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Editorial
Um ataque coordenado contra a democracia
Maputo (Canalmoz) – Já estão dis- exaustivamente, aqui neste mes- titucional, caso a Comissão Nacio-
poníveis sete acórdãos do Conselho mo espaço, nas edições anteriores. nal de Eleições e os tribunais não
Constitucional, a julgar os recursos O Conselho Constitucional, em solucionem, quando chamados.
da Renamo e do Movimento Demo- acórdão, julgou improcedente e ne- Acontece porém que a maior par-
crático de Moçambique, interpostos gou provimento, o que equivale a re- te das anomalias que foram objecto
como impugnação contenciosa aos jeitar os recursos apresentados pela de recurso ao Conselho Constitucio-
resultados fraudulentos de sete mu- oposição nos municípios da Mato- nal aconteceram depois do encerra-
nicípios ou Conselhos Autárquicos. la, Moatize, Lichinga, Marromeu e mento do serviço das Mesas de vo-
Como é sabido, os dois partidos da Nhamayabwe. Todos foram liminar- tação, mais concretamente a nível
oposição protestam com elementos mente rejeitados com o fundamento de apuramento intermédio, onde
concretos contra a fraude pratica- extemporaneidade provado por ale- os funcionários do STAE e da CNE
da pelos órgãos eleitorais, nomea- gada não observação do princípio de a nível local trocaram os resultados,
damente, a Comissão Nacional de impugnação prévia. A impugnação quando estavam sozinhos, e isso
Eleições e o Secretariado Técnico da prévia é o chavão favorito atrás do está registado em actas que foram
Administração Eleitoral, nos muni- qual os tribunais moçambicanos se apresentadas aos tribunais e ao Con-
cípios da Matola (em Maputo), Tete, escudam para não conhecer ou jul- selho Constitucional. Mais grave, no
Moatize, Nhamayabwe (em Tete), gar casos graves de fraude eleitoral. caso de Marromeu o próprio juiz do
Monapo (em Nampula), Lichinga O princípio da impugnação está tribunal local escreveu em sentença
(em Niassa) e Marromeu (em Sofala). previsto na Lei de Base para Elei- que reconhecia que houve tumultos
Em todas estas autarquias, o parti- ção dos Membros da Assembleia com intervenção da Polícia, o que
do Frelimo perdeu as eleições, e as Autárquica e do respectivo presi- tornou impossível qualquer possibi-
provas são abundantes e do conhe- dente e preconiza que toda a ano- lidade de cumprimento do princípio
cimento dos órgãos eleitorais (auto- malia eleitoral deve ser apresenta- de impugnação prévia. Essas pala-
res materiais da fraude) e dos tribu- da e registada na Mesa de votação vras são do próprio juiz do tribunal,
nais (órgãos de recurso), incluindo em forma de reclamação. É essa ou seja, o juiz conheceu o caso e
o Conselho Constitucional. Não va- reclamação que deve evoluir até à toda a impossibilidade inerente a
mos ater-nos a questões particulares impugnação contenciosa em for- qualquer tetantiva de realização da
e de detalhe que já escalpelizámos ma de recurso ao Conselho Cons- impugnação prévia, mas, após ter
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reconhecido esses eventos, julgou pediente de manifesta infantilização quando disso se produzir desvan-
improcedente o recurso e justificou dos outros e uma gozação autêntica tagem para o partido Frelimo? Que
no mesmo acórdão que rejeitou o sobre a capacidade craniana colec- tipo de justiça estamos a construir?
recurso porque “faltou impugna- tiva, então andamos todos loucos. E o Ministério Público o que é
ção prévia”. Ora, se isto aqui não No caso de Moatize, em Tete, de- que faz, quando, em casos gri-
é brincar aos tribunais ou às demo- pois de contabilizados todos os edi- tantes como estes, estão reunidos
cracias de faz de conta, custa-nos tais que davam vitória à Renamo, todos os pressupostos legais para
arranjar outro nome para lhe atri- todos os vogais foram para casa. a sua actuação, sendo gravemen-
buir. Essa sentença a que aqui nos De madrugada, os vogais da Fre- te atingida a legalidade (que é sua
referimos foi entregue à Comissão limo regressaram e lavraram uma vocação defender sem necessaria-
Nacional de Eleições a nível central acta na ausência dos membros da mente depender de impulso pro-
e ao Conselho Constitucional no oposição a deliberar acções mani- cessual dos interessados particu-
expediente de recurso contencioso. festamente ilegais, como, por exem- lares)? Qual é o argumento que o
No caso da Matola, há três editais plo, o arrombamento do armazém Ministério Público pode apresentar
de apuramento, todos eles com re- onde estavam as urnas e os bole- para se eximir criminosamente das
sultados diferentes. Há um só edi- tins de voto, tal como deliberaram suas responsabilidades? Onde está
tal assinado por todos os vogais, uma suposta recontagem dos votos, aquela prontidão combativa que
incluindo os da oposição. Esse é o sozinhos. Isso está escrito em acta mostrou quando foi o caso de Ma-
verdadeiro. Os outros dois são fal- assinada pelos membros da Freli- nuel Tocova? Porque é que o Minis-
sos, mas assinados pelo presiden- mo, na posse do tribunal de Moa- tério Público é tão expedito quando
te da Comissão de Eleições local. tize e do Conselho Constitucional. se trata de cidadãos da oposição,
Foram elaborados clandestina e O “Canal de Moçambique” tem mesmo que seja em banalidades?
ilegalmente na ausência dos vo- cópia dessa acta. Ora, a lei deter- Poderão os tribunais moçambica-
gais da oposição e, por isso mes- mina que compete exclusivamente nos dizer aos cidadãos moçambica-
mo, não foram assinados por eles. à Comissão Nacional de Eleições nos o que lhes convier como meio de
Quando levados ao tribunal, o a nível central a recontagem dos autodefesa, quando são os próprios
tribunal da Matola invocou o prin- votos. Qualquer recontagem fei- tribunais a juntar-se aos malfeitores,
cípio da impugnação prévia, di- ta por órgão que não seja a CNE negando-lhes justiça? Não serão es-
zendo que tal devia ser impugnado a nível central é nula, por ilegiti- ses tipos de acções que legitimam
na Mesa. A questão é muito sim- midade ou incompetência, se qui- que os outros encontrem nas armas
ples: que Mesa, se o facto objecto sermos. Mas, em Moatize, e isso de fogo a sua única fonte de auto-
da controvérsia emergiu depois do está escrito em acta, os vogais da defesa? Em que devem os cidadãos
encerramento do serviço das Me- Frelimo arrombaram o armazém e, confiar, quando são atacados e vili-
sas? Vamos assumir que o tribunal sozinhos, recontaram os votos e, pendiados pelos próprios tribunais?
quis referir-se à Mesa onde ocorreu com base nessa tal recontagem ile- Posto isto, não resta mais nada
a falsificação. A questão repete-se: gal, atribuíram a vitória à Frelimo. mais nada aos partidos da oposi-
como, se os vogais da oposição Chegados aqui, cumpre-nos per- ção senão unirem-se para, de for-
nem sabem em que local os vogais guntar: afinal que tipo de rigor é ma legal, forçarem novas eleições
da Frelimo se reuniram para lavrar o esse que os tribunais moçambicanos nesses municípios, ou não toman-
edital falsificado? Esse edital foi fa- tanto aplicam num único sentido do posse, ou reprovando por duas
bricado quando os outros vogais, da apenas para favorecer o partido Fre- vezes os principais documentos
oposição, já haviam ido para casa, limo, obreiro e patrocinar da fraude de governação, para que os ór-
como estava acordado. Onde é que eleitoral? Por que é que o tribunal gãos sejam dissolvidos e sejam
deviam impugnar tal acto com na- da Moatize e o Conselho Constitu- convocadas novas eleições, nas
tureza prévia? Se isto não for um ex- cional não aplicam o mesmo rigor quais poderá haver mais escrutínio.
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Cabe agora à oposição dizer-nos urnas, cabe à Renamo e ao MDM tas da Renamo e do MDM que não
de que lado está. Na nossa modesta dignificarem a forma como os mo- são pela união de forças. Só uma
opinião, não há nenhuma zanga de çambicanos se mobilizaram para nova eleição nesses lugares pode
comadres entre a Renamo e o MDM votarem na mudança. A união entre salvar e animar os moçambicanos
que seja superior à necessidade da os dois partidos da oposição nunca que foram em massa às urnas. É a
defesa da democracia. Não há que- foi tão necessária quanto se afigura esses moçambicanos que a Rena-
zília superior que esteja acima dos agora. Investir em quezílias desne- mo e o MDM devem respeitar, an-
moçambicanos e à sua vontade de cessárias colocando em causa em tes de qualquer parvoíce em nome
experimentar a mudança. Os mo- causa um bem maior parece-nos de vingançazinhas sem nexo. (Ca-
çambicanos fizeram a sua parte nas infantil. Há que isolar os extremis- nal de Moçambique / Canalmoz)
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“Somos um dos maiores contri- do mundo e acrescentou que a “Sa- tos na indústria dos hidrocarbonetos.
buintes fiscais de Moçambique. sol” funciona em trinta e três países Esta licença é consequência do
Somos responsáveis pelas ope- e já existe no mercado há trinta anos. êxito da “Sasol” na proposta fei-
rações de satélite, medimos de ta durante a quinta ronda de licita-
Temane a Secunda”, declarou. Hidrocarbonetos ção de Moçambique, realizada em
Disse também que a ideia é tornar A Empresa Nacional de Hidrocarbo- 2015. A “Sasol” associou-se à em-
o “pipeline” um dos melhores forne- netos e a “Sasol” assinaram uma par- presa petrolífera estatal ENH (30%);
cedores de serviços sem interrupção ceria para o aumento de investimen- “Sasol” (70%). (Cláudio Saúte)
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