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CUIDADOS COM A SAÚDE


DA MULHER
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3 UNIDADE 1 - Introdução
5 UNIDADE 2 - Assistência à Adolescência
6 2.1 Modificações do organismo feminino

6 2.2 Desenvolvimento psicossocial

6 2.3 Exame ginecológico

7 2.4 Consulta de enfermagem

10 UNIDADE 3 - Aconselhamento Genético


12 3.1 Aconselhamento Genético em Obstetrícia

SUMÁRIO
14 3.2 O papel do enfermeiro no aconselhamento genético

16 UNIDADE 4 - Planejamento Familiar e Contracepção


16 4.1 Planejamento familiar

17 4.2 Evolução dos métodos anticoncepcionais

19 4.3 Os métodos contraceptivos atuais

22 4.4 A consulta de Enfermagem


25 UNIDADE 5 - Infertilidade e Fertilização
25 5.1 Causas da infertilidade feminina e masculina

26 5.2 Classificação dos fatores de infertilidade

27 5.3 Métodos e Técnicas de fertilização e reprodução

29 5.4 A conduta da enfermagem

33 UNIDADE 6 - Abortamento
33 6.1 Definição, incidência e fatores predisponentes ao aborto

33 6.2 Diagnóstico e classificação das manifestações clínicas de abortamento

33 6.3 Complicações

34 6.4 Métodos para abortamento

34 6.5 Condutas de Enfermagem

37 UNIDADE 7 - Climatério e Menopausa


38 7.1 Fisiologia do climatério

39 7.2 Aspectos psicossociais

40 7.3 Sintomas e exames

41 7.4 Consulta de Enfermagem

45 REFERÊNCIAS
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UNIDADE 1 - Introdução

Da puberdade à velhice, a mulher merece de a objetos ou elementos como estátuas e


e precisa de atenção e cuidados específicos animais. Caldeus e assírios acreditavam na
em cada uma dessas etapas de vida. importância da influência dos astros sobre a
fertilidade. Já os judeus consideravam a falta
Começaremos o módulo discorrendo so-
de filhos como um castigo de Deus. Para os
bre a assistência à adolescência, quando
aborígenes, a infertilidade era uma maldição
veremos as modificações do organismo, o
relacionada à fúria dos antepassados, das
desenvolvimento psicossocial, o exame gi-
bruxas e deuses. Além desses, há relatos de
necológico e os procedimentos da consulta
crenças praticadas pelos povos da Nigéria do
de enfermagem.
Norte, África e persas!
A terceira unidade foi dedicada ao acon-
Na unidade seis, voltamos nossas aten-
selhamento genético que ainda é área nova
ções para as questões que envolvem o
para muitos profissionais, mas nela reside a
aborto: definições, incidência, fatores pre-
possibilidade de diagnosticar e muitas vezes
disponentes, diagnóstico e classificação
prevenir doenças que vem de herança gené-
das manifestações clínicas de abortamento,
tica. Os estudos dos geneticistas oferecem
complicações, métodos e condutas de enfer-
avanços em diagnóstico, prevenção e trata-
magem.
mento de enfermidades genéticas, permi-
tindo muitas vezes reduzir o sofrimento e as Chegando ao final do módulo, veremos o
mortes produzidas por esses estados pato- climatério e menopausa. O estudo do clima-
lógicos. tério feminino é tema de interesse e pesqui-
sa mundial. Nas três últimas décadas, o Brasil
Planejamento familiar e contracepção são
tem dado especial atenção a essa fase da
os temas da unidade quatro, momento de re-
vida da mulher, principalmente pelo aumen-
fletir sobre esses conteúdos e mais uma vez
to cada vez maior da expectativa de vida,
sobre a conduta de enfermagem para essas
visando à melhor qualidade de vida (PINELLI;
situações.
SOARES, 2009).
Causas da infertilidade, classificação dos
Sua fisiologia, aspectos psicossociais, sin-
fatores, métodos e técnicas de fertilização e
tomas e exames e para finalizar as condutas
reprodução e aqui também a conduta de en-
de enfermagem também serão revistas nes-
fermagem serão os temas da unidade cinco.
sa unidade.
Como lembram Barros, Graner e Faria
Ressaltamos em primeiro lugar que embo-
(2009), uma das maiores preocupações em
ra a escrita acadêmica tenha como premissa
todos os povos e tempos foi conseguir meios
ser científica, baseada em normas e padrões
de corrigir a infertilidade conjugal. Os primei-
da academia, fugiremos um pouco às regras
ros relatos sobre a fertilidade e a infertilida-
para nos aproximarmos de vocês e para que
de datam de 1.100 anos a.C.
os temas abordados cheguem de maneira
Nos tempos primitivos havia rituais de clara e objetiva, mas não menos científicos.
fecundidade onde vinculavam a maternida- Em segundo lugar, deixamos claro que este
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módulo é uma compilação das ideias de vá-


rios autores, incluindo aqueles que conside-
ramos clássicos, não se tratando, portanto,
de uma redação original e tendo em vista o
caráter didático da obra, não serão expres-
sas opiniões pessoais.

Ao final do módulo, além da lista de refe-


rências básicas, encontram-se outras que
foram ora utilizadas, ora somente consulta-
das, mas que, de todo modo, podem servir
para sanar lacunas que por ventura venham
a surgir ao longo dos estudos.
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UNIDADE 2 - Assistência à Adolescência

A palavra adolescência vem de adoles- indivíduos.


cere do Latim e significa crescer, engros-
Observa-se também uma antecipação
sar, tornar-se maior, atingir a maioridade.
do início da puberdade e da menarca. Esse
A adolescência é um período de transi- fenômeno é considerado por alguns auto-
ção entre a infância e a idade adulta. A Or- res como resultante da melhoria das con-
ganização Mundial de Saúde (OMS, 1985) dições gerais de vida e de saúde, principal-
considera adolescente o indivíduo que se mente no que se refere à nutrição.
encontra na idade dos 10 aos 20 anos. En-
Fisiopatologicamente, a puberdade fe-
tretanto, a idade cronológica não é precisa
minina pode ser classificada em precoce,
para se definir os seus limites, pois este
quando ocorre antes dos 9 anos e tardia,
período é marcado por grandes transfor-
quando acontece após os 16 anos.
mações gerais do organismo, transforma-
ções locais do aparelho genital, além de Didaticamente, a adolescência pode ser
transformações psíquicas. Esta fase e seu dividida em estágios: inicial ou precoce,
início sofrem influências do clima, do sexo, média e tardia (OPS, 1992; NICHOLS e PO-
da hereditariedade, da cultura e de outros DGURSKI, 1997, LEAL e SAITO, 2001, et al.
fatores (CARVALHO; MERIGHI, 2004). apud CARVALHO; MERIGHI, 2004):
A puberdade, por sua vez, define o com- adolescência inicial ou precoce: de 11
ponente biológico das transformações a 13 anos;
características da adolescência. O termo
adolescência média: de 14 a 16 anos;
puberdade origina-se do Latim pubertas
(idade fértil), caracterizando o período no adolescência tardia: de 17 a 19 anos.
qual adquirimos a capacidade de nos repro-
duzir. A puberdade é, portanto, uma parte Como já dito, a idade cronológica, entre-
da adolescência que se evidencia pelo apa- tanto, não é precisa para se definir os limi-
recimento dos caracteres sexuais secun- tes da adolescência, a qual é também mais
dários até o completo desenvolvimento fí- que um fato biológico. Pode-se dizer que
sico, parada do crescimento e aquisição da ela tem um início biológico e uma resolução
capacidade de reprodução. psicossociocultural. Esta resolução pode
ser caracterizada por:
A puberdade e a adolescência iniciam-se
no mesmo período, porém, a adolescência separação e independência dos pais;
prolonga-se após o término da puberdade. estabelecimento da identidade sexu-
Tem-se observado, a partir do século al;
XIX, uma aceleração do crescimento e ma- aceitação do trabalho;
turação biológica, caracterizado por um
aumento progressivo da estatura de crian- elaboração de um sistema de valores
ças, adolescentes e da estatura final dos éticos;
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capacidade de manter relações dura- com a sua morte.


douras;
É talvez, na fase de adolescência que o
retorno aos pais numa nova relação indivíduo mais exercita esta capacidade,
fundamentada numa igualdade relativa pois nessa fase, ele precisa criar sua pró-
(CARVALHO; MERIGHI, 2004). pria identidade.

Para isso, há necessidade de elabora-


2.1 Modificações do orga- ção pelos adolescentes e pelos seus pais,
nismo feminino de três perdas ou lutos que são (KNOBEL,
Desenvolvimento do tronco. 1999):
Deposição de gordura nos quadris e a) Perda do corpo infantil: trata-se
tórax. da aceitação das transformações corporais
Desenvolvimento das mamas e hiper- que geralmente são vividas com muita an-
pigmentação das aréolas e proeminência siedade. É na adolescência que há uma de-
dos mamilos. finição sexual em nível psicológico. A mas-
Surgimento dos pelos pubianos e axi- turbação é intensa nesta fase e tem um
lares. sentido exploratório do corpo e é uma pre-
Alargamento da bacia. paração para a atividade sexual do adulto.

Acontecimento da menarca. b) Perda dos pais na infância: nesta


Mudança de entonação da voz. fase, o ajuste mais importante é a passa-
Desenvolvimento do ovário e matura- gem de dependência da criança para in-
ção folicular. dependência do adulto. O crescimento,
maturação e responsabilidade desejados,
Modificações do útero e tubas uteri-
tanto pelos filhos como pelos pais são vivi-
nas.
dos pelos adolescentes com agressividade
Transformações no tecido de revesti- e culpa com avanços e recuos. Os pais que
mento da vagina. foram idealizados na infância podem ser
Desenvolvimento das formações la- alvos de muitas críticas e surge a necessi-
biais. dade de identificação com figuras fora do
Fechamento da rima vulvar. âmbito familiar.
Crescimento discreto do clitóris. c) Perda da identidade e do papel in-
Alterações endócrinas. fantil: para desenhar sua própria identida-
Alterações emocionais. de, o adolescente passa por uma confusão
de papéis, vivendo diferentes identidades,
2.2 Desenvolvimento psi- transitórias, ocasionais ou circunstanciais.
Este não é mais criança, mas também não
cossocial é adulto.
O indivíduo tem uma capacidade ines-
gotável para desenvolver-se psicosso- 2.3 Exame ginecológico
cialmente. Esta capacidade inicia-se com
Numa abordagem promocional, a con-
o nascimento e teoricamente só termina
sulta a adolescentes deve levar em conta
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os vários processos de vulnerabilidade, dismenorreia;


necessidades e agravos a que estes estão algia pélvica;
sujeitos: processos infecciosos, alterações queixas relacionadas ao desenvol-
nutricionais, distúrbios da autoimagem, vimento mamário (CARVALHO; MERIGHI,
DST, AIDS, uso de drogas psicoativas, gra- 2004).
videz precoce e/ou indesejada, entre ou-
tros (MANDÚ; PAIVA, 2001 apud CARVA-
2.4 Consulta de enferma-
LHO; MERIGHI, 2004).
gem
A maioria dos adolescentes é basica-
Médicos e enfermeiros devem aprovei-
mente sadia. Eles procuram menos os pro-
tar a consulta ginecológica ou outra opor-
fissionais de saúde do que outros grupos
tunidade profissional para se realizar a
etários. Mas pode haver anomalias do de-
educação para a saúde, discutindo com os
senvolvimento e desajuste emocional nes-
adolescentes assuntos como: anticoncep-
ta faixa etária.
ção/atividade sexual/gravidez/desenvol-
Geralmente, as adolescentes precisam vimento físico.
de tratamento para pequenas queixas e
A verdade é que os adolescentes ge-
orientação em relação à saúde geral e edu-
ralmente conhecem, pelo menos superfi-
cação sexual incluindo orientação anticon-
cialmente os métodos anticoncepcionais.
cepcional.
Entretanto, usam-nos de maneira incor-
Não há necessidade de se procurar as- reta e/ou descontinuada, talvez por falta
sistência médica apenas porque a menina de orientação ou pelo caráter esporádico
tornou-se adolescente. O exame ginecoló- das suas relações sexuais. Os métodos an-
gico só está indicado quando houver uma ticoncepcionais mais indicados para essa
queixa específica ou quando: faixa etária são:

completar 18 anos; os métodos de barreira como a cami-


for sexualmente ativa; sinha masculina e feminina e o diafragma;
na presença de uma leucorreia; anticoncepcionais hormonais com-
houver suspeita de DST; binados, desde que seja prescrita após 2
anos de ciclos regulares e respeitadas as
houver suspeita de gravidez;
suas contraindicações;
houver sangramento anormal;
os métodos naturais também pode-
houver puberdade anormal; riam ser indicados respeitando as contrain-
houver abuso sexual; dicações e após completa compreensão do
houver dor abdominal ou pélvica. uso do método e sob supervisão profissio-
nal;
São queixas ginecológicas mais co-
o DIU poderá ser utilizado por adoles-
muns:
centes que já tiveram um filho.
distúrbios menstruais;
Em relação à atividade sexual, esta tem
corrimento vaginal; o início médio em torno dos 16 anos e cer-
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ca de 1/5 das meninas e 1/3 dos meninos e características familiares e pessoais de


já tiveram pelo menos um coito até os 15 alimentação com obesidade, anorexia, bu-
anos. O primeiro coito é denominado, coi- limia, entre outras.
tarca. Geralmente as relações sexuais são
Outros fatores que devem ser conside-
esporádicas e imprevisíveis.
rados para que se preste uma assistência
A gravidez na adolescência é ainda um de qualidade aos adolescentes, principal-
grave problema, embora de 5 a 10% delas mente para aqueles que se predispõem a
fiquem grávidas, frequentemente os ado- ter relações sexuais precoces, seriam:
lescentes não vinculam a prática sexual
menarca precoce;
com a possibilidade de gravidez. Deve-se
reforçar aos adolescentes a necessidade fracasso escolar;
de proteção contra uma gravidez indeseja- conflito ou separação dos pais;
da ou uma doença sexualmente transmis- doença prolongada ou morte na famí-
sível. lia;
Quanto ao desenvolvimento físico, ge- relação tensa com os pais (CARVALHO;
ralmente os adolescentes são desinfor- MERIGHI, 2004).
mados a respeito do seu próprio corpo e da Guarde...
anatomia dos aparelhos reprodutores, ne-
cessitando de informações quanto ao de- A abordagem do adolescente deve
senvolvimento físico para evitar ansiedade ser clara, franca, adequada, evitando indu-
e conflitos. ções, juízos de valor, reprovações, imposi-
ções, práticas discriminatórias, que gerem
Os interesses e preocupações mais desigualdades ou tratamento de forma
comuns são relacionados com: infantilizada. Deve ser permeada pelo res-
o crescimento dos pelos; peito e confiança, favorecendo um diálogo
aberto e fundamentado sobre questões
o desenvolvimento mamário;
de saúde.
a menstruação;
o tamanho do pênis; Cabe aos enfermeiros, independente
da razão pela qual o adolescente procure
a polução noturna;
o serviço, oportunizar um momento para a
a masturbação e suas consequências; detecção, reflexão e auxílio às suas neces-
a gravidez; sidades. Portanto, a privacidade e o aco-
a DST (a frequência de DST é bem lhimento desse jovem são essenciais para
maior nos adolescentes e pessoas jovens); que ele se sinta confiante, valorizado e à
as drogas; vontade.
a higiene corporal; Ao realizar a consulta de enferma-
a atividade esportiva; gem, os enfermeiros devem contemplar
outras. os processos socioculturais, familiares e
comportamentais que possam gerar vul-
Padrão alimentar também deverá ser in- nerabilidades ou que sejam promotores
vestigado buscando-se relacionar hábitos de potenciais para o enfrentamento de
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problemas visando promoção da saúde,


prevenção de agravos, monitoramento e
reabilitação.

A Consulta de Enfermagem é um ins-


trumento relevante para o enfermeiro,
pois poderá potencializar a formação de
autonomia, além de contribuir para uma
assistência sistematizada com mais qua-
lidade a partir de processos de interação,
investigação, diagnóstico, intervenção,
medidas educativas e de articulação para
apoios necessários.

A Consulta de Enfermagem consti-


tui-se num momento de expressão/ cap-
tação de necessidades e de resolução de
problemas, contemplando a participação
ativa dos sujeitos. Essas ações requerem
do profissional além da competência téc-
nica, sensibilidade para compreender o ser
humano e o seu modo de vida e habilidade
de comunicação, baseada na escuta e na
ação. É também, momento de integração
e articulação com outros saberes, conside-
rando outros profissionais, setores e equi-
pamentos de apoio (MARTINS; ALBUQUER-
QUE; CUBAS, 2012).
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UNIDADE 3 - Aconselhamento Genético

Falar em Aconselhamento Genético O Projeto Genoma Humano possibilitou


(AG) nos faz lembrar quase que de imedia- a transmissão de informação e tecnologia
to do Projeto Genoma Humano, uma ini- genética em escala mundial numa propor-
ciativa audaciosa criada na pesquisa bio- ção até a pouco tempo sequer imaginada.
médica, em 1990, a nível mundial, tendo As doenças genéticas, historicamente
como objetivo mapear e sequenciar todo consideradas raras, passaram a ganhar
o material genético de humanos e de al- importância com o desenvolvimento bio-
guns outros organismos geneticamente tecnológico dessa área, tornando-se evi-
importantes. dente a necessidade de um contínuo e
crescente conhecimento sobre as contri-
A iniciativa partiu do National Institu-
buições da genética para a saúde e na gê-
tes of Health (NIH) dos Estados Unidos e
nese das doenças.
centenas de laboratórios de todo o mun-
do se uniram à tarefa de sequenciar, um a E desde então, a genética passou a as-
um, os genes que codificam as proteínas sumir lugar de destaque no cotidiano das
do corpo humano e também aquelas se- pessoas, com um grau de envolvimen-
quências de DNA que não são genes. La- to sem precedentes quando compara-
boratórios de países em desenvolvimento do a outras áreas científicas (ABRAHÃO,
também participaram do empreendimen- 2009).
to com o objetivo de formar mão de obra
Esses importantes avanços em diag-
qualificada em genômica.
nóstico, prevenção e tratamento das en-
Isso queria dizer determinar a sequ- fermidades genéticas permitem, portan-
ência completa dos 3 bilhões de pares de to, aliviar apreciavelmente o sofrimento
nucleotídeos no DNA do genoma humano e as mortes produzidas por esses estados
e encontrar todos os genes dentro dela. patológicos.
Uma tarefa assustadora! Comparável a
Paralelamente ao desenvolvimento da
decifrar cada letra individual de 1 mm de
genética, devemos ressaltar que, com a
largura ao longo de uma faixa de texto de
redução das enfermidades infecciosas e
3.000 km de comprimento. Como mais de
nutricionais nos países desenvolvidos, as
90% do DNA não fazem parte dos genes,
anomalias congênitas (sejam de origem
são realizadas outras abordagens dirigi-
genética ou não) vêm se situando entre as
das aos genes expressos (ativos).
primeiras causas de morbidade e mortali-
Pois bem, em 14 de abril de 2003, um dade infantis, e essa tendência se obser-
comunicado de imprensa conjunto1 anun- va em diversos países da América Latina e
ciou que o projeto fora concluído com su- no Caribe. Consequentemente, as anoma-
cesso, com a sequenciação ou sequencia- lias congênitas (AC) estão adquirindo um
mento de 99% do genoma humano com papel cada vez mais relevante entre os
uma precisão de 99,99%.
1- http://www.genoscope.cns.fr/externe/English/Actualites/
Presse/HGP/HGP_press_release-140403.pdf
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problemas de saúde, o que pode ser cons- mado somente em termos de cifras de
tatado no relatório da Organização Pan-A- frequência e contribuição quantitativa da
mericana da Saúde (OPAS), já em 1984. morbidade e mortalidade. A realidade é
muito mais complexa; uma vez que essas
Sob o ponto de vista etiológico, as AC
doenças são de natureza crônica, podem
representam um grupo muito heterogê-
afetar muitos órgãos e sistemas e os mé-
neo de alterações do desenvolvimento
todos terapêuticos disponíveis são caros
embriofetal onde, cerca de 60% das ve-
e pouco acessíveis. Além disso, as crian-
zes, o fator causal ainda não está definido
ças afetadas são mais suscetíveis aos
(RABELLO-GAY; RODRIGUES; MONTELEO-
agressores ambientais, como infecção e
NE-NETO, 1991).
desnutrição, que as não-afetadas.
Sob análise global, os defeitos congê-
Por outro lado, o caráter hereditário
nitos afetam cerca de 5% dos nascidos
das doenças genéticas predispõe uma fa-
vivos, sendo responsáveis por 20% da
mília em particular a possuir mais de um
mortalidade neonatal e 30 a 50% da mor-
filho afetado.
talidade perinatal nos países desenvolvi-
dos. Na América Latina, as informações As particularidades mencionadas de-
sobre defeitos congênitos são ainda frag- monstram o grande impacto dos defeitos
mentadas por deficiência na qualidade do congênitos na família e na sociedade, so-
diagnóstico e nas estatísticas de saúde, bretudo nas regiões com poucos recursos.
no entanto, dados provenientes de nume- Os problemas médicos, psicológicos e/ou
rosos estudos epidemiológicos locais e do econômicos, entre outros, que essa famí-
Estudo Colaborativo Latino-Americano de lia deve enfrentar são enormes.
Malformações Congênitas (ECLAMC) con-
É imprescindível, portanto, que todo
firmam que os defeitos congênitos ocor-
programa de saúde inclua estratégias de
rem na América Latina com frequências
prevenção primária, secundária e terciária
similares às observadas em outras regi-
voltadas para os defeitos congênitos.
ões do mundo (CASTRO et al., 2006).
A detecção de fatores de risco repro-
No Brasil, apesar da dificuldade na ob-
dutivos, genéticos ou não, deve fazer par-
tenção de dados epidemiológicos confi-
te da atenção primária de saúde, sendo
áveis em relação a doenças genéticas, é
seguida de assessoramento genético ao
óbvia a melhora dos indicadores de saú-
indivíduo e/ou à gestante sem, contudo,
de nas últimas décadas onde, no período
pretender interferir na autonomia repro-
de 1980 a 1997, as anomalias congênitas
dutiva do casal. O aconselhamento gené-
passaram de 6% para 12% como causa de
tico tem por objetivo fazer com que as de-
mortalidade infantil, segundo o Banco de
cisões reprodutivas estejam baseadas em
Dados do Sistema Único de Saúde (DATA-
informações claras e precisas e não em
SUS) (ABRAHÃO, 2009).
ideias errôneas (PENCHASZADEH, 1993
Outro dado relevante é que o impac- apud ABRAHÃO, 2009).
to das doenças genéticas e dos defeitos
A possibilidade do diagnóstico pré-na-
congênitos na saúde não pode ser esti-
tal por meio da obtenção de amostras de
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material fetal, como as vilosidades coriô- Durante a gravidez, a mulher passa por
nicas, líquido amniótico, sangue ou pele, intensas mudanças, físicas, sociais e psi-
ampliou muito o estabelecimento de diag- cológicas e é diante desta fragilidade que
nóstico de aberrações cromossômicas, lhe é fornecido o anúncio de resultados de
bem como de doenças gênicas pela tec- testes pré-natais, os quais muitas vezes
nologia da citogenética e biologia mole- vão fornecer segurança e tranquilidade;
cular, respectivamente. Assim também o no entanto, em algumas situações trarão
desenvolvimento das técnicas de ultras- dúvidas, incertezas e temores resultantes
sonografia, ecocardiografia, dopplerflu- da suspeita ou do diagnóstico de anomalia
xometria, entre outras, permitiu o diag- fetal. Essas são situações que exigem da
nóstico acurado de malformações fetais mulher tomada de decisões para as quais
em fases precoces da gestação. nem sempre se sentem capacitadas sem
o auxílio de aconselhamento genético
Por conseguinte, o diagnóstico pré-na-
(QUAYLE, 1997).
tal veio possibilitar que a gestante de ris-
co elevado desenvolvesse uma gestação Assim sendo, o AG deve ser um proces-
sem o temor do nascimento de outro filho so contínuo em um serviço de medicina
afetado ou, ainda, o diagnóstico precoce fetal, tendo início na recepção do casal
de tal anomalia, sendo que algumas ano- e estendendo-se por todas as etapas do
malias, atualmente passíveis de trata- seu atendimento pré e pós-natal, sen-
mento, com diagnóstico ainda na fase in- do considerado de extrema importância,
trauterina. uma vez que, para cada etapa do aten-
dimento da gestante, seja a escolha de
O aconselhamento genético e o diag-
exames para o diagnóstico pré-natal, a
nóstico pré-natal são recursos que se ofe-
comunicação de resultados e de possibi-
recem às gestantes consideradas de risco
lidades de tratamento intrauterino ou as
para gerarem prole portadora de AC, que
limitações desses métodos, exige a parti-
decidem voluntariamente aceitá-los ou
cipação ativa e consciente do casal, o que
não e está presente no Brasil há 20 anos,
não é facilmente obtido, por estarem em
por meio do serviço público (PENCHASZA-
jogo não só aspectos racionais, mas tam-
DEH, 1993 apud ABRAHÃO, 2009).
bém sentimentais, éticos, religiosos e
legais. Essa importância e complexidade
3.1 Aconselhamento Gené- foram evidenciadas por vários estudos e
tico em Obstetrícia é devido a este grau de complexidade que
Com o desenvolvimento do diagnóstico as atividades de aconselhamento gené-
pré-natal, as atividades de AG foram apri- tico devem ocorrer de forma integrada à
moradas, deixando de ser fundamenta- equipe multiprofissional que presta assis-
das somente em riscos de probabilidade tência a esta grávida e/ou a este casal, as-
estatística de ocorrência ou recorrência pecto este fundamental para o estabele-
de determinada anomalia, passando a cimento da sua eficiência (EPSTEIN, 1975;
prever com exatidão a presença ou não KESLLER, 1989 apud ABRAHÃO, 2009).
da anomalia congênita em questão (HIRS- O conselheiro deve expor de forma cla-
CHHORN, 1982 apud ABRAHÃO, 2009).
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ra e precisa todos os fatos detectados, a antecedentes pessoais, serão pesquisa-


fim de que o casal possa tomá-los como dos todos os dados referentes a doenças
base para sua própria decisão. O sucesso clínicas, hábitos, vícios, exposição ocupa-
desse aconselhamento depende muito do cional a agressores ambientais. Com rela-
grau de compreensão do consulente e da ção aos antecedentes familiares, damos
adequação das orientações para, assim, maior enfoque na ocorrência de anomalias
permitir uma decisão reprodutiva cons- congênitas na família, casamentos con-
ciente do casal. sanguíneos e usamos esses dados para a
construção do heredograma da família.
Segundo Abrahão (2009), a eficácia do
aconselhamento genético consiste, acima Concluída a coleta de dados, passamos
de tudo, em um relacionamento de em- a analisá-los para estabelecer os fatores
patia entre o conselheiro e o consulente, de risco encontrados.
portanto, antes de iniciar qualquer pro-
A quarta etapa consiste em explicar to-
cesso formal de coleta de dados, torna-
dos os fatores encontrados. Nessa etapa,
-se necessário a realização de um correto
é extremamente importante que as expli-
acolhimento do casal, deixando-o à von-
cações sejam realizadas de forma que o
tade e não demonstrando pressa.
consulente possa entender. Termos téc-
É muito importante, principalmente em nicos devem ser evitados quando o grau
um serviço público, explicar para o consu- de instrução do consulente não permite
lente por que ele está sendo atendido e sua compreensão, no entanto, não de-
no que consiste a consulta de aconselha- vemos utilizar terminologia simbólica e
mento genético, independentemente da simplificada quando o consulente possui
especialidade a que se destina tal atendi- condições de entender termos técnicos.
mento, seja em medicina fetal, pediatria, Não estar atento a uma dessas situações
oncologia, entre outras. poderá comprometer todo o processo do
aconselhamento.
Para o consulente, é muito importante
o estabelecimento de um vínculo de con- A etapa seguinte consiste na apresen-
fiança no serviço em que ele será atendido tação dos exames necessários para o es-
por um período, muitas vezes, prolongado tabelecimento de um diagnóstico, seus
e, acima de tudo, envolvendo informações riscos e limitações. Nessa ocasião, deve-
que irão influenciar muito seus aspectos mos mostrar todas as opções diagnós-
emocionais, sociais, econômicos, entre ticas disponíveis, no entanto, mais uma
outros. O conselheiro deverá se esforçar vez ressaltamos que caberá aos consu-
para ser esse vínculo do qual o paciente lentes aceitá-los ou não, por esse motivo
necessita, pois, assim, ele garantirá que é necessário que nos certifiquemos do
todos os seus questionamentos serão real entendimento das informações for-
respondidos. necidas. Essa situação é particularmente
frequente no atendimento à gestante de
Uma segunda etapa é a coleta de da-
risco, pois os exames que necessitam de
dos do paciente, de seus antecedentes
coleta de material fetal demandam riscos
pessoais e familiares. Com relação aos
que, por menores que sejam, trazem an-
14

siedade e fortes dúvidas em aceitá-los ou co


não.
O aconselhamento genético constitui-
O conselheiro deve ser sensível e per- -se atualmente em um processo bastante
ceber quando os consulentes não têm complexo, exigindo que o conselheiro seja
certeza de sua decisão; nesses casos não um profissional dotado de profundos co-
pode haver pressa, é melhor dar-lhes tem- nhecimentos dos princípios de genética,
po para sedimentarem as informações das doenças de origem genética e dismor-
e tirarem suas dúvidas, agendando uma fologia, além de muito tato, bom senso e
nova consulta. disponibilidade para ensinar. Sua atuação
deve ser interligada a uma equipe multi-
Toda vez que um paciente ou casal opta
profissional para que a assistência seja
por se submeter à coleta de exames para
completa.
estudos genéticos, deverão assinar um
termo de consentimento informado, no Em relação ao enfermeiro, apesar da
qual deve constar toda a orientação for- preocupação com os conteúdos de ge-
necida sobre riscos e limitações deste. nética em sua formação datar de 1962,
ainda hoje, nos Estados Unidos, reconhe-
Por ocasião do recebimento dos re-
ce-se que tais conteúdos desenvolvidos
sultados dos exames solicitados, os con-
durante a graduação ainda são insufi-
sulentes devem retomar ao AG para que
cientes, contudo, já se pode observar o
possamos explicar-lhes os diagnósticos e
surgimento de uma nova especialização
tirar-lhes qualquer dúvida que possa sur-
que vem englobando diversos programas
gir.
educacionais em genética, desenvolvidos
Cabe ao conselheiro estar sempre dis- por profissionais de diferentes áreas de
ponível em qualquer etapa do atendimen- atuação devido à sua abrangência de apli-
to clínico para que, a qualquer momen- cação, entre eles, os enfermeiros. Além
to, o consulente sinta-se à vontade para disso, é notório o trabalho executado por
procurá-lo com o intuito de sanar dúvidas enfermeiros em diversos países, entre os
que possam surgir. O acompanhamento quais podemos incluir o Brasil, como edu-
pós-natal é fundamental para a manuten- cadores em saúde, atividade muito pre-
ção do vínculo estabelecido entre o con- sente durante toda a sua formação pro-
selheiro e o consulente durante todo o fissional (ABRAHÃO, 2009).
período pré-natal, sendo também um mo-
Assim sendo, seguindo o modelo ame-
mento importante de complementação
ricano, Abrahão salienta que estamos
de orientações e, em alguns casos, confir-
acompanhando o desenvolvimento desta
mação diagnóstica com orientações pre-
área com o enfermeiro educador em ge-
concepcionais e de planejamento familiar
nética, atuando em diferentes especiali-
(ABRAHÃO, 2009).
dades como já afirmado anteriormente,
não lhe cabendo o estabelecimento de
3.2 O papel do enfermeiro diagnóstico clínico, mas sim toda a ativi-
no aconselhamento genéti- dade de aconselhamento genético, que
se constitui em um processo basicamente
15

psicoeducativo.

No que diz respeito às bases legais


para a atuação do enfermeiro como con-
selheiro genético, o Conselho Regional
de Enfermagem do Estado de São Paulo,
posicionou-se favoravelmente em 03 de
outubro de 2001, com o parecer de que
o enfermeiro, desde que tenha treina-
mento específico na área, pode atuar na
função de conselheiro genético (EVERS-
-KIEBOAMS; VAN DENBERGHE, 1979 apud
ABRAHÃO, 2009).

Seguindo o que está determinado pela


lei do exercício profissional, observa-se
que o enfermeiro é um profissional mui-
to adequado para atuar como conselheiro
devido a sua formação acadêmica, uma
vez que esta tem enfoque tanto em ciên-
cias humanas quanto em biológicas, que
lhe dão embasamento teórico-prático su-
ficiente para ministrar atenção holística
e assistência integral aplicadas à genéti-
ca (EVERS-KIEBOAMS; VAN DENBERGHE,
1979 apud ABRAHÃO, 2009).
16
UNIDADE 4 - Planejamento Familiar e
Contracepção
No ano de 1984, quando o Ministério da miliar, incluindo a distribuição nos centros
Saúde elaborou o Programa de Assistên- comunitários e nas Unidades de Saúde da
cia Integral à Saúde da Mulher (PAlSM), ele Família de material educativo com infor-
inclui o planejamento familiar entre suas mações sobre as diversas maneiras de se
ações, tornando-se um direito legal do evitar uma gravidez não planejada (BRA-
cidadão com a aprovação da Constituição SIL, 2006).
Federal de 1988 que, em seu artigo 226,
O histórico do planejamento familiar
§ 7º, afirma:
tem como base os direitos sexuais e os
Fundado nos princípios da dignidade direitos reprodutivos, que são ancorados
da pessoa humana e da paternidade na liberdade de todo casal decidir livre e
responsável, o planejamento familiar responsavelmente sobre o número, os es-
é livre decisão do casal, competindo paçamento de tempo e a escolha do mo-
ao Estado propiciar recursos educacio- mento para ter filhos, para o que se faz
nais e científicos para o exercício desse necessário ter informação e meios ade-
direito, vedada qualquer forma coerci- quados. Prevê também o direito de gozar
tiva por parte de instituições oficiais do mais elevado padrão de saúde sexual e
ou privadas. reprodutiva, incluindo o direito de tomar
decisões sobre reprodução livre de dis-
Em 12 de janeiro de 1996, foi sanciona- criminação, coerção ou violência, além da
da a Lei 9.263, que regulamenta o Plane- garantia da liberdade de orientação sexu-
jamento Familiar no Brasil (LEAL; ARAÚJO, al e da dupla proteção contra as infecções
2010). sexualmente transmissíveis (lST)/AIDS e
a gestação não planejada (BRASIL, 2006).
Na série: “Direitos Sexuais e Reprodu-
tivos”, elaborada pelo Ministério da Saúde
em 2005, está claro que o governo bra-
4.1 Planejamento familiar
Mediante esse enfoque geral, pode-
sileiro pauta-se pelo respeito e garantia
mos definir o planejamento familiar como
aos direitos humanos, entre os quais se
um conjunto de ações de regulação da
incluem os direitos sexuais e os direitos
fecundidade que garanta direito à limita-
reprodutivos, para formulação e imple-
ção ou ao aumento da prole pela mulher,
mentação de políticas relativas ao pla-
pelo homem ou pelo casal. Desse modo, o
nejamento familiar e a toda e qualquer
planejamento familiar dá ao casal a opor-
questão referente à população e ao de-
tunidade de obter recursos para a escolha
senvolvimento, ampliando medidas em
do momento da concepção ou da anticon-
planejamento familiar e redução da mor-
cepção, por meio de diferentes métodos.
talidade materna.
Esses métodos oferecem segurança e efi-
Existem estratégias para a população cácia comprovada, não acarretando risco
brasileira em relação a acesso, esclareci- à saúde e garantindo a liberdade de esco-
mentos e estímulos ao planejamento fa- lha assegurada na Constituição Federal e
17

pela Lei nº 9.263/96. A Bíblia, no Antigo Testamento, narra o


coito interrompido no capítulo 38, versí-
Historicamente, as atividades do Pla-
culos 7-10, do livro de Genesis, como um
nejamento Familiar tomaram forma com
meio de contracepção.
a Conferência Internacional sobre Popu-
lação e Desenvolvimento (CIPD), realizada Na antiguidade, as práticas anticon-
em 1994, no Cairo e a Conferência da Mu- ceptivas eram pouco difundidas, se base-
lher, realizada em Pequim, em 1995. avam em superstições e, como a gravidez,
relacionava-se ao ciclo menstrual; a mu-
Nessas conferências, vários países,
lher era considerada a única responsável
entre eles o Brasil, assumiram o compro-
por esse acontecimento. Na ocorrência de
misso de integrar os direitos sexuais e re-
gravidez indesejada, os povos primitivos
produtivos nas políticas e nos programas
tentavam interrompê-la com o uso de er-
nacionais, voltados à população e desen-
vas abortivas, amuletos, orações, poções
volvimento, envolvendo o planejamento
mágicas e tabus sexuais, que, às vezes,
familiar.
ajudavam a proporcionar maior intervalo
A Política Nacional de Planejamento Fa- entre as gestações (KAUFMAN; RONDI-
miliar surgiu no ano de 2007, com a amplia- NELLI, 1989).
ção das ações acerca do oferecimento de
A inserção de substâncias na vagina era
métodos contraceptivos gratuitamente
uma das práticas mais simples de preven-
para homens e mulheres em idade repro-
ção à gravidez. Em 1850 a.C., no papiro de
dutiva, por meio dos serviços de saúde.
Petri, já se encontrava uma receita, que
Quanto à assistência em anticoncep- consistia na mistura de dejetos de croco-
ção, esta pressupõe a oferta de todas as dilo ou mel e carbonato de sódio nativo ou
alternativas possíveis de métodos anti- goma arábica. No papiro de Ebers, de 1550
concepcionais, bem como o conhecimen- a.C., encontrou-se indicação de brotos de
to de suas indicações, contraindicações e acácia que continham goma arábica que,
implicações de uso, garantindo à mulher, devido à sua reação, produzia ácido lático,
ao homem ou ao casal, os elementos ne- considerado espermicida.
cessários para a opção do método que a
Aristóteles, em 400 a.C., relatava que
eles melhor se adaptem (BRASIL, 2002).
o óleo de cedro e o unguento eram esper-
micidas e, em 138 d.C., Soranos, o maior
4.2 Evolução dos métodos ginecologista da antiguidade, orientava
anticoncepcionais o uso de supositórios de lã associados a
Segundo Camiá e Barbieri (2009), a substâncias oleosas. Em 600 d.C., Aetios
preocupação com o controle da repro- de Amida recomendava, para uso vaginal,
dução é antiga, quase coincidindo com o vinagre e salmoura, e no século IX, as mu-
aparecimento da cultura humana. Desde lheres moldavam o ópio em forma de con-
os tempos mais remotos, o ser humano cha, inserindo-o na vagina. Posteriormen-
sempre procurou exercer o controle sobre te, apareceram os primeiros espermicidas
a natalidade, incrementando-a ou evitan- comercializados, tendo como ingredien-
do-a por meios voluntários e conscientes. tes o sulfato de quinino e a manteiga de
18

cacau. utilizada a laparoscopia, definida como a


introdução de um instrumento óptico na
A participação do homem no processo
cavidade abdominal e, com o decorrer do
da anticoncepção foi descrita pela pri-
tempo, novas técnicas foram descober-
meira vez em 1564, com o uso de pre-
tas.
servativos confeccionados com linho; em
seguida, surgiram aqueles confecciona- Em 1960 surgiu a pílula anticoncepcio-
dos à base de intestino de animais, con- nal, à base de progestogênio e estrogê-
tudo, eram utilizados apenas pela nobre- nio, sendo utilizada em larga escala pela
za da época e, na maioria das vezes, para população feminina, mas devido a diver-
a prevenção das doenças sexualmente sos efeitos colaterais relacionados às al-
transmissíveis. Na metade do século XIX, tas doses do componente estrogênico,
a fabricação dos preservativos foi ampla- pesquisadores se dedicaram à investi-
mente difundida, principalmente devido gação de novas formulações com doses
ao início da indústria da borracha, quan- mais baixas e com boa eficácia (ALDRIGHI;
do foram produzidos em escala indus- SAUERBRONN; PETTA, 2005).
trial, com custo inferior ao da membrana
Os anticoncepcionais hormonais injetá-
animal. No início do século XX, houve o
veis combinados mensais também foram
advento do látex, razão pela qual se ob-
descobertos logo após os orais, aumen-
teve material de melhor qualidade. Atual-
tando a cada dia o número de usuárias
mente, é um dos métodos mais utilizados,
desse método.
devido à disseminação das doenças sexu-
almente transmissíveis, inclusive o HIV, Embora a vasectomia tenha sido desco-
visto que oferece proteção eficaz quando berta há vários anos, ela alcançou maior
utilizado de forma correta (CAMIÁ; BAR- popularidade somente a partir de 1960,
BIERI, 2009). acompanhando a liberação sexual e apre-
sentando-se como método alternativo
No final do século XIX, surgiram tam-
para aqueles que desejavam a contracep-
bém os diafragmas (1882), os dispositivos
ção definitivas.
intrauterinos e o capuz cervical. O méto-
do do calendário, também denominado de Logo após esse período, surgem mo-
Tabela, foi estudado por Ogino, do Japão, e vimentos culturais que relacionam a im-
Knaus, da Áustria, na década de 1930, no portância de conviver com a natureza e a
qual demonstraram a relação da ovulação aquisição de hábitos saudáveis, propor-
com o ciclo menstrual. A partir desse tra- cionando um estímulo para a anticoncep-
balho, descobriram fórmulas para deter- ção natural. Nesse sentido, embora o Mé-
minar o período fértil, originando o Méto- todo Ogino-Knaus tenha sido definido em
do Ogino-Knaus. 1930, sua prática torna-se mais comum
nessa época, bem como o Método da Ovu-
A esterilização cirúrgica feminina foi
lação de Billings, recomendado pela pri-
citada em 1834 por James Blundell, que
meira vez em 1964, pelo casal de médicos
recomendava a seção tubária bilateral,
australianos John e Evelin Billings. Esse
mas foi Lundgren o primeiro a realizá-la
método baseia-se na observação das va-
em um parto cesárea. No ano de 1941, foi
19

riações do muco cervical, durante as dife- definição, mas existe consenso entre pes-
rentes fases do ciclo menstrual. quisadores da área de que a orientação é
de fundamental importância.
O anticoncepcional hormonal injetável
trimestral foi aprovado para uso em 1992 O objetivo da ação educativa em pla-
e nos últimos anos tem sido utilizado por nejamento familiar é oferecer às pessoas
14 milhões de mulheres em todo o mundo. informações atualizadas sobre todos os
métodos anticoncepcionais, de maneira
Em 1993, foi aprovado o preservativo
que elas possam tomar uma decisão apro-
feminino para uso nos Estados Unidos,
priada e informada sobre o método que
estando disponível na Inglaterra desde
irão escolher para uso.
1990. No Brasil, seu uso encontra-se ain-
da restrito, em razão do elevado custo e É fundamental que os profissionais
de barreiras culturais. responsáveis pela atenção em anticon-
cepção tenham competência técnica que
Após este período, outros métodos an-
inclui mais do que ter conhecimentos so-
ticoncepcionais surgiram e encontram-se
bre os métodos anticoncepcionais. Eles
disponíveis no mercado brasileiro, tais
devem estar atualizados quanto aos pro-
como o adesivo transdérmico, o anel va-
cedimentos e as técnicas, devem possuir
ginal, o implante contraceptivo com uma
habilidades de comunicação interpessoal
única cápsula de silicone e o sistema in-
para poder comunicar-se com as usuárias
trauterino liberador de levonogestrel (DIU
dos serviços de saúde, falar de maneira
hormonal).
adequada, utilizar apoio visual, escutar e
Apesar dos diversos contraceptivos verificar a compreensão. Significa ter ain-
existentes, observa-se o uso predomi- da uma postura aberta e de respeito aos
nante de dois métodos: a laqueadura direitos das pessoas (DIÁZ, 2005).
tubária e a pílula, 40% e 21% respecti-
Infelizmente, não existe um método
vamente, por mulheres brasileiras no con-
anticoncepcional perfeito, denominado
trole de sua fertilidade. Talvez esse fato
ideal, isto é, que possa ser utilizado por
ocorra pelo acesso limitado das mulheres
qualquer mulher que seja totalmente inó-
à informação sobre as múltiplas opções de
cuo e eficaz, que seja facilmente aces-
contraceptivos para regular sua fecundi-
sível, não tenha efeitos colaterais, não
dade (CAMIÁ; BARBIERI, 2009).
interfira no ato sexual e seja aceito sem
restrições de ordem moral, psicossocial e
4.3 Os métodos contracep- religiosa. O melhor método é aquele que
tivos atuais mais se adequa às necessidades e às con-
Nos últimos anos, o principal indicador dições de saúde do indivíduo, aquele que
de qualidade de programas de planeja- oferece maior número de benefícios com
mento familiar é a satisfação das usuá- o mínimo de risco, diferenciando-se cada
rias, que depende principalmente do tipo caso em particular, sendo decisão conjun-
de atendimento oferecido. ta do casal ou da usuária, sob orientação
de um profissional de saúde.
A qualidade no atendimento é de difícil
20

Para facilitar o acesso à contracepção categoria 3 – o método não deve ser


efetiva para as mulheres que a desejam usado. Os riscos possíveis e comprovados
realizar, bem como para aquelas em situ- superam os benefícios de utilizar o méto-
ações especiais, o Departamento de Saú- do;
de Reprodutiva da Organização Mundial
da Saúde (OMS) divulgou, em 1996, seus
categoria 4 – o método não deve ser
usado, pois representa um risco de saúde
critérios médicos de elegibilidade, com o
inaceitável.
objetivo de garantir que, além da escolha
livre e informada, ela seja adequada para No que se refere à mensuração da efe-
as condições de saúde das usuárias, de tividade de um anticoncepcional, poderá
modo a não oferecer riscos. Trata-se de ser realizada de duas formas: pelo índice
diretrizes globais que devem ser utiliza- de Pearl (ou índice de Falha), que calcula
das como referência e adaptadas à reali- o número de gestações por 100 mulheres
dade de cada país que têm por base evi- que utilizam o método no período de um
dências científicas, foram revisadas em ano ou pelo índice de efetividade, que cal-
2000 e em 2004, estando, atualmente, cula o número de gestações prevenidas
em sua terceira edição (WHO, 2004 apud por cada relação sexual.
CAMIÁ; BARBIERI, 2009).
Vejamos alguns métodos contra-
Os critérios de elegibilidade devem ga- ceptivos reversíveis e definitivos.
rantir que os métodos não sejam utiliza-
dos por pessoas cujas condições clínicas a) Coito Interrompido
de saúde possam ser agravadas pelo seu Este método exige autocontrole do ho-
uso ou interferir na sua eficácia ou mesmo mem, visto que ele deverá retirar o pênis
hábitos que, somados ao método, possam da vagina quando estiver na iminência da
se tornar fatores de risco para a saúde. ejaculação, depositando o sêmen longe
Neste sentido, ressalta-se que todos os dos genitais femininos. Essa prática deve
que trabalham com Planejamento Familiar ser desestimulada, pois as evidências
devem conhecer os critérios de elegibili- mostram sua baixa eficácia, já que a se-
dade, especialmente os profissionais res- creção lubrificante que precede a ejacu-
ponsáveis pela orientação das usuárias, lação pode conter espermatozoides. Não
além dos médicos. protege contra IST. Além disso, é comum a
Após vasta revisão científica, eles insatisfação sexual de um ou de ambos os
foram classificados em quatro cate- parceiros, e ocasiona a ejaculação precoce
em alguns homens (LEAL; ARAÚJO, 2010).
gorias para uso, a saber:
categoria 1 – o método pode ser b) Preservativo masculino
usado sem restrição; Também conhecido como camisinha ou
condom, método de barreira feito de lá-
categoria 2 – o método pode ser
tex, poliuretano ou de membrana natural,
usado com restrição. São situações nas
pode ser encontrado em diferentes co-
quais os benefícios do uso do método, ge-
res, texturas, tamanhos, formas, espes-
ralmente, superam os riscos;
suras e sabores (BRASIL, 2006). O uso do
21

preservativo deve ser altamente incen- porém só deve ser retirado, no mínimo, 6
tivado, orientando-se a população sobre horas após a relação. O diafragma é reu-
a técnica correta de utilização (cuidados tilizável, devendo, após o uso, ser lavado
na abertura da embalagem; colocação com água fria e sabão neutro.
com pênis ereto, retirando o ar da bolsa
Com os devidos cuidados, poderá ser
na extremidade, para que possa receber
utilizado por até 2 anos. Esse método não
o sêmen ejaculado; proceder à retirada
previne contra IST (LEAL; ARAÚJO, 2010).
do pênis logo após a ejaculação, prender
o preservativo na parte de cima para que Os métodos definitivos também são
o sêmen não extravase e descartar o pre- denominados de contracepções cirúrgi-
servativo após sua utilização). Estimular cas, e devem ser escolhidos após conhe-
o uso dos preservativos associados a ou- cimentos de todos os outros métodos re-
tros métodos anticonceptivos mais efi- versíveis. Com os avanços da tecnologia e
cazes, como os hormonais, por exemplo, avaliação criteriosa do ginecologista com
visando à dupla proteção contra gravidez relação à saúde e situação do casal, o mé-
(BRASIL, 2006). dico pode tentar reverter, com auxílio de
outra cirurgia, esse método.
É um método seguro, barato, de fácil
acesso e protege contra as IST, inclusive d) Laqueadura
HIV. Não pode ser reutilizado, e geralmen-
A ligadura das trompas, também co-
te suas falhas estão associadas a erros na
nhecida como esterilização, consiste em
hora de colocar e/ou retirar a camisinha,
seccionar, ligar ou ocluir as trompas de
causando vazamentos de sêmen ou rup-
Falópio para impedir que o óvulo atinja o
turas. Tem como principal desvantagem
útero e, desse modo, seja fecundado e im-
a diminuição da sensibilidade para o ho-
plantado. De acordo com a Portaria 48/99
mem. Método bastante estimulado nas
do Ministério da Saúde, parágrafo único:
campanhas em virtude da sua alta eficá-
é vedada a esterilização cirúrgica em mu-
cia contra as IST e para o planejamento fa-
lher durante períodos de parto, aborto ou
miliar (LEAL; ARAÚJO, 2010).
até o 42º dia do pós-parto ou aborto, ex-
c) Diafragma ceto nos casos de comprovada necessida-
de, por cesarianas sucessivas anteriores,
Pequeno dispositivo circular de borra-
ou quando a mulher for portadora de do-
cha ou silicone, em forma de cúpula, con-
ença de base e a exposição a segundo ato
tém um anel flexível que é colocado na
cirúrgico ou anestésico representar maior
vagina, cobrindo completamente o colo
risco para sua saúde. Neste caso, a indica-
uterino e a parte superior da vagina. Dis-
ção deverá ser testemunhada em relató-
ponível em diversos tamanhos, deve ser
rio escrito e assinado por dois médicos.
avaliado para cada paciente usando-se
os anéis medidores. Esta medida deve ser Segundo a Lei do Planejamento Familiar
reavaliada a cada parto, ganho ou perda (Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996),
de peso. O diafragma combinado com gel a laqueadura só poderá ser realizada em
ou pomada espermicida pode ser inseri- homens e mulheres com 25 anos de idade
do até 4 horas antes da relação sexual, ou mais ou que tenham dois filhos vivos e
22

que manifestarem a vontade e de realizar primeiro ano do procedimento. Não previ-


de fato o ato cirúrgico em 60 dias, após ne contra IST (CAMIÁ; BARBIERI, 2009).
decidido o ato, período este em que de-
verão participar de palestras sobre o mé- 4.4 A consulta de Enferma-
todo escolhido para que não haja decisão
precipitada ou errônea.
gem
Segundo Leal e Araújo (2010), para
Existem indicações para esterilização atuar de maneira adequada de acordo
por método definitivo em razão de pato- com o Programa de Planejamento Fami-
logias de base que levem a risco de mor- liar, o profissional da saúde deve estar
te para a mulher, como doenças cardíacas capacitado para lidar com as diferentes
e renais, entre outras. Deve-se sempre situações socioculturais e econômicas de
contar com o termo de consentimento in- sua comunidade, promovendo, assim, ha-
formado de procedimento, levando-se em bilidades e competências para atuar junto
conta que é um método de difícil reversão à população de modo a fornecer orienta-
e, portanto, escolhido com bastante cau- ções sobre os métodos contraceptivos.
tela. Não previne contra IST (LEAL; ARAÚ-
JO, 2010; CAMIÁ; BARBIERI, 2009). Camiá e Barbieri (2009, p. 33) também
corroboram com a posição dos autores
e) Vasectomia acima afirmando que o enfermeiro que
A esterilização masculina é realizada trabalha na área de planejamento familiar
por um procedimento cirúrgico em que se deve compreender as preocupações rela-
utiliza anestesia local, podendo o homem, cionadas com a fertilidade e a associação
na maioria das vezes, retomar suas ativi- com a investigação de suas necessidades,
dades normais em 1 a 2 dias. Um pequeno identificar os problemas de enfermagem
corte é feito na bolsa escrotal para cortar e implementar as intervenções necessá-
os canais deferentes, por onde passam rias. Por isso, é importante que utilize o
os espermatozoides. É importante lem- processo de enfermagem, pois é a meto-
brar que o homem continua ejaculando e dologia mais efetiva para exercer e docu-
produzindo hormônio masculino, líquido mentar o cuidado.
seminal e secreção prostática, mas sem a O enfermeiro encontra-se em posição
presença de espermatozoides. importante para auxiliar os casais a com-
As contraindicações para a vasectomia preenderem as opções de métodos con-
são infecções cutâneas localizadas, doen- traceptivos disponíveis. Na prática clínica
ças que podem tornar difícil a operação, em planejamento familiar, é importante
como varicocele, hidrocele volumosa, hér- a utilização do processo de enfermagem,
nia inguinal, filariose, distúrbios de coa- concretizado por meio da consulta de en-
gulação e presença de tecido cicatricial fermagem, um recurso utilizado pelo en-
resultante de cirurgia anterior. fermeiro para atuar de maneira autônoma
e direta junto ao cliente, orientando ações
Este método é bastante eficaz, com de acordo com o Ministério da Saúde sem-
baixo risco de falha, algo em torno de 0,15 pre atualizadas e específicas, fundamen-
gravidez para cada 100 homens, após o tadas em protocolos/pautas institucio-
23

nais ou de serviços. e) Reforçar a importância do planeja-


mento familiar.
A consulta em planejamento familiar
deve abordar os antecedentes pessoais, f) Avaliar o conhecimento prévio sobre
desde a menarca até a coitarca, o núme- os métodos anticoncepcionais e seu nível
ro de parceiros, o número de gestações, de compreensão.
os métodos contraceptivos utilizados, o
sucesso e/ou fracasso desses métodos,
g) Ajudar na escolha do método, dis-
cutindo suas características, mas sempre
além da motivação, da conveniência, dos
respeitando os desejos e interesses da
efeitos colaterais, dos planos para futuras
cliente.
gestações, da proteção contra IST, da con-
cordância com o parceiro sobre o método h) Verificar condições clínicas que po-
escolhido e do comprometimento com o deriam fazer o método não recomendável
próprio. (critérios de elegibilidade da Organização
Mundial de Saúde). Caso seja necessário,
O planejamento familiar está direta-
auxiliá-la na escolha de outro método.
mente relacionado à clara e objetiva orien-
tação sobre cada método contraceptivo e i) Oferecer informações precisas sobre
escolha e regularização do planejamento o método escolhido, inclusive a respeito
da família e da prole. Deve ser ressaltado de seu uso e, se possível, utilizar material
o esclarecimentos de cada método e sua educativo para facilitar a aprendizagem.
relação com a prevenção das IST, refor-
çando a necessidade da dupla proteção j) Confirmar se a usuária entendeu as
(BRASIL, 2002). instruções e esclareceu suas dúvidas.

O respaldo legal para o enfermeiro rea- k) Discutir a vulnerabilidade para doen-


lizar a assistência em planejamento fami- ças sexualmente transmissíveis/HIV e sua
liar na consulta de enfermagem se dá por prevenção.
meio da Lei do Exercício Profissional nº l) Encaminhar para consulta médica, se
7.498, de 25 de junho de 1986 e seu De- necessário.
creto Regulamentador 94.406/87.
m) Realizar a coleta de material para
Segundo o manual do Ministério da colpocitologia oncótica, se necessário.
Saúde, na primeira consulta de enfer-
magem em planejamento familiar, é n) Fornecer o método anticoncepcional
de acordo com a rotina do serviço.
necessário:
o) Aprazar o retorno.
a) História clínica e reprodutiva.
p) Registrar todas as informações e re-
b) Exame físico geral e ginecológico, in-
alizar estatísticas (BRASIL, 2002).
clusive ensinar o autoexame das mamas.

c) Indagar sobre queixas atuais. Nas consultas subsequentes:

d) Investigar metas reprodutivas. a) Indagar sobre a satisfação da usuária


com o método anticoncepcional em uso.
24

b) Verificar o modo de uso e reorientar


se necessário.

c) Perguntar sobre possíveis efeitos


colaterais e orientar conduta.

d) Avaliar a aparição de possíveis con-


dições que façam o método não ser reco-
mendável.

e) Reafirmar a possibilidade de mudan-


ça do método, especialmente se a usuária
não estiver satisfeita.

f) Aferir a pressão arterial e o peso.


g) Indagar sobre outras queixas clíni-
cas.

h) Realizar exame ginecológico, se ne-


cessário.

i) Colher material para colpocitologia


oncótica, se necessário.

j) Fornecer o método anticoncepcional,


de acordo com a rotina do serviço.

k) Encaminhar para o médico e outros


profissionais quando necessário.

l) Aprazar o retorno.
m) Registrar todas as informações e re-
alizar estatísticas (BRASIL, 2002).

Vale ressaltar que a responsabilidade


do cuidar exige que as decisões sobre as
intervenções propostas sejam implemen-
tadas na avaliação do estado de saúde de
quem estamos assistindo.

É quase impossível que a avaliação da


cliente seja completa sem que nenhum
aspecto de interesse seja abordado, se
não nos basearmos em um modelo assis-
tencial de enfermagem.
25

UNIDADE 5 - Infertilidade e Fertilização

Clinicamente, a infertilidade é definida 5.1 Causas da infertilidade


como a incapacidade de conceber após
um ano de relações sexuais regulares feminina e masculina
sem uso de qualquer método contracep- De maneira ampla e geral, a inferti-
tivo (EVERS, 2002; SCHIMIDT et al., 2005 lidade atinge 20% dos casais na idade
apud BARROS; GRANER; FARIA, 2009). fértil. Os fatores femininos e masculinos
contribuem igualmente com uma taxa de
A infertilidade é classificada como pri-
35% cada, 20% se referem ao conjunto
mária quando tanto o homem quanto a
de fatores masculinos e femininos e 10%
mulher não têm história de concepção
são por causas inexplicáveis (MOREIRA;
prévia, mesmo mantendo-se sexualmen-
MAIA; TOMAZ, 2002).
te ativa e sem utilização de métodos con-
traceptivos. É secundária, quando o ho- Embora a infertilidade esteja relacio-
mem ou a mulher, ou ambos, conceberam nada em alguns casos a fatores femini-
anteriormente, porém, não conseguem nos ou masculinos, ela é um problema do
fazê-lo novamente, mesmo mantendo- casal (JORDAN; REVENSON, 1999 apud
-se sexualmente ativos e sem utilização BARROS; GRANER; FARIA, 2009).
de métodos contraceptivos (MAMEDE;
A infertilidade feminina tem como
BARROS, 1997).
causas principais: endometriose, doença
Sempre houve uma grande preocupa- tubária e adesão pélvica (30 a 40% dos
ção entre os povos de conseguir meios casos); disfunção ovulatória (10%); fato-
para resolver os problemas de infertili- res cervicais (15%) e, em 5% dos casos,
dade conjugal, por vários motivos, den- hipotiroidismo, fatores imunológicos e
tre eles, conceber filhos era, assim como alterações na fase lútea (SILVERBERG,
viver e comer, necessidades elementares 2000 apud BARROS; GRANER; FARIA,
do homem. 2009).

Para alguns povos como os judeus, a Nos homens, a infertilidade pode ocor-
esterilidade era considerada um castigo rer por alterações genéticas, deficiência
de Deus. Os indígenas atribuíam a esteri- de gonadotrofinas, defeitos anatômicos,
lidade aos espíritos oclusores (OKAZAKI, infecções, reações imunológicas e cau-
2004). sas idiopáticas (WBITMAN-ELIA; BAXLEY;
2001; SKULL, 2004; BRITON et al., 2005
Ao longo dos séculos, muitos ritos e
apud BARROS; GRANER; FARIA, 2009).
crendices foram surgindo nos diferentes
povos e sociedades até surgir o conhe- No quadro abaixo temos causas da in-
cimento científico, mas mesmo nos dias fertilidade feminina e masculina:
atuais, ainda perduram muitas crenças,
ritos e fantasias ligadas à fertilidade.
26

Causas da Infertilidade
Feminina Masculina

azoospermia – ausência de espermato-


zoides;
hormonal;
oligospermia – pouca quantidade de
tubárias;
espermatozoides;
malformação uterina;
astenospermia – baixa motilidade dos
genéticas.
espermatozoides;
teratospermia – forma alterada dos
espermatozoides.

Fonte: Okazaki (2004, p. 182).

5.2 Classificação dos fatores a) Nutricional: hipovitaminose, defici-


ência de proteínas, anemia por deficiência
de infertilidade de ferro.
Os fatores de infertilidade podem ser
classificados em: b) Endócrina:

fator ovulatório; b.1) Hipofisária – a ovulação e gestação


dependem da produção normal da tirotro-
fator tubário;
fina, adrenocorticotrofina e gonadotrofi-
fator uterino corporal; nas (FSH, LH, LTH). A insuficiência ovariana
fator uterino cervical; pode ser por hipopituitarismo ou hiperpi-
fator vaginal; tuitarismo.
fator masculino; b.2) Tireoide – o hipotireoidismo produz
fator peritoneal; anovulação, infertilidade e aborto de repe-
fator imunológico; tição. O hipertireoidismo quando suficien-
fator psicológico. temente grave pode produzir amenorreia.

Segundo Okazaki (2004), no nosso meio, b.3) Suprarrenal – a hiperatividade adre-


há predominância do fator tubário (45%), nocortical (Síndrome de Cushing) reduz a
ovulatório (40%) e masculino (35%). A ocorrência de ovulação. A insuficiência su-
mulher pode engravidar em qualquer épo- prarrenal (Doença de Addison) causa atro-
ca de sua vida reprodutiva, mais ou menos fia gonodal.
entre 12 e 49 anos. c) Vaginal: malformações congênitas
Como já dito, as causas de infertilidade da vagina podem levar à infertilidade: au-
podem atingir ambos os sexos, não sendo sência de vagina, ginatresia, hímen imper-
causa exclusiva da mulher, mas no caso furado ou cubiforme, estenose de vagina e
destas, podemos ter como causas: vagina septada que impedem a cópula e a
27

inseminação. obstrução mecânica (congênita, inflama-


tória e traumática).
A capacidade reprodutora masculina
inicia por volta dos 16 anos. Aproximada- i) Varicocele e a hidrocele: a varicoce-
mente após os 45 anos, a fertilidade dimi- le e a hidrocele podem aumentar a tempe-
nui, embora se sabe que muitos homens ratura escrutal e alterar a maturação dos
tenham gerado filhos aos 80 anos ou mais. espermatozoides (OKAZAKI, 2004).
A infertilidade masculina pode ser decor-
rente das seguintes causas: 5.3 Métodos e Técnicas de
a) Coital: a penetração vaginal incom- fertilização e reprodução
pleta causada por ereção dolorosa, epispá- Em reprodução assistida, temos os
dias, hipospádias ou obesidade extrema. seguintes métodos:
b) Anormalidades espermáticas: vo- a) Inseminação artificial: ocorre a de-
lume do líquido espermático; pH; viscosi- posição de gametas masculinos no trato
dade, motilidade, contagem, morfologia reprodutor feminino. A inseminação artifi-
alterados. cial tinha a finalidade de substituir o coito,
b) Testicular: deficiência de desenvol- que por algumas razões não era realizado.
vimento — agenesia dos testículos (nua), Iniciou-se primeiramente depositando o
pequenos testículos, ausência dos testícu- sêmen no ambiente vaginal (século XVII).
los por causa de criptorquidia. Em 1886, Sims realizou inseminações arti-
ficiais intracervicais.
c) Endócrina: hipopituitarismo, doença
de Cushing. A atrofia dos testículos ocorre Com o passar do tempo surgiram inúme-
na doença de Addison. Síndrome de Kline- ras mudanças, desde a escolha do local do
felter (não desenvolvimento dos túbulos procedimento, uso de indutores de ovula-
seminíferos). ção, preparo laboratorial do sêmen para se
obter uma amostra enriquecida e isenta de
d) Infecções: a fertilidade fica reduzi- impurezas e bactérias.
da durante e após a febre alta. A caxumba
complicada nos meninos por orquite, sen- A inseminação artificial pode ser homó-
do bilateral, geralmente, produz esterilida- loga (AIR) ou heteróloga, ou seja, por doa-
de. dor (AID).

e) Lesão física: irradiação, traumatis- Índice de sucesso: de 10 a 25% por ciclo.


mo nos testículos, circulação reduzida após Deve-se tentar de três a quatro ciclos de
herniorrafia complicada, varicocele. inseminação artificial; caso não aconteça
a gravidez, recomenda-se a Fertilização in
f) Pênis e uretra: malformações con- vitro (FIV) ou a Transferência intratubária
gênitas, estenose de uretra. de gametas (GIFT) (CARVALHO, 2004).
g) Próstata e vesículas seminais: in- b) Fertilização in vitro - FIV
fecções da próstata e vesículas seminais.
A fertilização in vitro, seguida da trans-
h) Epidídimo e canais deferentes: ferência de embrião, representa um grande
28

avanço no campo de esterilidade conjugal, plas;


possibilitando o tratamento e gestações
estágio mais avançado - 5º ou 6º dia
nos casos que antes eram considerados in-
após a coleta de oócito.
solúveis. O termo mais conhecido popular-
mente é “bebê de proveta”. Na técnica do processo há indução da
ovulação por meio de tratamento medica-
Em 1978, nasceu o primeiro bebê, Loui-
mentoso para estimular vários óvulos até o
se Brown, por fertilização in vitro na Ingla-
amadurecimento, monitorando a indução
terra, feito pelo Mr. Steptoe. Em 1984, nas-
para medir o crescimento dos folículos, in-
ceu Anna Paula, no Brasil, pela equipe do
dividualizar a dosagem dos medicamentos
Prof. Dr. Milton S. Nakamura. Desde então,
e prevenir efeitos colaterais sérios. Utili-
em todo o mundo nasceram muitos bebês
za-se ultrassonografia transvaginal (três
por esse procedimento, e a cada ano novas
a quatro vezes num ciclo de tratamento) e
técnicas surgem aumentando as chances
dosagens sanguíneas hormonais.
de gestação.
A Coleta de óvulos acontece em geral
Na FIV, coleta-se vários óvulos do ová-
por anestesia local e sedação leve entre 10
rio por punção do folículo, fertiliza-os em
a 20 minutos. A aspiração é orientada pela
laboratório com o esperma do parceiro e,
ultrassonografia transvaginal coletando-
após um determinado período, transfere-
-se os óvulos via vaginal (32 a 36 horas
-se o embrião para o útero materno.
após a última injeção de hormônio).
A expectativa de gravidez após um ciclo
A amostra de esperma é colhida no mo-
de tratamento varia entre 25% a 30%, po-
mento da coleta dos óvulos.
dendo chegar até 40%, quando se trans-
fere até quatro embriões em estágio mais Na fertilização na incubadora, óvulos e
avançado (mórula/blastocisto), com até espermatozoides preparados são manti-
cinco dias de cultivo para transferência dos juntos em cultura durante alguns dias
embrionária (CARVALHO, 2004). e os embriões fertilizados são examinados
no microscópio diariamente. Transfere-se
c) FIV - Gravidez em blastocisto
os embriões (em geral de três a cinco dias
Transferência em estágio de blastocis- após a fertilização) para a cavidade uterina
to, presença de sais, substratos energéti- por um delgado cateter. Os embriões exce-
cos, proteínas, aminoácidos e vitaminas. dentes em geral são congelados.

Tem como vantagens: Temos ainda a Transferência intratu-


bária de gametas (GIFT), que consiste na
favorece a sincronização do embrião
coleta de óvulos pela aspiração do folículo
com o endométrio;
do ovário e que são transferidos imedia-
aumenta a taxa de implantação; tamente à tuba junto com o esperma. A
fertilização no método GIFT ocorre em seu
reduz o número de embriões a serem ambiente natural, ou seja, na tuba uteri-
transferidos; na. As indicações para este método são as
evita altas taxas de gestações múlti- mesmas da FIV, porém, necessita-se que a
29

mulher tenha as tubas completamente sa- os casos em que não se encontrou esper-
dias. A chance de gravidez após um ciclo de matozoides na punção epididimária (PESA/
tratamento é de 25% a 35%. MESA). Desta forma, procura-se espermá-
tides (células jovens, precursoras do esper-
Outra técnica é a micromanipulação
matozoide) no macerado testicular, pela
de gametas, ou ICSI - Intra Citoplasmatic
biópsia testicular por aspiração (TESA) com
Sperm Injection. Um tratamento indicado
agulha de insulina ou por extração (TESE)
nos casos de infertilidade masculina (ho-
de espermátides por incisão cirúrgica. Os
mens com baixa contagem de espermato-
resultados nesta técnica ainda são baixos
zoides ou azoospermias, vasectomias após
(CARVALHO, 2004).
5 anos). Atualmente, é também utilizada
para os óvulos com a zona pelúcida enri-
jecida (mulheres acima de 40 anos). Utili-
5.4 A conduta da enferma-
za-se microscópios e micromanipuladores gem
para introduzir o sêmen dentro do óvulo O processo de nascimento tem sido con-
(CARVALHO, 2004). siderado como um problema de escolha.
Já a punção de epidídimo ou Percuta- Muitos casais, em determinado momento
neous Epididymal Sperm Aspiration (PESA), do seu relacionamento, decidem que é hora
é indicado nos casos de ozoospermias de ter filhos e então interrompem o méto-
obstrutivas (pós-vasectomia, obstrução do contraceptivo que vinham utilizando e,
traumática, congênitas e infecciosas), au- após cinco ou seis meses de relações sexu-
sência de ejaculação por comprometimen- ais não protegidas, 60% deles concebem,
to medular (paraplégicos, tetraplégicos, e 90% em um ano. Entretanto, em cerca
neuropatia medular, impotência sexual). A de 10% deles, a gravidez pode não ocorrer.
técnica não requer sedação. Consiste na fi- Estima-se que aproximadamente 5% da
xação manual do epidídimo e aspiração dos população mundial optam, voluntariamen-
espermatozoides com agulha de insulina, te, por não ter filhos, contudo, é sabido
sob anestesia local. Posteriormente, sub- que isto pode mudar ao longo dos tempos
mete-se à fertilização por ICSI. O sucesso de acordo com os mitos, necessidades e di-
dessa técnica é de 25% a 30%. ferentes desejos, tanto individuais como
A Micro-Epididymal Sperm Aspiration sociais.
(MESA) é indicada nos mesmos casos da A presença dos filhos no meio familiar
PESA, porém, a técnica de aspiração é um nem sempre ocorre de maneira simples,
pouco mais invasiva, por necessitar de pois existem eventos inesperados e inde-
uma pequena incisão sobre a pele, segui- sejados que levam os casais a reformula-
da de uma microdissecção, expondo os rem suas expectativas quanto ao projeto
microtúbulos epididimários, aspirando-se parental e um destes eventos é a infertili-
os espermatozoides dos túbulos sob visão dade.
direta.
O número de casais inférteis tem au-
Por fim, a biópsia testicular ou Testicular mentado nos últimos anos, atingindo cerca
Sperm Extraction (TESA) é indicada para de 30% daqueles em idade fértil. Muitos
30

fatores têm sido implicados nesse aumen- um retardo da paternidade/maternidade,


to, entre eles, a decisão de desenvolver os filhos ainda são considerados primor-
uma carreira profissional antes de aumen- diais para o futuro da família, além de re-
tar a família. presentarem a imagem sonhada e proje-
tada do amor e da luta contra o tempo e a
Retardar a decisão de ter filhos pode ser
morte (COSTA, 2004).
um componente indireto da infertilidade,
devido ao fato de que algumas doenças, A infertilidade pode levar a uma crise
como a endometriose, podem se agravar de vida, pois o processo de nascimento
com o passar do tempo. Outro fator é o é visto como básico para a sobrevivência
aumento da incidência de doenças sexu- dos seres humanos, por isso a não-con-
almente transmissíveis, o que colocaria as cepção pode levar a sentimento de falha,
mulheres em risco para problemas nas tu- isolamento, culpa e não-realização do de-
bas de Falópio e inflamações pélvicas. sejo de ter filhos. O conhecimento desses
sentimentos ajuda o casal em sua busca de
Em todo esse contexto, vamos encon-
soluções para a aceitação dos procedimen-
trar a assistência de enfermagem em re-
tos de investigação e, pelo fornecimento
produção humana focada no suporte psi-
de informações claras aos casais, ajustar
cossocial dos pacientes em adaptação ao
as expectativas à realidade e ao real prog-
problema da infertilidade, no trabalho em
nóstico.
colaboração com outros membros da equi-
pe de saúde e na educação à saúde do casal Geralmente, quando um casal infértil
infértil (BARROS; GRANER; FARIA, 2009). decide investigar seu problema, se apre-
senta amedrontado, envergonhado e an-
É importante ressaltar que a maternida-
sioso durante a primeira entrevista. Eles
de é tida como o papel mais importante da
acreditam que a inabilidade de conceber
vida das mulheres e elas são valorizadas e
faz com que não sejam considerados nor-
honradas, em inúmeras sociedades, pela
mais, que seu relacionamento sexual será
capacidade de gerar filhos. Já as represen-
amplamente discutido no serviço de repro-
tações da paternidade estão ligadas ao
dução humana, assim como a anatomia de
papel social de pai, visualizadas na busca
seus órgãos genitais será exaustivamente
do filho do “próprio sangue”, descendên-
examinada. Por isso, a entrevista inicial é
cia. Assim, culturalmente, ser pai significa
muito importante para obtermos a coo-
mostrar a masculinidade e garantir a des-
peração e motivação dos casais inférteis.
cendência, enquanto ser mãe é necessário
Criando uma atmosfera cordial, empática
para que as mulheres sintam-se inteiras/
e sem pré-julgamentos, a enfermeira pode
completas.
assistir o casal e adequá-lo ao processo de
Atualmente, mesmo a mulher tendo avaliação. O conhecimento sobre sua frus-
passado por um processo de emancipação tração, medo e ansiedade ajuda o casal a
social caracterizado pelo controle da sua aceitar sua situação e a oferta de assistên-
reprodutividade (surgimento dos métodos cia (BARROS; GRANER; FARIA, 2009).
contraceptivos) e inserção no mercado de
Para a assistência de enfermagem, de-
trabalho, havendo, consequentemente,
vemos considerar que esses casais cos-
31

tumam vivenciar uma instabilidade que é A infertilidade é um campo novo para a


renovada mensalmente, antes e durante enfermagem e esses profissionais podem
o processo de diagnóstico e tratamento. fornecer evidências e respostas iniciais
Da mesma forma que na doença crônica, para muitas questões relacionadas não só
precisamos colaborar com os necessários às tecnologias reprodutivas e às alterna-
ajustes no estilo de vida para acomodar tivas para formação familiar, mas também
os procedimentos diagnósticos e de tra- sobre a qualidade da assistência. Ainda há
tamento que se assemelham, de alguma muitas dúvidas sobre o impacto das tecno-
forma, com a aceitação da morte de ente logias reprodutivas sobre a estrutura fami-
querido, mas difere ou não, da experiência liar; o resultado das intervenções de enfer-
de uma concepção anterior. magem, sobre as opções de tratamento e
diagnóstico do casal infértil e sobre o im-
A prática da enfermagem na reprodução
pacto dessas tecnologias no futuro desen-
humana inclui os aspectos biológico, psico-
volvimento da criança ((BARROS; GRANER;
lógico e social do casal infértil. O tratamen-
FARIA, 2009).
to da infertilidade pode ser prolongado e,
algumas vezes, agrava a expectativa ou a Como afirmam os autores acima, o tra-
frustração. balho da enfermeira em reprodução hu-
mana possibilita a aquisição de maiores
O plano de cuidados de enfermagem
conhecimentos e relacionamentos com pa-
é individualizado, no entanto, podem ser
cientes e outros profissionais. É um papel
feitos grupos para que os casais inférteis
relacionado com a época em que vivemos
possam trocar experiências, sejam elas
e o futuro da enfermagem é agora e nes-
positivas ou negativas. Os indivíduos in-
se sentido e área de atuação, o enfermeiro
férteis, principalmente os homens, têm
atua desde a chegada do casal no serviço
dificuldades de se expressarem e a realiza-
de reprodução, podendo entrevistá-los,
ção destes grupos de apoio ajudam a mini-
preencher o histórico e fornecer as orien-
mizar o sofrimento, pois os casais inférteis
tações iniciais referentes ao tratamento.
podem sentir-se confortados por percebe-
Posteriormente irá acompanhar todo o
rem que outras pessoas têm as mesmas di-
tratamento e procedimento de fertiliza-
ficuldades. Desta forma, consegue-se não
ção, fazendo todas as anotações dos exa-
somente transmitir as informações, mas
mes e dosagens hormonais, anotando em
também favorecer a incorporação destas.
gráficos e estabelecendo contato quase
É importante que o profissional da en- que diário com a cliente para todo o proce-
fermagem amplie seus conhecimentos dimento com orientação e pedidos de exa-
nesta área, para que possa ser apto a re- mes que se fazem necessários.
alizar orientações, solicitar exames que
A sua participação durante a coleta ou
fazem parte do protocolo da instituição,
inseminação artificial é de extrema im-
orientar e auxiliar na administração das
portância junto à equipe desde o posicio-
medicações, inteirar-se das questões éti-
namento da cliente, bem como apoio para
cas que envolvem não só a reprodução
tranquilizá-la durante o procedimento.
humana, como também os serviços pres-
tados. Nos dias subsequentes à coleta e a
32

transferência, o contato com o enfermei-


ro diariamente é quase que obrigatório,
continuando até as primeiras semanas de
gestação.

A partir de então, inicia a atuação da


obstetriz e/ou enfermeiro obstetra, com
acompanhamento durante todo o pré-na-
tal em consulta individualizada, a fim de le-
vantar todas as necessidades da gestante,
identificar riscos e fornecer todo apoio e
orientação necessária para o momento em
que se encontra.

A atuação da obstetriz e/ou enfermeiro


obstetra se estende desde a primeira con-
sulta de pré-natal, na realização da cardio-
tocografia semanal (quando necessário),
participação durante o trabalho de parto,
parto e visitas diárias no puerpério com
orientações em relação aos cuidados com
a mãe, bebê e amamentação. Esta atuação
é extremamente gratificante, havendo um
forte envolvimento e respeito entre toda a
equipe e o casal (BARROS; GRANER; FARIA,
2009).
33

UNIDADE 6 - Abortamento

6.1 Definição, incidência e se o abortamento foi completo ou não, e


confirmar a idade gestacional. São requi-
fatores predisponentes ao sitadas dosagens hormonais.
aborto As manifestações clínicas podem ser
Abortamento é o término da gravidez classificadas em:
antes que o feto se torne viável, ou seja,
ameaça de abortamento;
antes de 22 semanas, ou com peso me-
nor que 500 g. abortamento inevitável;
A incidência é de 10 a 15% das gravi- abortamento habitual;
dezes diagnosticadas pelo HCG sanguí-
neo ou pela ultrassonografia terminam abortamento incompleto;
em aborto (CARVALHO, 2004). abortamento infectado;
Como fatores predisponentes te- abortamento completo;
mos:
abortamento retido;
alterações cromossomiais ou gené-
ticas; incompetência istmocervical;

diminuição da progesterona – a in- abortamento molar ou tubário.


suficiência de progesterona determina
maior sensibilidade uterina e contrações 6.3 Complicações
que podem levar ao abortamento; São complicações do aborto:
infeções (sífilis, rubéola, entre ou- grandes hemorragias;
tras);
perfurações uterinas por sondas ou
traumatismo materno; cânulas;

incompetência istmocervical; ulcerações do colo ou da vagina por


comprimidos de permanganato de potás-
doença materna grave. sio;

6.2 Diagnóstico e classifica- infecções (endometrite, salpingite,


pelviperitonite, septicemia).
ção das manifestações clíni-
No quadro abaixo temos outros tipos
cas de abortamento de complicações.
O diagnóstico é basicamente clínico.
Eventualmente, utiliza-se a ultrassono-
grafia pélvica ou transvaginal para con-
firmar a gestação e/ou para constatar
34

Complicações do Aborto

Tardias Obstétricas
inserção anormal da placenta;
esterilidade secundária à salpingite (obs-
abortamentos habituais;
trução ou aderências);
partos prematuros;
salpingite crônica;
complicações na dequitação;
algias pélvicas;
sinéquias (união de duas paredes da ca-
transtornos da menstruação.
vidade uterina, após certas curetagens
muito próximas).

6.4 Métodos para aborta- feto (microcesárea).

mento 6.5 Condutas de Enferma-


Existem vários métodos para o es-
vaziamento uterino. Segundo Carvalho
gem
(2004), o método a escolher dependerá a) No pré-operatório cabe ao pro-
da idade gestacional. fissional:

O abortamento poderá ser terapêutico oferecer apoio e tranquilização;


para salvar a vida da mãe e regulamenta- providenciar hospitalização;
do por lei nos casos de estupro. Mesmo
com assistência médica, o abortamento controlar sinais vitais (PA, P, T) fre-
não é destituído de riscos. Podem ocor- quentemente, para determinar presença
rer acidentes traumáticos, hemorrágicos de choque ou infecção;
e infecciosos. manter repouso no leito;
Dentre os métodos podemos citar: avaliar a presença de sinais de cho-
a) Aspiração: consiste em introduzir, que hipovolêmico (hipotensão, pulso fra-
na cavidade uterina, uma cânula conec- co e rápido, pele fria e pegajosa, agitação
tada a um aspirador para aspirar o ovo. É e apatia);
necessária a hospitalização por 24 horas. avaliar sangramento, contando o nú-
Geralmente é feita sob anestesia geral; mero de absorventes perineais trocados;
b) Aspiração simples: consiste na in- verificar a presença de decídua ou
trodução, na cavidade uterina, de uma embrião nos coágulos, às trocas dos ab-
cânula conectada a uma seringa grande. sorventes;
Pode ser realizada sem anestesia ou di-
latação cervical. Praticada somente em estabelecer cateterismo venoso
gestações incipientes. para reposição de líquidos rápidos ou
sangue;
c) Histerotomia e extração direta do
35

administrar antibioticoterapia e soro o enfaixamento mamário para pre-


antitetânico (nos casos de abortamento venir o engurgitamento que é um pro-
provocado e/ou infectado); cedimento empírico, mas tem sido usado
com frequência;
administrar analgésicos e antiespas-
módicos; no caso de abortamento habitual,
quando há incompetência cervical, enca-
controlar diurese;
minhar a paciente para a cirurgia, chama-
requisitar tipagem sanguínea, fator da cerclagem, na próxima gestação entre
Rh e prova cruzada; a 14ª e a 18ª semana (CARVALHO, 2004).

promover a disponibilidade de san- É importante falarmos da curetagem


gue; uterina (CTG) que é a raspagem do en-
dométrio sob analgesia, com um instru-
preparar paciente para a curetagem;
mento cirúrgico chamado cureta, com a
observar sinais de infecção; a he- finalidade de:
morragia diminui a resistência à infecção
obter material para exame citológi-
e o tecido ou coágulo sanguíneo são ex-
co;
celentes meios de cultura para bactérias;
corrigir sangramento uterino anor-
requisitar hemograma e eventual-
mal;
mente hemocultura (se houver febre),
para os casos de abortamento provocado retirar restos embrionários;
e/ou infectado;
retirar restos placentários no pós-
a curetagem poderá ser retardada -parto.
se a febre for muito alta para a antibioti-
No pré-operatório faz parte da
coterapia prévia;
conduta de enfermagem:
dependendo da infecção, poderá ser
informar à paciente a respeito da ci-
necessário realizar uma histerectomia
rurgia e colocar-se à disposição para es-
(CARVALHO, 2004).
clarecer dúvidas;
b) No pós-operatório:
observar jejum mínimo de 4 a 6 ho-
monitorar sangramento uterino; ras;
observar se há turgência das mamas; tricotomia da região genital é des-
necessária, mas infelizmente, em alguns
providenciar medicação para inibir a
serviços este, ainda é, um procedimento
lactação;
rotineiro;
não usar compressas quente ou frias
realizar enteroclisma, se necessário;
que podem estimular a lactogênese;
pedir à paciente que esvazie a bexi-
não realizar ordenha mamária para
ga ou, se necessário, realizar cateteris-
não estimular a lactogênese;
mo vesical;
36

pode ser necessária a administração


de ocitócicos.

No pós-operatório:
observar jejum ou dieta dependen-
do do tipo de anestesia. Geralmente após
anestesia geral, a paciente deverá rece-
ber dieta quando bem acordada ou após
6 horas de jejum nos casos de raquianes-
tesia ou peridural;

controlar sangramento vaginal, tro-


cando pensos ou absorventes regular-
mente;

promover o repouso no leito por al-


gumas horas, dependendo do estado ge-
ral da paciente e do tipo de anestesia;

manter venóclise por algumas horas


dependendo do estado geral da paciente
e do tipo de anestesia;

geralmente é prescrita medicação


para manter o útero contraído (ocitóci-
cos) por algumas horas;

administrar medicamentos como


analgésicos, antibióticos, entre outros,
conforme a necessidade (CARVALHO,
2004).
37

UNIDADE 7 - Climatério e Menopausa

O climatério representa a transição estado de carência estrogênica. Apesar


entre a fase reprodutiva e a não repro- de ser natural, o climatério representa,
dutiva, ou seja, do menacma para a seni- portanto, um período em que há possi-
lidade, com consequências sistêmicas e bilidade de ocorrer alterações importan-
potencialmente patológicas para a mu- tes, comparadas a uma endocrinopatia,
lher. É fenômeno fisiológico decorrente cuja sintomatologia deve ser controlada
do esgotamento dos folículos ovarianos e/ou tratada.
que ocorre em todas as mulheres de meia
As doenças cardiovasculares e as com-
idade, seguido da queda progressiva da
plicações de fraturas osteoporóticas são
secreção de estradiol, culminando com
duas grandes causas de morte de mulhe-
a interrupção definitiva dos ciclos mens-
res climatéricas (CARVALHO, 2004).
truais (menopausa) (DE LORENZI et al.,
2005 apud PINELLI E SOARES, 2009). O estudo do climatério feminino é um
tema de interesse e pesquisa mundial
Ao término da menacma, ou seja, quan-
e nas últimas três décadas, o Brasil tem
do declina a possibilidade de reprodução
dado especial atenção a essa fase da
por questões hormonais, pode-se consi-
vida da mulher, principalmente pelo au-
derar que o climatério já está instalado,
mento cada vez maior da expectativa de
pois a diminuição fisiológica e gradativa
vida, visando à melhor qualidade de vida
da atividade ovariana marca o início des-
(PINELLI; SOARES, 2009).
se período (CARVALHO, 2004).
Conviver com o climatério não é algo
O climatério pode ser definido também
fácil para boa parcela das mulheres e
como um conjunto de alterações fisio-
segundo Hayashida et al. (2005 apud
lógicas e psicológicas provocadas pela
PINELLI; SOARES, 2009), a qualidade de
diminuição gradual da produção dos hor-
vida da mulher pode piorar no período
mônios ovarianos.
pós-menopausa como consequência de
Durante este período, acontece a últi- problemas físicos, psicológicos e sociais
ma menstruação, chamada de menopau- que já se iniciam no período perimeno-
sa, que é reconhecida após um ano de pausa. Segundo estes autores, no perí-
sua ausência. odo de transição da menopausa, vários
fatores contribuem para a mudança na
Há um século, as mulheres não viviam
qualidade de vida das mulheres como: fe-
muito mais que 50 anos, entretanto, isso
nômenos vasomotores, ganho de peso,
foi mudando gradualmente até chegar
que contribuem para o surgimento de
a expectativa de vida atual para as mu-
diabetes tipo Il, hipertensão, dislipide-
lheres brasileiras que é de 75 anos. Com
mia, doença cardiovascular e câncer. Na
essa nova expectativa de vida, as mu-
pós-menopausa há maior prevalência de
lheres poderão viver um terço de suas
doenças cardiovasculares e osteoporose
vidas após a menopausa, ou seja, em um
como consequência.
38

Os autores acima afirmam que a influ- de ácidos graxos de cadeia curta, por fer-
ência da atividade física na prevenção de mentação na luz do intestino. Daí a im-
sintomas do climatério é cada vez mais portância de orientação nutricional para
aceita nos dias atuais. Quando realizada mulheres com sobrepeso. Segundo estes
regularmente, aumenta a atividade de autores, o sistema ósseo é um tecido me-
opioide central, contribuindo para dimi- tabolicamente ativo e que sofre constan-
nuição de ondas de calor, risco cardio- te renovação. O climatério ocasiona alte-
vascular, proporciona manutenção ou rações no sistema ósseo da mulher, tendo
diminuição do peso corporal e retarda a como consequência principal a perda de
perda óssea da coluna vertebral da mu- massa óssea. Isto ocorre em decorrência
lher na pós-menopausa. Exercícios como da queda de produção hormonal associa-
caminhada, natação, corrida e pedalar da aos componentes genéticos.
são recomendados pelo Colégio America-
Junqueira, Fonseca e Bagnoli (2005)
no de Medicina Esportiva no climatério.
referem que mais de 200 milhões de mu-
Atividades como passeios, viagens, bai-
lheres no mundo tenham osteoporose e
les são recomendadas, pois melhoram a
que o número anual de fraturas de qua-
sociabilização dos grupos e aumentam a
dril por osteoporose passará de 1,66 mi-
autoestima.
lhões para 6,26 milhões em 2050.
Os resultados de uma pesquisa que
Só estes números mostram que é fun-
comparou um grupo de mulheres, que
damental a educação em saúde visando
praticavam exercícios aeróbicos leves e
à prevenção de complicações da osteo-
caminhadas 3 vezes por semana com ou-
porose, pois isso pode contribuir com a
tro grupo de mulheres sedentárias mos-
diminuição da perda óssea. Para isso, as
traram que a atividade física aeróbica,
mulheres devem ser orientadas quanto à
mesmo de baixa intensidade, é uma ex-
dieta rica em cálcio e fósforo. Exercícios
celente opção para a melhora da função
físicos devem ser estimulados, pois con-
cardíaca no climatério.
tribuem para o ganho de massa óssea. O
Segundo Laudanna et al. (2005), a nu- banho de sol com moderação é importan-
trição tem papel fundamental de apoio te para manutenção do osso por ativar a
no tratamento dos distúrbios metabóli- vitamina D, que ajuda na mineralização
cos do climatério. As fibras alimentares óssea.
contribuem para eliminação de toxinas
com o aumento de evacuações. Podem 7.1 Fisiologia do climatério
absorver e fixar no interior de sua es- Acontece uma involução do sistema
trutura as substâncias orgânicas e inor- hormonal reprodutivo por causa da es-
gânicas como carboidratos, proteínas, clerose fisiológica dos vasos ovarianos
sais biliares, vitaminas, minerais e água. e alteração do metabolismo dos ovários
Atuam no metabolismo dos carboidra- ocorrendo aumento do tecido conjunti-
tos, no controle da glicemia, na redução vo. Há um envelhecimento dos vasos e da
de triglicerídeos e colesterol sanguíneo, glândula gonadal feminina.
contribuem em substrato para formação
O declínio de estrogênios pelo pro-
39

gressivo esgotamento da função ova- ocorra entre os 40 e 65 anos. Para a So-


riana leva a mudanças biopsíquicas e ciedade Internacional de Climatério, este
consequentemente alterações na pele, período ocorre entre os 35 a 65 anos.
mucosas, esqueleto, metabolismo lipo-
Aceita-se também que a menopausa
proteico e funções psíquicas.
ocorra entre 45-55 anos e que a perime-
O número de folículos ovarianos dispo- nopausa seja o período de 1 a 2 anos an-
níveis torna-se cada vez menor e os re- tes e depois dela. A menopausa pode ser
manescentes tornam-se menos respon- classificada em:
sivos às gonadotrofinas hipofisárias FSH
menopausa precoce – antes dos 40;
e LH. Com a redução do estradiol, deixa
de ocorrer o feedback negativo que es- menopausa tardia – após os 55.
tes exerciam no eixo hipotámalo-hipófi-
O esquema abaixo representa as di-
so-ovariano que era desencadeado por
versas fases do climatério com relação à
esse tipo de hormônio.
idade cronológica.
No Brasil, aceita-se que o climatério

Fonte: Carvalho (2004, p. 72).

7.2 Aspectos psicossociais filhos. Enquanto para outras, esta fase


costuma ser vista de maneira negativa,
Existe um dualismo cultural na manei-
com muitas perdas, sentem-se menos
ra de encarar o climatério, embora sem-
femininas, com poucos atrativos sexuais,
pre seja necessária uma adaptação.
com menos vigor físico e menor capaci-
Muitas mulheres climatéricas veem dade de produzir, sentem-se velhas, in-
esta fase como uma recompensa, sen- seguras, têm medo de rejeição, sentem-
tem-se livres, pelo fim da menstruação -se menos importantes para os filhos e
ou pelo fim da preocupação reprodutiva, marido. Daí, portanto, surge a necessida-
ou pela desobrigação do cuidado com os de de trabalhar a autoestima das mulhe-
40

res nesta fase. Felizmente, este último alterações menstruais;


quadro vem mudando, mesmo que len-
alterações vasomotoras – os foga-
tamente. Hoje vemos muitas mulheres
chos parecem ser os sintomas mais co-
socialmente ativas, com autoestima ade-
muns, sendo sentidos por 75 a 80% das
quada, preocupadas com a saúde e com a
climatéricas. Cerca de 25% delas os sen-
aparência e seu papel social (CARVALHO,
tem por 5 anos ou até mais. Suores no-
2004).
turnos;
Quanto à atividade sexual, é bom lem-
sintomas psíquicos – irritabilidade,
brar que a sexualidade se faz presente
insônia e outros;
enquanto a vida existir. As mulheres cli-
matéricas, assim como as idosas podem e aumento de peso.
devem ter suas fantasias sexuais, pois a
idade não representa um limite para sen- São alterações de médio prazo:
tir prazer. alterações nas mamas – atrofia da
É evidente que há modificações no glândula e deposição de gordura;
desempenho sexual, com o decorrer do atrofia geniturinária e ressecamen-
tempo. Em nossa sociedade moralista e to vaginal podendo levar à infecção uri-
preconceituosa, ainda existe o mito da nária e dispareunia;
velhice assexuada. A mulher parece so-
frer mais este preconceito. atrofia cutânea – redução de coláge-
no com consequente enfraquecimento e
Este mito pode ser reforçado por al- envelhecimento cutâneo.
terações de saúde que podem modificar
o desempenho sexual ou levar a disfun- São alterações tardias:
ções sexuais (psicológicas, endócrinas ou osteoporose e consequente risco
sistêmicas), na terceira idade. Na mulher, para fraturas;
o ressecamento vaginal e para o homem,
dificuldade de ereção, ereção menos aumento do risco para doenças car-
duradoura, um tempo maior para terem diovasculares.
outras ereções. Apesar de poder haver No atendimento da climatérica, alguns
alterações como essas e ainda outras, é exames complementares devem ser soli-
possível desfrutar o prazer sexual. citados, conforme a sintomatologia pre-
Mas como diz Marinho (2000 apud dominante. Estes permitirão a identifica-
CARVALHO, 2004), “em se tratando de ção de doenças crônicas, o rastreamento
sexo o que se passa acima dos ombros de câncer e osteoporose e o tratamento
é bem mais importante do aquilo que se da síndrome climatérica. São eles:
passa abaixo do umbigo”. - mamografia;
- citologia oncótica;
7.3 Sintomas e exames
- colposcopia;
São consideradas alterações pre-
- ultrassonografia transvaginal e ab-
coces:
41

dominal; fadiga com 74%, relacionada à falta


- hemograma, glicemia de jejum; de energia para realizar tarefas de roti-
- dosagem de FSH, LH, prolactina; na, capacidade de concentração prejudi-
cada;
- dosagem de testosterona, androste-
nediona e estradiol; dor crônica em 72%. Comunicação
- dosagem de triglicérides e colesterol; de dor crônica há mais de seis meses;
- pesquisa de sangue nas fezes; distúrbio no padrão do sono com
- eletrocardiograma (ECG); 68%, relacionado à dificuldade para
- densitometria óssea; adormecer, despertar frequente por in-
- radiografia de tórax para as tabagis- continência urinária.
tas. É de fundamental importância a par-
ticipação do enfermeiro em equipe mul-
7.4 Consulta de Enferma- tidisciplinar na atenção à mulher no
gem climatério em programas educativos e
Dentre as atividades assistenciais de assistenciais.
enfermagem à mulher no climatério, con-
Vejamos outras dicas:
sidera-se a consulta de enfermagem de
grande importância para identificação de a) Praticar exercícios: estimular a
problemas psicossociais referidos pelas atividade física de maneira regular para
mulheres, que possam corroborar com a ajudar a combater a hipertensão, obesi-
conduta médica e de enfermagem, visan- dade, coronariopatia isquêmica, ansieda-
do à melhoria da adesão às orientações e de, depressão, perda de massa óssea e
condutas (PINELLI; SOARES, 2009). síndrome de dores musculoesqueléticas.

A aplicação da Sistematização da As- Sabe-se que indivíduos que fazem al-


sistência de Enfermagem (SAE) na aten- guma atividade física moderada, prin-
ção ao climatério deve abranger aspectos cipalmente na infância, adolescência e
relacionados às intercorrências ginecoló- até por volta de 30 anos são os que con-
gicas próprias desta fase da vida da mu- seguem armazenar maior quantidade de
lher. massa óssea, evitando que as perdas nor-
mais que acontecem com a menopausa e
Pesquisa realizada por Ferraz (2004),
com o envelhecimento comprometam o
com 100 mulheres, mostrou que os prin-
esqueleto com frequentes fraturas.
cipais diagnósticos de enfermagem iden-
tificados em ambulatório de climatério Os ossos osteoporótipos são mais frá-
foram: geis e podem se quebrar com mais faci-
lidade, principalmente na coluna, punho
ansiedade com ocorrência de 75%,
e quadril. Sabe-se que as mulheres per-
relacionada, entre outros aspectos, ao
dem mais de 50% da quantidade total da
nervosismo, irritabilidade e impaciência,
perda óssea, nos primeiros 7 anos após
choro, ameaça ao autoconceito, secun-
a menopausa, e que uma a cada quatro
dária ao efeito do envelhecimento;
mulheres sofre alguma fratura decorren-
42

te de osteoporose por volta dos 60 anos c) Encorajar o banho de sol fre-


e, ao redor de 75 anos este risco dobra, quentemente: os raios solares estimu-
ou seja, uma para cada duas mulheres. lam a produção da vitamina D e ajuda a
absorver o cálcio no intestino. O banho de
A atividade física aumenta a resistên-
sol deve ser antes das 10 horas e após as
cia dos ossos. É claro que é necessário um
16 horas por ser menos prejudicial para a
tratamento completo e não apenas exer-
pele. É interessante utilizar filtro solar no
cícios. Um programa de exercícios poderá
rosto e partes mais proeminentes.
ser feito como parte de uma assistência
global às pacientes como parte do trata- Pode haver necessidade da indicação
mento ou prevenção da osteoporose. de comprimidos de isoflavonas que pro-
metem ser eficaz nos sintomas vasomo-
Os exercícios não devem causar des-
tores, na regulação dos níveis de coleste-
conforto respiratório, dor e, devendo ser
rol, no controle da osteoporose, além de
iniciados com uma carga mínima por pe-
ter ação antioxidante.
ríodo curto sendo intensificado lenta e
progressivamente. É aconselhável uma d) Nutrição: aumentar a ingestão de
avaliação médica prévia para saber das cálcio. O leite e seus derivados e os vege-
condições clínicas da paciente, e suas tais de folhas escuras são os alimentos
eventuais restrições. mais ricos em cálcio e devem ser usados
pelas climatéricas. Aumentar também a
As atividades físicas mais indicadas
ingestão de soja (rica em isoflavonas) e
são: caminhadas, corridas, ginástica ae-
seus derivados.
róbica de baixo impacto, musculação
moderada, hidroginástica, natação en- A gordura dificulta a absorção intesti-
tre outras. E o ideal é que seja feita por 1 nal de cálcio, portanto, é recomendável a
hora, 3 vezes por semana. dieta pobre em gordura.
Entre os benefícios da atividade física Pode haver necessidade da terapia de
estão: a prevenção de doenças cardio- reposição de cálcio por meio de cápsulas
vasculares; a manutenção do peso corpo- ou comprimidos (há vários medicamen-
ral; o combate à perda óssea; e os efeitos tos no mercado).
neuropsicológicos e afetivos.
O médico pode lançar mão da hor-
b) Estimular a eliminação de vícios monioterapia ou terapia de reposi-
como o do tabaco: as mulheres, prin- ção hormonal (TRH): vários esquemas
cipalmente, devem evitar o fumo, pois a terapêuticos são utilizados conforme
fumaça do cigarro diminui o aproveita- a história clínica e familiar da paciente,
mento do cálcio ingerido. As mulheres achados do exame físico e de exames la-
fumantes também podem ter uma meno- boratoriais. São utilizados estrogênios e
pausa mais precoce com relação às não progestagênios via oral, vaginal, nasal,
fumantes. O tabaco também aumenta a intramuscular e transdérmica.
possibilidade de ocorrência de doenças
cardiovasculares. O esquema poderá ser cíclico ou contí-
nuo com associação de estrogênio (E) e
43

progestagênio (P) ou com esquema iso- seja uma terapia nova, existindo ainda
lado. Quando a paciente tem preservado incertezas quanto à relação do custo-be-
o útero, administra-se o esquema combi- nefício, ela pode trazer benefícios. Entre
nado (E + P) para proteção contra câncer eles, podem estar:
de endométrio.
melhora da qualidade de vida, au-
A reposição deve ser individualizada mentando o bem-estar;
quanto à dose, via, duração, sempre ana-
lisando os riscos e benefícios, e com con- alívio dos sintomas climatéricos
trole médico frequente. como as ondas de calor, suores noturnos,
insônia, transtornos do humor, entre ou-
A deficiência hormonal pode levar tros;
a curto ou a longo prazo alguns dos
redução do risco de desenvolvimen-
sinais ou sintomas abaixo:
to da Doença de Alzheimer ou retardo do
ondas de calor, suores noturnos, in- seu aparecimento;
sônia, estados depressivos e irritabilida-
redução do risco de degeneração
de;
macular senil;
aumento do risco de degeneração
melhora os níveis de colesterol – au-
macular senil, principal causa de ceguei-
mentando o HDL e diminuindo o LDL;
ra;
proteção contra o câncer de cólon;
pode causar perda dos dentes (asso-
ciada à osteoporose); conservação da massa óssea e do
tegumento – prevenindo a osteoporose,
aumento do risco de doença cardio-
a perda do colágeno e mantendo a hidra-
vascular, incluindo ateroesclerose, infar-
tação da pele;
to do miocárdio e derrame cerebral;
restauração da lubrificação vaginal,
alterações nos níveis de colesterol:
melhorando o desempenho sexual;
aumentando os níveis de colesterol total,
diminuindo de HDL e aumentando LDL; melhora do trofismo urogenital com
melhora da umidade e elasticidade vagi-
diminuição da massa óssea e do risco
nal e melhora de incontinência urinária;
de osteoporose, aumentando a possibili-
dade de fraturas osteoporóticas (de qua- redução da ocorrência de infeções
dril, coluna e punhos); urinárias (CARVALHO, 2004).

diminuição da lubrificação vaginal, Por outro lado, existe contraindi-


causando: dor ou desconforto na relação cações da terapia da reposição es-
sexual; vaginite atrófica; infecções uri- trogênica, como por exemplo:
nárias de repetição; incontinência uriná-
ria aos esforços (IUE), entre outros sinais câncer da mama conhecido ou sus-
e sintomas. peito;

Quanto à terapia hormonal, embora neoplasia estrogênio-dependente


44

suspeita ou já conhecida; do inteiro têm sido feitos, mas são ne-


cessários muitos anos para se chegar a
gravidez;
conclusões confiáveis;
sangramento genital anormal;
quanto ao uso de isoflavona: não se
tromboflebite; sabe dos efeitos colaterais, a longo pra-
zo;
alergia a qualquer das substâncias
utilizadas na terapia de reposição. há um uso abusivo de hormônios
por parte dos clientes e profissionais de
São possíveis efeitos colaterais saúde, porque a sociedade pensa que se
com a terapia de reprodução estro- deve fazer reposição hormonal ao entrar
gênica: no climatério (CARVALHO, 2004).
náuseas e vômitos;

dores nas mamas;

irritabilidade e depressão;

cefaleia;

sangramento vaginal;

edema.

Observações gerais quanto ao uso


de hormonioterapia:
a incidência do câncer de mama pa-
rece aumentar com o tempo de uso da
TRH;

não se deve indicar a TRH para pre-


venção primária de doenças cardiovascu-
lares, pois ela não previne estas doenças
como se pensava a poucos anos atrás;

ainda não há um consenso médico


sobre o tempo ideal para duração da re-
posição. Alguns profissionais recomen-
dam que a reposição não deverá ultra-
passar de 3 a 5 anos. Para outros, esta
reposição poderá durar até 10 anos;

a mulher em uso do TRH deverá ter


acompanhamento médico rigoroso;

vários estudos sobre o TRH no mun-


45

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