Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
----------------
e) isso pode levar a uma integração muito nhecimento, elevado nível de divulgação. Es-
necessária na educação cientlfica. 1 sa ciência social recebeu-o da antropologia,
Muitos são os estudiosos que têm pro- e mais especialmente de Radcliffe-Brown e
curado aplicar a, teoria geral dos sistemas a Malinovsky, antropólogos inglêses do perío-
seus diversos campos. No caso particular das do entre guerras que, por sua vez, o importa-
ciências sociais, o modêlo do sistema aber- ram da biologia. Na sociologia, foi com Tal-
to tem revelado enormes potencialidades, cott Parsons que o funcionalismo atingiu seu
quer pela sua abrangência, quer pela sua mais alto nível de desenvolvimento. Sociólo-
flexibilidade. De grande importância são os gos como Spencer e Dürkheim, entretanto,
trabalhos do psicólogo J. G. Miller, do eco- já apresentavam em suas formulações nume-
nomista Kenneth Boulding, do cientista polí- rosos exemplos de teorização funcionalista, 3
tico David Easton e do sociólogo Walter Bu- o que demonstra que já existiam na sociolo-
ckley. Embora o impacto da teoria geral dos gia precondições para a importação do fun-
sistemas venha sendo grande na sociologia, cionalismo. Foi a obra de Parsons, contudo.
o estágio em que se encontrava a teoria so- que chegou à teoria das organizações, mar-
ciológica por ocasião dos primeiros contatos cando-a profundamente e determinando seu
com a nova abordagem fêz com que se ini- desenvolvimento futuro. Será a ela, portan-
ciasse um processo simbiótico, cujo desen- to, que dedicaremos nossa atenção. O par-
volvimento é difícil prever. Com efeito, a pre- sonísmo, nome pelo qual nos referiremos de
dominância do funcionalismo de Talcott Par- agora em diante à obra de Talcott Parsons,
sons na sociologia contemporânea tem pos- está muito longe de ser simples, e qualquer
sibilitado a essa ciência atingir níveis sem- tentativa de tratá-lo em poucas linhas é ar-
pre mais altos de sistematização, apesar das riscada senão impossível. O que procurare-
limitações indiscutlveis que, tal método apre- mos fazer será simplesmente seguir a evo-
senta. De qualquer forma, porém, a perspec- lução do pensamento parsoniano nos seus
tiva funcionalista também é sistêmica, em- aspectos básicos, voltando nosso interêsse
bora bastante diferente daquela da teoria ge- para a passagem de uma visão micro para
rai dos sistemas. a macro, crucial para a consolidação da po-
Para o estudo da aplicação do modê- sição destacada que o parsonlsmo passou a
lo do sistema aberto à teoria das organiza- ocupar como método de análise dos fenô-
ções, a percepção dêsse processo simbióti- menos sociais.
co é fundámental, já que se apresenta na Alguns estudiosos da teoria sociológi-
maior parte dos trabalhos ~essa linha. Fun- ca chamam a microabordagem parsoniana
damentai, portanto, parece ser também o co- de acionismo social e sua macroabordagem
nhecimento do funcionalismo. Muito do que de imperativismo funcional. O primeiro' está
dissemos no artigo O Estruturalismo na Teo- voltado para a explicação da ação, enquanto
rla das- Organizações 2 vale para o funciona- .unidade, através de variáveis-padrão; já o
lismo, uma vez que êste não deixa de ser segundo para a explicação do sistema social,
uma forma de estruturalismo. Algumas consi- através de imperativos funcionais. Ambos es-
derações adicionais, porém, fazem-se neces- tão preocupados com o problema da seleção
sárias: êste método não nasceu na sociolo- ou estabilização de escolhas, procurando
gia, embora tenha atingido, nessa área' do co- identificar os processos sociais internos e ex-
ternos que por ela se responsabilizam. Pa-
1 Von Bertalanffy, Ludwig. Gen.ra. syst.in theory. ra o acionismo social a resposta está na
New York, George Braziller" 1968.' p. 38.
socialização como processo interno e na di-
2 Prestes Motta, Fernando C" O estruturalismo na
t~oria das organizações. R.vlsta de admlnl.traçio d. 3 Ver Berlinck, Manoel T. O funcionalismo n. so-
.mpr •••• , E.A.E.S.P., 10 (4): 1970. ciologia • na antropologia. EoAoEoSoPo, FoGoV o, p. 1.
Janeiro/Março 1971 fO
._-------
des. Institucionalizadds no sistema social, estabilidade do sistema de valOres lnstltuclo-
fornecem uma classificação dos componen- nalizados; o atingimento de metas refere-se à
tes das definições de expectativas de papéis. relação entre o ator e um ou mais objetos
A estabilidade do critério de escolha, por seu da situação, relação esta que maxlrníza a es-
turno, fica assegurada pela socialização, pe- tabilidade do sistema, já que êste precisa
los mecanismos de diferenciação de papéis atingir metas através do contrôle dos elemen-
e pelos contrôles sociais. 6 tos da situação; a adaptabilidade refere-se ao
Resumindo, o acionismo social afirma contrõle, éle próprio, do ambiente para o atin-
que uma outra alternativa em cada par de gimento de metas e, finalmente, a integra-
variáveis-pádrãO .é engendrada e mantida no ção refere-se à manutenção de solidariedade
interior dos que desempenham determinados entre as unidades para o funcionamento efi-
papéis e que os sistemas de cinco critérios ciente do sistema. 7
socialmente gerados servem como guia bá- Isto quer dizer que todo e qualquer sis-
sico do ator para as escolhas das ações re- tema social deve ser estudado em têrmos de
queridas para o desempenho cotidiano. As- manutenção, atingimento de metas, adaptabi-
sim, o papel do médico com relação ao paci- lidade e integração, ou melhor, em têrmos
ente pode ser caracterizado pelo conjunto de dos meios que utiliza para satisfazer êsses
universalismo, desempenho, especificidade, imperativos funcionais. Tal afirmação impli-
neutralidade e orientação coletiva. Por outro ca na observação de que o funcionalismo é
lado. o do paciente pode ser caracterizado altamente abrangente, pretendendO explicar
por um conjunto diverso e complementar. Tais através de um grande aparato conceitual tô-
inter-relações de duas ou mais pessoas le- da a enorme variedade de sistemas sociais
vam à adoção de uma visão macroscópica, a existentes. No que se refere à análise organi-
que se pode chamar imperativismo funcional. zacional, teorizações funcionalistas estão já
A evolução do pensamento parsoniano presentes nas obras de vários estruturalistas
do acionismo social para o imperativismo como Merton, Gouldner e Etzioni. Além disso,
funcional é paralela ao declínio do voluntaris- o próprio Parsons escreveu um artigo de es-
mo nesse mesmo pensamento. À medida em pecial interêsse para nós, por tratar exclusi-
que evolui a teoria, os elementos socialmen- vamente da organização. Trata-se de Suges-
te gerados vão dando lugar aos impostos. As- tões para uma Abordagem SociOlógica da
sim, enquanto o acionismo social se concen- Teoria das Organizações. 8
tra no processo de escolha, o imperativismo Outras influências também têm sido ab-
enfatiza a seleção de alternativas. Seu pres- sorvidas por muitos dos estudiosos que ado-
suposto é o de que todo sistema social taram o modêlo do sistema aberto na teoria
enfrenta quatro Imperativos funcionais aos das organizações. Entre essas são bastante
quais não pode deixar de satisfazer. Tais im- significativas as exercidas pela pelcoloqla so-
perativos são o da manutençlo, satlsfelto pe- cial, especialmente pela obra de F. H. AI/port.
los valôres sociais e subsistemas culturais, o que, libertando-se de uma concepção behavio-
da Integração, satisfeito pelas normas sociais rista estreita, desenvolveu suas idéias em uma
e subsistemas ,sociais, o do atlngimento de linha bastante adequada à abordagem sistê-
metas, satisfeito pelas coletividades sociais mica das organizações. Nessa linha, sua de-
e subsistemas polfticos e o da adaptabilida- finição de estrutura como ciclos de eventos
de, satisfeito pelos papéis sociais e subsis-
7 Ver Wallace, Walter L. Soclologlcal theory. Chica-
tema econômico. A manutenção se refere à go. Aldine Publishing, 1969.
6 Parsons, Talcott & Shllls, Edward A. Toward a 8 Parsons, Talcott. Suggestlons for a soclologlcal
general theory 01 actlon. New York, Harper Tochbooks, approach of the theory of organlzations. Adminlstratlv.
1951. p. 56. . quarterty. Cornell University, Ithaca. 1 (1 e 2): 1956.
.21
Janeiro/Março 1971
QUADRO I: O ModaIo de Tavistock
AMIlIENTE
PRODUTO
I
I
b) os materlals, ferramentas e técnicas com fornecedoras ou consumidoras; e, finalmen-
os quais o grupo atua sôbre o ambiente; te, em terceiro. as subestruturas, tais como
c) o sistema externo, isto é, as relações en- grupos formais e lntormals.. Grande atenção
tre os membros do grupo, necessárias a sua " dedicada por Likert à coordenação. Segun-
ação no ambiente; do êle, o sucesso de uma organização depen-
d) o sistema interno, isto é, as relações so- de do esfOrço coordenado de seus membros
ciais que se desenvolvem a partir do sistema a tal esfôrço implica na compreensão das ca-
externo e reagem a êle; racterístlcas organizacionais básicas, as quais
e) as normas do grupo. identifica como estrutura, processos de cole-
ta de informações e mensuração, de comu-
Lembra ainda que todos êsses elemen- nicação e tomada de decisões, recursos pa-
tos são interdependentes e que qualquer mu- ra a execução, além de processos de influ-
dança em um dêles acarretará transformações enciação, conjunto de atitudes e motivações. 11
nos demais. 10 Um outro livro Interessante de A principal mensagem do autor, porém, pare-
Homans é Comportamento social: suas for- ce ser a de que a organização eficiente de-
mas alamantaras. Resta dizer que êsse so- ve estar alerta às relações internas e exter-
ciólogo é provàvelmente a segunda grande nas, maximizando o desempenho dos elos de
figura da sociologia americana ccntemporã- ligação, no sentido de seus interêsses.
I"\ea.
Outro esquema muito interessante é o
Os três esquemas conceituais, que se- apresentado por R. L. Kahn, D . M . Wolfe,
rão apresentados a seguir, foram desenvol- R. P. Quinn, J. O. Snoeck e R. A. Rosenthal
vidos pelo grupo de estudiosos do Centro de em seu livro Strass organizacional: astudos
Pesquisa Social da Universidade de Michigan, sabre conflito da papéis a amblgüidada. es-
nos Estados Unidos, dirigido por Rensis Li- ses autores consideram o esquema de Likert
kert. de grande validade, mas sugerem que aquêle
O primeiro dêles é do próprio Likert, autor não ~istinguiu claramente os grupos psi-
tendo sido apresentado em seu Jivro Novos cológicos dos elos de ligação. Para êles, é
padraa. da admlnlstraçlo. ~sse autor suge- mais interessante a utilização do conceito de
re que a organização pode ser vista como um conjunto de papéis (rola sal) do que de grupo.
sistema de interligação de grupos. Sugere, Assim, não são pessoas, em sentido absolu-
ainda, que os grupos são ligados por indiví- to, que estão interligadas, mas sim pessoas
duos em posições-chave, que pertencem ao desempenhando determinados papéis. E.xis-
mesmo tempo a dois ou mais grupos. Da tem, portanto, conjuntos de papéis, os quais
mesma forma, a organização relaciona-se apresentarão determinadas estruturas. A or-
com o seu ambiente através dêsses indiví- ganização pode, pois, ser pensada em têr-
duos que desempenham o papel de elos de mos de um sistema de conjuntos de papéis
ligação. esse ambiente, contudo, não é al- que se sobrepõem e se ligam, saindo alguns
go impessoal, mas sim um conjunto de outros dos limites da própria organização. A partir
sistemas. A essa altura, Likert distingue os dessas idéias os autores estudam os confli-
vários sistemas que compõem o ambiente de tos de papéis e a ambigüidade, dando aten-
uma dada organização. Há, em primeiro lu- ção especial à interdependência de variáveis
gar, os sistemas de larga escala, tais como tais como posição na organização, aspirações,
o sistema industrial ou a sociedade global; percepção, reações aos conflitos e eficiên-
em segundo lugar, os sistemas do mesmo nl- cia.12
vel, tais como as organizações concorrentes,
11 Llkert, Rensls. N.w paU.rn. of management. Tó-
10 Homans, George C. EI grupo humano. Eudeba, quio, Internatlonal Student Edltlon, Kogakusha Compa-
Editorial Unlversltarla de Buenos Aires, 1950. p. 449. ny, 1961. p. 178.
Janeiro/Março 1971 23
. --_._--------------------------------
t:sse esquema foi integrado em outro Integração); e por Csrzo e Yanouzas em Or-
mais amplo e complexo por R. L . Kahn e ganizações formais - uma abordagem slstê-
D. Katz em seu livro Psicologia social das or- mica (um esfôrço em direção da quantifica-
ganizações. Essa obra procura apresentar em ção).
um nível relativamente alto de detalhe a apli-
cação da teoria getai dos sistemas à teoria 4. Idéias centrais
das organizações, partindo de uma compara-
ção das potencialidades das principais cor- 4.1 O Homem Funcional
rentes sociológicas e psicológicas para a
análise organizacional. A principal proposta De acOrdo com a abordagem sistêmi-
dos autores é no sentido de que a teoria das ca, a organização é vista em têrmos de com-
organizações se liberte do dilema indivíduo- portamentos inter-relacionados. Há uma ten-
estrutura, que as abordagens de base psico- dência muito grande a enfatizar mais os pa-
lógica e sociológica não conseguiram resol- péisque as pessoas desempenham do que
ver. Para êles a solução daquele dilema está as próprias pessoas, entendendo-se papel co-
na adoção da teoria geral dos sistemas. Seu mo um conjunto de atividades associadas a
esquema conceitual, porém, está, mais do um ponto específico do espaço organizacio-
que todos os outros, repleto de influências nal, a que se pode chamar cargo. Como ob-
parsonianas, bem como da psicologia social servamos ao citar o esquema conceitual de
de F. H. Allport, a quem o livro é dedicado. Kahn, Wolfe, Quinn, Snoek e Rosenthal, a
Para Katz e Kahn, a organização não organização acaba por ser entendida como
possui estrutura no sentido usual do têrmo, um sistema de conjuntos de papéis, median-
isto é, de auton-omiafísica identificável e per- te os quais as pessoas se mantêm inter-rela-
manente. Sua estrutura só pode ser identifi- cionadas. No interior de um conjunto de pa-
cada no sentido definido por F. H. Allport, péis, um indivíduo exerce determinadas ações
isto é, como ciclos de eventos. Assim, em para relacionar-se com os demais; tais ações
têrmos gerais, poderíamos afirmar que a es- compõem o comportamento do papel. Além
trutura de uma organização difere em natu- disso, cada participante de um conjunto de
reza daquela dos sistemas fisicos e biológi- papéis mantém determinadas expectativas
cos, sendo inseparável de seu funcionamento.
Outras obras importantes de Kahn são
Poder e conflito nas organizações, co-autoria
de Elise Boulding, e Liderança em relaçlo à
produtividade e moral, co-autoria de D. Katz.
Dêsse último, é também importante a obra
Psicologia social, co-autoria de R. L. Schan-
ck. Além disso, ambos escreveram artigos do
maior interêsse, bem como capítulos espar-
sos de livros na área da teoria das organi-
zações.
Outros esquemas conceituais interes-
santes são os desenvolvidos por Johnson,
Katz e Rosenzweig em seu livro já clássico
Teoria e administraçlo de sistemas; por Law-
rence e Lorsch (modêlo de diferenciação e
QUADRO·R"
PUSIIOI!S
DO
PAPIIL
,,/
/
Janeiro/Março 1971 27
te a Importância que os subordinados da- 5. A teoria gera. doa alatemaa e a organlza-
vam aos fatOres econOmicos e subestimaram 910.
a que davam aos fatOres psicossociais. Assim,
no que diz respeito a altos salários, 61% dos Quando discorremos sObre as grandes
supervisores estimaram que seus subordina- figuras da perspectiva sistêmica na teoria das
dos lhes dariam g~ande importância, todavia organizações, procuramos dar ao leitor uma
apenas 280/0 consideraram dessa forma. rápida idéia dos modelos que propuseram.
Likert sugere, porém, que por várias Neste item do artigo, pretendemos detalhar
razões êsses dados não dão uma idéia clara mais o esquema conceitual de Katz e Kahn
da importância, indiscutivelmente grande, dos que nos parece o mais abrangente e com-
motivos econOmicos na situação de trabalho. plexo.19
Embora não entre na análise dessas razões, O pressuposto básico dêsse esquema
o fato de a pesquisa ter sido realizada pelo ou modêlo é, evidentemente, o de que a or-
Instituto de Pesquisa Social da Universidade ganização é um sistema aberto, Como tal, ela
de Michingan, o qual êle dirige, dá-lhe cre- apresenta as seguintes caracterrsticas:
dibilidade suficiente'. A principal generaliza- a) Importação de energia
ção a que chega Rensis Likert a partir dessa A organização recebe insumos do am-
e de outras pesquisas relativas à motivação biente, ou seja: matéria-prima, mão-de-obra
é a seguinte: etc.
"Os supervisores e administradores na b) Processamento
indústria e no govêrno norte-americano que A organização processa êsses insu-
têm conseguido altos rndices de produtivida- mos com vistas a transformá-los em produ-
de, custos baixos, menor rndice de rotativi- tos, entendendo-se como tal: produtos aca-
dade de pessoal e absentersmo, além de al- bados, mão-de-obra treinada etc.
tos níveis de motivação e satisfação de seus
c) Exportação de energia
subordinados, adotam, em geral, um padrão
de liderança diferente daquele adotado pe- A organização coloca seus produtos no
los que atingem nrveis mais baixos, Tal pa- .ambiente.
drão de liderança difere muito do pregado d) Ciclos de eventos
pelas teorias tradicionais da administração". 111 A energia colocada no ambiente retor-
Parece que s6 uma visão sistêmica da orga- na à organização para a repetição de seus ci-
nização pode indicar as linhas mestras dêsse cios de eventos. São eventos, mais do que
padrão. A partir dessa generalização, Likert coisas, que são estruturados, de modo que
caminha para o desenvolvimento de seu mo- estrutura venha a ser um conceito mais di-
dêlo, de grande importância para a perspec- nâmico 'que estático. Dessa forma, o méto-
tiva sistêmica das organizações, como um do básico para identificar uma estrutura or-
passo decisivo em direção do modêlo de ganizacional é seguir a cadeia de eventos
Katz e Kahn, que será a seguir objeto princi- desde a importação até o retOrno da energia.
pal de nossa atenção.
e) Entropia negativa
17 Kahn, R, L., Wolf., D. M., Qulnn, R. P., Snoeck, Entropia é um processo pelo qual tõ-
J.D. & Ros.nthal, R.A. OrganlzatloMl atr••• : atud•••
In rol. conftlct and amblgulty. Op. clt. p. 30. das as formas organizadas tendem à homo-
genização e, finalmente, à morte. A organiza-
18 Llk.rt, R.nsls. N.w patterna of m.nagemenL Op. ção, porém, através da reposição qualitativa
clt. p. 47.
de energia pode resistir ao processo entr6pi-
19 V.r Katz, David & Kahn, R. L. The social paycho- co. A êsse processo reativo chamamos entro-
logy of organlzatlon •• N.w Vork, John Wlley and Sons,
1966.
pia negativa.
1
t I
,&
J
S ...ao ~ fl
.§
fl
:I l!l lQ fl
!:I ::! :! ~ •
1·1
t, fl
~ !:: -.
....•
• fl
li; ~ ~ ~ #
r.: ~
·1K.
I
o
u
J
.§
fl
'"
e-
~ !:: ~
fl
!::
= ~ :! #
.::1 ~
f
oi
14
1
I !t li! ::! ::! fl !:I !li #
••
,
ri! ~ !!I ~ :!! lQ
'f
.fi
tR-
I t .1
j ., I
lo
t
J
I I fi
~ I I t
.fi
1 ]
j
J
I
.fi
; I
t 1 t f
1
I
.fi .fi
I I ! J
ft
1
ft
J
t
u
t
u
~
li
i J I J J
.... _- ~ ..- --
f) Informação como Insumo, contrOle por re- to com outras estruturas dêsse ambiente; sub-
troalimentação e processo de codificação sistemas de manutenção, que se responsa-
Os insumos recebidos pela organiza~ bilizam pela realização do processamento, is-
ção podem ser também informativos, possibi- to é, que tratam da ligação das pessoas ao
litando a esta o conhecimento do ambiente e sistema, através de recompensas e punições;
do seu próprio funcionamento em relação a subsistemas adaptativos, que sentem mudan-
êle. O processo de codificação permite à or- ças ambientais relevantes e traduzem-nas pa-
ganizaçãQreceber apenas as informações pa- ra a organização e, finalmente, subsistemas
ra as quais está adaptada e o contrOle por administrativos, que são compostos por ati-
retroalimentação, a correção dos desvios. vidades organizadas para o contrôle, a coor-
g) Estado estável e homeostase dinâmica denação e a direção dos vários subsistemas.
Para impedir o processo entróplco, a Os dois principais subsistemas administrati-
organização procura manter uma relação vos são as estruturas reguladoras (legislati-
constante entre exportação e Importação de vas) e as de tomada de decisões.
energia, mantendo dessa forma o seu caráter A organização se distingue, porém, dos
organizacional. Entretanto, na tentativa de se demais sistemas sociais pelo seu alto nível
adaptar, a organização procura absorver no- . de planejamento. Em função disso, ela utili-
vas funções, ou mesmo subsistemas. Tal pro- za também um alto nlvel de contrôle, que in-
cesso de expansão faz com que ela assuma clui pressões ambientais e valOres e expecta-
seqüencialmente estados estáveis de nlveis di- tivas compartilhadas, mas especialmente a
ferentes. aplicação de regras, cuja violação implica em
h) Diferenciação penalidades. ·Um dos pontes importantes da
Em função da entropia negativa, a or- perspectiva ststêrntca da organização é a boa
ganização tende à multiplicação e à elabora- compreensão dos conceitos de papéis, nor-
ção de funções, o que determina também mul- mas e valôres, principais componentes de um
tiplicação de papéis e diferenciação interna. sistema social. Quanto a papéis basta acres-
i) Eqüiflnalidade centar que descrevem formas especificas de
Não existe uma única maneira certa de comportamento associadas com dadas tare-
a organização atingir um estado estável. Tal fas. São padrões de comportamento exigidos
estado pode ser atingido a partir de condi- de tOdas as pessoas que participam de um
ções Iniciais e através de meios diferentes. dado relacionamento funcional. Normas são.
Como sistema aberto, a organização expectativas .gerais de caráter reivindicativo
apresenta ainda limites, isto é: barreiras entre para todos aquêles que desempenham papéis
o sistema e o ambiente, que definem sua es- em um sistema. ValOres, finalmente, são jus-
fera de ação, e um determinado grau de aber- tificações e aspirações ideológicas mais ge-
tura, que dá uma idéia da sua receptividade a rais. Papéis, normas e valOres compõem as
insumos. .bases da integração do sistema.
Ocorre ainda que organizações são Uma vez identificados papéis, .normas
uma classe de sistemas sociais, que por sua e valOres como principais componentes de um
vez constituem uma classe de sistemas aber- sistema social, torna-se. posslvel o entendi-
tos. Como sistema social ela apresenta um rri~nto da organização em têrmos de três sub-
subsistema de produçlo, relacionado com a si$ternas que abrangem todos os que foram
transformação de Insumos em produtos, cujos mencionados, não se baseando em um crité-
ciclos de atividades compõem suas princi- rio funcional como no primeiro caso, mas no
pais funções; subsistemas de suportes, que dos principais componentes. Tais subsistemas
procuram e colocam energia no ambiente e seriam: técnico, social e cultural. O primeiro
tr-atam da manutenção de bom relacionamen- compreenderia as tarefas e suas demandas e
Janeiro/Março 1971 31
--- '-'--'---'--'-'--- -------- ~~~~-
QUADRO 4.
--- ___ o
_.- 1_-.-- -
_._.
- ----
- - _._.
--
..•.
--
....
-- --
nI. NI.
..... ..... .....
nI
......
1 I I 1 I t iJ
1
-8 -8
1 I J I .1
1
J I I
- ----
...... - _ -- -- •........ ... Iatiós6rio.
t _ -
--- I _-- __
-- -- --.
_
.....• .•.. -
-
CCJII6koI iDcriti •••••••• vt.
ca da teoria geral dos sistemas na teoria das excessiva ao papel desempenhado pelo ulti-
organizações está no seu biologismo. Nossa mo. A organizaçãq depende, para sua sobre-
pressuposição é a de que ao analisar as or- vivência, do crescimento e eficiência de sua
ganizações utilizando instrumentos importa- adaptabilidade ao ambiente, o que quer di-
dos da biologia e adaptados à natureza se- zer que a organização mais propensa a so-
cial das organizações, o teórico é vftima do breviver, crescer e ser eficiente é aquela na
que chamamos ilusão cientrfica, isto é, pas- qual os papéis, normas e valOres estiverem
sa a acreditar que o objeto de sua análise mais de acOrdo com as demandas do ambl-
tende a tornar-se tão previsfvel quanto os ente, o que em última análise traduz uma po-
sistemas biológicos e que seu campo do co- sição idealista que pressupõe a primazia do
nhecimento se presta ao rigor clentffico que sistema cultural, com relação aos sistemas
caracteriza as ciências ffsJcas. social e técnico e que negligencia o papel
Em segundo lugar, na ênfase dada às dinâmico das contradições internas das or-
relações entre organização e ambiente, a ganizações.
maioria dos teóricos de sistemas na análise e
evidente que as causas externas são
organizacional parece dar uma importância importantes mesmo no domfnio cultural. Ocor-
A nova CONJUNTURA ECONOMICA permanece tradicional. ~ ainda objetiva; precisa, Imparcial e atuallUda.
Tudo como antes. Ficou, é claro, mais bonita, moderna, e seu formato • maior. Para facilitar as consultas
e tentar, depois, o leitor a deixA-Ia em cima da mesa,só para enfeitar.
Uma publicação da Fundação Getúlio Vargas. Procure nas bancas ou escreva para a Praia de Botafogo
188, Caixa Postal 21.120, ZC-G5, Rio de Janeiro, GB.
EL