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FLEXÃO ESTÁTICA: MÓDULOS DE ELASTICIDADE E DE RUPTURA NAS


DIREÇOES RADIAL E TANGENCIAL DA MADEIRA.

Conference Paper · March 2016

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Nilson Tadeu Mascia


University of Campinas
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XV EBRAMEM - Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira
09-11/Mai, 2015, Curitiba, PR, Brasil

FLEXÃO ESTÁTICA: MÓDULOS DE ELASTICIDADE E DE RUPTURA NAS


DIREÇOES RADIAL E TANGENCIAL DA MADEIRA

1
Nilson T. Mascia (nilson@fec.unicamp.br), 2 David Krestchmann (dkretschmann@fs.fed.us)
1,Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Faculdade de engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo/Departamento de Estruturas, Rua Albert Einstein 951,
Cidade Universitária Zeferino Vaz, Campinas -SP,Brasil.
2,Forest Products Laboratory-FPL
Forest Products Laboratory, 1 Gifford Pinchot Dr, Madison, WI 53726, Estados Unidos.

RESUMO: De um modo geral, para estruturas de madeira são usadas normas de dimensionamento,
nas quais as propriedades mecânicas estão associadas a métodos de ensaios, e têm como base
resultados advindos de corpos de prova, os quais são adotados valores médios. Estes valores
imperam nas definições e análises numéricas em procedimentos normativos associados a estas
propriedades. Com vistas a um melhor conhecimento de parâmetros de elasticidade e de resistência
da madeira em direções de ortotropia, os objetivos deste trabalho foram direcionados para uma
análise destes parâmetros da madeira via ensaio de flexão,de acordo com as opções de
carregamento nas direções radial e tangencial, (Edgewise bending) ou (Flatwise ou facewise
bending), e verificar a diferença nessas situações para a espécie Sugar Maple (Acer saccharinum).
Avaliou-se ainda a influência dos raios medulares com o objetivo de interpretar os resultados e as
diferenças em nos valores obtidos, nos testes de flexão estática em peças de madeira para os
módulos de elasticidade e de resistência, relacionados com a posição dos eixos radial e tangencial.
Os resultados obtidos nas direções radial (Edgewise bending) e tangencial, (Flatwise ou facewise
bending), para a espécie de madeira usada, evidenciam que há diferença estatisticamente
significativa entre os mesmos ,sendo os maiores valores na direção radial.

Palavras Chave: flexão, elasticidade, resistência,radial,tangencial.

STATIC BENDING: MODULI OF ELATICITY AND RUPTURE IN THE RADIAL AND


TANGENCIAL DIRECTIONS OF WOOD

ABSTRACT: In general, for wood structures are used standards, in which the mechanical properties
are associated with test methods, and are based on results derived from testing methods, which
average values are adopted. These values prevail in the definitions and numerical analysis in code
procedures associated with these properties. Regarding a better understanding of elastic and rupture
wood parameters in orthotropic directions, the objectives of this work were addressed to an analysis of
these wood parameters via bending test, according to options loading in the radial and tangential
directions, (Edgewise bending) or (Flatwise or facewise bending), and verify the difference in these
situations for the species Sugar Maple (Acer saccharinum). It was also evaluated the influence of
medullary rays with the aim of interpreting the results and differences of the values obtained, in static
bending tests for wood pieces for the modulus of elasticity and rupture, related to the position of the
radial and tangential axes. The results obtained in radial directions (Edgewise bending) and tangential
(flatwise bending or facewise), for the species of wood used, show a statistically significant difference
between them, with higher values in the radial direction.

Keywords: bending, elasticity ,rupture, radial,tangential.


1. INTRODUÇÃO

A teoria da elasticidade aplicada à madeira baliza-se na hipótese de simetria elástica em


três planos mutuamente perpendiculares, vinculados a sua estrutura interna, e na
homogeneidade macroscópica do material, como de admitido e de conhecimento geral nos
estudos da mecânica da madeira. Evidentemente macroscopicamente essa hipótese advêm
da hierarquia estrutural da madeira em suas porções microscópicas e inferiores.
Macroscopicamente, de interesse mais próximo nas análises da mecânica da madeira à
luz da de engenharia civil, A superfície longitudinal-tangencial é grosseiramente cilíndrica.
As outras duas superfícies, a longitudinal radial e a tangencial radial, são, mais
verdadeiramente, planas, com eventuais irregularidades locais, devido à heterogeneidade e
da anisotropia associado ao material de origem natural, a madeira, BODIG e JAYNE (1982).
Há de notar, entretanto, que ao se analisar uma amostra de madeira, considera-se essa
amostra referida a um sistema de coordenadas cartesianas xi. Nesse caso os eixos
geométricos (x1, x2, x3) coincidem com os eixos de simetria elástica, ou eixos ortotrópicos
(L, R, T), como se mostra na próxima figura.

Figura 1 - Eixos ortotrópicos e eixos geométricos numa parcela de um tronco e numa


amostra de madeira. Fonte: SMITH et al. (2003) e MASCIA (1991).

A adequação do modelo teórico ao real depende não somente da regularidade do


crescimento, mas também da posição da peça analisada na árvore. Estes constituem-se em
níveis de não homogeneidade da madeira, ou, a hierarquia estrutural da madeira. SMITH et
al. (2003) define esses níveis em: escala maciça (sólida), que seriam as peças estruturais,
a escala macroscópica (amostra de madeira para testes em pequena escala, corpos de
prova isentos de defeitos), escala meso (a nível de anéis de crescimento), escala
microscópica (nível celular) e escala nano (camadas das paredes celulares, microfibrílas).
A aplicabilidade de teorias clássicas do meio contínuo para o campo da mecânica da
madeira está, intimamente, ligada a um tipo de classificação como a descrita anteriormente.
As relações entre componentes de tensão, deformações, coeficientes de elasticidade
num material, macroscopicamente homogêneo e numa escala inferior não-homogêneo
podem também se inter-relacionarem. É considerado, ainda, que as tensões principais e
todas as equações da teoria da elasticidade clássica são válidas ao uma escala inferior. A
uma escala superior esta hipótese pode se manter ou não. A nível macroscópico os
componentes de tensão, deformação e coeficientes de elasticidade também se inter-
relacionarem, num nível inferior. Coloca-se aqui, observando-se que em MASCIA
(1991,1995), há detalhamento dessa discussão, que efetivamente pode-se se chegar que a
relação entre coeficientes de elasticidade numa escala macroscópica e numa escala inferior
pode ser obtida da relação tensão-deformação do nível inferior, mas como um valor médio.
,considerando o meio macroscópico homogêneo e deformações pequenas.
Nesse contexto, torna-se possível determinar coeficientes de elasticidade num elemento
específico de nível inferior e extrapolá-lo ao nível macroscópico, colocando-se naturalmente,
restrições e hipóteses adequadas. Evidentemente, essas colocações sobre trabalhar com
valores médios, dependendo da precisão que se queira e também do nível de hierarquia
estrutural da madeira associado, sendo hoje possível se trabalhar em situações que a
décadas passadas não era possível.
De um modo geral, na pratica das estruturas de madeira, trabalha-se com base em
normas de dimensionamento (ABNT-NBR 7190,1997, EUROCODE 5,2004), nos quais os
valores de propriedades mecânicas estão associados à métodos de ensaios que tem base
resultados advindo de corpos de prova, que estão situados no nível de hierarquia
macroscópica da madeira e de um modo geral, os valores médios imperam nas análises e
definição de valores de propriedades.
Considerando-se que esta pesquisa visa, em linhas gerais, analisar vigas de madeira,
com vistas a um melhor conhecimento de parâmetros de elasticidade e de resistência da
madeira em direções de ortotropia, quer de elasticidade ou de resistência, os objetivos
particulares foram direcionados para uma análise sobre alguns parâmetros de elasticidade
e de resistência da madeira.
Mantendo-se dentro do âmbito da pesquisa global, foram escolhidos tópicos de pesquisa,
realizado com a amostragem de peças de madeira para avaliação da questão da
participação de peças com inclinações das fibras em dois lotes diferentes da espécie Sugar
Maple (Acer saccharinum), verificando-se a influência do direcionamento das fibras nas
peças de madeira.
A partir dessas peças foram retirados corpos de prova para realização de ensaios de
flexão, de acordo com as opções de carregamento nas direções radial e tangencial. Essa
posição se refere a posição de aplicação da força, ou seja, na direção radial (Edgewise
bending) ou tangencial (Flatwise ou facewise bending), e se há diferença mecânica nessas
situações.Em particular houve interesse em verificar a estrutura microscópica associadas
aos planos radial, tangencial e longitudinal, associada a influência dos raios medulares com
vistas para interpretar as possíveis causas nos valores ou resultados obtidos nos testes de
flexão estática em peças de madeira para os módulos de elasticidade e de resistência,
relacionados com a posição dos eixos radial e tangencial.

2. INFLUÊNCIA DOS RAIOS MEDULARES

ASHBY e MEHL (1983) apresentam um estudo sobre a mecânica dos sólidos celulares,
que pode ser também destacado e pela simples observação da figura a seguir, na qual num
modelo celular proposto para a madeira, verificar o posicionamento dos raios em relação a
uma tensão aplicada, no caso de compressão, e pela disposição dos raios intuir em
contribuições na resistência à compressão ou à tração.

Figura 2 - Modelo celular proposto para a madeira, raios em relação a uma tensão aplicada
Fonte: ASHBY e MEHL (1983).

Na Figura 3 pode-se observar imagens oriundas de tomografia microscópica mostrando


aos planos de ortotropia da madeira, partes de uma amostra de madeira após ser rompida,
ZAUNER (2014). Especificamente no plano LR pode ser visto a ruptura de raios medulares,
coroborando com o modelos propostos para a madeira de diversos autores citadas nesse
trabalho. Duas espécies de madeira, uma conífera e outra folhosa foram utilizadas na
pesquisa em testes de tração de de compresão axial, Spruce da Noroega, Picea abies [L.]
e Beech europeu, Fagus sylvatica [L.]. respectivamente.

Figura 3: Imagens oriundas de tomografia microscópica mostrando rupturas nos planos de


ortotropia da madeira.Fonte: ZAUNER (2014).

BURGET e ECKSTEIN (2001), apresentam para a resistência de raios medulares da


madeira, um valor significativamente alto de cerca de 75 MPa, avaliado por ensaio de micro
tração, em condições de umidade baixa, mas ressaltando a contribuição dos subestimada
das células de parênquima, constituintes dos raios medulares na resistência da madeira
como um todo. Os raios medulares no caso dessa pesquisa, para diversas espécies de
madeira variam de 8 a 40 %, indicando que a resistência na direção radial é maior que na
direção tangencial.
Em um outro trabalho, BURGERT et al. (2001) estudando a anisotropia transversal da
madeira comenta que na literatura há duas categorias principais, uma é unicamente devido
à anisotropia do tecido axial que resulta de diferenças na quantidade de lenho inicial e do
lenho tardio e da geometria das fibras e outra transversal é um resultado das diferentes
propriedades dos tecidos axiais e raios. Há de se notar que BODIG e JAYNE (1982)
apresentam também expressões para o modelo no qual a porção de madeira adulta e/ou
juvenil e a parecela de raios medulares são computados separadamente. São expressões,
no geral ,semelhantes as de BURGERT et al. (2001).
De um modo geral o módulo de elasticidade radial é maior que o tangencial; por exemplo,
nas diversas espécies usadas nessa pesquisa encontava-se a Sugar Maple (Acer
saccharum), que em média tinha valores de ER 1,85 a 2,11 maior que ET e a porcentagem
do volume de raios em relação a porção total de madeira de 16,7% a 19,9%.
Como conclusão, afirmam os autores que a presença e a proporção em volume dos raios
medulares na madeira das espécie pesquisadas podem influenciar rigidez madeira medida
na direção radial, independentemente do seu tamanho e que o módulo de elasticidade radial
é simultaneamente dependentes fração de volume dos raios e também da densidade
aparente madeira. Na direção tangencial, a densidade aparente é o fator que influencia a
rigidez madeira.
Considerando-se neste momento a espécie de madeira utilizada na pesquisa realizado
no FPL, Sugar Maple (Acer saccharum), a seguir estão mostrados os cortes transversal,
radial e tangencial, respectivamente os planos radial-tangencial, longitudinal-radial, e
longitudinal-tangencial. Coloca-se uma amostra tridimensional, que não é da mesma
espécie, mas serve de auxílio na indicação desses planos de corte. A porcentagem
estimada do volume dos raios medulares em relação ao volume da madeira é de cerca
17,9%.
(a) (b)

(c)

Figura 4: Cortes transversal (a), tangencial (b) e radial (c).


Fonte: FPL-Madison,WI

3. FLEXÃO ESTÁTICA: DIREÇÃO RADIAL (EDGEWISE BENDING) E TANGENCIAL


(FLATWISE OU FACEWISE BENDING)

Outra colocação que se pode destacar está relacionado com a posição dos eixos radial e
tangencial, na disposição geral das lâminas ou da peça laminada ou de uma simples viga
maciça de madeira. Essa posição se refere a posição de aplicação da força, ou seja, na
direção radial (Edgewise bending, por exemplo módulo de elasticidade: Eedge) ou
tangencial (Flatwise ou facewise bending, módulo de elasticidade: Eflat ou Eface), e se há
diferença mecânica nessas situações.
A ABNT-NBR 7190 (1997) [ou em sua nova versão] no item B.14 Flexão preconiza que
os corpos de prova devem ter forma prismática, com seção transversal quadrada de 5,0 cm
(2”) de lado e comprimento, na direção paralela às fibras, de 115 cm (16”). Salienta que o
corpo de prova deve ser fabricado de preferência com o plano de flexão perpendicular à
direção radial da madeira. Isso caracterizaria uma flexão tipo Edgewise bending. Os
procedimentos para os testes de flexão estática da ASTM D 143, item 8,com o corpo de
prova alternativo, 1” by 1” by 16”( 2,5 cm x 2,5 cm x 41cm).
Figura 5: Disposição do corpo de prova na flexão na direção radial e na tangencial.
Dimensões :1” by 1” by 16”( 2,5 cm x 2,5 cm x 41cm)
Fonte: Desenho próprio.

KRETSCHMANN et al. (2010) realizou alguns testes nesse sentido para algumas
espécies de madeira americanas (White ash (Fraxinus americana), Sugar maple( Acer
saccharinum) e Yellow birch( Betula alleghaniensis ), mas os resultados ainda não deixaram
claro a influência ( e as causas) dessas disposições nos resultados de rigidez das peças e
resistência da madeira.
MARKWARDT e WILSON (1935) num vasto estudo sobre propriedades mecânicas de
espécies de madeira dos Estados Unidos, apresentam resultados para flexão em peças
prismáticas de 2”x2”x30” (5,08cmx5,08x76,2cm) cm, para três espécies de coníferas, Sitka
spruce (Picea sitchensis), Douglas fir (Pseodotsuga menziesii) e Lobboly pine (P. taeda),
tanto para madeira saturada quanto para madeira seca. Para a madeira saturada os valores
de módulos de ruptura e de elasticidade na flexão foram maiores na direção de aplicação de
força radial (Edgewise bending) para as espécies Sitka spruce e Douglas fir, mas
praticamente de mesma ordem de grandeza para a terceira espécie estudada. Para a
condição de madeira seca para a espécie Douglas fir essa tendência se manteve para o
módulo de elasticidade mas para o módulo de ruptura teve ligeira inversão de valores. Para
a espécie Sitka spuce a tendência se manteve. Não houve testes para a espécie Loblolly
pine na condição de madeira seca. Numericamente, as diferenças geraram em torno de 1,4
a 2,6%, resultados esses que os autores não evidenciaram estatisticamente qualquer
diferença significativa nas duas situações de aplicação de forças na flexão. Não houve
nessa pesquisa uma busca mais aprofundada das razões ou causas que resultaram nas
diferenças obtidas, inclusive considerando-se a data da realização da pesquisa.
DOYLE e MARKWARDT (1967), com objeto de classificar mecanicamente via módulo de
elasticidade na flexão peças para madeira para uso estrutural (seções transversais
tipicamente denominadas de 2x4, 2x6, 2x8, polegadas, de diversos comprimentos) de,
avaliaram na flexão nas direção radial( Edge bending) e tangencial (Flat bending),
considerando peças prismática da espécie Southern pine de diferentes regiões do sudeste
dos Estados Unidos, obtendo um intervalo de variação para o Eflat de 1.432 a 1.910 ksi
(10002 a 13440 MPa) e para o Eedge de 1.400 a 1937 ksi (9800 a 13560 Mpa) ,mas
denotando em média valores do Eflat maiores no geral que do Eedge . As umidades das
peças estavam em torno de 15%.
KLIGER et al. (1995) em pesquisa para avaliar a qualidade mecânica da madeira da
espécie Norway spruce(Picea abies) de crescimento rápido avaliaram a resistência na flexão
e os módulos de elasticidade na flexão nas direção radial (Edge bending) e tangencial (Flat
bending), em corpos de prova de 45 mm x 70 mm x 2900 mm, com umidade em torno de 12
%. Os corpos de prova foram retirados de posições tanto longitudinal como radial de troncos
abatidos. Obtiveram uma relação linear entre os módulos de elasticidade sendo que Eedge=
-0,19 + 1,04 Eflat (em GPa), com coeficiente de determinação R2 de 0,896. Analisando os
resultados obtidos pelos autores pode-se inferir que no geral Eedge, mas não
significativamente, é ligeiramente maior que Eflat.
STEFFEN et al. (1997) descreve que na Noruega os equipamentos de classificação da
resistência da madeira em peças serradas, posicionadas de tal forma que a altura da peça
tenha seu menor valor na vertical, correspondente essa posição ao módulo de elasticidade
Eflat é então medido e tanto o módulo Eedge quanto a resistência da flexão na direção
radial (edge) da parte menos resistente das peças podem ser estimados a partir de funções
de regressões com o módulo Eflat. Assim as peças classificadas e separadas de acordo
com a sua resistência e classificadas. Observa-se que esse procedimento é usual par a
classificação da madeira serrada, ou produtos da madeira como o LVL, laminated veneer
lumber, de acordo com THELANDERSSON e LARSEN (2003) e WOOD HANDBOOK
(2010),
Esse estudo visou relacionar efetivamente esses módulos de elasticidade, e analisar os
parâmetros que podem influenciar nessas relações utilizando-se peças com seções
transversais de 45 mm x 170 mm e 67 mm x 195 mm, e comprimentos variando de 4,2 m a
5,45 m da espécie Norway spruce (Picea abies), com o teor de umidade variou entre 11,7 e
13,8%. Influências da densidade da madeira, dos anéis de crescimento, da madeira juvenil,
de peças de madeira isentas de nós e com nós e seu posicionamento nas peças, e ainda a
posição de retirada das peças nas toras, foram parâmetros escolhidos para análise de
resultados. O ensaio de flexão para avaliação do Eflat foi o três pontos e o Eedge a quatro
pontos. Como resultado geral os valores de Eedge foram superiores ao do Eflat para as
duas seções transversais consideradas em 20 e 41% para madeira isentas de defeitos, e
de 23 a 49 % para aquelas com nós. Os autores relataram que a influência do cisalhamento
na avaliação de Eflat pode ser considerado significativo nos resultados obtidos tendo em
vista que o ensaio a três pontos há presença do esforço cortante enquanto no de quatro
pontos não.
Há de se observar nesse momento, um interessante trabalho e importante contribuição
de LAHR (1983), no qual foi estudada a determinação através de ensaio de flexão estática,
dos módulos de elasticidades nas direções de aplicação de força, radial (Flatwise bending)
e tangencial (Edgewise bending), para as espécies folhosas de madeira, PerobaRosa
(Aspidospermas polyneuron), Jatobá (Hymemenae spp) e Eucalipto tereticornis( Eucaliptus
tereticornis). Segundo o autor da pesquisa, em termos estatísticos, houve, de um modo
geral, uma equivalência entre os módulos de elasticidade obtido nas duas direções de
aplicação da força.
Devido a importância de um estudo sobre essa questão dos módulos de elasticidade e
da resistência segundo a flexão com forças ou na direção radial ou tangencial foram
considerados para dessa parte experimental da pesquisa no FPL , essas duas situações.das
direções, por exemplo a 2, implicaria em se determinar as resistências normais

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Procedimento para preparação dos corpos de prova a flexão.

A especié de madeira utilizada foi a Sugar Maple (Acer saccharum) e as amostras para
confeção dos corpos de prova vierem de dois lugares distintos nos Estados Unidos:
Leatherstockings em New York e Louisville Slugger em Louisville Kentucky.
Foi para um inventário com todas as peças das amostras, com o objtivo se fazer um
levantamento sobre os valores da densidade e sobre a inclinação do ângulo das fibras (
slope of grain). Cada peça foi idenficada com uma idenficação, por exemplo L015 ( peça
oriunda de Leatherstockings- tipo L) ou S325 ( peça de Louisville Slugger-tipo S). As peças
tinham forma cilíndrica, com diametro de 2.75” ( 6,98 cm) e comprimentos de 31” (78,74 cm)
para o tipo L e 37” (93,98 cm) para o S.
Foi preparada uma classificação das peças de acordo com uma categoria de densidade
(subdivida em quatro intervalos) e conjuntamento com uma categoria de inclinação das
fibras (subdivida em quatro intervalos).
Nas tabela a seguir (Tabela 1) apresenta-se a as classificações utilizada para as
densidades.s. Observa-se que foi utilizado como padrão o sistema americano de unidades
nos procedimentos no FPL e para elaboração desse relatório colca-se também o sistema
internacional. Observa-se também que há algumas partes do texto escrito em inglês, pois foi
preparado um documento para descrição dessas atividades, amostragem,confeção de
corpos e metodologia dos ensaios.

Tabela 1. Categoria relativo a densidade das amostras

Categoria Densidades (g/cm 3)


1 <0.65048
2 <0.65048 mas < 0.6920
3 >0.6920 mas < 0.73352
4 >0.73352

Nota-se que no código para identificação dos corpos de prova o sentido da força está
indicado por uma seta. Assim, no corpo de prova L112R a força a ser aplicada está no
sentido radial, no caso Flatwise bending.

Figura 6: Procedimento para preparação dos corpos de prova a flexão e código para
identificação dos corpos de prova. Dimensões: 1” by 1” by 16”( 2,5 cm x 2,5 cm x 41cm).
Fonte: Desenho próprio.

4.2 Metodologia de ensaio para a flexão.

Os procedimentos para os testes de flexão estática seguiram as descrições da ASTM D


143, item 8.
No caso da flexão foi utilizado o corpo de prova alternativo, 1” by 1” by 16”( 2,5 cm x 2,5
cm x 41cm), tendo em vista as dimensões das peças cilíndricas. O ensaio é de três pontos,
com vão livre de 14” (36 cm). A velocidade de carregamento é corresponde a razão de
deslocamento da parte móvel do equipamento de ensaio um 0.05” (1,3 mm)/minuto. A
velocidade de deformação é controlado durante a realização do teste. Os equipamentos de
ensaios são da marca Instron, modelo e I5566 2k (1120 lb) cerca de 10 kN para a flexão
estática, no caso utilizou-se de uma célula de carga de 10 kN.
No ensaio de flexão os deslocamentos verticais são medidos por um LVDT conectado a
um sistema de aquisição de dados.
Os dados dos ensaios são avaliados e analisados por um pesquisador do laboratório, e
os valores de módulo de resistência (MOR) e módulo de elasticidade na flexão (MOE),
calculados pelas expressões, MOR= 3FmaxL/bh3, na qual entram a força máxima Fmax, a
altura da seção transversal h e sua largura b, e o vão livre L, e E= FL3 / 48 vI, sendo I ao
momento de inércia à flexão no plano considerado, RL ou LT, F e v a força e o
deslocamento correspondende na fase elástica da madeira. São após essa etapa
repassados aos interessados.
Nota-se também que antes e após a realização dos ensaios que as peças eram
pesadas, verificadas as medidas, e partes separadas para determinação do teor de umidade
e da densidade, e ainda as restantes para confirmação dos modos de ruptura. As
informações são armazenadas como parte do inventário do programa experimental.
Em relação as condições de umidade relativa do ar e de temperatura no no local dos
testes, esses foram de cerca de 50 % e 23°.
Na figura a seguir pode-se ver os detalhos do esquema.

Figura 7: Detalhes do ensaio de flexão estática.


Fonte: FPL-Madison,WI

5. RESULTADOS OBTIDOS

5.1 Comparação entre duas amostras.


Utilizando-se do programa estatístico MINITAB (RYAN et al. 1994 e manual 2015) e
consoante aos conceitos estatísticos, como apresentados por BOX et al. (1978), pode-se
ater à seguinte análise.
Seja 1 a média da primeira amostra de 2 a média da segunda amostra. Para se testar
se estas duas amostras pertencem a um mesmo universo, emprega-se a seguinte hipótese:
Ho: 1 = 2 versus H1: 1  2
Calculando-se a significância através da expressão:

t  ( x1  x 2 ) / s12 / n1  s22 / n2  t 0 ( p%) (1)

com:

t = valor t’Student’ calculado;


x1 = estimativa da média da primeira amostra;
x 2 = estimativa da média da Segunda amostra;
s1 = desvio padrão da primeira amostra;
s2 = desvio padrão da Segunda amostra;
n1 = número de elementos da primeira amostra;
n2 = número de elementos da segunda amostra;
t0 (P) = valor de t’Student’ com P de confiança (valor tabelado)
P = nível de confiança adotado.

Aceita-se a hipótese Ho: 1 = 2 versus H1: 1  2 caso, ou seja, as amostras


pertentem ao um mesmo universo, não havendo diferença entre as amostras.
Por outro lado, para se verificar se as médias das amostras são estatisticamente
equivalentes, isto é, se o intervalo da diferença das médias 2 e 1 contém o zero,
determina-se o seguinte intervalo:


   ( x1  x 2 )  t s12 / n1  s22 / n2   2  1  ( x1  x2 )  t s12 / n1  s22 / n2    (2)

sendo t o valor correspondente para P% de confiança. A expressão dos graus de liberdade


(df) é equivalente a:

df 
s / n   s
2
1 1
2
2 
/ n2
 s / n  s
2 2 2
/n  
2
(3)
 1 1
 2 2

 n1  1 n2  1 

No programa MINITAB, o teste TWOSAMPLE realiza estas duas verificações,


simultaneamente, como será apresentado a seguir. Utilizou-se do sistema do internacional e
em algumas vezes também o americano de unidades na preparação das figuras a seguir.

5.2 Comparação Two-Sample T Teste e CI ( Intervalo de confiança): MORR (MPa);


MORT (MPa).

Two-sample T para MORR (MPa) vs MORT (MPa)


n Média Desvio padrão SE Médio
MORR (MPa) 74 137,6 11,8 1,4
MORT (MPa) 74 133,7 11,8 1,4
Diferença= μ (MORR (MPa)) - μ (MORT(MPa))
Estimativa para diferença: 3,90
95% CI para diferença: (0,07; 7,74)
T-Teste da diferença = 0 (vs ≠): T-Valor = 2,01 P-Valor = 0,046 df = 145
Com t0 (P=5%) = 1,657.

Em vista dos resultados dos testes de hipótese via TWOSAMPLE é possível concluir que
as amostras não são estatisticamente equivalentes.
Interval Plot of MORR (MPa); MORT(MPa)
95% CI for the Mean

170

160

150

140
137,566
Data 133,665
130

120

110

100
MORR (MPa) MORT(MPa)
Individual standard deviations were used to calculate the intervals.

Figura 8: Distribuição de valores de MORR (MPa) e MORT (MPa) e valores médios.

5.3 Two-Sample T-Teste e CI ( Intervalo de confiança): MOER (MPa); MOET (MPa)

Two-sample T para MOER (MPa) vs MOET (MPa)


n Média Desvio padrão SE Médio
MOER (MPa) 74 15,40 1,40 0,16
MOET (MPa) 74 14,79 1,42 0,17
Diferença = μ (MOER (MPa)) - μ (MOET (MPa))
Estimativa para a diferença: 0,611
95% CI for diferença: (0,153; 1,070)
T-Test da diferença = 0 (vs ≠): T-Valor = 2,63 P-Valor = 0,009 df = 145
Com t0 (P=5%) = 1,657

Em vista dos resultados dos testes de hipótese via TWOSAMPLE é possível concluir que
as amostras não são estatisticamente equivalentes.

Interval Plot of MOER(MPa); MOET(MPa)


95% CI for the Mean
19

18

17

16
15,3995
Data

15
14,788

14

13

12

11
MOER(MPa) MOET(MPa)
Individual standard deviations were used to calculate the intervals.

Figura 9: Distribuição de valores de MOER (MPa) e MORT (MPa) e valores médios.

Nesse contexto, pode-se listar as principais conclusões obtidas tendo como subsídio a
análise estatística de resultados, utilizando-se do software MINITAB,
- há evidência de um aumento nos valores de MOR e MOE, um pouco mais acentuados
no primeiro caso que no segundo, nas duas direções radial e tangencial, com a densidade;
-os resultados de módulos de ruptura como de elasticidade obtidos nos ensaios de flexão
nas direções radial e tangencial, para a espécie de madeira usada, evidenciam que há
diferença estatisticamente significativa entre esses resultados ao nível de significância
compatível com o usual na análise estatística para esse tipo investigação experimental;

6. CONCLUSÕES

A partir da análise de variância das regressões lineares e do teste estatístico


TWOSAMPLE pode-se concluir que tanto os resultados de módulos de ruptura como de
elasticidade obtidos nos ensaios de flexão nas direções radial e tangencial, para a espécie
de madeira usada, evidenciam que há diferença estatisticamente significativa entre esses
valores ao nível de significância compatível com o usual para esses resultados
experimentais.
-no geral para os corpos de prova, tanto na flexão com força na direção tangencial como
na radial, verificou-se a ruptura por tração nas fibras inferiores das peças;
-considerando-se a espécie de madeira utilizada na pesquisa realizado no FPL, Sugar
Maple (Acer saccharum), e em vista dos resultados obtidos, há de se notar que a presença
de porcentagem estimada do volume dos raios medulares em relação ao volume da
madeira, cerca 17,9%, pode interferir no aumento observado nas resistências à tração nas
direções radial em relação ao tangencial, e mesmo nos valores de MOR e MOE da flexão
estática.
- na análise de resultados associados a testes com corpos de prova de madeira, é usual
ter com fundamento teórico e mesmo prático as direções de ortotropia da madeira, e ser
considerado, em geral, como uma fronteira para tais análises. Um aprofundamento desse
tipo de análise considerando-se a hierarquia estrutural da madeira em suas porções
microscópicas e inferiores, é um tópico muito interessante e importante a ser colocado como
uma indicação de estudo e pesquisa.
.

7. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP (Processo No: 2014/23818-1) por ter me oferecido


tanto auxílio financeira como científico (por meio da aprovação do projeto de pesquisa, para
realizar desse estágio de pesquisa no exterior; à FEC- Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo, da UNICAMP, pela a provação de minha licença sabática e outros
procedimentos institucionais;ao Forest Products Products por toda assistência, quer seja na
disponibilidade de instalação, no uso de laboratórios (em especial do Engineering
Mechanics and Remote Sensing Laboratory, EMRSL e Research Facilities Engineering,
RFE), e ainda financeira na aquisição do material para realização dos ensaios e dispêndios
de pessoal e de equipamentos.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9. NOTA DE RESPONSABILIDADE

Os autores são os únicos responsáveis pelo que está contido neste trabalho.

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