O anacronismo é um equívoco a ser evitado na historiografia ou todas as
questões atuais": o anacronismo no
interpretações do passado são, em alguma medida, anacrônicas? Está é a
Platão de Bruno Latour.
questão que guiará a minha comunicação, ao analisar a leitura realizada por Bruno Latour da Alegoria da Caverna platônica, Diogo Quirim presente no Livro VII da República. Doutorando do PPGH/UFRGS Em uma obra intitulada Políticas da Orientado pelo prof. Anderson Zalewski Vargas natureza: como fazer ciência na E-mail: diogoquirim@gmail.com democracia, publicada em 1999, Latour, conhecido nos debates da história, antropologia e sociologia das ciências, estabelece uma analogia entre os ambientes interior e exterior da caverna platônica e a arquitetura “No mito original, como se sabe, o Filósofo não chega, da modernidade, a qual, para ele, distingue o mundo comum em duas senão com as mais extremas dificuldades, a quebrar as câmaras distintas, a natureza e as cadeias que o prendiam ao mundo obscuro, e então, ao culturas. Entretanto, chama-nos a preço de experiências esgotantes, ele retorna à Caverna, atenção que Latour desenvolva a sua análise como se Platão estivesse e seus antigos colegas detentos dão morte ao portador interessado nas relações entre a de boas novas. Ao longo dos séculos, graças a Deus, a "ciência" e a "sociedade", e como se o sorte do Filósofo, que se torna Sábio, foi bastante filósofo que ascende da caverna para o mundo das ideias fosse correlato melhorada... Importantes orçamentos, vastos aos cientistas e aos intelectuais laboratórios, imensas empresas, possantes equipamentos, contemporâneos. Categorias como permitem aos pesquisadores, hoje, ir e vir com toda "ciência" e "sociedade", todavia, se consideradas como objeto de reflexão segurança do mundo social àquele das ideias, e destas à de um texto da Grécia do século IV Caverna obscura à qual eles vêm trazer a luz. A porta a.C., dificilmente poderiam ser utilizadas pelos historiadores sem estreita se tornou uma larga avenida. Em vinte e cinco amplas aspas. Até mesmo o termo séculos, entretanto, uma única coisa não mudou um iota: "filósofo", usualmente empregado a dupla ruptura que a forma do mito, incessantemente para definir Platão como intelectual, não está isento de polissemias e de repisado, consegue manter sempre tão radical. Este é o policronias; afinal, a sua filosofia obstáculo que precisamos levantar, se desejarmos mudar pouco tem a ver com academias, os próprios termos pelos quais se define a vida política.” departamentos, pappers e bancas, como a disciplina contemporânea. É possível se relacionar, com isso, na LATOUR, Bruno. Políticas da natureza: como fazer história intelectual, com a alteridade ciência na democracia. Traduzido por Gilson César do passado sem dispersá-la em nossas categorias contemporâneas? Movido Cardoso de Souza. Bauru: Edusc, 2004. p. 28-29. por tais inquietações, analisarei a presença de anacronias em Bruno Latour a partir de reflexões de Jacques Rancière, Dominick LaCapra e Mark Bevir, traçando algumas Bruno Latour nasceu em 1947 na cidade de Beaune, ressalvas às abordagens na França. Desde 2006, é professor na Science Po, em contextualistas de Quentin Skinner e Paris. De 1982 a 2006, lecionou no Centre de John Pocock. Mais do que buscar Sociologie de l’Innovacion na École Nationale uma purificação cronológica em Supérieure des Mines, também conhecida como nossas escritas historiográficas, a Mines ParisTech. Possui uma vasta obra, bastante lida proposta é que, então, debatamos: o entre antropólogos, sociólogos e historiadores da que fazer com as nossas inevitáveis ciência. É autor de livros como Jamais fomos polissemias policrônicas? Qual é o modernos, A esperança de Pandora, Políticas da papel destas policronias na natureza e Reagregando o social. emergência de novas abordagens a partir da tradição?
QUIRIM, Diogo - "Recontar As Coisas Antigas Com Novidade e As Novas de Uma Forma Antiga". O Kairós Na Philosophía de Isócrates: Filosofia Grega e Historiografia Contemporânea