Professora: Neusa Maria Branco Barbeiro disciplina: Sociologia das Religiões Aluno: Diêmersom Bento de Araújo turma: 4º Teologia
OLIVEIRA, Irene Dias de. Religião e as teias do multiculturalismo. São Paulo: Fonte Editorial, 2015, p. 37-59 (2 – O prisma multicultural e a religião).
A religião exerce um papel complexo no âmbito dos estados-nações. Desta forma, ao
lançar a religião numa esfera privada os estados necessitam preencher a lacuna deixada, assim constrói-se o que se pode chamar de “quase religião”. Neste sentido, mesmo vivendo de modo secular, como é em alguns estados-nações, eles estão em sua cultura civil permeada por rituais e referências religiosas. Nisto se vê o que se chama de “religião civil”. Sendo assim, emerge um problema da relação entre religião e estado-nação, em que este não é neutro no que diz respeito à religião. Os estados se secularizam afastando as igrejas e as minorias religiosas do espaço público, mas preenchem o vazio com as próprias ideias religiosas sobre a nacionalidade. Mesmo tendo substituído a religião das comunidades por uma “religião civil”, as pessoas continuam tendo suas religiões. Isto provoca no debate multicultural grandes questionamentos e discussões. Isto faz perceber que a etnicidade e a religião são identidades que reivindicam direitos que se contrapõem à lógica de um estado que se diz soberano e que defende a homogeneidade da nação e de seu povo. Deste modo, em muitos casos, as fronteiras entre religião, identidade étnica e estado- nação se aproximam, se distanciam, em outras se sobrepõem, são rígidas e em outras ainda podem ser porosas. Contudo, a religião é uma dimensão importante da cultura. Ela constitui um sistema simbólico, principal instrumento na formação do mundo cultural, e possui sua específica estruturação, suas regras de combinação e de uso, organizando a realidade de um modo diferente de outra. Assim, a religião modela a ordem social tal como faz o ambiente, o poder político, a arte, a estética, o poder jurídico. As condutas culturais são constantemente elaboradas e reelaboradas. Isso mostra que há produções politicas, religiosas e sociais que sofrem constantemente novas simbolizações e novas práticas sociais.