigada. Eu acho que é uma coisa


boa que está quente hoje, já que eu tenho uma ducha fria esperando por mim
em casa.

— Por que isso?

— O aquecedor de água quebrou. O cara está indo consertá-lo hoje à


noite, mas até então vou passar aperto.

Eu franzo a testa. — Por que você não toma um banho na minha casa?

Seu rosto se ilumina. — Com água quente? Sério? Isso seria fantástico.

— Não tem nenhum problema.

Nós caminhamos em silêncio um pouco, e minha mente vagueia


imediatamente de volta para Cally, para as mãos em mim durante a minha
massagem, para a forma como ela está me evitando, os olhos no meu corpo
quando ela acha que não estou prestando atenção.

— Posso te fazer uma pergunta? — Meredith fala.

— Claro.

— Quanto tempo você vai esperar por ela?


É uma daquelas perguntas que eu não deveria honrar com uma resposta,
e não com o meu relacionamento complicado com Meredith. Mas talvez ela
mereça a verdade. — Eu vou esperar até que eu tenha todos os motivos para
acreditar que não há chance para nós.
Só vi a casa de William uma vez, mas é maior do que eu percebi no meu
primeiro dia na cidade, apenas insinuando Mc em McMansion13. Eu sabia que
ele tinha um fundo fiduciário considerável, mas a julgar por sua casa, seus pais
deixaram ainda mais do que eu pensava.

Eu pressiono a campainha antes que eu possa amarelar. Eu sinto que


estou tomando muito de William e eu odeio pedir mais.

Eu espero por um momento, ouvindo o movimento. Estou prestes a ir


embora quando a porta se abre.

— Puta merda — As palavras escorregam para fora da minha boca antes


que eu possa pará-las e minha boca fica seca com a visão do homem diante de
mim.

— Cally? O que você está fazendo aqui?

William Bailey recém-saído do banho em nada além de um short de


ginástica é tudo que uma menina poderia pedir. Seus cachos loiros molhados
parecem mais escuros e ele ainda tem gotas de água sobre seus ombros nus.
Senhor, tenha misericórdia.

Ele pisca para mim e percebo que eu não disse nada. — Hey — Eu digo
suavemente. — Eu preciso de um favor.

— Entre — Ele abre mais a porta.

Eu o sigo para dentro da casa e tento não olhar para o riacho de água
escorrendo entre as omoplatas. — Você me pegou saindo do chuveiro. Fique à
vontade. Eu vou correr lá em cima e me vestir.

13 McMansion – casas luxuosas nos subúrbios ou condomínios fechados.


Por favor, não. — Não tem problema.

— Tem café na cozinha. Quer que eu pegue uma xícara antes de correr
para cima?

— Não há necessidade — Eu enfio as mãos nos bolsos do meu uniforme


de trabalho, tentado não tocá-lo. — Eu vou seguir o cheiro.

O canto de sua boca puxa para cima em um sorriso torto. Quando seus
olhos digitalizam o meu corpo, algo palpita descontroladamente no meu
estômago. — Estou feliz que você veio, Cally.

Então, ele está correndo pelas escadas e eu estou sozinha em sua casa
cara, sentindo como se eu tivesse dezesseis anos de idade novamente. As
lembranças de esperá-lo na sala de estar de sua avó não são minhas favoritas.
Ela olhava em desaprovação e fazia perguntas passivo-agressivas sobre os meus
pais. Ela conhecia os dois e não aprovava nenhum deles. Essa foi a minha
adolescência.

Eu sigo o cheiro do café e tenho que morder meu lábio contra o instinto
de assobiar quando entro em sua cozinha. A madeira escura contrasta com os
brilhantes aparelhos de aço inoxidável e balcões de pedra fria. A luz solar
derrama vindo de uma janela de sacada na parede distante e espirram contra a
mesa de madeira polida na copa.

Acho o pote de café escondido em um pequeno recanto ao lado da


geladeira e uma caneca no armário acima. Eu o encho com as mãos trêmulas.
Não há nenhuma maneira que posso beber isso. Não com a profusão de nervos
fazendo uma bagunça no meu interior.

Por que estou tão nervosa? Porque vou pedir-lhe um favor ou porque
estou sozinha com William em sua casa?

Eu não sou a garota que era quando Will e eu estávamos juntos. Não há
muito mais para me deixar nervosa. Mas ele deixa. Estar tão perto de algo que
eu quero muito e não posso ter.

Sento-me em uma cadeira na copa e observo seu lindo jardim. Grama


verdejante, pedra no pátio, tudo banhado em luz solar deliciosa de início de
outono, que me faz lembrar a minha infância e me leva a aqueles se, e o que
poderia-ter-sido. E se eu nunca tivesse pego o dinheiro de Anthony? E se a
mamãe nunca nos tivesse feito mudar? E se eu tivesse pego o avião para casa
para sua festa de formatura?

É difícil lembrar de que era eu que acreditava tanto no destino. Em nós.


Eu acreditava que o Universo iria encontrar uma maneira de juntar-nos
novamente.

Eu aperto meus olhos fechados e enrolo as mãos em volta da minha


caneca, sentindo o calor acalmar meus nervos não característicos.

— Você não tem que ficar no escuro — A voz de William me assusta, e o


lugar se enche de luz.

— Sua casa é bonita. Imaginei-o numa casa como esta.

— Você me imaginou, certo? — Ele coloca uma xícara de café e se instala


na cadeira a minha frente. — O que mais você imaginou?

Seu cabelo é uma bagunça de cachos molhados e sua camiseta preta se


estende sobre os ombros e sobre seus peitorais esculpidos. Ele não tinha
músculos quando éramos adolescentes. Não que ele não tinha um corpo bonito,
mas o rapaz de boa aparência tornou-se um homem de cair o queixo. E eu o
quero.

É bom querer as coisas. Algo que estou dizendo com frequência a Drew.

— Eu imaginei que você se casaria e teria um casal de filhos.

A dor que derrama sobre suas características em minha observação me


faz lembrar de descobrir mais sobre o que aconteceu com ele e Krystal. Lizzy
disse algo sobre uma recepção de casamento? Ele era divorciado? E como é que
Maggie imaginou tudo isso? Tantas perguntas que não tenho o porque fazer, já
que eu não estou disposta a responder a outras similares sobre mim mesma.

— Nenhuma mulher ou filhos ainda. Mas não diga isso perto da minha
avó. Ela está fazendo o seu melhor para resolver a situação.

Isso me faz sorrir. Talvez sua avó nunca fosse minha fã, mas eu sempre a
respeitei pela maneira como educou e amou seu neto. Ela teria feito qualquer
coisa por ele. Todos nós merecemos alguém assim. — Como ela vai?
— Está ótima. Ela vai sobreviver a todos nós.

Eu sorrio. — É bom ouvir isso — Então, porque quero acabar logo com
isso, eu digo: — Eu preciso de um grande favor.

— Claro. O que é?

— Eu quero sua permissão para levar as meninas para o apartamento por


alguns dias. Havia um... — Eu respiro e estremeço. — ... Um rato no banheiro na
casa do meu pai esta manhã. Eu não posso fazê-las dormir lá até conseguirmos
dedetizar.

Ele franze a testa. — Como isso vai funcionar? Vocês são três e o único
quarto é o seu estúdio de massagem.

— Vai ter que dar certo. Vamos fazer funcionar de alguma forma. Sério,
elas surtaram. Eu simplesmente não consigo fazê-las ficar lá até que seja
resolvido. Eu vou te pagar mais aluguel pelo uso de todo o apartamento, mas...
— Deus, eu odeio isso. O IOUs14 que tenho com Will está realmente aumentando
e eu odeio dever as pessoas. — Pode ser um pouco. Eu não posso pagar um
hotel.

— Claro, Cally, mas acho que você está perdendo a solução óbvia aqui.

Eu fico tensa. — O que poder ser?

Ele faz ondas com sua mão, apontando para o espaço que nos rodeia. —
Esta casa. Eu tenho mais do que suficiente em abrigá-las por alguns dias. Mais
se você precisar. Venha para cá com as meninas até o dedetizador sair, mas você
também pode usar o tempo para trocar os tapetes e fazer a pintura que queria.

Estou sem palavras. Eu não mereço nada desse homem, e ainda assim ele
continua dando. — Nós não poderíamos nos impor a você desse jeito.

— Não é nenhuma imposição.

Eu desvio os olhos de seu e olhar para o quintal, tentando me lembrar da


minha infância aqui em New Hope, nossa pequena casa degradada na cidade,
nunca tinha dinheiro suficiente e muitas meninas sob o mesmo teto - apenas

14IOUs - Um documento informal que reconhece uma dívida. IOU é uma abreviatura, em termos
fonéticos, de “Eu te devo”.
mamãe, papai, minhas irmãs pequenas e eu, que desejando uma vida melhor.
Foram bons dias. Nós simplesmente não tínhamos perspectiva de compreender
isso ainda. — Eu só estou concordando, porque acho que é melhor para as
minhas irmãs. Se fosse apenas eu...

— Eu sei, eu sei. Se fosse só você, você ficaria longe de mim e meu corpo
gostoso.

Um riso escorrega de meus lábios. — Isso é verdade.

— Estou feliz em ajudar e não apenas com isso. Deixe-me ajudá-la na


casa do seu pai. Coloquei muita mão na massa quando eu construí a minha, e
tenho habilidades.

Meu estômago vira. — Então, você vive me lembrando.

Tensão, calor e consciência aparecem entre nós quando nossos olhares


emaranham.

— Você tem um secador de cabelo?

Eu salto ao ouvir o som da voz feminina desconhecida e viro-me para ver


Meredith de pé na cozinha com um roupão e com o cabelo molhado, caindo ao
redor de seus ombros enquanto ela seca com a toalha.

— Desculpe — Ela franze o nariz e ergue seus ombros. — Espero não estar
interrompendo.

Will levanta da mesa. — Cally, você conheceu Meredith. Ela é proprietária


do salão de beleza Vênus.

Eu forço um sorriso trêmulo. Will vai me dizer sobre o relacionamento


deles? Eles são “amigos”? Amigos que tomam banho juntos? Aceno com a
cabeça para ela. — Meredith.

— É bom ver você, Cally — Seu sorriso ilumina todo o rosto, e se eu não
estivesse lá, nunca acreditaria que esta é a mesma mulher que me disse que
preferia ter o negócio dela murcho e morto do que deixar-me trabalhar para ela.

Will enfia as mãos nos bolsos, mas ele parece perfeitamente à vontade
com nós duas de pé em sua cozinha ao mesmo tempo. Perfeitamente à vontade
com o fato de que ela está muito perto dele para a minha paz de espírito. — Há
um secador de cabelo sob a pia do banheiro de hóspedes.

— Ótimo! Obrigada!

Eu espero até ela sair antes de falar. Mesmo assim, tenho certeza de
escolher minhas palavras com cuidado. Eu não quero parecer com ciúmes ou
rancorosa. Eu poderia sentir isso, mas não tenho esse direito. — Talvez as
meninas e eu devêssemos apenas ficar no apartamento.

— O quê? Por quê?

— Você está brincando comigo, certo? Você realmente acha que sua
namorada vai querer a sua ex e suas irmãzinhas vivendo com você? E Jesus, por
quanto tempo você a está namorando? Será que ela sabe que apenas um mês
atrás você estava me tocando em público? — As palavras derramam de mim
antes que eu possa pará-las. Tanto as escolhendo com cuidado, para isso.

Os lábios de Will fazem onda em um sorriso e fecha lentamente a


distância entre nós, até que eu tenho que levantar meu queixo para encontrar
seus olhos. — Você está com ciúmes?

Eu me movo e os meus seios tocam sua camisa. — Claro que não — Liar,
liar, pants on fire15.

— Meredith é uma amiga. Estávamos correndo juntos esta manhã, e eu a


deixei usar meu chuveiro porque seu aquecedor de água quente quebrou.

— Como é conveniente — Eu levanto o meu queixo. Deus, eu posso sentir


seu calor. — Ela quer você. E eu aposto que ela não precisava de ajuda para
encontrar o secador de cabelo. Ela só queria que eu soubesse que ela estava
aqui. Nua. Ela queria que eu ficasse com ciúmes — Pareço uma criança jogando
uma birra irracional e não consigo evitar.

— Hmm — Seus olhos caem em meus lábios. — Bem, agora você sabe.

— Eu não estou dizendo que você não pode sair com ela. Quero dizer,
encontre quem você quiser. Não é da minha conta. Eu só quero saber onde estou
me metendo me mudando para cá por alguns dias.

15 É uma frase que as crianças gostam de gritar uma com as outras sempre que acham que o outro

está mentindo.
— Não, você está certa — Ele brinca com o rabo de cavalo na base do meu
pescoço e levanta levemente, me aproximando até que estou pressionada contra
ele e seus olhos estão sobre minha boca. Enquanto. Eu quero. Mais. — Ela
estava realmente tentando fazer ciúmes. Você deve definitivamente vingar-se e
ficar comigo.

Só assim, toda a tensão entre meus ombros relaxam e o riso irrompe dos
meus lábios. — Você é um idiota — Eu coloco minhas mãos em seu peito e o
empurro de costas um passo. — Não tire sarro de mim.

Ele balança a cabeça e corre os olhos sobre mim. — Eu nunca iria brincar
com algo tão sério.
— OH. CARAMBA — Os olhos de Drew ficam grandes quando ela anda
em minha casa. — Isso é o que estou falando. Cally, você nos enganou. Fazendo-
nos viver em um buraco, enquanto o seu garoto aqui pode nos dar o Ritz?

Ela ocupa-se da porta de entrada de dois andares e gira um pequeno


círculo, e estou tão feliz que convenci Cally em trazê-las aqui. Eu convidei seu
pai para ficar também, mas ele não é tão sensível aos roedores como suas filhas,
e disse que não estaria confortável aproveitando da minha hospitalidade. Não é
o caso das pequenas irmãs de Cally. Drew está olhando ao redor com os olhos
arregalados como uma criança no Natal, e o sorriso de Gabby se estende de
orelha a orelha.

— Estou feliz que você goste — Cally diz a Drew. — Mas não vamos ficar
por muito tempo.

— Que eu goste? Você sabe, eu acho que nasci para ser rica. Há em algum
lugar uma princesa mimada que realmente deseja viver na cabana infestada de
ratos de papai e agora está suportando sua noite de pedicure e limpeza facial. Eu
fui trocada ao nascer.

— Silêncio — Diz Cally. — Sua vida não é assim tão terrível. Will, você
quer nos mostrar onde as meninas vão dormir? Vou trazer suas malas.
Cally e as meninas me seguem para o andar de cima, e eu mostro a Drew
e Gabby o quarto que estarão compartilhando. A casa tem quatro quartos, mas
um está com todo o meu equipamento de câmera e computadores, por isso ele
não está apto para usar.

— Sua irmã vai estar no quarto no final do corredor, se você precisar dela.

— Não quero ser ingrata ou nada disso — Drew fala. — Mas vamos
simplificar as coisas, coloque-a em seu quarto desde o início. Nós todos sabemos
que Cally vai acabar na sua cama de qualquer jeito.

As bochechas de Cally ficam vermelhas. — Drew!

— Ela é bem-vinda a qualquer hora — Eu digo. — Mas vamos deixá-la


fazer essa escolha, ok?

Drew apenas olha de um lado ao outro entre nós por um minuto antes de
balançar a cabeça. — Eu não entendo vocês dois.

Cally evita o meu olhar e estuda o piso de madeira com seus dedos do pé.
— Isso é problema nosso.

Depois de colocar as meninas em seu quarto, mostro a Cally o dela. —


Peço desculpas se a cama não é muito confortável. É a minha velha cama da
casa da vovó.

Algo pisca em seus olhos. Memórias do que costumávamos fazer na


cama? Lamenta sobre o que nunca fizemos? — Com certeza é melhor do que
aquele sofá que estou dormindo — Ela esfrega seu antebraço então escava o
polegar na palma da sua mão.

— Você está machucada?

Ela deixa cair às mãos para os lados, como se não tivesse percebido que
estava fazendo. — Eu só estou dolorida de fazer tantas massagens hoje. Às vezes,
minhas mãos enrijecem no final do dia — Ela encolhe os ombros. — É normal
quando estou trabalhando muitas horas.

Pego sua mão e começo a trabalhar meus polegares nos músculos do seu
antebraço, começando perto do cotovelo e massageando para a palma da sua
mão. Quando eu aplico pressão sobre a almofada do polegar, seus olhos vibram
fechados. Um gemido quase inaudível desliza de seus lábios.

O sol do final da tarde inclina na janela traseira, derramando luz através


de seu rosto. Ela é tão linda. Uma lágrima escorre por seus cílios escuros para
sua bochecha, indo para curva doce de seus lábios. Eu poderia beijá-la agora. Eu
poderia puxá-la para perto e colocar meus lábios nos dela, deslizar as mãos para
baixo de seus lados e enrolar meus dedos em seus quadris, enquanto a seduzo
com a minha boca.

Eu poderia fazer tudo isso. Eu quero tudo isso. Mas eu a quero mais perto
de mim, e sei que beijá-la vai assustá-la.

— Cally.

Suas pálpebras vibram abertas e ela pisca para mim. Ficamos assim,
olhando para o outro, no calor do sol da tarde, duas pessoas reorientando-se
depois de se perderem em um momento.

— Oh, meu Deus! — O tom irritado de Drew chama nossa atenção. —


Sério, é só me dar o quarto que a faço dormir com você.
Bar do Brady. Cerveja. Piscina. Tempo de garotas. Hoje à
noite.

Sorrindo para o texto de Lizzy, eu largo o pincel que estava usando na


porta da frente e digito uma resposta rápida:

Você tem algo contra frases completas, Srta Professora?

Foda-se. <- Frase completa.

Minutos depois, o Charger vermelho cereja estaciona no cascalho do meu


pai, me salvando de contemplar a dolorosamente longa lista de reparos que
precisa ser feita na casa. Drew não vai precisar de glamour que diz que quer,
mas, mesmo assim, alguns galões de tintas não vão fazer mal nenhum.
Enquanto trabalhava aqui hoje, percebi que o telhado está vazando, só Deus
sabe que tipo de dano fez no sótão. Então, quando eu estava no deck de trás,
notei uma tábua podre rachada em uma das cadeiras de campismo das meninas.
O lugar é um perigo e um poço de dinheiro. No mínimo, precisam de um fogão
novo, um deck novo e um novo telhado. Nenhuma dessas coisas é barata.

Lizzy e Hanna saem e inspecionam a casa.

— Ouch — Diz Lizzy, estremecendo. — Esse lugar é... higiênico?

— Não é tão ruim assim — Hanna tenta. — Talvez com um pouco de tinta
nova?

— É preciso mais do que a pintura — Murmuro.

— Como está indo a procura de um novo emprego do seu pai? — Hanna


pergunta. — Teve sorte?
— Ele conseguiu encontrar uma posição de pesquisa em tempo parcial
para um membro do corpo docente da Sinclair.

— Oh, isso é ótimo! — Diz Hanna.

Ele precisa de mais alguma coisa, mas não compartilho nada disso com
minhas amigas. Elas estão preocupadas o suficiente comigo sem eu lhes dar
mais.

Lizzy gira em minha volta. — Eu não posso acreditar que você foi morar
com William e não nos contou.

Eu viro-me de volta. — Eu não sabia que precisava mantê-las atualizadas.

— Guarde isso para as margaritas — Hanna diz a irmã. — Algumas


conversas exigem tequila.

O bar está mais cheio do que eu esperava para uma noite de quarta-feira,
mas faz as meninas mais felizes. Eu opus à possibilidade de mais tequila, então
elas nos pedem um caneco de cerveja e vigiamos uma mesa de bilhar, onde elas
estão de olho em alguns idiotas desavisados.

— Você está me seguindo? — A pergunta vem bem no meu ouvido, e eu


tenho que resistir à tentação de inclinar-me para William.

— Nós chegamos aqui primeiro — Eu digo. Ele escova o cabelo do meu


pescoço, e eu fico quieta, tentando fingir que não estou afetada pelo seu toque.
— Eu acho que isso significa que você está me seguindo.

Os olhos das meninas alargam com a visão de Will.

— Vejo que trouxe seu bando — Disse Lizzy, olhando por cima do ombro
de Will.

Will sorri. — Eu acho que você já conhece meus amigos Sam e Max.
Eu estava tão concentrada em William, que nem percebi que ele não
estava sozinho. Os caras deslizam para fora de uma cabine do outro lado do bar
e se juntam a nossa pequena mesa e nos cumprimentam. Reconheço-os do
ensino médio. Como Will, o tempo também foi bom para eles. Ambos são
ridiculamente bonitos. Aquele de cabelos escuros está com jeans e uma camiseta
azul que chama a atenção para os impressionantes peitorais e um incrível par de
olhos azuis. O outro está de polo escuro e calças cáqui. Mas nenhum deles está
em qualquer lugar perto do nível de gostosura nuclear que é o meu William,
vestido com uma camisa branca Oxford com botões abertos no peito, mangas
enroladas até os cotovelos e calça jeans abraçando seus quadris estreitos.

Meu William. Pensamento perigoso.

— Eu não sei se você se lembra de Sam — Will diz, acenando para o de


polo. Ele aponta o dedo para o moreno. — Ou Max.

— Faz um bom tempo — Eu digo.

— É bom ver você de novo, Cally — Diz Sam, fazendo-me arrastar meus
olhos de Will. — Como o seu companheiro de quarto temporário está lhe
tratando? Ele não bebe direto na caixa de leite, não é?

— Ele é um ótimo anfitrião, e é mesmo temporário.

— Vá terminar as suas bebidas — Lizzy os enxota em direção a mesa


deles. — Precisamos de algum tempo para conversas de garotas.

As meninas deslizam em nossa cabine e Hanna suspira pesadamente.

— O foi isso? — Pergunto.

Ela enfia uma mecha de cabelo comprido e escuro atrás da orelha e


balança a cabeça.

— Ela tem uma queda por Max — Lizzy explica. Hanna enfia o cotovelo
na lateral de Lizzy, mas Lizzy ignora. — Não posso culpá-la. Você poderia saltar
alguns metros na bunda do rapaz.

— Ele não tem ideia que eu existo — Murmura Hanna. — Ele só tem olhos
para Lizzy desde que voltou para a cidade e abriu o ginásio.
Lizzy franze a testa. — Eu nunca teria ido naquele encontro se soubesse
que Hanna gostava dele. Deixei-o na hora que descobri.

— Ele sabe como você se sente? — Eu pergunto. Hanna parece enjoada só


de falar sobre isso.

— Deus, não! — Lizzy bufa. — Você está brincando? Hanna não diz aos
caras quando está interessada. Ela prefere se esconder e dizer a si mesma que
não tem chance. O quanto isso é estúpido e uma mentira.

Hanna balança a cabeça. — O que ele iria querer comigo, afinal? Ele é um
treinador de atletismo que dirige sua própria academia de ginástica e eu sou
uma garota gorda.

— Hanna! — Lizzy e eu dissemos em uníssono. Hanna é maior do que sua


irmã gêmea, suave e cheia de curvas, com longos cabelos escuros, enquanto
Lizzy é pequena e esbelta, com cachos loiros. Elas não se parecem gêmeas, mas
ambas são igualmente belas.

Hanna dá de ombros para o nosso protesto. — É verdade.

— Você é linda e qualquer cara teria sorte em tê-la — O rosto de Lizzy faz
uma carranca feroz, desafiando Hanna a discordar.

— É hora de mudar de assunto, por favor — Hanna sussurra em sua


cerveja.

Lizzy pressiona um beijo na testa de sua irmã, em seguida, volta-se para


mim. — Metade da cidade está zumbindo sobre você morar com Will. Tivemos
que descobrir através da nossa mãe. Por que você não nos contou?

— Talvez não houvesse nada para dizer? — As meninas olham para mim
como se eu estivesse tentando vender terreno na lua. Eu dou de ombros. — O
quê?

— Querida — Hanna diz: — Há muito fogo nos olhos do garoto quando


ele olha para você, ainda podemos sentir o cheiro da fumaça. E agora você está
vivendo com ele?

— Você dormiu com ele, não é? — Diz Lizzy, sorrindo. — Precisamos de


mais detalhes.
Lanço um rápido olhar por cima do ombro para me certificar de que os
caras não podem ouvir. — Eu não dormi com ele.

O maxilar de Lizzy cai. — Por que não?

— Eu já estraguei tudo com ele uma vez — Eu sussurro, levantando um


dedo. Acrescento o segundo. — E vou embora depois do Natal.

— Você realmente não vai dormir com ele? — O tom de Lizzy é mais
apropriado para falar sobre torturar e matar cachorrinhos e filhotes de gatos.

— Eu realmente não vou dormir com ele — Eu rosno.

— Com Will ou sem Will — Diz Lizzy, assim que Will se aproxima de
nossa mesa. — Eu vou fazer você transar.
As bochechas de Cally ficam vermelhas e ela atira um olhar letal para a
amiga, em seguida para mim, me desafiando a dizer alguma coisa.

Eu mordo de volta o meu sorriso. — Uma verdadeira amiga, na verdade.

O olhar de Lizzy oscila ao meu redor e ela cai na gargalhada. — Eu não


tinha ideia de que ele estava ali. Eu juro.

— O que está acontecendo aqui? — Max caminha até a mesa e dirige o seu
olhar sobre Lizzy. Os caras querem ficar com Cally e as gêmeas hoje à noite, e
francamente eu também. Eu só quero estar perto de Cally.

Acabamos juntos em uma grande cabine, eu e Cally ombro a ombro de


um lado e Sam e Hanna do outro, com Max e Lizzy, e antes que eu perceba as
meninas estão rindo e bebendo, e eu estou em silêncio, bebendo minha cerveja e
pensando como é bom estar perto dela.

O meu telefone vibra no bolso e eu o puxo para fora para ver uma
mensagem de Meredith.

Quer se juntar a mim para uma bebida à noite?

Eu digito uma resposta rápida.

Estou saindo com os caras. Talvez outra hora?

Eu olho para cima do meu telefone e pego Cally me observando. —


Sexting16 com sua namorada?

16 Sexting é o ato de enviar mensagens de texto sexualmente explícitas.


Max puxa meu telefone para que ele possa ver a tela. Ele geme. —
Meredith? Essa garota não se toca, certo?

Cally endurece ao meu lado e Lizzy pergunta. — Meredith?

— Ela é uma amiga.

— Avó de Will quer juntá-los — Diz Max. — Eles foram a alguns


encontros e agora ela envia dia e noite mensagens sexuais a Will.

Merda. — Somos apenas amigos agora.

— Mensagens sujas? O quão sujas? — Lizzy pergunta.

— Muito sujas — Diz Sam.

— Mais sujas do que as mensagens que Cally enviou bêbada da festa de


Asher? — Lizzy pergunta.

Os olhos de Cally se alargam. — Lizzy!

— Que mensagem bêbada? — Sam pergunta. — Droga. Sério, o telefone


de Will fica mais em ação em um dia que o meu o todo o ano.

Lizzy pisca para Sam e pega o telefone. — Qual é o seu número, fofo?

Cally fica dura como pedra ao meu lado, estudando o tampo da mesa
como se explicasse o significado da vida.

Eu pego sua mão e a arrasto para fora da cabine.

— O que você está fazendo? — Pergunta ela.

Eu a puxo para o jukebox e coloco os seus braços em volta do meu


pescoço. — Você está me fazendo um favor. Eu não quero falar sobre Meredith
agora, e quando se trata dela, os caras são como um cachorro com um osso.

— Oh.

Esta não é uma canção lenta, mas eu não me importo. Eu quero sua
cabeça no meu peito, seu corpo perto do meu. Ela parece incrível em nada mais
do que um pequeno top preto e short jeans, que mostra suas longas pernas. No
segundo que entrei no Brady e a viu de pé, comecei a pensar sobre o quanto eu
quero suas pernas em volta de mim, suas unhas cavando em minhas costas
enquanto eu a faço gozar.

— Você troca mensagens sujas com todas as suas amigas? — Ela


pergunta, com a voz baixa e letal.

— Nós saímos algumas vezes antes de você voltar. Era para ser casual,
mas ela acabou querendo mais.

— Tenho certeza que a maioria das meninas por aqui adoraria uma
oportunidade por mais com você.

Uma música do Nine Inch Nails toca e eu sorrio. — Você se lembra disso?

Seus olhos se arregalaram, dilatando as pupilas. Nós costumávamos ficar


no meu quarto ouvindo este álbum. Conversávamos. Eu sobre a minha avó e
controlar suas expectativas razoáveis, Cally sobre seu pai louco, sua mãe
decepcionante. Nós sonhávamos em ir para a faculdade juntos e nos afastarmos
para uma vida melhor para ela - ela não teria que se preocupar se suas irmãs
tinham se alimentado e dormido no final do dia - sobre uma vida mais fácil para
mim - não ser esperado que eu fizesse jus a cada sonho que minha avó tinha
para o filho que perdeu muito cedo. Em seguida, explorávamos um ao outro, os
nossos corpos jovens e ansiosos, nossas mãos e bocas aprendendo juntos onde e
como tocar.

Eu a levo para o canto de trás do bar e pressiono as palmas das mãos


contra a parede, prendendo-a.

— O que você está fazendo? — Ela pergunta em um sussurro.

— Isso — Eu largo minha boca na dela antes que ela possa protestar, e
minhas mãos se deslocam da parede para seu cabelo.

Ela não hesita e sua boca é gananciosa sob a minha quando me beija de
volta e envolve as mãos ao redor dos meus bíceps. Eu paro o beijo, sabendo
muito bem que existem pessoas observando, sabendo muito bem como as
notícias viajam rápido nesta cidade. Eu quero que eles vejam. Estou pronto para
enviar a mensagem de que Cally é a única mulher que estou interessado.

— Eu passei o último mês pensando em como a toquei no restaurante —


Eu sussurro em seu ouvido. — Lembrando-me do som que você fez quando
gozou, você não precisa se preocupar com qualquer outra mulher reivindicando-
me.

— Falando do diabo — Ela murmura, olhando por cima do meu ombro.

— Quem?

— Meredith, e se olhar matasse, você estaria segurando um cadáver.

Eu mal registro o seu significado, muito ocupado enterrando meu nariz


em seu cabelo, tentando memorizar o seu cheiro. É algo doce e tentador.

Meredith está aqui. E se eu não sou um idiota, vou liberar Cally e falar
com ela. E, no entanto, talvez Cally estivesse certa sobre Meredith me
reivindicar.

Apertando a minha mão contra as costas de Cally, enfio meus dedos no


cós do seu short jeans e sob o material suave como a seda da sua calcinha. Ela
puxa uma respiração e se aproxima mais.

Estou tentado deslizar os dedos sobre ela e provocar a pele sensível


inferior das costas, tentado sussurrar algo perverso em seu ouvido. Mas eu não
faço. Acabo de mover meus quadris ao som da música, saboreando o momento
até o fim da música.

Seus olhos escuros mantêm a excitação, tristeza e tanta coisa que eu não
entendo. — Eu vou voltar para a mesa — Ela sussurra.

Concordo com a cabeça, mas não a sigo. Eu preciso recuperar o fôlego,


arrumar minha cabeça.

Vou para o bar e peço uma cerveja. Em poucos segundos, Meredith vem.
Ela se inclina contra o balcão e franze a testa. — Eu pensei que você estivesse
com os caras.

Ela está sorrindo, como se estivesse tentando fazer uma piada, mas a dor
está em seus olhos. Meredith é doce, bonita e sexy, e se eu tivesse algum sentido
em tudo, estaria perseguindo-a, em vez de uma menina que uma vez quebrou
meu coração.

Mas Meredith não é o que eu quero.


— Cally e suas amigas já estavam aqui.

— Você deveria ter me dito que ela estava aqui com você. Agora eu me
sinto como um idiota por aparecer.

— O que você acha que aconteceria se ela não estivesse aqui?

Ela deixa cair seu olhar para as mãos. — Estávamos bem juntos. Eu só...
Eu só quero que você lembre-se disso.

— Isso não é justo com você, Meredith. Você deve encontrar alguém que a
mereça.

Ela franze a testa, os lábios cuidadosamente pintados em um beicinho. —


Você disse que não queria nada sério e não acredito em você, porque todo
mundo sabe que você quer se casar. Você quer formar uma família. É parte de
quem você é. Apenas, estava me dizendo à verdade. Você não queria nada sério.
Pelo menos, não comigo. Essas regras não se aplicam a Cally.

— Meredith...

— Não — Ela levanta a mão, cortando a minha explicação. — Não faça


isso. Somos apenas amigos. Esse era o acordo — Ela balança a cabeça e enfia a
bolsa debaixo do braço. — Eu não sou um mal partido, sabe? Sua avó me ama e
as coisas estavam indo muito bem entre nós. Mas, de repente você está me
afastando porque Cally está de volta, e Cally... Cally nem vai ficar. Ela está
voltando para Vegas em poucos meses. Acrescente isso ao fato de que sua avó
não pode suportá-la. Nunca poderia. Não importa que ela o deixou sem uma
palavra.

—Isso foi há muito tempo atrás — Eu rosno.

Ela encolhe os ombros. — As pessoas não mudam, Will. Não muito.


Espero que você saiba o que está fazendo. Eu não quero vê-lo ferido.
Sete anos atrás

ESTOU INDO para o trabalho quando a SUV escura diminui ao meu lado
e a janela rola para baixo. Um homem põe a cabeça para fora e sorri para mim,
um sorriso doentio, calculista. Eu não o reconheço, mas sei sem perguntar que
Anthony o enviou. Seu nariz é torto, como se tivesse sido quebrado algumas
vezes, e seu cabelo escuro está penteado para trás com muito gel. Ele se parece
muito com um vilão de filme estereotipado, quase me dá vontade de rir. Só não
há nada engraçado sobre a forma como ele está olhando para mim ou o medo
rasgando meu estômago.

— Suas irmãzinhas são bonitas — Diz ele.

Eu congelo, os pés colados à calçada.

— A menor, com certeza gosta de balançar no Tyson Park. E a mais velha,


ela tem potencial. Daqui uns anos, pensaremos nas coisas que ela poderia fazer
— O homem sorri. — O chefe disse que você pode livrar-se do empréstimo ou
suas irmãs podem fazer isso por você.

Um frio chicoteia através de mim, afiado e com raiva. — Não.


— Anthony não dá uma segunda chance, querida. É o seu dia de sorte. O
cliente que você correu teve um gosto especial por você. Ele quer vê-la
novamente, pediu-lhe pessoalmente. Você não poderia ter jogado melhor, na
verdade. Esse gosta de um pouco de perseguição, e agora não vai aceitar
qualquer outra garota do chefe. Só tem olhos para a doce virgem de cabelos
escuros — Sua risada é mais parecida com uma gargalhada. — Nós vamos buscá-
la esta noite. Sem nenhuma porra de brincadeira dessa vez — Ele não esperou
por uma resposta antes de sua janela deslizar de volta para a posição fechada e o
carro se afastar.

Eu não me incomodo de ir trabalhar. Qual é o ponto? Eu ir para casa e


olhar para o meu telefone, tentando descobrir o que vai acontecer se eu chamar
a polícia. Eles vão me ajudar. Eu não vou ter que ir para aquele homem de novo
esta noite. Eu não vou ter que fazer as coisas indizíveis que tenho certeza que
tenho que fazer. Mas o que vai acontecer com as minhas irmãs? E quanto tempo
pode a polícia me proteger de Anthony e seus homens?

Então eu tomo banho, me visto e espero o carro de Anthony me pegar.

Quando meu telefone toca, o nome de William aparece para mim da tela
do telefone, ele comprou e pagou para nos manter juntos. Eu envio a chamada
para o correio de voz e roubo duas pílulas do esconderijo secreto da mamãe.
Dias atuais

— Sua pequena mentira, matando aula! — Sendo uma idiota! Eu rosno


quando digito a mensagem para Drew:

Onde você está?

Voltei para casa de William procurando por ela. Depois que deixei Gabby
na escola, o responsável da evasão escolar de Drew ligou para me informar que
ela não estava em sua primeira aula. Ela estaria doente hoje?

Eu a peguei matando aula uma vez antes e se ela está fazendo isso de
novo, vou coloca-la de castigo por um mês. Se ela pensa que vai se safar da
escola só porque estou trabalhando o tempo todo, ela está enganada.

Eu subo as escadas, minha raiva crescendo quando entro no quarto que


ela e Gabby compartilham. O quarto está desocupado. Vazio.

— Drew! Onde você está? — Eu volto lá embaixo, sem me preocupar em


limpar a minha lágrima. William já tinha saído quando eu saí com as meninas
esta manhã - indo para a academia para malhar antes de abrir a galeria. Eu o
evitei depois de chegar em casa ontem à noite do Brady. Eu não deveria ter
dançado com ele. Parecia bom demais ter seu corpo próximo, sua respiração no
meu ouvido. Até o momento que ele me beijou, eu já estava longe demais para
tomar uma decisão sensata.

Depois de procurar na sala e cozinha, eu ainda não a encontro. Estou


começando a me preocupar quando meu telefone vibra com uma mensagem
dela.
Eu estou na escola.

— Não — Eu resmungo. — Você é uma mentirosa.

Em seguida, o chuveiro liga no fim do corredor e estou correndo em


direção ao banheiro principal antes de pensar sobre isso. Seu chuveiro é um
daqueles com duchas em três paredes e Drew tem estado ansiosa para
experimentá-lo.

A porta de seu quarto está aberta e a cada passo fico mais irritada.
William fez tanto por nós, e é assim que ela agradece? Ignorando a escola e
usando seu maldito chuveiro?

Abro a porta de seu banheiro e pisco quando vejo as roupas de Will em


um belo monte perto da porta. Eu congelo, olhando para a pilha de algodão
amassada, lembrando o aspecto de sua pele cheia de suor quando ele corre.

Mova-se, Cally.

Mas eu não posso.

Então eu ouço um gemido longo e baixo vindo da direção do chuveiro e


vejo quando levanto minha cabeça com meu coração acelerado e minha
respiração superficial.

Drew não está em qualquer lugar para ser vista. Apenas William.

Atrás da porta do chuveiro úmido, ele está sob o spray, com uma mão
apoiada na parece e outra... Oh, inferno... A outra envolvida em torno de seu
eixo, quando ele move em movimentos longos.

Seu corpo é lindo - ombros largos, afinando-se para estreitar nos quadris,
músculos rígidos esculpidos que eu quero tocar com as minhas mãos, sentir o
gosto com a minha língua e colocar meus dentes.

Do ângulo que ele está de pé, com apenas cinco passos e o vidro cheio de
vapor entre nós, não vejo mais do que deveria e muito menos do que quero. Eu
preciso levantar meus pés - estão colados no piso do banheiro e colocá-los no
sentido inverso. Eu preciso voltar, sair do banheiro e descobrir onde Drew
realmente está. Ou inferno, talvez eu precise de um banho. Um bem gelado.
Mas o que realmente quero é uma visão melhor. Eu quero ver a expressão
em seu rosto enquanto ele se acaricia. Eu quero ver a ondulação dos seus
músculos quando ele estica contra a necessidade de gozar. Eu quero abrir a
porta do chuveiro e - sem dizer uma palavra - cair de joelhos e substituir sua
mão com a minha boca.

Apenas o pensamento já deixa as minhas pernas bambas. Quem diria que


o pensamento de dar um boquete poderia me excitar tanto? Com qualquer outra
pessoa provavelmente não o faria, mas este é William e meu coração bate no
peito enquanto eu imagino enchendo minha boca com ele, com as mãos no meu
cabelo quando eu o tomo profundamente, a sua bunda flexionando em minhas
mãos.

O pensamento é mais do que suficiente para me excitar. É quase o


suficiente para eu gozar.

Ele geme novamente, mais longo, mais baixo, mais profundo desta vez, e
eu sei que este é o momento que tenho que tomar a minha decisão. Ou sair do
inferno ou reunir coragem suficiente para me juntar a ele.

Por mais que eu odeie sair, eu sou muito covarde para ficar. Eu tropeço
de volta. Meu calcanhar atinge a lata de lixo e eu pulo. Minhas mãos voam para
os lados para recuperar o equilíbrio e meu braço bate a pia quando vou para
baixo.

A próxima coisa que sei, é que Will está saindo do chuveiro, caindo com
as coxas na minha frente. Preocupado. Nu. Gotejando água. — Você está bem?

— Sim. Tudo bem. Eu estava... — Desejando que fosse corajosa o


suficiente para me juntar a você? Fantasiando em chupar você? — Procurando
Drew — Meus olhos caem involuntariamente para a ereção ainda de pé dura
entre nós. Eu nunca quis tanto provar algo na minha vida.

— Cally — Ele limpa a garganta, e eu levanto os meus olhos para o rosto


dele. Ele está sorrindo. — Ela não está aqui.

Hoje à noite, talvez amanhã, eu provavelmente pensaria em uma réplica


espertinha, mas agora a capacidade para o discurso parece estar me escapando.
Ele oferece a sua mão e eu a seguro, tentando muito manter a distância
entre os nossos corpos enquanto ele me ajuda. Eu deveria ir, mas estou presa
sob o feitiço dos seus quentes olhos azuis.

Ele traça o meu queixo com a ponta do dedo, passando para trás da
minha orelha até a ponta do meu queixo antes de tocar o dedo em meus lábios.
— Junte-se a mim no chuveiro?

Eu engulo. Duro. Sussurro: — Tentador.

Ele geme, baixo e longo e tão parecido com os sons que estava fazendo
quando eu o peguei acariciando-se no chuveiro, que levou tudo ao meu alcance
para não tirar a roupa, segui-lo sob o jato, e agir segundo a minha fantasia.
Então ele mergulha sua cabeça e seus lábios tocam meu ouvido. — Ter você me
observando enquanto eu me acariciava no chuveiro foi uma das experiências
mais quentes da minha vida.

Uma pequena emoção dança na minha espinha, barriga e mais embaixo,


selvagem e nervosa. — Você sabia que eu estava aqui?

Mais uma vez com o baixo gemido, ele me aperta mais, desta vez, o
comprimento duro de sua ereção pressionando contra minha barriga. — Eu já
estava pensando em você. Pensando sobre o quanto eu queria tomá-la no
chuveiro. Pensando em tocar cada centímetro do seu corpo com as mãos
ensaboadas. Pensando em fazer você gozar como fiz no restaurante, mas desta
vez você pode gritar tão alto quanto quiser. Você não tem ideia do quanto eu
quero isso.

É a minha vez de gemer. Meu corpo está vivo, pulsando energia sexual
como se tivéssemos horas em preliminares. Os nervos selvagens dançando em
meu interior com a excitação indesejável sob agitação. Sua respiração em meu
ouvido provoca arrepios na coluna. Necessidade e desejo rodam em mim, e eu
sei que se ele deslizar a mão em minha calcinha agora estaria lisa, pronta.

Eu levo minha mão para o seu rosto. Eu não posso resistir. Ele não
raspou esta manhã, e seu rosto está áspero contra a palma da mão. Eu deslizo
minha mão em seus cachos molhados.

— Eu não sei do que você está com medo, Cally — Ele tira o cabelo do
meu rosto e coloca atrás da minha orelha. — Mas eu não vou empurrá-la além
de qualquer coisa que não esteja pronta. Apenas me diga o que você quer. Diga-
me o que precisa.

Eu pressiono meus lábios nos dele. Ele tem gosto de pasta de dente e
água fresca, e quando nossas bocas se tocam, ele fica perfeitamente imóvel. Eu
deslizo meus lábios sobre os seus uma, duas, três vezes.

Meus dedos traçam o contorno do seu maxilar, a parte superior de seus


ombros. Eu exploro os músculos firmes de seu peito. Ele não se move. Não me
toca. Quando eu finalmente atinjo o abdômen, os dedos encontram o V de seus
quadris e ele contrai uma respiração afiada.

— Cally — Ele sussurra.

Deixo meus lábios encontrarem os seus. Ele me beija suavemente,


timidamente, como se tivesse medo que eu poderia fugir. Talvez seja justo, e
talvez eu devesse, mas agora sou sua. Eu não vou a lugar nenhum.

Ele enfia uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e corre o dedo no
meu rosto, e eu decido que não me importo com antes ou depois. Eu decido que
vou fazer algo estúpido e maravilhoso agora.
Cally está no meu banheiro, me tocando. Estou muito consciente de que
estou nu e excitado. Muito consciente de que eu estava fazendo antes que ela
tentasse sua fuga desajeitada.

Seus olhos apertam de volta para o sul novamente antes que ela retorne
para o meu rosto, a língua se lançando para umedecer os lábios.

Eu poderia pressioná-la contra a parede. Eu poderia falar com ela sobre o


que nós dois queremos. Mas antes que eu possa fazer um movimento, ela desliza
a palma da mão contra a minha barriga e as pontas de seus dedos estão roçando
a base do meu pau.

— Jesus — Eu assobio. Eu levanto as minhas mãos para tocá-la, em


seguida, cerro os punhos e os solto para os meus lados.

— Deixe-me tocar você — Ela sussurra. Seus dedos dançam ao longo da


parte inferior da minha ereção. — Sem compromisso. Sem expectativas. Apenas
deixe-me fazer isso por você. Por favor.

— Cally — O nome dela é um sussurro e uma oração, mas ela já está


caindo de joelhos.

Ela passa as mãos pelo meu corpo e envolve meu pau em um movimento
tão repentino e tão inesperado, que tenho que me equilibrar sobre a pia. Meu
coração bate descontroladamente no peito e eu quero fechar meus olhos e ter a
sensação incrível da sua mão deslizando sobre o meu pau, mas não vou. Eu não
posso perder um segundo de Cally de joelhos na minha frente com os lábios
entreabertos, enquanto ela olha para mim através daqueles grossos cílios.
— Eu queria fazer isso por tanto tempo — Ela sussurra. Em seguida, toca
os lábios um pouco entreabertos na cabeça do meu pau e desliza a língua ao
longo da parte inferior. Quando ela abre a boca em cima de mim e leva-me
profundamente, não posso resistir a tocá-la mais e minhas mãos encontram o
caminho em seu cabelo.

Seus gemidos suaves enchem minha cabeça enquanto ela desliza sua boca
sobre mim, me chupando fundo antes de puxar para trás e repetir o movimento.
Quando a mão desliza para cima no interior da minha coxa para minhas bolas,
meus dedos apertam em seu cabelo e eu tenho que lutar contra o instinto de me
empurrar em seu interior, pressionar-me mais profundamente no calor da sua
boca.

Ela aperta levemente meu saco e então, quando acho que não é possível
para tomar mais de mim, ela desliza os lábios para baixo em meu eixo, levando-
me quase até a raiz. Então, eu não aguento mais. Meu pau tão profundo em sua
boca, sua língua quente ondulando ao meu redor, seus lábios sexy gemendo
vibram contra mim.

Puxo suavemente seu cabelo. — Baby — Ela não puxa para trás, mas de
alguma forma me dá outra fração de uma polegada mais profunda. — Querida,
eu vou gozar.

As minhas palavras apenas parecem deixa-la mais determinada e ela


acrescenta sucção suficiente para que eu não possa me segurar. Eu dou um nó
com minhas mãos em seu cabelo quando eu gozo em sua garganta. Duro, rápido
e tão intenso que eu quase fico preocupado com ela.

Puxando-a em pé, eu me inclino contra a parede para recuperar o fôlego.


Eu a abraço contra mim. — Você é tão incrível — Eu sussurro.

Seus lábios rosa inchados e aparentemente, a minha verdadeira


kriptonita enrola em um sorriso antes que ela possa mordê-lo de volta. —
Obrigada.

Eu vou para a bainha de sua camisa e ela endurece. — O que foi?

— Foda-se. Drew — Ela aperta os olhos e a palmas das mãos contra o


meu peito nu até que eu dou um passo para trás.
Só então é que eu ouço a música no fundo do corredor. Antes que eu
possa perguntar o que está acontecendo, Cally está indo na direção do som.

Eu relutantemente pego um jeans e tento chegar a um acordo com o fato


de que não a terei nua tão cedo. No momento em que me junto a elas na sala, já
estão se enfrentando, os braços cruzados e os corpos tensos em posições quase
idênticas, rostos desenhados em carrancas quase iguais. Eu riria se eu não
achasse que ela iria me bater.

— Eu não vejo por que o ensino médio é tão importante — Drew está
dizendo: — Você não terminou e está indo bem.

— Indo bem? — Diz Cally. — E a minha situação financeira parece estar


bem para você?

— Você ficaria bem se ficasse com Brandon. Ele costumava comprar-lhe


coisas e cuidar de você. O que há de tão errado nisso?

As mãos de Cally estão fechadas em punho ao lado do corpo, e a tensão


deixou sua postura rígida. — Esse é o seu grande plano? Encontrar um cara para
cuidar de você?

— É melhor do que o que mamãe fez para seus clientes. É melhor do que
o que as pessoas na escola dizem que você está fazendo.

Eu posso ver o momento em que Cally registra as palavras. Seus ombros


cedem, ela afunda no sofá e se inclina para frente, os cotovelos sobre os joelhos,
a cabeça nas mãos.

O rosto de Drew cai, arrependimento limpando a expressão de sua antiga


amargura. — Eu não acredito no que eles dizem. Eu sei que você não... Eu estou
apenas... — Seu olhar se ergue encontrando os meus, como se eu pudesse ser
capaz de retornar suas palavras de volta para ela.

Cally levanta a cabeça. — Drew, vá para o seu quarto, por favor — Há algo
não dito entre elas. Promessas antigas martelando uma relação tensa.

— Eu sinto muito — Drew diz em sussurros, então ela passa por mim e
sobe as escadas.

Eu caminho para o sofá e sento-me ao lado de Cally.


Ela pega a minha mão antes mesmo de oferecê-lo. — Eu não deveria ter
trazido-as. Eu deveria ter pedido ao papai a custódia para mim. Eu poderia tê-lo
convencido. Nós teríamos descoberto... Alguma coisa.

— Ela está em uma idade difícil. Ela vai ficar bem. Só precisa de mais
tempo.

Ela balança a cabeça, puxando o lábio inferior entre os dentes. — Ela está
chateada comigo porque queria dormir com a nova amiga neste fim de semana.
Eu disse que ela tinha que trabalhar na casa do papai comigo.

— Você está trabalhando na casa de seu pai neste fim de semana?

— O dedetizador terminou, então... Sim. Nós não podemos ficar aqui para
sempre.

Elas podiam. Eu não me importaria.

Ela encolhe os ombros. — De qualquer forma, acho que meu pai sente
falta delas.

— O que você está fazendo na casa?

— Não tanto quanto eu quero. Tudo é tão caro. Mas podemos pintar e
limpar. Não se preocupe. Nós vamos estar fora do seu pé em poucos dias — Ela
balança a cabeça e empurra-se para fora do sofá. — Eu tenho que voltar para a
escola antes do meu primeiro cliente.

— Cally — Eu a chamo, parando quando ela atinge o primeiro degrau. —


Você não está no meu pé — Por favor, fique.

— Só em seu banheiro — Ela morde de volta um sorriso. — Lamento por


isso.

Um gemido que mal reconheço borbulha em meu peito. — Eu não.


QUANDO EU saio do chuveiro, a casa está silenciosa. Acabou-se o último
dever de casa, jantar servido, televisão desligada. As risadas do quarto das
meninas cessaram.

Eu puxo meu roupão e enrolo o cabelo em uma toalha antes de ir para o


meu quarto, parando na escada no meio do caminho. Ele está lá em baixo.
Talvez mexendo com suas fotos em seu laptop, talvez sentado na sala de estar
com os pés para cima, corrigindo os trabalhos dos alunos de graduação. Talvez
tomando banho. Meus olhos flutuam fechados quando eu evoco a imagem dele
sob o jato com os músculos tensos enquanto se acariciava.

Talvez ele esteja na cama. Talvez esteja pensando em mim, da minha


boca sobre ele esta manhã. Talvez ele saiba que estou pensando nele.

Vou para o meu quarto, fechando a porta silenciosamente atrás de mim -


por privacidade ou colocando mais um obstáculo entre nós?

Ao longo das últimas noites, eu encontrei-me voltando lá embaixo depois


que as meninas foram dormir à noite, apenas esperando que eu pudesse correr
para William na cozinha. Eu amo o jeito que seus olhos vagueiam sobre mim
cada vez que estamos na mesma sala, como se ele estivesse tentando me
memorizar e encontro-me desejando aqueles momentos, olhando para ele.
Eu poderia colocar uma roupa e ir para baixo para encontrá-lo, mas não
vou. Hoje não. Não quando as meninas estão em casa e estou tão perto de ceder
à tentação. Todos os dias eu percebo que não é uma questão de se vou controlar
a atração entre nós. É uma questão de quando.

O meu telefone vibra no criado-mudo, e quando eu o pego, vejo o número


de William na tela.

— Olá — Eu sussurro.

— Como foi o seu banho?

— Maravilhoso. Quente. Longo. A pressão da água maravilhosa. Muito


necessário.

Seu zumbido de aprovação carrega em cima da linha e borbulha pelo meu


corpo, vibrando através do meu interior e estabelecendo entre as minhas
pernas. — Você poderia ter tomado aqui em baixo. Você gostaria do meu
chuveiro.

— E arruinar-me para todos os outros chuveiros? — Eu sorrio e me jogo


na cama. — Praticamente.

— Eu tive um bom momento com você e as meninas hoje à noite — Sua


voz fica baixo, me seduzindo. — Eu gosto de ter você por perto, Cally.

Eu gosto de estar perto. — Devo-lhe muito obrigada por tudo isso. Eu


realmente não posso agradecer o suficiente.

— Você é bem-vinda. O prazer tem sido meu.

O silêncio se levanta entre nós. Não é um silêncio vazio, comendo espaço


em nossa conversa. Ao contrário, este silêncio é carregado, pesado com atração
e desejos não realizados. Fantasias. Lembranças. Segredos indizíveis.

— Lembra-se dos nossos telefonemas depois que me mudei para longe?

— Eu me lembro.

— Tranque a porta, Cally.

— Você está tentando me manter aqui dentro ou se manter ai fora? —


Enquanto pergunto, eu giro a fechadura.
— Você não tem que se preocupar comigo chegando aí.

— Não? — Por que estou desapontada?

— Não, querida. Suas irmãs estão aí em cima, e quando eu finalmente


estiver dentro de você, quero ouvi-la gritar.

Meus joelhos viram geleia e eu afundo na cama.

— O bloqueio é para que você não seja interrompida enquanto estarei


ouvindo você tocar a si mesma.

— William — Seu nome sai dos meus lábios como uma súplica.

— Deixei-lhe algo sobre a cômoda.

— Vinho — Eu sussurro, já em pé para me servir uma taça.

— Vinho de morango — Ele corrige. — Eu coloquei uma tampa de rosca.

— Elegante — Eu rio e tomo um gole. O gosto e o cheiro trabalham juntos


para enganar os meus sentidos e me levam de volta no tempo. A doca atrás do
antigo armazém na Main. A luz da lua refletindo na água. A língua de William
circulando meu umbigo...

— Você está nua?

Suas palavras combinam com a minha expectativa e envia um arrepio na


espinha. — Eu tenho um roupão. Eu acredito que era isso que a sua “amiga”
Meredith estava usando outro dia.

— Está com ciúmes?

— Talvez um pouco — Eu sorrio. — Talvez eu deveria enviar mensagens


mais sujas. Eu não posso deixar o seu celular pensando que ela é melhor nisso
que eu.

— Talvez você devesse.

Eu podia. Eu gosto da ideia de enviar-lhe uma mensagem suja enquanto


ele está ensinando.

— O que estamos fazendo?


Eu estou falando sobre isso, sobre nós, mas ele diz: — Eu não tenho
certeza, mas vamos começar com esse roupão e ver o que acontece — Sua voz
está profunda, rouca. — Desate-o para mim, Cally.

Minhas mãos tremem um pouco quando eu obedeço. Eu deixo os laços


caírem para o lado e deslizo a palma da mão para baixo em minha barriga. — E
quanto a você? O que você está vestindo?

— Boxer.

Eu lambo meus lábios. Eu diria a ele para retirar, mas gosto da imagem
dele em nada além de boxer. — Desde que comecei a ficar aqui, estive pensando
em como você dorme — Eu confesso.

— Honestamente, não tenho dormido muito. Eu penso em você


deslizando entre os lençóis, seu corpo colocado na mesma cama que eu
costumava tocar em você.

Minha respiração para. — Como vou resistir quando você fala assim
comigo?

— Não resista.

— Existem muitas razões que não deveríamos fazer isso — Mas já sei que
faremos. Rendi-me no momento em que fechei a porta. — Eu tenho medo de
machucá-lo novamente.

Ele hesita por um momento. — Esse é um risco que estou disposto a


correr, Cal. Deixe-me fazer essa escolha, está bem? — Então, antes que eu possa
responder: — Você está nua sob o roupão?

— Sim.

Ele geme. — Você tem a vantagem aqui.

— Como assim?

— Você me viu nu no chuveiro. Já faz um tempo maldito desde que eu vi


seu corpo nu. Eu quero ver essas curvas que senti no restaurante.

Eu desloco-me de volta na cama e deslizo meus dedos sobre minha


barriga.
— Toque seus seios para mim. Tocá-los como eu faria. Deixe-me ouvir
como você brinca com seus mamilos.

Desejo corre através de mim quando levanto uma mão para os meus
seios, colocando os dedos, brincando com meus mamilos.

— Deus — Ele geme. — Eu adoro ouvir você respirar quando está


excitada. Você é tão sensível. É um tesão.

— Não é... — Eu hesito, com vergonha de dizer isso, mas a necessidade de


aprender, de compreender. — Eu não sou sempre assim. É você. Ninguém mais
faz isso para mim. Ninguém mais poderia me excitar tão rápido.

— Você está muito molhada? Deslize sua mão entre as pernas e me diga.

Minha respiração acelera quando eu rastreio minha mão pelo meu corpo
para o local necessitado entre as minhas coxas. Meu corpo está vibrando com
excitação. Ganancioso de desejo. Quando meus dedos encontram a maciez entre
as minhas pernas, eu choramingo porque minha mão é um fraco substituto dele,
o silêncio do quarto vazio é um prêmio de consolação, quando eu desejo o peso
do seu corpo em mim, sua respiração no meu ouvido. — Eu não posso — Eu
sussurro. — Eu quero você.

Ele geme baixinho. — É bom ouvir você dizer isso.

Eu balanço minha cabeça e removo minha mão. Isso é demais. Eu


cheguei ao meu limite. — Tenho que ir.

Então eu desligo o telefone.


O que diabos aconteceu?

Eu pisco para o meu telefone, tentando dar sentido as palavras me


dizendo que a chamada terminou. Foda-se.

Eu aperto meus olhos fechados e jogo a cabeça para trás no meu


travesseiro.

Não que vou dormir muito esta noite. Não com Cally na minha cabeça.
Não com a imagem dela no andar de cima, abrindo as pernas ao meu comando.
Não enquanto estou me lembrando do quase inaudível ronronar suave que ela
faz quando está perto de gozar. Eu continuo pensando em quão suave seus
lábios parecem antes de beijá-los. Como inchado eles ficam depois.

Na primeira batida na porta do meu quarto, eu acho que estou


imaginando coisas. Mas soa mais uma vez, e então alguém sussurra meu nome
em voz baixa. — William?

Depois que abro a porta, eu tenho que piscar algumas vezes para ter
certeza de que meus olhos não estão pregando peças em mim. Cally de pé ali em
nada além de um roupão branco.

— Cally.

Ela olha para mim com aqueles grandes olhos castanhos de corça. Em
seguida, suas mãos estão no meu cabelo e sua boca está na minha. E que diabos,
seus lábios são tão macios, seu gosto tão malditamente doce que estou perdido.

Colocando seu rosto em minhas mãos, eu a beijo de volta sem hesitação.


Eu puxo o lábio inferior entre os dentes, e ela solta um pequeno choramingo de
gatinho que me deixa louco. Meu polegar vai para baixo em seu maxilar até que
ela se abre em minha boca, porque tenho que entrar. Eu preciso prová-la,
explorá-la.

Minha.

— Tem certeza? — Eu pergunto.

— Eu prometo ficar quieta — Ela esfrega o polegar sobre meus lábios, e


eu tenho que resistir ao instinto para puxá-lo entre meus dentes e chupar, para
observar aqueles olhos expressivos inflamados de desejo. — Por favor — Diz ela
em voz baixa. — Por favor, William. Eu preciso disso. Preciso de alguém bom me
tocando. Por favor.

Eu deixo cair as minhas mãos em sua cintura e a puxo para perto. Eu


deslizo minha mão em seu roupão e estou deslizando meu polegar através de
seu umbigo. — Eu não sou bom, Cally. Eu estraguei tudo muitas vezes.

— Você é — Ela respira. — É tão bom, que você não pode sequer enxergar
isso.

Eu abro o roupão e esmago minha boca sobre a dela. Espero que seja um
aviso - porque não vou deixá-la ir sem uma luta, não desta vez. Mas ela não
desiste. Ela geme e balança os quadris. Ela reconhece o meu desejo brutal como
o seu, puxando meu cabelo, mordendo meu lábio.

Eu chuto a porta fechada e a apoio contra ela, como se uma superfície


sólida pudesse conter essa fome selvagem e perigosa bombeando através de
mim. Quando passo para o pescoço e sugo a pele macia, ela engasga e se
pressiona mais forte em mim.

Outra onda de luxúria bate dentro de mim, e de repente preciso ver seus
olhos, para ver o prazer em seu rosto quando eu a toco.

Quando eu puxo para trás, ela está me observando. Seus lábios estão
vermelhos e inchados e as pálpebras pesadas de desejo.

Eu passo a minha mão até seu torso. Quando toco a parte inferior dos
seios, seus olhos se fecham e ela arqueia na minha mão.
— Deus, você é linda — Minhas palavras estão roucas pela excitação,
estridentes pelo desespero que eu senti desde que ela me viu me masturbar no
chuveiro. Foda-se. Eu estou perdido.

Eu mergulho minha cabeça em seu seio, molhando-o com a minha


língua. Colocando-o na minha mão, eu chupo o mamilo em minha boca. Ela
grita contra o meu pescoço e aperta suas unhas em meus ombros enquanto eu
chupo e mordo, alternando entre áspero e suave. Talvez muito áspero, mas não
posso evitar isso, porque ela está gemendo e estou desesperado para reclamá-la,
marcá-la.

Ela balança em minha coxa. Corro minhas mãos por suas pernas e seguro
os joelhos, levantando-a entre mim e a porta, até que meu pau aninha-se entre
suas pernas, apenas o tecido fino da minha boxer entre nós. Ela envolve as
pernas em volta de mim e aperta-me com força.

— Maldição, Cally — Meus olhos se fecham e tenho que cerrar os dentes.


— Você está tão molhada que posso sentir isso, e eu nem sequer tirei minha
boxer ainda.

— O que você está esperando? — Ela desliza os dedos no meu cabelo e


puxa minha boca para a sua.

Eu rosno contra ela e enrolo meus dedos em seus quadris. — Você tem
alguma ideia do quanto tenho pensado neste corpo doce? Você tem alguma ideia
de como louco me deixa ter você dormindo no andar de cima, tão fodidamente
perto, mas fora dos limites?

Eu retiro o roupão de seus ombros e o deixo cair no chão. — Você é tão


insanamente bonita — Eu deixo cair a cabeça e abro a boca contra seus seios.
Um de cada vez, eu chupo os picos tensos em minha boca, entre os dentes, até
que ela grita e arqueia mais perto.

— William — Ela choraminga. — Por favor.

Eu ergo minha cabeça, meus dedos pegando onde minha boca parou e
rolando um mamilo rosa perfeito entre meus dedos. — O que, baby? Por favor, o
quê?
Ela estremece e pressiona o seio ainda mais na minha mão. — Por favor,
você pode fazer?

Eu preciso ouvi-la dizer isso, ouvir as palavras dos seus lábios, mas eu
não posso resistir a provar novamente e tenho que baixar a cabeça para os seios
de novo e rolar um mamilo contra a minha língua.

— Deus, você tem um gosto bom.

Suas mãos passam pelo meu cabelo e puxam, e quando eu fecho a minha
boca sobre ela e chupo, o grito que rasga através dela é quase suficiente para me
fazer gozar em minha boxer.

— William — Ela choraminga, e eu amo o jeito que ela diz o meu nome
inteiro. — Dentro de mim. Por favor.

Minha respiração me deixa em uma corrida. Lá estão elas. As palavras


que eu estava esperando. Mas eu não estou pronto.

Deslizando minhas mãos sob a sua bunda para apoiá-la, eu me viro e dou
quatro passos largos para a cama. Eu lentamente a deslizo para baixo do meu
corpo, até que esteja sentada na cama. Agarrando seus quadris, eu a puxo para
frente, até que ela esteja se inclinando para trás em seus cotovelos e os quadris
estão na beirada da cama. Então faço uma trilha de beijos descendo em seu
corpo - por toda a sua clavícula, entre os seios, sua barriga, indo para baixo.

Eu raspo meus dentes sobre um quadril, em seguida, arrasto a minha


boca através de seu estômago. Parando em seu umbigo, eu circundo o pequeno
piercing com a minha língua antes de abrir a boca contra a pele macia,
chupando-a.

Ela levanta seus quadris, e eu coloco minha mão entre suas pernas,
quente e úmida.

— Deus, você é incrível — Murmuro. Ela engasga com o toque da minha


mão.

Eu posiciono os pés na cama para que seus joelhos fiquem dobrados e ela
está aberta para mim. Então eu abaixo meus quadris e olho para ela.

Ela chega para mim. — O que você está fazendo?


Um sorriso enrola meus lábios, e eu pressiono levemente contra suas
coxas até que suas pernas caiam abertas e ela está totalmente exposta ao meu
olhar.

— William — Ela choraminga quando eu traço com o meu dedo o seu


sexo inchado e sensível.

Suas pernas se juntam, e eu as pressiono a abrirem novamente e abaixo


minha cabeça para saboreá-la. Ela arqueia contra mim, clamando outra vez até
que o som dos seus gemidos, as sensações dos seus dedos se enredando em meu
cabelo, e o gosto dela contra a minha língua deixa o meu pau doendo
impacientemente na minha boxer.

Mas eu não vou ser apressado. Eu circulo seu clitóris com a língua, e ela
treme debaixo de mim.

Levantando minha cabeça, eu travo meus olhos com os dela. — Não se


segure, Cally. Deixe-me fazê-la gozar.

Eu afundo dois dedos dentro dela. Ela pulsa em volta de mim. Tão
fodidamente perto. Tomando seu clitóris entre meus lábios, eu chupo no mesmo
momento em que cubro sua boca com a mão livre. Ela treme sob minha boca,
até que está pulsando ao redor dos meus dedos e seu grito é abafado contra a
minha mão.
— DEUS, VOCÊ é bonita quando goza — Seus olhos estão quentes nos
meus enquanto ele faz o seu caminho de volta até o meu corpo, uma mão ainda
colocada entre as minhas pernas. Meus membros estão moles, meu corpo
relaxou, mas apenas o calor em seus olhos reacende algo em mim.

Simples assim e eu preciso de mais.

William sobe em cima de mim e eu coloco minhas pernas ao redor de


seus quadris. E sou cumprimentada com o eixo longo e grosso do seu pênis
pressionando contra o meu clitóris através de sua boxer de algodão. Assim que
faz contato estou choramingando, com esse cocktail perigoso de prazer,
necessidade e nostalgia.

— Eu cometi tantos erros malditos quando você estava fora da minha


vida. Quando você foi embora, eu perdi mais do que minha namorada. Eu me
perdi — Ele traça os meus lábios com o polegar e a ternura em seus olhos quase
me desfaz. — Fique comigo, Cally. Você é a minha bússola. Minha estrela polar.

Minha garganta fica grossa e as suas palavras fazem as lágrimas


empurrem na parte de trás dos meus olhos.

— Eu te amo — Ele murmura. Ele beija o canto da minha boca, minha


orelha, então meu rosto, onde seus lábios pressionam o calor úmido de minhas
lágrimas em minha pele. — Eu sempre amei você.
Eu balanço minha cabeça, precisando que ele entenda. — Você não me
ama. Você ama a garota que eu costumava ser.

— Você tem alguma ideia do quão incrível você é agora? — Seus olhos
travam com os meus enquanto ele sussurra as palavras. — Tudo o que você fez
para as meninas e seu pai... Do jeito que você acabou de pegar e deixou sua
antiga vida? Não há muitas pessoas da sua idade que fariam isso. Você trabalha
sem parar e está sempre fazendo por eles. Eu não preciso de minhas lembranças
para ficar de quatro por você, Cally. Tudo o que tenho a fazer é encontrá-la.

Meu coração está cheio e quebrado, tudo de uma vez, e eu não posso me
permitir voltar suas palavras. Eu já disse “eu te amo tanto”, muitas vezes desde
a partida de William, e cada vez era uma mentira. Eu não vou deixar as palavras
serem maculadas por meus lábios. — Faça amor comigo, William.

Algo pisca em seu rosto. A minha escolha de palavras não escapa de sua
atenção. Mas isso é o que é. Isso é o que vai ser entre Will e eu. Algumas pessoas
têm sexo ou relação sexual. Algumas pessoas fodem. Mas com Will, não importa
o quão rápido ou lento, suave ou áspero, depois de todos esses anos de espera,
eu sei que vai ser fazer amor. E isso é o que preciso agora. Mais do que qualquer
coisa.

Em segundos, ele está longe de mim, de pé ao lado da cama e retira a


boxer. Ele desliza um preservativo de sua mesa de cabeceira e eu engulo em seco
ao ver seu comprimento e espessura, é um pouco intimidante.

Ele encontra-se de costas na cama com a cabeça apoiada contra um


travesseiro, e acena o dedo para mim.

Colocando um joelho de cada lado de seus quadris, eu me escarrancho


nele. Ele me guia até que esteja pressionando contra a minha entrada.

Meus olhos se fecham em antecipação do prazer atado a dor que eu sei


que o tamanho dele vai trazer.

— Olhe para mim — Ele ordena com os dedos apertando meus quadris.

Abro os olhos e bloqueio-os com os dele quando ele desliza lentamente


dentro de mim. Meu corpo tem que esticar para acomodar o seu tamanho, mas
ele é paciente e me permite ajustar a ele. Apenas tê-lo dentro de mim me faz
apertar novamente. Ele me estende e pressiona profundo, e seus olhos não
deixam meu rosto até que começo a me mover sobre ele, criando um ritmo para
o nosso corpo quando ele desliza fundo novamente e novamente. Pressão
construindo, meu corpo se apertando.

Ele me puxa para frente e embala a minha bunda em suas mãos. Quando
sua boca agarra um dos meus mamilos e chupa firme, eu desmorono
novamente, e ele aperta seu domínio sobre meus quadris e balança em mim com
três golpes duros antes de gozar comigo.

— Por que você continua resistindo a isso? — Estamos deitados nus na


cama, nossa pele suada foi seca sob a brisa suave do ventilador de teto. Ele
cuidou do preservativo no banheiro e, em seguida, voltou para a cama e puxou o
meu corpo contra o dele.

— Talvez eu queira que você peça — Eu brinco.

Ele resmunga. — Se eu achasse que iria fazê-lo, eu o teria feito.

O humor me deixa repentinamente. Ele merece uma resposta verdadeira.


— Porque não vou ficar. Deixá-lo uma vez quase me matou. Eu não sei se posso
sobreviver deixando-o pela segunda vez.

Ele conecta seu pé atrás do meu joelho e nos rola, então ele está acima de
mim, com as mãos emoldurando meu rosto. — Portanto, não me deixe. Você
tem um trabalho aqui. Um lugar para viver. Por que você está tão ansiosa para
voltar?

Meu coração aperta no peito. Porque eu quero o que ele está oferecendo.
Eu quero ser a garota que acredita em felizes para sempre depois de tudo. Eu
quero confiar que tudo acontece por uma razão.
Mas não sou aquela garota que eu costumava ser e Will merece mais do
que eu fingir que eu sou ainda.

— Não é tão simples assim.

— Pode ser — Ele aperta um beijo para minha clavícula. — Você está
realmente tão desesperada para voltar a algo lá, ou está fugindo de alguma coisa
aqui?

Minha garganta fica grossa. Mal posso falar porque não consigo engolir
minhas próprias mentiras quando ele está olhando para mim com tanto amor.

— Fique — Ele pressiona um beijo no canto da minha boca. — Não há


nada do que você precise fugir. Eu cuido de você. Não importa o que aconteça.
— Ele me beija novamente, desta vez, direto entre os meus seios. Direto no meu
coração.

Ele se instala perto de mim e puxa meu corpo contra o dele para dormir.
— Olá, Cally — Ele sussurra, e segundos depois sinto a mudança de sua
respiração contra o meu pescoço enquanto ele relaxa em seu sono.

Eu fico deitada lá bem acordada, desejando que tudo fosse tão simples
como ele acredita que seja.
A Bela Adormecida está na minha cama.

O sol da manhã se inclina na janela do meu quarto e no rosto de Cally, e


eu mal consigo deixá-la, apesar de eu ter que abrir a galeria em quinze minutos.
Há algo em estar com essa mulher que limpa todas as coisas horríveis dos
últimos dois anos. Meu erro de noivar com Maggie, meu maior erro de me
comprometer com Krystal. Eu odeio pensar em mim como uma psique
facilmente analisada. Um caso clichê de um cara que perdeu sua família quando
era jovem e passou sua vida tentando construir uma nova.

Mas com Maggie e Krystal, eu estava sempre preso ao que seria. Garantir
o futuro - a família, os filhos - tudo isso era tão indescritível, que eu não
conseguia parar de perseguir.

Nunca foi assim com Cally. Não quando eu tinha dezoito anos. E não
agora. Cally me deixa ciente do momento, de me estabelecer no aqui e no agora.
Ela faz simplesmente a existência tão malditamente perfeita que esqueço todas
as minhas ansiedades sobre o amanhã.

Seus cílios escuros vibram contra seu rosto e ela geme baixinho, rolando
para o lado e curvando em mim. Depois que eu fiz amor com ela pela segunda
vez na noite passada, ela adormeceu nos meus braços. Observei-a por algum
tempo, me lembrando de que ela era real e estava aqui, que não era um sonho.
Eu estava quase dormindo quando ela começou a falar em seu sono. — Eu sinto
muito — Isso era tudo o que pude entender de sua longa corrente de
murmúrios. — Eu sinto muito. Eu sinto muito.

Ela estava sonhando, mas eu senti que as palavras eram para mim e isso
me fez pensar que ela está carregando muita culpa. Mas muita culpa pelo quê?
Por furar comigo naquele fim de semana? Por me mandar uma mensagem de
texto e tão rapidamente tornar-se inacessível? Por cair nos braços de outro cara
antes mesmo de estar fora por um mês? Ou talvez ela esteja por tudo isso e
muito mais. Talvez ela esteja triste por algo que nem sequer saiba. Algo que eu
não gostaria de saber.

Seja o que for, isso não muda o que sinto. Aqui, na minha cama com o sol
da manhã aquecendo nossa pele, estou mais certo do que nunca que só importa
Cally.

— Mmm — Ela murmura contra o meu peito. — Eu preciso sair da cama e


começar arrumar as meninas para a escola.

Eu tiro o cabelo do seu rosto, colocando-o atrás da orelha. — Isso já foi


resolvido.

Ela se senta e olha para o relógio. — Merda. Eu sinto muito.

— Não sinta. Elas queriam deixá-la dormir — Eu puxo seus quadris até
que ela desliza para baixo na cama ao meu lado novamente. — E eu queria
mantê-la na cama o maior tempo possível.

Ela vira e se enrola em meu peito. — Eu não tenho dormido tão bem há
anos.

— Parece que você deve dormir na minha cama com mais frequência.

— Então você vai usar a minha insônia como uma desculpa para me ter?

— Quando se trata de conseguir o seu corpo nu ao meu lado o mais


rápido possível, não tenho vergonha.

— Você tem um cheiro bom — Ela pressiona os lábios contra o meu peito
e lambe o meu esterno. — Um gosto muito bom.

Eu pego suas mãos e rolo-nos, então ela está debaixo de mim, com as
mãos sobre a cabeça, com seus pulsos presos por mim. Seus olhos piscam
quentes quando encontram os meus.

Eu acaricio seu pescoço, saboreando o conhecimento que estou


marcando-a com o meu rosto com a barba por fazer.
— Quando você está se mudando de volta para Vegas? — Eu tenho que
perguntar. Eu preciso me lembrar de que ela não vai estar na minha vida para
sempre. Que ela não quer estar.

— Eu não sei — Ela levanta os olhos para os meus, suas inseguranças


escritas por todo o rosto. — Eu não sou uma fã de relacionamentos de longa
distância.

— Eu também não. Mas acho que pode ser feito. Se for realmente
necessário.

Ela afunda seus dentes em seu lábio inferior. — Talvez não seja
necessário.

— O que você quer dizer com isso? — Eu tenho medo de ter esperança.

— Eu quero dizer que ia voltar a Las Vegas porque era o padrão, o


próximo passo óbvio, e... — Ela me observa hesitante. Cuidadosa. — Eu estou
dizendo que vou considerar outras opções.

Algo inunda meu peito, ameaçando me oprimir. Eu enterro meu rosto em


seu pescoço e a aperto com força.

Faço uma trilha de beijos até o pescoço dela e pego o lóbulo da orelha
entre meus dentes, sugando até que ela grita. Ela é como um sonho em meus
braços. Não há nenhuma maneira que posso ir para a galeria hoje. Eu preciso do
dia inteiro com Cally na minha cama.

— Eu tenho que fazer um telefonema — Eu sussurro. Liberando uma de


suas mãos, eu arrebato o meu telefone da mesa de cabeceira e levanto a cabeça o
suficiente para ligar para Maggie.

Ele toca quatro vezes antes que ela atenda. — Alô? — Ela soa como se eu a
tivesse acordada. Muito fodidamente ruim.

— Eu preciso que você abra a galeria para mim hoje.

Cally move a mão livre nas minhas costas e ela está sorrindo para mim
enquanto traça a minha coluna com os dedos.

— Eu tenho planos com Asher — Diz Maggie.


Cally desliza a mão entre nossos corpos e segura na cabeça do meu pau
com a ponta dos dedos. Eu rosno. — Cancele — Eu desligo o telefone e lanço-o
pelo quarto.

Cally ri debaixo de mim. — Chefe.

Eu recapturo sua mão errante e recoloco por cima da cabeça. — Eu sou o


chefe.

— Você é bom no que faz — Ela murmura.

— Você gosta de dizer o que fazer?

— Não particularmente, mas quando você faz isso, é muito quente — Seus
lábios curvam e ela esfrega o seu calor nu e liso contra o meu pau. Ela não
precisa nem mesmo usar suas mãos para me fazer perder a porra da minha
mente.

— Droga, Cally. Você vai me matar.

Ela repete o movimento, me prendendo com seus quadris. Então estou


quase dentro dela. — Não me faça esperar.

— Preciso ter um preservativo — Eu cerro os dentes, quando me movo,


assim meu pau não está tão irresistivelmente perto do seu calor úmido. Eu
nunca quis estar dentro de uma mulher sem preservativo, tanto quanto quero
estar dentro dela. Eu já estou pensando em como seria deslizar dentro dela, pele
com pele.

— Eu tenho um atestado de saúde — Ela sussurra. — Antes de você, eu


não tinha feito sexo por quatro anos. E quanto ao resto, é para isso que existem
as pílulas anticoncepcionais.

Eu ainda a estudo. Eu não estou preocupado com a gravidez.


Infelizmente, isso é algo que eu nunca preciso me preocupar. — Tem certeza?

Ela afunda seus dentes no lábio e acena.

Assim que me mexo para deslizar dentro ela, ela me interrompe com as
mãos em meus ombros.
— O que foi? — Eu peço. A ideia de estar dentro dela, sem essa barreira é
tão malditamente atraente, mas vou parar se ela mudar de ideia.

— Eu queria que você fosse o meu primeiro. Eu gostaria de tivesse sido.

Ah, inferno. — Isso não importa mais.

Ela corre os dedos pela minha bochecha e assente. — O que está feito está
feito. Eu sei. Mas isso? Eu nunca tive relações sexuais com um homem sem
camisinha antes. Eu fui diligente. Então, isso é... A primeira vez.

Eu pego seu rosto em minhas mãos e esmago minha boca na dela,


esperando que ela sinta cada parte dolorosa e bela do meu amor neste
momento. — Isso é incrível — Eu sussurro. Então lentamente afundo dentro
dela com os olhos fechados quando nossos corpos se juntam tão intimamente.
Pele a pele.
“Fique. Não há nada do que você precise fugir. Eu cuido de você. Não
importa o que aconteça”. As palavras de William não saíram da minha cabeça
desde que ele sussurrou-as no meu ouvido ontem de manhã. Estou pensando.
Talvez eu pudesse ficar. Talvez isso pudesse ser a minha vida. Passar os dias
trabalhando com esse homem do outro lado do corredor que faz meu coração
disparar, minhas noites em sua cama, com as mãos no meu corpo. Eu poderia
realmente ter essa sorte? Será que ele irá querer tudo isso comigo uma vez que
descobrir a verdade?

Corrói o meu estômago esse pensamento. Eu deveria ter lhe dito a


verdade antes de dormir com ele. Eu devo isso a ele. Mas estou com medo de
que ele não vá olhar para mim, uma vez que souber e eu não estou pronta para o
fim.

— Muita água — Digo ao meu cliente. Eu me forço a sair do meu devaneio


e oferecer-lhe uma garrafa de água. — E há mais treinos hoje. Deixe seus
músculos descansarem.

A mulher pega a garrafa e desliza para mim vinte dólares – de gorjeta,


além dos setenta que ela pagou pela massagem, fazendo disso um ótimo começo
do dia.

— Eu voltarei — Ela promete. — Não deixe a cidade ainda, ou terei que ir


a Vegas para as minhas massagens.

— Eu estou pensando em ficar em New Hope permanentemente — Eu


admito. — Eu só preciso arrumar alguns detalhes.

— Isso seria incrível. Você deveria com certeza. Vou mandar uma
tonelada de negócios para você.
— Isso seria maravilhoso.

Vejo-a sair pelas portas de trás e decido ir até a galeria para uma pequena
pausa entre os clientes.

Maggie está conversando com uma jovem mulher de costas e William não
está por perto em parte alguma. Tento silenciar a minha decepção, mas não
posso evitar. Estou ficando acostumada com o seu rosto, seu riso, seus olhos em
mim quando ando pela sala. Mas eu me forço a resistir. Eu o verei esta noite.
Certamente eu posso passar algumas horas antes de colocar meus olhos nele
novamente.

— Cally?

Dirijo-me para encontrar a voz familiar. O sorriso cai do meu rosto.

— Eu achei você — Os olhos castanhos, ombros largos, prata suficiente


espreitam através de seu cabelo escuro para deixá-lo com um olhar distinto.
Brandon McHugh é tão bonito como o dia em que se propôs a fazer-me dele.

Meu estômago vira e meu coração bate tão rápido e forte que eu preciso
me sentar. — Olá, Brandon.

Ele corre os olhos em mim, o meu rabo de cavalo, minhas roupas, meus
tênis. — Você está trabalhando — Ele está sorrindo, mas a desaprovação está em
seus olhos.

— Eu estou — Brandon não se importa de ter suas mulheres trabalhando.


Se elas trabalham, como podem fazer o seu lance? Se trabalham, ele não pode
confiar nelas. Não que eu jamais ousei falar esses pensamentos para ele. Quatro
anos sob seu controle e só agora estou me atrevendo a pensar nisso.

— Deus, eu senti sua falta.

— Eu... — Eu tento forçar a mentira que ele quer ouvir de meus lábios. Eu
também senti sua falta. Isso é o que ele quer ouvir, que eu o amo, que ele
quebrou meu coração quando começou a sair com Quinn, que sinto falta dele
desesperadamente e preciso dele. Mas o amor e o sofrimento não tem nada a ver
com a confusão acontecendo dentro de mim. É o medo.
Eu não estou pronta para isso. Eu não estava preparada para os meus
mundos colidirem, meu mundo em Las Vegas rastejando para infectar meu
mundo em New Hope. Eu não quero isso aqui.

Ele franze a testa quando pega a minha mão. — Por que você está
tremendo?

Para meu horror, eu percebo que estou tremendo. Como você me


encontrou? Não que eu tivesse coberto meus rastros. Eu não achei que
precisava. Ele voltou para Vegas menos de um mês antes que a mamãe tivesse
morrido. Eu pensei que ele se acostumaria com a ideia de que eu me mudei.
Pensei que ele já tivesse se mudado. Será que realmente fui tão tola? — O que
você está fazendo aqui?

Seus olhos dobram no canto quando ele dá o seu sorriso tímido. — Eu


vim por você.
CALLY está no showroom falando com um homem que cheira a dinheiro.
Eu observo do sótão, o ciúme rasgando em mim, o que é absurdo, porque ela
não está fazendo nada inapropriado. Inferno, ela ainda está vestida como
quando faz massagem. Ele poderia ser um cliente, por tudo o que sei. Mas há
algo quase exclusivo sobre a forma como ele posiciona o seu corpo perto dela, do
jeito que ele está tocando sua mão.

Depois do que aconteceu esta manhã, eu disse a mim mesmo que eu iria
dar-lhe espaço hoje. Sou malditamente tentado tocá-la quando estamos juntos,
também tentado a pedir-lhe para ficar na minha casa depois que as meninas
forem embora, para ficar em New Hope indefinidamente. Para ficar comigo. Ela
precisa de tempo para chegar a essas decisões por conta própria. Ela não precisa
que eu a pressione.

Mesmo antes de eu perceber o que estou fazendo, desço as escadas em


direção a Cally, determinado a colocar um pouco de espaço entre ela e esse
estranho.

— Boa tarde — Eu ofereço minha mão. — Eu sou William Bailey, o dono


da galeria e gerente. Posso ajudá-lo?

No momento em que o homem se vira para mim totalmente, a força do


reconhecimento bate em mim com tanta força que eu tropeço um passo para
trás. Ele cuidadosamente solta a mão de Cally e pega a minha, seu aperto
confiante e forte. — Brandon McHugh.

— É bom encontrá-lo, Brandon — Eu consigo dizer, mas posso sentir meu


queixo endurecer. Eu conheço esse rosto, esses olhos. Poderia ser ele realmente?
Pode ter sido há sete anos, mas nunca vou me esquecer de ver aquelas mãos
sobre a minha garota. É ele. E ele está aqui. — Há algo com que eu possa ajudá-
lo hoje? Tenho certeza de que Cally precisa voltar para os clientes.

— Será que isso está bem? — Brandon pergunta com a mão proprietária
de volta para o seu ombro.

— Sim — Cally diz rapidamente. — Muito bem — Então, para mim —


Brandon está de visita vindo de Las Vegas. Ele era apenas...

— Somente procurando uma nova arte para o meu apartamento em Nova


Iorque — Ele termina por ela.

Eles trocam um olhar e eu me pergunto qual era o relacionamento deles.


Eu nunca deixei que Cally soubesse que fui para Vegas naquele verão. Quando
eu a vi com Brandon, com a mão sobre sua coxa por baixo da mesa, assumi que
eles estavam juntos, apesar de como inadequado, para não mencionar ilegal,
pela idade que ela tinha. Eu estava certo? Eles eram um casal? Ela com seus
dezesseis e ele com seus trinta e poucos anos? E o que são um para o outro
agora?

— Deixe-me mostrar-lhe algumas das minhas peças favoritas — Eu


ofereço.

— Eu preciso ir — Diz Cally a Brandon. Sua voz é suave, quase hesitante.


Ela não se parece com ela mesma. — Nós vamos conversar mais tarde.

— Eu gostaria muito — Ele corre os olhos sobre ela até que meus punhos
estão quase prontos para voarem em seu rosto por sua própria vontade. — Eu
gostaria muito disso.

Cally apressa-se para o andar de cima, e eu faço o meu melhor para


esconder a minha inveja e ressentimento de longa data, ele não entenderia. Eu
não vou deixar a minha necessidade de homem das cavernas conduzir o meu
punho através de seu rosto. Não até que eu tenha uma razão. Em vez disso, eu
mostro ao homem as peças mais caras na galeria.

Porque eu sou um idiota rancoroso, presumo que ele, provavelmente, não


pode pagar a taça de mosaico de vidro lindo de Maggie que custa mil e
quatrocentos dólares. E porque este é, obviamente, uma espécie de concurso de
mijar com ele, ele a compra e uma aquarela superfaturada do luar refletindo no
Rio New Hope. Eu o pego com um sorriso e nem mesmo pisco quando ele paga
com dinheiro.

Só quando ele vai embora é que sinto que posso respirar novamente. Mas
estou atormentado por perguntas sobre a sua visita e seu relacionamento com
Cally. Esta manhã Cally sugeriu que poderia ficar na cidade. Será que a sua
aparição aqui muda isso?
— Você veio — Ele abre a porta de seu quarto de hotel e passa os olhos em
cima de mim quando entro em cena.

O vestido preto e saltos altos que comprei para este encontro me


custaram tudo o que eu fiz esta semana e mais, mas não me atrevi a aparecer em
uma roupa que o desagradaria. Brandon acredita que a minha aparência é para
seu prazer, e ele espera que eu me vista de acordo. Quando ele termina seu tour
visual e retorna os olhos para mim, eu sei que ele aprova. Primeiro obstáculo,
cruzado.

Eu não me incomodo em perguntar como ele pode se dar ao luxo de ficar


no Hotel Indy do centro da cidade. Tenho certeza que ele tinha reservas de
dinheiro escondido em algum lugar. Além disso, a pergunta iria insultá-lo.
Brandon tolera apenas o melhor, portanto, ele está no último andar, suíte
Presidencial. Ele costumava me levar para hotéis como este em todo o país,
quando estava viajando a negócios. Ele alegou ser um joalheiro internacional.
Embora seu negócio fosse certamente de âmbito internacional, que não eram as
joias que os federais estavam preocupados quando ele foi pego há quatro anos.

— Champanhe? — Pergunta ele, mas seu empregado me entrega uma taça


antes que eu possa responder.

Eu não parei de tremer o dia todo. Eu nunca imaginei que ele se desse ao
trabalho de vir atrás de mim. Tenho vinte e três agora, afinal de contas, o que
poderia muito bem ser cinquenta por tudo que Brandon causou. Mesmo antes
de ser apanhado e jogado na prisão, ele estava começando a se cansar de mim,
começando a encontrar as meninas mais jovens para cumprir seus desejos.
Usei seu encarceramento como uma oportunidade para me afastar dele.
Os federais congelaram todos os seus bens, então não era como se eu pudesse
ter mantido a viver bem, se eu quisesse. Então, encontrei o apartamento com
meus colegas de quarto do stoner e leiloei a maioria das joias e roupas de grife
que Brandon tinha me dado ao longo dos anos. Quando eu descobri que outra
garota estava visitando-o na prisão, eu tinha a desculpa perfeita para me afastar.
Não que eu estivesse com ciúmes, mas sendo um pouco pegajosa e fingindo que
estava machucada funcionou. Brandon gosta muito da perseguição para tolerar
uma mulher pegajosa. Eu tive que trabalhar daquele jeito. Isso simplesmente
funcionou para deixar Brandon McHugh.

Quando ele foi libertado da prisão e eu disse-lhe que tinha me mudado e


ele aceitou isso tão bem. Pensei que ele fosse me deixar ir. Mas ele nunca teria
aparecido em New Hope se tivesse alguma intenção de deixar-me viver minha
vida sem ele.

Eu deveria ter sido mais esperta.

Eu resolvi sentar no sofá em frente a ele, tentando acalmar minhas mãos


trêmulas. Eu preciso convencê-lo a voltar para Vegas e me deixar terminar o
meu negócio em New Hope, mas tenho que ter cuidado para não irritá-lo.

Pensando em tomar um gole de coragem, coloco meus lábios na taça, em


seguida, penso melhor. Brandon pode ter colocado drogas na minha bebida para
fazer o seu caminho. Eu resolvo colocar meu champanhe na mesa de centro com
tampo de vidro que fica entre nós.

— Você está trabalhando demais — Diz ele, estreitando os olhos enquanto


olha para o meu rosto. — Você precisa de mais horas de sono. Essas bolsas sob
seus olhos não lhe fazem justiça.

— Talvez eu somente não seja tão jovem como costumava ser — Eu fiz um
beicinho, como se eu estivesse desesperada por sua segurança.

— Você ainda é bonita, mas está cansada. Você não pode esconder isso de
mim, meu amor.

Eu dou de ombros. O trabalho duro sempre foi um palavrão para ele -


especialmente quando se tratava de mim. Ele nem sequer me deixou terminar o
colegial. Eu mudo de assunto. — O que fez você decidir vir aqui?
— Você sabe que eu não gosto de esperar pelo o que é meu.

Um frio passa através de mim com aquele antigo e determinado tom de


um homem que consegue o que quer. — Você me pegou de surpresa — Eu forço
um sorriso e inclino para frente. — Uma agradável surpresa.

— Nosso voo sai amanhã — Diz ele. — Isso deve dar-lhe tempo suficiente
para arrumar suas coisas.

Eu não vou com você. Não é falta de coragem, mas presença de espírito
que me impede de falar as palavras. Em vez disso, eu digo: — Você realmente vai
me provocar com isso, quando prometi para as meninas que eu ficaria até
depois do Natal?

— Então quebre sua promessa. Eu vou voar de volta para cá com tantos
presentes que ficarão felizes em lhe enviar de volta para mim e ainda esperarem
por mais — Ele vem para sentar-se ao meu lado e toma o meu rosto nas mãos. —
Eu preciso de você mais do que elas.

Quando seus lábios tocam os meus, eu não tento me afastar. Eu coloco


minha mão em seu ombro esculpido e o deixo me beijar. Quando sua língua toca
meus lábios, eu abro para ele, sabendo que a invasão vai custar-me muito
menos do que as consequências de negar-lhe.

Quando ele se afasta, seus olhos são enevoados e ele está respirando
pesadamente. — Eu tinha sentido falta desses lábios. Quatro anos é muito
tempo.

— Isso não parecia incomodá-lo quando você estava com Quinn — Eu


faço beicinho. Eu odeio fazer este jogo, mas eu não tenho escolha.

Ele pega meu rosto em sua mão grande. — Esqueça-a. Eu estou aqui por
você agora.

— Dê-me mais tempo — Eu sussurro, acariciando com o meu polegar a


lateral do seu rosto. — Por favor, Brandon? — Antes que ele fosse preso e
condenado, eu tinha ficado muito boa em manipulá-lo. Sua obsessão por mim
foi a sua fraqueza. Mas eu fui arrogante. Eu nunca deveria ter acreditado que ele
iria me deixar ir embora.
— Fica comigo esta noite — Ele rosna. — Faz muito tempo desde que eu
tive esse pequeno corpo gostoso.

Eu me inclino para frente e toco meus lábios nos dele, então,


cuidadosamente, me reposiciono, por isso estou montando-o e ele está se
inclinando para trás. Meu corpo quer recuar do seu beijo, mas eu me empurro
para frente. Somente quando ele puxa a saia do meu vestido até a cintura e suas
mãos estão chegando para o cinto, que eu me afasto.

— Posso pedir-lhe alguma coisa? — Eu sussurro.

— Claro.

— Será que você reserva um quarto no hotel onde ficamos juntos pela
primeira vez? Você se lembra? Com a vista para as montanhas? Eu quero que a
nossa primeira vez juntos novamente seja especial.

Suas mãos param. — Eu farei.

Afundando meus dentes em meu lábio inferior, desvio o olhar. — Sim,


mas estou no meu... Meu período — Eu minto.

Ele rosna e me empurra para fora de seu colo. — Por que você me deixou
excitado, então?

Arrumando-me na almofada ao lado dele, eu curvo a minha cabeça e olho


para ele através dos meus cílios. — Eu acho que estava muito ansiosa para tocá-
lo de novo. Faz muito tempo, eu pensei que tivesse terminado.

Seus dedos agarram meu pulso e enrolam apertado. — Nós nunca vamos
terminar. Você não pode se livrar de mim.

— Você me deixou por quatro anos — Digo, tentando um beicinho. — E


então havia Quinn. Achei que você a quisesse agora.

Ele me puxa para frente e a pele sob seus dedos queimam. — Como posso
provar isso para você? Ela era uma coisa passageira. Você é a única pessoa que
eu sempre quis como uma peça fixa em minha vida.

Peça. Uma escolha de palavras apropriadas. — Dê-me dois meses com as


meninas. Então estarei em casa e tudo pode voltar a ser como antes — Eu coloco
minha mão sobre a que ele tem envolvido dolorosamente ao redor do meu
pulso. — Você pode ficar comigo — A oferta é uma aposta, mas que devo aceitar.

— Eu não posso ficar — Ele rosna e há algo como raiva em seus olhos. —
A droga do Oficial de condicional não quer me deixar sair de Nevada. Eu tenho
que voltar antes que ele perceba que sai.

— Vamos recuperar o tempo perdido quando eu chegar em casa — Eu


prometo.

— Fique, minha boa menina. Eu odiaria ter que substituí-la.

Eu não teria tanta sorte.

Ele insiste que eu deixe o motorista me levar de volta para New Hope, e
eu tenho que ficar no papai, porque não posso arriscar que Brandon descubra
que estou ficando com William.

Eu tenho dois meses de tempo emprestado. Mas não vou voltar para Las
Vegas quando acabar. Eu não vou voltar para Brandon. Mas não posso estar
aqui quando ele voltar por mim. Se eu não quero ser forçada a voltar para uma
vida com ele, vou ter que me esconder.
É QUASE meia-noite quando Cally entra por minha porta. As meninas
sabiam que ela ia voltar tarde e jantaram com o pai. Drew cuidou de todos os
rituais necessários na hora de dormir de Gabby. Mas eu não recebi o
memorando e fiquei na minha sala escura, vendo a porta da frente e desejando
que ela viesse através dela. Estou loucamente esperando que ela tenha passado a
noite com Lizzy e Hanna, mas eu conheço a verdade.

Ela está de saltos altos e vestido preto curto, que mostra suas longas
pernas. Alheia a minha presença, vai direto para a cozinha.

Eu a pego na pia, jogando água em seu rosto e eu a giro, deslizando as


mãos em seu cabelo, pressionando minha boca para a dela. Ela solta um
gritinho e levanta as mãos para o meu peito enquanto abre a boca para a minha.

Seu beijo é tão doce, tão cheio de algo que parece como o amor.

Minhas mãos vão para a bunda dela e eu a puxo firme e rápido contra o
meu corpo com a necessidade de senti-la perto de mim. Quando isso não é bom
o suficiente para essa necessidade furiosa dentro de mim, eu levanto a saia em
torno de sua cintura e coloco-a em cima do balcão. Ela abre as pernas e me puxa
para frente pela minha camisa. Eu quebro o beijo para fazer uma trilha com a
minha boca para o seu pescoço. Um gemido sexy de protesto desliza de seus
lábios enquanto suas mãos deslizam em meu cabelo.
Mais perto, algo primal demanda. Eu quase esqueço tudo além dos
nossos corpos. Tudo, exceto este rugido de precisar para possuir. Para
reivindicar. Para manter. Porque isso é o que está ali, na raiz desse desejo, meu
medo de que ela vá me deixar novamente.

Tento recuperar o fôlego e ir mais devagar. Rastreando os lábios com o


polegar, eu deslizo a minha mão na lateral do seu pescoço antes de emaranhá-la
em seu cabelo.

Ela inclina a cabeça para o lado para me dar melhor acesso ao seu
pescoço. Eu beijo e belisco ali quando encontro o zíper e tiro o vestido dos seus
ombros. Eu abro seu sutiã, liberando-o na parte de trás e jogando-o pela
cozinha.

Seus seios estão cheios, os mamilos já duros. Eu pego um na minha mão


e provoco o mamilo. Com a outra mão, rastreio a coluna e mergulho no cós da
calcinha.

Ela está ofegante no meu ouvido e segurando meu cabelo para me puxar
para mais perto. Gemendo, ela envolve as pernas ao meu redor. As pontas dos
saltos cavam minhas costas.

— Seja minha, Cally. Você pertence a mim.

Ela congela em meus braços e me empurra pra longe. — O que você


disse?

— Eu preciso saber que você é minha. O babaca na galeria. Ele está aqui
por você. Eu posso dizer isso.

Todo o seu corpo se enrijece. — Como você sabe?

— Além do fato de que ele estava a dois segundos de tirar seu pau pra fora
e mijar em você para marcar território? — Eu pego o seu polegar entre os dentes
e mordo suavemente antes de liberá-lo. Então eu coloco a minha boca na sua
orelha e faço uma tortura semelhante, até que ela está pressionando para perto
de mim novamente. — Você estava com ele hoje à noite, não é?

— Não vamos fazer isso, William — Ela sussurra. — Agora não.


Ela não nega e isso me quebra em pedaços, mas eu preciso muito dela. —
Esqueça o passado. Esqueça o futuro. Você está aqui agora, e o que está
acontecendo entre nós é inevitável. Você é minha — Eu rolo o mamilo entre
meus dedos e aperto até que ela grita baixinho, balançando os quadris para
mim. — Diga que você é minha.

— Não — Diz ela em um sussurro áspero. Ela empurra as minhas mãos. —


Eu não sou.

Eu cambaleio para trás. — Eu tenho que acreditar que você pertence a


ele? Depois de ontem à noite?

A tristeza em seus olhos faz com que um torno se aperte em volta do meu
coração. — Eu não sou de qualquer coisa. Eu sou um ser humano, não uma
posse — Ela abaixa seus saltos e pula fora do balcão. Puxando seu vestido para
cima, ela agarra o sutiã do chão e está se dirigindo para as escadas quando eu a
paro.

— Cally?

Ela para, mas mantém as costas para mim. — Me desculpe, eu não posso
lhe dizer o que você quer ouvir.
Sete anos atrás

O Aeroporto de Indianapolis é movimentado com o tráfego de sábado de


manhã até tarde e eu espero por Cally na esteira de bagagens, nervoso demais
para me sentar.

Seu avião de Las Vegas chegou a vinte minutos, e eu não a vi ainda, mas
me recuso a assumir o pior.

Eu aluguei uma pequena cabana para depois da formatura, e já montei


com pétalas de rosa, velas e vinho de morango. Nós vamos estar juntos esta
noite. Pela primeira vez.

Mas não é pelo sexo que estou ansioso. É tê-la em meus braços
novamente, cheirar o cabelo dela, assegurando-me de que eu não a perdi.

As pessoas ao meu redor se reúnem com seus entes queridos e tento


sacudir esse sentimento de decepção iminente. A mãe deixa cair sua bolsa
quando fica de joelhos e aperta uma menina em seus braços. Uma jovem mulher
com os olhos brilhantes envolve seus braços em volta de seu namorado
perfurado e tatuado. Eu fujo de volta para sair do caminho, examinando a
multidão a procura do seu rosto.

O tráfego em volta da esteira de bagagens limpa, pessoa por pessoa. Meu


coração vira uma pedra no peito e afunda até meu estômago, enquanto eu
observo a brilhante esteira rolando girar.

Todas as malas se foram. Cally está longe de ser vista.


Minhas mãos são instáveis quando eu puxo meu celular do bolso e aperto
seu número. Ele toca uma vez e vai para a caixa postal.

Eu tento de novo. Desta vez, ele vai direto para a caixa postal.

Eu estou pronto para ligar novamente quando seu texto aparece:

Algo veio à tona. Desculpe-me, eu não posso ir.

Eu afundo em um banco e embalo a minha cabeça nas mãos. É o fim. Eu


ignorei os sinais, porque não queria acreditar, mas não posso negar mais isso.
Eu a perdi.

Como é que eu vou deixá-la ir, quando ela ainda tem o meu coração?
Dias atuais

— Imaginem que estamos num daqueles shows de renovações que


mamãe gostava tanto de assistir.

— Isso significa que os anfitriões sensuais vão aparecer? — Drew


pergunta, tropeçando para frente na trilha do rio. Ela ainda não abriu
completamente os olhos, mas eu acordei cedo depois de uma noite de ansiedade
e pouco sono, e eu não tinha paciência para deixá-la dormir nesta manhã. — Eu
vou precisar de algum cenário decente se vou trabalhar tão cedo em um sábado.

— Nenhum anfitrião sexy, mas o exterminador também prometeu sem


ratos, por isso é melhor do que nada.

É uma manhã maravilhosa e eu estou determinada a não deixar que a


briga de ontem à noite com William estrague o meu dia. Tinha que acontecer
eventualmente. Melhor antes do que tarde.

Enquanto eu me virava na cama na noite passada, percebi o quanto eu


preciso fazer antes de ir embora de New Hope. Primeiro, eu preciso preparar as
meninas para a vida sem mim. Eu sempre fiz tudo, por muito tempo. Elas são
velhas o suficiente para esfregar as paredes e usar o aspirador de pó e já é hora
de fazerem alguma coisa. Afinal de contas, a cabana vai ser a casa delas e eu não
estarei aqui para cuidar disso. Eu provavelmente nem mesmo vou ser capaz de
arriscar a voltar para ver como estão.

Eu não posso pensar muito sobre isso.


— É melhor eu começar a escolher a cor da pintura para o nosso quarto —
Drew resmunga.

— Eu quero derrubar uma parede — Diz Gabby.

— Sem derrubar paredes. Receio que a casa iria cair.

Voltamo-nos fora da pista e para a mata em direção a papai.

— Quem está aqui? — Drew pergunta.

Eu sigo a direção do seu olhar e meus passos falham. A garagem do meu


pai está cheia de carros e daqui eu posso ver William e dois caras que vagamente
reconheço. À medida que nos aproximamos, vejo Hanna e Lizzy encostadas. O
Charger de Lizzy atrás delas e...

Sinto um aperto no meu braço e congelo. — Oh. Meu. Deus.

Eu o vejo no mesmo momento em que ela. Asher Logan está subindo na


traseira de uma picape grande preta, entregando suprimentos para os caras.

Drew parece como se pudesse vomitar.

Eu mordo meu lábio para não rir dela. — O que você estava dizendo sobre
a necessidade de cenário decente?

— Ele é lindo — Gabby sussurra.

Reviro os olhos. — Sério? Você também? — Mas então percebo que ela
não está olhando para Asher. Ela está olhando para um dos amigos de Will, o
cara moreno alto, com ombros largos e sorriso malicioso. Aquele que Hanna
gosta. Max. — Vamos lá, meninas — Eu digo, dirigindo-me para a turma. — A
primeira regra é nunca deixá-los ver você babar.

— Surpresa! — Lizzy grita quando vem se aproximando de nós.

Eu sustento minhas mãos nos meus quadris. — Estamos tendo uma festa
aqui que ninguém me contou?

— A festa de renovação! — Lizzy diz, pulando para cima e para baixo de


forma que seus cachos saltem.
Drew faz uma careta ao meu lado. — Ninguém deve ser tão alegre antes
de nove horas.

Meus olhos se conectam com William. Eu sei, sem perguntar que ele é
responsável por isso. Ele somente pisca para mim como se a noite passada na
cozinha não tivesse acontecido. Tão. Malditamente. Bom.

— Vocês não tinham que vir.

Os caras dão de ombros, e Max diz: — Devemos a Will. De qualquer


forma, estamos felizes em ajudar.

— Ok, todos — Will anuncia. — A lixeira vai estar aqui a qualquer minuto.
Vamos começar com o tapete e linóleo na cozinha. Uma vez que tivemos tudo
para fora, vamos abordar as paredes e deixar pronto para o novo piso esta tarde.

— Novo piso? — Eu sussurro. Todo mundo já está indo para a casa e eu


estou aqui de pé, piscando para Will como uma idiota.

— Novo piso — Diz ele com cuidado, com os olhos em mim. — E alguns
aparelhos.

Eu nem tenho palavras. Eu sei que eu deveria sentir... Alguma coisa.


Qualquer coisa que não seja esta louca confusão fora-do-corpo, como se eu
tivesse caído na vida de outra pessoa. — Mas... Como?

— Ei, Bailey! — Max chama da varanda da frente. — Onde quer os


móveis?

— Aqui fora! — Ele pisca para mim e depois desaparece para dentro da
casa.

Algumas horas mais tarde, o velho tapete de linóleo sumiu, Sam e Asher
estão remendando as manchas no teto e Max e William começaram a trabalhar
nas tábuas podres do deck, tirando as ruins e substituindo-as por novas. O sol
está alto no céu e cortando as árvores, transformando o dia de outono quente.
William tira a camisa e joga de lado, dando-me um inferno de uma visão
enquanto eu tento cobrir as janelas para a pintura.

Ao meu lado, Drew limpa a garganta e me cutuca na lateral com o


cotovelo. — A primeira regra é nunca deixá-los ver você babar.
No almoço, eu não sei se o que digo a William ou beijo seus pés. Em
primeiro lugar, o caminhão chegou com o piso, em seguida, outro caminhão
trouxe um novo fogão e geladeira e um terceiro trouxe novos móveis para sala e
camas para as meninas e mesas para cada uma.

É demais, e se fosse tudo para mim, eu não aceitaria. Se fosse tudo para
mim, eu ficaria com raiva. Mas Gabby e Drew estão praticamente pulando de
empolgação e, em vez de estar com raiva. Eu estou apenas... Grata. Sou grata
que William possa fazer isso por elas. Eu sou grata que, por uma vez, não está
tudo sobre os meus ombros. Mas, mesmo assim, há algo inquietante sobre o
grande gesto. Algo que não parece certo.

— Quanto você me odeia agora? — William pergunta atrás de mim.

Viro-me lentamente. Ele está uma bagunça suada por rasgar o tapete e
ele parece um pouco inseguro enquanto me estuda, mas eu nunca estive tão
atraída por alguém na minha vida.

Eu pego sua mão e o puxo para a lateral da casa, onde podemos falar sem
olhares curiosos observando. — Obrigada por arranjar isso.

Ele movimenta a mão sob a minha e entrelaça nossos dedos. — De nada.

Eu me forço a fazer a pergunta que está me alfinetando mais e mais com


cada presente que ele deu. — Você sabe que isso não muda as coisas entre nós,
certo?

O seu sorriso cai do rosto. — O que você quer dizer?

— Você não pode me comprar, William. Eu aprecio tudo o que você fez
por nós, mas não estou à venda.

— Eu não achei que estivesse — Seu maxilar fica tenso e começa a vibrar.
Ele passa a mão por seus cachos e olha para as árvores, procurando paciência,
mas seus olhos queimam com raiva quando eles se voltam para mim. — Foi por
isso que você acha que eu fiz isso? É por isso que você acha que estou lhe dando
um acordo para o seu estúdio, por isso que acha que eu deixei você e suas irmãs
ficarem comigo? Você acha que estou tentando comprá-la? Que tipo de idiota
fodido que você acha que eu sou?
— Não! É claro que eu... — Mas não consigo negá-lo, quando foi
exatamente disso que eu acabei de acusá-lo. Isso é exatamente o que eu tenho
medo.

— Ontem à noite você me acusou de tratá-la como posse, mas eu nunca


pensei em você desse jeito. A posse é algo que você possui, algo que controla —
Ele me puxa perto até que meu corpo está pressionado contra o dele e sua boca
está tocando meu ouvido. — Eu não quero controlar você. Eu quero que você
seja minha. Você não vê a diferença?

Meu coração bate no peito, falhando dolorosamente como se estivesse


tentando correr para longe desta conversa. — Não há nenhuma diferença para
um monte de caras — Não houve diferença para Brandon.

— Eu quero o seu coração. Não tenho nenhum interesse em comprá-lo ou


controlá-lo. Eu quero que você dê para mim livremente. Porque você já possui o
meu. Você sempre teve. Você sempre terá.

— E o meu corpo? — Eu não consigo evitar. Eu tenho que perguntar. —


Para alguns homens, isso significa vestir as roupas que ele escolhe, expressar as
opiniões que ele quer que eu tenha e deixar que ele me foda do jeito que quer me
foder.

Uma mão cai para minha cintura e ele puxa o meu corpo perto com seus
dedos, firmando meu quadril. — Eu não quero vesti-la. Se você estiver em uma
saia sexy ou naquelas desgastadas para o trabalho, tudo o que eu quero é que
você se dispa. E eu não quero possuir sua mente, eu quero explorar isso — Sua
boca desliza em meu ouvido enquanto ele fala. Excitação dispara como um pulso
elétrico na espinha. — Mas eu quero que você me deixe foder do jeito que eu
quero. Mas só porque eu sou seu, tanto quanto você é minha, e toda vez que eu a
tocar, me sentir como se só tivesse sido colocado na Terra para fazer você gozar.

Sua boca se abre sobre a minha. Estou agarrada a ele, minhas unhas
apertando seus ombros, as pernas instáveis debaixo de mim. Ele me faz andar
de costas ate me encontrar na lateral da casa, e de repente eu desejo que todo
mundo tenha ido embora, para que eu pudesse aceitar a promessa em seus
olhos.
— Você é minha, Cally — Ele sussurra. — Eu não me importo se isso soa
como homem das cavernas ou possessivo para você, porque quando se trata de
você, eu sou.
Hoje foi uma merda. Porque eu quero Cally tanto que dói. Porque apesar
da nossa pequena conversa fora da casa de seu pai ontem, ela tem me evitado
depois que as meninas estavam na cama na noite passada. Porque mesmo
zangado com ela, estou mais feliz do que já estive em anos.

Mas, principalmente, o meu dia foi uma merda, porque eu sei que Cally e
suas irmãs estão se mudando de volta para casa hoje à noite, e mesmo que eu a
verei na galeria na maioria dos dias, deixar Cally ir vai contra cada instinto que
eu tenho.

Quando eu chego em casa do trabalho e caminho por minha porta, meu


nariz é assaltado por alho e manjericão. Eu não dou mais do que alguns passos
antes que Drew apareça em uma camisa branca e calças pretas, um guardanapo
de linho caído sobre o braço dela. — Sua mesa é por aqui, senhor — Diz ela,
apontando para a sala de jantar.

— O que está acontecendo, Drew? — Eu entro na sala de jantar, e Gabby,


vestida como sua irmã, puxa uma cadeira para eu me sentar.

A mesa está posta para dois com círios queimando no centro e piscando
sombras nas paredes. Travessas de macarrão, salada e pão de alho à espera e
uma garrafa de vinho está no gelo em um balde de aço inoxidável. Eu vejo que
elas escolheram o vinho de morango.
— Será que Cally fez isto?

Drew sorri e balança a cabeça. — Não... Ela não está em casa ainda — Ela
desliza seu telefone do bolso e olha a hora. — Ela vai estar aqui a qualquer
minuto.

— Será que ela sabe disso?

— É uma surpresa — Gabby sorri. — Para agradecer-lhe por nos deixar


ficar.

Ternura por essas duas meninas se arrasta em meu peito. — O vinho de


morango? — De todos os vinhos do rack, estou curioso como elas sabiam como
escolher um presente para mim e Cally.

— É o favorito de Cally — Diz com um encolher de ombros. — Ela não


bebe com frequência, mas quando o faz, é o que ela gosta.

Droga. Eu engulo. — Obrigado.

A porta da frente se abre. — Drew? — Cally chama. — Gabby?

Drew se apressa para cumprimentá-la e Gabby apenas sorri para mim.

— Por aqui — Diz Drew, levando Cally para a sala de jantar. — Seu jantar
a aguarda.

O maxilar de Cally cai e seus olhos se arregalam enquanto ela olha para a
mesa e, em seguida, para mim. — Você fez isso?

Eu balanço a minha cabeça. — Suas irmãs foram os cérebros por trás esta
noite.

Gabby puxa a cadeira à minha frente. — Por favor, sente-se.

Cally obedece e olha com fascínio mudo quando as meninas enchem


nossos pratos com a comida e as nossas taças com vinho.

— Desfrutem — Diz Drew, colocando um sino de prata sobre a mesa. — E,


por favor, toque isso, se precisarem de alguma coisa. Estaremos na sala de estar
assistindo um filme.
— A menos que vocês nos chamem, terão privacidade de sobra — Diz
Gabby com um aceno.

Com isso, as duas meninas saem da sala.

Cally corre o dedo sobre a condensação no seu copo de vinho. — Vinho de


morango — Diz ela com um movimento confuso de sua cabeça.

— Drew disse que é o seu favorito.

Ela sorri para mim e toma um gole. — Ela está certa.

— Não mudou muita coisa.

Ela endurece. — Tudo mudou.

Eu não quero discutir. Hoje não. Então mudo de assunto. — Estão as


meninas que estão ansiosas para dormirem em suas camas novas?

— Elas estão e meu pai está pronto para tê-las de volta. Ele sente falta
delas. Acho que elas sentem a falta dele também. Ele está planejado um grande
passeio para o Museu das Crianças de Indianápolis, e Drew não está nem
mesmo reclamando sobre isso. — Ela sorri. — Eu disse-lhe que papai tem um
emprego?

— Sério? Isso é ótimo.

— Aparentemente sua obsessão pelo espiritual está finalmente dando


frutos. Ele foi convidado para apresentar uma palestra no The Center. Não paga
uma tonelada, mas vai ajudar muito até que ele possa começar o trabalho
adjunto na faculdade no próximo semestre. Isso e a pesquisa em tempo parcial,
então, finalmente, estou me sentindo meio-confiante com sua capacidade de
cuidar das meninas.

Seu telefone toca e ela desliza-o do bolso e olha para a tela. Algo pisca em
seu rosto. Preocupação? Ansiedade? — Você se importa se eu atender isso?

— Vá em frente.

Ela entra na sala para atender a chamada, mas eu ainda posso ouvir seu
lado da conversa.
— Alô?... Estou feliz... Eu também sinto sua falta... Eu sei... Não, eu não
posso falar sobre isso agora. Estou em uma reunião... Eu prometo... Você
também.

Ela evita meus olhos quando desliza de volta para seu assento.

— Brandon? — Eu pergunto.

Ela para o garfo no meio do caminho à boca e diminui antes de falar. —


Sim.

Eu não vou me incomodar de fingir que não estava escutando. — Você


sente falta dele.

— É... Complicado. — Ela balança a cabeça. — Como você sabe sobre nós,
afinal? O que ele disse quando estava na galeria?

Eu tomo um gole do meu vinho antes de responder. Ela não tem ideia que
eu fui para Las Vegas procurando-a depois que ela me deixou. — Foi por ele que
você me deixou — Eu digo com cuidado.

Sua testa franze. — Eu não o deixei por outro homem. Espere. Por que
você ainda acha isso? O que ele lhe disse?

— Eu fui para Vegas, há sete anos. Naquele verão? Eu fui e a segui e seu
vizinho me disse que estava em algum restaurante chique, então eu peguei um
táxi e certo o bastante... Lá estava você. Você foi com um vestido chique,
bebendo vinho e sentada com um cara mais velho e rico. Era Brandon.

— Você foi para Vegas?

— Minha namorada sumiu da face da terra — Eu digo baixinho. — Eu não


achei certo deixar uma mensagem de texto ser as últimas palavras entre nós.

— Eu não tinha ideia de que você foi.

— Era sobre Brandon que você estava falando ontem. Aquele que você diz
como se vestir, o que pensar — Eu abaixo a minha voz. — Como foder.

Ela empurra a comida em seu prato e evita meus olhos.

— Tudo mudou depois que ele apareceu.


— A visita de Brandon era apenas um lembrete de que a minha vida não é
tão simples como era, quando eu morava aqui como uma adolescente.

— Você não tem que estar com alguém assim. Você merece mais.

— Por favor. Não vamos fazer isso?

Eu respiro e me forço a fazer a pergunta que fui empurrando da minha


mente. — Você ainda o ama?

Ela levanta a cabeça e seus olhos se conectam com os meus. — Se eu o


amar, você ainda vai insistirá que eu seja sua?

— Não — Meu peito dói e eu não consigo entender sua pergunta no


contexto do desespero que está escrito em todo o seu rosto. — Se você ama, se
ele é o que quer... — Eu engulo. — Eu quero que você seja minha. Eu não vou
mentir sobre isso. Mas você não pertence a alguém que não quer pertencer.

Seu queixo cai e seus olhos amolecem. — Isso diz muito sobre o que você
acredita, William Bailey.

Nós fazemos a nossa refeição em silêncio pelos próximos minutos, mas


na verdade nenhum de nós está comendo muito. Quando eu não aguento mais,
chego do outro lado da mesa e pego seus dedos na minha mão, apertando. Nós
terminamos nossa refeição e levo os pratos para a cozinha, antes de encontrar as
meninas na sala.

— Então você está loucamente apaixonada e vai ter os bebês ainda? —


Drew pergunta do sofá com seu tom aborrecido.

Cally pega um travesseiro e bate suavemente sobre a cabeça de Drew. —


Imbecil. Pegue suas coisas. Precisamos ir embora.

Alguém buzina na frente, Drew e Gabby saltam para os seus pés e pegam
suas malas. — É o meu pai! — Drew fala, correndo em direção à porta da frente.
— Vocês dois, se comportem.

Em seguida, a batida da porta da frente ecoa pela casa e nós estamos


sozinhos.

— Eu não deveria ficar — Ela sussurra, olhando para os sapatos.


— Só por uma bebida — Eu prometo. Há muito que deixei esta noite por
dizer. — Eu odeio ver uma boa garrafa de vinho com tampa ir para o lixo.

— Eu acho que você conhece as minhas fraquezas. Encontre-me no pátio?

Eu pego o vinho e saio para encontrar Cally olhando as estrelas.

— Eu devia saber que você estaria olhando para as suas estrelas.

Ela me dá um sorriso triste. — É muito bonito. Eu acho que senti mais


falta disso do que imaginava.

— Você ainda faz pedidos para as estrelas? — Eu sento na cadeira ao lado


dela e entrego-lhe uma taça de vinho.

— Obrigada — Ela pega a taça, mas não bebe. — Não, há muito tempo.

— Por que não?

— Coisa de criança, eu acho.

— Isso não soa como a Cally que eu conhecia.

Ela me olha, cansada. — Eu não sou a Cally que você conhecia.

Meu queixo se aperta. — Você não é a única que mudou. Não é a única
que teve que tomar decisões de merda.

— Diz o homem que simplesmente nos comprou móveis novos para a


casa toda — Ela cruza os braços depois balança a cabeça, desviando o olhar.

Estou irritado instantaneamente. — O dinheiro não deixa tudo fácil. Eu


sei que você sempre pensou isso, mas você não tem ideia de como era crescer
sem os meus pais, não tem ideia do quanto eu trocaria para tê-los conhecido.

— Mas ajuda — Diz ela em voz baixa. — Ter dinheiro significa que você
não tem que tomar o maior número de “decisões de merda”, como eu fiz. E os
meus pais? Eles poderiam ter estado vivos, mas... — Ela atira-se para fora de sua
cadeira. — Droga, eu não quero fazer isso.

Eu a alcanço nas portas francesas e pressiono a mão contra o vidro antes


que ela possa abri-las. Frustração prende no meu maxilar. O medo de perdê-la
agita meu estômago. Estou cansado de tudo que está sendo deixado por dizer
entre nós e com muito medo das respostas para exigir a verdade. — Você não
quer fazer o quê?

Ela se vira para me encarar, deixando seu corpo entre a porta e eu,
minhas mãos bloqueando-a em cada lado. — Eu não quero fazer o jogo que de
quem tinha-a-pior-infância.

— Isso não é o que eu estava fazendo. Você simplesmente me deixa de


fora toda vez que o passado vem à tona, como se eu fosse incapaz de
compreender como a sua vida era depois que você foi embora.

Ela zomba. — Como se você fosse um livro aberto sobre a sua?

— Pergunte.

— Você e Maggie estavam juntos — Isso não é uma pergunta.

— Resumidamente — Eu não quero ir para lá. Não com Cally. Mas se esta
é a conversa que ela precisa ter a fim de abrir-se para mim, que assim seja.

— Ela ainda se preocupa com você. Ela está preocupada que vou te
machucar. Mais uma vez.

— Eu sou um menino crescido. Eu não preciso de Maggie tomando conta


de mim.

— Mas ela toma — Sua mão lentamente sobe para tocar meu rosto, e eu
fico totalmente imóvel, resistindo à vontade de virar e dar um beijo na palma da
sua mão. Resistindo ao impulso de beijá-la até que tenhamos esquecido essa
conversa e então pensaremos apenas no corpo um do outro. — E então você se
casou com sua irmã Krystal.

Ela pegou isso rapidamente. Mas o que eu esperava? Essa é New Hope.
Não há segredos aqui. Eu deveria estar surpreso que ela teve que chegar até New
Hope para saber da notícia. — Krystal e eu nunca fomos oficialmente casados —
Não que nós não estávamos de uma maneira fodidamente perto para o conforto.
Estúpido da minha parte. — Parecia a decisão certa no momento, mas não deu
certo e isso foi melhor.

— Mas elas são todas tão protetoras com você. Você não é o cara ruim
para elas.
— Eu estraguei tudo. Elas me perdoaram.

Seus olhos mergulharam na minha boca antes de levantar para se


conectarem com os meus. — Qual parte foi que estragou?

Eu rolo minhas mãos em punhos, resistindo à vontade de tocá-la. — Tudo


isso. Ambos.

— Sim, você é um livro aberto, tudo bem.

— Jesus? É isso que você quer? Você quer saber que parte eu fodi? Você
vai me mostrar a sua, se eu lhe mostrar a minha? É isso? O que você está tão
desesperada em esconder de mim?

— Todos nós temos partes que não queremos que ninguém veja.

Eu arrasto a mão pelo meu cabelo e me afasto dela. Porque ela está certa.
E eu não posso olhá-la nos olhos enquanto confesso o maior fracasso da minha
vida. — Depois que eu fui para a faculdade, Maggie... Ela precisava de mim.

— A pobre menina rica precisava de você? Tenho certeza que sim.

— Não é segredo meu para contar, Cally, mas eu posso lhe dizer que eu
estraguei tudo. Ela veio até mim, precisava de ajuda e eu a coloquei de volta em
um ônibus e mandei-a para casa.

— Você não era responsável por ela. Um estudante universitário que era
pouco mais que uma criança.

E eu estava preso a uma garota que me largou por um idiota rico, pelo
menos 15 anos mais velho que eu. Eu deixo cair a minha cabeça. — Isso não
importa. Ela estava apavorada e enviei-a de volta para a briga.

— Que briga? — Ela balança a cabeça. — Eu não entendo o que poderia


ter sido tão ruim. A empregada não limpou o quarto bem o suficiente? Não
tinha garotos suficientes caindo aos seus pés?

Ela está tentando arrumar uma discussão, mas eu não vou morder a isca.
— Exatamente. Você não entende. Você não é a única que teve que tomar
decisões de merda, e nem quando eu percebi o que tinha feito sem querer, eu
não poderia me perdoar. Eu estava obcecado em protegê-la e quando eu voltei
formado, a obsessão se transformou em outra coisa.
— Você se apaixonou por ela.

Eu dou de ombros. — Eu a amava. Isso não quer dizer que era um amor
saudável.

— Então Krystal?

— Krystal pegou os pedaços quando Maggie me deixou. Ela me amava e


queria as mesmas coisas que eu. Ela me fez esquecer que eu tinha perdido
Maggie.

— E Krystal? Você a amou?

— É claro que amei. Eu não teria colocado um anel em seu dedo, se não o
fizesse.

— Mas Maggie tinha acabado de terminar com você. Coitadinho, então o


coração partido só precisava de dois segundo e meio para se apaixonar por sua
irmã. Foi tão fácil para você se livrar de mim também? — Viro-me e ela joga a
mão sobre sua boca. Remorso puxando suas feições. — Eu não deveria ter dito
isso.

— Porque você já sabe a resposta.

— Eu não sou tão diferente do que Maggie — Ela sussurra. — Você


sempre quis me salvar. À mim e minha família quebrada. Inferno, olhe para nós
agora. Você está vindo para o resgate de novo.

— Eu posso ajudar e quero. O que há de errado com isso?

— Eu quero mais.

Ela pode ter mais. Ela pode ter qualquer coisa. Tudo. — Então isso é seu.

Ela inclina seu queixo, olhando para as estrelas novamente. — Eu não


quero ser resgatada. Já estive lá. Fiz isso. Vivi com a auto aversão.

— Diga-me o que você quer.

— Eu quero um homem que simplesmente guarda o meu amor como eu


guardo o dele — Ela levanta os ombros. — Algum dia. Mas eu não preciso disso.
Tudo que eu preciso agora é ajudar minhas irmãs e sobreviver.
— Estou farto de você dançando ao redor do seu passado.

Eu realmente não esperava que ela revelasse nada, por isso estou
surpreso quando ela fala. — O caso de amor da mamãe com o Vicodin se tornou
uma obsessão. Ela foi até mesmo apedrejada para conseguir um lugar para fazer
uma punheta por 20 dólares.

Eu recuo. — Cally...

— Tínhamos vale-refeição, mas ela os vendia por drogas. Cem dólares que
era supostamente para comprar o jantar para as minhas irmãs e eu virava um
punhado de pílulas preciosas para ela — Seus olhos se enchem e ela olha para
longe de mim. — Depois de um mês que nos mudamos para Las Vegas, eu tinha
um emprego, dois empregos, mas nunca era suficiente. E depois que eu falei
com você, e você estava planejando a faculdade e escolhendo o carro que sua avó
iria comprar-lhe como um presente de formatura. Você vivia em um universo
completamente diferente do meu e eu não conseguia lidar com isso.

Eu pego os seus ombros e a viro para olhar para mim. — Eu queria que
você tivesse me contado. Eu poderia ter ajudado. Eu poderia ter...

— O quê? — Ela ri. Um som frio, vazio que não possui um pingo de
humor. Ela empurra o meu peito, eu tropeço para trás e a solto dos meus braços.
— O que você teria sido capaz de fazer? Enviar dinheiro? E, em seguida, manter
o dinheiro vindo? Um rapaz de dezoito anos de idade, responsável por apoiar
uma família de quatro pessoas? Mamãe teria gasto o seu fundo fiduciário todo
antes mesmo de terminar a faculdade.

— Eu não me importava com a porra do dinheiro. Eu teria dado tudo por


você.

— Eu te amei — Ela sussurra. — Eu te amei o suficiente para deixá-lo ir.


Essa é a verdade. Em breve vou ter que fazer isso de novo, e ainda será a
verdade, mesmo que você não possa aceitar.

Eu envolvo meus braços ao redor dela e a esmago contra mim, segurando


muito apertado, porque tenho pavor do que vai acontecer se eu a deixar ir. —
Não faça isso. Eu preciso que você acredite novamente. Eu preciso que você seja
corajosa. Que você se segure em mim e eu vou segurar você.
Ela se agarra a mim, com as mãos envolvendo meus bíceps quando se
levanta nos dedos dos pés e pressiona a boca na minha. Eu a abraço forte,
despejando tudo o que sinto no beijo, até que toda a tensão seja drenada do seu
corpo. — Eu não posso ficar — Ela murmura. — Isso é só por enquanto. Não
pode ser para sempre. Por favor, não me peça algo que eu não posso dar.

Eu não respondo, não me deixo pensar sobre o por que ela está me
deixando ou por quem. Eu a pego no colo e a levo para a minha cama. Eu a
dispo lentamente, explorando o corpo dela com as mãos e boca. Quando eu
deslizo para dentro dela, ela se agarra a mim, grita com prazer em meu pescoço.
Eu a faço gozar de novo e de novo, aceitando tudo o que ela oferece do seu
corpo, uma vez que ela não vai me dar seu coração.
NO ÚLTIMO mês, as folhas caíram, os dias esfriaram, e eu sinto que
estamos correndo em direção ao fim do meu tempo em New Hope. Todo dia que
eu fico é mais um dia que arrisco o retorno de Brandon. Ele me prometeu dois
meses, mas a promessa de um homem egoísta não significa nada e eu seria
inteligente se fosse embora agora.

A vida tem sido aparentemente boa, pois as meninas e eu nos mudamos


de volta para o papai. William e eu vamos a jogos de futebol e torcemos por sua
Universidade e então ele me leva de volta para a sua casa e faz amor comigo.
Insisto que nosso caso é temporário, mas posso dizer que ele acha que posso
mudar de ideia.

Papai se estabeleceu em seu papel como provedor de cuidados primários


para as meninas e que o dinheiro não vem fácil, mas tem o suficiente para que
eu seja capaz de guardar um pouco para a minha nova vida. Ação de Graças está
chegando e hoje de manhã William me disse que quer oferecer um jantar para
os nossos amigos e familiares em sua casa. Preciso desaparecer antes de Ação de
Graças, já que seus planos me enchem de desespero. Ele entendeu mal a minha
reação e brincou comigo sobre a minha falta de habilidades de cozinhar, até que
estávamos rindo muito dos meus medos. Em seguida, ele passou o resto da
manhã fazendo amor comigo.
A cada dia, eu me pego contando os minutos do meu dia de trabalho,
ansiosa para chegar em casa para William, para saborear estes últimos dias
juntos. Hoje não é diferente.

Mas primeiro eu tenho que terminar com este cliente. Esta é a terceira
vez em muitas semanas que Carl York tem vindo para uma massagem.
Normalmente, isso não me incomoda. O fato de que ele mencionou sua esposa
deixando-o sozinho pelo menos dez vezes me deixa um pouco desconfortável.
Mas eu me livro da sensação.

— Essa é a nossa hora — Eu reposiciono os lençóis para cobrir o peito. —


Leve o seu tempo e vou encontrá-lo na sala de espera.

Ele geme. — Quando é o seu próximo cliente? Eu gostaria de adicionar 30


minutos.

— Tudo bem — Isso é algo que eu normalmente não permito, a menos


que o cliente faça arranjos antes de começar, mas estou disponível, e tanto
quanto eu preciso do dinheiro, é tolice dizer não. — Eu poderia trabalhar por
mais trinta minutos. Existe uma área que você quer que eu foque?

Antes que eu perceba que ele agarrou a minha mão, está pressionando-a
em sua ereção sobre o lençol. — Bem aqui, baby.

Eu bato meu punho para baixo em seu pênis, em seguida, torço e dobro
para trás a sua mão. — Cadela — Ele grita.

Eu o liberto e dou um passo para trás, com o mal estar aparecendo em


minha barriga. — Nós terminamos, Sr. York. Mas se você alguma vez tentar algo
parecido com isso de novo, estarei fazendo um trabalho profundo em suas bolas.
Entendido?

Ele rola para o lado dele e leva os joelhos até o seu estômago, gemendo.
Filho da puta do caralho merece. Eu vou voltar a viver de sanduíches de
manteiga de amendoim e convidar os ratos para serem meus colegas de quarto
antes de eu trabalhar com um cara que me trata assim.

Viro-me para sair, mas quando eu chego à porta, as suas palavras me


param. — Não seja tão fodidamente honrada. Eu sei quem você é. Eu a
verifiquei. Você quer agir como se fosse melhor do que a sua mãe, mas eu
conheço a verdade.

Quando eu saio da sala, estou tremendo. Eu não quero estar aqui quando
Carl sair, por isso, saio do apartamento e vou para a área de recepção da galeria.
Maggie me lança um olhar preocupado do sofá, onde ela está digitando no seu
laptop. — Você está bem?

Eu forço um sorriso. — Sim. Tudo está bem. Eu só...

Eu corro para a pia e vomito, arfo e ofego até que meu estômago está
vazio e minha boca tem gosto de bile.

— Sim, você está absolutamente ótima — Murmura Maggie. Eu a ouço


levantar-se, mas não olho. Eu preciso me recompor. Eu tenho praticado
massagem profissionalmente por quase quatro anos e nunca tive alguém
tentando algo parecido. Mas nenhum dos meus clientes conhecia o meu
passado. Nenhum deles sabia que uma vez me vendi para manter as minhas
irmãs da rua.

Eu enxaguo a boca e limpo a pia, mas mesmo assim eu deixo a água


correr. O som me dá a ilusão da privacidade que eu preciso agora.

Quando eu finalmente desligo e me viro, inclinada contra a parede, está


Maggie com os braços cruzados. — Carl York? Sério, você deixou esse pedaço de
merda na sua mesa de massagem?

Eu dou um sorriso falso. — Fizemos uma boa impressão em você


também, não é? Ele ainda está aqui?

— Ele se foi e não muito feliz com você. O que aconteceu?

— Ele queria que eu o tocasse. Empurrando a porra da minha mão em


seu pau duro.

A respiração de Maggie a deixa em uma corrida. — Isso é agressão, Cally.


Você precisa chamar a polícia, abrir um processo.

Eu balanço a minha cabeça. — Essa é a última coisa que o meu negócio


precisa. Eu não posso ter esse tipo de chamariz — Agora não. Não quando estou
guardando tanto dinheiro quanto puder, para começar uma nova vida.
— É exatamente do que o seu negócio precisa. Um processo aberto para o
idiota que fez essa merda. Isso envia uma mensagem alta e clara sobre o tipo de
negócio que você faz. Você tem que ter certeza que as pessoas sabem que não é o
que você é.

— E por que isso? — Eu levanto o meu queixo e fico com toda a raiva que
está latente dentro de mim pelo os últimos quinze minutos subindo. — Será que
o spa do campus tem que se certificar que seus clientes sabem que não estão lá
para ter “um final feliz”? Por que eu sou diferente?

— Não seja assim.

— Eu quero saber. Por que é diferente para mim? Porque eu sou pobre,
por isso a minha prática de massagem é realmente apenas uma fachada para a
minha verdadeira especialidade que emprega a minha mão? É isso o que as
pessoas pensam? Ou talvez eles pensem que porque minha mãe parecia fazer o
que ela precisava, eu me pareço da mesma maneira?

Seus olhos ficam tristes. — Só porque o que as pessoas pensam sobre você
não é o certo, não significa que eles não vão pensar dela. Confie em mim. Eu sei.

— O que você sabe? — Eu rio e soa tão vazio, tão miserável. — Você é uma
Thompson. Você tem dinheiro e influência. Todos nesta cidade amam vocês.

Seu rosto muda e a simpatia em seus olhos é substituída por outra coisa.
Algo mais duro. — Ninguém se importava que eu era uma Thompson quando
descobriram que o xerife estava me fodendo. Eu tinha quinze anos e ele estava
traindo a sua esposa. Comigo. O fato de que eu disse não, era apenas um detalhe
técnico para as pessoas por aqui. Ele deixou a cidade e algumas pessoas viram
que o que ele fez foi porque era um homem com poder sobre mim, um homem
muito mais velho, usando esse poder para cumprir seus desejos doentes.
Algumas pessoas tem isso. Eles acham que eu era uma vítima. Eles acham que
mesmo quando você tem uma queda pelo melhor amigo do seu pai e usam
camiseta apertada perto, não ainda significa não — Ela encolhe os ombros. —
Mas os outros? Outros nunca entendem isso. Você não estava aqui para ver uma
boa parte desse lado da cidade contra mim, por causa dos pecados de um
homem adulto, mas aconteceu, e não se atreva a dizer-me que eu não entendo
só porque minha família tem dinheiro.
Minha garganta está grossa com vergonha e embaraço. Não só estou
sendo tão crítica como todo mundo, mas eu deveria ter mais conhecimento. Isso
foi o que William estava falando quando disse que fracassou com Maggie. Esta é
a parte que ele não estava me dizendo. — Jesus, Maggie. Eu não tinha ideia.

Seus ombros sobem em uma longa inspiração e sua expressão suaviza. —


É melhor agora, mas eu tive que parar de permitindo-lhes definir quem eu sou.
Você vai ter que fazer a mesma coisa. Não deixe que eles pensem que a sua mãe
influencia a forma como você se vê. Sua mãe fez coisas por dinheiro, mas você é
melhor do que isso.

Eu pisco para ela, dando um passo para trás até que meu ombro bate na
parede. — Minha mãe fez o que tinha que fazer — Eu só não entendia isso até
que fui empurrada para o mesmo canto. Pelo menos ela decidia o que fazer
quando estava esgotada.

— Eu não sei de uma maneira ou de outra — Diz Maggie. — Mas não


importa o que ela fez ou deixou de fazer. A verdade é irrelevante para algumas
pessoas. Eles acreditam no que querem. Especialmente idiotas como Carl, que
estão apenas procurando uma desculpa.

— Não diga a William sobre o que aconteceu hoje.

Ela mastiga o lábio inferior por um momento, me estudando. — Eu acho


que seria um erro.

— Eu não vou agendar mais Carl. Isso vai ficar bem. Por favor?

Ela cruza os braços, a desaprovação clara em seus olhos. — Não é coisa


minha para dizer, mas acho que eu já avisei, certo?

Eu não sei o que ele faria se descobrisse sobre o que aconteceu hoje à
noite, mas tenho certeza que, assim como Maggie, ele iria querer que eu
prestasse queixa. Mas eu não posso dizer a ninguém o que Carl fez, porque eu
estou muito apavorada que ele vá compartilhar o que sabe de mim.

— Maggie, o que Carl faz para viver?

— Ele é uma espécie de investigador particular, eu acho. Fotos de


maridos traindo suas mulheres, esse tipo de coisa.
Eu engulo e volto a perguntar: — Você tem alguma ideia de quem poderia
tê-lo contratado para descobrir algo sobre mim?

Maggie faz carranca. — Quem faria isso?

Mas eu já sei a resposta.

“Você quer agir como se fosse melhor do que a sua mãe, mas eu conheço
a verdade”.

Se alguém contratou um detetive particular para investigar o meu


passado, não vai demorar muito para que William descubra o que eu não tive
coragem de dizer a ele. Eu fui pega e enviada para o reformatório quando me
encontrei com o segundo homem que Anthony me mandou. Não tenho dúvidas
de que é como Carl York descobriu a verdade. Eu achava que a minha ficha
juvenil estivesse arquivada, mas não tive tanta sorte. Quando fui presa por
invasão de domicílio aos dezenove anos, o tribunal decidiu não arquivá-lo. Eu
tinha uma caixa de joias de uma das casas de Brandon que eu estava tentando
pegar depois que ele foi condenado. Só que não era a sua casa mais e eu fui
pega.

Eu nunca iria dizer a verdade sobre William dos meus primeiros anos em
Las Vegas? Ou estava esperando que meu passado simplesmente desaparecesse
se eu desejasse muito?

Eu sei o que eu preciso fazer e quando eu deixo a minha massagem no


estúdio eu vou direto para o meu carro. Não há dúvida na minha cabeça de
quem contratou Carl, e eu preciso ter certeza de que ela me permita dizer a
William a verdade antes dela.
O Salão de Vênus é um lugar pretensioso no campus, onde todas as
meninas do grêmio fazem seus cabelos e pintam as unhas. O lugar está
movimentado nesta noite de sexta-feira, com todas as cadeiras no salão
ocupadas e várias pessoas na sala de espera.

Dou dois passos dentro das portas quando eu vejo Meredith.

Ela cruza os braços ao redor de sua cintura com a minha visão,


abraçando-se quando ela se aproxima. — Posso ajudar?

Todos os olhos estão sobre nós. — Podemos ir a algum lugar privado para
conversar?

Seu maxilar endurece com o seu desgosto por mim em todo o rosto, como
se a minha presença a repelisse. — Tudo bem. Siga-me.

Nós atravessamos o salão. Os estilistas param de trabalhar e olham para


nós, enquanto eu a sigo para o escritório. Eu poderia jurar que ouvi um deles
murmurar “A casa caiu” quando eu entro no escritório.

Meredith fecha a porta atrás de mim. — O que posso fazer por você?

Eu franzo a testa quando ela abaixa-se em uma cadeira. Seu rosto está
pálido. — Você está bem?

Ela faz uma onda com a mão. — Eu estou bem.

— Eu... — Eu devia ter pensado nisso. O que eu vou dizer? Como é que
vou convencê-la a ficar quieta? E se ela concordar em esperar, eu realmente
terei a coragem de dizer a William?

Antes que eu possa descobrir o que dizer, ela faz um gesto para a cadeira
em frente a ela. — Você vai se sentar? Eu queria falar com você de qualquer
maneira, então estou realmente feliz por você estar aqui.

Eu engulo. Merda. Cheguei muito tarde?

— Eu tenho uma proposta para você.

— Uma o quê?

— Vinte mil.
Eu cruzo meus braços. — Vinte mil o quê?

— Dólares.

Eu pisco para ela, em seguida, minha respiração se precipita do meu


peito. — Você está me chantageando? — Meu coração bate.

— O quê? Como eu poderia fazer chantagem?

— Eu não tenho esse dinheiro.

— Exatamente. É por isso que estou oferecendo a você. Vinte mil dólares.
Um pequeno presente meu para você. Eu sei sobre a casa do seu pai.

Eu sinto como se tivesse caído na conversa errada. Nada do que ela está
dizendo faz sentido. Não importa o que ela diz a William, ela me odeia. Por que
ela quer me dar dinheiro? — Sobre a casa de meu pai?

Ela levanta a sobrancelha. — O encerramento? O leilão? O quê, você está


tão ocupada em foder o meu homem que não está nem mesmo lendo a
correspondência que chega a sua casa? Tenho amigos no banco. Seu pai está
dezoito meses atrasado com a hipoteca. Eles lhes deram todas as oportunidades,
mas o tempo acabou. O banco estará leiloando? Eu suponho que você não se
importe. Você somente vai mudar a sua tripulação para Will e continuar a sugá-
lo até secar, certo? Realmente clássico.

Meu estômago vira, azeda e aperta-se, tudo em um momento doloroso. —


A casa de meu pai está sendo leiloada?

Ela se inclina para frente e estreita os olhos para mim. — Você é sem
noção de verdade?

— Eu não tinha ideia — E ela não está longe disso. Eu estive muito presa
no meu próprio conto de fadas temporário.

Ela está dizendo a verdade sobre a casa? Será que meu pai sabe? Será que
ele está escondendo isso de mim? Então o resto das suas palavras afunda. —
Você está me oferecendo vinte mil dólares para salvar a minha casa?

Ela ri. — Lá vai você. Finalmente está entendendo. Boa menina.

— Qual é o problema?
Ela deixa cair seu olhar para a mesa onde bate as unhas perfeitamente
cuidadas. Sua voz não é tão arrogante quando fala novamente. — Eu acho que
você sabe.

— William — Eu digo baixinho.

— Você voltou para a cidade como se nunca tivesse saído. Chegou e


entrou de volta em sua vida, sem se importar com o fato de que ele estava me
empurrando para fora da sua vida. Vou dar-lhe vinte mil. Você pode salvar suas
pequenas irmãs, a casa, e em seguida sair da cidade — Ela cruza os braços e se
inclina para trás em sua cadeira. — Ou talvez você simplesmente vá pegar o
dinheiro e sumir, ferrando com a sua família como ferrou com Will voltando. Eu
não me importo. Eu só quero que você se vá.

Meu mundo gira loucamente quando ela explica que já arranjou uma
conta em meu nome e vai transferir o dinheiro logo e ela está satisfeita que eu
vou terminar com William e sair da cidade.

Quando ela termina de explicar, eu pergunto: — E se eu não fizer?

Suspirando, ela balança a cabeça. — Não seja estúpida, Cally.


Eventualmente, William vai cair em si e ver que você não é a garota que ele quer
passar a vida.

— Foi por isso que você contratou Carl York? Então, não tenho escolha?
Eu teria que pegar o seu dinheiro?

— Carl York? O investigador particular? Por que eu iria contratá-lo? O


encerramento é registro público.

Eu me sinto como se fosse uma otária e tivesse tomado um soco no plexo


solar. Se ela não contratou Carl, quem foi?

— Pense nisso — Diz ela. — É um monte de dinheiro.

— Me subornar para ir embora não vai comprar William. Ele não está à
venda — Eu coloco as palavras para fora. Intencionalmente atraindo-a para ver
se ela sabe mais do que está dizendo, para ver se ela vai dizer: — Mas você está.

— Esse é um risco que estou disposta a correr. Will e eu estávamos bem


juntos. Ele virá até aí. Mas você quer saber a verdade?
Não. Eu não quero saber a verdade. Eu quero me esconder disso em
crenças fantásticas sobre desejos e destino. A verdade não me fez nenhum favor.

— Mesmo que ele não me queira de volta - que ele vai querer - valeria a
pena cada centavo, apenas para que eu não tenha que vê-lo com você.

A conta de energia elétrica, conta de gás, conta de água. Minhas mãos


tremem quando eu passo rapidamente através da pilha de correspondências no
balcão de cozinha do meu pai.

Eu congelo quando eu vejo. O logotipo do New Hope Bank no canto


frontal esquerdo. A carta é endereçada ao meu pai e explica como o leilão irá
funcionar e o valor que ele deve pagar na próxima sexta-feira, se ele quiser
manter sua casa.

Meu estômago vai para uma queda livre e o meu coração segue logo atrás.

Eu não percebo que ele está me olhando até que o ouço limpar a
garganta. — Eu tenho de enviar a eles o máximo que eu puder — Ansiedade
enruga na testa do meu pai e faz seus traços caírem. De repente, ele parece
muito mais velho do que é.

— Se você estiver enviando dinheiro, por que vai para o leilão?

Ele pega a carta das minhas mãos e bate nervosamente sobre o balcão. —
Eu já estava muito atrasado e eu não fui capaz de conseguir rápido o suficiente.

Eu fecho meus olhos. — Se você tivesse me dito, poderíamos ter reduzido


o nosso prejuízo com este lugar e mudado você e as meninas para outro lugar.
Em vez disso, você foi jogando dinheiro fora e agora vai perder tudo.
— Eu pensei que ia dar certo — Seus olhos estão tão tristes, que meu
coração se quebra por ele. Um dos homens mais inteligentes que eu já conheci
pego em uma ilusão.

— Isto é como “desenvolve” as coisas quando você não cuida delas, pai.
Isto é o que acontece. Tudo desmorona e todo o trabalho que você fez, todos os
sacrifícios que fez não valem nada.

— Então, talvez, nada é exatamente o que o Universo sabe que


precisamos — Diz ele em voz baixa.

— Não! — Eu aponto o dedo no rosto dele e meu corpo treme com a raiva
súbita. — O Universo quer que você cuide da sua merda. Isso não é algo que vai
ficar melhor somente pedindo para as estrelas. O destino não pode precipitar-se
e salvar o dia.

— Tudo acontece por uma razão, Cally. Você tem que acreditar nisso.

— Acreditar? Eu acredito que é uma desculpa para as pessoas que não


querem assumir a responsabilidade por suas próprias decisões. É um mundo de
sonho para os homens que não conseguem lidar com o fato de que deixam suas
famílias caírem — Eu quero colocar para fora, dizer-lhe o resto. Eu quero gritar
que, enquanto ele estava na Índia dizendo a si mesmo que “tudo acontece por
uma razão”, eu estava em Las Vegas abrindo as minhas pernas pelo maior lance.

Mas eu mordo a minha língua. Eu mantenho a verdade trancada, pois eu


poderia ter vendido o meu corpo, mas não vendi o meu coração. E o meu
coração não vai me deixar destruir o meu pai com o que eu fiz.

— Você me deixou suscetível à decepção. Você me ensinou toda essa


besteira de magia e perdemos tudo — Eu posso poupá-lo de toda a verdade, mas
ele precisa entender as consequências de suas crenças. — Quando nos mudamos
para Vegas, eu pensei que a vida de merda que estávamos vivendo era culpa
minha. Eu não queria ir embora e eu tive uma atitude terrível com isso. Quando
Gabby chorou na hora de dormir porque seu pedaço de pão não era o suficiente
para encher a barriga, eu pensei que não estava acreditando o suficiente. Não
atribua todo o seu absurdo espiritual por nós perdermos esta casa. Isso é por
sua causa.
Os olhos do pai se enchem de lágrimas e lamento grande parte da minha
confissão. Depois, com o canto do meu olho, eu vejo quando Drew corre para o
quarto.

— Merda — Eu murmuro.

— Eu não tinha ideia — Diz papai, e o horror em seu rosto é tão ruim que
eu gostaria, mais do que qualquer coisa, que eu pudesse ter tudo de volta.
Gostaria de poder embalar a terrível realidade daqueles primeiros dias em
Vegas e bloqueá-las para longe, onde não pode ferir ninguém.

— Claro que não — Eu sussurro. Minha raiva me deixa tão rapidamente


como veio, e agora eu me sinto vazia.

— Eu gostaria que você... Se eu soubesse... Sua mãe disse...

— Sim. Eu queria que você soubesse também — Eu dou de ombros, sem


jeito. — O que está feito está feito. E nós sobrevivemos.

— Você e a mãe nunca me disseram o quão ruim era.

Ela estava muito chapada. Mas eu não digo isso. — Eu preciso falar com
Drew.

Deixo o meu pai lidando com o choque e a encontro sozinha em seu


quarto, sentada em um canto, com os joelhos contra o peito.

— Você me fez amar essa casa, pedaço de merda — Ela murmura. — Você
me fez amá-la, e agora estou perdendo isso também.

— Eu sinto muito, Drew — Eu sussurro. — Eu vou encontrar uma


maneira de corrigir isso. Eu prometo.

— Brandon ligou — Ela diz. — Ligue para ele e diga-lhe que precisa de
dinheiro para a casa. Ele vai dar a você.

Eu aperto meus olhos fechados. Eu limitei o entendimento de Drew do


meu relacionamento com Brandon de propósito. Eu não quero que ela saiba a
verdade sobre sua irmã mais velha. Mas, como resultado, ela o vê como ele vê a
si mesmo, como um cavaleiro de armadura brilhante que passou e salvou a
minha família da vida nas ruas. — Não podemos pedir a Brandon — Eu digo
com cuidado. — Eu não estou mais com ele.
— Bem, foi estúpido. Realmente estúpido nos mudar para cá. Gabby está
finalmente agindo como uma criança normal e agora vai ser sem-teto.

Eu engulo, mas não consigo engolir a culpa e arrependimento que entope


a minha garganta.

Ela encolhe os ombros, pega o tapete com seu dedão do pé. — Isso
significa que temos de deixar New Hope?

— Não, claro que não — Eu digo rapidamente. — Você vai ficar. Eu tenho
que descobrir o que fazer com a casa, mas você absolutamente vai permanecer.

Ela passa rapidamente os olhos para encontrar os meus. — E você?

— Eu não posso — Eu sussurro. E as palavras rasgam meu coração em


dois.
EU ESTOU caindo de amor por William Bailey, e isso dói pra caralho.

Quando eu era uma garotinha, eu acreditava que iria crescer e me


apaixonar. Eu acreditava que o amor seria tão natural quanto respirar. Eu
acreditava que o amor era inevitável e que seria a sensação de ser envolta em
um cobertor de lã quente em um dia de outono.

Eu estava certa sobre tudo, com exceção do último. Eu não tinha ideia de
quanto o amor pode machucar e parece que ele não fez nada, além de me
machucar por sete anos.

Nas últimas quatro horas, eu cubro o piso da galeria para Will enquanto
ele montava a nova exposição para a noite de abertura neste fim de semana.
Seus músculos agrupam e se esticavam sob sua camiseta, e quando ele me pega
olhando, finjo não estar quente e incomodada.

Cada olhar roubado, cada vez que ele passa por mim e para por apenas
um segundo para beijar meus lábios, cada aperto de mão ou tapa na minha
bunda, me enche de esperança e quebra o meu coração de novo.

Eu não lhe disse a verdade sórdida sobre o meu passado. Embora se


alguém contratou Carl para descobrir, Will vai descobrir em breve, eu contando
a ele ou não. Eu não contei a ele sobre a casa do meu pai também e a falta de
tempo também.
William posiciona outra pintura e vira-se para mim com um sorriso, seus
olhos azuis mandam às minhas partes femininas um ataque de choramingo de
Por favor! E eu quero isso. — Você está bem?

— Eu estou bem. Boa. Ótima. — Eu sou uma idiota balbuciando, incapaz


de construir uma frase inteligente na sua presença. Eu fui assim desde que
descobri sobre o leilão de ontem. Porque a única opção que tenho é aceitar o
dinheiro de Meredith. É bastante irônico que ela esteja oferecendo, desde que eu
já estava planejando ir embora, de qualquer maneira, mas ainda me mata
aceitar isso. Porque se Will não me odiar quando descobrir o que eu fiz há sete
anos, vai me odiar por aceitar o seu suborno.

Ele dá um passo mais perto e pega o meu rosto na sua mão, inclinando
meu queixo enquanto me estuda. Meu coração bate forte no meu peito, e todo o
meu interior é preenchido com o empurra-puxa, dor-conforto que vem quando
você tem que deixar alguém que ama. — Eu acho que você está trabalhando
muito.

— Eu estou bem — Eu prometo.

O sino toca na porta da frente e Hanna e Lizzy Thompson passeiam pela


galeria.

— Nós estamos aqui para sequestrar Cally — Lizzy anuncia.

Hanna assente. — Ela trabalha muito e nós vamos arrastá-la ao longo de


noite de martinis com as garotas.

— Vocês...

— Nós não vamos aceitar um não como resposta — Diz Lizzy, me


cortando.

— Eu tenho que cobrir para que Will possa terminar de arrumar para a
exposição.

— Pare de ser tão workaholic e viva um pouco — Diz Lizzy.

— Concorde, Will — Diz Hanna. — Ela trabalha constantemente. Não é


saudável.
Will está me estudando e eu viro minha cabeça sob seu olhar avaliador. —
Elas estão certas — Diz ele. — Você precisa de uma pausa. E está devagar hoje.
Eu cuido disso. Não tem problema.

— Eu disse que ia ficar e...

Ele acena ante a minha objeção. — Não é grande coisa. As gêmeas estão
certas. Não é saudável trabalhar o tempo todo. Você vai ficar estressada — Ele
me puxa contra ele e abaixa a boca no meu ouvido. — Ou você poderia aceitar a
minha oferta para fugir comigo por um fim de semana. Cancelar seus
compromissos? Passar o próximo fim de semana na cama num quarto de hotel?

Meu estômago vira, porque, se eu aceitar o dinheiro de Meredith, no


próximo fim de semana eu vou embora. Eu me viro para as gêmeas. — Tudo
bem. Eu vou para uma bebida.

Lizzy agarra meu braço e me puxa para a porta. — Vamos tirá-la daqui
antes que ela mude de ideia.

— Tchau — Eu falo desajeitadamente por cima do meu ombro enquanto


saio.

— Olá — William fala de volta.

— Olá — Eu sussurro.

Lizzy me empurra através das portas e revira os olhos. — Eu acho que


vomitei na minha boca um pouco.

Sou carregada até o carro estacionado em frente e ela não me libera até
que abre a porta do passageiro e me empurra para dentro.

Eu esfrego meu pulso. — Cara, você não estava brincando quando disse
sequestro.

— Você está bem? — Hanna pergunta da parte de trás. — Lizzy não sabe o
quão forte é, às vezes.

— Ela está bem! — Lizzy bate a minha porta e sobe ao seu lado. — Brady
para margaritas ou The Wire para martinis? — Ela pergunta quando desliza a
chave na ignição.
— Martinis — Diz Hanna.

Lizzy vira o carro na direção do The Wire e estou quase aliviada que elas
vieram até mim. Esta pode ser a única chance que tenho de dizer adeus.

— Quer parar de pensar tanto? — Lizzy pede. — Tudo o que você está
fazendo é ficar sentada aí, mas as rodas em seu cérebro estão tão ocupadas que
está fazendo o meu cérebro se sentir como um preguiçoso.

Hanna toca meu ombro. — Obrigada por ter vindo com a gente. Nós
sentimos sua falta.

Algo aperta no meu peito. — Eu senti falta de vocês também.

Lizzy abre um sorriso triste para mim, antes de voltar seu olhar para a
estrada e eu sei que há algo que ela não está dizendo.

No The Wire, parece que cada quadro é extraído, mas eu sigo as meninas
de volta para uma cabine e estou surpresa de ver Maggie esperando lá.

— Eu não sabia que você estava se juntando a nós! — Eu deslizo ao lado


dela e pego o cardápio de martinis.

Maggie troca um olhar significativo com suas irmãs, que tomaram suas
posições na cabine em frente a nós.

Pouso o cardápio. — O que foi?

Novamente a irmandade secreta troca olhares, então Lizzy diz: —


Precisamos conversar.

— Bebidas primeiro! — Hanna protesta.


Maggie assente. — Hanna está certa. Isto exige vodca.

Então eu fico lá com ansiedade rasgando meu estômago enquanto


esperamos que nossos drinques cheguem, Grey Goose com azeitonas para
Maggie, chocolate para as gêmeas e um tônico com vodca para mim.

— Chega de suspense — Eu digo depois de me livrar da garçonete. — O


que está acontecendo?

— Existem alguns rumores — Hanna começa.

— E achamos que você deve saber sobre eles — Lizzy termina.

Eu sorrio, mas não preciso de um espelho para saber que é instável e não
atinge os olhos. O investigador particular. Para quem ele estava trabalhando,
com certeza, contou a todos a verdade sobre mim. Eu estava esperando que ele
não estivesse perto até eu ir embora. Estremeço pensando nas minhas irmãs.
Não. Eu estava esperando que ele nunca fosse dizer. — E o que é?

Mais uma vez, a troca das meninas aparece. Lizzy limpa a garganta. —
Meredith está grávida.

— Todo mundo está dizendo que era a vontade dela — Hanna continua. —
E... Era a hora certa.

Tomo um gole da minha bebida. — Grávida — Murmuro. Puta merda.


Não me admira que ela queira que eu saia da cidade.

— Ela não está dizendo que é dele — Lizzy coloca a mão na minha.

— Mas ela não está negando também — Acrescenta Hanna.

— As pessoas estão começando a sussurrar sobre você — Lizzy admite. —


Eles estão chamando-a de destruidora de lares.

— Porque, aparentemente, homens nesta cidade não são responsáveis por


seus próprios paus — Murmura a Maggie.

— Estamos dizendo a eles o que está acontecendo — Hanna me assegura.


— Apesar de como ela gosta de contar isso, Will e Meredith não eram um casal
antes de você chegar a cidade.
— Nós achamos que Will não saiba — Lizzy diz suavemente. — Mas
achamos que você deve dizer a ele antes que ela diga.

Maggie limpa a garganta. — Senhoras, vocês me deixariam falar com


Cally em particular por um minuto?

As gêmeas fogem para fora da cabine, deixando-me sozinha com Maggie.

— Ouça — Maggie começa assim: — Eu gosto de você e gosto de como


Will é feliz quando está com você, então vou lhe dizer uma coisa que eu não
contaria a ninguém. Não há nenhuma maneira que o bebê seja dele.

Minha boca está seca, e eu tomo metade do que resta em um gole. — Eu


tenho certeza que eles dormiram juntos — Eu digo. — Mesmo supondo que eles
usaram proteção, nada é eficaz cem por cento — O que foi que Maggie disse
depois que me mudei de volta? Que todos queriam se casar e ter uma família?
Se eu não tivesse aparecido, será que ele e Meredith seriam felizes perseguindo
esse sonho até agora?

Ela me dá um sorriso triste e deixa os olhos caírem na sua bebida. — Você


confia em mim com uma dica? Meredith pode estar grávida, mas seu bebê não é
dele.

Lentamente, eu aceno. Tenho certeza de que ela está tentando me


tranquilizar, porque ela vê o pânico no meu rosto. Mas ela não entende que eu
não posso dar a William o que Meredith daria. E eu o amo o suficiente para
deixá-lo ter com ela o que não pode ter comigo.

— Me dá licença por um minuto? — Eu saio da cabine antes que ela possa


responder. De repente, está muito quente aqui e eu preciso de um pouco de ar
fresco. Eu não paro até a porta, antes que alguém agarre meu braço.

Quando eu olho para cima, os olhos de Meredith estão perfurando os


meus. — Olha quem está aqui.

Eu dou um passo para trás. Merda. Eu não quero enfrentá-la esta noite.
— Ei, Meredith.

Eu tento dar outro passo, mas ela mantém-se firme. — Eu tive uma
conversa interessante com Carl York hoje — Ela realmente sorri, como se o que
Carl tivesse dito a ela sobre mim fosse a melhor notícia possível — Eu me
pergunto o quanto William sabe sobre suas aventuras como garota de
programa que voltou de Las Vegas.

Eu tropeço para trás e para os meus pés emaranhando debaixo de mim


quando as minhas costas atinge uma bandeja. A próxima coisa que eu sei é que
o vidro está se quebrando e estou encharcada de cerveja. O cheiro é mais que
meu estômago pode lidar, mas eu me obrigo a tomar respirações lentas e
constantes.

— Sinto muito — Eu digo para a garçonete, que também está encharcada


com os olhos arregalados de horror.

— Está tudo bem — Ela murmura, caindo de joelhos para pegar os cacos
de vidro.

Meredith balança a cabeça lentamente. — Algumas pessoas como você


não são nada além de problemas.

Estou presa no lugar e antes que eu possa me descongelar, Lizzy corre e


agarra toalhas do bar. — Deixe-me ajudá-la com isso — Ela me pisca um olhar
preocupado antes de ficar de joelhos.

— Minha oferta ainda está de pé — Diz Meredith, em seguida, ela se vira e


vai embora.

Quando estou ocupada em ajudar as meninas a limparem a bagunça, meu


estômago surge em minha garganta com a ideia da cadela vivendo a vida que eu
quero. Uma vida com William. Seus bebês na barriga dela. Eu vou sair do
caminho e deixar que ele faça a sua escolha, mas agora eu sei que não posso
aceitar o dinheiro dela. Porque não estou mais à venda.

Eu dou desculpas para ir embora mais cedo, mas Maggie me segue para
fora. Ela me leva pelos ombros, a determinação brilhando em seus olhos. — Não
cometa o mesmo erro. É como você lida com isso.

— Eu...

Ela aperta meus ombros. — Você entendeu?


Eu pisco para ela e percebo que ela ouviu Meredith. Maggie sabe. — Eu
não posso consertar isso — Eu sussurro, e, para meu horror, lágrimas estão
derramando pelo meu rosto. — Eu não posso mudar o que fiz.

— Você explica o que aconteceu. Diga-lhe a verdade. Você ficaria


espantada com quanto William Bailey pode perdoar.
— EI VOCÊ, Bailey, Carl York está aqui. Você é um homem difícil de
conseguir falar!

Eu franzo a testa para o meu telefone celular. Eu tenho enviado as suas


ligações para o correio de voz, tentando esquecer que o contratei. Carl não
parece querer me esquecer. — O que foi, Carl?

— Eu recebi a informação que você queria. Sobre esse cara Brandon


McHugh — Ele assobia, longo e baixo. — Isso é bom também.

— Eu não preciso mais disso — Qualquer coisa que eu precise saber sobre
o ex de Cally, ela pode me dizer.

— Oh menino, você vai quer saber isso. Confie em mim.

Eu fecho meus olhos e esfrego minha têmpora. A galeria está fechada


para a noite, e estou sozinho em meu escritório preparando os detalhes de
última hora para abertura da exposição deste fim de semana. Eu não quero lidar
com Carl. Eu quero encontrar Cally e levá-la para casa, para minha cama.

— Ouça — Carl diz: — Isso cabe a você, mas você já me pagou. Poderia
muito bem saber o que você paga, certo? Você não tem que decidir agora. Vou
colocá-lo no e-mail, assim terá tudo. Eu lhe dei um pedaço extra também, fiz
uma pequena pesquisa sobre Cally Fisher. Fiquei curioso, por isso é por conta
da casa. Entretanto? Eu não iria tocá-la com uma vara de cinco metros... — Ele
ri. — Se você sabe o que estou dizendo. Eu sei que não vai ter nenhuma
“massagem” dela de novo, isso é certo.

Eu posso praticamente ouvir suas citações de ar ao redor da palavra


massagens. Porra. Eu desligo antes que ele possa dizer mais.
Meu pai vai ter que enfrentar a perda da casa. Meu pequeno
desentendimento com Meredith esta noite deixou isso bem claro para mim. A
realidade da situação é uma porcaria, mas eu não vejo uma alternativa. A
verdade é que não vou estar por perto para socorrer papai e ele precisa aprender
a tomar decisões melhores.

Quando eu puxo até a cabana, meu coração cai como mil cacos de vidro
no meu estômago já doendo.

Brandon McHugh está encostado em um SUV preto. Suas longas pernas


estão cruzadas no tornozelo quando ele pisca aquele sorriso encantador na
direção de Drew.

O jeito que ele está olhando para ela, me faz querer cortar suas bolas com
uma navalha enferrujada.

Corro para fora do meu carro. — Drew, vá para dentro e coloque a mesa
para o jantar.

Drew faz uma carranca. — Eu não estou fazendo nada.

— Vá! — Eu ordeno.

Ele a olha correr para a casa. Minha irmã tem quinze anos de idade. E de
repente, eu tanto desejo que tivesse uma arma e estou feliz que por não ter. Ele
volta sua atenção de novo para mim e balança a cabeça lentamente para o meu
jeans e camiseta. — Cally baby, eu odeio vê-la vestida assim.

— Você veio antes — Digo em voz baixa. — Nós dissemos dois meses.
— Eu tenho negócios em Indianapolis e Chicago, por isso parece que seu
tempo acabou. Suas irmãs estão estabelecidas e eu estou cansado de esperar.

Não adianta discutir. Eu sabia que isso poderia acontecer. — Tudo bem —
Eu olho por cima do ombro para me certificar que as meninas não estão por
perto para ouvir. — Quando nós vamos?

Seu maxilar tensiona. — Eu tenho negócios a tratar. Eu virei para você


amanhã à noite. Mas compre algumas novas roupas antes disso — Ele zomba. —
Eu não posso olhar para você nessa merda. Você parece velha.

Eu forço um sorriso. — Claro.

— Você deveria levar suas irmãs com você. São bonitas. Eu vou cuidar
bem delas.

Meu estômago dá arremessos. — Não é uma opção — Eu digo de forma


constante. — Papai tem a guarda legal.

Ele sorri. — Drew gosta de mim.

— Eu tenho que pegar o jantar — E comprar uma arma. Eu realmente


tenho que comprar uma arma.
Sete anos atrás

O luar chama meu nome pela janela do quarto e as estrelas piscam para
mim do céu da meia-noite escura. Stardust beija meus dedos. Meus desejos
flutuam no ar como um dente de leão, esperando que eu o pegue. Eu tento me
concentrar, para que eu possa me esticar e pegar um na palma da minha mão.

Ele me para antes que eu possa agarrar o desejo. Sua mão no meu braço,
sua ereção nas minhas costas.

Sua boca é quente em meu ouvido e eu acho que é William em um


smoking. Bom, bonito William, esperando por mim para sair do avião para que
ele possa me levar ao baile.

Eu perdi minha virgindade esta noite, assim como William e eu


planejamos. Eu usava um vestido bonito que se agarrava às minhas curvas.
Tomamos vinho no jantar em um restaurante chique. Dancei. Uma noite
orquestrada pela perfeição. Assim como nós planejamos, e nada como o
planejado.

Arrepios correm em toda a minha pele nua enquanto seus dedos patinam
até a volta da minha espinha.

— Eu queria você desde o primeiro momento que a vi. Eu pagaria


qualquer coisa para tê-la — Fantasia se mistura com a realidade. Suas palavras
são quentes contra o meu pescoço e eu fecho meus olhos e imagino que William
está me segurando, falando comigo. A forma como deveria ser. As drogas
deixam isso mais fácil do que deveria ser, mas eu me escondo dentro da fantasia
de William e eu quando este homem desliza a mão entre minhas pernas. Eu
imagino que William está me segurando depois da formatura, me seduzindo
com os dedos até que nenhum de nós pode resistir, imagino que é William se
preparando para deslizar para dentro de mim novamente.

— William — Murmuro.

O homem me vira de costas de repente, dolorosamente, com violência.


Ele coloca minhas mãos em cada lado da minha cabeça, apertando. — Do que
você me chamou?

Eu pisco para ele e minha fantasia corre longe na noite.

— Qual é o meu nome, querida? — O homem em cima de mim exige. —


Diga-me o meu nome.

Tento recuperar o fôlego e reoriento a mim mesma. Eu tranco o meu


olhar para os penetrantes olhos castanhos do homem que comprou e pagou pelo
direito de usar o meu corpo. O homem que é o meu dono agora.

— Diga.

— Brandon — Eu sussurro. — Brandon.


Dias atuais

Brandon McHugh está fora da cabana do Arlen Fisher, encostado a um


reluzente Cadillac Escalade preto, fumando um cigarro. Ele me dá um
desinteressado aceno quando eu balanço a perna da minha moto.

Eu fui até o The Wire para procurar Cally após a ligação de Carl York,
mas as garotas me disseram que ela foi para casa. Idiota que eu sou, assumi que
significou a minha casa, mas ela não estava lá.

— Posso ajudar? — Brandon pergunta.

— Estou aqui para falar com Cally.

— Ela não está disponível no momento. Quer que eu diga a ela que você
passou por aqui?

Seu carro está estacionado bem na minha frente, mas eu não vou discutir.
Enfio minhas mãos nos bolsos e o encaro. — O que você está fazendo aqui?

— Eu poderia perguntar-lhe a mesma pergunta.

— Eu? Eu sou o namorado dela.

Ele inclina o queixo. — Hmm. Isso é engraçado, porque quando Cally e eu


fizemos planos para ela voltar para Vegas comigo, ela não disse nada sobre um
namorado.
Suas palavras são um soco no estômago e tenho que segurar forte contra
o meu instinto de cambalear para trás. — Eu tenho certeza que há muito que ela
não lhe disse.

— Oh, o inferno — Ele ri. — Eu sou um grande fã de ironia.

Eu quero tirar aquele sorriso do seu rosto a socos. — Onde ela está?

Ele grunhe, então inclina a cabeça. — Você não está comendo a minha
menina, não é?

— Se você tem que perguntar, ela é realmente sua garota? Por que você
não sai daqui? Se ela quisesse ficar com você, estaria vivendo em Las Vegas.

Ele ri de novo. — Minha esposa e eu estávamos tentando ajustar os


detalhes de seu retorno.

Esposa. A palavra me atinge e eu giro sobre ele, apertando as unhas na


carne das minhas palmas. — Desculpe-me?

— As irmãzinhas da Cally me mostraram tudo o que você arrumou para o


seu pai no interior, para não mencionar o lado de fora. Muito bem feito. Não
posso dizer que o culpo. Mas ela é boa. Você tem que dar isso a ela. Nem mesmo
algumas semanas longe de me ter cuidando dela e ela o encontrou. Eu acho que
ela sabe o que os homens vão fazer para provar a sua boceta.

Eu nem mesmo aceito a decisão antes que meu braço está balançando. E
logo eu não sou nada, além da raiva, punhos e a dor aguda irradiando de onde
seu punho se conecta com o meu queixo. Seus punhos enterram duas vezes
como uma bola de demolição na minha bochecha e nariz antes de eu conseguir
um balanço sólido em seu maxilar. Então eu perco a noção de onde fui atingido
e o número de golpes temos dado. Tudo que me importa, é derrubar esse cara, e
estamos embrulhados em nós, ainda continua difícil, quando alguém me puxa
de cima dele.

Eu estou respirando com dificuldade e minha visão borrada. Meu rosto


molhado e eu limpo meu nariz e encontro minha mão coberta de sangue.

Eu posso distinguir fracamente o pai de Cally em cima de mim, e ela está


de pé a poucos metros atrás dele, com as mãos nos quadris. Entre nós e o
imbecil. O marido dela. Ele pula de pé e sorri como se não fosse nada.
— Sem violência na minha propriedade — Arlen Fisher rosna. Ele é um
homem silencioso e isso é provavelmente o máximo que o ouvi falar de uma vez.
Eu me pergunto se ele vai dizer mais ou ameaçar chamar a polícia, mas ele
apenas balança a cabeça, como se tivesse a fé completa que o seu pedido vai ser
seguido, e então ele se vira e vai para sua casa.

— O que você pensa que está fazendo? — Cally pergunta, e eu não sei se
está falando comigo, com ele ou nós dois. Eu não me importo. Eu só quero ficar
longe disto. Longe dela.

Eu me empurro do chão e dor começa estabelecendo-se em lugares que


eu não me lembro de ser atropelado. Meu lado, meu bíceps esquerdo. Meus
dedos estão gritando e todo o lado direito do meu rosto está em chamas.

Ele dá um tapa em sua bunda e mesmo que eu prometi a mim mesmo que
estava indo embora, estou pronto para começar novamente.

— Will, por favor — Ela sussurra antes que eu possa balançar. — Não faça
isso — É uma palavra calmamente sussurrada e está envolta em tanta tristeza
que eu já sei que a perdi. Ele está aqui para ela e ela está indo com ele. Ele é a
razão que ela me disse que não pode ficar. Não pode ou não quer?

Seu pai reaparece e me entrega uma toalha molhada. Eu aceno com


gratidão e pressiono-a contra o meu nariz sangrando enquanto Cally pega o
braço de Brandon e caminha ao seu carro.

— Eu não posso acreditar que ela estaria com alguém assim.

Seu pai está olhando para mim e eu percebo que eu disse as palavras em
voz alta.

— Não cometa o erro de pensar que as pessoas não continuam vivendo


suas vidas só porque você não está por perto — Diz ele em voz baixa. — Cally
não é a mesma garota que estava com você sete anos atrás, e se você continuar a
tentar fingir que ela é, irá se machucar.

Puxo uma respiração. Cally estava tentando me dar o mesmo aviso e eu a


ignorei, mas de repente é dolorosamente óbvio que ela estava certa.

Volto para a minha moto e cada passo envia dor que irradia através das
minhas costelas. Cally está de pé na SUV, usando uma toalha para limpar o
sangue do rosto de Brandon. Quando ela me vê observando, ela recua e deixa
cair suas mãos ao lado do corpo. Seus olhos ficam tristes quando ela me olha.

— Você está bem? — Ela pergunta.

Eu balanço minha perna sobre minha moto e dor ricocheteia através do


meu interior. — Fodidamente fabuloso — Então eu ligo o motor e me afasto.
Porque não posso lidar com a ideia de ela me ver assim. E porque, pela primeira
vez, eu finalmente entendi o que ela estava me dizendo. Ela não é a mesma
mulher que era uma vez, e não podemos ter o relacionamento que tivemos.
— Baby — Eu sussurro. — Você está me machucando — William foi
embora, Brandon ficou bravo e meu mundo está despedaçando.

Fúria queima nos olhos de Brandon. — Sua putinha. Você fodeu com
aquele idiota.

Eu balanço a minha cabeça. — Não — Eu sussurro. — Não é o que você


pensa — Minha pureza, a ideia de que eu só estive com ele, era tudo para
Brandon. Eu não quero que ele pense que tive Will. Eu não posso tê-lo magoado
mais do que ele já está.

— Você transou com ele e agora espera que eu a leve de volta para cuidar
de você? — Suas mãos deslizam dos meus ombros ficam em volta do meu
pescoço, descansando ali, esperando por uma desculpa. Meu pai está dentro da
casa e eu faço uma oração silenciosa de que ele esteja observando e que ele será
capaz de me proteger se Brandon enlouquecer.

— Eu não dormi com ele — Eu digo, lentamente levantando as mãos para


o rosto dele. — Eu não quero ficar com ninguém além de você — Eu tenho que
acalmá-lo antes que suas mãos apertem mais o meu pescoço.

— Não minta para mim, Cally. Não sobre isso.

— Eu não faria isso — A mentira é perigosa. Tudo o que ele tem a fazer é
perguntar pela cidade e ele saberá a verdade. Eu fui descuidada e muito
determinada em absorver cada gota de uma vida que eu sabia que teria que
deixar para trás.

— Eu salvei você — Ele sussurra com o rosto triste e vai soltando as mãos
do meu pescoço. — Você estava nas ruas e eu a salvei.
Essa é a sua história favorita para contar. Ele me segura durante a noite e
pinta nossas origens feias nas pinceladas de sua percepção distorcida. Como se
ele não pagasse a Anthony dezenas de milhares de dólares para ter o privilégio
de tirar minha virgindade. Como se ele não me forçasse a casar com ele para que
pudesse me controlar ainda mais do que antes. — Eu ajudei a sua família. Como
é que você me paga? Você nem me visitou enquanto eu estava na prisão.

— Eu-eu não achei que você queria me ver — Eu minto. — Você estava
com ela — Mas eu posso dizer que ele vê através de minha desculpa agora. Ele
sempre vê.

— Eu disse a mim mesmo que iria levá-la de volta logo que saí, mas você
tentou me empurrar para fora da sua vida como se eu não a tivesse salvado —
Ele tem lágrimas nos olhos. Verdadeiras, lágrimas brilhantes. — Você. Me.
Magoou — Ele rosna, as mãos voltam para o meu pescoço. — Eu pensei que você
precisaria de mim de novo depois da overdose de drogas de sua mãe. Eu tinha
tanta certeza de que iria tê-la de volta para mim.

— Brandon — Eu suspiro quando suas mãos apertam. — Você está me


machucando.

Ele tropeça para trás, com as mãos enrolando em punhos. — Eu não


posso olhar para você agora — Então, ele sobe em seu carro com lágrimas
caindo e acelera, levantando poeira.

Eu não sei quanto tempo estou lá antes de sentir Gabby ao meu lado. —
Eu não gosto dele — Diz ela. — Ele foi para o apartamento na manhã que a
mamãe morreu. Eu nunca gostei dele.

Eu me viro e pisco para ela. — Brandon estava no apartamento da mãe na


manhã que ela morreu? — Então as palavras de Brandon fazem sentido: “Eu
pensei que você precisaria de mim de novo depois da overdose de drogas de
sua mãe. Eu tinha tanta certeza de que iria tê-la de volta para mim.”

Eu nunca disse a Brandon que a mamãe morreu de uma overdose de


drogas. Eu disse que ela teve um ataque cardíaco. Assim como eu disse a todos
os outros.

“Eu tinha tanta certeza de que iria tê-la de volta para mim.”
De repente, tudo fica muito claro. Depois de anos, mãe estava ficando
melhor, até mesmo se mantendo em um emprego estável. Então, de repente
uma overdose de drogas? E como Brandon sabe?

Eu pensei que poderia fugir. Eu pensei que poderia me esconder de


Brandon. Pensei que deixando New Hope seria suficiente para proteger as
pessoas que amo. Mas a única maneira que posso protegê-los é se eu der a
Brandon que ele quer. Eles não estarão a salvo até que ele me tenha ou estiver
na prisão novamente.

A casa de Will está escura, mas eu tenho certeza que ele está aqui. Onde
mais é que ele vai com o rosto machucado daquele jeito?

A porta está trancada, mas ele me deu uma chave no mês passado,
quando eu estava hospedada aqui com as meninas. Quando eu tentei dar-lhe de
volta, ele insistiu para que eu ficasse com ela. Agora estou feliz.

A claridade da noite inclina através das janelas, derramando em todo o


piso de madeira na parte de trás da casa. Eu sei que não será a última vez que
verei Brandon. Inferno, ele estará de volta para mim em breve. Ele estava
chateado. Com uma insuportável e desagradável raiva e eu não tenho muito
tempo. Não, a menos que eu queira que ele venha atrás de William. Brandon me
comprou anos atrás e em sua mente, ainda é meu dono.

Mas meu coração pertence a William.

A cozinha e sala de William estão vazias. Ele não está descansando no


sofá na sala, como eu pensei que poderia estar. Eu sigo o corredor escuro para o
quarto principal e encontro suas cortinas fechadas, tornando-o mais escuro aqui
dentro do que o resto da casa. Na penumbra escorrendo do corredor, então eu o
vejo esparramado em cima do edredom com nada além de sua cueca boxer.
Eu entro no quarto em silêncio. A ascensão suave e constante queda do
seu peito me dá a coragem de ir mais perto para que eu possa olhar para seu
rosto. Uma bochecha está duas vezes o tamanho da oposta e o machucado se
estende até ao olho, que está crescido e possivelmente inchados. Seu lábio está
rachado.

Continuo o meu estudo dos seus ferimentos e solto o meu olhar para os
dedos enfaixados e o hematoma vermelho nas costelas.

— O que você está fazendo aqui?

Eu salto em suas palavras. Ele está acordado, mas não se move. — Eu só


vim para ver como você está — Eu digo baixinho, abaixando-me na beirada da
cama ao seu lado. — Eu estava preocupada.

Ele chega à mesa de cabeceira e liga a luz. — Você parecia realmente


muito preocupada comigo quando estava cuidando dos ferimentos de seu
marido.

Eu engulo a dor que suas palavras trazem e não me preocupo em me


defender. — Eu não queria que ele lhe batesse de novo.

— Eu posso cuidar de mim mesmo.

É claro que ele pode contra a maioria dos caras, mas Brandon come e
respira luta. Deus sabe que ele aprendeu novas habilidades enquanto estava
preso. Apenas me lembrar de ver Brandon lutando é suficiente para me fazer
perder o fôlego novamente.

Eu tenho que tocá-lo. Na quase escuridão eu encontro o seu lábio e traço


a divisão com o meu dedo. Então toco sua bochecha inchada, o olho machucado.
— Eu pensei que ele ia matá-lo — Ele não responde, nem se queixa enquanto
meus dedos fazem um inventário do resto do seu rosto - os machucados e as
partes saudáveis também.

Depois que minhas mãos terminam sua turnê eu deslizo para o cabelo, os
meus lábios seguem o caminho dos meus dedos em sentido inverso. Eu beijo seu
olho inchado, o rosto, o queixo. Ele não se move.

Quando eu chego à boca e, finalmente, pressiono meus lábios nos seus


feridos, ele agarra meus pulsos e me segura. De repente, minha exploração
experimental dos seus machucados se torna a sua exploração da minha boca.
Suas mãos estão no meu cabelo e ele está me puxando para baixo, em cima da
cama, rolando até que eu estou com ele.

E hoje foi tão ruim que me deixo ter este momento como uma
recompensa duradoura. Aqui, no escuro do seu quarto, seu corpo quase nu
sobre o meu vestido inteiramente, tudo entre nós caindo aos pedaços, este beijo
é o mínimo que mereço. Isso parece como um presente secreto que temos
direito. Então, eu me abro para ele, beijando-o de volta e esfregando minha
língua contra a dele, e quando sua mão quente e gananciosa serpenteia por
minha camisa, eu arco em seu toque como se Brandon não estivesse vindo atrás
de mim, como se eu precisasse beijar William e dizer-lhe adeus não fosse a pior
ideia que eu já tive.

Eu tenho que tocá-lo. Eu preciso disso mais do que preciso de ar. Mas
quando eu exploro seu corpo, sua respiração o deixa em um silvo e seus lábios
abandonam os meus.

— Eu vou embora amanhã à noite — Eu sussurro.

— Ele está fazendo você ir. Antes que ele aparecesse na cidade, você
estava pensando em ficar. Ele está fazendo você ir embora, não é?

— Eu quero ir — As palavras são pesadas com mentiras e eu luto para


reavê-las na minha boca. — Eu sinto muito.

— Você pode me dizer se estiver com medo. Eu vou protegê-la dele.

Mas quem vai protegê-lo de Brandon? Eu engulo. Eu não sei o que vai
acontecer amanhã e preciso que William me deixe ir. — Por que eu estaria com
medo do meu próprio marido?

— Você pode me dizer a verdade, Cally.

Eu reverto meus ombros. — A verdade é que estou indo embora, assim


como planejei desde o início.

A dor em seus olhos não é apenas do tipo físico. Eu machuquei este


homem. Assim como eu sabia que faria.
— Você pode ir então — Eu rolo para fora dela e sento na beira da cama,
mantendo a minha cabeça em minhas mãos. Quando ela não se move, eu rosno
— Volte para o seu marido, Cally.

Ela senta-se e posiciona-se ao meu lado. Isso dói pra caralho. Ela repousa
os cotovelos sobre os joelhos, com a cabeça entre as mãos e eu percebo pela
primeira vez, que desastre que ela é. Ela parece que não dormiu por dias, como
se tivesse sido devastada pela tristeza e preocupação e... Muito mais.

Ela solta um suspiro longo e lento. — Meredith está grávida. Você sabia?

— O que Meredith tem a ver com alguma coisa?

— Todo mundo está dizendo que é seu.

Eu tenho que rir disso. A mesma velha piada voltando para mim. — Eu
posso garantir a você que não é meu.

— Mas você dormiu com ela antes de eu voltar. Pode ser.

— Simplesmente... — Eu balanço minha cabeça e saio da cama. Por que


estamos falando sobre isso? — Acredite no que quiser, ok? Não me importa
mais.
— Isso importa — Ela sussurra. — É importante porque ela pode lhe dar a
vida que você quer. O casamento, os filhos. Eu não posso.

— Certo. Porque você já está casada.

— Me desculpe, eu não tive a coragem de dizer a verdade sobre... O meu


passado. Mas eu estava pensando sobre o que eu podia e não podia oferecer.

Eu não tenho estômago para esta conversa. Eu amo Cally o suficiente


para precisar mais dela. — Você não estava pensando sobre o fato de que você
era casada — Ela solta uma respiração instável e eu estou tão malditamente
machucado, que sua dor só me irrita. — Tanto faz. Eu terminei com essa
conversa.

— Eu fui egoísta e sinto muito por isso — Ela se vira para mim e coloca a
mão no meu rosto. Uma lágrima rola pelo seu rosto. — Eu espero que você tenha
uma vida incrível. Você merece uma vida maravilhosa.

— Saia — Eu rosno. — Coloque sua chave em cima da mesa da frente


quando estiver saindo.

Ela caminha até a porta e hesita.

— Adeus, Cally.
Sábado à noite, estou esperando por Brandon com uma mala e uma arma
comprada ilegalmente.

Se eu disser a Brandon que não vou com ele, corro o risco de ele me
machucar, ou pior, machucar William, papai ou uma das meninas. Mas eu não
posso voltar a ser sua boneca e viver sob seu domínio. Três anos são três anos a
mais. O pior tipo de prisão é o que se disfarça como casa.

Meu grande plano é esperar até que eu saiba que Brandon tenha drogas
em seu poder e chamar a polícia. Não deve demorar muito tempo desde que eu
sei o qual é o “negócio” que ele tem na cidade. A arma é o plano B. Plano B uma
merda, mas é melhor do que nada.

Meu telefone toca. Eu não reconheço o número, mas aceito a chamada,


porque eu esperava que Brandon estivesse aqui e estou começando a ficar
nervosa. Se ele matou mamãe, o que mais ele vai fazer?

— Alô?

— Cally?

— Drew? Onde você está?

— Estou em Indianápolis — Ela está sussurrando e sua voz é grossa com


lágrimas. — Estou no grande hotel do estádio. Pode vir me pegar? Por favor?

O mundo inteiro roda ao meu redor. Ela me disse que ficaria com uma
amiga esta noite. — O que você está fazendo aí?

— Eu estou com medo. Por favor, venha me pegar — Ela toma uma
respiração instável. Inferno, ela está chorando. — Por favor.
— Você está com Brandon? — Mesmo que eu espero que ela vá dizer não,
eu já sei que ela está.

— Não fique brava. Ele disse que se eu viesse com ele, ele me daria o
dinheiro para a casa do papai, mas ele está me assustando. Ele me deu umas
roupas. Um vestido e uma calcinha estranha e ele me fez colocá-las — Outro
soluço trêmulo. — Ele disse que ia me matar se eu chamasse a polícia. Tem
algumas pessoas aqui no outro quarto agora. Ele não sabe que estou no telefone.
Ele continua me chamando de Cally e não vai me deixar sair. Eu estou com
medo. Por favor, venha me pegar.

— Eu estou à caminho — O medo patina através do meu estômago em um


fio da navalha, deixando pedaços para trás. Eu fecho meus olhos e pego minha
bolsa. Minha arma está dentro e eu faço uma oração para que eu não tenha que
usá-la. — Eu vou estar ai o mais rápido que puder.
A última coisa que eu estou no clima para esta noite é a abertura para a
exposição. As portas para o evento abriram uma hora atrás e eu passei a maior
parte dela no meu escritório, escondendo meu rosto e meu humor de clientes
desavisados.

Há uma batida na minha porta, e eu ignoro, inclinando-me para trás na


cadeira e fechando os olhos. Minha solidão é destruída com a raspagem de uma
chave na fechadura. Que só pode significar uma coisa: Maggie. Ninguém mais
tem a chave do meu escritório.

Ela abre a porta com um vestido preto sem alças longo, o cabelo dela em
algum tipo de torção na parte de trás de sua cabeça. No minuto em que ela me
vê, seu queixo cai e seus olhos se arregalam.

— Puta merda!

— Eu sei. Eu realmente fico bem neste terno, certo?

Ela sorri e inclina a cabeça para inspecionar os hematomas no meu rosto.


— Claro que você fica, e uma vez que eu der a alguém o hambúrguer feito do seu
rosto, talvez eu possa apreciar isso. O que aconteceu?

— Eu me cortei fazendo barba.

Ela coloca as mãos nos quadris e estreita aqueles olhos verdes afiados. —
Será que isso tem algo a ver com Cally?

— Ela não é a responsável pela minha estupidez.

— Quem fez isso?


— Dê o crédito para o idiota com quem ela está casada.

O rosto dela cai e ela abaixa-se em uma cadeira. — Ela é casada?

— Ela não é apenas casada, ela está indo embora. Ou já foi embora. Foda-
se, eu não sei — Eu me inclino para trás. Meu corpo dói em lugares que eu não
sabia que tinha e meu coração dói pra caralho. Eu gostaria de poder cortar isso
para fora do meu peito. — Eu sabia que ela tinha segredos, mas nunca imaginei
isso.

— Ela lhe contou o resto dos seus segredos?

— O resto de que segredos? Ela estava transando comigo sendo casada.


Se há algo pior do que isso, eu não quero saber.

— A verdade é sempre mais complicada do que parece — Maggie diz


suavemente. — Talvez, o mesmo seja verdade para o seu casamento.

Eu balanço a minha cabeça. — Ela estava falando de permanecer até a


primeira vez que ele apareceu, então, tudo mudou. Pensei que ela tivesse medo
dele.

— Como você sabe que ela não tem?

Eu inclino o meu queixo contra a dor, lembrando-me da conversa. — Eu


perguntei. Eu lhe disse que iria protegê-la — E foda-se se meu orgulho não está
pior do que o meu rosto. Ela escolheu-o e não a mim. Eu deveria ter me
acostumado com essa merda agora.

— Seu grande idiota. Quão difícil foi que ele bateu na sua cabeça? Uma
mulher que tem medo do seu marido encontra-se de nove vezes entre dez. Mas
quando se olha para a bagunça que esse marido fez no rosto do seu amante, ela
vai mentir sobre isso cem por cento do tempo. Ela está tentando protegê-lo.

Eu ouço um grito agudo e eu olho para cima, para ver Meredith em pé na


porta.

— Quem fez isso com você? — Ela exige. Seus saltos clicando contra o
chão enquanto ela corre para mim e delicadamente toca o meu rosto. — Você
não tem que me dizer. Eu já sei que a garota tem algo a ver com isso. Eu queria
que você tivesse ficado longe dela.
— Você deveria ver o outro cara — Eu resmungo.

Ela se vira para Maggie. — O que aconteceu com ele?

— Eu estou sentado aqui — Eu rosno.

— Ele entrou em uma briga de bar.

Meredith estreita os olhos. — Briga de bar?

Maggie acena sabiamente. — Eu disse a ele que precisa parar de ir ao bar


de strip, mas será que ele me escuta? Não, ele não escuta.

Eu faço uma cara feia para ela. — Sério?

— Eu não acredito nem por um segundo que isso aconteceu num bar de
strip — Diz Meredith.

Ela encolhe os ombros. — Diga a sua doce garota aqui a verdade, Will.
Diga-lhe que você não pode conseguir o suficiente do bar de strip.

— Você quer parar de dizer bar de strip? — Eu sopro uma respiração


forte, esperando que envie um pouco da minha frustração com ela. — Maggie,
pode nos dar licença? Meredith e eu precisamos conversar.

— Tudo bem — Diz Maggie, de pé a contragosto. — Eu vou estar lá


embaixo fazendo o seu trabalho, se você precisar de mim. Mas pense sobre o
que eu disse.

Eu espero até Maggie fechar a porta atrás de si antes de eu falar. — Ouvi


dizer que devo lhe dar os parabéns.

As bochechas de Meredith coram e seu olhar cai para as mãos. —


Obrigada.

— Eu também ouvi que todo mundo está achando que é meu.

— Eu não disse isso. Não disse a ninguém.

— Mas não os corrigiu.

— Eu pensei que seria melhor assim. Você sabe, no caso de nos


reconciliar.
— Você se ouve falando? Você é uma merda louca, mulher.

Ela levanta os olhos para mim e eles estão brilhando com lágrimas não
derramadas. — Eu não sou louca. Eu estou apaixonada. Sua avó me disse que
você não pode ter filhos. Ela me contou sobre o acidente de futebol. Eu sabia o
quanto você queria uma família e pensei... Bem, eu pensei se pudesse dar para
você, talvez me escolhesse.

Ela morde o lábio e linhas de preocupação vincam sua testa. Ela é muito
bonita, e eu sei que ela pode me dar todas as coisas que passei os últimos três
anos desejando loucamente, uma vida, uma família, amor. Mas eu não quero
apenas essas coisas. Eu as quero com Cally.

— Sinto muito — Eu digo. — Você e eu nunca vamos funcionar.

— Porque você ama Cally.

— Sim — E é verdade. Eu ainda a amo. Ainda a quero. Eu posso perdoá-la


por tudo para tê-la em meus braços mais uma vez.

— Bem, pelo menos você sabe que ela te ama muito.

— Como você sabe?

Ela olha para as mãos por um minuto antes de levantar de novo os olhos
até encontrar os meus. — Eu ofereci-lhe vinte mil dólares para sair da cidade e
ficar longe de você.

— Você fez o quê?

— Eu pensei que ela iria aceitá-lo. Eu realmente pensei. Mas ela não o
quis — Ela balança a cabeça. — Eu te amo, e sabia que ela precisava do dinheiro.

— Jesus, Meredith! Isso não é amor! Isso é manipulação. Você tem que
estar brincando comigo.

Ela joga a mão sobre o peito. — Eu não quero que o pai dela perca a casa.
Eu pensei que era um bom compromisso. Mas, aparentemente, ela vai deixá-lo
pagar por isso também.

— Por que o seu pai vai perder a casa? Do que você está falando?
— Ela não te contou? Casa de Arlen Fisher foi executada. O banco vai
leiloá-la.

— Merda — Eu arrasto a mão pelo meu cabelo. É claro que ela não me
disse. Ela não quer o meu dinheiro.

— Posso lhe perguntar uma coisa sem você ficar com raiva de mim?

— Você acabou de me dizer que ofereceu a mulher que eu amo vinte mil
dólares para sair da cidade.

Ela acena com a cabeça. — Tudo bem. Ponto feito. Então, nada a perder,
certo?

— Eu não quero falar com você sobre Cally — Eu empurro minha cadeira
e fico de pé.

— Isto não é sobre ela. Não exatamente — Ela para com as saias ao meu
redor, até que eu estou olhando para ela. — Você diz que quer a família e
estabilidade, mas você já reparou que se amarra nas mulheres que você sabe que
não pode ou não vão lhe dar isso?

Eu dou um passo para trás. — Eu não sei o que você está falando.

Ela levanta um dedo. — Primeiro, Maggie, que nunca te amou, não do


jeito que você merece, pelo menos — Ela levanta um segundo dedo. — Então,
Krystal, que teria sido a escolha perfeita, exceto que ela é irmã de Maggie, então
isso estava condenado desde o início — Ela tem agora três dedos. — E agora
Cally? Mesmo que você saiba que ela esteve em detenção juvenil, é casada com
um homem que passou os últimos quatro anos na prisão. Você diz que quer algo
verdadeiro e eu estou bem aqui, mas você está a escolhendo.

Meu queixo endurece e dói onde os dedos de Brandon conectaram com


ele ontem. — O que você quer de mim, Meredith?

Ela encolhe os ombros. — Eu só quero que você seja honesto consigo


mesmo. Tudo bem se você quer ficar sozinho. Realmente, depois de tudo que
você já sabe, estar sozinho e desejando mais. Isso é seguro para você. Mas pelo
menos faça a gentileza de admitir isso.
— Eu não quero ficar sozinho. Mas isso não significa que quero estar com
você — Eu expiro lentamente. — Eu nunca quis magoá-la — Então suas palavras
fazem sentido. — O marido de Cally passou os últimos quatro anos na prisão? —
Jesus. O quão jovem ela era quando se casou com ele?

— Você não leu o arquivo que Carl York juntou para você? Está tudo lá. A
sujeira do seu marido, sua certidão de casamento, o registro de suas escapadas
do reformatório como uma garota de programa.

Suas palavras me atingem forte e de forma espontânea. — Suas escapadas


como o quê?

— Você nem olhou para ele, não é? Você está me rejeitando por uma ex-
prostituta. Você não entende isso?

Eu a ignoro e vasculho a pilha de papéis na minha mesa até encontrar o


envelope fechado que Carl York enviou para mim. Eu rasgo, abro e folheio os
jornais, além da verificação de antecedentes sobre Brandon McHugh, passo pelo
registro juvenil de Cally, até eu chegar à cópia de sua certidão de casamento. A
data olha para mim em negrito com a impressão em preto. — Ela tinha dezesseis
anos.

— A mãe dela teria de dar o seu consentimento por escrito. Você pensaria
que ela teria visto-o antes de permitir isso — Ela se inclina sobre mim e folheia
mais papéis até que puxa o que ela está procurando. — Dois anos antes de se
casar com Cally, ele foi pego com uma prostituta menor de idade.
Aparentemente, ele tem uma coisa por jovens. Credo, talvez a prostituição seja
como eles se conheceram. Como em Uma Linda Mulher.

Eu já estou pegando minhas chaves. Eu preciso encontrá-la. Eu preciso


impedi-la de ir embora. Suas palavras ecoam na minha cabeça. “Eu te amei o
suficiente para deixá-lo ir. Essa é a verdade. Em breve vou ter que fazer isso de
novo, e isso ainda será a verdade, mesmo que você não possa aceitar isso”. Ela
não vai embora com Brandon porque ela o ama. Ela está indo embora porque
me ama.

— Você realmente não se importa com o seu passado? — Meredith


pergunta atrás de mim enquanto eu corro para a porta.
— Isso se chama amor incondicional, Meredith. Eu recomendo que você
experimente.

Maggie explode em meu escritório. — Acabei de receber um telefonema


da prisão do condado de Marion. Eles estão detendo Cally por atirar em seu
marido.
NA NOITE passada, eu fiz uma coisa que queria fazer há sete anos.
Contei minha história para a polícia. A coisa toda. Da dependência de drogas da
minha mãe até o empréstimo que eu peguei de Anthony, que foi como eu vim a
conhecer e me casar com Brandon McHugh e por que eu atirei nele.

Ok, eu fiz duas coisas que queria fazer há sete anos. Eu disse a polícia a
minha história e dei um tiro no bastardo, que pensei que era algo que poderia
ser engolido.

Honestamente, uma vez que eu tinha dito toda a minha história, eu acho
que os detetives foram surpreendidos por eu não ter como alvo a multidão no
centro, quando eu encontrei Drew, em seu quarto de hotel.

Brandon vai voltar para a prisão. Já havia um mandado de prisão em


Nevada, e ele tinha todos os tipos de drogas no seu quarto de hotel. Eu não sei
muitos detalhes. Eu não me importo com nada além do fato de que Drew está
segura e eu conseguir ficar longe de Brandon sem matá-lo.

Quando o carro da polícia para na casa do papai, o sol está começando a


subir. A primeira coisa que faço é olhar para Drew. Ela está sentada no sofá com
os braços em volta de sua cintura, e eu afundo ao lado dela e puxo-a com força
contra mim.
O silêncio é doce e eu estou com medo de quebrá-lo. Quando a polícia
chegou, eles nos separaram para interrogatório, por isso eu não consegui fazer
todas as perguntas.

Aqui, neste momento tranquilo, estou alegremente ignorante do que


aconteceu com ela antes de eu chegar ao quarto de hotel. Eu quase não quero
que ela fale, como se eu não ouvindo a verdade poderia salvá-la disso. Mas isso
simplesmente não funciona desse jeito, e hoje é Drew que precisa se salvar.

— Eu vou fazer-lhe perguntas, e preciso que você me diga a verdade.

— Você vai ficar muito brava comigo — Ela sussurra. Está escuro na sala
de estar, o sol da manhã apenas está começando a aparecer do lado de fora de
nossas janelas. Eu mal posso distinguir as faixas de lágrimas que brilham contra
sua pele perfeitamente lisa.

— O que está feito está feito, Drew. Eu preciso saber algumas coisas.

— Tudo bem.

Eu respiro. Parece a primeira vez que eu tenho tomado em dias. Meu


peito ainda está apertado com o pânico. Mesmo com Drew ao meu lado salva,
ainda é difícil para respirar. — Você está ferida?

Eu aperto meus olhos fechados. As perguntas estão gritando pelo meu


cérebro em uma centena de quilômetros por hora. Por que você foi para um
quarto de hotel com ele? Por que você mentiu para mim? O que você estava
pensando? Eu tenho que empurrá-las todas para o lado. Triagem. — Será que
ele a estuprou?

Ela gira para mim. Seus olhos são grandes e sua boca pintada de
vermelho é estranha, as bochechas manchadas com rímel. Ela parece tão jovem.
Como uma criança pega brincando na maquiagem de sua mãe.

— Eu preciso saber, Drew — Mas, mais, ela precisa contar. Eu não posso
ter um segredo obscuro comendo minha irmã por dentro e não quando eu sei o
tipo de dano que pode fazer.

Seus dentes afundam em seu lábio inferior e ela puxa também a saia
curta. Eu reconheço a roupa como a que Brandon me fez usar na primeira noite
que teve relações sexuais comigo. Deus me ajude, ele estava tentando recriar
aquela noite, com Drew. — Não. Ele não me tocou. Ele me beijou. Apalpou-me
por cima da roupa um pouco. Mas eu chorei e isso o irritou. Ele não teve a
chance de fazer mais nada.

Obrigada, querido Deus. Algo se solta no meu peito e eu posso respirar


um pouco mais fundo. — Isso é bom. Isso é tão bom.

— Eu estava tão assustada, Cally. Eu sei que foi isso que ele planejou —
Suas palavras são abafadas por seus soluços. — Eu pensei que talvez devesse
fazê-lo, você sabe. Ele disse que queria nos ajudar. Para me salvar, para salvar a
nossa casa. Eu só tinha que se... — Ela deixa escapar um soluço. — Eu só tinha
que ser uma boa menina. Mas eu não poderia...

— Nunca! — Eu me forço a relaxar, forço a minha voz a se acalmar. Eu


poderia gritar com ela. Repreendê-la. Dizer-lhe o quão estúpido era. E talvez eu
vá fazer tudo isso. Outro dia. Quando meu coração não estiver tão
completamente arrasado. — Você nunca se sacrificaria assim. Você vale mais do
que um vestido bonito. Mais do que uma refeição na mesa. Mais do que uma
casa. Você está me ouvindo? Nunca se esqueça de que você vale a pena — Dói
muito ter essa conversa que eu quase quero pedir-lhe para parar. Em vez disso,
me aproximo mais e pego a mão de onde ela está mexendo com sua saia. Eu ato
nossos dedos juntos e aperto. — Há algumas partes de si mesma que, uma vez
que você vende, nunca pode voltar atrás.

— Você está em apuros? Por atirar nele?

— Não muito — Eu vou ter que ir a um juiz, mas meu advogado não acha
que eu teria que fazer muito, além de algumas horas de serviços comunitários
pela arma ilegal.

— Eu deveria tê-la escutado. Você me disse para ficar longe dele.

— Shh — Eu a puxo contra o meu peito e acaricio seus cabelos. — Agora


acabou. Você está segura.
Cally está partindo. Eu continuo repetindo as palavras para mim mesmo,
como se talvez isso fizesse com que finalmente aceitasse.

Ela está aqui agora. Eu posso ouvi-la no apartamento no andar de cima.


Mas ela está indo embora.

Eu desligo as luzes da galeria e tranco a porta. Quando fui para a


Indianapolis na noite passada, eles estavam interrogando-a e não me deixaram
vê-la. Em seguida, esta manhã, quando fui para a casa do seu pai, o porta-malas
do seu carro estava aberto e malas estavam empilhadas dentro. Eu tentei não
entrar em pânico, mas Maggie a ouviu no telefone cancelando seus
compromissos para a próxima semana e eu não posso mais negar a verdade. Ela
está indo embora.

Preciso vê-la antes que ela se vá. Senti-la. Prová-la. Eu preciso ter a
certeza que eu nunca a esquecerei.

Eu a pego na sala de massagem.

— Você está bem? — Minha voz é áspera, assim como meu golpeado
coração e corpo.

— Eu estou bem — Ela me dá um sorriso suave, mas cai quando eu a


empurro contra a parede. — Bem, olá para você também.

Puxando para perto, eu abro as pernas com o joelho até que ela está
posicionada contra a minha coxa.

— Eu sinto muito — Ela sussurra, deslizando as mãos em meu cabelo. —


Por tudo.
Abro a boca contra o seu pescoço e sugo, não me importando que vá
deixar uma marca. Estou desesperado para afastar a dor torturante que senti
desde que Brandon chamou-a de sua esposa, para lavar o horror que senti em
ler o arquivo que Carl juntou. Quando eu penso sobre ela vender seu corpo para
alguém, quando penso como as coisas foram ruins para arrumar recurso para
isso, eu quero dar um soco em algo. Eu quero outra chance de acabar com
Brandon.

Eu aperto a parte inferior de sua camisa com as duas mãos e puxo sobre
sua cabeça antes de enfiar minhas mãos na cintura da calça.

— Sim — Ela sussurra. — Por favor. Eu preciso de você — Mas então eu


caio de joelhos e pressiono a boca aberta contra as bolinhas de algodão de sua
calcinha e ela para de falar completamente.

Eu deslizo minha língua contra a calcinha, encharcando-as com minha


língua enquanto minhas mãos encontram o seu caminho até a parte de trás de
suas coxas e pegam uma nádega em cada mão.

— Oh meu Deus.

Reposicionando minha boca direto sobre seu clitóris, eu a chupo através


do algodão. Suas mãos estão no meu cabelo, puxando enquanto seus quadris
balançam instintivamente em direção a minha boca.

Agarro-lhe os pulsos e os posiciono nas suas laterais, mantendo-os lá


quando eu beijo o meu caminho até seu corpo.

Seus olhos estão em mim, escuros e nebulosos com a necessidade e eu


tiro suas mãos das laterais e as coloco acima da sua cabeça, onde eu prendo com
uma das minhas.

Ela está linda pra caralho de sutiã rendado rosa e calcinha de bolinhas,
seu peito subindo e descendo enquanto ela tenta recuperar o fôlego do meu
assalto.

Eu não consigo resistir àqueles lábios perfeitos, então pressiono minha


boca contra a dela, deslizo nossas línguas juntas até que ela está balançando na
minha coxa novamente.
— Eu vou soltar as suas mãos, mas eu quero que você as deixe acima da
sua cabeça.

Seus olhos escuros estão esfumaçados com aprovação quando abro a


frente do seu sutiã. Seus seios enchem minhas mãos e eu abaixo a minha cabeça,
pegando o mamilo em minha boca, brincando com ele com a minha língua,
então com os dentes. Ela grita e puxa os dedos no meu cabelo, me forçando a
parar muito cedo.

— Mãos acima da cabeça — Eu ordeno. Flashes de calor aparecem em


seus olhos quando ela obedece, e eu regresso ao seu pescoço, arrastando minha
boca sobre a pequena parte sensível sob sua orelha e desço para sua clavícula.
Eu achato a palma da mão contra o estômago e abro meus dedos sobre seus
quadris, meu polegar sobre o piercing em seu umbigo.

— Vire-se para ficar de frente para a parede — Eu ordeno.

Ela obedece sem questionar e deixa as mãos acima da cabeça, enquanto


eu exploro a pele nua de suas costas com as mãos e, em seguida, com a minha
boca. Ela me obedece completamente com seu silêncio enquanto a exploro.
Quando eu trilho beijos descendo em sua coluna, e quando deslizo sua calcinha.
Com uma mão ao redor do seu quadril, eu deslizo a outra entre as pernas.

— Abra suas pernas para mim.

Ela se inclina para a parede e faz o que eu peço, arqueando o suficiente


para expor seu sexo doce para mim.

— Jesus. Você é tão bonita — Eu a toco com a mão, usando os dedos para
provocá-la quando raspo meus dentes sobre uma nádega, em seguida, a outra.

Ela choraminga e eu dirijo dois dedos dentro dela, enrolando-os até que
as pernas estão instáveis e seus músculos estão flexionando. Quando ela está
perto, eu abro minha boca no ponto sensível na base de sua coluna e chupo até
que ela está desmoronando na minha mão.
Eu estou aderindo à parede quando eu me recupero, mas eu mal puxo
uma respiração quando a boca de William está de volta ao meu ouvido. — Fique
de frente para mim, querida.

Viro-me com as pernas bambas e alcanço o botão de sua calça jeans,


desesperada para deixá-lo nu, sentir sua pele contra a minha. Eu abro seu zíper
e o solto de sua boxer. Antes que eu possa empurrá-los dos seus quadris ele me
levanta entre seu corpo e a parede, deslizando em mim rápido, duro e com
fome.

Eu grito de prazer quando ele empurra profundo.

— É isso mesmo, querida — Ele murmura. — Deixe-me ouvi-la.

Ele usa a força em seus braços para me segurar e seu monte de músculos
sob a camisa. Ele está doido, impulsionado por algo que não está partilhando
comigo. Ele aperta seu rosto na curva do meu pescoço, e tudo o que posso fazer
é me segurar e rezar para que ele esteja encontrando o que precisa em mim.

Ele está inchando dentro de mim, tão perto do limite, geme em meu
pescoço e aperta o meu peso na parede para que ele possa deslizar a mão entre
nossos corpos. Ele está se segurando, adiando sua própria libertação.

— Goze para mim de novo, querida. Deixe-me senti-la — Seus dedos são
implacáveis contra mim com suas demandas sussurradas quentes no meu
ouvido. Não demoro muito antes de eu quebrar. Só então ele se solta, seus
quadris empurrando e sua cabeça caindo para trás quando ele finalmente goza
dentro de mim.
Depois, ele me leva para o chuveiro no apartamento e me lava lenta e
cuidadosamente, pressionando beijos suaves onde sua boca estava áspera
minutos antes.

Nós não nos incomodamos de voltar para a sua casa ou nos vestir. Nós
trancamos as portas para o apartamento e nos enrolamos no sofá, agarrando um
ao outro.

Eu fico pensando nas palavras que preciso dizer, mas elas se recusam a
encontrar o caminho na minha língua. Mas eu não quero estragar a perfeição
deste momento, explicando o meu passado feio.

— Por que você fez isso? — Sua pergunta é tão suave que quase não
percebo que ele está falando.

— O quê?

Ele engole tão forte que eu posso ouvi-lo. — É verdade? Você era uma
prostituta?

Meu coração bate, mas concentro-me na sensação de sua pele sob a


minha bochecha, seus braços firmemente ao redor da minha cintura. — É
verdade.

— Foi por isso que você terminou comigo, não é? Sua mãe não tinha
como mantê-las e você se vendeu por suas irmãs — Sua voz é tão calma, tão
racional, um completo contraste com o caos de dor e de esperança guerreando
no meu peito. Como ele pode saber isso e não me odiar?

— Eu errei — Eu confesso. — Eu peguei um empréstimo de um homem


que eu sabia que não devia confiar, e quando não consegui pagá-lo, ele ameaçou
Gabby e Drew.

— Você se tornou uma garota de programa para pagar um empréstimo?

Eu balanço a minha cabeça contra seu peito, em seguida, empurro-me


para que eu possa olhar para o seu rosto. Seus olhos estão cheios de mágoa e eu
gostaria de poder tirar isso dele. — Isto é o que o homem faz. Ele encontra as
mulheres que estão em apuros e lhes dá um empréstimo para mantê-las à tona.
Então, ele as obriga a “trabalhar duro” por sua dívida.
— Jesus — Ele respira. Ele aperta-me com força e puxa minha cabeça em
seu peito novamente.

— Eu mal posso pensar nisso. Eu odeio pensar que alguém a tocou, mais
ainda, que os homens pagaram por isso — Um tremor se move através dele, e ele
me senta e sai do sofá, para andar. — Droga, Cally, você era uma maldita
virgem. Será que ele não sabia?

Eu fecho meus olhos. Sua agitação me faz sentir tanto melhor como pior.
Melhor, porque não estou sozinha. Pior, porque agora ele está sofrendo comigo.
— Eu era mais valiosa para ele, uma vez que descobriu isso — Eu engulo em
seco, não querendo compartilhar essa parte insuportável com ele, mas sabendo
que preciso dizer-lhe mais. — Eu fiz boquetes para alguns dos seus clientes
especiais, em seguida, deixou-os fora de si, para darem maiores lances pela
minha virgindade — Eu quero poupá-lo da dor que eu vejo em seu rosto, mas
me faço continuar. — Brandon ganhou essa honra.

Ele para e passa a mão sobre o rosto.

Eu continuo. — Sabendo que eu era virgem simplesmente alimentou a


obsessão de Brandon por mim — Uma obsessão que começou no momento em
que corri para fora do seu apartamento, apavorada demais para fazer o que eu
tinha sido enviada para fazer.

— Mas o que você me disse era verdade? Você fez exames? Você é
saudável?

— Claro! Eu não teria arriscado passar-lhe alguma coisa.

— Eu não estou preocupado comigo, Cally — Ele me puxa para fora do


sofá e me esmaga o peito. — Você é tudo o que me importa. Você não entende
isso?

— Eu estava dizendo a verdade quando disse que não estive com ninguém
por quatro anos. É verdade. Brandon comprou a minha virgindade, mas o
homem que tinha me dado o empréstimo, esperava que eu continuasse
trabalhando. Ele ameaçou a minha vida, minhas irmãs. Brandon disse que ia
pagar o cara para me deixar em paz se eu casasse com ele. Ele prometeu cuidar
de mim e dar dinheiro para a minha família, então eu disse a mãe que eu era
apaixonada por ele e ela consentiu.
— Será que as meninas sabem disso?

Eu balanço a minha cabeça. — Não sobre o empréstimo, nem sobre a


prostituição ou até mesmo o casamento. Mamãe e eu pensamos que iria dar-
lhes uma ideia errada sobre quando elas deveriam se casar e concordou em não
dizer a elas. Brandon me dava apenas o suficiente para mantê-las fora das ruas,
mas nunca o suficiente para que eu sentisse como se eu pudesse fugir. Ele
controlava todos os aspectos da minha vida, desde o momento em que ele me
comprou, até quando foi preso há quatro anos.

Ele me puxa para seus braços. — Eu queria que você tivesse me dito.

— Eu odiava a ideia que você soubesse o que eu tinha feito.

Ele aperta os lábios no meu cabelo. — Eu acho que eu sabia. Eu lhe disse
que eu poderia imaginar o pior, e vi o seu olhar quando eu trouxe o passado,
então eu soube que era muito pior do que qualquer coisa que eu tinha
imaginado antes.

— Me desculpe, eu não conseguia lhe dizer. Eu pensei que você iria me


odiar.

— Como eu poderia odiá-la por algo assim?

Eu dou de ombros. — Eu fiz uma escolha.

Ele pega os meus ombros e dá passos para trás até que eu estou olhando-
o nos olhos. — A escolha feita por medo não é escolha.

Eu me aconchego de volta em seu calor. Através das portas de vidro


deslizantes que dão para o rio, posso ver as estrelas embaladas no céu da noite
escura. Eu levo o meu tempo, a seleção das favoritas pela primeira vez em sete
anos, e então tenho a coragem de ousar mais um desejo. — Eu te amo — Eu
confesso. — E nunca parei de te amar.

— Eu também te amo. Sempre — Ele emaranha a mão no meu cabelo e


me segura apertado. — Não me deixe, Cally. Você enche meus lugares vazios.
Você me faz completo. Por favor, fique.

Eu me inclino para trás e franzo a testa para ele. — Para onde você acha
que eu vou?
— Eu vi você o seu carro cheio de coisas esta manhã. Havia malas em seu
porta-malas e você estava cancelando todos os seus compromissos.

— Apenas por cinco dias. Asher Logan me deixou usar sua casa de praia
no Lago Michigan por uma semana com as garotas. Drew precisa de algum
tempo antes de voltar para a escola.

Ele aperta-me com mais força. — E depois disso? Você vai ficar?

— Não há nenhum outro lugar que eu quero estar.


VER CALLY pela primeira vez em uma semana é como um soco no
estômago e uma queda, tudo de uma só vez. No meio da semana, eu cedi e pedi
a Maggie o endereço, mas ela recusou-se, prometendo-me que a melhor coisa
que eu poderia fazer agora era dar tempo a Cally.

Então eu fiz isso por cinco dias e agora ela está de pé na minha frente de
camiseta de manga comprida, com as mãos dobradas nos bolsos de sua calça
jeans. O vento chicoteia seu cabelo escuro ao redor do seu rosto e ela parece tão
linda que eu não resisto e me aproximo para colocar algumas dessas mechas
selvagens atrás de sua orelha.

— O que você está fazendo aqui? — Ela pergunta em voz baixa.

— O banco está leiloando a casa hoje — Eu explico, como se ela já não


estivesse dolorosamente ciente deste fato.

Seus ombros ficam tensos. — Eu sei que você tem boas intenções, mas às
vezes as pessoas precisam enfrentar as consequências de suas decisões. Para o
meu pai, que estará perdendo esta casa.

— Você não vai me deixar comprá-la para você, então?

— Eu não vou — Ela sussurra.


— E quanto a nós? — Lizzy pergunta atrás de mim. Ela e Hanna estavam
na parte de trás do meu carro e, aparentemente, decidiram que agora era um
momento tão bom quanto qualquer outro para fazer as suas aparições.

— O quê? — Cally pergunta. — Vocês não têm dinheiro suficiente para


comprar a casa.

— Não sozinhas — Lizzy diz — Mas talvez se nós nos juntarmos com
alguns amigos.

— Dizem que quando se é jovem, é o melhor momento para investir —


Diz Hanna sabiamente.

Concordo com a cabeça, assim que uma caminhonete preta de grandes


dimensões vira na estrada.

— O que Asher Logan está fazendo aqui?

— Eu acho que talvez ele esteja procurando propriedades para


investimento também — Eu digo. — E esta é a parte principal do imóvel, junto
ao rio, para não mencionar o valor sentimental que detém. Ele e eu nos unimos
por esse teto, você sabe. Não se pode colocar um preço sobre uma ligação
masculina.

Max e Sam aparecem ao lado, atravessando a grama até a trilha do


caminho pavimentado ao longo do rio. — Conte com a gente, também — Max
fala. — A doca lá atrás tem o melhor lugar para pesca ao longo do rio.

Os olhos de Cally brilham com lágrimas. — Vocês.

— Eu estou dentro, também — Diz Gabby atrás dela. Cally se vira e Gabby
coloca um cofre da Minnie Mouse rosa brilhante em suas mãos. — Você deu isso
para mim quando nos levou a Disneylândia. Você me disse para poupar para
algo mágico. Penso que este lugar vai fazer muito bem.

Drew dá um passo à frente e ao lado, seu queixo duro e os olhos úmidos.


— Eu estou dentro, também — Diz ela, entregando a Cally um maço de dinheiro.
— Eu estava guardando isso para um novo iPhone, mas eu não preciso disso.
Meus melhores amigos estão todos aqui em New Hope.
Cally olha para o cofre de Minnie Mouse e o dinheiro em suas mãos. —
Então está tudo bem em ajudar e comprar a casa de meu pai?

Eu levanto minhas mãos. — Eu não.

Aparecem rugas em sua testa. — Não?

Eu balanço a minha cabeça. — Eu não posso ter você me acusando de


tentar comprá-la quando eu pedir para você ser minha garota. Mas o resto deles,
sim.

— Enquanto você estiver na cidade — Diz Hanna. — Você não tem que
enfrentar qualquer coisa sozinha.

— Eu-eu não sei nem o que dizer.

— Você pode dizer-lhes que não será necessário — Arlen fala da tela da
varanda rangendo atrás dele enquanto desce no gramado para se juntar aos
outros. — Visitei o banco esta manhã e isso foi resolvido.

O maxilar de Cally cai, mas tenho certeza que o meu também.

Arlen se mexe desconfortavelmente quando todo mundo olha. —


Enquanto você e as meninas tinham desaparecido na semana passada, eu leiloei
os meus livros.

— Os autografados? — Olhos de Cally estão largos. — Você foi coletando-


os por toda a minha vida.

Ele levanta um ombro em um encolher estranho. — Minhas filhas são


mais importantes do que alguns papéis autografados.

— Papai — Sussurra Cally. Então, em três passos largos ela está


envolvendo os braços em volta dele e inclinando a cabeça em seu peito.

— Isso significa que Asher Logan não vai ser proprietário de parte de uma
casa comigo? — Drew pergunta. — Porque é uma chatice total.

Asher agarra algo em sua caminhonete e anda até Drew. — Aqui está,
garota. Como um prêmio de consolação?

Os olhos dela se arregalam enquanto ela pega o CD de suas mãos. — Oh.


Meu. Deus. É este o novo álbum? Não vai nem ser liberado em meses!
Ele sorri. — Obrigado por ser uma fã tão impressionante.

— Huh — Diz Lizzy. — Minha mãe disse que queria que eu fizesse algo
responsável com o meu dinheiro. Eu acho que vou ter de encontrar outra coisa
agora.

— Nós poderíamos comprar sapatos? — Hanna sugere.

— Esse é um plano — Diz Lizzy. — Maggie, pode e seu garanhão podem


nos dar uma carona de volta para mamãe?

Todo mundo vai embora e as meninas voltam para a casa com o pai e,
finalmente, estou sozinho com Cally.

Eu limpo minha garganta. — Eu tenho algo importante pra falar com


você.
Eu giro ao som da voz de Will.

Seus olhos parecem quase predatórios, quando ele leva três passos lentos
e fecha o espaço entre nós. — Você tentou se livrar de mim me empurrando para
outra mulher.

Eu deixo cair a minha cabeça e estudo os meus sapatos. — Eu só quero


que você tenha a melhor vida possível.

— Sim, mas eu teria pensado que faria melhor. Meredith? Ela é intrigante
e manipuladora e tipo uma puta.

Eu levanto a minha cabeça e mordo de volta o meu sorriso.

— Quero dizer, com certeza, ela é linda, e você está certa sobre eu
querendo filhos. É verdade, eu quero. E acho que é bom que a vovó gosta dela,
apesar do que temos, acho que me apaixonar por garotas problemáticas mantém
a mente da jovem vovó. Você não gostaria que a minha avó ficasse senil, não é?

— Não — Eu digo, mantendo meu rosto sombrio. — Eu não quero isso.

— E, de qualquer maneira, Meredith é loira, e eu sei que isso é uma coisa


para um monte de caras, mas eu realmente prefiro as morenas.

— É importante saber o que você quer.

Ele está tão perto que eu posso sentir seu calor e tenho que lutar contra o
desejo de envolver-me em seu calor. — Se você quiser escolher a mulher para eu
passar a minha vida, você errou totalmente. Eu pensei que você me conhecesse
melhor do que isso.
— Minhas desculpas. Talvez eu pudesse tentar novamente, se você me der
uma lista com marcadores.

— Hmm... Bem, não estou muito afim de garotas que vão me deixar
possuir sua mente. Eu gostaria de uma garota que pode pensar por si mesma.

— Isso é importante.

Ele enrola as mãos sobre meus quadris e abaixa a boca junto ao meu
ouvido. — E eu não quero ser exigente, mas ela precisa ser incrível. Você sabe o
tipo, ama com todo seu coração e pensa que eu sou um deus do sexo.

A mecha perversa de eletricidade fecha acima de minha espinha. —


Hmm, e como você confirma isso?

Ele morde minha orelha. — Talvez pela forma como ela grita meu nome
quando eu a faço gozar.

Eu engulo. Forte. — Eu não tenho certeza se quero saber como outras


mulheres soam quando você as faz gozar.

Ele puxa para trás e seus olhos caem para a minha boca. Ele está a um
fôlego. Eu poderia ficar na ponta dos pés e saborear aqueles lábios. — Mas você
perguntou o que eu quero.

— O bebê realmente não é o seu?

— Eu não posso ter filhos, Cally. O bebê não é meu — Ele pega meu rosto
em suas mãos. — Então eu acho que você precisa adicionar a essa lista uma
mulher que poderia lidar com a vida com um homem que não pode ter filhos.
Ela precisa estar bem com intervenções de fertilidade ou adoção.

Meus olhos se enchem. — Eu poderia lidar com isso.

— Eu também poderia precisar de uma massagem decente — Ele sorri e


revira os ombros para trás.

— Nós podemos ser capazes de organizar isso.

— Eu quero você, Cally — Então, sua boca está na minha e suas mãos
estão no meu cabelo. Este não é o suave beijo carinhoso do meu namorado da
escola. E eu não beijo de volta como uma menina inocente com seu primeiro
amor. Este é o beijo duro, punitivo, exigente de um homem que está finalmente
tomando o que quer e a mulher está se dando a ele.

Eu me abro sob ele e gemo em sua boca, agarrando-me a sua camisa


enquanto me rendo ao beijo com o toque de nossas línguas e o beliscar perverso
dos seus dentes.

Quando finalmente quebro o beijo, ele inclina sua testa contra a minha e
ambos lutamos para recuperar o fôlego. — Agora é hora de você voltar para casa
e dar a notícia a seu pai.

— Qual a notícia?

— Que suas garotas não vão todas viver com ele. Que vocês estarão se
mudando comigo. Eu também vou precisar que você se divorcie daquele idiota
que é casada. Chame-me de homem das cavernas, se for preciso, mas eu não
compartilho.
Seis meses mais tarde

Quando eu chego em casa vindo do estúdio de massagem, a casa está


escura e vazia.

O meu telefone vibra na minha mão, e eu abro para ver a mensagem de


texto:

Vá para o quarto.

Reprimindo um sorriso, eu sigo o comando do meu namorado e faço o


caminho pelo corredor. Mas quando eu chego lá, não vejo William como eu
esperava. Em vez disso, há um vestido preto formal drapeado atravessado na
cama, sendo ele longo, com fitas amarradas em pequenos arcos nos ombros.
Parece vagamente familiar, mas eu não consigo me lembrar de onde.

Eu não estou surpresa quando meu telefone vibra novamente.

Vista-se. Vou buscá-la em trinta minutos.

O que ele está fazendo?

Estou tirando minha roupa quando outra mensagem de texto chega.


Use a calcinha de seda preta, aquelas com os laços nas
laterais.

Eu escrevo de volta:

Gostaria de dizer-me onde você está me levando?

E estragar a surpresa?

Tomo banho rapidamente com sabonete flora, que o deixa louco, então
eu me visto com cuidado. Eu tomo um cuidado especial quando amarro a
calcinha em cada quadril, imaginando-o desatando mais tarde. Para o meu
sutiã, eu escolho preto de renda que faz com que seus olhos azuis fiquem
nebulosos quando ele olha para mim.

O vestido é de um material que flui suavemente e desliza contra a minha


pele, me fazendo sentir bonita.

Eu não coloco muita maquiagem, apenas um pouco de brilho labial e um


pouco de delineador e rímel, e deixo meu cabelo solto, para que ele possa
embaraçar as mãos quando me beijar.

Eu estou colocando meus sapatos quando ele me envia outra mensagem


novamente.

Estou aqui na frente, quando estiver pronta.

Um caso ridículo de nervosismo deixa o meu estômago saltando quando


eu saio pela porta da frente.

William está encostado a uma limusine preta, vestindo um smoking, as


pernas cruzadas no tornozelo enquanto espera por mim. Ele possui uma única
rosa vermelha.

— Eu pensei que você disse que não queria me vestir?

Seus lábios transformam-se em um sorriso. — Eu não o fiz. Drew


escolheu o vestido para mim.

Eu pisco para o vestido familiar e tenho que balançar a cabeça. Como eu


tinha me esquecido do meu próprio vestido de baile? — Para onde vamos? —
Pergunto novamente.
Ele pisca para mim e abre a porta, pegando a minha mão para me ajudar
a entrar na limusine. — Você vai saber em breve.

Quando ele está sentado ao meu lado, me serve uma taça de champanhe,
e eu tenho que balançar a cabeça em reverência. — Estou esquecendo algum tipo
de ocasião especial?

Ele mergulha a cabeça e aperta seus lábios nos meus. — Todo dia que
você está na minha vida é uma ocasião especial.

Eu tomo um único gole do meu copo antes de tirá-lo da minha mão e a


limusine faz uma parada. — Viagem curta — Murmuro, apenas um pouco
decepcionada que não tive tempo suficiente para apreciá-la.

— Não faça beicinho. A limusine é nossa toda a noite — Ele pisca para
mim quando me ajuda a descer para a calçada. — Mais tarde, vamos deixá-la
nos levar por ai, enquanto nós damos uns amasso.

Eu franzo a testa para o prédio antes de mim. Está faltando alguma coisa.
— Você me trouxe para New Hope High School?

Ele me oferece seu braço e eu deslizo minha mão para ele e permito que
ele me acompanhe para dentro das pesadas portas de ginásio. As portas se
fecham atrás de mim e eu mal posso acreditar no que estou vendo. A sala está
escura, salvo pelas luzes brancas cintilantes drapeadas no teto e uma luz fraca
iluminando a pista de dança. Minhas melhores amigas já estão dançando, Lizzy,
Hanna e Maggie usando vestidos de baile, braços envoltos em torno de seus
encontros.

Eu giro ao redor e William puxa-me perto. — Feliz noite do baile — Ele


sussurra em meu ouvido.

Envolvendo os braços ao redor dele, começamos a dançar de onde


estamos. — Pensei em levá-la para um verdadeiro baile — Diz ele, com as mãos
cobrindo minha bunda. — Mas então eu não poderia tocá-la assim. Eu não
queria, finalmente, ter a noite do baile com a minha garota e ter que me
comportar.

Eu sorrio. — Nós não poderíamos fazer isso.

Seus dedos amarraram algo frio ao redor do meu pulso.


— Os diamantes? — Eu movo minha mão para trás e para frente,
observando-os cintilar na luz.

— Stardust — Ele corrige. — Eu quero que você sempre acredite que


merece tudo o que desejar, Cally. Contanto que você me deixe, vou fazer seus
desejos se tornarem realidade.

— Eles já se tornaram — Eu sussurro. — Eu te amo tanto, William Bailey.


Você é o meu sonho e eu sou muito grata por encontra-lo de novo.

— Hmm... Então você se importa se eu pedir-lhes para fazer um desejo


pra mim?

Eu sorrio. — O que é?

— Eu sei que você já me deu mais do que deveria pedir, mas sou um
daqueles garotos ricos mimados que pensam que devem ter tudo o que querem.

— Você não é mimado. O que é? O que você quer?

Ele me liberta e tira uma caixa do bolso. — Eu gostaria que você se


casasse comigo, Cally Fisher.

Minha garganta está grossa com lágrimas e felicidade, mas eu aceno e


pressiono meus lábios nos dele. — Você não tem de desejar isso, William. Eu já
sou sua.
Há um argumento comum de que a prostituição é um crime sem vítimas,
uma transação entre dois adultos que não prejudica ninguém. No entanto, nos
Estados Unidos, nós estamos começando a ter outro olhar para o que realmente
está acontecendo nestas chamadas operações “consensuais” e, em alguns casos,
reclassificá-los como tráfico sexual humano. Autoridades descobriram que,
muitas vezes, as prostitutas são coagidas a uma vida que não querem viver,
manipuladas através de vício, pobreza e medo. É muito fácil descartar
problemas de uma prostituta, para nos dizer “ela fez a escolha”, mas como diz
William a Cally, uma escolha feita por medo não é escolha.
Gotye, Kimbra— Somebody That I Used to Know

Kings of Leon— Sex on Fire

Passenger— Let Her Go

Ani DiFranco— Sorry I Am

Miley Cyrus— Wrecking Ball

Sara Bareilles— Gravity

The National— Slipped

Ani DiFranco— Letter to a John

Kodaline— All I Want

William Fitzsimmons featuring Rosi Golan— You Still Hurt Me

Katy Perry— Roar

One Republic— Counting Stars


Devo agradecer ao meu marido pela primeira vez. Sem ele, os meus livros
não seriam possíveis. Brian, obrigado pelo tempo, encorajamento e paciência
que você me deu neste livro e todos os outros. Por me enviar para o “escritório
satélite” para trabalhar, quando as crianças não iam me deixar em paz, por ouvir
minhas intermináveis preocupações fora do contexto do enredo e por provar dia
após dia que felizes para sempre existe fora da minha cabeça. Eu te amo e as
crianças ferozmente.

Meus amigos e família, que celebram os meus sucessos como os seus


próprios, alegrar-me em cada passo do caminho, e pimp meus livros para todos
os adultos alfabetizados eles se encontram. Sinto-me humilde por seu
entusiasmo e grato por ter construído uma vida rodeada de pessoas incríveis.

Para todos os que me forneceu feedback sobre e aplausos para a história


de William e Cally ao longo do caminho, especialmente Adrienne Hogan,
Marilyn Brant, Violet Duke, Megan Mulry, Annie Swanberg, e Lauren Blakely-
vocês são incríveis e eu tenho sorte de chamar vocês, minhas amigas.

Obrigada à equipe que me ajudou a embalar este livro e promovê-lo.


Sarah Hansen nas criações Ok projetando minha bela capa, e se eu tiver mais
pela frente, ela vai fazer muito, muito mais para mim. Rhonda Helms, obrigada
pelas edições de linha perspicazes, e Sara Biren em StubbyPencil edição para
leitura de prova. Uma enorme mensagem de saída para Jessica
EstepofInkSlinger PR pelo o seu trabalho incrível e incansável para promover a
mim e aos meus livros, e para todos os blogueiros e comentadores que ajudaram
a fazê-lo. Incrível. Cada um de vocês.

Para o meu agente, Dan Mandel para obter os meus livros nas mãos dos
leitores de todo o mundo – você está realizando os meus sonhos.

A todos os meus amigos no Twitter, Facebook, e meus vários loops de


escritor, obrigada por seu apoio e inspiração. Devo dizer, o nosso é o mais legal
refrigerador de água em toda a força de trabalho.

E por último, mas não menos importante, agradeço aos meus fãs. Para
aqueles que leram Unbreak Me e me enviaram uma nota pedindo para que
William conseguisse o seu felizes para sempre depois, sabendo que você queria
ler sua história, tanto quanto eu queria escrever, foi uma emoção. Agradeço a
cada um dos meus leitores. Eu não poderia fazer isso sem você e não gostaria.
Obrigada por comprar meus livros e dizendo a seus amigos sobre eles. Obrigada
por me pedir para escrever mais. Você é o melhor!

~ Lexi

Você também pode gostar