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3. Escreva um e-mail - Escolha uma pessoa que goste de ler seus textos
e escreva uma breve história para ela. Pode ser um poema, um conto, uma piada
ou qualquer outra coisa. O simples fato de estar escrevendo, irá energizar sua
mente e permitir que você produza como nunca!
Se nada disso funcionar... bom, talvez seja melhor você ir dar um passeio
e tentar novamente em outra hora!
Como Escrever um Bom Início
Você já reparou como um livro é analisado por um possível comprador
em uma livraria? Ele olha a capa, lê a sinopse no verso e procura por informações
nas orelhas. Além disso, na maioria das vezes, o leitor lê as primeiras páginas e
toma sua decisão de ficar ou não com o livro com base no início da história! O
papel do primeiro capítulo ou prólogo é fazer com que o leitor tenha vontade de
continuar lendo. Mas como fazer isso? Simples: o início deve conter elementos
que despertem curiosidade. Os primeiros parágrafos adiantam o que o leitor
deve esperar do restante do texto. Seja direto e comece com um conflito ou
outro ponto de tensão. Não perca tempo descrevendo demais personagens ou
locações. Veja, por exemplo, o prólogo do meu livro Teia Negra:
Vinte minutos depois, Michael passava pelo portão de ferro da mansão Wong,
onde viviam Bei Wong, sua esposa Lisa e a filha, Samanta. Todas as vezes que ele
entrava naquela casa, não deixava de admirar a grandiosidade do lugar. O imenso
lustre de cristal, pendurado no centro do hall de entrada, dava um ar aristocrático ao
lar dos Wong. Alguns vasos orientais e pequenos enfeites não escondiam as raízes da
família. O aroma de canela, proveniente do discreto altar em um dos cantos da sala,
completava a atmosfera de paz e serenidade.
Quando finalmente chegou sua vez, depois de quase vinte minutos de espera,
Michael foi fotografado e deixou suas digitais no formulário preenchido com seus dados
pessoais. O procedimento foi adotado pelas autoridades brasileiras, depois que os
Estados Unidos começaram a fazer o registro de todos os estrangeiros que entravam em
seu território. Como existe um acordo de reciprocidade, os brasileiros decidiram dar o
troco. Agora, todos os americanos eram fichados da mesma forma. Assim que passou
pela porta que separa a área de desembarque do saguão do aeroporto, Michael deparou-
se com dezenas de pessoas segurando cartazes, com os mais variados nomes. No meio
deles estava o seu.
No primeiro bloco, Kremer detém o ponto de vista, já no segundo é
Michael quem filtra a cena. Eu queria mostrar o ponto de vista de Kremer
aguardando a chegada de Michael no aeroporto e depois o de Michael
desembarcando. Neste caso, decidi trocar o ponto de vista dentro do mesmo
capítulo.
Algumas regras básicas devem ser observadas para que o ponto de vista
seja mantido:
René estava exausto após aquela fuga. Ele parou apenas alguns minutos para
descansar e foi aí que seu perseguidor o encontrou. Seu coração disparou e ele imaginou
a morte chegando para levá-lo. O carrasco olhava para ele com ar furioso e pensava:
"vou matá-lo agora mesmo!". Ele olhou para sua vítima que estava espremida contra a
parede e bradou sua espada. A lâmina, afiada como uma navalha, passou rente ao
braço de René. Ele esquivou-se e conseguiu escapar mais uma vez, porém sabia que
aquela poderia ser sua última chance.
Repare que o ponto de vista muda de René para o Carrasco e volta para
René no meio da cena. Se você ler com calma e prestar atenção, irá conseguir
identificar a mudança de ponto de vista e entender perfeitamente o que se
passou entre René e o Carrasco. Mas veja o texto apenas do ponto de vista de
René e tire suas conclusões:
René estava exausto após aquela fuga. Ele parou apenas alguns minutos para
descansar e foi aí que seu perseguidor o encontrou. Seu coração disparou e ele imaginou
a morte chegando para levá-lo. O carrasco olhava para ele com ar furioso. Sua expressão
indicava que iria matá-lo ali mesmo. René estava espremido contra a parede, uma
vítima perfeita. O carrasco bradou sua espada. A lâmina, afiada como uma navalha,
passou rente ao braço de René. Ele esquivou-se e conseguiu escapar mais uma vez,
porém sabia que aquela poderia ser sua última chance."
O carrasco perseguia sua vítima sem compaixão. Ele sabia que René estava
exausto e que a qualquer momento iria parar para descansar. E foi assim que ele o
encontrou. O carrasco podia sentir a morte chegando para levar René de uma vez por
todas. Ele estava furioso e disse para si mesmo: "vou matá-lo agora!". A vítima estava
exprimida contra a parede. O carrasco bradou sua espada. A lâmina, afiada como uma
navalha, passou rente ao braço de René. Sua presa esquivou-se e conseguiu escapar mais
uma vez, então o carrasco jurou que aquela teria sido a última vez.
Veja como fica uma cena com o ponto de vista a partir do personagem
central:
— Você está atrasado, — disse Carlos, tentando não demonstrar a raiva que
estava sentindo.
Aquilo era um absurdo, pensava Carlos, além de ser responsável por manter a
segurança daquele lugar, ainda tinha que aturar os atrasos frequentes de Luís. Agora,
precisava correr para que tudo ficasse pronto antes da cerimônia. O risco de alguma
coisa dar errado aumentava muito quando os procedimentos eram executados em cima
da hora.
Tudo bem que Luís chegava atrasado em quase todos os eventos, mas sempre
conseguia arrumar tudo antes do prazo. Carlos era perfeccionista e se achava dono da
verdade. Ele nunca disse diretamente à Luís que odiava quando não chegava na hora
marcada, mas a cada dia ficava mais claro que sua situação estava no limite.
Carlos estava suando muito, provavelmente por causa do calor infernal que
fazia naquele dia. Luís, por sua vez, já estava acostumado com a correria e a trabalhar
em ambientes quentes como aquele caldeirão. Não era cheio de frescuras como Carlos
que só estava ali para dar ordens e ficar olhando os outros darem duro.
— Lindo mesmo.
...
Não abuse dos dialetos e gírias. Usar apenas algumas palavras no meio
das falas é suficiente para indicar ao leitor que aquele personagem fala de uma
determinada maneira. Se o personagem usar uma linguagem incomum, que
possa deixar o leitor confuso quanto ao significado de uma palavra, você pode
usar o outro personagem para esclarecer. Exemplo:
Cada personagem deve ter sua personalidade e isso deve ser refletido na
forma de falar. Evite que dois personagens conversando pareçam ser a mesma
pessoa. Use o perfil dos personagens, seu nível de educação, a regionalidade, a
idade, o humor e outros fatores que influenciam na forma como falamos. Veja
um diálogo entre Kremer e Guilherme extraído do meu livro Teia Negra:
— Mas o quê que esse cara tá fazendo lá, meu camarada? — perguntou
Guilherme.
— Infelizmente, não posso dizer. Faz parte de uma missão que está em
andamento, — disse Kremer, colocando um cigarro na boca, mas sem acendê-lo.
— Não se preocupe, ninguém vai ficar sabendo. Vai ser jogo rápido e limpo.
— Ah! Antes que eu esqueça, — gritou Guilherme, — vai ter que pagar uma
cerveja pros amigos aqui.
— Tá bom, Guilherme, mas será que dá pra você calar essa boca e prestar
atenção na porra do plano? O cara tá lá no ninho das cobras, cacete.
Peça a uma outra pessoa que leia os diálogos pra você em voz alta. Se
você conseguir que duas pessoas façam isso, uma para cada personagem, será
ainda melhor. Elas devem usar as entonações de acordo com as dicas que você
deixou no texto. Se ao ouvir o diálogo você não sentir que está como você
esperava, refine e peça para que leiam novamente. Repita o processo até
conseguir o resultado que deseja.
— Ela estava doida para ir para o apartamento logo, — disse eu, enquanto
estávamos sentados na escada olhando ela passar no corredor.
— É aquela?
— A própria.
— Tem certeza? — Disse ele. Eu concordei com a cabeça. — Não pode ser!
— Gostosa, não?
...
O que não está claro no diálogo acima? Consegue perceber? Bom, na
verdade existe um problema na linha "— Tem certeza? — Disse ele. Eu concordei
com a cabeça. — Não pode ser!". Fica difícil identificar quem está com a palavra.
Posso assumir que quem disse " — Não pode ser!" foi o personagem que está
narrando em primeira pessoa, mas na verdade quem disse isso foi o "Ricardo".
Esta confusão foi criada por existir uma ação de um personagem ("Eu concordei
com a cabeça.") no meio da fala do outro. Pode até ser que o leitor consiga
interpretar o texto corretamente e não se perca, mas se errar, todo o diálogo
ficará confuso. O trabalho do autor é evitar que isso ocorra e eliminar todas as
possíveis armadilhas. Veja agora o texto corrigido e tire suas próprias conclusões:
— Ela estava doida para ir para o apartamento logo, — disse eu, enquanto
estávamos sentados na escada olhando ela passar no corredor.
— É aquela?
— A própria.
— Não pode ser! — Disse ele, deixando a boca aberta por mais tempo que o
necessário.
— Gostosa, não?
...
Agora veja o mesmo texto sem os marcadores e diga qual versão ficou
mais interessante:
— Droga de menina teimosa! — disse ele, com o rosto vermelho como pimenta.
Alguém uma vez disse que para escrever uma boa história, você precisa
se concentrar em três pontos: personagens, personagens e personagens. Se você
conseguir criar pessoas interessantes, tem ótimas chances de conseguir criar
uma história interessante. Tudo gira em torno de personagens, portanto, antes
de pensar em escrever, defina quem será o personagem que dará vida à sua obra
e dê à ele um passado, um presente e um futuro. Olhe em sua volta, você está
cheio de exemplos. Pessoas que passam e interagem com você a todo o instante.
Passe a olhá-las com mais interesse. Analise seu comportamento. Veja como
falam, como gesticulam, como reagem à determinadas situações. Lembre-se que
pessoas precisam ser amadas, sentem-se sozinhas, aflitas, alegres, apaixonadas.
Você precisa levar esta vida para o seu texto e fazer com o leitor reconheça seus
personagens quando elas aparecerem na história, mesmo que seja o pior dos
vilões.
Sua história pode ser muito bacana, ter viradas incríveis na trama, um
final memorável, etc., etc., etc. Porém, se você não tiver ao menos uma
personagem forte, em que o leitor acredite e se preocupe com ela, todo seu
trabalho para desenvolver a trama pode ir por água abaixo. O leitor precisa
gostar das personagens, se preocupar com elas e, principalmente, acreditar
nelas. Portanto, o mais importante, é que suas personagens tenham
credibilidade. Mas como construir esta credibilidade? Vamos lá:
4- Use nomes que combinem com seus personagens. Uma linda moça
com um nome horrível não faz muito sentido e vai deixar o leitor incomodado. É
claro que se o nome foi dado por causa de uma vingança ou se exerce algum
outro papel importante na trama, esta regra não se aplica.
4- Estética - Não sabia que palavra usar exatamente para descrever este
tópico. Acabei escolhendo estética por acreditar que esta é a palavra que mais
se aproxima do que o leitor percebe em um texto bem escrito. Seu objetivo
principal é que sua história seja lida e que seus leitores sintam-se confortáveis
com a leitura, a ponto de "entrar" na fantasia que você criou. Para conseguir que
o leitor atinja este estado de concentração, você precisa eliminar do texto tudo
que possa causar "ruído" e distraí-lo. Abaixo uma lista destes ruídos que devem
ser evitados:
Quanto mais tempo você deixar o que escreveu de lado antes de iniciar
a revisão, melhor. Fique pelo menos uma semana sem tocar no texto e quando
você voltar a ler, terá uma visão mais clara dos erros que cometeu.
Não caia na tentação de ficar revisando seu texto eternamente. Para que
sua história possa ficar pronta e com uma qualidade aceitável, vou sugerir um
processo que aprendi enquanto escrevia o Teia Negra. O processo de revisão
possui quatro etapas, que são:
4. Revisão Geral - Fique no lugar do seu leitor e procure ler sua história
do ponto de vista dele. Nesta etapa é que você irá perceber que deixou algum
personagem sem um final ou que usou o mesmo nome para mais de um
personagem coadjuvante.
Lembre-se que sua história é para ser lida e não para ficar dentro da
gaveta aguardando você revisá-la cem vezes, até que esteja perfeita. Passe por
estas quatro etapas e seu texto estará pronto!
A primeira coisa que você deve ter em mente é que qualquer leitor é
movido pela curiosidade. Você, como autor, é responsável por manter o leitor
curioso sobre o que virá a seguir, portanto deve tomar alguns cuidados para que
sua trama não se torne monótona e previsível. Vou relacionar abaixo alguns
pontos para ajudá-lo nesta tarefa:
1- Não conte tudo de uma vez. Deixe sempre alguns detalhes da trama
para serem revelados aos poucos, assim o leitor irá esperar por mais informações
sobre um determinado personagem ou uma situação que tenha ocorrido
anteriormente.
Voltando para seus papéis, ele começou a ler sobre as regras estabelecidas pelo
governo brasileiro para a exploração de petróleo. Não achou nada interessante. Passou
a pensar na morte de Robert. Tudo o que eles haviam descoberto até agora mostrava
que muitos interesses estavam em jogo, mas nada que justificasse um assassinato.
Robert deve ter descoberto alguma outra coisa que o tornou uma ameaça maior. Isto
era o que Michael precisava descobrir. O que Robert sabia?
Como Fazer seu Leitor Chorar
Você já ficou, alguma vez, com lágrimas nos olhos enquanto lia um livro?
Creio que a maioria de nós já experimentou essa sensação de sofrimento diante
de acontecimentos que envolvem os personagens de uma história. E você já
parou para perguntar como isso é possível? Como podemos nos derreter em
lágrimas apenas lendo um livro? Esta é uma técnica usada com frequência por
grandes autores e uma das mais importantes para tornar sua história
inesquecível.
Agora é só descer o machado! Não tenha pena do leitor! Faça com que
seu personagem sofra e leve o leitor junto com ele! Se lágrimas aparecerem no
canto dos olhos do leitor, você conseguiu, parabéns. Não pense nisso como uma
coisa cruel, mas sim como um excelente ingrediente para tornar sua trama
interessante e cativante. Além do mais, sempre será possível reverter a situação
e fazer seu leitor sorrir! Mas isso é assunto para uma outra hora.
2: Desde a morte de Catarina, Marcelo mudara seus hábitos. Ele chegava todos
os dias antes das seis e não fazia mais horas extras nos finais de semana. Estava decidido
a criar Daniela como um pai presente e responsável. A mudança não foi nada fácil.
Acostumado a passar dias e noites em operações policiais perigosas, ainda tentava se
adaptar à monotonia do serviço burocrático da delegacia.
Depois que a babá ia embora e os dois ficavam a sós, eles sentavam-se à mesa
para jantar. Este era um dos maiores prazeres do pai coruja. Daniela conversava sobre
o que havia acontecido naquele dia na escola e contava das dificuldades da babá em dar
banho no seu cachorro. Eles riam e se divertiam. Apesar de sentirem a falta de Catarina,
eram felizes, pois sabiam que era assim que a mãe desejaria que fosse.
Naquela noite, porém, ele sentiu seu coração bater mais forte quando abriu a
porta da sala. Daniela não veio a seu encontro como sempre fazia. A casa estava
silenciosa e ele sabia que havia alguma coisa errada. Correu para o quarto da filha, mas
não a encontrou. Gritou pelo seu nome, mas não obteve resposta. Ao entrar no banheiro,
viu Joice, a babá, com as mãos e pés amarrados e com os lábios tapados. Ele sentiu um
calafrio. Cuidadosamente removeu a fita que impedia Joice de falar.
— Eles a levaram, Dr. Marcelo, eles a levaram, — disse Joice, com lágrimas
correndo pelo rosto e a voz embargada.
Antes que a babá pudesse responder, o celular de Marcelo tocou. Ele pegou o
aparelho e quase o deixou cair.
— Alô?
— Dr. Marcelo, quanto prazer em falar com o senhor, -- disse a voz forte do
outro lado da linha.
- Sons: Uma arma caiu da mão do mocinho e isso faz com que o barulho
seja ouvido pelo vilão. Perdido na floresta, o menino escuta o ruído de uma
corredeira. O trânsito na grande metrópole faz com que o personagem leve as
mãos aos ouvidos para tentar livrar-se daquele barulho ensurdecedor.
Repare que não descrevi o barulho da freada, mas tenho certeza que
você ouviu claramente, não foi? Muito provavelmente, você também escutou o
som da porta do carro sendo aberta. Procurei neste trecho dar a sensação visual
da sirene azul sendo refletida nos carros e casas ao redor e deixar o ar carregado
com o cheiro da borracha queimada. Será que funcionou? Espero que sim.
1- Tenha controle sobre a trama. Saiba exatamente para onde você está
indo e que o caminho tomado leve ao final desejado. Isso não significa que você
deva ser previsível. Tenha na manga algumas viradas na trama, assim o leitor
estará sempre na dúvida sobre o que irá acontecer. Pode ser um personagem
que é bonzinho e, de uma hora para outra, mostre seu lado obscuro e cruel ou
um fato novo que mude completamente os rumos de uma investigação. O
importante é que o leitor tenha algumas surpresas pela frente.
Espero que isso ajude. No meu caso, ajudou muito. Consegui criar uma
trama em "Teia Negra" que mantém o leitor grudado no livro até a última página.
No final das contas, o que importa é divertir e surpreender o leitor!
Como Escrever Finais
Falamos sobre como escrever inícios e meios, então agora vamos aos
finais. Sua maior preocupação com o início e o meio de seu texto deve ser manter
o leitor interessado o suficiente para que ele leia tudo até a última linha. Mas o
que adianta fazer isso se o final não estiver à altura das expectativas criadas? Se
o final não convencer, ninguém vai querer perder tempo lendo o que você
escreve, pois sempre irá pensar na experiência anterior de não ter tido um bom
desfecho da história. Vou relacionar abaixo algumas dicas para que o
encerramento seja com chave de ouro:
Antônio ainda estava sentado na mesa do bar quando recebeu o primeiro soco.
Ele virou repentinamente e viu Ricardo em pé ao seu lado, chamando para uma briga.
Antes mesmo de levantar, ele deu um chute na perna de Ricardo, fazendo com que seu
oponente perdesse o equilíbrio e quase caísse.
Ricardo não demorou a desferir um outro golpe, desta vez abrindo um talho
nos lábios de Antônio. O grandalhão, agora ferido, jogou seu corpo sobre Ricardo, que
caiu batendo com a cabeça no chão e ficando desacordado. A luta estava encerrada.
— Seu safado! Vou acabar com você! — Gritou Ricardo, mantendo os olhos
fixos em seu alvo.
— Deixa disso, gente boa. Vai pra casa, cuidar da sua esposa, — disse
Antônio, enquanto se preparava para receber o próximo golpe.
Ele nunca havia saído com mulher de ninguém, pois sempre teve medo de estar
em uma situação como a que se apresentava agora. Mas, Lindalva era irresistível e ele
acabou seduzido pela moça.
O ataque seguinte foi tão rápido que, mesmo estando alerta, ele não conseguiu
impedir que seu lábio inferior fosse atingido. O gosto de sangue veio logo a seguir e foi
neste momento que ele decidiu acabar logo com aquilo, antes que coisa pior pudesse
acontecer.
O infeliz, certamente, não estava preparado para o que ele faria a seguir.
Antônio atirou-se em direção ao corpo de seu rival, fazendo com que os dois caíssem. A
cabeça de Ricardo bateu no chão de ladrilho e ele ouviu um barulho abafado. A luta
chegara ao fim. Ele apenas certificou-se que o pobre coitado ainda respirava e saiu,
deixando sua cerveja pela metade.
Talvez a melhor forma de aprender seja com quem faz. Leia algumas
comédias de autores que você goste e veja como eles usam os recursos que
fazem rir.
Estas dicas são válidas para roteiros, peças teatrais e podem ser usadas
com bastante sucesso em literatura de um modo geral.
Lembre-se que, como na vida real, nem sempre uma relação sexual é
perfeita. Pode acontecer de um dos parceiros falhar, o ato ser interrompido por
algum fator externo ou um dos dois pode se arrepender e desistir. Não esqueça
do ambiente. Um dos personagens pode estar "desligado" do momento, por
estar preocupado que o bebê comece a chorar. Um quadro com a foto do pai da
moça pode deixar o rapaz incapaz de seguir adiante e por aí vai.
Cuidado com o tom da cena. Você deve definir antes, se a cena será
engraçada, séria, romântica ou erótica e usar as palavras adequadas. Compare
duas versões de um mesmo trecho de cena e entenda o que quero dizer:
Versão 1:
Clarisse sentiu o corpo estremecer quando Lauro tocou seus seios, enquanto a
beijava suavemente. Ela só conseguia pensar o quão feliz seria sua vida dali para frente.
Agora que havia conquistado o homem da sua vida, nada mais importava. Ele começou
a desabotoar sua blusa e ela soltou um suspiro quando aquela mão quente e forte
apertou suavemente seu seio esquerdo...
Versão 2:
Clarisse quase teve um treco quando Lauro meteu a mão em seus peitos,
enquanto tacava-lhe um baita beijo na boca. Ela só conseguia pensar na idiota da
Sheila, que deixara escapar um pedaço de homem daquele. Ele começou a arrancar sua
blusa e ela quase gozou quando aquela baita mão quente e forte espremeu uma de suas
tetas...
Para simplificar:
Nosso objetivo aqui é falar sobre como fazer suspense, seja para
romances, comédias, terror ou qualquer outro gênero. Vamos começar com as
premissas básicas para uma boa cena de suspense:
"São quatro e meia da tarde e Renato precisa chegar ao museu antes das cinco,
quando os portões são fechados. Mas o prazo para salvar Lila é o que mais preocupa.
Hoje à noite, a lua completa seu ciclo e quando aparecer, exatamente às vinte e uma
horas, será o fim de Lila. A única salvação é a poção, que reverterá o processo de
envelhecimento e fará com que Lila volte a ser saudável."
"Ao entrar no carro, Renato olha para o ponteiro da gasolina. Está na reserva.
Ele não terá tempo de reabastecer, pois o tempo de deslocamento até o museu, em
condições normais é de quarenta minutos. Ele terá que correr e rezar para que o
combustível não acabe no meio do caminho."
Um imprevisível:
"Já na estrada, Renato não consegue tirar os olhos do painel. A luz que indica
falta de combustível pisca insistente e ele precisa de gasolina por mais cinco quilômetros.
Ele vê a saída que dá acesso à avenida principal e pega a pista da direita. Desce a rampa
e é surpreendido por um gigantesco engarrafamento. Vários carros bloqueiam seu
caminho. Sem ter como voltar para a estrada ou pegar outro desvio, Renato se
desespera. Restam apenas 10 minutos para o fechamento do museu. Ele precisa
encontrar uma saída."
O que mais pode ser usado nesta história para gerar suspense? Eu diria
que o céu é o limite! Tudo vai depender da imaginação do escritor. Podemos, por
exemplo, parar o capítulo nesta última sentença, deixando o leitor sem saber se
Renato irá ou não conseguir encontrar um meio de chegar ao museu a tempo.
Então dedicamos o próximo capítulo à Lila, vivendo o drama do ponto de vista
dela! Imagine se criarmos uma situação onde o prazo de Lila para ficar viva se
torne ainda menor? E, pior, Renato só fique sabendo disso depois que voltar do
museu com o ingrediente para a fórmula?
Como você pode ver, a receita é simples, mas o cozinheiro deve saber
usar os ingredientes de forma inteligente!