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Entretanto, a verdade é que o socialismo não é viável nem moral; tanto na teoria quanto na
prática, é um sistema inigualável em brutalidade, despotismo, genocídio e exploração. Ele
não merece nenhum respeito solene ou saudação moral.
Examinemos brevemente as razões para a nossa alegação que aquele que diz
“Socialismo” deve inevitavelmente dizer também “Auschwitz” e “Gulag”.
Primeiro, há a “Lei de Rothbard”, a saber, que aquele que recebe poder, irá usá-lo. Se ao
estado é dado poder total sobre todos na sociedade, ele, sem dúvida, irá usá-lo, tanto para
atingir um aumento em riqueza quanto para exercer poder e controle para outros fins, indo
do poder por si mesmo a pomposos esquemas de reconstrução social. Logo, Auschwitz,
Gulag, etc.
Em terceiro lugar, uma vez que o socialismo significa planejamento central, qualquer
escopo possível para reformas ou limitações “democráticas” serão virtualmente
inexistentes. Pois, se o plano é central, isso significa que a ninguém será permitido
interferir com o plano uma vez que o estado e os seus “experts” tecnocratas tenham
tomado suas decisões. Pois quem são o público ou mesmo a legislatura para ousar frustrar
os planos estatais cuidadosamente escolhidos? O papel dos eleitores, quer seja direto ou
num parlamento, será estritamente plebiscitário: eles apenas serão capazes de votar a
favor, para ratificar o plano escolhido pelos planejadores centrais.
Em quarto lugar, outra quimera dos social-democratas é que o socialismo será capaz de
permitir liberdades civis, liberdade de expressão, imprensa e assembléia, enquanto
mantém um sistema de comando e obediência na esfera puramente econômica. Stalin
assassinou milhões de camponeses soviéticos, não por que eles eram dissidentes
políticos, mas por que eles resistiram serem expropriados e nacionalizados pelos
planejadores centrais soviéticos.
Em quinto lugar, como corolário, liberdades civis não podem ser mantidas sob o socialismo
pela simples razão que o governo, como o dono e gerente de todos os meios de produção,
de todos os recursos, tem o poder de alocar esses recursos àquelas pessoas e usos a seu
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favor. Não pode haver genuína liberdade de expressão, imprensa ou assembléia se uma
única agência coerciva, o governo, tem o poder de alocar sozinho todo o papel, salões de
assembléia, etc. para os usos que ele prefere.
Considere, por exemplo, um Conselho de Planejamento Socialista, que, com toda a boa
vontade do mundo, tem a tarefa de alocar os preciosos e escassos papéis, salões de
assembléias, impressoras, e assim por diante. Poderia alguém imaginar tal Conselho
transferindo algum desses recursos para um periódico anti-socialista? De fato, do ponto de
vista deles, por que eles deveriam? Como resultado, recursos tenderão a ser alocados
para aqueles indivíduos ou grupos que se posicionam publicamente a favor do regime.
Assim, os vícios usuais da burocracia: favoritismo, nepotismo e troca de favores de
políticos irão se profelirar sob o socialismo sem o impedimento das imposições do sistema
de lucros e perdas aos quais eles estão sujeitos no livre mercado.
Assim, a única liberdade de crítica sob um regime socialista será, como na Rússia e na
China, a liberdade para criticar burocratas insignificantes nos níveis mais baixos –
especialmente aqueles que são desaprovados pela classe dominante. Mas nenhuma
crítica será permitida aos fundamentos do sistema: da classe dominante ou do sistema
socialista em si.
Em sexto lugar, nós temos enfatizado que o governo socialista seria o único alocador de
recursos e o único produtor de bens. Assim, seria o único empregador, a única fonte de
empregos na economia. Isso significaria que todos na sociedade seriam totalmente
dependentes de uma fonte de emprego e renda para a sua subsistência: a classe
dominante do aparato estatal. Ainda que qualquer governo socialista possa graciosamente
permitir que empregados mudem ocupações, empregos ou locais de trabalho, isso pode
ser apenas a concessão de uma permissão pelo governo, ao invés de um direito básico de
cada empregado: pois o governo sempre será o único empregador. Essa terrível
dependência de um único empregador é uma parte essencial do sistema socialista. É
particularmente irônico que os socialistas que amargamente reclamam da necessidade dos
americanos em escolher entre centenas de milhares de empregadores pensem que essa
suposta condição de dependência pode ser remediada ao confinar todas as pessoas na
sociedade às sensíveis misericórdias de um único e compulsório empregador! Esse é o
remédio para a “alienação”?!
Novamente, liberdades civis não podem ser asseguradas em tal sociedade. Pois os
críticos e dissedentes podem ser “enviados para a Sibéria” no sentido mais literal possível,
bem como no sentido figurado. Afinal, alguém tem que ser alocado na Sibéria, certo?
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Então quem será na prática: pessoas favorecidas ou aqueles considerados problemáticos
pelo regime?
Em sétimo lugar, o socialismo com democracia ou liberdades civis é uma quimera porque o
governo socialista teria necessariamente poder total sobre os processos de educação:
sobre escolas e a mídia. Possuíndo esse poder, os pequenos grupos dominantes irão usá-
lo para moldar uma população subordinada que será enchida de amor pelos seus líderes e
ávida disposição a obedecer todos os seus comandos. Chame isso do que você quiser:
“lavagem cerebral”, “centros de reabilitação cultural” ou qualquer outra coisa, é inevitável
que a uma elite dominante que é dada todo o poder sobre educação irá usá-lo para tais fins
“sociais”, para criar um avidamente desejado Novo Homem Socialista: um Homem que irá
amar e obedecer seus líderes e que irá colocar os comandos de seus líderes acima de
quaisquer escrúpulos ou considerações pessoais. Esperançosamente, a natureza humana
é tal que o governo não pode ser bem sucedido; mas a sociedade é um inferno enquanto
os líderes se esforçam.
Em oitavo lugar, assim como o trabalhador é tratado como lixo sob o sistema socialista,
também é o consumidor. Em uma economia de livre mercado, os consumidores são
atraídos e agradados pelas empresas, já que são a única fonte de receita. Todos os
termos da troca, da qualidade do produto ao preço, são feitos para agradar os
consumidores e torná-los clientes. Mas sob o socialismo, a renda do estado e seus
burocratas é decidida por eles mesmos, ao invés de pelo consumidor. Ao invés de o
consumidor ser cortejado e paparicado, ele é tratado como uma fonte irritante de
esgotamento dos preciosos recursos escassos do estado. Sob o socialismo, ao
consumidor é permitido, relutantemente, apenas suas míseras quantidades racionadas de
recursos.
Em nono lugar, além de todo esse horror moral e social, o socialismo não pode funcionar,
ou seja, na falta de um livre sistema de preços, o socialismo não pode operar uma
economia industrial avançada que seja adequada até mesmo aos objetivos dos líderes do
estado. Uma economia industrial socialista sofreria graves racionamentos, pobreza, fome e
colapso e, em último caso, a morte de uma grande porção de sua população.
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Concluímos que Hitler, Stalin, Mao, et al, não foram em nenhum sentido traidores do
socialismo; pelo contrário, seus regimes foram a realização do socialismo. Voltemos, por
exemplo, àquele que é com certeza um dos mais monstruosos regimes hoje – obviamente,
socialista: o governo do Camboja. Quando o regime socialista tomou o Camboja, ele se viu
com uma população urbana inchada na capital, Phnom Penh, uma população que se
tornou maior pelos refugiados de guerras, devastação e os EUA bombardeando as
fronteiras. Mas, sendo socialista, o novo regime decidiu diminuir a população de Phnom
Penh pela coerção: e as massas foram enviadas às áreas rurais em uma verdadeira
marcha da morte, uma vez que pessoas foram arrancadas de hospitais, até mesmo
durante cirurgias, e forçados a marchar para fora da cidade. Que a lógica do socialismo é
brutalidade e morte nunca foi antes mais claramente demonstrada.
“são mantidos em um confinamento induzido pelo terror, uma das decisões mais racionais
do regime: pois como ele poderia deixar o mundo lá fora vê-lo enterrar uma civilização na
pré-história e seu massacre? Quando homens que falam sobre o marxismo são capazes
de falar… que apenas 1.5 a 2 milhões de jovens cambojanos, de 6 milhões, seriam
necessários para construir uma sociedade pura, não se pode simplesmente falar de
barbarismo; quais bárbaros já agiram dessa forma? Isso é apenas loucura.” [1]
Mas os nobres instintos de Lacouture têm ultrapassado sua inteligência nessa questão.
Pois, que me permita Thomas Szasz, os novos líderes de Camboja não estão “loucos”.
Eles são, simplesmente, socialistas, tentando fazer surgir o Novo Homem Socialista de
suas aspirações marxistas-rousseaunianas. Seu sistema social, obviamente, não é menos
horrendo por causa disso; muito pelo contrário.
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Contraste essa nobre reação de Lacouture, para não dizer sem sentido, com a reação do
distinto professor de direito internacional de Princeton Richard A. Falk à recente divulgação
dos menos horrendos, mas ainda abomináveis, campos de concentração de “reeducação
cultural” sendo conduzidos pelo novo governo socialista do Vietnã. Quando tais líderes
civis libertários e anti-guerra como James Forest e Nat Hentoff exigiram que a esquerda
denunciasse esses campos de concentração vietnamitas, estudemos a vergonhosa
medida resposta do professor Falk, pretensamente inocente:
Nós concluímos aqui nosso argumento; pois a obscenidade moral do professor Falk não
deve ser permitida obscurecer a consistência pragmática de suas visões socialistas. Se
“remover temporariamente da ordem política” é uma frase pretensamente inocente com a
qual o professor Falk escolhe encobrir opressão sangrenta, ele está absolutamente correto
quando aponta que “tal remoção pode ser a única alternativa a renúncia de um programa
de desenvolvimento socialista…”.
Notas:
[1] Jean Lacouture, “The Bloodiest Revolution”, New York Review of Books (31 de março
de 1977), pp. 9-10. As subsequentes “correções” de Lacouture, muito ovacionadas pela
esquerda americana, não afetam a substância do seu argumento. Veja Lacouture
“Cambodia: Corrections”, New York Review of Books (26 de maio de 1977), p. 46.
Chomsky e Herman rispidamente rejeitam tais declarações de oficiais cambojanos
simplesmente por que elas apareceram na imprensa tailandesa. Para rejeitar quaisquer
declarações reportadas pelos próprios oficiais do governo meramente por que elas não
foram autorizadas e publicadas pelos oficiais é uma posição estranha para autores que se
presume aplaudiram a exposição dos horrores de Watergate. Noam Chomsky e Edward S.
Herman, “Distortions at Fourth Hand”, The Nation, 25 de junho de 1977, pp. 789-794.
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