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O mito do socialismo democrático

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Escrito por Murray Newton Rothbard August 23, 2016

Escrito por Murray Rothbard, publicado em Libertarian Review em Setembro de 1977.

Em qualquer debate entre um socialista e um capitalista pró-livre mercado, quase sempre


o socialista rapidamente coloca o defensor do livre-mercado na defensiva e todo o tempo é
consumido pelo livre-mercadista desviando dos ataques à habilidade do mercado em
prevenir desigualdade, ciclos econômicos ou mesmo os efeitos destrutivos da riqueza e do
“materialismo”. Estando na ofensiva, o socialismo surge imaculado e intocável e está
implícito em todos os lados que a economia de mercado deve provar seu valor para estar
no mesmo patamar moral e ideológico do socialismo. De fato, a moralidade do socialismo
é raramente questionada nessas discussões, com o crítico limitando-se a dúvidas sobre a
praticabilidade ou a viabilidade do socialismo.

Entretanto, a verdade é que o socialismo não é viável nem moral; tanto na teoria quanto na
prática, é um sistema inigualável em brutalidade, despotismo, genocídio e exploração. Ele
não merece nenhum respeito solene ou saudação moral.

Antes de nos voltarmos para o socialismo, a moralidade, bem como a eficácia do


contrastante sistema de livre mercado pode ser estabelecida bem rapidamente. O livre
mercado é uma vasta rede de trocas entre duas pessoas, conduzidas voluntariamente a
cada etapa do processo por cada participante porque cada um acredita que irá se
beneficiar com a troca. Uma vez que as trocas e escolhas são livres e voluntárias, a
economia de livre mercado é harmoniosa e cooperativa, ao mesmo tempo que permite
todo o espaço para a livre ação da escolha individual. E a economia funciona de forma
esplêndida, porque o livre sistema de preços e dos incentivos de lucros e perdas que
surgem desse mercado trazem eficiência e ordem da aparentemente “anarquística” e
caótica interação entre escolhas livres e voluntárias. No entanto, essa é uma ordem que
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surge espontaneamente de escolhas livremente adotadas, ao contrário daquela imposta
por violência e coerção. Tal livre mercado, em sua forma pura, não existe em lugar
nenhum do mundo atualmente.

Contrastemos o sistema do socialismo. O que é socialismo? É a posse ou controle pelo


estado dos meios de produção na sociedade. Em resumo, é o controle total pelo aparato
estatal sobre os meios de atingir virtualmente quaisquer objetivos que os indivíduos
possam almejar na sociedade. Uma vez que o estado tem um monopólio sobre os
instrumentos de violência e se distingue de todas as outras organizações ou instituições
sociais pelo uso contínuo da violência para atingir seus objetivos, isso significa que o
socialismo é um sistema de total violência coerciva sobre todos os cidadãos, a ser
exercida pelos líderes e gestores do aparato estatal. Se nós rapidamente contrastarmos o
socialismo com o livre mercado, nós podemos ver imediatamente que o socialismo implica
na ilegalidade coerciva pelo estado de uma miríade de trocas voluntárias e mutuamente
benéficas que constituem a sociedade livre. Pela troca voluntária e benefício mútuo, o
socialismo substitui a regra de máxima coerção, violência e comando compulsório. O
socialismo tem sido adequadamente rotulado de “economia de comando”.

O socialismo, em resumo, coloca as vidas, as fortunas e a honra sagrada de cada cidadão


sob o total comando do estado e sua elite dominante. Em nome de maximizar a liberdade
humana, em nome de eliminar o domínio de uma classe e a exploração do homem pelo
homem, em nome mesmo da “extinção do estado”, o socialismo dá todo poder ao estado
e, portanto, à sua classe dominante. Dessa forma, o socialismo cria um domínio de classe
e um sistema de despotismo e exploração do homem pelo homem, a fim de colocar todos
os outros sistemas nas sombras. Mas o que mais poderíamos esperar de um sistema que
coloca todo o poder nas mãos do estado – o estado, o maior genocida, explorador,
parasita, ladrão e escravizador em toda a história humana?

Na virada do século XX, tais consequências do aparentemente empolgante novo sistema


de socialismo poderiam ter sido previstas. Mas agora, com quase um século de
retrospectiva, está muito claro que a prática socialista confirmou nossas análises. Pois
esse século tem visto um grande número de regimes socialistas tomando conta de grande
parte do globo: Stalin, Hitler, Mao, Castro, e por aí vai. E o que o socialismo fez nesse
século exceto genocídio, desespero, campos de concentração, escravidão em massa,
racionamentos e fome?

Infelizmente, em discussões sobre o socialismo nos Estados Unidos, os socialistas têm se


livrado ao se isentar da responsabilidade de forma geral: que é terrível pintá-los com o
pincel de Hitler, Stalin e Mao. Pois não é esse tipo de “socialismo” que eles querem e
advogam; de fato, eles não consideram que esses regimes sejam “socialistas” de forma
alguma – apesar do fato de que esses regimes se encaixam exatamente na definição
linguística geral de socialismo que mencionamos acima. Pois o seu socialismo seria
constituído por “caras legais”, não por essas pessoas terríveis que têm feito parte dos
regimes socialistas reais desse século.

Mas se isentar da responsabilidade não é o suficiente. A essência do socialismo não é as


pessoas específicas que o indivíduo socialista gostaria de ver no poder. A essência é o
próprio sistema: o poder total do estado sobre os meios de produção. E se o resultado de
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todos os socialismos até então tem sido terrível e monstruoso, e se nenhum cara legal
“humanista” tem aparecido, então talvez, como os marxistas diriam, “isso não é acidente”,
mas um resultado incluso no próprio sistema. E eis aqui a nossa alegação: que Hitler,
Stalin, Mao, et al são tendências inerentemente sistemáticas dentro do próprio socialismo.

Examinemos brevemente as razões para a nossa alegação que aquele que diz
“Socialismo” deve inevitavelmente dizer também “Auschwitz” e “Gulag”.

Primeiro, há a “Lei de Rothbard”, a saber, que aquele que recebe poder, irá usá-lo. Se ao
estado é dado poder total sobre todos na sociedade, ele, sem dúvida, irá usá-lo, tanto para
atingir um aumento em riqueza quanto para exercer poder e controle para outros fins, indo
do poder por si mesmo a pomposos esquemas de reconstrução social. Logo, Auschwitz,
Gulag, etc.

Em segundo lugar, há o grande insight de Hayek no famoso capítulo do seu O Caminho da


Servidão, “Por que os piores chegam ao topo”. Resumidamente, a ideia é que para
qualquer atividade na sociedade, as pessoas que tenderão a subir ao topo dessa atividade
serão aqueles mais adequadas a ela, tanto em habilidade, temperamento ou entusiasmo.
O livre mercado seleciona para as suas posições de liderança aquelas pessoas mais
capazes de inovar, de satisfazer os desejos da massa de consumidores de forma melhor e
mais eficiente do que qualquer outro. O socialismo, pelo contrário, seleciona para as suas
posições de liderança aquelas pessoas mais adeptas às funções que elas cumprem, a
saber: burocratas ensinados em elaborar intrigas bizantinas e burocráticas, em lamber as
botas dos superiores e em menosprezar os inferiores; e déspotas e brutamontes adeptos
do exercício de força e violência. O mercado, em resumo, seleciona os Thomas Edisons,
enquanto o socialismo seleciona os comandantes de campos de concentração e
torturadores de polícias secretas.

Em terceiro lugar, uma vez que o socialismo significa planejamento central, qualquer
escopo possível para reformas ou limitações “democráticas” serão virtualmente
inexistentes. Pois, se o plano é central, isso significa que a ninguém será permitido
interferir com o plano uma vez que o estado e os seus “experts” tecnocratas tenham
tomado suas decisões. Pois quem são o público ou mesmo a legislatura para ousar frustrar
os planos estatais cuidadosamente escolhidos? O papel dos eleitores, quer seja direto ou
num parlamento, será estritamente plebiscitário: eles apenas serão capazes de votar a
favor, para ratificar o plano escolhido pelos planejadores centrais.

Em quarto lugar, outra quimera dos social-democratas é que o socialismo será capaz de
permitir liberdades civis, liberdade de expressão, imprensa e assembléia, enquanto
mantém um sistema de comando e obediência na esfera puramente econômica. Stalin
assassinou milhões de camponeses soviéticos, não por que eles eram dissidentes
políticos, mas por que eles resistiram serem expropriados e nacionalizados pelos
planejadores centrais soviéticos.

Em quinto lugar, como corolário, liberdades civis não podem ser mantidas sob o socialismo
pela simples razão que o governo, como o dono e gerente de todos os meios de produção,
de todos os recursos, tem o poder de alocar esses recursos àquelas pessoas e usos a seu

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favor. Não pode haver genuína liberdade de expressão, imprensa ou assembléia se uma
única agência coerciva, o governo, tem o poder de alocar sozinho todo o papel, salões de
assembléia, etc. para os usos que ele prefere.

Considere, por exemplo, um Conselho de Planejamento Socialista, que, com toda a boa
vontade do mundo, tem a tarefa de alocar os preciosos e escassos papéis, salões de
assembléias, impressoras, e assim por diante. Poderia alguém imaginar tal Conselho
transferindo algum desses recursos para um periódico anti-socialista? De fato, do ponto de
vista deles, por que eles deveriam? Como resultado, recursos tenderão a ser alocados
para aqueles indivíduos ou grupos que se posicionam publicamente a favor do regime.
Assim, os vícios usuais da burocracia: favoritismo, nepotismo e troca de favores de
políticos irão se profelirar sob o socialismo sem o impedimento das imposições do sistema
de lucros e perdas aos quais eles estão sujeitos no livre mercado.

Assim, a única liberdade de crítica sob um regime socialista será, como na Rússia e na
China, a liberdade para criticar burocratas insignificantes nos níveis mais baixos –
especialmente aqueles que são desaprovados pela classe dominante. Mas nenhuma
crítica será permitida aos fundamentos do sistema: da classe dominante ou do sistema
socialista em si.

Nossa discussão a respeito de um grupo anti-socialista tentando obter uma alocação de


papel e impressoras do Conselho de Planejamento deve iluminar o verdadeito significado
do famoso caso do Conselho de Planejamento Soviético recusando alocar recursos para a
produção de matzohs. O ponto importante aqui não é que a União Soviética era anti-judeu,
o que era a atitude da imprensa ocidental. O ponto importante é que é absurdo sequer
esperar que um governo socialista comprometido com o ateísmo alocaria muito dos seus
recursos escassos a um grupo religioso minoritário. Esse problema é inerente do próprio
sistema socialista.

Em sexto lugar, nós temos enfatizado que o governo socialista seria o único alocador de
recursos e o único produtor de bens. Assim, seria o único empregador, a única fonte de
empregos na economia. Isso significaria que todos na sociedade seriam totalmente
dependentes de uma fonte de emprego e renda para a sua subsistência: a classe
dominante do aparato estatal. Ainda que qualquer governo socialista possa graciosamente
permitir que empregados mudem ocupações, empregos ou locais de trabalho, isso pode
ser apenas a concessão de uma permissão pelo governo, ao invés de um direito básico de
cada empregado: pois o governo sempre será o único empregador. Essa terrível
dependência de um único empregador é uma parte essencial do sistema socialista. É
particularmente irônico que os socialistas que amargamente reclamam da necessidade dos
americanos em escolher entre centenas de milhares de empregadores pensem que essa
suposta condição de dependência pode ser remediada ao confinar todas as pessoas na
sociedade às sensíveis misericórdias de um único e compulsório empregador! Esse é o
remédio para a “alienação”?!

Novamente, liberdades civis não podem ser asseguradas em tal sociedade. Pois os
críticos e dissedentes podem ser “enviados para a Sibéria” no sentido mais literal possível,
bem como no sentido figurado. Afinal, alguém tem que ser alocado na Sibéria, certo?

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Então quem será na prática: pessoas favorecidas ou aqueles considerados problemáticos
pelo regime?

E assim a essência do socialismo é o trabalho forçado. Onde, exceto sob um regime


socialista, poderia um Mao decidir “acabar com a contradição entre trabalho físico e
mental” ao enviar centenas de milhares de alunos das áreas urbanas para viver
permanentemente na fronteira da província de Sinkiang – e forçá-los a cultivar arroz em
um clima seco para o bem de suas almas – ou, para usar um termo mais marxista, para o
benefício de sua “reeducação”?

Em sétimo lugar, o socialismo com democracia ou liberdades civis é uma quimera porque o
governo socialista teria necessariamente poder total sobre os processos de educação:
sobre escolas e a mídia. Possuíndo esse poder, os pequenos grupos dominantes irão usá-
lo para moldar uma população subordinada que será enchida de amor pelos seus líderes e
ávida disposição a obedecer todos os seus comandos. Chame isso do que você quiser:
“lavagem cerebral”, “centros de reabilitação cultural” ou qualquer outra coisa, é inevitável
que a uma elite dominante que é dada todo o poder sobre educação irá usá-lo para tais fins
“sociais”, para criar um avidamente desejado Novo Homem Socialista: um Homem que irá
amar e obedecer seus líderes e que irá colocar os comandos de seus líderes acima de
quaisquer escrúpulos ou considerações pessoais. Esperançosamente, a natureza humana
é tal que o governo não pode ser bem sucedido; mas a sociedade é um inferno enquanto
os líderes se esforçam.

Em oitavo lugar, assim como o trabalhador é tratado como lixo sob o sistema socialista,
também é o consumidor. Em uma economia de livre mercado, os consumidores são
atraídos e agradados pelas empresas, já que são a única fonte de receita. Todos os
termos da troca, da qualidade do produto ao preço, são feitos para agradar os
consumidores e torná-los clientes. Mas sob o socialismo, a renda do estado e seus
burocratas é decidida por eles mesmos, ao invés de pelo consumidor. Ao invés de o
consumidor ser cortejado e paparicado, ele é tratado como uma fonte irritante de
esgotamento dos preciosos recursos escassos do estado. Sob o socialismo, ao
consumidor é permitido, relutantemente, apenas suas míseras quantidades racionadas de
recursos.

O resultado de tudo isso é um marcante contraste na qualidade de vida bem como no


padrão de vida entre as nações socialistas e não-socialistas. Países socialistas são
invariavelmente repletos de pessoas cinzentas, pálidas e sem espíritos se arrastando para
as filas de seus suprimentos racionados; países ocidentais não-socialistas são repletos de
pessoas vivas e lojas, com uma grande variedade de bens de consumo. Por exemplo, o
contraste entre Alemanha Oriental e Ocidental, ou mesmo entre a Iugoslávia voltada para
o mercado e o resto do bloco socialista na Europa Oriental.

Em nono lugar, além de todo esse horror moral e social, o socialismo não pode funcionar,
ou seja, na falta de um livre sistema de preços, o socialismo não pode operar uma
economia industrial avançada que seja adequada até mesmo aos objetivos dos líderes do
estado. Uma economia industrial socialista sofreria graves racionamentos, pobreza, fome e
colapso e, em último caso, a morte de uma grande porção de sua população.

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Concluímos que Hitler, Stalin, Mao, et al, não foram em nenhum sentido traidores do
socialismo; pelo contrário, seus regimes foram a realização do socialismo. Voltemos, por
exemplo, àquele que é com certeza um dos mais monstruosos regimes hoje – obviamente,
socialista: o governo do Camboja. Quando o regime socialista tomou o Camboja, ele se viu
com uma população urbana inchada na capital, Phnom Penh, uma população que se
tornou maior pelos refugiados de guerras, devastação e os EUA bombardeando as
fronteiras. Mas, sendo socialista, o novo regime decidiu diminuir a população de Phnom
Penh pela coerção: e as massas foram enviadas às áreas rurais em uma verdadeira
marcha da morte, uma vez que pessoas foram arrancadas de hospitais, até mesmo
durante cirurgias, e forçados a marchar para fora da cidade. Que a lógica do socialismo é
brutalidade e morte nunca foi antes mais claramente demonstrada.

Eu gostaria de concluir comparando e contrastando as respostas de dois “socialistas


democráticos”, ambos oponentes fervorosos da guerra do Vietnã, das grotescas violações
aos direitos humanos acontecendo agora de várias formas nos países socialistas da
Indochina. Um é o distinto jornalista francês Jean Lacouture, que se referiu furiosamente
ao novo paìs socialista Camboja como “o país mais rigorosamente fechado do mundo,
onde a revolução mais sangrenta da história está acontecendo agora”. Lacouture continua:

“Genocídio ordinário… normalmente tem sido executado contra uma população


estrangeira ou uma minoria interna. Os novos mestres de Phnom Penh inventaram algo
original, o auto-genocídio. Após Auschwitz e o Gulag, podíamos ter pensado que esse
século havia produzido o máximo em horror, mas agora estamos vendo o suicídio (lê-se:
assassinato) de um povo em nome da revolução; ainda pior: em nome do socialismo.”

Lacouture continua a descrever a situação em Camboja como onde

“um grupo de intelectuais modernos, formados pelo pensamento ocidental, primariamente


pensamento marxista (com pesadas misturas de Rousseau), alegam buscar o retorno à
rústica Era de Ouro, à uma civilização rural e nacional ideal. E proclamando esses ideais,
eles estão sistematicamente massacrando, isolando e deixando passar fome as
populações da cidade e das vilas cujos crimes são ter nascido onde nasceram…”

Lacouture acrescenta que os subordinados do líder do Camboja, Khieu Samphan,

“são mantidos em um confinamento induzido pelo terror, uma das decisões mais racionais
do regime: pois como ele poderia deixar o mundo lá fora vê-lo enterrar uma civilização na
pré-história e seu massacre? Quando homens que falam sobre o marxismo são capazes
de falar… que apenas 1.5 a 2 milhões de jovens cambojanos, de 6 milhões, seriam
necessários para construir uma sociedade pura, não se pode simplesmente falar de
barbarismo; quais bárbaros já agiram dessa forma? Isso é apenas loucura.” [1]

Mas os nobres instintos de Lacouture têm ultrapassado sua inteligência nessa questão.
Pois, que me permita Thomas Szasz, os novos líderes de Camboja não estão “loucos”.
Eles são, simplesmente, socialistas, tentando fazer surgir o Novo Homem Socialista de
suas aspirações marxistas-rousseaunianas. Seu sistema social, obviamente, não é menos
horrendo por causa disso; muito pelo contrário.

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Contraste essa nobre reação de Lacouture, para não dizer sem sentido, com a reação do
distinto professor de direito internacional de Princeton Richard A. Falk à recente divulgação
dos menos horrendos, mas ainda abomináveis, campos de concentração de “reeducação
cultural” sendo conduzidos pelo novo governo socialista do Vietnã. Quando tais líderes
civis libertários e anti-guerra como James Forest e Nat Hentoff exigiram que a esquerda
denunciasse esses campos de concentração vietnamitas, estudemos a vergonhosa
medida resposta do professor Falk, pretensamente inocente:

“Eu me referi aos problemas especiais enfrentados pelos líderes vietnamitas


comprometidos em construir o socialismo e enfrentando resistência e oposição. Hentoff
afirma que eu acredito que tudo vale se feito para construir uma sociedade socialista, um
ponto de vista grotesco que eu oponho ardentemente. Meu real ponto de vista é que, na
situação vietnamita, o que tem sido feito até agora não envolveu sistemático ou severo
abuso de direitos humanos. O que tem sido feito foi remover temporariamente da ordem
política alguns daqueles que aparentavam ser obstrutivos em um período de emergência
econômica nacional. Tal remoção pode ser a única alternativa à renúncia de um programa
de desenvolvimento socialista, uma renúncia que violaria a dinâmica de auto-determinação
incorporada no resultado da guerra.” [2]

Nós concluímos aqui nosso argumento; pois a obscenidade moral do professor Falk não
deve ser permitida obscurecer a consistência pragmática de suas visões socialistas. Se
“remover temporariamente da ordem política” é uma frase pretensamente inocente com a
qual o professor Falk escolhe encobrir opressão sangrenta, ele está absolutamente correto
quando aponta que “tal remoção pode ser a única alternativa a renúncia de um programa
de desenvolvimento socialista…”.

Em resumo, o Professor Falk declarou corretamente a escolha perante à humanidade:


socialismo ou liberdade humana. É um ou o outro. Socialismo humanístico ou democrático
é uma quimera, um paradoxo.

Notas:

[1] Jean Lacouture, “The Bloodiest Revolution”, New York Review of Books (31 de março
de 1977), pp. 9-10. As subsequentes “correções” de Lacouture, muito ovacionadas pela
esquerda americana, não afetam a substância do seu argumento. Veja Lacouture
“Cambodia: Corrections”, New York Review of Books (26 de maio de 1977), p. 46.
Chomsky e Herman rispidamente rejeitam tais declarações de oficiais cambojanos
simplesmente por que elas apareceram na imprensa tailandesa. Para rejeitar quaisquer
declarações reportadas pelos próprios oficiais do governo meramente por que elas não
foram autorizadas e publicadas pelos oficiais é uma posição estranha para autores que se
presume aplaudiram a exposição dos horrores de Watergate. Noam Chomsky e Edward S.
Herman, “Distortions at Fourth Hand”, The Nation, 25 de junho de 1977, pp. 789-794.

[2] The Village Voice, 21 de março de 1977, p. 4.

Tradução: Daniel Chaves Claudino.


Revisão: Daniel Oliveira.
Original: Revista Libertarian Review.

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