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Objetivos História

Objetivo 1. Distinguir na persistência das estruturas arcaicas da sociedade


portuguesa um fator de resistência à implantação do Liberalismo.
A noreza e o clero, mais conservadores, descontentes com o radicalismo da
Constituição de 1822 e projudicados pela abolição de antigos privilégios senhoriais,
encontraram um declarado apoio por parte da rainha D. Carlota Joaquina e do seu
filho mais novo, o Infante D. Miguel. Portugal era um país conservador, católico,
ligado a tradições e a tudo o que fosse passado. A maioria da população rural era
analfabeta bem como os trabalhadores urbanos e os artesãos muito ligados à igreja
que eram facilmente influenciadas pelo clero. Assim sendo, o Liberalismo e as suas
ideias transformadores ( como retirar poder ao rei; declarar que o poder do rei vem
da nação e não de Deus; afirmar a igualdade de todos perante a lei – vulgares/pobres
e senhores ao mesmo nível; retirar poder e prestígio ao clero, etc. ) foram, entre
outras, ideias e práticas muito mal vistas e recusadas por um grande número de
portugueses. Assim, pelo facto do país se manter com características seculares (
feudais ), antigas, arcaicas, dificultou o sucesso do Liberalismo e contriuiu para a
grande dificuldade da sua implantação.

Objetivo 2. Comparar a Carta Constitucional de 1826 com a Constituição de


1822
A Constituição de 1822 é um diploma arrojado para o seu tempo. Eis as suas
principais deliberações:
1. Os direitos dos cidadãos foram assegurados (A Constituição política da Nação
Portuguesa tem por objetivo manter a liberdade, segurança e propriedade de todos
os Portugueses). Porém, a ausência de representação das classes populares nas
Cortes (os deputados eram, maioritariamente, magistrados, proprietários e
comerciantes) repercutiu-se na afirmação do sufrágio não-universal (Na eleição dos
deputados têm voto os portugueses que estiverem no exercício dos direitos de
cidadão [...]. Da presente disposição se excetuam)
2. O poder real foi limitado: o rei, a quem cabia o poder executivo, tinha direito de
veto suspensivo sobre as Cortes, isto é, podia remeter uma lei já aprovada às Cortes
Legislativas, mas teria de acatar o resultado dessa segunda votação. Assim, o
absolutismo foi abolido, pois a soberania residia nas Cortes e não no rei (A soberania
reside essencialmente na Nação).
3. A sociedade de ordens foi abolida, pois não se reconheciam quaisquer privilégios à
nobreza e ao clero (A lei e igual para todos). Esta determinação motivou, aliás, a
oposição cerrada das ordens privilegiadas ao radicalismo vintista.
4. A responsabilidade de elaboração das leis foi entregue a uma Câmara única
(Cortes Legislativas), o que retirava às ordens superiores a possibilidade de terem um
órgão de representação próprio (A iniciativa direta das leis somente compete aos
representantes da Nação juntos em Cortes).
5. A religião católica era aceite como religião oficial dos Portugueses. A Carta
Constitucional de 1826, ao contrário da Constituição de 1822, é um documento de
tipo moderado. A Carta foi outorgada por D. Pedro, após a morte do pai, D. João VI,
em 1826 ("Faço saber a todos os meus súbditos portugueses que sou servido
decretar, dar e mandar jurar imediatamente pelas três Ordens do Estado a Carta
Constitucional [.]" Procurava conciliar o Antigo Regime e o liberalismo, através das
seguintes medidas:
1. O poder real foi ampliado: graças ao poder moderador de que passava a usufruir
(O poder moderador é a chave de toda a organização política e compete
privativamente ao rei [...]"), o monarca podia nomear os Pares, convocar as Cortes e
dissolver a Câmara dos Deputados, nomear e demitir o governo, vetar a título
definitivo as resoluções das Cortes (O rei dará, ou negará, a sanção em cada decreto)
e suspender os magistrados.
2. Os privilégios da nobreza foram recuperados (Garante a nobreza hereditária e suas
regalias.")
3. As Cortes Legislativas passaram a ser compostas por duas Câmaras: a Câmara dos
Deputados, eleita por sufrágio indireto e censitário, e a Câmara dos Pares, reservada
a elementos das ordens superiores nomeados a título vitalício e hereditário (As
Cortes compõem-se de duas Câmaras [...]".
4. A liberdade religiosa não era admitida.
5. Os direitos do indivíduo só aparecem no fim do documento (A liberdade, a
segurança individual e a propriedade [...]" e o sufrágio era censitário e indireto.
A Carta Constitucional teve três períodos diferentes de vigência:
1. entre 1826 e 1828.
2. entre 1834 e 1836.
3. entre 1842 e 1910 (embora sujeita a alterações desde 1851).

0bjectivo 3. Relacionar a guerra civil de 1832-34 com a resistência ao


Liberalismo
O Liberalismo português sofreu várias ameaças:
- As primeiras reações absolutistas lideradas pelo infante D. Miguel foram apoiadas
pela sua mãe, a rainha D. Carlota Joaquina, pela nobreza e pelo clero. Beneficiando
de uma conjuntura externa favorável ao retorno das monarquias absolutas, D.
Miguel pôs em prática dois movimentos militares: a Vila-Francada, em 1823 e a
Abrilada, em 1824. Apesar de fracassados (D. Miguel é exilado em Viena de Áustria)
puseram termo ao projeto progressista do Vintismo.
D. João VI remodelou o governo, que passou a integrar liberais moderados, e muitos
dos liberais (ou "malhados", como lhes chamavam os partidários de D. Miguel)
fugiram do país;
- Em 1828, Portugal tornou-se, de novo, um país absolutista. Perante o problema da
sucessão ao trono após a morte de D. João VI, D. Pedro, então imperador do Brasil,
confirmou a regência de Portugal pela sua irmã, a infanta D. Isabel Maria e abdicou
dos seus direitos à Coroa em favor da filha D. Maria da Glória (rainha D. Maria II).
Porem, como a sua filha tinha apenas sete anos, ficaria como regente D. Miguel, o
qual casaria com a sobrinha e juraria a Carta Constitucional. O casamento não se
chegaria a realizar pois D. Miguel, após ter regressado do exílio, convocou Cortes
onde se fez aclamar rei absoluto. Assim, entre -1828 e 1834, Portugal viveu sob o
regime absolutista, o que conduziu à fuga de um grande número de liberais:
- Entre 1832 e 1834 desenrolou-se a guerra civil entre os liberais (chefiados por D.
Pedro desde 1831) e os absolutistas (liderados por D. Miguel). A implantação
definitiva do Liberalismo revelou-se muito difícil, pois D. Pedro apenas dispunha de
um pequeno exército (de cerca de 7500 homens). Foi a partir da ilha Terceira dos
Açores (que já se havia insurgido militarmente contra o absolutismo em 1828 e em
1829) que D. Pedro organizou a resistência.
Em 1832 desembarcou em Pampelido (Mindelo), dirigindo-se para a cidade do Porto,
onde foi cercado, durante dois anos, pelas forças absolutistas (Cerco do Porto). A
vitoria liberal só aconteceu em 1834, e foi selada pela Convenção de Évora-Monte. D.
Pedro morreu, pouco tempo depois, de tuberculose, enquanto o seu irmão D. Miguel
foi exilado para o resto da sua vida. D. Maria II, rainha desde os sete anos de idade,
só então, com quinze anos, pôde sentar-se no trono português.

Objetivo 4. Analisar o papel da registação de Mouzinho da Silveira e outros


na liquidação do Antigo Regime
José Xavier Mouzinho da Silveira, ministro da Fazenda (finanças) e da Justiça durante
a regência de D. Pedro (1832-1833), promulgou decretos fundamentais para a
consolidação do Liberalismo, atacando as estruturas de Antigo Regime:
- na agricultura, aboliu os dízimos, os morgadios e os forais, libertando os
camponeses das dependências tradicionais;
- no comércio, extinguiu as portagens internas e reduziu os impostos sobre a
exportação, de maneira a retirar os entraves à actividade comercial;
- na indústria, acabou com os monopólios, nomeadamente o da Companhia das
Vinhas do Alto Douro;
- na administração, dividiu o país em províncias, comarcas e concelhos; também
instituiu o Registo Civil para todos os recém-nascidos, retirando a questão do
nascimento da alçada da lgrela;
- na justiça, organizou o país segundo uma hierarquia de circunscrições (divisões
territoriais), submetendo todos os cidadãos à mesma lei;
- nas finanças, criou um sistema de tributação nacional, eliminando a tributação local
que revertia, em grande parte, a favor do clero e da nobreza; substituiu o Erário
Regio (criado pelo Marquês de Pombal) pelo Tribunal do Tesouro Público para
controlar a arrecadação de impostos;
- na cultura, mandou abrir aulas e instituiu a Biblioteca Pública do Porto. Ferreira
Borges desempenhou, igualmente, um papel importante na liquidação do Antigo
Regime em Portugal, ao elaborar o Codigo Comercialde 1833, onde se aplicava o
princÍpio fundamental do liberalismo económico: o livre-câmbio, ou seja, a livre
circulação de produtos (por oposição ao proteccionismo), através da abolição de
monopólios e de privilegios, bem como da eliminação do pagamento de portagens e
de sisas. Joaquim António de Aguiar, ministro da Justiça, mereceu o epíteto de
"mata-frades" pela sua intervenção legislativa (1834-1835) contra os privilégios do
clero, em particular do clero regular, identificado com o projecto miguelista:
- aboliu o clero regular, através do Decreto de Extinção das Ordens Religiosas que
acabava com "todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer casas
de religiosos de todas as Ordens Regulares" masculinas; as ordens religiosas
femininas eram, indirectamente, aniquiladas por meio da extinção dos noviciados
(preparação para o ingresso numa ordem religiosa);
- os bens das ordens religiosas foram confiscados e nacionalizados,
- em 1834-1835, esses bens, juntamente com bens da Coroa, das Rainhas e do
lnfantado, foram vendidos em hasta pública - beneficiando a alta burguesia - e o
produto da venda foi utilizado, pelo ministro da Fazenda (Silva Carvalho), para pagar
dívidas do Estado.

0bjectivo 5. Caracterizar o Setembrismo


O reinado de D. Maria ll (1826-1853) correspondeu a um período conturbado da
história política portuguesa de Oitocentos. Começou a reinar, efectivamente, em
1834, sob a vigência da Carta Constitucional redigida pelo seu pai, D. Pedro (1834-
1836: etapa designada por Cartismo). Porém, em Setembro de 1836, uma revolução
de carácter civil obrigou a rainha a revogar a Carta e a jurar a Constituição de 1822. O
Setembrismo (1836-1842)foi um projecto político da pequena e média burguesias,
com o apoio das camadas populares (contra o predomínio da alta burguesia, que
havia sido favorecida pelo Cartismo). Os mentores do Setembrismo, que integravam
o novo governo, eram Sá da Bandeira e Passos Manuel.
A política setembrista, apoiada na nova Constituição de 1838, caracterizou-se,
essencialmente, pelas seguintes medidas:
- o rei (neste caso, a rainha) perdeu o poder moderador (embora mantivesse o
direito de veto definitivo sobre as leis saídas das Cortes);
- a soberania da Nação foi reforçada;
- adoptou-se o proteccionismo económico, sobrecarregando com impostos as
importações, de modo a tornar mais competitivos os produtos industriais nacionais
(sem grande sucesso);
- investiram-se capitais em Africa, como alternativa à perda do mercado brasileiro;
- reformou-se o ensino primário, secundário e superior, com destaque para a criação
dos liceus, por Passos Manuel, onde os filhos da burguesia se preparavam para o
ensino superior que lhes permitiria exercer cargos de relevo;
- as taxas Íiscais aplicadas aos pequenos agricultores não foram abolidas, o que
contribuiu para o fracasso económico do Setembrismo.

0bjectivo 6. Mostrar que o Cabratismo se identificava com o projecto cartista


da alta burguesia
Entre 1842 e 1851, vigorou a ditadura de António Bernardo da Costa Cabral. O país
enveredou, novamente, pela via mais conservadora: enquanto o Setembrismo se
inspirava na Constituição de 1822, o Cabralismo repôs em vigor a Carta
Constitucional de 1826, identificando-se, assim, com o período do Cartismo (1834-
1836). E, tal como aconteceu com o Cartismo, as medidas tomadas durante o
período do Cabralismo favoreceram, em primeiro lugar, a alta burguesia. Destacam-
se, nomeadamente:
- o fomento industrial (fundação da Companhia Nacional dos Tabacos, difusão da
energia a vapor);
- o desenvolvimento de obras públicas (criação da Companhia das Obras Públicas de
Portugal para a construção e reparação de estradas; construção da ponte pênsil
sobre o rio Douro);
- a reforma fiscal e administrativa (publicação do Codigo Administrativo de 1842,
criação do Tribunal de Contas para fiscalização das receitas e despesas do Estado).
No entanto, as Leis da Saúde Pública, em especial a proibição do enterramento
dentro das igrejas, a par do desconlentamento com o acréscimo de burocracia e com
o autoritarismo de Costa Cabral, despoletaram duas movimentações de cariz popular
- a revolta da "Maria da Fonte" e a "Patuleia" - que se transformaram em guerra civil
(1846/47) e acabaram por conduzir à queda de Costa Cabral, em 1847. Este
regressaria ao poder em 1849, sendo afastado definitivamente em 1851, pelo golpe
do marechal-duque de Saldanha.
Depois de uma primeira metade de século extremamente agitada, nos últimos 50
anos de Oitocentos, Portugal iria gozar a paz e o progresso material do período da
Regeneração.

0bjectivo 1. Sublinhar que o liberalismo defende os direitos individuais


(liberdade, igualdade perante a lei, direito à vida, direito à propriedade,
entre outros);
A partir do séc. XIX o mundo ocidental, devido às revoluções liberais assistiu à
implantação de um novo sistema de organização político, económico e social
conhecido por Liberalismo. Podemos dizer que o liberalismo se opõem ao
Absolutismo e a qualquer forma de tirania politica que defenda a soberania nacional,
a livre iniciaiva económica e que promova as classes burguesas. No início do
Lieralismo está a ideologia liberal, que sobrevaloriza os direitos do indivíduo, uma
vez que considera ser a sociedade composta de indivíduos e não de grupos. Esses
direitos são, antes de mais, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade. O
liberalismo destaca-se por valorizar os direitos naturais, pois derivam da condição
humana que é naturalmente livre e igualitária. Já na França em 1789 com a
declaração dos direitos do Homem e do Cidadão se valoriza os direitos do ser
humano, sendo o primeiro artigo desta declaração “Os Homens nascem e são livres e
iguais em direitos”. O principal objetivo dos liberais é de defenderem a liberdade
individual. A própria igualdade deriva de toda a Humanidade. A segurança protege o
Homem das ameaças à lierdade. A propriedade dota-o de ens e lierta-o da sujeição a
outros homens. Segundo o Lieralismo o Homem para além de indivíduo é um
cidadão que intervém na governação, ou seja, ao cidadão cabe desempenhar o papel
de ator político, para que seja assegurada a soberania nacional e a vontade da
maioria. A intervenção política dos cidadãos podia ser expressada de várias
maneiras. Como eleitores, escolhiam os representantes para as assembleias os
cargos políticos. Como detentores de cargos, elaboravam as leis e administravam o
país, a nível central e local. Mas, também, participando nos clubes, assistindo às
assembleiasonde apresentavam petições ou simpelsmente a lendo/escrevendo
jornais. O liberalismo na primeira metade do séc. XIX faz depender o exercício
político da cidadania de critérios baseados no dinheiro e na propriedade.
Considerava-se os bens materiais como uma espécie de passaporte para a
capacidade política, pois presumia-se que os eleitores e governantes com mais
capacidade económica podiam usufruir de mais capacidades de se instruírem, e
assim, governar da melhor forma. Por isso, coube à burguesia, que era a classe mais
rica e instruída, tomar a iniciativa política. Através do sufrágio censitário, reservou
para si o poder político e contolou as funções administrativas. Esteve foi o
liberalismo moderado, que fez com que o Estado garantisse os interesses burgueses.

0bjectivo 2. Sublinhar os fundamentos do liberalismo político:-


constitucionalismo
– existência de uma Constituição que definaos poderes e funções dos
diversos órgãos de poder, e os direitos e garantias desses direitos e deveres
dos cidadãos;
- separação dos poderes – para garantir que não há concentração e abuso de
poder;
- soberania da Nação – o poder político reside na Nação. A Nação está
representada pelos deputados no parlamento ( o parlamento pode ter vários
nomes: Cortes, Assembleia ou outro, e pode ser unicamaralista ou
bicamaralista)
O liberalismo pretende um Estado neutro, que respeite as liberdades e que faça
aplicar uma lei igual para todos. Para evira o despotismo, o absolutismo régio e a
ditadura popular, o liberalismo político tem uma série de fórmulas que limitam o
poder. Para que esta limitação seja possível tem de estar assegurada as seguintes
condições diplomas constitucionais, separação dos poderes, soberania nacional e a
secularização das instituições.

Constitucionalismo
É através dos textos constitucionais que os liberais legitimam o seu poder político,
sustituindo um regime assente na ordem jurídica. Esse regime pode mesmo revestir
a forma de uma monarquia, pois os liberais não hostilizam, desde que ele seja
constitucional. As constituições liberais de dois processos: quando votadas pelos
representantes da Nação são Constituições propriamente ditas. Quando são
outorgadas pelos soberanos, como um gesto da sua boa vontade e magnanimidade
são Cartas Constitucionais. Para o lieralismo moderado ou conservador, devia ser o
rei, fazendo uso dos privilégios que historicamente detém, a outorgar um
documento constitucional que se transforme no código político da nação. Se há uma
constituição há os direitos assegurados dos cidadãos e leis que protege todos os
homens de abusos de poder.

A separação dos poderes


Os liberais para que os direitos dos cidadãos sejam garantidos procedem a separação
e ao equilíbrio dos poderes políticos constitucionais. Para evitar que as assembleias e
o supremo magistrado concentrem em si a totalidade dos poderes, os liberais
defendem que estes devem ser distribuídos pelos diferentes orgãos de soberania.
Para os liberais moderados, a separação dos poderes e o equilíbrio dos mesmos , não
invalida o reforço do poder executivo ( característica da Grã-Bretanha e à qual
atribuem a prosperidade económica e concórdia civil do país ). O reforço do
executivo ficou consignado, na França, na Carta de 1814 e, em Portugal, na Carta
Constitucional em 1826

A representação da nação
O liberalismo põe em prática o princípio iluminista da soberania popular. No entanto,
a Nação soberana não exerce o poder de forma direta , mas confia-o a uma
representação dos “prudentes”, que são os proprietários. Aos cidadãos que possuem
um certo grau de fortuna, pertence-lhes a exclusividade do direito de eleger e de ser
eleito. Nos parlamentos, denominados de Câmara, Direta, Estados Gerais, ou,
simplesmente, Assembleia, encontra-se a representação nacional, a quem cabe as
funções bicameralismo, segundo o qual uma Câmara Alta, composta pelos
descendentes da aristocracia ou outros vultos superiores, todos eles da escolha do
monarca. Tanto na Europa como na América, o sistema legislativo bicameral
constituiu um garante do constitucionalismo e um dos traços definidores do
lieralismo moderado do séc. XIX

A secularização das instituições


Um dos aspectos mais polémicos da implantação do Liberalismo foi a questâo
religiosa. A defesa dos direitos individuais dos cidadãos previa o direito à liberdade
religiosa; porém, na maior parte dos países que adoptaram o Liberalismo, as
estruturas da lgreja católica Íoram declaradamente atacadas por serem consideradas
coniventes com o regime absolutista deposto. Em França, por exemplo, subordinou-
se o clero ao Estado através da Constituição Civil do Clero, procedeu-se a uma
campanha de descristianizaçâo e à promulgação da Lei do Casamento e do Divorcio
que substituía o sacramento do matrimónio por um contrato civil, passível de
dissolução. A laicização do Estado (emancipação do Estado da influência religiosa)
passou, também, pelas seguintes medidas:
- instituição do registo civil para os nascimentos, casamentos e obitos, substituindo
os registos paroquiais;
- criação de escolas e hospitais públicos;
-exportação e nacionalização dos bens das ordens religiosas, muitas das vezes
extintas.
Devido à secularização (sujeição às leis civis) das instituições, o clero viu perder, num
curto espaço de tempo, os privilegios de que havia beneÍiciado desde a ldade Média;
o anticlericalismo chocou uma parte da sociedade civil, a qual chegou mesmo, por
vezes, a identificar-se,de novo, com o Absolutismo - foi o que aconteceu em França,
na revolta da Vendeia, ou em Portugal, na adesão popular a D. Miguel.

O liberalismo económico
Ao contrário daquilo que defendia o mercantilismo, o liberalismo económico
opunha-se à intervenção do Estado na economia. De acordo com o valor iluminista
do individualismo, devia dar-se total liberdade à iniciativa privada, pois a procura
individual do lucro resultaria, naturalmente, na riqueza e progresso de toda a
sociedade. Destacaram-se vários pensadores na formulação dos princípios do
liberalismo económico:
- Adam Smith defende a inteira liberdade de iniciativa dos indivíduos para produzir e
comerciar; o Estado não precisa de se imiscuir na economia pois esta rege-se por leis
próprias, em particular a lei da oferta e da procura e a livre concorrência;
- Quesnay advoga o fisiocratismo, doutrina económica segundo a qual a base da
riqueza de cada país está na agricultura, pelo que se deve incentivar todos os
cidadãos a serem agricultores e a comercializarem, em regime de livre concorrência,
os seus produtos agrícolas; o fisiocratismo serviu de base ideológica à revolução
agrícola inglesa do século XVlll;
- Gournay exprimiu o ideal de livre concorrência na famosa expressão "laissez faire,
laissez passer" ("deixai produzir, deixai comercializar").

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