Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E MUSEOLOGIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA

SEMESTRE 2014.2
Terça-feira, 14h00 às 18h00

ANTROPOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
(PGA-961 – Tópicos Especiais 2)

Peter Schröder

Ementa:
O conceito de desenvolvimento e o papel da Antropologia nas discussões sobre ele. Surgi-
mento e consolidação da Antropologia do Desenvolvimento como reflexão crítica sobre polí-
ticas de desenvolvimento e como ramo específico das aplicações de conhecimentos antro-
pológicos. Enfoques temáticos da Antropologia do Desenvolvimento. Questões metodo-
lógicas e éticas da subárea. Perspectivas profissionais.

Objetivos:
1. Introdução a uma subárea relativamente recente da Antropologia que estuda o conceito
de desenvolvimento tanto como ideologia quanto como campo político.
2. Construir, por leituras regulares e debates em sala de aula, conhecimentos sobre a atua-
ção de antropólogos no campo político conhecido como ‘desenvolvimento’.
3. Oferecer uma introdução a um ramo de práticas profissionais para antropólogos, indi-
cando caminhos e opções de profissionalização.

Conteúdo programático:
I. Introdução: informações sobre o conteúdo programático, a bibliografia, a
organização das aulas e a delimitação temática da disciplina.
II. O conceito de desenvolvimento e suas transformações históricas.
(a) ‘Desenvolvimento’ e seus ‘paradigmas’.
(b) Cultura e ‘desenvolvimento’.
(c) Conceituações diferenciadas.
2

III. Surgimento e evolução da Antropologia do Desenvolvimento.


(a) Antropologia do Desenvolvimento como ramo específico de antropologias
práticas ou aplicadas.
(b) Anthropology of development / anthropology in development.
(c) Pós-desenvolvimento.
IV. Temas destacados da Antropologia do Desenvolvimento.
(a) Desenvolvimento rural.
(b) Gênero.
(c) Saúde.
(d) Meio ambiente.
(e) Projetos indígenas.
(f) Saberes locais / local knowledge.
(g) Grandes projetos e seus impactos.
(h) A cultura organizacional das agências e instituições desenvolvimentistas.
V. Questões metodológicas e éticas.
VI. Perspectivas de profissionalização.
VII. Balanço.

Bibliografia geral
GARDNER, Katy & LEWIS, David. 1996. Anthropology, Development and the Post-Modern
Challenge. (Anthropology, Culture & Society) London, Chicago: Pluto Press.
NOLAN, Riall W. 2002. Development Anthropology: Encounters in the Real World. Boulder,
CO: Westview Press.
SCHRÖDER, Peter. 1997. A antropologia do desenvolvimento: é possível falar de uma sub-
disciplina verdadeira? Revista de Antropologia, 40(2): 83-100.
(www.scielo.br/pdf/ra/v40n2/3232.pdf)
__________. 2004. Antropologia do Desenvolvimento: uma bibliografia introdutória. Revista
ANTHROPOLÓGICAS, 15(2): 199-126.
(www.revista.ufpe.br/revistaanthropologicas/index.php/revista/article/view/46/43)
VIOLA, Andreu (comp.). 2000. Antropología del desarrollo: Teorías y estudios etnográficos
en América Latina. Barcelona: Paidós.

Bibliografia específica
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de & MARIN, Rosa Elizabeth Acevedo. 2014. Pescadores,
ribeirinhos e indígenas: mobilizações étnicas na região do rio Xingu. Resolução não
negociada dos conflitos na usina hidrelétrica de Belo Monte. In OLIVEIRA, João
Pacheco de & COHN, Clarice (orgs.): Belo Monte e a questão indígena, pp. 143-169.
Brasília: ABA. (www.abant.org.br/file?id=1381)
BARROSO, Maria Macedo & NICAISE, Natacha. 2014. Culturas morais e políticas de
desenvolvimento na Noruega e na União Europeia. Horizontes Antropológicos, vol. 20,
n. 41: 51-86. (www.scielo.br/pdf/ha/v20n41/v20n41a03.pdf)
3

BURGHART, Richard. 1993. His Lordship at the Cobblers’ Well. In HOBART, Mark (ed.): An
Anthropological Critique of Development: The Growth of Ignorance, pp. 79-99. (EIDOS
Series) London and New York: Routledge.
CHAMBERS, Robert. 1995. Métodos abreviados y participativos a fin de obtener información
social para los proyectos. In CERNEA, Michael M. (coord.): Primero la gente: Variables
sociológicas en el desarrollo rural, pp. 587-611. México: Fondo de Cultura Económica.
CHERNELA, Janet M. 2012. Indigenous Rights and Ethno-Development: The Life of an Indi-
genous Organization in the Rio Negro of Brazil. Tipití: Journal of the Society for the
Anthropology of Lowland South America, 9(2), Article 5.
(http://digitalcommons.trinity.edu/tipiti/vol9/iss2/5)
ESCOBAR, Arturo. 1991. Anthropology and the Development Encounter: The Making and
Marketing of Development Anthropology. American Ethnologist, 18(4): 658-682.
__________. 2000. Planejamento. In SACHS, Wolfgang (ed.): Dicionário do desenvolvi-
mento: guia para o conhecimento como poder, pp. 211-228. Petrópolis: Vozes.
FAIRHEAD, James. 1993. Representing Knowledge: The ‘New Farmer’ in Research Fa-
shions. In POTTIER, Johan (ed.): Practising Development: Social Science Perspec-
tives, pp. 187-204. (EIDOS Series) London: Routledge.
FERGUSON, James (with Larry Lohmann). 1994. The Anti-Politics Machine: “Development”
and Bureaucratic Power in Lesotho. The Ecologist, 24(5): 176-181.
FLEISCHER, Soraya. 2007. Antropólogos ‘anfíbios’? Alguns comentários sobre a relação
entre antropologia e intervenção no Brasil. Revista ANTHROPOLÓGICAS, 18(1): 37-
70. (www.revista.ufpe.br/revistaanthropologicas/index.php/revista/article/view/79/75)
HELM, Cecília Maria Vieira. 2003. A consulta aos índios da bacia do rio Tibagi, PR, a usina
hidrelétrica São Jerônimo e a questão ética. In SANTOS, Sílvio Coelho dos & NACKE,
Anneliese (orgs.): Hidrelétricas e povos indígenas, pp. 111-133. Florianópolis: Letras
Contemporâneas.
HESS, Carmen G. 1997. Becoming a Development Anthropologist. Entwicklungsethnologie,
6(2): 77-92.
KOTTAK, Conrad Phillip. 2000. La cultura y “el desarrollo económico”. In VIOLA, Andreu
(comp.): Antropología del desarrollo: Teorías y estudios etnográficos en América
Latina, pp. 103-126. Barcelona: Paidós.
PLOEG, Jan Douwe van der. 2000. Sistemas de conocimiento, metáfora y campo de inter-
acción: El caso del cultivo de la patata en el altiplano peruano. In VIOLA, Andreu
(comp.): Antropología del desarrollo: Teorías y estudios etnográficos en América
Latina, pp. 359-383. Barcelona: Paidós.
REDCLIFT, Michael R. 2006. Sustainable Development (1987-2005): An Oxymoron Comes
of Age. Horizontes Antropológicos, vol. 12, n. 25: 65-84.
(www.scielo.br/pdf/ha/v12n25/a04v1225.pdf)
RIBEIRO, Gustavo Lins. 2008. Poder, redes e ideologia no campo do desenvolvimento.
Novos Estudos CEBRAP, 80: 109-125. (http://www.scielo.br/pdf/nec/n80/a08n80.pdf)
RICHARDS, Paul. 1993. Cultivation: Knowledge or Performance? In HOBART, Mark (ed.):
An Anthropological Critique of Development: The Growth of Ignorance, pp. 61-78.
(EIDOS Series) London and New York: Routledge.
SCHEPER-HUGHES, Nancy. 2000. Demografía sin números: El contexto económico y
cultural de la mortalidad infantil en Brasil. In VIOLA, Andreu (comp.): Antropología del
desarrollo: Teorías y estudios etnográficos en América Latina, pp. 267-299. Barcelona:
Paidós.
4

SCHRÖDER, Peter. 2007. Orientações éticas para a antropologia prática: o caso de uma
associação profissional na Alemanha. Revista ANTHROPOLÓGICAS, 18(2): 271-292.
(www.ufpe.br/revistaanthropologicas/index.php/revista/article/view/151/135)
__________. 2011. Antropologia e ‘desenvolvimento’: balanço crítico de uma relação proble-
mática. Anais do I Circuito de Debates Acadêmicos / IPEA e Associações de Pós-Gra-
duação em Ciências Humanas. II Conferência do Desenvolvimento (CODE), Brasília:
IPEA, 2011. (www.ipea.gov.br/code2011/chamada2011/pdf/area1/area1-artigo1.pdf)
SCOTT, Parry. 2012. Descaso planejado: uma interpretação de projetos de barragem a
partir da experiência da UHE Itaparica no rio São Francisco. In ZHOURI, Andréa (org.):
Desenvolvimento, reconhecimento de direitos e conflitos territoriais, pp. 122-146. Bra-
sília: ABA. (www.abant.org.br/file?id=889)
SILVA, Kelly Cristiane da. 2008. A cooperação internacional como dádiva: algumas aproxi-
mações. Mana, 14(1): 141-171. (www.scielo.br/pdf/mana/v14n1/a06v14n1.pdf)
VERDUM, Ricardo. 2002. Etnodesenvolvimento e mecanismos de fomento do desenvolvi-
mento dos povos indígenas: a contribuição do Subprograma Projetos Demonstrativos
(PDA). In SOUZA LIMA, Antonio Carlos de & BARROSO-HOFFMANN, Maria (org.):
Etnodesenvolvimento e políticas públicas: bases para uma nova política indigenista,
pp. 87-105. (Territórios Sociais, 6) Rio de Janeiro: Contra Capa/ LACED.
WENTZEL, Sondra. 2004. Complementando perspectivas ‘de fora’ e ‘de dentro’: observa-
ções antropológicas sobre os projetos voltados para povos indígenas do Programa
Piloto (PPG7). Revista ANTHROPOLÓGICAS, 15(2): 47-84.
(www.revista.ufpe.br/revistaanthropologicas/index.php/revista/article/view/41/38)

Bibliografia complementar
ABRAM, Simone & WALDREN, Jacqueline (eds.). 1998. Anthropological Perspectives on
Development: Knowledge and Sentiment in Conflict. (European Association of Social
Anthropologists) London and New York: Routledge.
ARCE, Alberto & LONG, Norman (eds.). 2000. Anthropology, Development and Modernities:
Exploring Discourses, Counter-Tendencies and Violence. (Anthropology and Develop-
ment Studies) London and New York: Routledge.
CERNEA, Michael M. (coord.). 1995 [1985]. Primero la gente: Variables sociológicas en el
desarrollo rural. México: Fondo de Cultura Económica.
ESCOBAR, Arturo. 1995. Encountering Development: The Making and Unmaking of the
Third World. Princeton: Princeton University Press.
HOBART, Mark (ed.). 1993. An Anthropological Critique of Development: The Growth of
Ignorance. (EIDOS Series) London and New York: Routledge.
POTTIER, Johan (ed.). 1993. Practising Development: Social Science Perspectives. (EIDOS
Series) London: Routledge.
SACHS, Wolfgang (ed.). 2000 [1992]. Dicionário do desenvolvimento: guia para o conheci-
mento como poder. Petrópolis: Vozes.
SCOTT, Parry. 2009. Negociações e resistências persistentes: agricultores e a barragem de
Itaparica num contexto de descaso planejado. Recife: Editora Universitária da UFPE.
5

Organização das aulas

Os conteúdos da disciplina exigem leituras regulares para poder acompanhar os


debates. Interesse e disciplina de leitura são pressupostos, a participação ativa em
todas as partes das aulas, desejável e bem-vinda. Outro pressuposto é a disposição
de ler textos em inglês e espanhol, já que o domínio ao menos razoável do inglês
fazia parte do processo seletivo para o ingresso no mestrado.
Os textos serão disponibilizados em arquivos em formato PDF e serão enviados por
e-mail. Ou seja, não haverá “pasta da disciplina” com fotocópias. Quem preferir
fotocopiar textos, poderá pedir os livros emprestados, se for necessário.

Avaliação

Não haverá provas ou trabalhos finais, mas a possibilidade de alcançar a nota


máxima por dois tipos de atividades que permitem acumular até quinze pontos:
 Escrever até doze páginas durante o semestre inteiro;
 Assumir para um texto o papel de debatedor em sala de aula.

Como funciona isso?


 Para todas as aulas há leituras programadas. Para ter uma garantia mínima
sobre a absorção dos conteúdos, será solicitado, durante o semestre, para
quatro textos, escrever uma resenha de, no máximo, três páginas. Entrega:
na semana depois da solicitação (improrrogável). Esta solicitação sempre
será feita depois do debate do texto em sala de aula. Dessa maneira é possí-
vel ganhar até doze pontos (3 = bom/muito bom; 2 = razoável; 1 = deixa de
desejar).
 Assumir junto com os professores responsáveis o debate de um dos textos.
Isto NÃO é seminário, mas o desafio de elaborar uma lista de questões sobre
o texto para debatê-lo junto com os colegas em sala de aula. Basta, por
exemplo, uma página de questões que surgiram com a leitura do texto,
levando em conta linhas argumentativas, teorias explícitas e implícitas e
aspectos metodológicos do texto. Sugestão: pensar em críticas favoráveis e
negativas que podem ser feitas. Importante: ser debatedor/a não significa
proferir uma palestra. O desafio principal é estimular o debate por interven-
ções concisas. Ao mesmo tempo, dá uma boa sensação de como a absorção
de conteúdos de disciplinas depende da cooperação da turma, por mudar
temporariamente “para o outro lado”. Três pontos (3 = bom/muito bom; 2 =
razoável; 1 = deixa de desejar).

Importante: optar o mais rápido possível por um texto.


6

No final do semestre, os pontos acumulados serão transformados em notas


por dividi-los por 1,5: 15  1,5 = 10,0 = conceito A; 14  1,5 = 9,33 = conceito A; etc.
O SIG@ aceita apenas notas.

Critérios de avaliação das resenhas:

Critério Pontuação máxima


Apresentação correta dos conteúdos do texto 1
Análise do texto 1
Concisão e objetividade da apresentação 0,5
Redação 0,5
Nota Suma dos pontos acumulados

Calendário da disciplina
(pode haver modificações pontuais)

DIA TEMA / TEXTO PARTE


26/08 Introdução; textos de apoio: Schröder (1997, 2011) I
Nolan (2002), cap. 2: “The Rise of the Development Industry”
02/09
Kottak (2000): “La cultura y ‘el desarrollo económico’” II
09/09 Ribeiro (2008) / Verdum (2002)
16/09 Nolan (2002), cap. 3: “Putting Anthropology to Work” / Fleischer (2007)
Gardner & Lewis (1996), cap. 3: “The Anthropology of Development” /
23/09 III
cap. 6: “Anthropologists within Development”
30/09 Pós-desenvolvimento: Escobar (1991) / Ferguson (1994)
07/10 Desenvolvimento rural: Fairhead (1993) / Ploeg (2000)
Gênero: Chernela (2012)
14/07
Saúde: Scheper-Hughes (2000)
Meio ambiente: Redclift (2006)
21/10
Projetos indígenas: Wentzel (2004) IV
28/10 Saberes locais: Richards (1993) / Burghart (1993)
04/11 Grandes projetos e seus impactos: Almeida & Marin (2014) / Scott (2012)
A cultura organizacional das agências e instituições desenvolvimentistas:
11/11
Silva (2008) / Barroso & Nicaise (2014)
18/11 Aula cancelada: prova de títulos da seleção de mestrado ---
Aspectos metodológicos:
25/11
Escobar (2000) in Sachs (ed.) / Chambers (1995) in Cernea (coord.) V
02/12 Questões éticas: Schröder (2007) / Helm (2003)
Perspectivas de profissionalização:
VI
09/12 Nolan (2002), cap. 10: “Redirecting Anthropology” / Hess (1997)
Balanço VII

Você também pode gostar