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com indicações da fonte. Publicação em acordo com as orientações do novo acordo ortográfico da língua
portuguesa, em vigor desde janeiro de 2009.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Sagrada,
versão Revista e Atualizada (ARA), Copyright © 1988, Sociedade Bíblica do Brasil. Todos os direitos
reservados. Outras versões utilizadas: ARC (Versão Revista e Corrigida, 1995, SBB); NVI (Nova Versão
Internacional, 2000, Editora Vida) e ABV (A Bíblia Viva, 2008, Editora Mundo Cristão). As seguintes
versões foram traduzidas livremente do idioma inglês em função da inexistência de tradução no idioma
português: AMP (The Amplified Bible) e KJV (King James Version).
www.edilan.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
B467q Bevere, John, 1959-
Quebrando as cadeias da intimidação: diga não sem sentir culpa: >esteja seguro sem
aprovação do homem / John Bevere; [tradução Idiomas & Cia]. - 1.ed. - Rio de Janeiro :
Luz às Nações, 2016.
ISBN 978-85-99858-97-4
A John e Kay Bevere, pelos pais fiéis ao Senhor que são. Sou muito
feliz por Deus ter me permitido ser seu filho. Amo vocês.
Prefácio
Introdução
Parte I
Estabelecendo a Sua Posição Espiritual
Ande na sua Autoridade
Posição Espiritual e Autoridade Espiritual
Dois Extremos
Dons Transmitidos
Parte II
Revelando a Intimidação
Dons Adormecidos
Paralisado pela Intimidação
O Espírito de Intimidação
Parte III
Quebrando as Cadeias da Intimidação
Reavive o Dom
A Raiz de Intimidação
Desejar Não Basta
Temor de Deus x Temor do Homem
Ação ou Reação?
O Espírito de Moderação
Prossiga para o Alvo
Epílogo
Notas
Bibliografia
Prefácio
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .
Filho, muitos dos que são chamados ao Meu grande exército de crentes
dos Últimos Dias estão presos pela intimidação. Eles têm corações puros
diante de Deus e diante dos homens; no entanto, assim como Gideão na
antiguidade, estão sendo mantidos cativos pelo temor dos homens (Jz 6-8).
Os dons que Eu coloquei neles estão adormecidos. Eu ungirei a mensagem
deste livro para libertar multidões desses homens. Eles se levantarão e me
obedecerão destemidamente. Eles serão guerreiros valorosos e
conquistarão grandes vitórias na força do seu Deus.
Estabelecendo a sua
Posição Espiritual
CAPÍTULO 1
....................................................
À medida que sirvo ao Senhor, percebo cada vez mais que Ele usa
circunstâncias e pessoas para nos preparar para cumprir o Seu chamado para
as nossas vidas.
Em 1983, deixei minha carreira de engenheiro para entrar para o ministério
de auxílio em tempo integral em uma igreja muito grande. Na minha posição,
eu servia ao pastor, à sua esposa e a todos os ministros convidados que
chegavam cuidando de várias tarefas, a fim de poder liberá-los para a obra
que Deus os havia chamado a fazer. Depois de quatro anos, Deus me liberou
para ser o pastor de jovens de outra grande igreja.
Na semana em que eu deveria sair, um homem que também fazia parte da
equipe disse à minha esposa que Deus havia lhe dado uma palavra para mim.
Desde então, essa palavra tem ecoado em meus ouvidos como uma
advertência, protegendo-me debaixo da sombra de sua sabedoria e força.
Como acontece com qualquer palavra que procede realmente de Deus, ela se
tornou um leme para o meu coração e um fundamento para me livrar da
incerteza.
Aquele homem advertiu minha esposa, dizendo: “Se o John não andar na
autoridade que Deus lhe deu, alguém a tirará dele e a usará contra ele”. Essa
palavra exerceu um impacto imediato em mim. Reconheci-a como a sabedoria
de Deus, mas não tinha o pleno entendimento sobre como aplicá-la. Esse
conhecimento só viria ao longo dos anos que se seguiram.
Uma Experiência Transformadora
No início de 1990, o Senhor confirmou que o Seu chamado para a minha vida
naquele tempo era viajar e ministrar. Depois de estar na estrada por pouco
tempo, tive uma experiência transformadora através da qual finalmente
compreendi as palavras de instrução que Deus havia me dado anos antes.
Começamos a dirigir algumas reuniões em uma igreja em uma quarta-feira à
noite e estávamos programados para continuar no domingo. O Espírito de
Deus moveu-se de forma poderosa, e houve libertações muito fortes, curas e
salvação. A presença de Deus nos cultos aumentava a cada noite.
Na primeira semana, uma senhora envolvida no movimento Nova Era foi
gloriosamente liberta. Essa libertação pareceu ser o catalisador que
impulsionou as reuniões. Na semana seguinte, as pessoas começaram a vir de
regiões a 150 quilômetros de distância para participar dos cultos.
O pastor disse: “Não podemos encerrar estes encontros. Deus tem mais
reservado para nós.” Concordei, e continuamos por vinte e um cultos. A
Palavra de Deus fluía como um rio que corria rapidamente, e os dons do
Espírito se manifestavam em cada culto.
Certa noite, durante a segunda semana de reuniões, estava pregando quando,
de repente, virei para trás e encarei os músicos e cantores (havia cerca de
vinte e cinco pessoas sobre a plataforma). Então declarei: “Há pecado nesta
plataforma. Se você não se arrepender, Deus vai trazê-lo à tona”.
Depois de me ouvir dizer isso, pensei: Uau, de onde veio isto? Eu estava
pregando há tempo suficiente para saber que há momentos em que a unção de
Deus vem sobre você de uma forma tão forte que você faz afirmações que seus
ouvidos físicos só ouvirão depois de já terem sido ditas. Isso é pregação
profética – quando falamos por inspiração divina.
Minha mente começou a questionar o que eu havia dito, mas rapidamente
expulsei esses pensamentos porque sabia que o que havia dito procedia de
Deus. Eu não havia premeditado aquilo. A unção para pregar permanecia
sobre mim de forma intensa.
As multidões aumentavam a cada culto. Durante a terceira semana – mais
uma vez, enquanto eu pregava – eu me voltei, apontei o dedo para os que
estavam na plataforma e declarei com ousadia através da unção do Espírito
Santo: “Há pecado nesta plataforma. Se você não se arrepender, Deus irá
expor o pecado, e você será excluído!” Senti um aumento de autoridade e de
segurança. Desta vez, não questionei, porque sabia que Deus estava dando
início ao processo de retirar o pecado da Sua casa.
Julgue ou Seja Julgado
Quando o pecado entra em nossas vidas, o Espírito Santo nos convence e nos
instrui. No entanto, se não dermos ouvidos, começaremos a nos tornar frios e
cauterizados. Isto continuará até nosso coração não ser mais sensível a Ele.
Então, para nos alcançar e nos proteger, ou para proteger aqueles que nos
cercam, Deus enviará alguém para expor o que está errado. Ele não faz isso
com o objetivo de nos constranger, mas sim para nos advertir e proteger. Se
continuarmos nos recusando a ouvir, o julgamento virá sobre nós. “Porque, se
nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados,
somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo”
(1 Co 11:31-32).
Deus irá tolerar o pecado durante um período, para nos dar tempo de nos
arrependermos a fim de nos poupar da Sua disciplina. E até mesmo durante a
Sua disciplina, o Seu desejo é que não sejamos condenados com o mundo. O
filho pródigo caiu em si quando estava no chiqueiro.
É melhor cair em si estando em um chiqueiro do que continuar em pecado e
um dia ouvir o Mestre dizer: “Apartai-vos de Mim, os que praticais a
iniquidade” (Mt 7:23)!
Se não nos arrependermos, sofreremos, embora não seja este o desejo de
Deus para nós. Referindo-se a isso, Paulo disse: “Eis a razão porque há entre
vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem [estão mortos]” (1 Co
11:30, AMP). O pecado ao final gera a morte espiritual e física. Senti que o
Senhor estava disciplinando alguém na plataforma, tentando trazer aquela
pessoa ao arrependimento. Mas eu não sabia quem era a pessoa a quem Ele
estava convencendo do pecado.
Um Ataque Sutil de Intimidação
De repente, ouvi a voz de Deus falar comigo pela primeira vez em mais de
vinte e quatro horas. Ele disse: “John, você está intimidado pelas pessoas que
estão na plataforma atrás de você. Você foi destituído da sua posição de
autoridade, e o dom de Deus em você foi apagado”.
Com esta repreensão suave, uma explosão de luz inundou o meu espírito.
Enquanto todos oravam durante os cinco minutos que se seguiram, o Espírito
de Deus me levou a percorrer a Bíblia, mostrando-me diversos incidentes em
que homens e mulheres ficaram intimidados e como isto fez com que o dom de
Deus neles ficasse adormecido. Pude ver como eles abriram mão de sua
autoridade e perderam sua eficácia no Espírito. Então, Ele me levou a
percorrer os últimos anos e me mostrou como eu havia feito a mesma coisa.
Imediatamente, comecei a quebrar o poder da intimidação sobre mim
mesmo através da oração. Há um exemplo deste tipo de oração no epílogo
deste livro. Durante os setenta e cinco minutos que se seguiram, preguei com
base nas passagens que Deus havia me mostrado de forma inflamada. Quando
terminei, dois terços da congregação vieram à frente para receber a libertação
da intimidação. Aquele foi o maior culto de todo o congresso de avivamento.
Menos de uma semana depois, Deus começou a expor o pecado que havia
no meio da equipe de louvor. Descobriu-se que o baixista estava saindo após
os cultos e se embriagando. Além disso, um dos cantores estava dormindo com
uma jovem da congregação. Ambos foram removidos de suas posições
ministeriais. O baixista deixou a igreja, mas o cantor arrependeu-se e foi
restaurado em sua caminhada com o Senhor.
Pouco tempo depois, a líder de louvor e alguns outros causaram uma
divisão na igreja. Um quarto da igreja partiu com ela. Como se constatou mais
tarde, ela estava envolvida em adultério, e dentro de um ano divorciou-se de
seu marido. A última notícia que tive foi a de que ela estava vivendo com
outro homem. Das famílias que lideraram a divisão, apenas um casal continua
casado.
Estas eram as pessoas que haviam reclamado que eu estava sendo muito
duro com elas. Deus estava advertindo estas pessoas. Como teria sido melhor
se elas tivessem recebido aquela advertência em seus corações!
Voltei àquela igreja duas vezes e descobri que havia unidade e força como
nunca antes. O pastor explicou: “Deus purificou nossa igreja através daquelas
situações, e com isso nos tornamos mais fortes. O nosso louvor e adoração
nunca foram tão livres!” Ele também disse que muito da competição e
rivalidade que havia antes já não existia mais. Glória a Deus!
O que Deus compartilhou comigo durante aqueles curtos cinco minutos de
oração naquele culto expandiu-se para se tornar a mensagem que você está
prestes a ler. Ele me levou a pregar esta mensagem em todo o mundo. Como
resultado, vi inúmeros homens e mulheres serem libertos do cativeiro da
intimidação.
Uma Mensagem para Todos
Deus havia dado autoridade a Adão, e Adão por sua vez perdeu-a para
Satanás. Adão perdeu mais do que apenas sua posição. Tudo o que Deus havia
colocado sob os seus cuidados foi afetado. Um declínio gradual de toda a
harmonia e ordem existentes teve início.
Um exemplo desse declínio é o reino animal. No jardim, sob o domínio de
Deus e de Adão, os leões não devoravam os outros animais (Is 65:25). As
cobras não tinham mordidas venenosas (Is 65:25). Os cordeiros não tinham
motivo para temer os lobos ou outros predadores (Is 65:25). Contudo,
imediatamente após a queda vemos um animal inocente ser sacrificado para
vestir o homem nu (Gn 3:21). Mais tarde, vemos a inimizade e o medo
colocarem-se entre o homem e os animais que ele um dia governara (Gn 9:2).
Outra área afetada foi a própria terra. O solo foi amaldiçoado, trabalhando
contra o homem em vez de trabalhar para ele enquanto ele se esforçava para
fazer nascer o fruto que um dia havia sido fornecido abundantemente (Gn 3:17-
19). Romanos 8:20 diz: “Pois a criação está sujeita à vaidade, não
voluntariamente”.
Nada na terra, seja natural ou espiritual, escapou dos efeitos da
desobediência. A iniquidade, a morte, a doença, a pobreza, os terremotos, a
fome, a pestilência, e muitos outros males entraram na terra. Houve uma perda
da ordem divina e da autoridade divina. O primogênito de Adão aprendeu a
odiar, invejar e assassinar. O inimigo tomara a autoridade que Deus havia
dado para proteção e provisão e a voltara contra toda a criação, usando-a
agora para a destruição e a morte.
A Autoridade Restaurada
Paulo orou para que soubéssemos “qual a suprema grandeza do Seu poder
para com os que cremos... o qual exerceu Ele em Cristo, ressuscitando-o
dentre os mortos e fazendo-o sentar à Sua direita nos lugares celestiais” (Ef
1:19-20, ênfase do autor). Observe que não se trata de um único lugar
celestial, pois Paulo diz claramente “lugares”. A razão pela qual Paulo diz
“lugares” se encontra em alguns versículos posteriores, nos quais lemos: “Ele
vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados... e, juntamente
com Ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo
Jesus” (Ef 2:1, 6, ênfase do autor). Esses lugares são onde os Seus filhos
redimidos devem habitar.
Agora, surge a pergunta: Onde estão esses lugares de habitação, e que
posição eles têm? A resposta encontra-se em Efésios 1:21: “acima de todo
principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa
referir não só no presente século, mas também no vindouro” (ênfase do autor).
O homem redimido oculto em Cristo agora recebe uma posição no espírito
que está acima do diabo. Jesus declarou com ousadia: “Eis aí vos dei
autoridade... sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos
causará dano” (Lc 10:19).
Agora, entendemos a ordem: “Portanto, ide”. Jesus entendia a autoridade
que estava dando aos crentes. Os direitos adquiridos em nosso novo
nascimento nos colocaram nesses lugares celestiais, muito acima da
autoridade e do poder do inimigo.
Assim como fez com Adão no Jardim do Éden, Satanás agora procura nos
deslocar no espírito a fim de recuperar a autoridade que Jesus tirou dele. Se
Satanás puder roubar esta posição de autoridade ou fazer com que os
indivíduos renunciem a ela, ele terá novamente a autoridade para agir. Paulo
diz isso claramente: “Nem deis lugar ao diabo” (Ef 4:27, ênfase do autor).
Nós, crentes, não devemos perder o nosso lugar no espírito.
Posição no Reino
Este princípio está ilustrado na vida de Davi (2 Sm 8-18). O reino era forte e
seguro sob a sua liderança. Deus o havia abençoado com vários filhos e filhas.
Então, Davi tomou para si o que Deus não lhe havia dado ao cometer adultério
com Bate-Seba. Ela engravidou, e para complicar as coisas, seu marido estava
fora de casa, na guerra, defendendo o reino de Davi.
Davi mandou chamar seu marido, Urias, esperando encorajá-lo a dormir
com Bate-Seba e assim parecer que havia gerado o bebê. No entanto, Urias,
em devoção a Davi e ao seu reino, não quis desfrutar da intimidade com sua
mulher enquanto seus companheiros soldados estavam em combate. Ele sabia
que seria apenas questão de tempo até que Urias soubesse que sua mulher
estava grávida. Finalmente, todos saberiam que o pai era Davi.
Assim, Davi planejou o assassinato de Urias enviando-o de volta para a
batalha, levando em suas mãos sua própria garantia de morte. Urias foi
colocado em meio à batalha mais acirrada. Então, quando estava cercado pelo
inimigo, os que lutavam ao seu lado receberam ordens de recuar. Urias caiu
pela mão do inimigo. Um único ato de adultério de Davi levou ao engano, à
mentira e ao assassinato.
Em pouco tempo, o profeta Natã foi até Davi para expor este pecado. Davi
confessou: “Pequei contra o Senhor”. Então, Natã lhe disse: “Também o
Senhor te perdoou o teu pecado; não morrerás” (2 Sm 12:13).
Davi arrependeu-se e foi perdoado. Deus apagou a sua transgressão (Is
43:25-26). Mas Natã prossegue advertindo Davi: “Com isto deste ocasião aos
inimigos do Senhor” (2 Sm 12:14).
Davi foi perdoado, mas tornou a sua vida e a vida de sua família
vulneráveis aos inimigos de Deus – não apenas aos inimigos naturais, mas
também aos espirituais. Sua família e a nação de Israel sofreram grandes
consequências.
O primeiro filho de Davi com Bate-Seba morreu. O filho mais velho de
Davi, Amnon, herdeiro do trono, violentou sua meia-irmã, Tamar. Absalão,
filho de Davi e irmão de Tamar, vingou-se e matou seu meio-irmão, Amnon.
Absalão fez com que o coração de muitos dos homens de Israel se voltasse
contra Davi e tomou o seu trono. Ele desonrou o leito de seu pai deitando-se
com suas concubinas e enviou os homens de Israel para caçar e matar Davi. O
plano falhou, e Absalão foi morto.
Três filhos de Davi morreram porque ele havia exposto sua família aos
inimigos de Deus através da sua transgressão.
Já vi filhos de pastores que se envolveram com drogas, tornaram-se hostis à
igreja e outros que se envolveram com prostituição ou homossexualismo
porque seus pais perderam sua posição no espírito através da transgressão.
Precisamos levar a Bíblia a sério quando ela diz: “Meus irmãos, não sejam
muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos,
seremos julgados com maior rigor” (Tg 3:1, NVI). O motivo pelo qual os
mestres (pastores) são julgados com maior rigor é por causa do grande
impacto de sua desobediência. Eles não ferem apenas a si mesmos, mas
também a todos aqueles que foram colocados debaixo da guarda deles. Deus
os perdoa assim como perdoou Davi. Entretanto, mesmo assim eles irão colher
o que semearam. Foi dado lugar ao inimigo!
Entendo que estas são palavras duras, por isso, apelo a você com toda
humildade e escrevo estas palavras com temor e tremor. Já vimos muitas
tragédias, principalmente em ministérios. Não devemos julgar ou condenar, ao
contrário, precisamos perdoar e estender a mão àqueles que fracassaram. Se
eles se arrependerem, serão perdoados por Deus. Mas escrevo estas palavras
como instrução e advertência àqueles que o inimigo terá como alvo. Todos nós
devemos andar em humildade e restauração.
Tenho quatro filhos. Passei a entender a tremenda responsabilidade que
tenho sobre a vida deles, e o quanto preciso prestar contas por essas vidas.
Eles pertencem a Deus, e sou apenas um mordomo que foi colocado para
cuidar deles. Jamais quero ver a vida deles destruída porque dei lugar ao
diabo.
Quando estava no ministério de serviço, cuidava de coisas secundárias
para que aqueles a quem eu servia pudessem cumprir o chamado de Deus
sobre suas vidas. Eu cuidava da lavagem a seco das roupas, pegava as
crianças na escola, lavava o carro deles, e daí por diante. Um dia, Deus me
disse algo que me deu uma séria visão do ministério. Ele disse: “Filho, se
você falhar nesta posição, as coisas podem ser corrigidas facilmente porque
você está lidando com coisas naturais. Mas quando Eu o colocar em uma
posição ministerial, você estará sobre pessoas, e vidas estarão em jogo”.
Abdicando da Autoridade
O propósito deste capítulo foi lhe dar um entendimento sobre a posição e a
autoridade espiritual. Vimos exemplos de várias pessoas que perderam ou
abriram mão de sua autoridade para o inimigo de Deus. Satanás tentará
descaradamente roubar a sua autoridade trazendo o pecado para dentro da sua
vida. Se você estiver determinado a servir a Deus de todo o seu coração, ele
também tentará derrubar você da sua posição em Cristo através da
intimidação.
O primeiro passo para quebrar a intimidação é confrontar as questões em
seu próprio coração. No próximo capítulo, descreverei como você pode fazer
isso.
CAPÍTULO 3
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Dois Extremos
Foi em Listra que o apóstolo Paulo conheceu Timóteo, um jovem cuja mãe era
uma judia cristã e cujo pai era grego.
Paulo queria que Timóteo o acompanhasse juntamente com Silas, como
assistentes de viagens dele. Ele seria responsável por cuidar das necessidades
de Paulo (At 19:22).
Com o passar do tempo, a fidelidade de Timóteo como servo foi provada.
Ele foi promovido e foi-lhe confiado o cargo de ministro do evangelho,
finalmente vindo a pastorear a igreja de Éfeso. Em sua segunda carta a
Timóteo, Paulo escreveu:
Observe que ele disse “batalhardes diligentemente”; ele não disse “esperar
que o melhor aconteça”. Batalhar significa lutar ou guerrear. O Cristianismo
não é um estilo de vida fácil! Há oposição e resistência constantes à nossa
busca por Deus, tanto na esfera natural quanto na espiritual!
Paulo fortaleceu Timóteo, dizendo: “Receba a sua porção de sofrimento
como um bom soldado de Jesus Cristo, como eu faço. E como soldado de
Cristo, não se deixe prender pelos negócios deste mundo...” (2 Tm 2:3-4,
ABV). Estamos envolvidos em uma guerra. Devemos ter a atitude de um
soldado. Não devemos recuar diante do mal, mas devemos vencer o mal com o
bem pela graça de Deus (Rm 12:21).
As cartas de Paulo eram ordens para Timóteo marchar enquanto ele
pastoreava a igreja de Éfeso. Timóteo enfrentou desafios. Havia doutrinas
falsas que deviam ser expostas, conflitos e competições que deviam ser
paralisados; além disso, líderes deviam ser levantados para que uma igreja
forte e madura pudesse se desenvolver. E estas eram apenas algumas das
responsabilidades mais óbvias que ele deve ter enfrentado.
Estou certo de que houve muitas oportunidades para o confronto. Tenho
certeza de que acusações e calúnias foram lançadas contra ele por homens
imaturos ou maus que estavam no meio da igreja. Além de tudo isto, ele tinha
outro obstáculo a vencer – sua idade. Ele era um jovem em uma igreja onde
havia muitas pessoas mais velhas. Isto por si só poderia abrir uma porta para a
intimidação. Mas diante de tudo isto, Paulo instruiu Timóteo a permanecer
forte, sem se esquecer do que lhe havia sido transmitido. Paulo lembrava
constantemente a Timóteo para permanecer na autoridade que lhe havia sido
dada por Deus. Talvez Timóteo tenha recuado alguma vez, por isso Paulo o
instruiu:
Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.
– 2 Timóteo 2:1
Talvez Timóteo fosse como tantos outros hoje em dia – que amam a Deus,
mas evitam o confronto. O medo do confronto torna você cativo da
intimidação.
Se você identifica este medo em sua vida, então esta mensagem está sendo
compartilhada para lhe dar coragem e libertação. Deus quer você livre para
fazer e ser aquilo que Ele lhe pedir, não importa o que seja. Quando você está
intimidado, não existe alegria. E sem alegria não existe força. Onde há medo,
não há paz. Mas à medida que romper com aquilo que o tem mantido acuado,
você encontrará alegria e paz em abundância!
CAPÍTULO 4
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Dons Transmitidos
Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como
bons despenseiros da multiforme graça de Deus.
– 1 Pedro 4:10
Paulo diz: “Ai de mim”. Observe que ai é uma palavra muito forte. Jesus
usou-a para advertir sobre o julgamento iminente de certos indivíduos ou
cidades. Ele disse ai sobre Corazim e Betsaida, cidades que não existem mais
(Mt 11:21-22). Ele disse ai sobre os escribas e fariseus (Mt 23), e sobre Judas
(Mt 26:24).
O termo ai é usado por Judas para descrever o julgamento dos homens
maus da igreja. No Livro de Apocalipse, esta palavra é usada com referência
aos habitantes da terra sob o julgamento de Deus (Ap 8:13). Quando usou a
palavra ai, Paulo indicou a tremenda responsabilidade da fidelidade para com
o dom de Deus.
Um cristão acabará por se desviar se não agir de acordo com seu dom ou
chamado, assim como um músculo se atrofia pela falta de uso. Um crente
ocioso se isola, e se torna presa fácil do inimigo.
Ao estudar a vida de grandes homens e mulheres de Deus, descobri que
aqueles que caíram haviam se tornado ociosos ou negligentes em relação ao
seu chamado. Talvez eles ainda estivessem ministrando, mas faziam isso
debaixo do ímpeto natural conquistado pelos seus anos anteriores no
ministério. Eles começaram a usar o dom de Deus em benefício próprio, e não
para proteger e servir a outros.
O Rei Davi caiu em pecado no momento em que deveria estar na batalha.
Davi era rei. Deus o havia feito rei para pastorear e proteger Israel. Era
tempo dele guerrear, e não de ficar em casa em Jerusalém desfrutando das
recompensas das vitórias passadas. Ele estava relaxando, desfrutando dos
benefícios de seus esforços anteriores. Entediado, ele estava observando seus
domínios da varanda quando viu Bate-Seba banhando-se. E o final da história
todos nós conhecemos.
A questão aqui é uma só: não estamos aqui para tirar férias. Nossas vidas
nem sequer nos pertencem, pois até mesmo elas foram compradas e nos foram
devolvidas para administrar. Somos residentes temporários e não habitantes
permanentes. Muitas pessoas agem como se esta vida fosse o seu destino final!
Jesus disse: “A Minha comida consiste em fazer a vontade daquele que Me
enviou e realizar a Sua obra” (Jo 4:34). Esta também deveria ser a nossa
dieta. Jesus sabia o que era necessário para manter a Sua força. A nossa força
vem da comida, tanto física quanto espiritual. Se deixamos de fazer a Sua
vontade, usando as Suas provisões em benefício próprio, ficamos esgotados e
perdemos as forças, assim como aconteceria se parássemos de comer. Quando
perdemos a força, achamos mais fácil caminhar com este mundo, e não contra
ele. Nós nos tornamos obstinados, egocêntricos, autoconscientes e egoístas.
Temos uma grande responsabilidade. Não devemos ser pessoas que
simplesmente vão à igreja, não aplicam nada em suas vidas e engordam com a
Palavra de Deus. O Senhor nos adverte em Ezequiel 34:20: “Eis que Eu
mesmo julgarei entre ovelhas gordas e ovelhas magras”.
Quem são as ovelhas gordas? Aquelas que se servem das coisas boas de
Deus, negligenciando as outras pessoas. Veja como Deus descreve a ovelha
gorda:
Acaso não vos basta a boa pastagem? Haveis de pisar aos pés o
resto do vosso pasto? E não vos basta o terdes bebido as águas
claras? Haveis de turvar o resto com os pés? Visto que com o lado e
com o ombro, dais empurrões e, com os chifres, impelis as fracas até
as espalhardes fora, eu livrarei as minhas ovelhas, para que já não
sirvam de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas.
– Ezequiel 34:18, 21-22
Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem
todos os membros têm a mesma função, assim também nós,
conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos
outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi
dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé; se ministério,
dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo;
ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com
liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia,
com alegria.
– Romanos 12:4-8
Revelando a Intimidação
CAPÍTULO 5
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Dons Adormecidos
Já definimos que todo crente possui uma posição de autoridade que vem
com os talentos ou dons dados por Deus e está oculto em Cristo Jesus, acima
de toda autoridade demoníaca. Então, por que tantos de nós são ineficazes?
Para responder a isto, vamos ler novamente o lembrete de Paulo a Timóteo:
Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que
há em ti pela imposição das minhas mãos.
– 2 Timóteo 1:6
Por este motivo, te lembro que despertes o dom de Deus, que existe
em ti, pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos deu o
espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor e de moderação.
– 2 Timóteo 1:6-7, ARC
1. Tornar tímido
2. Inspirar medo
3. Aterrorizar, amedrontar 2
Nesse mesmo dia, contudo, a mulher de Acabe, Jezabel, ouviu o que havia
sido feito aos seus profetas, e enviou uma mensagem a Elias: “Façam-me os
deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida
como fizeste a cada um deles” (1 Rs 19:2). Ela estava furiosa com ele porque
aqueles eram os seus profetas, que pregavam a sua mensagem. Agora, veja a
reação de Elias:
No mesmo dia em que venceu uma batalha tão grande, Elias fugiu para
salvar sua vida. Ele ficou tão intimidado e desanimado por causa de Jezabel
que desejou morrer. O propósito da intimidação dela era impedir que Elias
concluísse o propósito de Deus. Ela queria reverter a sua influência sobre a
nação. Ela queria vê-lo destruído e fora do caminho. Embora não pudesse
matá-lo, ainda assim ela realizou um de seus objetivos aterrorizando-o para
que fugisse e desejasse a morte. Inconscientemente, ele estava cooperando
com o plano dela. Se Elias tivesse visto as coisas com mais clareza, jamais
teria fugido.
Os Sintomas da Intimidação
O trabalho que Deus havia começado através de Elias não podia ser concluído
até que Jezabel fosse confrontada. Ela estava exatamente na raiz do problema
de Israel. A Bíblia diz: “Ninguém houve, pois, como Acabe, que se vendeu
para fazer o que era mau perante o Senhor, porque Jezabel, sua mulher, o
instigava” (1 Rs 21:25). O Senhor teria sido com Elias se ele não tivesse
fugido, assim como havia sido com ele no Monte Carmelo. Mas ele ficou
intimidado por Jezabel e foi destituído da sua autoridade. O dom para
completar a tarefa estava adormecido.
Agora, veja o que Deus diz a Elias depois de perguntar duas vezes por que
ele estava ali.
Observe que Ele disse a Elias para ungir Eliseu profeta em seu lugar e para
ungir Jeú rei sobre Israel. Deus tinha dois outros homens que não fugiriam de
Jezabel. Eles completariam a sua tarefa.
A obra que Elias havia começado foi colocada em compasso de espera
enquanto ele fugia da intimidação de Jezabel. Lembre-se, Jezabel era a
influência motivadora por trás da maldade que havia se infiltrado em Israel.
Se a má influência de um líder não for confrontada e não for dado um fim nela,
é apenas questão de tempo até que a maldade se infiltre até alcançar os que
estão sob a sua autoridade.
Jesus ensinou este princípio: “Ninguém pode entrar na casa do valente para
roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então lhe saqueará a casa”
(Mc 3:27). O valente é o líder; a casa é o seu domínio ou território de
influência; os seus bens são o fruto ou resultado da sua influência. Agora,
aplicando estas interpretações, leia novamente o que Jesus disse:
Ninguém pode entrar no território de um líder e saquear os
resultados da sua influência a não ser que paralise o líder. E então
poderá saquear o seu território.
– Marcos 3:27; paráfrase do autor
Você diz: “Mas Acabe era o líder, e Elias não teve medo dele”. Sim e não.
Acabe ostentava o título de líder, mas ele havia entregado sua autoridade à sua
esposa. Portanto, na esfera espiritual, ela era o “valente” sobre a idolatria em
Israel, a instigadora da adoração a Baal. Foi a influência dela que fez com que
toda a nação de Israel, com exceção dos sete mil que eram fiéis a Deus,
afastassem-se da adoração ao único Deus verdadeiro. Como ela não foi
confrontada diretamente, sua influência permaneceu.
Vi isto acontecer muitas vezes. São estes os que detêm o título de pastor ou
líder, mas são controlados pela manipulação e intimidação dos outros –
geralmente das pessoas que deveriam estar fortalecendo-os, como esposas,
sócios, membros de diretoria, diáconos, intercessores e daí por diante. Eles
“dirigem o show” por trás da cena controlando a pessoa que detém o título de
líder.
Isto também acontece nos lares. Pais são intimidados por seus filhos;
maridos são intimidados por suas esposas. Eles não são o chefe da casa. É
importante um líder levar em consideração o conselho dos que o cercam, quer
seja em sua casa ou em seu ministério. Porém é mais importante que ele
permaneça na sua autoridade para poder servir e proteger sua família ou
ministério usando o dom que Deus lhe deu.
Se continuar a ler o relato do que aconteceu depois que Elias fugiu para
salvar sua vida, descobrirá que a obra que ele iniciou havia definhado. Acabe
continuava a oprimir o povo com a sua maldade. A influência de Jezabel sobre
seu marido – e sobre o reino – aumentou. A adoração a Baal foi restaurada,
embora Elias tivesse confrontado os profetas de Baal e toda a nação tivesse
testemunhado o poder de Deus. Quando fugiu de Jezabel, Elias levou consigo a
coragem do povo de Israel. Acabe morreu, mas seus dois filhos que reinaram
após ele continuaram a desencaminhar a nação, aprofundando-a na idolatria (1
Rs 22:51; 2 Rs 9).
Dois Homens Que Não Abriam Mão de Sua Autoridade
Elias fugiu da fonte de toda esta perversão e corrupção. Por este motivo, o
Senhor o instruiu a ungir dois homens para tratar com esta mulher maligna. Foi
Jeú que finalmente matou Jezabel (2 Rs 9:30-37). Quando ela tentou controlá-
lo, ele se recusou a se submeter à sua intimidação. Uma vez confrontada e
destruída, sua esfera de influência também caiu (2 Rs 10).
Jeú e seus homens então mataram todos os setenta filhos de Acabe. Ele
chamou todos os adoradores de Baal juntos e os matou a fio de espada. Ele
entrou no templo de Baal e queimou os artigos sagrados. Seus homens
quebraram a coluna de Baal e derrubaram o templo, transformando-o em um
depósito de lixo. Agora, veja o que a Bíblia diz sobre Jeú:
Naqueles dias, a palavra do Senhor era mui rara; as visões não eram
frequentes.
– 1 Samuel 3:1
A “palavra do Senhor” mencionada aqui não são as Escrituras escritas, pois
os israelitas tinham a Torá. Este versículo se refere ao discernimento
inspirado por Deus acerca dos Seus caminhos e planos. Permanecia apenas
uma lembrança distante de Deus falando abertamente ao Seu povo. O autor do
livro agora estava em silêncio. A Sua voz raramente era ouvida.
Então, por que Deus estava tão quieto? Encontramos a nossa resposta no
capítulo 2:
Era, porém, Eli já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam
a todo o Israel e de como se deitavam com as mulheres que serviam
à porta da tenda da congregação.
– 1 Samuel 2:22
Hofni e Finéias, os filhos de Eli, eram maus. Eles não apenas estavam
fornicando com as mulheres de Israel, como eram ousados a ponto de
fornicarem com as mulheres que iam servir no tabernáculo, onde a presença de
Deus deveria habitar. Onde estava o temor de Deus naqueles homens?
A maldade deles, porém, não se limitava à desobediência na área sexual.
Eles também tomavam à força as ofertas de carne crua levadas pelo povo. Esta
prática era contrária à lei, e roubava dos adoradores e do Senhor a carne que
lhes pertencia. Isto fazia com que o povo de Israel desprezasse a oferta do
Senhor. Hofni e Finéias eram pedras de tropeço para o povo de Israel. O
comportamento deles fez com que o povo se ressentisse contra as coisas de
Deus.
Eli sabia o que seus filhos estavam fazendo; no entanto, ele não os retirou
de seus cargos e só os corrigiu com uma repreensão fraca: “Por que fazeis tais
coisas? Pois de todo este povo ouço constantemente falar do vosso mau
procedimento. Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço; estais
fazendo transgredir o povo do Senhor” (1 Sm 2:23-24). Seus filhos mereciam
mais do que esta correção leve. Eles deveriam ter sido retirados de suas
posições como sacerdotes e do tabernáculo em geral, uma vez que não tinham
um coração arrependido.
Um profeta de Deus foi até Eli e disse: “Por que pisais aos pés os Meus
sacrifícios e as Minhas ofertas de manjares, que ordenei se me fizessem na
Minha morada? E tu, por que honras a teus filhos mais do que a Mim?...
porque aos que Me honram, honrarei, porém os que Me desprezam serão
desmerecidos” (1 Sm 2:29-30).
Honrar significa “considerar, estimar ou respeitar”. Quando Eli se recusou
a confrontar e disciplinar seus filhos, ele demonstrou que os estimava mais do
que a Deus. Uma pessoa intimidada honra aquilo que teme mais do que honra a
Deus. Percebendo isso ou não, ela se submete ao que a intimida. Se Eli não
tivesse ficado intimidado, ele teria tratado com seus filhos de forma diferente.
Mais tarde, Deus fala com Samuel a respeito de Eli: “Porque já lhe disse
que julgarei a sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia,
porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele não os repreendeu” (1 Sm
3:13).
A palavra do Senhor era rara, e a iniquidade reinava sem restrições porque
o juiz e sumo sacerdote tinha medo de seus filhos! Ele havia perdido o seu
lugar de autoridade, e a sua capacidade de julgar retamente e de ministrar
sobre Israel se fora. O propósito de Deus havia sido frustrado. Os inimigos de
Israel se fortaleciam por todos os lados enquanto a corrupção reinava no
interior da nação. Quando os líderes abdicam de sua autoridade, todos os que
estão debaixo dos seus cuidados sofrem.
Isto lhe Soa Familiar?
É lamentável, mas muitos pais são intimidados por seus próprios filhos. Como
pastor de jovens, tive a oportunidade de ouvir famílias cristãs que estavam
desesperadas em busca de ajuda. Vi adolescentes que desprezavam seus pais e
falavam com eles sem respeito algum. Parecia que seus pais os irritavam.
Perplexo, eu corrigia esses jovens bem diante de seus pais, porque estes
ficavam constrangidos e tinham medo de corrigi-los. Esses lares eram
caóticos, e a anarquia reinava. Os pais haviam abdicado de sua autoridade,
entregando-a a seus filhos. O dom ou o poder de Deus nos pais para
estabelecer a ordem no lar e criar filhos tementes ao Senhor estava
adormecido.
Este problema não se limita aos nossos lares, mas está evidente em nossas
igrejas também. Estive em centenas de igrejas. Fico alarmado ao ver como
muitos líderes são intimidados pelo seu próprio povo. A atmosfera nessas
igrejas não é diferente da de Israel sob o sacerdócio de Eli: a voz de Deus é
rara.
Estes líderes abriram mão de sua posição de autoridade, e o poder de Deus
está adormecido. Os pastores pregam em todos os cultos, e há louvor e
adoração, mas há pouca ou nenhuma evidência da presença de Deus.
Estes pastores preparam a mensagem cuidadosamente, para não ofender ou
confrontar aqueles que estão em desobediência; quando não fazem isso,
criticam abertamente o povo, frustrados, batendo nas ovelhas para encobrir a
sua intimidação por causa de alguns poucos. Mas em tudo isso há pouca – ou
nenhuma – vida espiritual.
“Rara” é a descrição bíblica da presença de Deus. Pode haver um jorro de
vida aqui ou ali, mas a presença de Deus não permanece, e a Sua palavra não
é livre para fluir como uma fonte de águas vivas.
A Igreja dos Mortos Vivos
O Espírito de Intimidação
Sucedeu que, vendo Jorão a Jeú, perguntou: “Há paz, Jeú?” Ele
respondeu: “Que paz, enquanto perduram as prostituições de tua mãe
Jezabel e as suas muitas feitiçarias?”
– 2 Reis 9:22, ênfase do autor
Em nossas igrejas, existem aqueles cujos corações não estão retos diante de
Deus. Eles intimidam a liderança para conseguir o que querem. Eles fingem
ser submissos até que as coisas não saiam do jeito deles. Quando a liderança é
fraca, são eles que governam a igreja.
À medida que viajava para diferentes igrejas, muitas vezes enfrentava a
intimidação e não sabia por que estava combatendo contra ela ou de onde ela
estava vindo. O motivo para isso é que a intimidação é um espírito que ganha
expressão através de qualquer pessoa que ceda a ele, até mesmo através de um
crente! A Bíblia alerta os crentes a não darem lugar ao diabo (Ef 4:27).
Estou prestes a compartilhar algumas experiências, mas farei isto correndo
o risco de ser rotulado de “superespiritual” ou de “paranoico” em relação a
demônios. Entendo que algumas pessoas procuram um demônio em cada
problema que enfrentam porque, se você puder culpar um demônio, não
precisará assumir a responsabilidade por suas ações. Essa abordagem põe o
foco mais nos demônios do que em Jesus. No entanto, a Bíblia nos instrui a
mantermos os nossos olhos em Jesus, e não nos demônios. Ele é o Autor e
Consumador da nossa fé (Hb 12:2).
A meu ver, devemos viver com o foco em Jesus, e se um demônio
atravessar o nosso caminho ao fazermos isto, devemos dinamitá-lo com a
Palavra de Deus e continuar a nossa busca por Jesus! Aleluia! No entanto,
para quebrar a intimidação com eficácia, precisamos saber que ela é um
espírito, e que não sairá se for ignorado. O que ocorre é exatamente o oposto.
Um Ataque
Em outra ocasião, fui convidado para pregar em um retiro fora do país onde
quase mil pessoas estavam inscritas. Tínhamos duas reuniões por dia e uma à
noite. Os dois primeiros cultos foram muito fortes. Preguei sobre santidade e
arrependimento. Mas, em cada culto, eu podia sentir a resistência na
atmosfera. Depois do segundo culto, passei toda a tarde em meu quarto lutando
contra o peso e o desânimo. Eu sabia que era um espírito de intimidação e
controle, mas ninguém havia dito nada contra mim. Àquela altura, porém, eu já
havia aprendido que não estava lutando contra a carne e o sangue, mas contra
espíritos malignos.
Os crentes precisam aprender a viver no espírito. O Espírito de Deus
revelará contra o que você está lutando. Sem discernimento, concentraremos a
nossa atenção nos efeitos colaterais. Se eu não tivesse reconhecido com o que
estava lidando, teria começado a me perguntar: Por que estou sentindo
depressão? Será que deveria ter vindo? Por que deixei minha mulher e meus
filhos? Será que já não tenho mais este chamado? Será que deveria deixar
de viajar? Se tivesse continuado com esta linha de raciocínio, não teria sido
capaz de ministrar, e era exatamente isto que aquele espírito de intimidação e
controle queria. O meu foco estaria colocado em mim, e não no que Deus tinha
para aquelas pessoas.
Lutei durante toda a tarde. Quando foram me buscar para o culto daquela
noite, mencionei ao meu intérprete que eu havia lutado contra a intimidação a
tarde toda. Meu intérprete exclamou: “Eu também!” Descobrimos que
havíamos sentido os mesmos sintomas. Naquela noite, preguei sobre o espírito
de intimidação, e muitos foram libertos.
Na manhã seguinte, quando subi ao púlpito, não havia unção. Deus parecia
estar em silêncio. Permaneci na plataforma por vários minutos esperando para
ouvir a palavra do Senhor. Orei e fiz com que o povo orasse, mas ainda não
havia qualquer direção, unção ou impressão para fazer nada. No fundo do meu
coração, sabia que estava em uma guerra. Percebi que o foco total desse
ataque era contra mim. Sabia que tinha de quebrar as palavras que haviam sido
ditas diretamente contra a minha pessoa. A Palavra de Deus diz:
Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar
contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do
Senhor, e o seu direito que de Mim procede, diz o Senhor.
– Isaías 54:17
Quebrando as Cadeias
da Intimidação
CAPÍTULO 8
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Reavive o Dom
Porque Deus não nos tem dado espírito de temor [intimidação], mas
de poder, de amor e de moderação.
– 2 Timóteo 1:7, AMP
A ousadia é fruto das virtudes do poder, do amor e da moderação. A
ousadia não é uma virtude em si. Todos nós conhecemos pessoas que são
destemidas e ousadas, mas a verdadeira ousadia vem de Deus e é alimentada
pela virtude piedosa. A ousadia que é alimentada pelo caráter de Deus
desperta os dons em nossa vida.
Algumas pessoas não têm virtude alguma por trás de sua ousadia. Elas
sabem as coisas certas a dizer e agem com confiança quando enfrentam pouca
ou nenhuma oposição, porém, a força delas não é profunda, mas superficial. O
semblante de ousadia que elas mostram é na verdade uma máscara de
arrogância ou ignorância. As suas raízes são rasas, e uma tempestade forte o
bastante as deixará expostas. Quando o tempo está bom, você não consegue
ver a profundidade das raízes de uma árvore, mas sob os ventos da
adversidade, ela será desarraigada ou se mostrará forte.
Quem é Mais Forte?
Eliabe agora estava sendo ousado – ousado de raiva. Ele atacou o caráter
de Davi, e não o problema que Israel estava enfrentando. Quando uma pessoa
fica intimidada, ela procura um meio de escapar, uma liberação da pressão. Se
for fraca, dará desculpas. Se for forte, atacará aqueles que o confrontaram
colocando algum tipo de culpa sobre eles.
Observe que Eliabe acusou Davi de arrogância e maldade. Por pensar
apenas em si mesmo, Eliabe supôs que Davi era igual a ele. Mas Davi não era.
Ele era um homem segundo o coração de Deus. Ele não era orgulhoso, mas
humilde perante o Senhor.
As pessoas que têm uma personalidade forte usarão a intimidação para
fazer com que uma mentira pareça verdade. É preciso permanecer no espírito
para vencer a força desses ataques.
Talvez Eliabe estivesse com ciúmes. Samuel ungiu Davi rei, embora Eliabe
fosse o mais velho. Ele parecia ter as características de um grande líder e
guerreiro. Até Samuel, ao ver Eliabe, pensou: Certamente está diante de mim
o ungido do Senhor! Mas Deus usou isto para ensinar uma lição a Samuel:
“Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei;
porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o
Senhor, o coração” (1 Sm 16:7).
Então, o coração de quem era orgulhoso? Deus revelou a Samuel que Ele
não escolheria Eliabe com base na sua estatura ou na sua aparência, nem o
rejeitaria por esses fatores. Deus julga o coração. Quando Deus encontra
orgulho em um coração, Ele resiste a essa pessoa (Tg 4:6). Deus rejeitou
Eliabe porque ele era orgulhoso em seu coração. Portanto, Eliabe possuía
exatamente aquilo de que ele estava acusando Davi – orgulho!
Geralmente, a intimidação acusará você exatamente das fraquezas que ela
procura ocultar. Aqueles que agem de forma pura exteriormente, mas têm em
seu interior um coração impuro, sempre atacarão os puros de coração.
Lembre-se que Timóteo, um jovem de coração puro, ficou intimidado. Estou
certo de que havia homens e mulheres na igreja de Éfeso cujos corações eram
tão corruptos quanto o de Eliabe.
Jesus enfrentava a intimidação constantemente. Os fariseus e escribas
impuros tentavam desacreditá-lo ou pegá-lo em alguma contradição em Suas
palavras. Se eles conseguissem intimidá-lo, poderiam então controlá-lo.
Assim, eles disseram que Ele era um traidor, um glutão, um beberrão e um
pecador possuído por demônios, que eram exatamente as características que
muitos deles possuíam. Recusando-se a se colocar debaixo do controle deles,
Jesus expôs o que havia em seus corações.
Por que os impuros tentam intimidar os puros? Para sentirem alívio da
convicção do pecado e manterem o controle. Se tiverem êxito, eles não terão
de examinar seus corações e se arrepender. Eliabe sabia que o seu ataque de
descrédito e intimidação colocaria seu irmão Davi em submissão a ele e
desviaria a pressão de si mesmo.
As mesas haviam sido viradas; Davi era aquele que estava sendo
confrontado. Ele estava sob ataque, e seu irmão mais velho era muito maior do
que ele. Lembre-se que os irmãos mais velhos podem tornar as coisas muito
desconfortáveis para os menores. Se Davi não fizesse o que Eliabe queria, ele
poderia ter muitos problemas em casa mais tarde. Ele poderia ter de pagar
muitas vezes mais por sustentar a verdade. Será que valia a pena?
Aquela não era a única pressão contra ele. Todos estavam apoiando Eliabe.
Eles também não queriam que o seu medo fosse exposto por um garoto ruivo!
Teria sido mais fácil para Davi recuar e não seguir em frente com aquilo. Era
exatamente isto que Eliabe, o intimidador, e os outros queriam.
Davi escolheu ficar ao lado de Deus, quebrando o poder da intimidação
lançada contra ele. Ele perguntou a Eliabe: “Que fiz eu agora? Fiz somente
uma pergunta” (1 Sm 17:29). Na verdade, ele estava dizendo: “O que eu disse
não é verdade? Onde está a sua coragem? Eu não tenho medo. É óbvio que já
que todos vocês estão atemorizados há quarenta dias, Deus teria de encontrar
alguém que não se deixasse intimidar e que lutaria contra este filisteu
incircunciso! Há um motivo para que eu esteja aqui!”.
Então, ele foi levado perante o rei. Saul, que também estava intimidado por
Golias, racionalizou com Davi. “Contra o filisteu não poderás ir para pelejar
com ele; pois tu és ainda moço, e ele, guerreiro desde a sua mocidade” (1 Sm
17:33). Embora este argumento não fosse tão afiado quanto a declaração de
seu irmão mais velho, ainda assim era um comentário depreciativo feito ao
jovem pelo rei intimidado.
Davi respondeu ao rei de forma diferente do que havia respondido a seus
irmãos mais velhos. Ele disse:
Golias tentou intimidar Davi não apenas com o seu tamanho, mas também
com suas palavras. Depois de amaldiçoar Davi, este gigante pintou um retrato
vívido do que pretendia fazer com ele. Claramente sobrepujado por ele, Davi
nunca duvidou da fonte de sua força ou de suas armas de defesa:
Davi, porém, disse ao filisteu: “Tu vens contra mim com espada, e
com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do
Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens
afrontado. Hoje mesmo, o Senhor te entregará nas minhas mãos;
ferir-te-ei, tirar-te-ei a cabeça e os cadáveres do arraial dos filisteus
darei, hoje mesmo, às aves dos céus e às bestas-feras da terra; e
toda a terra saberá que há Deus em Israel. Saberá toda esta
multidão que o Senhor salva, não com espada, nem com lança;
porque do Senhor é a guerra, e Ele vos entregará nas nossas mãos”.
– 1 Samuel 17:45-47
Davi meteu a mão no alforje, e tomou dali uma pedra, e com a funda
lha atirou, e feriu o filisteu na testa; a pedra encravou-se-lhe na testa,
e ele caiu com o rosto em terra.
– 1 Samuel 17:49
Porque, se o que se desvanecia teve sua glória, muito mais glória tem
o que é permanente. Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de
muita ousadia no falar.
– 2 Coríntios 3:11-12
Este poder gera ousadia. Encontramos uma grande ousadia nos crentes que
não confiam na sua própria força. Eles não se deixam intimidar pelas
circunstâncias, pelas pessoas ou pelo diabo, porque Deus também não se
intimida com estas coisas. Esta é a nossa promessa em Hebreus 13:5-6:
Porque Ele tem dito: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais
te abandonarei”. Assim, afirmemos confiantemente: “O Senhor é o
meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?”
Estas verdades não são difíceis de entender. Na verdade, elas são simples. O
verdadeiro evangelho não é complicado. As pessoas não alcançam o alvo por
causa da incredulidade.
Pergunte a si mesmo e responda sinceramente: A sua confiança está no que
Deus disse ou no que você vê e nas suas experiências? Se você mede tudo
pelo que aconteceu no seu passado, nunca crescerá além dele.
Você baseia a sua fé no que vê acontecer com os outros? O seu nível de
confiança é avaliado com base na fidelidade dos outros?
Se você respondeu sim a estas perguntas, vá mais fundo. Você tem
complicado as coisas ao tentar explicar fracassos passados – seus ou de outras
pessoas? A fé complexa não mata gigantes. Ela nos aprisiona na terra da
fantasia, onde tentamos entender o que não podemos mudar e hesitamos em
fazer qualquer movimento.
Por que nós, crentes, não podemos simplesmente crer? Por que permitimos
que as nossas inseguranças compliquem o evangelho?
Quero compartilhar com você algo que nunca esquecerei. Foi no ano de
1980, e eu era um estudante que vivia na Carolina do Norte. Acordei às quatro
da manhã de um sono profundo, com o som de minha própria voz gritando:
“Estou procurando alguém que creia!”
Aquilo me sacudiu. A cama estava molhada de suor. Eu sabia que Deus
havia falado comigo de uma forma inusitada e sobrenatural.
Naquele instante, pensei: Que óbvio! Por que Deus não me deu algo
profundo? É claro que eu sabia que Ele precisa de pessoas que creiam!
Na manhã seguinte, aquelas palavras pairavam na minha mente. Eu ouvia
sem cessar aquele sussurro “Estou procurando alguém que creia; só estou
procurando alguém que creia”. À medida que ouvia aquelas palavras
novamente, percebi que Ele não havia me mostrado algo trivial, mas a chave
para andarmos com Deus!
Debrucei-me sobre os Evangelhos para estudá-los, e observei que Jesus
sofria e ficava frustrado com a incredulidade das pessoas. Quando os Seus
discípulos não conseguiram expulsar o demônio de um jovem, Jesus os
repreendeu severamente por isso.
Que coisa para dizer aos seus próprios discípulos! Jesus não era um fracote
como muitos líderes de hoje! Ele deixou bem claro para eles que o dom de
Deus permaneceria adormecido neles se não pudessem crer. Ele queria que
ficasse claro que Ele estava triste com eles.
Também percebi o que agradava Jesus: aqueles que acreditam sem
questionar! Um soldado romano gentio recebeu mais atenção por sua fé do que
todos os outros em Israel. Esse romano disse a Jesus que Ele nem sequer
precisava ir até sua casa, e que se Ele apenas dissesse uma palavra, o seu
servo ficaria curado. “Ouvindo isto, admirou-Se Jesus e disse aos que O
seguiam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como
esta!” (Mt 8:10).
Queremos que Jesus venha à nossa casa, mas iremos duvidar quando Ele
chegar! Nós tornamos a fé tão difícil! Então, o que é a fé? Crer que Deus fará
o que Ele disse que fará.
Jesus disse que Ele nos deu poder e autoridade sobre todo o poder do
inimigo. Tudo que precisamos fazer é crer Nele e depois andar nesse poder e
autoridade. Não precisamos complicar a nossa caminhada com medo, dúvida
ou lembretes dos nossos fracassos e falhas do passado. Se fizermos isso,
seremos roubados da nossa ousadia, e nos tornaremos incapazes de agir na
capacidade de Deus. O dom de Deus em nós ficará adormecido!
Antes de sairmos confiantemente do nosso barco para as águas
tempestuosas da vida, precisamos conhecer as motivações do nosso coração
para não afundarmos! O próximo capítulo lhe mostrará a diferença entre a
motivação que o ajudará a ficar de pé e aquela que o fará afundar.
CAPÍTULO 9
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A Raiz de Intimidação
Viver livre da intimidação não tem nada a ver com ser uma pessoa
extrovertida. Algumas das pessoas mais extrovertidas que conheci lutaram
contra a intimidação. Na verdade, às vezes a exuberância delas não passa de
uma capa para a timidez que enfrentam dentro de si mesmas. Fechar-se em si
mesmo não é o único sintoma de alguém que está intimidado. No caso de
algumas pessoas, quanto mais desconfortáveis elas se sentem, mais falam.
Ser vulnerável à intimidação também não tem nada a ver com o nível da sua
unção. Conheci homens que eram poderosos no ministério e que tinham
problemas com a intimidação. Quando a unção repousava sobre eles, eles
eram destemidos, e a fraqueza deles ficava oculta pela unção de Deus. Mas se
levantássemos o manto da unção, tudo que restava era um homem lutando
contra o medo e a insegurança. Nas situações de âmbito particular, a timidez
deles ficava aparente de uma forma chocante. Como sei que isto é verdade?
Porque eu fui um deles.
Você pode ser extrovertido, forte, ousado – e até ungido – e ainda ter
problemas com a intimidação. Quando a pressão se torna forte o suficiente, a
sua verdadeira essência vem à tona. Ter um espírito de timidez não tem nada a
ver com uma deficiência de personalidade, força física ou unção. Então, o que
faz com que as pessoas fiquem vulneráveis à intimidação?
Aparência x Verdade
Para responder a esta pergunta, vamos observar Simão Pedro. Ele era
extrovertido, e nunca tinha vergonha de expor a sua opinião. Ele era ousado.
Tudo indica que Pedro era um homem que tinha força de vontade e era
destemido. Parecia que nada podia intimidar Pedro, mas uma coisa o
intimidou. O seu medo da morte fez com que ele negasse Jesus três vezes.
Então, a capacidade para andar livre da intimidação não é conquistada através
de uma personalidade forte, do contrário Simão teria sido aquele com menores
probabilidades de negar Jesus e o mais capacitado a permanecer fiel.
Alguns têm a tendência de repudiar Simão Pedro como um fanfarrão; essas
pessoas dizem que na hora de agir ele realmente era medroso. Para responder
a isto, pergunto: Quantos medrosos ousariam se levantar diante de um grupo de
guardas totalmente armados e desferir um ataque ofensivo? Pedro fez isso com
ousadia! João 18:3, 10 relata:
Esta não me parece a atitude de um medroso. Então, por que Simão Pedro
desafiaria os soldados, para depois se acovardar diante de uma serva, uma
menina? Sim, isto mesmo. Aquela que o intimidou era uma menina! “Ora,
estava Pedro assentado fora no pátio; e aproximando-se uma menina, uma
criada, disse-lhe: Também tu estavas com Jesus, o galileu. Mas ele o negou”
(Mt 26:69-70).
Qual o motivo desta mudança?
Para responder, vamos voltar a alguns momentos antes naquela noite. Todos
os discípulos estavam juntos celebrando a Páscoa. Jesus advertiu-os: “Esta
noite todos vós vos escandalizareis comigo” (Mt 26:31). Mas Pedro declarou
que ele seria uma exceção, e afirmou com ousadia: “Ainda que venhas a ser
um tropeço para todos, nunca o serás para mim” (v. 33). Que valiosa
demonstração de coragem! Parecia que Jesus havia se enganado quando
incluiu Pedro entre os demais.
Mas Jesus olhou diretamente na alma de Pedro e corrigiu-o: “Em verdade
te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu Me negarás três
vezes” (v.34). Que golpe na autoconfiança de Pedro! Jesus disse a Pedro que
ele não só se escandalizaria, como também O negaria.
Um homem de personalidade ou vontade fraca teria recuado neste ponto.
Será que o Mestre havia se enganado? Mas Pedro defendeu sua posição ainda
mais: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo Te
negarei!” (v. 35). Na verdade, esta declaração ousada inspirou os outros a
concordarem: “E todos os discípulos disseram o mesmo” (v. 35).
Os Motivos Podem Ser Diferentes do que Parecem Ser
Depois que Jesus encontrou os discípulos dormindo, Ele voltou pela segunda
vez para orar. Quando voltou, encontrou-os dormindo novamente, pois “seus
olhos estavam pesados” (Mt 26:43). Mesmo depois que Jesus os advertiu, eles
não conseguiram despertar. “Deixando-os novamente, foi orar pela terceira
vez, dizendo as mesmas palavras. Então, voltou para os discípulos e lhes
disse: Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora” (vv. 44-45).
Jesus orou por três horas até saber que a Sua batalha estava ganha. A Sua
vontade era totalmente uma com a vontade do Pai. Ele agora estava pronto
para enfrentar a intimidação do inimigo nas mãos dos líderes judeus e dos
soldados romanos.
A capacidade de Jesus de permanecer firme mesmo no calor da perseguição
impressionou o governador romano. “E, sendo acusado pelos principais
sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Então, lhe perguntou Pilatos: Não
ouves quantas acusações Te fazem? Jesus não respondeu nem uma palavra,
vindo com isto a admirar-se grandemente o governador” (Mt 27:12-14).
Ousadia não é falar alto nem falar muito. A ousadia também se encontra no
silêncio – silêncio quando acusações falsas são lançadas em seu rosto. Jesus
permaneceu na Sua autoridade quando não reagiu. Ele sabia que eles não
tinham qualquer poder sobre Ele. Reagir seria indicar que tinham. Eles
tentaram controlar Jesus com as suas acusações, ameaças e posições de poder.
Responder a eles seria loucura, pois eles não tinham qualquer preocupação
quanto à verdade. Jesus sabia que eles não podiam tirar a Sua vida porque Ele
já a havia dado ao Pai!
Enquanto Jesus enfrentava Seus acusadores, Pedro se aquecia junto ao fogo,
do lado de fora. Intimidado pelos simples servos desses líderes, Pedro negou
até mesmo conhecer Jesus (Mt 26:69-75). Embora tenha dito que morreria
antes de negá-lo, Pedro terminou ficando intimidado e fazendo exatamente o
que disse que não faria. O motivo: Ele amava a sua própria vida.
As palavras de Pedro a Jesus demonstraram um grande amor por Ele, mas
as suas atitudes falaram mais alto. Este amor por si mesmo era a raiz da sua
timidez. Ela estava bem oculta por trás das declarações ousadas e das ações
que ele havia tomado anteriormente, mas a prensa de azeite revelou o seu
espírito de timidez.
A raiz do medo e da intimidação é o amor ao ego. O perfeito amor lança
fora o medo e nos dá ousadia. A ousadia que nasce do amor despedaça as
garras da intimidação. O amor imperfeito, ou o amor por si mesmo, abre a
porta para a intimidação.
Você ainda pode se perguntar o que deu a Pedro a ousadia para se levantar
com a espada na mão diante de um pequeno exército. Creio que a ousadia dele
foi produto da aprovação dos outros. Ele se esforçava para impressionar os
outros. Pense nisso. Havia acabado de ocorrer uma discussão sobre quem era
o maior (esta não era a primeira vez que este assunto era discutido por eles,
pois os discípulos estavam em constante competição). Aquilo estava fresco na
mente de Pedro, e agora ele tinha a oportunidade de provar a sua grande
fidelidade.
Contudo, quando ele se sentou diante do fogo com os servos do sumo
sacerdote, não mais cercado por seus amigos, as suas verdadeiras
inseguranças vieram à tona. O medo, normalmente oculto por sua
personalidade extrovertida, foi revelado.
Os incidentes anteriores também revelaram a ousadia vacilante de Pedro.
Um deles foi quando Pedro andou sobre a água. Enquanto todos os outros
discípulos observavam, Pedro gritou: “Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter
contigo, por sobre as águas” (Mt 14:28). Pedro saiu do barco e andou sobre o
mar. Talvez a sua coragem tenha sido alimentada pelo desejo de impressionar
seus companheiros. Entretanto, sozinho no meio de um mar tempestuoso, ele
clamou para que Jesus o salvasse. Ao andar sobre as águas, ele percebeu que
nenhum dos seus competidores estava ao seu lado. Sob pressão, ele clamou
para que Jesus o salvasse do perigo.
É bem provável que Pedro achasse que Jesus o salvaria deste incidente no
jardim, assim como Ele havia feito muitas vezes antes. E ele estava certo. Mas
o que Pedro e todos os outros não esperavam era ver Jesus ser preso. Embora
Jesus tivesse lhes dito repetidamente que isto aconteceria, eles ainda
acreditavam que Ele estabeleceria o Seu reino na terra naquele momento (At
1:6; Mt 16:21).
É fácil ser confiante desde que Deus esteja fazendo o que esperamos que
Ele faça. Mas quando Ele nos surpreende, podemos vacilar. Algo acontece em
nossas vidas ou ministérios que nos pega de surpresa, e perdemos a nossa
ousadia. Geralmente não estamos preparados para sofrer aflições,
perseguições ou provações. Como crianças, nos sentimos confortáveis com a
rotina e com as coisas do nosso jeito. Quando não temos o que queremos,
quando queremos e do jeito que queremos, o nosso coração é testado. Quando
somos atingidos por provações, o nosso coração é pesado. Podemos parecer
confiantes quando Deus nos dá exatamente o que queremos ou quando a vida é
previsível, mas quando as coisas correm de outro modo, as nossas motivações
são reveladas. Jesus descreve este estado:
Boas intenções não bastam. Pedro queria mostrar que podia ser
leal mesmo se isso significasse a morte. Mas a força desse desejo não era
suficiente para mantê-lo. O medo em seu coração venceu o seu amor pelo
Mestre. Jesus tratou deste assunto diretamente depois de Sua ressurreição.
O capítulo 21 de João nos diz que Jesus apareceu aos Seus discípulos e
preparou peixe e pão para o café da manhã deles. Então, Ele perguntou a
Pedro três vezes: “Tu me amas?” Nas duas primeiras vezes, Jesus usou a
palavra agapao, que enfatiza a ação envolvida com o amor. Mas Pedro
respondeu todas as vezes com a palavra grega phileo. Esta palavra limita-se
aos afetos ou sentimentos de amor, independente de ação.
Pedro entristeceu-se quando Jesus interrogou-o pela terceira vez. Nessa
terceira vez, Jesus usou a palavra phileo. Jesus reduziu o amor em questão ao
nível do afeto, em lugar da ação. Frustrado, Pedro respondeu: “Senhor, Tu
sabes todas as coisas, Tu sabes que eu Te amo” (Jo 21:17), querendo dizer:
“Tu sabes que tenho afeto por Ti”.
Jesus começou perguntando essencialmente: “Você me ama o suficiente para
renunciar à sua vida?” Isto ilustra o amor descrito pela palavra agapao. Pedro
respondeu verdadeiramente e humildemente que o amor dele era um amor
emocional ou afetivo. Lembre-se, ele havia acabado de negar Jesus. Ele
reconhecia as suas próprias fraquezas. O seu amor afetivo somente não era
forte o bastante para que ele renunciasse à sua vida.
Finalmente, Jesus perguntou a Pedro: “Você Me ama afetivamente?” O
motivo: Jesus sabia que agora Pedro era um homem quebrantado que ainda não
era capaz do amor agapao.
Querendo explicar a Pedro o que Ele queria dizer quando o questionou das
duas primeiras vezes, Jesus disse: “Em verdade, em verdade te digo que,
quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias;
quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará
para onde não queres. Disse isto para significar com que gênero de morte
Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhe:
Segue-Me” (Jo 21:18-19).
Creio que Jesus estava dizendo a Pedro: “Você falhou antes na força do
amor afetivo, mas está vindo o dia em que você enfrentará o seu maior medo e
será vitorioso na força do amor aperfeiçoado”. Até aquele ponto, Pedro havia
amado dentro do máximo da capacidade humana, mas aquilo havia falhado.
Desta vez, enquanto Pedro seguia Jesus, ele seria equipado com o amor
agapao. Esse tipo de amor não nasce do desejo do homem por ele, mas é
derramado em nossos corações pelo Pai (Rm 5:5). O amor de Deus (ágape, ou
agapao) não tem medo de morrer pelo outro.
Jesus encorajou Pedro, dizendo a ele que quando enfrentasse a “prensa”
novamente, ele sairia vitorioso e poderia cumprir o que havia votado
anteriormente na sua presunção: Ele morreria antes de negar Jesus. Com as
garras do medo e da intimidação soltas, Pedro seria um homem transformado.
Deus faz isto em nosso benefício. Ele nos fortalecerá quando formos
intimidados. Ele permitirá que enfrentemos aquilo que tememos por vezes
seguidas, até sermos vitoriosos. Quando chegarmos ao fim da nossa força,
clamaremos pela força Dele. Nesta força não podemos falhar, porque o amor
nunca falha (1 Co 13:8). Deus não quer que fujamos das nossas áreas de
fraqueza. Ele quer que as enfrentemos destemidamente.
Por Favor, Retire Isto!
Paulo sabia muito bem disso. “E, para que não me ensoberbecesse com a
grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de
Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte” (2 Co 12:7).
A palavra para mensageiro em grego se refere a um ser angélico (ver a
concordância de Strong). Creio que este versículo se refere a um anjo mau que
Satanás enviou para esbofetear Paulo. Esse ser atiçava problemas para Paulo
por onde quer que ele fosse. 2 Coríntios 11:24-27 relata alguns dos problemas
encontrados por Paulo:
Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um;
fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em
naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar;
em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de
salteadores, em perigos entre patrícios na cidade, em perigos no
deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em
trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede; em
jejuns, muitas vezes; em frio e nudez.
Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim.
– 2 Coríntios 12:8
Observe que ele diz “regozijo-me”. Com que frequência vemos as pessoas
se regozijando nos insultos, nas necessidades, nas perseguições e nas
angústias? Só uma pessoa que está escondida em Cristo (Gl 2:20) pode ter
prazer em tais coisas. Ela é alguém que vive para exaltar a Cristo. Paulo sabia
que podia confiar na graça de Deus para sustentá-lo até que Cristo fosse
engrandecido.
Paulo amava mais a Jesus do que sua própria vida. Ele estava preparado
para morrer – e estava mais desejoso de viver – para Ele. Veja atentamente
sua carta aos Filipenses:
Não importava para Paulo se ele ia glorificar a Cristo pela vida ou pela
morte. Só importava que Cristo fosse glorificado. Paulo não estava se
referindo a uma morte nas mãos da enfermidade ou da doença. Jesus levou
isso por nós na cruz. A enfermidade e a doença não glorificam a Ele. Acreditar
que glorificamos a Jesus morrendo de enfermidade é tão errôneo quanto crer
que Jesus seria glorificado se morrêssemos no cativeiro do pecado. Ele levou
ambos na cruz (Is 53:4-5). O salmo 103:2-3 diz: “Bendize, ó minha alma, ao
Senhor, e não te esqueças de nenhum só dos seus benefícios. Ele é quem
perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades”.
Como podemos ver, Paulo não está falando de doença ou enfermidade. A
nossa atitude deve ser: Senhor, seja como for que sejas glorificado, faz como
queres, mas o diabo não fará o que ele deseja!
O amor sem egoísmo de Paulo gerava uma ousadia que nenhuma
intimidação podia penetrar (veja novamente Filipenses 1:20). Mesmo sabendo
que iria enfrentar perseguição e ameaças em cada cidade, ele seguiu em frente.
Ele não temia nenhum homem. Paulo compartilhou com os presbíteros de
Éfeso:
Uau! Que palavra profética! Imagino quantas pessoas hoje em dia correriam
de um lado para o outro por causa de uma palavra como esta! Elas não iriam
querer ouvir este tipo de profecia. Todos nós queremos ouvir coisas boas, mas
Deus também nos adverte quanto a dificuldades para nos dar esperança e
coragem. Paulo fortalecia os novos convertidos dizendo a eles: “Através de
muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At 14:22).
Imagino como reagiríamos se recebêssemos uma palavra profética dizendo
que perseguições e oposição esperam por nós em cada lugar para onde
fôssemos. Naturalmente, não estou dizendo que todas as vezes que recebemos
uma palavra que procede verdadeiramente de Deus ela deve ser dessa
natureza.
O problema é que muitas das palavras que são dadas encorajam as coisas
erradas nas pessoas que as buscam. Elas são palavras boas e confortáveis
sobre como as pessoas prosperarão nos negócios ou no ministério, e como
tudo irá bem com elas. Em geral, as pessoas terminam buscando e servindo a
Deus apenas pelo que Ele pode fazer por elas. O amor delas ainda não está
interessado em engrandecer a Deus, seja pela vida ou pela morte. Observe a
resposta de Paulo à palavra profética sobre cadeias e tribulações:
Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo,
contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do
Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.
– Atos 20:24
A chave para a ousadia de Paulo é que ele não considerava a sua vida
preciosa. Ele também entendia que o plano de Deus para a sua vida incluía
enfrentar provações e perseguições. O amor dele por Jesus era maior do que o
amor dele pela própria vida. A vida de Paulo aponta para o segredo de se
completar a carreira. Entregue a sua vida e tome a vida de Cristo. Muitas
vezes isto significará que entregamos o que é confortável e tomamos o que é
desconfortável – a cruz.
Você Tem Certeza de Que Este Evangelho é Ocidental?
Sei que isto não se parece com o nosso Cristianismo Ocidental moderno. É
muito diferente do que vivemos e pregamos nos anos 80 e 90. Serei o primeiro
a admitir que deixei muito a desejar. Passei por situações na “prensa de
azeite” nos últimos dez anos que revelaram meu coração. Assim como Pedro,
sofri ao ver as minhas promessas vazias e o verdadeiro estado do meu
coração. Clamei ao Senhor em diversas ocasiões, pedindo a Ele para
transformar o meu coração. Aprendi a ser grato pelo fortalecimento que resulta
das provações (1 Pe 1:6-7). Cheguei a um entendimento mais claro da seguinte
escritura:
Ouvi este versículo ser citado muitas vezes. Mas somente parte dele.
Muitas pessoas param muito antes – elas deixam a última parte de fora. É esta
parte que não é popular na nossa cultura Ocidental. Jamais venceremos a
batalha sobre a intimidação a não ser que nos recusemos a amar as nossas
vidas até à morte. Se amarmos as nossas vidas, procuraremos salvá-las.
Homens e mulheres de Deus, agora vocês conhecem a verdade: A única
maneira de vencer a intimidação é perdendo a sua vida. Clamem a Deus
enquanto leem. Não recuem, mas ousem crer. Peçam a Ele para encher o
coração de vocês com este amor – o amor Dele, o tipo de amor que nunca
volta atrás. Peçam a Ele por Sua graça para vencer os obstáculos que vocês
enfrentam. Peçam a Ele para lhes conceder o privilégio de irem aos lugares
difíceis. Orem para estar na linha de frente do que Ele está fazendo na terra.
Não peçam uma vida de facilidades. Em vez disso, peçam uma vida que
glorifique a Deus.
“E Quanto a Este?”
Observe que Ele disse que tudo que temos de fazer é desejar salvar a nossa
vida, e nós a perderemos! Uau! Desejar as coisas que este mundo busca –
mesmo que você nunca as obtenha – custará a sua vida. Entretanto, leia com
atenção o que Jesus diz em seguida:
Observe que Ele não disse: quem desejar perder a sua vida por causa de
Mim. Desejar não basta! Pedro desejava seguir Jesus na noite em que O traiu.
Mas sua motivação não estava sustentada pelo amor de Deus ou pelo Seu
poder. Por isso, ele foi vencido.
Examine o Seu Coração
Quando olhamos para Pedro no livro de Atos, é difícil acreditar que ele é o
mesmo homem que se acovardou e negou Cristo diante dos servos. Depois de
ser cheio do Espírito Santo, ele proclamou Jesus com ousadia e
destemidamente como Senhor e Messias por toda Jerusalém. Ele foi preso e
levado perante os líderes, os sacerdotes que haviam crucificado Jesus. Agora,
não era diante dos servos que ele estava, mas diante do mesmo sinédrio que
havia condenado Jesus. Ele olhou para eles e com grande ousadia declarou:
“Foram vocês que crucificaram Jesus Cristo o Messias, e não há salvação em
nenhum outro além Dele” (ver Atos 4:8-12).
A ousadia de Pedro e João fez com que os membros do sinédrio ficassem
impressionados, e eles não podiam dizer nada contra a obra que Deus havia
feito. Aqueles homens eram mestres que estavam no controle, por isso,
recorreram à intimidação.
Eles disseram entre si: “Mas, para que não haja maior divulgação entre o
povo, ameacemo-los para não mais falarem neste nome a quem quer que seja”
(At 4:17).
Lembre-se, aqueles líderes haviam acabado de crucificar Jesus. E Jesus já
havia dito a Pedro que ele morreria como Jesus. Aquelas não eram ameaças
sem fundamento. Mas, mesmo diante da possível morte, Pedro e João
declararam com ousadia: “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a
vós outros do que a Deus, pois nós não podemos deixar de falar das coisas
que vimos e ouvimos” (At 4:19-20).
Exceto por João, Pedro estava sozinho diante dos membros do sinédrio.
Não havia ninguém para impressionar ou para apoiá-lo. Mas agora ele tinha
um tipo de ousadia diferente. Ela era alimentada pelo seu amor por Jesus. Ele
e João foram soltos e se uniram aos discípulos, contando o que havia
acontecido e as ameaças que lhes fizeram. Agora, veja o que estes homens
pediram que Deus fizesse:
Pedro e João não foram intimidados pelos líderes; na verdade, eles estavam
cheios de alegria. Aqueles eram dois discípulos muito diferentes daqueles que
ficaram dormindo no jardim. Eles se alegraram por serem julgados dignos e
por terem tido outra chance de demonstrar o seu amor e fidelidade. Pedro
agora não amava afetuosamente apenas, mas também com todo o seu ser.
O Livro dos Mártires, de John Foxe, relata que Pedro foi martirizado, como
Jesus dissera que seria. Quando estava para ser crucificado, conta-se que
Pedro disse: “Não sou digno de morrer da mesma maneira que o meu Senhor
morreu”. Então, eles o penduraram na cruz de cabeça para baixo! Pedro
deixou este mundo como um vencedor. Aleluia!
CAPÍTULO 11
....................................................
Em primeiro lugar, o que é o temor de Deus? Ele inclui o respeito por Deus,
mas é mais do que isso. Temer a Deus significar dar a Ele o lugar de glória,
honra, reverência, ações de graças, louvor e preeminência que Ele merece
(observe que é o que Ele merece, e não o que nós achamos que Ele merece).
Ele detém esta posição em nossas vidas quando O estimamos e estimamos os
desejos Dele acima dos nossos próprios desejos. Odiaremos o que Ele odeia e
amaremos o que Ele ama, tremendo diante da Sua presença e da Sua Palavra.
Em segundo lugar, vamos examinar o temor do homem. Temer o homem é
ficar alarmado, ansioso, impressionado, aterrorizado e desconfiado,
acovardando-se diante do homem mortal. Quando somos capturados por este
medo, vivemos fugindo e nos escondendo da reprovação, evitando
constantemente a rejeição e o confronto. Ficamos tão ocupados nos protegendo
e servindo aos homens que somos ineficazes em nosso serviço a Deus. Com
medo do que o homem possa nos fazer, não damos a Deus o que Ele merece.
A Bíblia nos diz: “O temor do homem arma ciladas” (Pv 29:25, AMP).
Uma cilada é uma armadilha. Temer o homem rouba a autoridade que lhe foi
dada por Deus. O dom de Deus então fica adormecido em você. Você se sente
impotente para fazer o que é certo porque o poder de Deus em você está
inativo.
Isaías 51:7-13 alerta: “Ouvi-Me, vós que conheceis a justiça, vós, povo em
cujo coração está a Minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos
turbeis por causa das suas injúrias... Quem, pois, és tu, para que temas o
homem, que é mortal, ou o filho do homem, que não passa de erva? Quem és tu
que te esqueces do Senhor, que te criou?”.
Quando agradamos aos homens para nos livrarmos da reprovação deles,
esquecemo-nos do Senhor. Nós nos afastamos do serviço Dele. “Se agradasse
ainda a homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1:10).
Você servirá e obedecerá a quem teme! Se você teme o homem, você o
servirá. Se você teme a Deus, você O servirá. Você não pode temer a Deus se
teme o homem, porque você não pode servir a dois senhores (Mt 6:24)! Por
outro lado, você não pode temer o homem se teme a Deus!
Os Crentes do Novo Testamento Devem Temer a Deus?
Deus reteve a Sua glória para nos testar e nos preparar. Seremos reverentes
mesmo quando a Sua presença não for manifesta? Em muitas maneiras, a igreja
moderna tem se portado como os filhos de Israel. Na verdade, Paulo disse que
as experiências deles foram escritas como exemplos para nós (1 Co 10:6).
Os israelitas ficavam entusiasmados quando Deus os abençoava e realizava
milagres para eles. Quando Deus dividiu o Mar Vermelho, os levou a
atravessar por terra seca e depois enterrou os inimigos deles no mar, eles
cantaram, dançaram e gritaram celebrando a vitória (Ex 15:1-21). No entanto,
alguns dias depois, quando o grandioso poder de Deus não estava aparente e a
comida e a bebida eram escassos, eles reclamaram contra Deus (Ex 15:22).
Mais tarde, Moisés levou o povo ao Monte Sinai para consagrá-los a Deus.
O Senhor desceu à montanha aos olhos de todo o Seu povo. Foi uma
experiência tremenda, com relâmpagos e trovões e uma grossa nuvem sobre a
montanha. Então, Moisés levou o povo para fora do acampamento para se
encontrar com Deus, mas “o povo, observando, se estremeceu e ficou de
longe” (Ex 20:10-18). Eles recuaram aterrorizados – não no temor de Deus,
mas temendo por suas próprias vidas. Quando Deus desceu, eles perceberam
que amavam suas vidas mais do que amavam a Ele.
Eles disseram a Moisés: “Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus
conosco, para que não morramos”. Respondeu Moisés ao povo: “Não temais;
Deus veio para vos provar e para que o Seu temor esteja diante de vós, a fim
de que não pequeis” (Ex 20:19-20).
Observe que o temor de Deus lhe dá poder sobre o pecado. Provérbios
16:6 diz: “Pelo temor do Senhor os homens evitam o mal”.
O relato prossegue em Êxodo 20:21: “O povo estava de longe, em pé;
Moisés, porém, se chegou à nuvem escura onde Deus estava”. Moisés disse a
Deus o que eles haviam dito e como tinham medo. Deus respondeu: “Em tudo
falaram eles bem. Quem Me dera que eles tivessem tal coração, que Me
temessem e guardassem em todo o tempo todos os Meus mandamentos, para
que bem lhes fosse a eles e a seus filhos, para sempre!”
(Dt 5:28-29).
Observe que o povo recuou enquanto Moisés se aproximou. Isto revela a
diferença entre Moisés e Israel. Moisés temia a Deus; por isso, ele não teve
medo. O povo não temia a Deus; por isso, eles tiveram medo. O temor de Deus
aproxima você da presença de Deus, e não afasta você Dele. Entretanto, o
temor do homem faz com que você se afaste de Deus e da Sua glória.
Quando somos paralisados pelo medo do homem nos sentimos mais
confortáveis na presença do homem do que na presença de Deus, até mesmo na
igreja! O motivo disso é que a presença de Deus abre o nosso coração e nos
traz convicção de pecado.
Não Sinai, mas Sião
Para provar que o temor de Deus é uma realidade do Novo Testamento, vamos
ler este relato do livro de Hebreus:
Ora, não tendes chegado à montanha que pode ser tocada e que
ardia com fogo, e à escuridão, e às trevas e à tempestade, e ao
clangor da trombeta e ao som de palavras tais que quantos o ouviram
suplicaram que não se lhes falasse mais. Mas tendes chegado ao
Monte Sião.
– Hebreus 12:18-22, AMP
Voltando à ilustração do Monte Sinai, quero apontar algo que a maioria das
pessoas deixa passar. Deus instruiu tanto Moisés quanto Arão a subirem a
montanha (Ex 19:24). Moisés subiu, mas por alguma razão encontramos Arão
de volta ao acampamento (Ex 32:1)! Creio que Arão voltou ao acampamento
porque ele se sentia mais confortável na presença dos outros “crentes” do que
na presença de Deus. Não somos assim em nossas igrejas de hoje? Nós nos
sentimos mais confortáveis indo à igreja, tendo comunhão com outros cristãos
e nos mantendo ocupados com obrigações ministeriais do que com o Senhor.
Evitamos ficar a sós na Sua presença, cercando-nos de pessoas e de
atividades, esperando que isto esconda o nosso vazio.
Josué, por outro lado, tinha um coração que buscava a Deus. Ele queria
estar tão próximo da presença de Deus quanto possível. Ele ficou no sopé da
montanha por quarenta dias enquanto Moisés estava com Deus (Ex 32:17). Ele
se aproximou tanto quanto possível sem ir até onde Moisés e Arão haviam
sido convidados para subirem. Josué temia a Deus o suficiente para não ser
presunçoso.
Enquanto Josué esperava na montanha, o povo no acampamento ficou
inquieto. Eles estavam em uma terra estranha; o líder deles havia partido havia
mais de um mês; e Deus ainda não havia Se revelado. Eles começaram a
questionar a Deus e Moisés.
Arão não assumiu a responsabilidade pelo que havia feito. Sim, a avaliação
que ele fez do povo estava correta. Havia sido ideia deles, e não de Arão.
Mas por ele temer o povo, não foi forte o bastante para quebrar a intimidação
da multidão e orientá-los corretamente. Ele estava envolvido pelo temor do
homem.
Os líderes que temem os homens recuarão e darão ao povo o que eles
querem em vez de dar o que eles precisam! Eles se tornam presa fácil da
intimidação. Não importa o quanto o líder diz que ama a Deus e ao Seu povo,
enquanto temer o homem, ele jamais verá o verdadeiro progresso em si mesmo
ou no povo que lidera!
O homem que teme a Deus só se preocupa com o que Deus diz sobre ele. O
homem que teme os homens está mais preocupado com o que os homens
pensam a respeito dele do que com o que Deus pensa. Ele ofende a Deus para
não ofender o homem.
Já vi líderes tomarem decisões para dar às pessoas aquilo que elas
queriam. As motivações deles eram manter a sua popularidade junto ao povo.
Naturalmente, eles jamais admitiriam isto e talvez nem mesmo tivessem
consciência disto. Eles justificavam suas decisões com o seguinte pensamento:
“Não queremos ofender as pessoas”, ou “Isto é o melhor para todos os
envolvidos”, ou “Mais pessoas poderão ser ministradas se fizermos isso”, e
daí por diante. O reino de Deus não é uma democracia. É um reino. A
popularidade não é importante. Eles não perceberam que eram motivados pelo
medo e pela intimidação. A atitude deles não estava enraizada no amor pelo
povo, mas no amor por si mesmos.
O Que Acontece Quando Não Tememos a Deus?
Deus disse a Moisés: “Quem dera que eles tivessem tal coração, que Me
temessem” (Dt 5:29). Mas o povo não o fez, e veja o que aconteceu.
Depois de um ano vivendo no deserto, era hora de partir e tomar posse da
terra prometida. O Senhor disse a Moisés: “Envia homens que espiem a terra
de Canaã, que Eu hei de dar aos filhos de Israel” (Nm 13:1). Observe que Ele
disse: “Eu hei de dar...” Ele não disse: “Vão espiar a terra e vejam se podem
tomá-la”.
Então Moisés enviou os homens. Eles espiaram por quarenta dias, e
descobriram que os habitantes estavam bem estabelecidos nessa terra, e que as
cidades eram muito grandes e bem guardadas.
Todos os doze espias viram o mesmo povo, os mesmos exércitos, as
mesmas cidades grandes fortificadas e os mesmos gigantes. Josué e Calebe
estavam prontos para ir de uma vez e tomar o que Deus havia prometido.
Entretanto, os outros dez espias ficaram intimidados com o que viram. Eles só
viram grandes exércitos e gigantes, enquanto Josué e Calebe viram o quanto
Deus era bom e fiel!
Os dez espias disseram ao povo que seria impossível tomar a terra. Eles
haviam sido escravos por mais de quatrocentos anos e não eram
experimentados na guerra como os exércitos que viram. O povo imediatamente
teve medo e começou a reclamar.
E por que nos traz o Senhor a esta terra, para cairmos à espada e
para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não
nos seria melhor voltarmos para o Egito?
– Números 14:3
Calebe e Josué escolheram o caminho mais difícil. Deus disse que eles
tinham um espírito diferente e que O haviam seguido inteiramente. Todo o
restante não queria ver o seu bem-estar em perigo por obedecer a Deus. Deus
foi fiel com Calebe e Josué. Eles foram os únicos daquela geração a entrar na
Terra Prometida (Ver Números 14:24, 30).
Aqueles que procuraram salvar suas vidas as perderam. Deus pronunciou o
destino deles dizendo: “Porém, quanto a vós outros, o vosso cadáver cairá
neste deserto... e tereis experiência do Meu desagrado” (Nm 14:32, 34). É um
pensamento assustador saber que muitos serão rejeitados por Deus porque
temeram ser rejeitados pelo homem.
Oro para que todos nós aprendamos a ter prazer no temor do Senhor. Pois
“O temor do Senhor é fonte de vida, para evitar os laços da morte” (Pv
14:27). No próximo capítulo, você verá como o temor do Senhor o ajudará a
andar dentro da vontade de Deus durante os tempos de intimidação.
CAPÍTULO 12
....................................................
Ação ou Reação?
Farei uma comparação entre dois reis. Ambos governavam o mesmo reino;
ambos se prostravam perante o mesmo Deus. Um foi rejeitado por Deus, e o
outro foi considerado por Deus como um homem segundo o Seu coração.
Comparando estas vidas, descobrimos uma grande clareza e entendimento das
diferenças entre o temor de Deus e o temor do homem. Vamos dar uma olhada
em um dos incidentes mais dramáticos e menos estudados da vida de Saul. Eis
a cena:
Saul havia reinado por dois anos. Como acontece na maioria das
lideranças, este “período de lua de mel” não revelou o seu verdadeiro caráter.
Mas, com o passar do tempo, as motivações dele vieram à tona.
Enquanto Saul estava em Micmás com os seus melhores guerreiros, os
filisteus se reuniram para lutar contra ele (1 Sm 13:5-15). Aquele era o
exército mais forte que Saul havia enfrentado. O inimigo tinha trinta mil carros
e seis mil cavaleiros, e a multidão dos soldados era comparada com “a areia
que está à beira-mar”. É desnecessário dizer que era um grande exército!
Enfrentar trinta mil carros é como enfrentar trinta mil tanques – além do mais,
o exército era tão grande que não podia ser contado! Esta visão era muito
intimidadora para o exército de Israel.
Aterrorizados, os soldados de Saul se esconderam nos bosques, em
buracos, em poços e atrás das rochas. Eles estavam apavorados. Alguns
fugiram a pé, atravessando o Jordão até à terra de Gade e Gileade, enquanto
os que ficaram seguiram Saul, tremendo de medo.
Antes das batalhas, era costume de Israel apresentar sua súplica diante do
Senhor. Samuel havia dado uma ordem da parte do Senhor a Saul, dizendo que
ele estaria lá em um determinado momento para apresentar a oferta queimada
ao Senhor. Saul “esperou sete dias, segundo o prazo determinado por Samuel;
não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se foi espalhando dali” (1 Sm
13:8).
Pressionado, Saul disse: “Trazei-me aqui o holocausto e ofertas pacíficas”.
Ele ofereceu as ofertas queimadas, e assim que o fez, Samuel chegou.
Samuel perguntou a Saul o que ele havia feito. Veja com atenção a resposta
de Saul:
Samuel então repreendeu Saul dizendo que ele havia agido de forma
insensata ao não guardar o mandamento do Senhor.
Agora que já revimos o que aconteceu, imagine-se na posição de Saul. Você
é o líder. Você e os seus homens enfrentaram um enorme exército por mais de
sete dias. Você já está superado enormemente em número, e todos os dias as
fileiras do inimigo aumentam enquanto o seu exército diminui. Os seus homens
estão com medo do inimigo e começam a desertar. E os poucos que restam
estão tremendo de terror. Você está esperando pelo profeta de Deus, e ele não
aparece a tempo para oferecer o sacrifício!
Há uma enorme pressão sobre você. Esta é uma situação do tipo “prensa de
azeite”. Os que o cercam pressionam você: “Faça alguma coisa, ou todos
morreremos!” Você vai esperar como o Senhor ordenou, ou fará algo para se
salvar?
Esta era a situação que o rei Saul enfrentava (Ver 1 Samuel 13:1-8).
Infelizmente, ele cedeu à pressão. Desobedecendo, ele próprio ofereceu os
sacrifícios. Veja as desculpas dadas por Saul: “Os filisteus [estavam vindo]
contra mim... senti-me pressionado” (1 Sm 13:12, AMP). Ele ofereceu os
sacrifícios para ficar bem aos olhos do povo, e depois tentou parecer
espiritual aos olhos de Samuel dizendo: “Senti-me pressionado”. Na verdade,
ele reagiu e caiu na armadilha da intimidação.
Faça Alguma Coisa!
A maioria das pessoas vez por outra enfrenta este tipo de situação. Alguma vez
você pensou: Sei que Deus está me dizendo para ficar quieto, mas preciso
agir para mudar esta situação em que estou?
Já estive em situações onde os amigos e aqueles que estavam sob a minha
autoridade insistiram: “John, você precisa fazer alguma coisa!” Mas no meu
coração, sabia que Deus não estava dizendo o mesmo. Ele estava em silêncio.
Uma das coisas mais difíceis de se fazer é esperar em Deus, principalmente
quando Ele não está dizendo nada! Isto é verdade, principalmente agora. Com
os nossos vastos recursos e dinheiro, geralmente podemos fazer alguma coisa
acontecer ainda que Deus não esteja se movendo. Podemos criar alguma coisa
que parece ser da parte de Deus com a força dos nossos talentos e
capacidades naturais – e sem o envolvimento de Deus.
No que diz respeito a tomar decisões, muitas vezes não podemos encontrar
um capítulo ou um versículo que nos diga o que fazer. Precisamos saber o que
Deus está nos dizendo em cada momento. Mas quando Deus parece não estar
falando, na verdade Ele está falando! Ele está dizendo: “Continue fazendo
exatamente o que Eu lhe disse para fazer. Nada mudou!” Isto se torna
especialmente difícil quando estamos sob o ataque da intimidação.
Quero compartilhar uma palavra que o Senhor me deu em um dia de Ano
Novo. Estava fora do país, dormindo profundamente, exausto pela viagem de
trinta e seis horas e pela programação de duas ministrações por dia. De
repente, acordei daquele sono profundo às duas da madrugada. Sabia que
somente o Senhor poderia ter me acordado daquela forma, porque eu estava
estranhamente alerta depois de ter tido somente três horas de sono.
O Senhor me deu uma palavra que normalmente eu não compartilharia
porque se trata de algo pessoal. Mas creio que o Senhor gostaria que eu
compartilhasse isto para ilustrar este ponto. Creio que fortalecerá muitos de
vocês que se encontram em situações semelhantes. Eis uma parte do que me foi
dito:
Você sentiu que estava sem foco; isto foi parte do seu teste. Eu não
permiti que você tivesse foco, para testar você, para ver se você
agiria sem a Minha direção. O fato de você não ter agido durante o
Meu silêncio Me agradou muito. Por você não ter agido quando Eu
não lhe disse para agir, e por não ter feito os seus próprios planos,
esperando que eles fossem os Meus planos, agora você verá que um
grande foco virá. Porque darei a você e à sua mulher planos grandes
e específicos que trarão a vocês dois grande alegria.
Saul ficou intimidado. A sua reputação, a sua vida e o seu reino estavam em
jogo, então ele agiu quando Deus havia ordenado que ele esperasse. Depois
que Samuel repreendeu Saul, ele pronunciou este juízo sobre ele:
Esta não foi a única vez em que Saul se curvou diante da intimidação. Ele
construiu uma história de desobediência ao Senhor em situações de pressão.
Em outro incidente, ele cedeu ao desejo do povo de tomar os despojos de uma
cidade que Deus havia lhes dito para destruir completamente. Ele não queria
perder o favor do povo. Quando confrontado por Samuel, Saul admitiu:
“Pequei, pois transgredi o mandamento do Senhor e as tuas palavras; porque
temi o povo e dei ouvidos à sua voz” (1 Sm 15:24).
A declaração que ele faz em seguida demonstra que Saul estava mais
preocupado com a sua reputação do que com a sua desobediência. As palavras
dele para Samuel traem o seu coração: “Pequei; honra-me, porém, agora,
diante dos anciãos de Israel” (1 Sm 15:30).
Saul transgrediu repetidamente porque temia o homem. Quando ficava com
mais medo, ele se tornava um líder ainda mais dominador. Isto geralmente
acontece com os líderes inseguros. Eles tratam as pessoas asperamente para
parecer que estão no controle, quando na verdade estão encobrindo a sua
própria intimidação e o seu medo.
Samuel disse a Saul que Deus entregaria o reino a um homem que guardaria
os Seus mandamentos (1 Sm 13:14). Davi era esse homem. Ouvi algumas
pessoas dizerem que têm um coração que busca a Deus, mas prefiro ouvir
Deus dizer, como Ele disse de Davi: “Você tem um coração segundo o Meu”.
Sei que este é o desejo de cada crente que O ama! Estudei com afinco a vida
de Davi, com o intuito de saber tudo sobre ele que poderia fazer com que o
Senhor Se alinhasse com Davi.
Observei que Davi tinha o cuidado de não fazer nada sem ouvir a voz de
Deus antes. Repetidamente, em situações de muita pressão, ele pedia o
conselho de Deus (ver capítulos 20 a 31 de 1 Sm). Vamos dar uma olhada em
uma situação extremamente angustiante.
Será Que As Coisas Podem Piorar?
Você consegue imaginar a dor que ele sentiu? Sua família havia sido
raptada, tudo que lhe era querido havia sido roubado, e o que restou havia
sido queimado! Ele não tinha apenas a sua família com que se preocupar, mas
também a família de todos os seus homens. Eles haviam se sentido inúteis e
sem pátria. Então, voltaram para encontrar suas casas em chamas e tudo o que
eles amavam desaparecido. Como se isto não fosse suficientemente ruim, veja
o que aconteceu em seguida:
Agora os únicos que restavam, os homens que haviam ido à batalha com
ele, estavam prontos para apedrejá-lo por deixar suas esposas e filhos
desprotegidos! As coisas não podiam piorar. Isto era ainda mais difícil do que
o que Saul havia enfrentado. Davi não tinha nenhum ser humano com quem
contar. Pelo menos Saul ainda tinha um exército estremecido e uma família, e
os seus não estavam ameaçando apedrejá-lo.
A maioria dos crentes chega a um ponto em suas vidas onde se sentem
completamente sós. Creio que Deus permite que isto aconteça. Ele não é a
causa disso, pois Ele não é o autor do mal. Mas Ele não interfere porque tem
um propósito nesses momentos de desespero. Davi poderia ter desistido,
começado a perseguir o inimigo ou encontrado outra maneira de acalmar seus
homens. Mas veja o que ele fez em vez disso.
Mesmo sob uma tremenda pressão, Davi não iria agir até que primeiro
recebesse o conselho do Senhor. Ele se fortaleceu voltando-se para o Senhor.
Ele lembrou a si mesmo da fidelidade e da aliança de Deus. Então, ele
perguntou o que deveria fazer. Deus disse: “Persiga-os”.
Davi realmente os perseguiu. “Assim, Davi salvou tudo quanto haviam
tomado os amalequitas; também salvou as suas duas mulheres. Não lhes faltou
coisa alguma, nem pequena nem grande, nem os filhos, nem as filhas, nem o
despojo, nada do que lhes haviam tomado: tudo Davi tornou a trazer” (1 Sm
30:18-19).
O que parecia sem esperança se transformou em uma grande vitória! Nada é
difícil demais para o nosso Deus. Davi temia mais a Deus do que aos seus
homens. Este fato somente lhe deu a confiança para se voltar para Deus em
primeiro lugar. Esta reação foi muito diferente da reação de Saul à pressão.
Davi agiu, ao passo que Saul reagiu. Davi pôde agir em vez de reagir
porque ele sabia o que Deus estava dizendo. Quando temos a mente de Cristo,
estamos equipados com a coragem para agir e não reagir.
Moderação – uma Mente Equilibrada
Em um capítulo anterior, descobrimos que é necessário ousadia para quebrar o
poder da intimidação – não uma ousadia natural, mas a ousadia alimentada
pelas virtudes divinas do poder, do amor, e da moderação [que significa ter
uma mente equilibrada]. Este era o nosso versículo chave:
Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que
há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos tem
dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.
– 2 Timóteo 1:6-7
Vamos dar uma olhada em como estas coisas produziram em Davi a ousadia
necessária para resistir a qualquer intimidação que ele enfrentasse.
1. Poder. Ele conhecia Deus, e sabia que Deus era maior e mais poderoso
do que qualquer coisa que enfrentasse.
2. Amor. Ele amava a Deus mais do que a si mesmo.
3. Moderação. Ele não agiria até que tivesse ouvido a palavra ou o
conselho do Senhor, independente da força da pressão.
Quando nosso espírito está cheio de poder, amor e da palavra do Senhor,
não somos cativos da intimidação. Não é apenas uma dessas virtudes, mas a
combinação de todas as três que nos sustentam. Paulo teria mencionado apenas
uma se apenas uma delas bastasse. Porém, para andar na ousadia divina, todas
as três são necessárias.
Já analisamos em detalhes o poder e o amor. Vamos seguir em frente e ver
como obter a moderação, que significa ter uma mente equilibrada através do
conselho do Senhor.
CAPÍTULO 13
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O Espírito de Moderação
Um homem chamado Simeão também estava buscando o Messias. Ele não era
tão letrado quanto os fariseus. Mas veja o que a Bíblia diz sobre ele.
Ele não apenas falava com autoridade, como também agia com autoridade.
Veja outra ocasião:
Porque Eu não tenho falado por Mim mesmo, mas o Pai, que Me
enviou, esse Me tem prescrito o que dizer e o que anunciar.
– João 12:49
E novamente:
Eu nada posso fazer de Mim mesmo; na forma por que ouço, julgo.
O Meu juízo é justo, porque não procuro a Minha própria vontade, e
sim a Daquele que Me enviou.
– João 5:30
Lembre-se, embora Ele seja o Filho de Deus, viveu como um homem cheio
do Espírito Santo. Ele Se despiu de todos os privilégios divinos. Porém,
detinha uma autoridade que fazia as pessoas se maravilharem. Isto porque Ele
só falava e agia segundo o que o Espírito de Deus O conduzia. Ele nunca
ficava intimidado, porque Deus nunca tem medo e nunca fica intimidado. Não
há ninguém mais poderoso, forte e sábio do que Deus!
Jesus permaneceu na Sua autoridade enquanto os fariseus tentavam
intimidá-lo continuamente com suas perguntas religiosas e astutas. Eles
tentaram armar ciladas para Ele com as Suas próprias palavras, procurando
desacreditá-lo. Mas por mais esperto que fosse o laço que tentavam armar
para Ele, Jesus sempre respondia pelo Espírito Santo, quebrando o poder da
intimidação deles. Ele os confundia com sabedoria, até que, frustrados, eles
abandonavam suas tentativas de intimidá-lo.
A razão pela qual alguns não falam, ensinam ou pregam com autoridade, é
porque estudam uma mensagem da Bíblia, depois relacionam o seu
entendimento mental dessas escrituras. Eles falam do que Deus disse e fez em
vez de falarem do que Ele está dizendo e fazendo! Somente quando falamos
pelo Espírito de Deus é que falamos com autoridade.
Porque Ele tem dito: “De maneira nenhuma te deixarei, nunca jamais
te abandonarei”. Assim, afirmemos confiantemente: “O Senhor é o
meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?”
– Hebreus 13:5-6
Veja com atenção estas palavras novamente. Podemos falar com ousadia e
autoridade quando sabemos o que Ele está dizendo! A certeza desta Palavra
nos dá ousadia. Deus nos garantiu que quando sabemos o que Ele diz, e
quando cremos que Ele está sempre conosco, podemos declarar com ousadia:
“O que me pode fazer o homem?” Quando vivemos nesta confiança, não
podemos ser intimidados!
Os Fariseus dos Tempos Modernos
Algumas vezes fui abordado por aqueles a quem chamo de “fariseus dos
tempos modernos”, que não têm o Espírito (eles podem afirmar falar em
línguas, mas ainda não possuem o Espírito de Deus!). Eles citam capítulos e
versículos mais depressa do que a maioria das pessoas.
Essas pessoas me confrontaram com perguntas sobre o que eu havia
acabado de pregar ou talvez sobre algo que eu havia escrito. Não estou me
referindo a pessoas que fazem perguntas para aprender ou porque não
entenderam algo. A estas, dou as boas-vindas. Na verdade, estou falando
daqueles que submetem tudo aos seus parâmetros religiosos, rejeitando
qualquer pessoa ou qualquer coisa que não se encaixe na sua “caixa de
doutrinas”.
Percebi que essas conversas geralmente podem seguir por uma ou duas
direções. Em primeiro lugar, posso entrar em uma discussão mental das
Escrituras com eles e me desgastar, principalmente se eles forem bem
versados no ponto que estão tentando provar. Eles prevalecerão, e eu ficarei
intimidado. Aprendi a não me deixar enredar nesse tipo de coisa!
A outra maneira de responder é contar com o Espírito Santo e falar o que
ouço em meu coração. Então a sabedoria de Deus se revela, e os argumentos
deles cessam. A sabedoria de Deus sempre terá origem nas Escrituras, mas ela
tem a vida, que é inspirada para dentro dela pelo Espírito Santo.
Anos atrás, eu estava com outro pastor em um avião. Encontramos uma
mulher judia que era muito extrovertida e inteligente. Começamos a conversar
intensamente sobre o Senhor Jesus. Nós dois fazíamos diversas declarações,
tentando provar que Jesus era o Messias. Ao mesmo tempo, ela estava
tentando provar que as afirmações de Jesus eram falsas.
De repente, percebi o que estava fazendo. Sabia que aquela discussão
mental não chegaria a lugar algum. Então, olhei para dentro de mim em busca
da direção do Espírito Santo, e Ele me revelou o que eu deveria dizer. Olhei
para ela e compartilhei as palavras que Ele havia me dado. Quando fiz isso,
minha voz mudou, e uma autoridade veio sobre o que eu estava dizendo. Assim
que ela ouviu aquelas palavras, seus olhos se arregalaram, e ela ficou em
silêncio. Todo o nosso debate não a havia ajudado. Mas quando a palavra do
Senhor veio, ela foi imediatamente ministrada.
Depois que descemos do avião, o pastor com quem eu estava viajando
disse: “John, pude sentir a presença do Senhor quando você disse aquelas
palavras. Você percebeu que ela não teve mais nada a dizer?” Não se envolva
em discussões infrutíferas governadas pelo entendimento mental das
Escrituras. Em vez disso, deixe que o Espírito Santo guie você em direção à
sabedoria espiritual.
O homem que tem a mente de Cristo não pode ser julgado ou intimidado! Eu
poderia compartilhar inúmeros incidentes nos quais teria ficado intimidado se
não tivesse contado com o Espírito de Deus.
Somos alertados a andar como Jesus andou (1 Jo 2:6). Jesus só fazia o que
Ele via o Espírito Santo fazer. Se fizermos isso, teremos um espírito de
moderação (uma mente equilibrada) e possuiremos a ousadia que
necessitamos para vencer a intimidação e o controle.
Senhor, o Que Devo Fazer?
Muitas vezes enfrentamos situações que poderiam nos paralisar e nos tornar
incapazes de concluir o que Deus colocou diante de nós, se não tivéssemos a
mente de Cristo. Enfrentei um desafio assim no México.
Fui convidado para ir a Monterrey, no México, para uma reunião
evangelística municipal. Era apenas por uma noite, e paguei pelas despesas de
viagem. Passei metade do dia em oração. Enquanto eu orava, vi uma nuvem
escura sobre o prédio onde devíamos nos reunir. Perguntei ao Senhor o que
era aquilo. Ele explicou: “John, estas são as trevas que estão lutando contra
esta reunião. Continue a orar”.
Uma unção muito forte veio sobre mim, fortalecendo-me para orar. Dentro
de trinta minutos, tive outra visão. Um feixe de luz ia do topo do prédio
diretamente até o céu. Novamente, perguntei ao Senhor o que era. “Esta é a
Minha glória desimpedida, descendo sobre a reunião desta noite”, disse Ele
ao meu espírito. Fiquei muito entusiasmado.
O culto estava programado para começar às seis da tarde. Chegamos um
pouco mais cedo, e logo recebemos a notícia de que um oficial do governo
queria ver o pastor que havia organizado a reunião. Este oficial do governo
estava acompanhado de dois policiais uniformizados.
O pastor e eu fomos nos encontrar com o oficial. Ele falou durante algum
tempo com o pastor, em espanhol, depois se virou e perguntou-me em inglês:
“O senhor fala espanhol?”.
“Não, senhor”, respondi.
Então, ele me deu uma ordem: “O senhor não vai dizer nada a esta multidão
esta noite, a não ser sobre atividades relacionadas a turismo”.
Em seguida, ele voltou-se novamente para o pastor e falou com ele.
Observei o pastor. Ele não parecia muito feliz. Na verdade, ele parecia bem
assustado.
Quando o oficial terminou, ele e os dois soldados saíram. O pastor me
puxou de lado e disse: “John, este homem é um oficial do governo, e ele disse
que você não pode pregar. Há uma lei no México que diz que não se pode
pregar neste país sem uma autorização se a pessoa não for um cidadão
mexicano”. Ele prosseguiu dizendo: “É uma lei que geralmente não é
executada, mas este sujeito obviamente não quer você aqui, e ele está
exercendo este poder. Ele também disse que quer que você esteja no escritório
dele amanhã de manhã, às nove horas”.
Eu não podia acreditar no que meus ouvidos estavam ouvindo.
Imediatamente, disse ao pastor: “Veja, eu não voei até aqui para não pregar. Se
o senhor está preocupado somente comigo, então deixe-me pregar”.
O pastor disse: “John, isto também poderia afetar a minha igreja. Ele
poderia causar muitos problemas. Ele é um oficial de alto nível. Seria melhor
não deixá-lo pregar”. Aquele pastor estava intimidado, e eu não podia fazer
nada a não ser orar, porque ele estava em uma posição de autoridade sobre
aquela reunião.
Saí do prédio, um ginásio localizado no centro de Monterrey. Havia um
mastro de bandeira diante dele, e comecei a andar ao redor dele. Eu sabia que
Deus havia me mostrado em oração a Sua glória manifesta neste culto. Eu
sabia que Deus havia me instruído a vir. Mas eu não sabia o que fazer agora.
Um pensamento percorria minha mente. Será que este oficial intimidador vai
me impedir de fazer o que Deus me enviou para fazer? Então, eu raciocinava:
Este homem não pode parar o que Deus me mostrou em oração. Eu lutava
sem parar. O que fazer?
Então, eu disse: “Pai, não sei o que fazer, mas Tu não estás surpreso com
isto. Tu já sabias que isto aconteceria. Então, preciso da Tua sabedoria e do
Teu conselho para esta situação”. Comecei a orar no Espírito. Este versículo
me veio à mente:
Jesus disse que os crentes teriam rios de águas vivas fluindo de seus
corações (Jo 7:38). Eu precisava do rio do conselho de Deus. Eu precisava da
mente de Cristo. Orar em línguas iria despertá-la.
Depois de orar por vários minutos, minha mente acalmou-se o suficiente
para ouvir mais. Este pensamento brotou do meu coração: Fale ao povo sobre
o maior turista que um dia visitará o México.
Gritei alto: “É isto! O homem disse que eu podia falar sobre turismo. Vou
falar a eles sobre o maior turista que um dia visitará o México – Jesus Cristo!”
A alegria brotou dentro de mim, e comecei a rir.
Corri de volta ao prédio. Para minha alegria, Deus já havia tratado com o
pastor. Ele disse: “Deus falou comigo e me disse para lhe dizer para fazer tudo
o que Ele disser”.
Abri o culto dizendo: “Disseram-me para só falar com vocês sobre
atividades relacionadas a turismo. Então, nesta noite quero lhes falar sobre o
maior turista que um dia visitará o México”.
Preguei Jesus como Senhor e Salvador durante uma hora. Várias pessoas
responderam ao apelo para receber Jesus Cristo como Senhor. Havia um
homem deficiente nesse grupo. Depois que orei pelas pessoas que estavam no
grupo para receber Jesus, o Senhor falou comigo: “Lá está o primeiro homem
que quero curar”.
Olhei para ele e disse: “Senhor, o Espírito de Deus está dizendo que Ele
quer curá-lo”. Impus as mãos sobre ele e orei. Então o tomei pela mão, e
começamos a andar. Ele estava muito cauteloso a princípio. Depois, passou a
se movimentar cada vez mais rápido. Logo ele estava andando; depois
corremos juntos. Finalmente, soltei a mão dele, e ele correu sozinho.
A multidão delirou. Pessoas com todo tipo de enfermidade e doença
correram à frente. No meio de toda aquela confusão, perdi meu intérprete.
Algumas centenas de pessoas haviam corrido em direção à plataforma. Muitos
foram curados, inclusive uma mulher que era totalmente surda de um ouvido
desde o nascimento e parcialmente surda do outro. Ela chorou até sua blusa
ficar encharcada de lágrimas. Foi maravilhoso!
Eu não estava ciente de que o oficial de governo enviara dois homens de
volta para a reunião para me prender se eu pregasse. Eles chegaram
exatamente quando eu estava orando pelo homem deficiente. Um introdutor os
avistou e ouviu-os dizer: “Vamos ver o que ele vai fazer antes de prendê-lo”.
Quando eles viram o homem deficiente curado, um perguntou ao outros:
“Você acha que ele é real?” Eles se aproximaram e continuaram a observar o
que Deus estava fazendo.
Quando viram a mulher surda curada e chorando, um deles disse: “Acho
que isto é real”.
Então, um menino de cinco anos de idade caiu no chão, obviamente sob o
poder de Deus. Vendo isto, eles concordaram: Isto é real! E aqueles dois
homens que haviam sido enviados para me prender vieram à frente para
receber oração!Aleluia!
Deixei o país no dia seguinte, e não me incomodei em atender ao
compromisso com o oficial. Na semana seguinte, o pastor mexicano voou até
os Estados Unidos, trazendo uma cópia do jornal de Monterrey. Ele leu para
mim um artigo de capa sobre a nossa reunião.
O jornal relatava que os oficiais do governo disseram que eu era uma
fraude e que tudo que queria era dinheiro (eu havia sido direcionado a não
levar um centavo para fora do país e pagara por minhas próprias despesas.
Depois de ouvir isto, entendi o porquê). Entretanto, o jornal prosseguiu
dizendo que os seus próprios repórteres haviam visto pessoas serem realmente
curadas! Glória a Deus!
O oficial de governo tentou me paralisar com suas ameaças intimidadoras.
Se o pastor e eu tivéssemos ficado sob o controle daquelas ameaças, o dom de
Deus em nossas vidas teria ficado adormecido. Ninguém teria sido salvo ou
ministrado naquela noite. A palavra de Deus, que Ele me falou pelo Seu
Espírito, havia me dado ousadia para quebrar o poder da intimidação liberada
contra mim. Esse é o poder de uma mente equilibrada e de um espírito de
moderação.
CAPÍTULO 14
....................................................
Neemias não teve de enfrentar apenas este ataque dos estrangeiros pagãos,
mas também teve problemas que surgiram entre os seus próprios homens com
relação às condições que todos eles enfrentavam. Muitas vezes, quando Deus
nos convoca, enfrentamos resistência e oposição vindas de dentro e de fora.
Os homens de Neemias estavam ficando cansados. Eles estavam
enfrentando tantos escombros que aquilo estava impedindo o progresso deles
(Ne 4:10). Também havia outro problema. Os trabalhadores ricos estavam
pressionando financeiramente as famílias que estavam em débito, cobrando
grandes somas de juros sobre os campos que essas famílias cultivavam (Ne
5:1-8). Isto desanimou os homens cujas famílias estavam sofrendo. Estes
problemas internos tornaram ainda mais difícil resistir à coerção e ao
desânimo por parte dos inimigos deles.
Intimidação por Todos os Lados
O inimigo pode lhe dar uma má reputação intimidando-o para que você se
proteja a qualquer custo. Neemias tinha a mente do Senhor; por isso, ele podia
discernir o que era puro e verdadeiro do que era mal e enganoso.
Neemias resumiu os estratagemas de Sambalate, Gesém e Tobias da
seguinte forma:
Depois que Paulo exortou Timóteo para avivar o dom de Deus, ele
rapidamente acrescentou: “Tu, pois, filho Meu, fortifica-te na graça que está
em Cristo Jesus” (2 Tm 2:1). Para avançar e vencer a intimidação, precisamos
ser fortes.
Do mesmo modo, Paulo advertiu a igreja de Corinto: “Sede vigilantes,
permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-vos” (1 Co
16:13). Um crente corajoso enfrenta situações difíceis sem recuar diante delas.
Deus encorajou Josué não uma vez, mas sete vezes, para ser forte e ter bom
ânimo!
Observe que Deus disse para ele ser forte e muito corajoso. Com que
propósito? Para vencer guerras ou para ser um grande líder? Não, com o
propósito de guardar a Palavra do Senhor. Deste modo, Josué seria um grande
líder e ganharia todas as guerras! A intimidação tenta arrancar de você a sua
liberdade de obedecer a vontade ou a palavra de Deus. Por isso, devemos ser
fortes e corajosos em todo o tempo para que não venhamos a nos desviar
inconscientemente do que sabemos ser certo.
Vamos definir a palavra coragem:
A atitude ou reação de enfrentarmos e lidarmos com qualquer coisa que
seja reconhecidamente difícil, perigosa ou dolorosa em vez de recuarmos
diante dela. 10
Agora, qual é o contrário de coragem? Você poderia automaticamente supor
que o contrário de coragem é medo ou fraqueza. E isto é verdade, até certo
ponto. Entretanto, se acrescentarmos o prefixo dis à palavra courage em
inglês, temos a palavra discourage, que significa desânimo. Assim, vemos que
Deus ordenou a Josué, e a nós, que fôssemos fortes e corajosos, não
permitindo que o desânimo entre em nosso coração. O desânimo nos impede
de cumprir a vontade de Deus!
Vamos definir desânimo:
Privar de ânimo; tornar menos confiante ou esperançoso; desencorajar. 11
Você se lembra de como Elias ficou oprimido pelo desânimo por causa da
intimidação de Jezabel? Ele recuou e fugiu. Ele estava tão desencorajado que
foi destituído da sua autoridade. Precisamos tratar o desânimo como um
inimigo. Nós subestimamos o poder que o desânimo tem de nos impedir de
cumprirmos o alto chamado de Deus. Se Deus diz a Josué sete vezes para ser
forte e corajoso, então nós também devemos dar atenção a isso. O desânimo é
um assassino! Se não for confrontado, ele fará com que nós recuemos.
Este não era o mesmo homem que fugiu para salvar sua vida quando Jesus
foi preso. Ele havia mudado.
Na verdade, todos os discípulos que haviam fugido acabaram sendo mortos
por causa do seu testemunho de Jesus Cristo. Deus concedeu a eles o
privilégio de enfrentar exatamente aquilo do que eles haviam fugido. Ao
entregarem suas próprias vidas, o poder da intimidação foi quebrado!
Isto deveria consolar você, sabendo “que Aquele que começou a boa obra
em vós há de completá-la até o Dia de Cristo Jesus” (Fp 1:6). O testemunho
desses discípulos testifica como Deus transforma os nossos fracassos em
vitória! Não recue, mas ouse acreditar Naquele que o amou e Se entregou por
você.
Vamos orar juntos:
Capítulo 5
Dons Adormecidos
Capítulo 8
Reavive o Dom
Capítulo 9
A Raiz de Intimidação
6. Software Logos Bible, versão 1.6 (Oak Harbor, WA.: Logos Research Systems Inc., 1993).
7. “Dia do Juízo” aqui se refere ao julgamento proferido contra o crente por homens ímpios. Ver
Romanos 3:4 e Isaías 54:17.
Capítulo 13
O Espírito de Moderação
8. H. Lawrence, 1646.
Capítulo 14
Prossiga para o Alvo
Epílogo
13. John Foxe, Foxe’s Christian Martyrs of the World (Greensburg, PA: Barbour and Company Inc.,
1991), 6–7.
BIBLIOGRAFIA
.......................................
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Strong, James. The New Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible.
Nashville, TN: Thomas Nelson, 1984.
Vine, W. E., Merrill F. Unger, and William White, Jr. An Expository
Dictionary of Biblical Words. Nashville, TN: Thomas Nelson, 1984.
JOHN BEVERE é autor de best-sellers e conferencista. Ele e
sua esposa, Lisa, também autora de best-sellers, fundaram a
Messenger International em 1990. O ministério cresceu e se
tornou um abrangente ministério internacional para o alcance
de vidas, incluindo entre suas ações o programa semanal de
televisão The Messenger, transmitido em 214 países. John
Bevere escreveu diversos livros, entre eles A Isca de Satanás,
A Recompensa da Honra e O Temor do Senhor. Ele e Lisa
moram no Colorado, Estados Unidos, com seus quatro filhos.