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DIRETOR GE! COORDENAGAO EDITORIAL Willian F. Mighion COORDENAGAO DE REVISKO REVISAO DE TEXTOS Vera Luciana Morandim R. da Sit EDITORACAO ELETRONICA Sefla Cavalcante REVISAO DE FILMES Antonia S, Pereira CAPA. Dados Internacionais de Catalogasio na Publicasio (CIP) (Cimara Brasileira do Livre, SP, Brasi) Dindmica de grpo:histra,priica vivéncias Maria Femanda Mazzi Barret, o “Eig 1. Dindmica de grap 2 Reape interpessoais |. Barreco, Maia Fernanda Mazziot 03.4167 epp-3023 Indices para Catalogo Sistematico indica de grupo: Relages interpesosis: Picologia social 302 oso direitos reservados & Editora Alinea Rua Tiradentes, 1053 - Guanabara— Campinas-SP (CEP 13023-191 ~ PABX: (19) 32329340 ¢ 32322319 wow.atomoealinea.com.br [mpresso no Brasil Hoje, as Diretrizes Curriculares, elaboradas pela Comissio dé Especialistas na érea de Psicologia, do MEC-SESU, que substituiram © Curriculo Minimo, também descrevem o trabalho com grupos, em seu artigy 10°, que trata das competéucias bisicas reyueridas para atuagio do psicdlogo, estabelecendo que ele deve “(.) coordenar € rmanejar processos grupais, considerando as diferencas de formagao e de valores dos seus membros” (2001. p. 12). Este livro pretende ser uma contribuigdo para o conhecimento, entre outros, de como esté sendo feito, na atualidade, o ensino da disciplina Dindmica de Grupo ¢ Relagdes Humanas nos cursos dé Psicologia. Um melhor conhecimento de como este ensino vem sendo realizado e como a aprendizagem esté se processando em seu contexto poder ajudar a esclarecer um aspecto ainda obscuro da formagao profissional dos psicélogos. Neste sentido, so aqui relatadas pesquisas feitas por mim com estudantes que haviam acabado de passar pelo processo ensino-aprendizagem da disciplina e com psicélogos atuantes ém diversas éreas profissionais, com no minimo dez anos de formados, ‘Além disso, visando mostrar os recursos que o conhecimento do trabalho em grupo proporcionam, uma outra autora relata a pesquisa desenvolvida com professores de disciplinas teéricas que utilizaram téenicas psicodraméticas e/ou de Dindmica de Grupo no desenvolvimento de seu trabalho com os estudantes. Outra relata o trabalho pritico realizado com estudantes, por meio de técnicas e vivéncias grupais, visando desenvolver as relagdes interpessoais entre eles, Finalizando, hé um conjunto de técnicas criadas por alunos de graduagdo em Psicologia, as quais foram vivenciadas por eles enquanto cursavam a disciplina Dindmica dos Grupos e Relagdes Interpessoais. Retomando, esperamos que os conhecimentos aqui contidos possam contribuir com docentes da disciplina ¢ estudantes de ‘cursos de graduacao em Psicologia ou areas afins no sentido de, em conjunto, repensar nio s6 a formago como a atuago profissional nos mais diversos contextos, Maria Femanda M. Barreto Capitulo 1 Dinamica de Grupo breve histérico Maria Fernanda Mazziotti Barreto Fazer um levantamento historico da Dindmica de Grupo é necessério, para que se possa entender os seus fundamentos. Através do conhecimento de como se desenvolveu, que caminhos percorreram os tedricos que se interessavam pelo estudo da natureza dos grupos e de seus fendmenos e quais eram seus objetivos, pode-se avaliar a sua importincia hoje, seja para a compreensio do comportamento grupal, seja para a sua aplicagao. A temitica dos grupos sociais -— foi objeto da preocupasto dos socis1o- | Faroe um jevantamento his- gos desde os primérdios da sociologia, ‘com suas distingSes a respeito de dife- _torico da Dindmica de Gru- rentes tipos de grupos e da preocupa- po 6 necessério, para que jo com @ andlise das caracteristicas ge possa entender 08 seus essenciais dos grupos humanos, tendo fyndamentos, avaliar sua por pano de fundo as antigas especula- mabe ges dos filésofos sobre tal tema. A importincia e aplicagao. 14 Maria Fernanda Mazziotti Barret pesquisa ea teorizagao dos grupos & luz. da Psicologia Sao mais tare dias e decorrem principalmente dos empenhos do Psic6logo Social alemao, Kurt Lewin. Foi em 1936 que, com Kurt Lewin, surgiu nos Estados Unidos a Dindmica de Grupo como campo de pesquisa. Alids, foi Lewin quem introduziu o termo Dindmica de Grupo nas ciéncias sociais. Interessava-se, mais particularmente, em conhecer, através de pesquisas com pequenos grupos, os macro-fendmenos socials (Cartwright e Zander, 1967; Mailhiot, 1991). Kurt Lewin era alemao de origem, nascido na cidade de Mogilno em 9 de setembro de 1890, e por ser de uma familia judia, desde cedo entrou em contato com o que se tornou para ele tema de seus estudos ao longo da vida, a minoria e suas consegiténcias, Estudou nas Universidades de Friburgo, Munique e Berlim, doutorando-se em Psicologia nesta iiltima, em 1914, sob a orientagao de Carl Stumpf, diretor do Laboratério de Psicologia dessa Universidade. Lewin estudou também matemitica ¢ fisica. Admitido como professor da Universidade de Berlim, fez parte do grupo de psicdlogos genericamente designados como gestaltistas; realizou pesquisas sobre associago € motivagdo e comegou a esenvolver stias concepedes a propésito da teoria de campo. As ameagas do nazismo, entio em expansio na Alenvanha, fizeram ‘com que Lewin emigrasse para os Estados Unidos em 1935, sendo acolhido primeiramente pela Universidade de Iowa. Suas pesquisas nas éreas de Psicologia Social e Desenvolvimento Humano granjearam-Ihe grande prestigio nos meios académicos. Datam da segunda metade dos anos trinta as suas investigagdes que redundariam no nascimento e na expanstio do movimento de Dindmica de Grupo, primeiro nos EUA e posteriormente em escala mundial. Entre 0s trabalhos de Lewin geralmente apontados como decisivos nesse sentido, figuram a pesquisa experimental de Dindmica de Grupo que ele realizou com Ronald Lippitt sobre autocracia ¢ democracia, publicada na revista Sociometry em 1938. Nesta, os esultados mostraram quenos grupos democréticos a originalidade dos individuos, 0 sentimento de nds e a cooperagao entre seus membros io muito maiores que nos grupos cujo lider era autocritico. Nestes tiltimos, quando era necessario um trabalho cooperativo, os Bindmica de Grupo: breve histérico 15 {ticipantes se reuniam em subgrupos apenas quando se hes era dada fi ordem pelo lider. Nos grupos democriticos, esta reuniio era fepontinea e duravao dobro do tempo que a dos grupos autocriticos. Seu famoso relato, em colaboragio com Lippitt ¢ White, obre um estudo de comportamento agressivo em “Climas sociais {Windos experimentalmente”, foi divul- Pio em 1939 no Journal of Social Poichology Esse estudo visava conhecer 0 Qomportamento do grupo como um (ido ede cada participante, em especial, 0 a influéncia de diversos tipos de Nos grupos democriticos a originalidade dos indivi- duos, o sentimento de nés e a cooperagao entre seus a ou de atmosfera grupal. _ membrossdomuitomaiores Floram criadas experimentalmente que nos grupos cujo lider himosferas democriticas, autocraticase ora autocritico, laissez faire em grupos de criangas, nos quais se tentou assegurar uma comparabilidade inicial através de teste sociométrico, observagdes, ade, entrevista com professores e com as préprias criangas, orc lém de serem utilizadas as mesmas atividades coletivas € 0 mesmo ambiente fisico. Os diferentes tipos de lideranga nio foram eriados om a intengao de se reproduzir os existentes na sociedade. A investigagao pretendia descobrir as variagdes de comportamento do lider e, conforme descrito acima, sua influéncia no comportamento {grupal e de cada um dos membros do grupo. Ou seja, visava criar lambientes para aprender a subjacente Dindmica de Grupo. Segundo Cartwright e Zander (1967), “esta parece ter sido a primeira vez que Lewin utiizou 0 terme Dinémica de Grupo” (p35). Esse trabalho mostra como criangas de grupos cuja lideranga fra autocritica, que se mostravam bastante submissas a esse tipo de Hider, reagiram agressivamente quando receberam um lider mais liberal. Ainda sob a lideranga autocritica, em alguns momentos reagiam agressivamente uns com os outros ou com 0 material de trabalho, mas sempre que surgia alguma dificuldade, apelavam para 0 lider em busca de solugdo. Sob a lideranga laissez faire, os ‘comportamentos agressivos entre os membros do grupo eram ainda mais intensos. Eventualmente reuniam-se alguns deles para a

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