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Doenças Reumáticas
Não-imunológicas – Introdução
Paulo Louzada Jr.
Ivan Fiore de Carvalho
As doenças reumatológicas não-imunológicas alterado da dor. Essa condição pode ser desencade-
constituem o grupo de doenças mais prevalente no ada ou agravada pela ausência de exercícios físicos
atendimento diário do reumatologista. Neste capítu- e de sono restaurador. A sua prevalência também é
lo, serão abordadas a osteoartrose, a fibromialgia e a elevada, podendo ocorrer em até 5% da população.
gota. O pleno conhecimento dessas doenças torna-se O bom entendimento dessa doença, recentemente
essencial para a boa prática clínica de consultório. descrita na literatura médica, bem como o diagnós-
A osteoartrite (ou osteoartrose ou simplesmente tico precoce e o tratamento adequado proporcionam
artrose) é a doença articular mais prevalente no mun- uma eficiente recuperação do indivíduo para as suas
do. Ela está associada a anormalidades da cartilagem atividades pessoais e profissionais.
articular e do osso subcondral, assim como dos teci- A gota é definida como uma doença metabólica
dos adjacentes. Devido à sua associação com a idade hereditária, caracterizada por hiperuricemia e de-
e a presença de poucos sinais inflamatórios, foi con- posição tecidual de cristais de monourato de sódio
siderada, por muito tempo, apenas como uma dege- (MUS). Além do conhecido comprometimento arti-
neração articular relacionada com o envelhecimento. cular, deve-se sempre ter em mente que a deposição
Porém, recentes estudos têm mostrado a participação tecidual de cristais de MUS pode ocorrer no tecido
de mediadores inflamatórios no início do processo renal em mais de 90% dos pacientes e é um fator
e na degeneração da cartilagem; esses são possíveis de risco para o desenvolvimento de insuficiência
locais de intervenções terapêuticas. A osteoartrose é renal. Adicionalmente, a hiperuricemia determina
uma das principais causas de incapacidade funcional um maior risco para a ocorrência de hipertensão
no idoso e saber aplicar as intervenções terapêuticas arterial, contribuindo para uma maior prevalência
adequadas proporcionam ao paciente melhora signi- de doença arterial coronariana. Desta feita, o con-
ficativa da qualidade de vida. trole dos níveis séricos de ácido úrico passa a ser
A fibromialgia é uma síndrome dolorosa crônica, um dos objetivos essenciais para a prevenção das
mais bem definida como um estado de percepção coronariopatias.
Artropatias Microcristalinas
José Roberto Provenza
relacionada com outras condições ou enfermidades sicas, joelhos, punhos, mãos e cotovelos, no início
que elevam os níveis do ácido úrico, como, por monoarticular, podendo tornar-se oligoarticular ou
exemplo, as doenças mieloproliferativas (leucemias, poliarticular (fase crônica). A dor é extremamente
metaplasia mielóide, policitemia vera, linfomas), intensa, acompanhada de aumento de volume, de
hemoglobinopatias (anemias hemolíticas, drepano- temperatura e hiperemia, confundindo-se muitas
citose), obesidade, hipertensão arterial, insuficiência vezes com quadros infecciosos agudos, com dura-
renal, alcoolismo, psoríase, hiperparatireoidismo, ção de horas ou de alguns dias (média de cinco a
cetose, sarcoidose, hipertrigliceridemia, dietas ricas sete dias). A intensidade da dor obriga, na maioria
em purina e drogas, como salicilatos em baixas das vezes, ao repouso absoluto e, pela exuberância
doses, pirazinamida, etambutol, L-dopa, diuréticos do processo inflamatório, alguns pacientes acabam
tiazídicos, quimioterápicos, ciclosporina. sendo inadvertidamente abordados com antibioti-
A presença dos cristais no interior das articula- coterapia e técnicas de drenagem, como se fossem
ções pode, através de mecanismos quimiotáxicos, abscessos, o que, sem dúvida, levaria a complicações
atrair células fagocitárias e desencadear a fagoci- de infecção e cicatrização.
tose e a liberação de mediadores inflamatórios, que
aumentam a vasodilatação da membrana sinovial, o
edema e infiltrado de células linfomononucleares.
Alguns fatores contribuem para a formação intra-
articular desses cristais: presença de gamaglobu-
linas, de colágeno tipo I, diminuição do pH, da
temperatura e traumatismos articulares. Em outros
tecidos, esses cristais podem se depositar e não
apresentar sintomatologia considerável, como, por
exemplo, no subcutâneo e, muitas vezes, também
nos túbulos renais.
Quadro Clínico
Hiperuricemia Assintomática
A hiperuricemia assintomática caracteriza-se
por elevação do ácido úrico não associada às mani-
festações osteoarticulares e/ou à nefropatia. Alguns
estudos apontam que, em longo prazo, níveis supe-
riores de ácido úrico de 9 mg%, podem ser fatores de
risco para gota, doença cardiovascular e nefropatia.
Outros estudos colocam a hiperuricemia como fator
preditivo para hipertensão e doença coronariana;
portanto, deve-se ter, nesses casos, atenção no acom-
panhamento clínico e laboratorial desses pacientes.
Atenção também naqueles casos de hiperuricemia
com antecedente de nefrolitíase e gota na família,
necessitando, muitas vezes, de uma abordagem me-
Fig. 37.1.1 – PODAGRA: artrite na primeira articulação metatarsofalangeana
dicamentosa precoce.
(Coleção ACR).
Gota Aguda
Período Intercrítico
Conhecida também como artritre gotosa aguda, Esse período assintomático é variável; pode du-
caracteriza-se por instalação abrupta de um processo rar seis meses a dois anos e, em alguns casos, pode
inflamatório articular, em qualquer momento do dia não surgir uma segunda nova crise de artrite. Esse
ou da noite, com preferência para as articulações dos período diminui à medida que a doença evolui para
membros inferiores como a primeira metatarsofa- a fase da poliartrite crônica, onde surgem as lesões
langeana do hálux (podagra) (Fig. 37.1.1), tibiotár- osteoarticulares mais graves. Não obstante a todas as
Manifestações Extra-articulares e
Fatores Desencadeantes
A presença de tofos em determinadas regiões,
Fig. 37.1.2 – TOFOS: deposição de cristais de monourato de sódio sobre as como cotovelos, punhos e tonozelos, pode levar a
articulações interfalangeanas, metacarpofalangeanas e punhos (Coleção ACR). manifestações clínicas de compressão dos nervos
Diagnóstico
Evidentemente, o quadro clínico na maioria das
vezes é suficiente para firmar o diagnóstico de gota, Fig. 37.1.5 – Cristais de monourato de sódio, de birrefringência negativa,
mas, em algumas situações, necessita-se de recursos analisados na microscopia de luz polarizada (Coleção ACR).
laboratoriais e/ou radiológicos.
Laboratório
Uricemia: homem: até 7 mg%, mulher: até 6 mg%.
Uricosúria de 24 horas: 350 a 750 mg.
Estudo do sedimento urinário, da função renal,
glicemia, lipidograma, hemograma e provas in-
flamatórias de fase aguda.
Pesquisa do cristal de MUS em microscopia de luz
polarizada, no líquido sinovial ou nos tofos, onde
aparecem com birrefringência negativa forte, asse-
melhando-se a pequenas agulhas (Fig. 37.1.5).
Radiologia
Nas fases iniciais da gota, as alterações radioló-
gicas são discretas ou mesmo podem estar ausentes.
Após alguns episódios de artrite, pode-se observar,
além do aumento de volume de partes moles, presença
de osteoporose periarticular ou justa-articular, dimi-
nuição do espaço articular, lesões erosivas em “saca
bocado” (Fig. 37.1.6 e 37.1.7), subluxações e/ou luxa-
ções. A necrose avascular da cabeça femoral, descrita
na gota, é atribuída à dislipidemia concomitante.
Em situações especiais, pode-se recorrer a técni-
cas de ultra-sonografia, tomografia computadorizada Fig. 37.1.6 – Lesões osteolíticas em articulações interfalangeanas distais
e ressonância magnética nuclear para evidenciar e proximais.
insuficiência renal ou hepática, deve ser utilizada tuações, pode-se, também, utilizar os uricosúricos,
com muito cuidado ou, até mesmo, evitada. que reduzem a reabsorção tubular de ácido úrico,
Em situações especiais, nas quais o paciente não aumentando a excreção renal e reduzindo a uricemia.
responde com melhora aos AINEs, pode-se introduzir Nesses casos, é importante a realização da uricosúria
o ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) – tetraco- de 24 horas para determinar se o paciente é normo,
sactida 0,5 mg/dia, IM, em dose única, ou repetir após hipo ou hiperexcretor de ácido úrico, e em casos
três dias, se necessário. Seu efeito está relacionado de pacientes hipoexcretor indica-se a utilização do
com a inibição dos receptores de membrana para uricosúrico (benzobromarona 100 mg/dia). Pacientes
cristais nos neutrófilos polimorfonucleares. Deve-se normo ou hipoexcretores de ácido úrico, com litíase
ter cuidado com respeito à retenção de sódio, água e renal recidivante, filtração glomerular diminuída e
à hipertensão arterial. Os corticosteróides não são de clearance de creatinina inferior a 40 mg/mL não
forma rotineira utilizados para o tratamento da fase devem receber essa medicação. A associação de
aguda da gota, principalmente devido à facilitação alopurinol e benzobromarona pode ser feita princi-
de recidivas e deposição, com maior freqüência, do palmente naqueles casos que não respondem isola-
MUS na pele, formando os tofos; portanto, em situ- damente a esses fármacos ou naqueles com a forma
ações renitentes ao tratamento preconizado, pode-se de gota tofácea.
utilizar a dexametazona 4 mg endovenosa de 6/6 Na gota crônica, fase em que se encontra com
horas durante 24 ou 48 horas ou a prednisona 20 a freqüência a formação de tofos e um quadro articular
30 mg/dia via oral durante uma ou duas semanas, o de dor e inflamação persistentes, é freqüentemente
que, na maioria dos casos, induz remissão completa necessária a combinação da colchicina, alopurinol,
do processo inflamatório. uricosúrico e, muitas vezes, também os AINH. Nessa
No período intercrítico, o paciente encontra-se fase, a monitoração da função renal, com atenção
sem dor e inflamação, ou seja, assintomático em re- para nefropatia e hipertensão arterial, é extremamente
lação ao aparelho osteoarticular. Nessa fase, os obje- importante, devendo-se solicitar ao paciente retornos
tivos principais são o controle dos níveis de uricemia freqüentes a cada quatro meses para a realização dos
e prevenção de novas crises de artrite, momento em exames complementares. A remoção dos tofos deve
que os antiinflamatórios são suspensos, a concentra- ser feita, principalmente, quando houver compres-
ção de colchicina é diminuída e mantida em níveis sões nervosas, tendinosas, ulcerações com ou sem
de 0,5 mg/dia. A correção dos níveis de ácido úrico, infecção, e quando muito volumosos esteticamente,
utilizando bloqueadores da enzima xantino-oxidase a ponto de interferir social e profissionalmente.
(alopurinol), vai depender dos níveis de uricemia, Dentre as medidas gerais, a dieta com baixas
da presença de tofos, de recidivas freqüentes não concentrações de purina pode auxiliar na redução
controladas pela colchicina e da excreção de ácido da uricemia e das novas crises de gota. Essa medida
úrico urinário nas 24 horas superior a 200 mg. O deve ser cautelosa e não-obsessiva, pois dietas rigo-
alopurinol é a droga de escolha, na dosagem variá- rosas não conseguem reduzir a uricemia em 1 mg%.
vel de 300 a 600 mg/dia, se possível iniciada com Portanto, prevalece, nesses casos, o bom senso do
doses menores, pois pode ocorrer uma nova crise paciente, ao identificar quais alimentos favorecem o
aguda de artrite logo na introdução desse fármaco. desencadear das crises. Alguns alimentos devem ser
Se o paciente estiver utilizando o alopurinol há mais lembrados, como álcool (em especial, a cerveja, o
tempo e desenvolver crise aguda de gota, é opinião vinho e licores), frutos do mar, miúdos de frango ou
do autor que deva ser orientado para interromper de boi, carnes de animais em crescimento (vitela, ga-
imediatamente o medicamento até cessar o processo leto), caças, carne de porco, feijão, lentilha, grão de
inflamatório, pois se observa que o alopurinol pro- bico, entre outros. A alcalinização da urina também
longa o período inflamatório e dificulta a melhora*. é importante, principalmente naqueles casos de ne-
É importante salientar que, mesmo nesse período frolitíase. Na gota, o pH na urina é persistentemente
assintomático, o paciente que não tiver um controle baixo em razão de amoniogênese deficitária, que
dos níveis de ácido úrico pode apresentar depósitos propicia a insolubilidade do ácido úrico, facilitando
(tofos) no pavilhão auricular, na pele, principalmente a formação de cristais de urato. Nesses casos, reco-
nas regiões dos cotovelos, das mãos, dos joelhos e menda-se a utilização de líquidos alcalinos, como
dos pés, e nos rins (cálculos). Em determinadas si- água com concentração maior de bicarbonato de
sódio (para cada litro de água, adicionar uma colher
*Nota dos editores: a maioria dos autores recomenda não se alterar das de café de bicarbonato de sódio). Com relação à
a dose do alopurinol durante a crise aguda de gota. hipertensão arterial, presente em cerca de 30% dos
pacientes com gota, indicam-se os inibidores da en- pseudogota: sinovite aguda, normalmente mo-
zima conversora da angiotensina e os bloqueadores noarticular, com duração de algumas horas, e até
dos canais de cálcio, em vez dos diuréticos, que mesmo de duas a três semanas, envolvendo prin-
podem aumentar os níveis de uricemia. cipalmente joelhos, punhos, ombros, cotovelos e
tornozelos;
DOENÇA POR DEPOSIÇÃO pseudo-osteoartrite: envolvimento de joelhos,
quadris, punhos, metacarpofalangeanas e co-
DE PIROFOSFATO DE CÁLCIO
tovelos, lembrando processo degenerativo da
DIIDRATO (CPPD): PSEUDOGOTA E
osteoartrite;
CONDROCALCINOSE
pseudo-reumatóide: sinovite crônica, envolven-
Essa enfermidade caracteriza-se pela deposição do principalmente grandes articulações como
de cristais de pirofosfato de cálcio em diversos joelhos, punhos, ombros e cotovelos. Pode haver
tipos de tecido, como cartilagem, sinovial, cápsula simetria, rigidez matinal duradoura e espessamen-
articular, ligamentos e tendões. Esses cristais, di- to sinovial;
ferentes da gota (birrefringência negativa forte), pseudoneurotrófica: graves alterações degenera-
quando examinados através da microscopia de luz tivas que lembram a artropatia de Charcot.
polarizada, apresentam uma birrefringência positiva
Situações menos freqüentes podem ser observa-
fraca (amarelo, quando o eixo é perpendicular ao
das, como tendintes, bursites, compressões neuroló-
compensador e azul quando paralelo). Na condro-
gicas, calcificações discais, entre outras.
calcinose, normalmente, os pacientes são assinto-
máticos, observam-se calcificações radiológicas Alguns exames laboratoriais são importantes,
ou histológicas sem manifestações de artrite. Na como dosagem de cálcio, fósforo, fosfatase alcali-
pseudogota, o quadro inflamatório é evidente, com na, ferro, ferritina e magnésio. Sem dúvida, o mais
sinais de artrite. Uma terceira situação é a forma importante é a identificação do cristal de pirofosfato
de artropatia estrutural crônica, que se assemelha de cálcio no líquido sinovial, que se apresenta com
à osteoartrite, com alterações degenerativas mais formato rombóide à microscopia de luz polarizada;
intensas. podendo ser encontrado intra ou extracelular.
A formação desses cristais é extracelular e ocorre Através da radiologia, pode-se, na maioria das
na matriz cartilaginosa. O pirofosfato inorgânico vezes, concluir o diagnóstico, pelas características da
deriva da hidrólise enzimática do ATP, que se en- deposição desses cristais, que se apresentam de forma
contra elevado no líquido sinovial de portadores linear ou puntiforme sobre a cartilagem hialina, prin-
de condrocalcinose, que, juntando-se com o cálcio, cipalmente nas articulações dos joelhos (calcificação
formaria os cristais de pirofosfato de cálcio. Esses dos meniscos) (Fig. 37.1.8), dos punhos (ligamento
cristais induzem à produção de interleucina-8, triangular), da sínfise púbica e em outras articulações,
aumentando a quimiotaxia dos polimorfonuclea- como quadris, ombros e tornozelos.
res no líquido e na membrana sinovial, gerando
o processo inflamatório. Essa reação inflamatória
desencadeada pelos CPPD é bem menor que aquela
provocada pelos cristais de MUS.
A CPPD ocorre, principalmente, acima da sexta
década de vida, sendo rara em jovens, alguns com
história familiar (autossômica dominante). Pode es-
tar também relacionada com outras enfermidades ou
condições, como hipomagnesemia, hipofosfatasia,
hemocromatose, hiperparatireoidismo, osteoartrite,
traumatismos, hipotireoidismo, amiloidose, entre
outras.
Para melhor compreensão, pode-se dizer que
a CPPD tem padrões diferentes de apresentação
clínica:
latente: encontro ocasional de calcificações iso- Fig. 37.1.8 – Deposição de pirofosfato de cálcio sobre os meniscos (sinal
ladas à radiografia, sem sintomatologia; do duplo contorno).
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Osteoartrite
Cristiano A. F. Zerbini
Andrea B. V. Lomonte
Alguns estudos descreveram fatores de risco sis- pode ser observado na relação de causa e efeito entre
têmicos e locais para o desenvolvimento da osteoar- a lesão de menisco e a OA de joelhos.
trite evidenciada ao exame radiológico. Do ponto de
vista clínico, a avaliação desses fatores de risco é de
Hereditariedade
grande importância, pois sua análise pode permitir
a introdução de medidas preventivas na abordagem A forma mais comum de osteoartrite associada
terapêutica do paciente. à hereditariedade é a OA primária poliarticular
(generalizada), que se caracteriza pela presença de
nódulos de Heberden, Bouchard e acometimento
Classificação e Fatores de Risco prematuro da cartilagem articular. Um estudo de-
A osteoartrite pode ser dividida em duas grandes monstrou que, nessa forma de OA, o parentesco de
classes: primária e secundária. A osteoartrite primá- primeiro grau com pacientes afetados confere risco
ria ou idiopática apresenta manifestações clínicas dobrado de ter a doença radiologicamente diagnos-
em idade mais avançada e não tem causa aparente. ticada. Outro estudo em pacientes com essa forma
A OA secundária tem início relativamente precoce de OA demonstrou que 20% dos pacientes afetados
tinham história familiar dessa doença. A influência
e associa-se a uma causa identificável, como lesão
genética foi claramente demonstrada em um estudo
traumática, anormalidades de desenvolvimento e
com 500 mulheres gêmeas de 45 a 70 anos de idade,
várias outras. A osteoartrite também pode ser clas-
analisadas radiologicamente para a presença de OA
sificada de acordo com o número e a localização
de mãos e joelhos. A influência de fatores genéticos
das articulações envolvidas. Assim, temos as formas
para a presença da doença foi estimada como sendo
localizadas, como OA de mãos, OA de quadris e a entre 39% e 65%, independentemente de fatores
forma generalizada ou poliarticular, que envolve demográficos ou ambientais3. Estes estudos sugerem
vários grupos articulares (Tabela 37.2.1). uma forma poligênica de herança para OA primária
Os fatores de risco para a osteoartrite podem estar generalizada. A influência genética pode também
relacionados com uma predisposição generalizada envolver um defeito estrutural do colágeno, ou ainda
ao aparecimento da doença ou com um desequilíbrio alterações do metabolismo da cartilagem e do osso.
biomecânico em uma articulação específica. Isso O colágeno tipo II é a proteína mais abundante na
cartilagem e genes que codificam essa proteína
foram mais bem estudados. O gene COL2 A1 mos-
trou mutação em uma única base na posição 519 da
Tabela 37.2.1. Classificação da Osteoartrite cadeia *1(II) em todos os membros afetados pela
1. Pelo número e localização das articulações OA generalizada e em nenhum membro não-afetado
envolvidas de uma mesma família4. Outro estudo demonstrou
• Número que 20% a 50% de famílias com uma forma especial
– Monoarticular, oligoarticular (quatro ou menos de osteoartrite (síndrome de Stickler) apresentaram
articulações) ou poliarticular (generalizada) ligação da doença com a presença do COL2 A1.
• Localização Embora mutações no COL2 A1 estejam presentes
– Mãos: interfalangeanas, base do polegar em indivíduos afetados de algumas famílias com
– Quadris: polarizada ou concêntrica OA generalizada, outros estudos têm demonstrado
– Joelhos: compartimento medial ou lateral,
compartimento fêmoro-patelar que esse gene não está relacionado com a doença
– Coluna: interapofisárias, discos intervertebrais em outras famílias. Assim, a OA generalizada é,
provavelmente, uma doença heterogênea do ponto
• Causa associada
– Primária: idiopática (sem causa aparente) de vista genético e mutações em outros genes além
– Secundária: do COL2 A1 devem estar relacionadas com o seu
– Metabólica: ocronose, acromegalia, deposição desenvolvimento. Dados recentes sugerem uma
de cristais
– Congênita: doença de Legg-Perthes, displasia associação entre polimorfismos do receptor da vita-
epifisária mina D e osteoartrite de joelhos, embora esses dados
– Traumática: fratura articular, cirurgia do menisco, aguardem confirmação.
lesão ocupacional ou esportiva
– Inflamatória: artrite reumatóide, gota
extracelular e por células denominadas condrócitos em favor do aumento de 6 queratan sulfato e suas ca-
(Fig. 37.2.1). deias laterais também se tornam mais curtas. Essas
A matriz extracelular é rica em colágeno e prote- alterações na estrutura das moléculas do agrecano
oglicanos, principalmente agrecanos. Na cartilagem reduzem sua capacidade de reter moléculas de água,
adulta, cerca de 90% do colágeno são do tipo II fazendo com que a cartilagem envelhecida tenha
e 10%, compostos pelos tipos IX, XI, X e VI. As menos capacidade de hidratar-se e, portanto, menor
fibrilas de colágeno II são responsáveis pela força resistência à compressão. Surgem, então, fissuras na
de tensão da cartilagem, a qual é essencial para a cartilagem envelhecida, principalmente devido às
manutenção da forma e do volume do tecido. Os microfraturas na estrutura de colágeno da matriz.
proteoglicanos são macromoléculas formadas por
uma proteína central, na qual estão ancoradas nume- Patologia
rosas cadeias de glicosaminoglicanos formadas por
As alterações histológicas observadas na OA
unidades repetitivas de dissacarídeos (ácido urônico
podem ser divididas em três fases (Fig. 37.2.2):
e hexosamina). O proteoglicano predominante na
cartilagem articular é o agrecano e os glicosamino- edema e microfraturas: o aparecimento de edema
glicanos que compõem as suas cadeias laterais são da camada intermediária da matriz extracelular
formados por condroitin sulfato e queratan sulfato. marca o início das alterações da osteoartrite.
Os agrecanos possuem grande capacidade de reter Áreas de perda focal de condrócitos alternam-se
moléculas de água e conferem à cartilagem a habi- com áreas de proliferação dessas células. Surgem
lidade de sofrer deformação reversível, resistindo, microfraturas na superfície, levando à perda do
portanto, à compressão. aspecto liso e uniforme da cartilagem;
Os condrócitos são células da cartilagem que fissuração: essa fase é caracterizada pelo aprofun-
sintetizam colágeno e proteoglicanos. Essas células damento das microfraturas que levam à formação
também sintetizam enzimas (proteinases) capazes de de fendas na cartilagem. As margens dessas fendas
degradar os componentes da matriz. Na cartilagem podem apresentar agrupamentos de condrócitos.
adulta normal, os condrócitos mantêm um equilíbrio erosão: o aprofundamento das fissuras provoca
entre as funções de síntese e degradação. fragmentação da cartilagem, com desnudamento
do osso subcondral e aparecimento de microcistos
em sua superfície (Fig. 37.2.3). O osso subcon-
Envelhecimento da Cartilagem dral tem sua remodelação acelerada e desenvolve
Durante o envelhecimento, várias alterações es- esclerose por deposição de pequenas camadas de
truturais e bioquímicas ocorrem nos proteoglicanos osso novo. Nessa zona, há um crescimento late-
componentes da matriz cartilaginosa. Os glicosami- ral do osso, denominado osteófito. Fragmentos
noglicanos são modificados qualitativamente, tendo de cartilagem ficam soltos dentro da cavidade
sua concentração de 4 queratan sulfato diminuída articular e causam a inflamação sinovial leve ob-
Fig. 37.2.1 – Histologia da cartilagem normal. A superfície é lisa e os con- Fig. 37.2.2 – Histologia da cartilagem na osteoartrose. A superfície é irregular,
drócitos dispõem-se em lacunas, dispersos na matriz (reproduzida do Cartilage com fissuras profundas na matriz (reproduzida do Cartilage Index sob gentil
Index sob gentil permissão da Ciba-Geigy). permissão da Ciba-Geigy).
servada na OA. Essa sinovite caracteriza-se por 1 e 2. A atividade das MMPs é controlada pela ação
um leve infiltrado focal de histiócitos, linfócitos de seus inibidores específicos denominados inibi-
e plasmócitos, diferente do aspecto inflamatório dores tissulares das metaloproteinases (TIMPs).
intenso e generalizado da artrite reumatóide. No desenvolvimento da OA, a produção de MMPs
supera a produção de TIMPs, promovendo a degra-
dação progressiva da matriz. Outras enzimas, como
as catepsinas e glicosidases, também contribuem
para o processo de degradação articular.
O aumento da síntese e liberação enzimática
pelos condrócitos é estimulado pelo contato dessas
células com citocinas, prostaglandinas, radicais li-
vres, como o óxido nítrico (NO) e ainda por compo-
nentes da matriz, como fragmentos de fibronectina.
Embora a OA não seja considerada essencialmente
uma doença inflamatória, tem sido demonstrado que
citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina-1
(IL-1) e o fator de necrose tumoral-α (TNF-α) estão
presentes e ativam a produção de metaloproteina-
ses pelos condrócitos7. Além de estimular a síntese
Fig. 37.2.3 – Lesão articular da osteoatrite. Fragmentação da cartilagem enzimática, a IL-1 induz a diminuição da produção
com desnudamento do osso subcondral.
dos colágenos II e IX e o aumento da produção dos
colágenos I e III, modificando, assim, a qualidade da
matriz cartilaginosa. Outras interleucinas liberadas
Patogênese
durante o processo inflamatório, como IL-4 e IL-13,
Os condrócitos são capazes de sintetizar coláge- têm papel inibidor e tentam contrabalançar os efeitos
no, proteoglicanos e enzimas denominadas proteases. catabólicos da IL-1. Embora o papel dos condrócitos
Essas células mantêm a homeostase da cartilagem seja primordial, o tecido sinovial também exerce
normal adulta, na qual a velocidade de síntese da função importante no desenvolvimento do processo
matriz extracelular se iguala à velocidade de degra- de degradação da matriz. Os sinoviócitos são capa-
dação. Dois processos estão envolvidos na patogêne- zes de fagocitar fragmentos de cartilagem liberados
se da osteoartrite: 1) os condrócitos produzem uma no espaço articular, o que leva a uma inflamação do
matriz com resistência e elasticidade diminuídas; tecido sinovial. As células sinoviais tornam-se, en-
2) o equilíbrio entre síntese e degradação da matriz tão, capazes de produzir e liberar enzimas (MMPs)
é rompido pela maior produção de proteases. e citocinas, as quais podem lesar a cartilagem e es-
A matriz tem suas propriedades alteradas devido a timular os condrócitos. Células do osso subcondral
uma mudança qualitativa na produção de seus com- (osteoblastos) também podem produzir enzimas
ponentes. Há uma desdiferenciação dos condrócitos proteolíticas, participando, assim, do processo de
que passam a sintetizar colágenos tipos I e III (em degradação da cartilagem.
vez do II) e também proteoglicanos mais curtos. Nos estágios iniciais da OA, há uma tentativa dos
A ruptura do equilíbrio entre síntese e degradação condrócitos, sinoviócitos e osteoblastos de reparar
da matriz cartilaginosa ocorre devido ao aumento da as lesões produzidas na cartilagem e no osso sub-
produção de enzimas proteolíticas capazes de digerir condral8. Essas células aumentam a produção dos
o agrecano e o colágeno. As principais enzimas en- fatores de crescimento envolvidos na síntese da ma-
volvidas na degradação da cartilagem são denomina- triz, como fator de transformação do crescimento β
das metaloproteinases (MMPs). Existem pelo menos (TGF-β) e fator de crescimento insulina-semelhante
18 membros dessa família de enzimas, as quais são (IGF-I). O osso subcondral também produz um fator
sintetizadas pelos condrócitos e sinoviócitos sob o de crescimento, denominado proteína morfogenética
estímulo de algumas citocinas. A agrecanase, uma 2. Essa tentativa de reparação é infrutífera, devido à
enzima pertencente à família das MMPs, é parti- desdiferenciação dos condrócitos produzindo colá-
cularmente ativa na destruição da matriz, promo- genos I e III em vez de tipo II, e também à produção
vendo a quebra da ligação Glu-Ala na molécula do insuficiente de inibidores da metaloproteinases e
agrecano. Recentemente, duas agrecanases foram fatores de crescimento, frente ao excesso de protei-
clonadas, recebendo a denominação de agrecanases nases e citocinas.
Características Clínicas
Na história clínica da OA, o sintoma mais
importante que traz o paciente ao médico é a dor.
Embora dificuldade à movimentação e a presença
de deformidades articulares possam fazer parte da
queixa inicial, é a dor articular e/ou periarticular
que prejudica com maior intensidade a vida do
paciente, levando em muitos casos à incapacidade
funcional. Nem sempre alterações da OA vistas nas
radiografias manifestam-se clinicamente. Muitos
pacientes têm sinais radiológicos de OA, porém são
assintomáticos.
A dor na osteoartrite tem origem multifatorial:
microfraturas no osso subcondral, terminações ner-
vosas da membrana sinovial estimuladas por media-
dores inflamatórios ou por contato com osteófitos,
alterações na pressão intra-articular e intra-óssea e
contratura muscular periarticular. Geralmente, os
pacientes relatam que a dor é leve a moderada no
início da doença, piora com o uso da articulação Fig. 37.2.4 – Joelho esquerdo mostrando deformidade em varo resultante
afetada e melhora com o repouso. Esse tipo de dor é de osteoartrite do compartimento medial.
denominado dor mecânica e, na maioria dos casos,
é autolimitada e aliviada com medicação analgé-
sica/antiinflamatória. Com o passar do tempo e o
agravamento da destruição articular, o processo
inflamatório pode ser persistente e causar dor mesmo
em repouso (dor inflamatória), sendo mais difícil o
alívio com a terapêutica medicamentosa. Ao exame
físico, os achados variam com a intensidade da
doença e, geralmente, limitam-se às articulações
sintomáticas.
Pacientes com OA de joelho relatam dor para an-
dar, permanecer em pé e subir escadas. Esses pacien-
tes relatam que, após muito tempo sentados (p. ex.,
assistindo à televisão), têm dificuldade para levantar
e dar os primeiros passos, pois sentem os joelhos
“travados”. Após andar alguns, metros os movimentos
voltam ao normal. Essa rigidez após repouso prolon-
gado e no início do movimento é um sintoma muito
freqüente na OA, resolvendo-se, porém, rapidamente,
em minutos. No paciente sintomático, o joelho pode
apresentar sinais inflamatórios caracterizados por
aumento de temperatura e presença de derrame arti-
cular. Crepitação durante o movimento está presente
em 90% dos pacientes. Alinhamento femorotibial
incorreto, geralmente do tipo varo (Fig. 37.2.4),
pode ser observado em cerca de 50% dos pacientes
com OA e decorre da perda de cartilagem no compar-
timento medial da articulação (Fig. 37.2.5).
A rigidez articular matinal de curta duração Fig. 37.2.5 – Radiografia de joelho mostrando grande diminuição do espaço
(< 30 minutos) também é relatada por muitos pa- articular do compartimento medial por lesão cartilaginosa da OA. São observados
cientes, principalmente com OA de mãos. Rigidez osteófitos marginais.
matinal demorada (acima de 30 minutos) sugere associado a um processo inflamatório local doloroso.
inflamação persistente, como nos casos de artrite Depois de estabelecido, o nódulo torna-se indolor,
reumatóide ativa. Pacientes com OA de mãos tam- porém muitos pacientes queixam-se do problema
bém se queixam de dificuldade para segurar objetos, estético (“meus dedos estão deformados”), embora
especialmente quando o apoio e a força do polegar raramente haja qualquer problema funcional.
são exigidos. Essa queixa, acompanhada de dor à OA dos quadris pode causar problemas de equi-
palpação da base do polegar, caracteriza a presença líbrio e dificuldade para andar (Fig. 37.2.9). Em
de osteoartrose da articulação trapézio-metacarpiana muitos casos, manifesta-se como dor na virilha ir-
ou primeira carpometacarpiana, sendo denominada radiada para a face anterior e interna da coxa. Com
rizartrose (Fig. 37.2.6). Muitos pacientes com OA de o passar do tempo, o agravamento da degradação
mãos têm queixa de dor e aumento de tamanho das articular pode causar dor intensa, sendo altamente
articulações dos dedos. Como vimos anteriormen- incapacitante.
te, o desenvolvimento de nodulações laterais nas OA de coluna cervical e lombar caracteriza-se
articulações interfalangeanas distais toma o nome por envolvimento das articulações facetárias (intera-
de nódulos de Heberden e, nas interfalangianas pofisárias), podendo causar, respectivamente, cervi-
proximais, nódulos de Bouchard (Fig. 37.2.7). Esses calgia e lombalgia e aparecimento de proeminências
nódulos são proeminências ósseas marginais do osso ósseas laterais nos corpos vertebrais (osteófitos). Os
subcondral, característicos da osteoartrose de mãos osteófitos são, em sua maioria, assintomáticos, de-
(Fig. 37.2.8). O desenvolvimento desses nódulos é tectados apenas em radiografias (Fig. 37.2.10). Nos
raros pacientes sintomáticos, os osteófitos causam zação óssea periarticular e erosões marginais não
estreitamento dos forames de conjugação, compri- são características da osteoartrite e podem indicar
mindo raízes nervosas e produzindo sintomas radi- a presença de outra doença, como, por exemplo,
culares, como dor, parestesia e fraqueza muscular. A artrite reumatóide.
estenose do canal neural, uma causa relativamente
Embora a ressonância magnética mostre a ima-
comum de dor lombar em indivíduos idosos, pode
gem direta da cartilagem e, portanto, tenha grande
estar associada à osteartrose das articulações face-
sensibilidade na avaliação de suas alterações, a
tárias, mas, muito raramente, tem o envolvimento
de osteófitos. utilização desse método na avaliação da OA ainda é
restrita devido ao seu custo e à pequena disponibili-
dade, quando comparada com o exame radiológico
convencional.
Laboratório
Os testes laboratoriais rotineiros, geralmente,
apresentam valores normais na osteoartrite. Esses
testes são, muitas vezes, usados para excluir ou-
tras doenças incluídas no diagnóstico diferencial e
para estabelecer uma linha de base na monitoração
do tratamento. Alguns testes, como dosagem da
hemoglobina, testes de função hepática e função
renal, podem ser realizados com a intenção de ava-
liar possíveis efeitos colaterais da terapêutica com
antiinflamatórios não-hormonais. Alguns pacientes
com sinais inflamatórios mais intensos podem
apresentar uma velocidade de hemossedimentação
levemente elevada, porém nunca comparável aos
valores presentes em artrite reumatóide, polimial-
gia reumática, processos infecciosos ou tumorais.
Na OA, o teste para a detecção do fator reumatóide
é negativo, porém devemos lembrar que 20% dos
indivíduos idosos saudáveis têm esse teste positivo,
o que pode levar à confusão com o diagnóstico de
Fig. 37.2.10 – Radiografia da coluna lombar mostrando osteófitos nas artrite reumatóide.
margens dos corpos vertebrais de L4 e L5. A análise do líquido sinovial comumente revela
um perfil não-inflamatório, com viscosidade normal
e baixa contagem de células brancas (< 2.000 céls./
Radiologia mm³). Excepcionalmente, alguns pacientes podem
O exame radiológico confirma a hipótese clínica apresentar liquido sinovial levemente inflamatório.
de osteoartrite. Radiografias realizadas ocasio-
Estudos recentes têm dado importância à avalia-
nalmente por outros problemas médicos podem
ção dos níveis séricos e/ou urinários dos marcadores
evidenciar osteoartrite assintomática. Assim, uma
bioquímicos da remodelação da cartilagem, rela-
radiografia de abdome pode mostrar osteófitos em
coluna lombar clinicamente silenciosos. Essa proli- cionando seu aumento com uma maior degradação
feração óssea nas margens da articulação, que apa- da matriz. Os principais marcadores estudados são:
rece com freqüência em mãos e coluna, é o achado piridinolina, desoxipiridinolina, pró-peptídeo do
radiológico clássico da osteoartrite. Também se colágeno tipo II, queratan sulfato, condroitin sulfato
observam à radiografia durante o desenvolvimen- e proteína oligomérica da matriz. Teoricamente útil,
to da OA e estreitamento do espaço articular pela a avaliação desses marcadores ainda não passou por
perda de cartilagem e esclerose do osso subcondral. validação suficiente para que possam ser utilizados
Cistos subcondrais com paredes escleróticas podem no diagnóstico ou na monitoração dos pacientes com
surgir com a progressão da doença. Desminerali- osteoartrite.
ser usados para o diagnóstico, esses critérios não to- O paciente em estudo é classificado como tendo OA de
mam o nome de critérios diagnósticos, pois não têm joelhos se os itens 1, 2, 3 e 4 ou 1, 2 e 5 ou 1, 4 e 5 estiverem
presentes
a propriedade de detectar OA em suas fases iniciais,
quando ainda nem todas as suas características estão Clínico e Radiológico
presentes.
1. Dor no joelho na maioria dos dias do mês anterior
prolongada, podendo permanecer por horas antes Fortalecimento muscular e medidas de alívio
que haja alívio completo. Na OA, as articulações local da dor, associadas à educação do paciente e à
interfalangianas distais e a base do polegar são proteção articular, compõem uma abordagem prática
comumente acometidas, ao passo que na AR essas da OA, que evoluiu a partir de observações clínicas
articulações são poupadas. A polimialgia reumática e alguns estudos controlados.
(PMR) caracteriza-se por rigidez e dor muscular, As articulações podem ser protegidas, evitan-
principalmente nas regiões da cintura escapular e do-se sobrecarga por períodos prolongados. Para a
pélvica; é incomum a inflamação articular. Nessa preservação dos joelhos, atividades que envolvam
afecção, a velocidade de hemossedimentação é alta agachar ou ajoelhar por longo tempo devem ser
(> 50 mm/primeira hora) podendo associar-se à evitadas. O uso de cadeiras firmes e altas em vez
presença de vasculite (arterite temporal). Na OA, de macias e baixas e a elevação da altura do vaso
a velocidade de hemossedimentação é geralmente sanitário são de grande ajuda para os pacientes com
inferior a 20 mm/primeira hora. OA de quadris e joelhos. Bengala utilizada do lado
contralateral pode diminuir a carga em 50% sobre a
Tratamento articulação afetada (joelho, quadril).
Os princípios básicos de abordagem da OA A imobilização do polegar com uma tala, por
são diminuição dos sintomas, melhora da função aproximadamente um mês, pode ser eficaz no alívio
articular, prevenção da incapacidade e limitação da dor decorrente da OA da primeira articulação
dos efeitos colaterais da medicação. Como vimos carpometacarpiana (rizartrose). Essa articulação
anteriormente, a OA tem quadro clínico e evolu- também é protegida de sobrecarga pela utilização
ção heterogêneos e, portanto, o plano terapêutico rotineira de abridores de lata e tesouras elétricas.
deve atender às características próprias da doença As recomendações citadas, geralmente, são parte
de cada paciente. A seleção do melhor tratamento de um programa mais amplo elaborado pela(o) te-
individual requer uma cooperação mútua entre o rapeuta ocupacional como parte da prevenção e do
paciente e o médico. Pacientes que recebem ex- tratamento dos pacientes com OA e limitação física
plicações sobre a natureza de sua doença e obtêm para a realização das atividades da vida diária.
orientações claras sobre a abordagem terapêutica
demonstram melhor aderência às recomendações Terapia Física
médicas.
Embora várias formas de intervenção física este-
jam em uso no tratamento da OA, como utilização de
Terapêutica Não-farmacológica gelo e/ou calor local, aplicação superficial de cremes
Pacientes com OA beneficiam-se de perda de analgésicos, exercícios musculares e estimulação
peso, terapia ocupacional e exercícios aeróbicos que elétrica transcutânea, há poucos ensaios clínicos
incluam alongamento e fortalecimento muscular. controlados que avaliaram essas intervenções.
A avaliação da vida diária do paciente, incluindo a Muitos pacientes relatam que aplicação local de
postura do corpo durante atividade profissional (p. calor ou frio melhora os sintomas articulares, pro-
ex., muito tempo sentado, movimentos repetitivos movendo analgesia e relaxamento muscular. O calor
por tempo prolongado, levantar peso com freqüên- pode ser aplicado sob a forma de compressas quen-
cia), hábitos cotidianos (p. ex., vida sedentária e/ou tes, imersão em água quente e/ou banhos quentes
esporte competitivo apenas nos finais de semana) e de chuveiro ou banheira. Calor profundo pode ser
hábitos alimentares (p. ex., excessiva ingestão de administrado por meio de ondas curtas e ultra-som.
carboidratos e lipídios, levando à obesidade), podem Frio pode ser utilizado sob a forma de compressas
encorajar atitudes que contribuirão significativamen- ou bolsas de gelo colocadas sobre a articulação por
te para a melhora do quadro clínico e diminuição da períodos intermitentes de 15 minutos de duração.
dependência do uso de remédios. Exercícios de fortalecimento muscular são parte
Estudos epidemiológicos mostrando a relação importante do tratamento da OA de quadris e joelhos.
entre obesidade e OA dos joelhos dão suporte à Exercícios melhoram a função articular, aumentam
recomendação de que os pacientes obesos devem a força muscular, diminuem a dor e promovem
perder peso. Instruções dietéticas e a realização de sensação de bem-estar. Na OA de joelhos, o maior
um programa de exercícios aeróbicos, como andar benefício é obtido com o fortalecimento do músculo
ou nadar, são de grande valor para o paciente real- quadríceps. Esse fortalecimento deve ser obtido com
mente disposto a emagrecer. exercícios isométricos, ou seja, exercícios que con-
tanto, a escolha de um AINH específico vai depender no grupo tratado com esse medicamento na dose de
da freqüência das tomadas diárias, do perfil de toxi- 50 mg duas vezes ao dia em relação ao grupo place-
cidade, dos fatores de risco do paciente e do custo bo19. O principal problema adverso da medicação foi
econômico. Os efeitos adversos que causam maior o aparecimento de diarréia. Embora os dados iniciais
preocupação são lesão do trato gastrintestinal superior pareçam promissores, novos estudos controlados
(como úlcera gástrica e/ou duodenal) e toxicidade re- com grande número de pacientes precisam confirmar
nal manifestada como retenção líquida, hipercalemia esses resultados.
e insuficiência renal reversível. Para a proteção dos Estudos clínicos têm comparado a eficácia do
pacientes com maior risco de efeitos adversos do trato sulfato de glicosamina e de condroitina à do placebo
gastrintestinal (GI), o uso do AINH pode ser associa- e de AINH. Alguns estudos com pacientes com OA
do a um inibidor da bomba de prótons. de joelhos leve a moderada demonstraram melhora
Em anos recentes, uma nova classe de AINH, da dor, função e rigidez articular, com redução na
os inibidores específicos da enzima ciclooxigena- progressão do estreitamento do espaço articular,
se 2 (COX-2), foi incorporada ao arsenal médico ao passo que outros falharam em demonstrar esses
terapêutico. Os inibidores específicos da COX-2 benefícios20-22. Falhas metodológicas nos estudos
mostraram benefício clínico semelhante ao dos clínicos randomizados com essas drogas têm sido
AINHs não-seletivos, com uma incidência de lesões uma barreira na adoção dessa modalidade terapêu-
endoscopicamente demonstráveis do trato gastrin- tica para a OA.
testinais comparativamente muito menor18. Devido Extratos insaponificáveis da soja e abacate pro-
à sua menor toxicidade, particularmente para o tubo movem reversão parcial dos efeitos da interleucina-1
digestório, os inibidores específicos da COX-2 são β in vitro. Estudos em OA de mãos, joelhos e quadris
uma opção para o tratamento da OA em pacientes têm demonstrado o benefício sintomático dessa me-
com maior risco de lesões gastrintestinais. Entretanto, dicação. Entretanto, esses resultados necessitam ser
a constatação de que essa classe de medicamentos está mais bem avaliados em estudos controlados.
associada a um aumento no risco de eventos cardio-
vasculares e cerebrovasculares levou à recomendação Cirurgia
de que essas drogas sejam usadas na menor dose e Pacientes com grande lesão articular (eviden-
pelo menor período de tempo possível. Os inibidores ciada pela radiologia), resultante da perda acentuada
da COX-2 não devem ser usados por pacientes com da cartilagem, desenvolvem sintomatologia que
doença isquêmica cardíaca ou cerebral, devendo ser dificilmente pode ser controlada com a terapêutica
prescritos com cautela para pacientes com fatores de farmacológica descrita anteriormente. Para esses
risco para essas condições. Dessa forma, tem sido pacientes, deve-se considerar a cirurgia ortopédica.
sugerido o uso associado de um AINH não-seletivo, Um dos maiores avanços no tratamento dos
o naproxeno, com um inibidor de bomba de prótons casos graves de OA de joelho e quadril é a realiza-
como opção mais segura, até que uma ampla revisão ção da artroplastia total articular. Nessas cirurgias,
sobre o uso dos AINHs seja concluída. a articulação lesada é substituída por uma próte-
Não há indicação para o uso rotineiro de corti- se de liga metálica que é presa ao osso por uma
costeróide por via oral na OA. interface de cimento especial. De forma geral, a
maior indicação para essa cirurgia é a dor relatada
Fármacos de Ação Lenta pelo paciente. A artroplastia quase sempre tem
resultados excelentes, com alívio completo da sin-
Algumas formas de tratamento farmacológico
tomatologia e, na maioria dos casos, recuperação
com início de ação mais lento em comparação aos
total ou parcial da capacidade funcional23. Com-
analgésicos e AINH têm sido usadas, com melhora
plicações associadas ao ato cirúrgico, incluindo
dos sintomas clínicos da OA, porém sem estudos
tromboembolismo e infecção, ocorrem em menos
clínicos controlados definitivos. As investigações que 5% dos pacientes. A maior preocupação asso-
disponíveis são limitadas por problemas metodoló- ciada a essa cirurgia é a deterioração da interface
gicos e possível tendenciosidade na publicação. de cimento, responsável pela aderência da prótese
Diacereína é uma substância com atividade ao osso. Quando isso ocorre, a prótese fica solta,
inibidora da interleucina-1 β in vitro. Um estudo causando dor e incapacidade e, portanto, vai reque-
controlado, randomizado em 507 pacientes com os- rer revisão. A artroplastia de revisão é um processo
teoartrose de quadril mostrou retardo significante na mais complicado que a cirurgia inicial. Para dimi-
diminuição do espaço articular visto à radiografia nuir a freqüência e a intensidade desse problema,
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Fibromialgia
Flávio Calil Petean
Fig. 37.3.1 – Localização dos pontos dolorosos (tender points) que devem ser pesquisados para diagnóstico da fibromialgia. Veja descrição no texto.
A terapia física é obrigatória, incluindo fisio- (p. ex., duloxetina), têm-se mostrado úteis, mas
terapia, quando necessária, exercícios aeróbicos necessitam de estudos com maior tempo de duração
e alongamentos. Das atividades físicas possíveis, para avaliar a eficácia.
aquelas que possuem estudos mostrando eficácia Yoga e massagens dos mais variados tipos po-
no tratamento são caminhada, hidroginástica e dem trazer alívio sintomático e funcionam mais
condicionamento físico. Considerando que a quase como coadjuvantes no tratamento. Apesar de não
totalidade dos pacientes não faz exercícios, é preciso
termos experiências com acupuntura, esta é uma
alertá-los para o fato de que, no início da prática
terapia alternativa que tem dado bons resultados
esportiva, poderá ocorrer piora das dores. Uma ca-
em alguns pacientes com dor crônica causada pela
minhada de 50 minutos, no mínimo quatro vezes por
fibromialgia.
semana, tem sido útil para a maioria dos pacientes.
Cabe ao médico sempre estimular a realização de
exercícios. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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